1 A Influência dos Decúbitos seletivos na Saturação Periférica de O2, Freqüência Cardíaca e Freqüência Respiratória em Recém-Nascidos Pré-Termo Amanda1 Daysi 2 RESUMO Esta pesquisa teve por objetivo verificar a influência dos decúbitos seletivos na saturação periférica de oxigênio, freqüência cardíaca e freqüência respiratória em treze recém-nascidos pré-termo com sinal de desconforto respiratório sem suporte ventilatório. A coleta de dados foi realizada no Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC), no período de 17 de junho até 09 de agosto de 2002. Os instrumentos utilizados na pesquisa foram a ficha para coleta dos dados, oxímetro de pulso e cronômetro de mão, a conduta foi realizada através da alternância dos decúbitos seletivos, sempre iniciando pelo decúbito dorsal, seguido do decúbito lateral esquerdo, lateral direito e finalizando com o decúbito ventral, sendo então verificado a SpO2, FC e FR no momento inicial do posicionamento referente ao 1’, ao 30’ e ao término do 60’, afim de constatar o comportamento da SpO2, FC e FR. Como resultados obtidos, observou-se que na freqüência cardíaca e freqüência respiratória, a influência não foi significativa ao nível de 5% analisado pelo teste de Diferença Mínima Significativa, sendo que na saturação periférica de oxigênio foi possível verificar que o decúbito ventral em relação ao decúbito dorsal obteve-se uma melhor saturometria, confirmando que realmente há influência dos decúbitos seletivos em relação à saturação periférica de oxigênio em recém-nascido pré-termo com desconforto respiratório. Palavras-Chave: Recém-nascido, Saturação periférica de oxigênio, Freqüência cardíaca, Freqüência respiratória e Decúbitos seletivos. ABSTRACT This research has purposeto verify the influence of seletive decubitus in peripheric saturation of oxygen, cardiac frequency and respiratory frequency in thirteen new norns pré-term with sing some of respiratory uneasenness without ventilatory supprot. The collect data were realized at Hospital Nossa Senhora da Conceição, between June 17, and August 09, 2002. The tools used in this research were the collect data sheet, pulse oximeter and handling chronometer, the conduct were realized through the seletive decubitus altered, always beginning with the dorsal decubitus, followed by the left lateral decubitus, right lateral and finishing with the belly decubitus. We verify the SpO2, FC and FR in the start point of the refered 2 position 1’, 30’ and finishing with the position 60’, in order to check the conduct the SpO2, FC and FR. As obtained results, we noted that the cardiac frequency and the respiratory frequency had not significative influence in 5% of the analysed level in the Minimum Significative Difference test. In the peripheric saturation of oxygen were possible verify that the belly decuitus related to the dorsal decubitus obtained a better saturatemeter, confirming that it had some influence in the seletive decubitus related to the peripheric saturation of oxygen in the new borns pre-term with respiratory uneasenness. KEYWORDS: new born, peripheric saturation of oxygen, cardiac frequency, respiratory frequency and seletive decubitus. INTRODUÇÃO A prematuridade conforme a Organização Mundial de Saúde (O. M. S), apud Stoll; Kliegman (2002, p. 473) são todos aqueles bebês nascidos vivos antes de 37 semanas de idade gestacional. Como estes bebês ficam muito tempo na U. T. I, em posição supino, é interessante saber o melhor posicionamento para que mesmo a equipe de enfermagem que fica a maior parte do tempo assistindo esses na U. T. I, possam usufruir do posicionamento como recurso. Ribeiro (1996, p. 62), considera o posicionamento uma das intervenções não invasivas com efeitos profundos e diretos nas múltiplas etapas de transporte de oxigênio, influindo na distribuição da ventilação/perfusão, tamanho dos alvéolos, mecânica respiratória e oxigenação arterial. Por isso o fisioterapeuta como profissional que atua através de seu arsenal terapêutico, habilidades, técnicas, manobras, manuseios e sobre a mecânica respiratória deve conhecer sobre a influência da posição corporal na saturação periférica de oxigênio, freqüência cardíaca e freqüência respiratória em recémnascidos pré-termo. OBJETIVOS Objetivo geral O objetivo desta pesquisa foi verificar a influência dos decúbitos seletivos na saturação periférica de oxigênio, freqüência cardíaca e freqüência respiratória em recém-nascidos pré-termo. 3 Objetivos específicos a) Realizar uma revisão bibliográfica sobre as particularidades de um recémnascido pré-termo; b) Realizar uma revisão bibliográfica sobre a influência da saturação periférica de oxigênio em recém-nascidos pré-termo; c) Identificar o decúbito, que produz uma melhor saturação periférica de oxigênio nos recém-nascidos pré-termo. d) Verificar a influência dos decúbitos seletivos sobre a freqüência cardíaca; e) Verificar a influência dos decúbitos seletivos sobre a freqüência respiratória; f) Classificar os recém-nascidos em relação a idade gestacional, peso, tipo de parto; g) Demonstrar o índice de Apgar dos recém-nascidos pré-termo. JUSTIFICATIVA Como o fisioterapeuta trabalha com o posicionamento corporal como parte complementar de outras técnicas de fisioterapia respiratória, portanto, é importantíssimo conhecer o comportamento da saturação de oxigênio, freqüência cardíaca e freqüência respiratória nos diferentes decúbitos para que, assim possa eleger uma posição adequada para cada caso. Bruno et al (2001); Ribeiro (1996), afirmam que vários estudos têm demonstrado que há influência na posição prono/supino em relação a saturação periférica de O2 em recém-nascidos, e dizem ainda que a posição prona é um procedimento simples e não invasivo que promove melhora na oxigenação sem aumentar os riscos e custos. METODOLOGIA Este trabalho caracteriza-se como uma pesquisa de campo de natureza quantitativa de descrição conhecida como levantamentos de dados de sondagens, onde consiste na solicitação de informações a um grupo de pessoas sobre um problema estudado, para posterior análise qualitativa e/ou quantitativa (RAUEN, 2002, p. 56). 4 A população/amostra do referente trabalho constituiu de 13 recémnascidos pré-termo com 26 até 34 semanas de idade gestacional que apresentaram sinal de desconforto respiratório, sem suporte ventilatório, internados na unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal e pediátrica do Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC), localizada na cidade de Tubarão, Santa Catarina (SC), do período de 17 de junho de 2002 até 09 de agosto de 2002. Para a coleta de dados foram utilizadas ficha para controle de dados, oxímetro de pulso e cronômetro de mão. Os recém-nascidos pré-termo internados UTI neonatal e pediátrica do HNSC, que apresentaram sinal de desconforto respiratório sem suporte ventilatório, foram selecionados, e que apresentavam até uma semana de vida. A coleta de dados iniciou após o estudo do prontuário do paciente, no qual verificou a possibilidade de realizar as mudanças de decúbito (decúbito dorsal (DD) decúbito lateral esquerdo (DLE), decúbito lateral direito (DLD) e decúbito ventral (DV), a cada 1 hora, foi coletado a saturação de oxigênio (SpO2), freqüência cardíaca (FC) e freqüência respiratória (FR) no 1’, 30’ e 60’. O procedimento teve duração de quatro horas, iniciava em decúbito dorsal (DD) colocando o oxímetro de pulso com sensor adesivo no hálux do pé esquerdo do RN-PT, verificava-se então a saturação periférica de oxigênio e a freqüência cardíaca, utilizando o aparelho já designado, oxímetro de pulso, a freqüência respiratória foi coletada ao término do tempo estabelecido através da observação direta, com auxílio do cronômetro de mão, para medição do tempo préestabelecido, 1’ completo. Após, o neonato foi então transferido para o decúbito lateral esquerdo (DLE), onde se repetia o mesmo procedimento, seguindo sempre a seqüência préestabelecida dos decúbitos. Após a coleta de dados, os mesmos foram avaliados utilizando-se a Análise de Variância em uma única direção (ANOVA), com separação de médias pelo teste da Diferença Mínima Significativa (DMS) ao nível de significância de 5% (P<0,05) (GOMEZ; GOMEZ, 1984). Os cálculos foram realizados com auxílio do software estatístico STATGRAPHICS Plus for Windows versão 3.0, e expostos através de gráficos de colunas e pizzas utilizando o Microsoft Excel 97. Os resultados obtidos foram contrapostos a informações de literatura especializada no tema da pesquisa. 5 APRESENTAÇÃO DOS DADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Caracterização da amostra Idade Gestacional 0% 31% Extrema Moderada Limítrofe 69% Figura 1- Distribuição da amostra de acordo com a idade gestacional Em relação à IG, a variação foi de 26 semanas a 34 semanas de IG, sendo que, de acordo com a classificação da IG de Calil (2001, p. 79), distribui-se em três grupos, no primeiro grupo nenhum paciente da amostra teve prematuridade limítrofe, onde a IG é entre 35 e 36 semanas. Quanto a prematuridade moderada, nove pacientes apresentaram a IG entre 30 e 34 semanas, que corresponde a 69% da amostra, já na prematuridade extrema quatro pacientes da amostra apresentaram com IG inferior a 30 semanas, que corresponde a 31% da amostra. O peso referente aos 13 RN-PT variou entre 880 gramas até 1840 gramas, já relatado neste estudo por Stoll; Kliegman (2002, p. 473), a prematuridade era definida por um peso ao nascer igual ou menor que 2.500 gramas, sendo que atualmente são considerados prematuros quando há um período gestacional encurtado. Classificação quanto ao peso 24% 35% PT PTMBP PTMMBP 41% Figura 2- Distribuição da amostra conforme o peso ao nascer 6 De acordo com a classificação de Calil (2201, p. 81), sete dos pacientes que corresponde a 41% da amostra fizeram parte dos RN de muito baixo peso (PTMBP), cujo peso de nascimento é inferior a 1.500 gramas, sendo que destes sete pacientes, quatro que corresponde a 24% da amostra fez parte de uma subdivisão dos RN de muitíssimo baixo peso (PTMMBP), tendo como denominação utilizada para aqueles RN com peso inferior a 1.000 gramas. Os outros seis pacientes que corresponde a 35% da amostra pesaram acima de 1.500 gramas, sendo classificado apenas como RN-PT. Das 13 amostras obtidas, 85% dos pacientes nasceram através do parto cesárea, sendo que apenas 15% nasceram através do parto normal. Tipo de parto 15% Cesariana Normal 85% Figura 3- Distribuição da amostra de acordo com o tipo de parto Stoll; Kliegman (2002, p. 459), afirmam que existem controvérsias do tipo de parto mais seguro para o feto imaturo. 7 Os dados a seguir são referentes ao índice de APGAR no 1’ e no 5’ dos 13 pacientes que fizeram parte da amostra, conforme o figura 7: Escore Índice de Apgar 10 8 6 4 2 0 1 min 5 min 1/1 2/0 2/0 1/1 6/0 1/6 0/5 Amostra Figura 4- Distribuição da amostra no 1’ e 5’ no índice de APGAR em relação ao Escore Pode-se observar que apenas três amostras dos RN-PT obtiveram o APGAR com escore 1 e 3, no 1’, que de acordo com classificação de Roth et al (2000, p. 394), podem apresentar possibilidades de asfixia, Stoll; Kliegman (2002, p. 453), complementam dizendo que um escore baixo não necessariamente significa hipóxia-acidose fetal, pois outros fatores podem reduzir o escore. Ainda no 1’, duas amostras apresentaram escore 5, uma amostra escore 7 e seis amostras escore 8 e 1 amostra apresentou escore 9. Em relação ao 5’, uma amostra apresentou o escore 5, uma amostra escore 7, seis amostras escore 9 e cinco amostras apresentaram escore 10, que conforme Roth et al (2000, p. 394), classifica que um escore total de 10 indica a melhor condição possível. Dados relativos à FC, FR e SpO2 Na tabela 1, referem às aferições dos valores relativos a diminuição, aumento ou estabilidade da amostra. 8 Tabela 1: Variação dos parâmetros avaliados na FC, FR e SpO2 referente aos decúbitos seletivos (DD, DLE, DLD e DV) no 1’, 30’, e 60’ nos 13 RNPT do HNSC. Parâmetros Avaliados Posição Tempo (min) FC (bpm) FR (ipm) SpO2 1’ 146,61 a 54,31 a 95,69 cde Decúbito 30’ 149.61 a 53,46 a 94,31 e Dorsal 60’ 149,08 a 54,15 a 94,61 de Decúbito 1’ 149,31 a 56,92 a 96,77 abc Lateral 30’ 147,38 a 51,23 a 97,46 ab 96,77 abc Esquerdo 60’ 149,54 a 55,08 a Decúbito 1’ 151,70 a 53,00 a 96,91 abc Lateral 30’ 150,77 a 50,92 a 96,92 abc Direito 60’ 151,31 a 55,38 a 96,31 bcd Decúbito 1’ 152,31 a 54,77 a 97,77 ab Ventral 30’ 148,70 a 53,15 a 98,08 a 60’ 146,92 a 52,92 a 98,00 ab Valores de (N = 13) da mesma coluna, seguida pela mesma letra não diferem significativamente ao nível de 5% pelo teste Diferença Mínima Significativa. Os dados a seguir são referentes à relação entre os decúbitos seletivos e FC nos 13 RN-PT com sinal de desconforto respiratório independentes do peso ao nascimento. FC (bpm) Freqüência Cardíaca 160 140 120 100 80 60 40 20 0 1 min 30 min 60 min DD DLE DLD DV Decúbitos seletivos Figura 5: Variação da FC em 13 RN-PT em relação aos decúbitos seletivos (DD, DLE, DLD e DV), avaliados no 1’, 30’ e 60’ 9 Na figura 5, verifica-se a análise da influência dos decúbitos seletivos (DD, DLE, DLD e DV), em relação à FC, obtido através da oximetria de pulso juntamente com a SpO2. Nesta análise não se obteve alteração estatisticamente significativa ao nível de 5%, pois todos os decúbitos foram obtidos com a letra “a” (tabela 1) na mesma coluna. Mathers; Frankel (2002, p. 251), afirmam que a FC de um prematuro varia entre 120 –170 (bpm), portanto, na amostra constatou-se que a FC manteve-se estabilizada em todos os decúbitos seletivos e nos diferentes períodos de tempo. Os dados a seguir são referentes à relação entre os decúbitos seletivos e a FR nos 13 RN-PT com algum sinal de desconforto respiratório independentes do peso ao nascimento. Na figura 6, o qual refere a análise da influência dos decúbitos seletivos na FR, verifica-se que não houve alteração estatisticamente ao nível de 5%, pois todos os decúbitos foram obtidos com a letra “a” (tabela 1) na mesma coluna, não diferindo significativamente ao nível de 5%. Freqüência respiratória 60 FR (ipm) 50 40 1 min 30 min 60 min 30 20 10 0 DD DLE DLD DV Decúbitos seletivos Figura 6: Variação da FR em 13 RN-PT em relação aos decúbitos seletivos (DD, DLE, DLD e DV), avaliados no 1’, 30’ e 60’ A FR em RN-PT varia entre 40 –70 (ipm) segundo Mathers; Frankel (2002, p. 251), constata-se então que referente à amostra a FR se estabiliza em todos os decúbitos seletivos e nos diferentes períodos de tempo. 10 Os dados a seguir são referentes à relação entre os decúbitos seletivos e a SpO2 nos 13 RN-PT com sinal de desconforto respiratório independentes do peso ao nascimento. Saturação de Oxigênio 100 SpO2 (%) 98 1 min 30 min 60 min 96 94 92 90 DD DLE DLD DV Decúbitos seletivos Figura 7: Variação da SpO2 em 13 RN-PT em relação aos decúbitos seletivos (DD,DLE,DLD e DV), avaliados no 1’, 30’ e 60’ Conforme Almeida e Bernardes (2000, p.22), os parâmetros normais sugeridos para oximetria em RN-PT crônico com oxigênio é entre 90 – 96%, e RNPT crônico sem oxigênio é entre 90 – 100%, portanto neste estudo considerou-se como valores normais entre 90 – 100%, sendo que a mostra obteve uma variação de 94,31 – 98,08%, portanto, permaneceu dentro dos parâmetros normais. Na figura 7, o qual refere à análise da influência dos decúbitos seletivos (DD, DLE, DLD e DV) na SpO2, foi possível verificar que há alteração estatisticamente significativa ao nível de 5%. Verificou-se que a SpO2 na posição de DD obteve uma variação de 95,69% a 94,31%, sendo que no 30’ a SpO2 foi aferida pela letra “e”, obtendo então a menor saturação, mas comparado com a aferição no 1’ e 60’, não diferiram significativamente ao nível de 5%, pois são valores da mesma coluna seguidos pela mesma letra. Portanto, observou-se que no 1’ a SpO2 aferiu a melhor saturação em relação ao DD aferida pelas letra “cde”, não diferindo significativamente ao nível de 5% em relação ao 30’ e 60’, pois todos os tempos estabelecidos seguiram pela letra “e” na mesma coluna, sendo que em relação ao 60’ minuto obteve-se apenas a letra 11 “e”, considerado então a menor SpO2 neste decúbito, não sendo possível observar alteração estatisticamente significativa ao nível de 5%. Na mesma figura, verificou-se que a SpO2 na posição de DLE obteve uma variação entre 96,77% a 96,46%, sendo que no 1’ e no 60’ não foi possível observar alteração significativa ao nível de 5%, pois ambos seguiram da mesma letra “abc”, em relação ao 30’ obteve-se as letras “ab”, que comparado com os outros dois tempos foi possível observar a melhor SpO2 neste decúbito, porém, não havendo alteração estatisticamente significativa ao nível de 5%. Em relação à posição no DLD, também ilustrado na figura 7, a SpO2 obteve uma variação entre 96,31% a 96,92%, sendo possível observar que não houve alteração significativamente no 1’ e no 30’, pois diferem pelas letras “abc”, que comparado com a posição em DLE obteve-se a mesma estabilização em relação a SpO2, sendo que no 60’ a SpO2 é aferida pelas letras “bcd”, que analisado com a posição em DLD e DLE, é possível observar uma diminuição da SpO2, onde também não altera ao nível de significância. Na posição de DV, ilustrado na figura 7 a variação foi entre 97,77% a 98,08%, sendo que no 1’ e 60’ seguiram da mesma letra “ab”, não diferindo ao nível de significância, observou-se que no 30’ aferiu apenas a letra “a”, sendo então considerado a melhor SpO2 nesta posição, porém não havendo alteração significativa ao nível de 5%, pois em todos os tempos estabelecidos nesta posição aferiram pela letra “a” na mesma coluna. Na análise geral da influência dos decúbitos seletivos em relação a SpO2 dos 13 RN-PT da amostra com algum sinal de desconforto respiratório, verificou-se a predominância da estabilidade dos valores aferidos para a saturometria nas posições de DLE e DLD. Ribeiro (1996, p. 62), que a posição prona determina efeitos favoráveis sobre a oxigenação, especialmente com o abdômen livre, pelo aumento da excursão diafragmática, aumento da CRF, aumento do fluxo sanguíneo pulmonar, drenagem linfática e “clearance” das vias aéreas. Portanto, nesta pesquisa foi possível observar claramente que o DV no 30’ letra “a” em relação ao DD no 30’ letra “e”, é o posicionamento corporal com maior valor aferido em relação a SpO2, sendo então analisados em todos os períodos de tempo em relação a essas duas posições, foi possível verificar que elas não diferem da mesma letra na mesma coluna, podendo 12 então observar alteração estatisticamente significativa ao nível de 5% pelo teste de Diferença Mínima Significativa. É importante relatar que estatisticamente não foi possível verificar alteração significativa em relação à FC e FR, porém clinicamente pode-se perceber diminuição da FC e FR em DV, portanto, verificou-se que a SpO2 aumentou estatisticamente e a FC e FR diminuíram clinicamente. Segundo Traci; Ponce (1996, p. 37), o aumento da saturação ocorre porque o diafragma do RN contém somente 20% de fibras não fadigáveis do tipo I, (metabolismo oxidativoaeróbico), por ocasião do nascimento, e quando se trata de prematuros, essa proporção cai para 10%, o que limita a eficácia do diafragma como músculo respiratório. A posição em prono, (DV), também promove o apoio abdominal. Conforme Traci e Ponce (1996, p. 40), o apoio abdominal tem com objetivo alongar, melhorar a zona de aposição e dar um estímulo proprioceptivo. As mesmas autoras afirmam que há uma influência na posição prono/supino, (DV/DD), na SpO2 em RN, pois estudos mostram uma maior estabilidade da SpO2 na posição prono nos RN com patologia pulmonar, independente do peso de nascimento. Oliveira; Rugolo (1994, p. 58), relatam um estudo realizado em RN de UTI neonatal que o efeito benéfico no decúbito prono (DV), na oxigenação ocorre imediatamente ao mudar de supino para prono, e em prematuros nos quais a imaturidade na musculatura respiratória e o trabalho respiratório aumentado predispõem á insuficiência respiratória, a vantagem mecânica associada à posição é uma alternativa bastante útil. Em relação ao aumento da SpO2 em RN-PT com sinal de desconforto respiratório sem suporte ventilatório, os valores mensurados nesta pesquisa alcançaram alterações significativas em relação aos decúbitos (DD/DV), que pela análise estatística obtiveram 95% de confiança dos valores aferidos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao concluir a presente pesquisa sobre a influência dos decúbitos seletivos em relação a saturação periférica de oxigênio, freqüência cardíaca e 13 freqüência respiratória, é de grande valia ressaltar que os objetivos foram alcançados e desta forma pode-se registrar algumas considerações. Na amostra que constituiu a pesquisa, é importante levantar que a maioria dos recém-nascidos pré-termo distribuídos nas classificações quanto a idade gestacional e ao peso, fizeram parte dos RN de muito baixo peso e RN de muitíssimo baixo peso, e maioria de idade gestacional moderada e extrema. No que diz respeito à verificação da influência dos decúbitos seletivos relacionados a FC e FR não houve variação estatisticamente significativa, portanto, os valores aferidos manteve-se dentro dos parâmetros da normalidade. Em relação a posição no DLE e DLD, não foi possível verificar alteração sobre a influência dos decúbitos ao nível de significância relacionado a SpO2, porém aos 30’ no DLE revelou discreta vantagem, mas sem diferença estatística considerável. Sobre a influência dos decúbitos sobre a SpO2 pode-se perceber ainda claramente que no DV ocorreu os melhores desempenhos numericamente em relação a saturometria, principalmente em relação ao DD, podendo este ressaltar que se obteve nesta pesquisa como resultados de 95% de confiança comprovado pelo teste de Diferença Mínima Significativa, percebeu-se, portanto que o posicionamento pode ser usado como integrante no tratamento de RN-PT acometidos de desconforto respiratório, visto que realmente ocorre influência nos decúbitos seletivos (DV em relação ao DD) em relação a SpO2 na amostra estudada. REFERÊNCIAS ALMEIDA, S.; BERNARDES, T. A. Assistência ao recém nascido. In: ______. Rotinas de UTI neonatal. São Paulo: Medsi, 2000. p. 3-25. 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