Ministério da Saúde apóia parteiras

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Ministério da Saúde apóia parteiras
Programa do governo busca resgatar e valorizar esse trabalho e articular a
atividade com o Sistema Único de Saúde
As parteiras são figuras muito importantes dentro da cultura popular
brasileira. Ainda hoje essas mulheres têm papel essencial em muitas
comunidades, principalmente em locais de difícil acesso e onde há carência de
profissionais de saúde. O Ministério da Saúde reconhece o trabalho delas e criou
o Programa Trabalhando com Parteiras Tradicionais, em março de 2000, para
melhorar a assistência ao parto domiciliar.
O Trabalhando com Parteiras Tradicionais busca sensibilizar secretarias
estaduais e municipais de Saúde e profissionais da área para desenvolverem
ações de resgate, apoio e qualificação dessas mulheres. O programa faz parte
das estratégias do Ministério da Saúde para reduzir o adoecimento e a morte dos
recém-nascidos e das mães durante a gestação, parto e no período logo depois
do parto. O Programa estimula a troca entre os saberes tradicionais e o técnicocientífico. Também contribui para a produção de novos conhecimentos e
tecnologias no setor da saúde.
O Ministério da Saúde entende que, em um país como o Brasil, com
enorme diversidade cultural, geográfica e sócio-econômica, é necessária a adoção
de diferentes formas de atenção à gestação, ao parto e ao recém-nascido. Nesse
contexto, chama a atenção o grande número de nascimentos fora dos serviços de
saúde. A Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS), realizada em 1996
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrava que cerca de
20% dos partos em áreas rurais e de difícil acesso aconteciam em casa e tinham a
assistência de parteiras. Nas regiões ribeirinhas, áreas rurais, indígenas e
quilombolas, o trabalho das parteiras muitas vezes é a única alternativa para as
mulheres e os seus bebês. Deve-se mencionar que a maior parte das pessoas
que se dedicam a essa atividade trabalha voluntariamente, movida por um
sentimento de solidariedade.
Na esfera pública, é responsabilidade do Sistema Único de Saúde (SUS)
promover a melhoria da assistência ao parto domiciliar. As secretarias estaduais e
municipais de saúde devem realizar a articulação do trabalho das parteiras com os
serviços de saúde locais, principalmente com as equipes de Saúde da Família.
Entre as ações que devem ser realizadas estão: fazer o levantamento da situação
do parto domiciliar em sua região, realizar o cadastramento e a capacitação
dessas mulheres, além de adquirir e distribuir o kit da parteira (com materiais
básicos para a realização do parto domiciliar).
Desde o início do Programa Trabalhando com Parteiras Tradicionais, em
2000, até 2005, já foram alcançados resultados como a capacitação de
aproximadamente 1.170 mulheres e 570 profissionais de saúde. Também houve
aumento no reconhecimento de situações de risco pelas parteiras, com
encaminhamentos oportunos para os serviços do SUS. Treze estados participam
do programa: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Roraima, Alagoas, Maranhão,
Paraíba, Pernambuco, Bahia, Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais.
Uma das estratégias desenvolvidas pelo Programa é a troca de saberes
entre os profissionais de saúde e as parteiras para garantir condições seguras
para o parto domiciliar. Segundo o Ministério da Saúde, as mulheres que auxiliam
o parto enfrentam muita discriminação, preconceitos e proibições por parte dos
profissionais de saúde. Entretanto, em geral, seu trabalho é reconhecido e
respeitado em sua comunidade. “Gestores e profissionais precisam abandonar o
preconceito. Muitos dos princípios atualmente preconizados para a humanização
do parto e nascimento já se encontram presentes na prática da parteira
tradicional”, afirma Isa Paula Abreu, técnica do Programa Saúde da Mulher do
Ministério da Saúde.
Troca de saber – O Ministério da Saúde reforça que, embora muitas das parteiras
apresentem baixo ou nenhum nível de escolaridade, elas revelam outras aptidões
adquiridas com a prática, com a observação e com os ensinamentos transmitidos
ao longo de gerações. Essas mulheres costumam se reunir e trocar experiências.
As mais velhas procuram passar o que consideram importante às novatas.
Moradora de Jaboatão dos Guararapes (PE), Maria do Carmo dos Santos,
conhecida como Dona Chica, de 53 anos, trabalha há 28 como parteira. “Com
apenas um toque eu consigo saber se o bebê está em uma posição difícil para sair
ou se o parto acontecerá tranqüilamente”, revela. Sua filha, Regiane Maria da
Silva, de 37 anos, também resolveu seguir o caminho da mãe. “Eu sempre quis
aprender como fazer o parto. Desde cedo eu via minha mãe trabalhando e ficava
curiosa. Sentia muita vontade de ajudar as mulheres da minha região”, lembra
Regiane.
Nas capacitações promovidas pelo Ministério da Saúde, as parteiras
relatam como desenvolvem seu trabalho, falam sobre as dificuldades que
enfrentam e trocam conhecimentos com os profissionais de saúde. Nessas
ocasiões, são orientadas, por exemplo, a reconhecer as situações de risco na
gestação e no parto, para realizarem encaminhamentos aos serviços de saúde.
Além disso, recebem informações sobre como esterilizar a tesoura utilizada para
cortar o cordão umbilical e sobre a importância de lavar as mãos e usar luvas.
“Quando vejo que o bebê não quer sair, sei que não tenho mais como ajudar.
Nessa hora, o melhor é procurar um atendimento médico”, conta Dona Chica, que
também estimula as gestantes de sua comunidade a buscar o pré-natal.
Para Isa Paula Abreu, do Ministério da Saúde, as autoridades podem
contribuir para proporcionar melhores condições para que as parteiras exerçam
sua atividade. “O trabalho dessas mulheres não é fácil. Para atender à
comunidade, elas viajam longas distâncias, em qualquer hora do dia ou da noite, a
pé ou de barco. Também têm de atuar em condições de higiene precárias e em
certos lugares onde nem mesmo há água ou energia elétrica”, afirma Isa Paula.
Livro fala das técnicas das parteiras
O Ministério da Saúde elaborou duas publicações em parceria com a ONG
Grupo Curumim Gestação e Parto para apoiar a capacitação de parteiras e de
profissionais de saúde. São elas: O “Livro da Parteira”, com um conteúdo rico em
ilustrações explicativas para que o material possa ser compreendido por mulheres
que, em sua maioria, não sabem ler; e o manual “Trabalhando com Parteiras
Tradicionais”, voltado para os profissionais de saúde, com sugestão de técnicas
apropriadas para a educação popular e orientações sobre como organizar oficinas
de capacitação.
Outra ação importante que deve ser desenvolvida por secretarias estaduais
e municipais de Saúde é a aquisição e distribuição de kits de trabalho. Esses kits
devem conter materiais básicos para a realização do parto domiciliar como
tesoura, gaze, álcool, luvas, sabão, escovinha de unha e lanterna com pilhas.
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