Corrente e Resistência Elétricas Bibliografia e Figuras: Halliday, Resnick e Walker, vol3, cap. 26, 8a ed. • Tudo o que aprendemos até agora no curso diz respeito à eletrostática onde as cargas elétricas estão paradas. • A partir de agora, estudaremos as correntes elétricas, ou seja, as cargas elétricas em movimento. • Exemplos na vida cotidiana: • Relâmpagos • Correntes nervosas que controlam os músculos • Sistemas de energia elétrica, circuitos, etc... • Radiação solar (telecomunicações) Corrente Elétrica • Uma corrente elétrica está associada ao movimento de partículas carregadas. • No entanto, nem toda partícula carregada em movimento produz corrente elétrica. • Para que exista uma corrente elétrica é necessário que haja um fluxo líquido (diferente de zero) de cargas através de uma superfície. • Exemplo: Elétrons livres (condução) que existem no interior de um fio condutor movem-se aleatoriamente com uma velocidade média de 106m/s. Definindo uma superfície perpendicular a um fio condutor, estes elétrons livres passarão bilhões de vezes por esta superfície, tanto em um, quanto em outro sentido e portanto não haverá um fluxo líquido de elétrons. • Ligando as extremidades deste fio em uma bateria, haverá uma direção privilegiada para o fluxo de elétrons e portanto este será não nulo. Neste caso, aparece uma corrente elétrica no fio. • Vamos limitar nosso estudo às correntes elétricas constantes e geradas por elétrons de condução, presentes em condutores metálicos, como fios de cobre. Condutor (E=0) formando um circuito A bateria introduz um diferença de fechado. Todos os pontos estão sob o potencial entre os pontos do fio que estão ligados aos seus terminais. Com isto, mesmo potencial elétrico. há a produção de um campo elétrico no interior do fio, o que faz com que as cargas elétricas movam-se. Depois de um intervalo de tempo pequeno o movimento dos elétrons atinge um valor constante e temos uma corrente elétrica estacionária No regime estacionário, a corrente é a mesma nos planos aa’, bb’ e cc’ dq i= dt dq i= ! dq = idt dt então q= [A] ! Ampère Z dq = Z t idt 0 No caso geral a corrente pode variar com o tempo. ! Note que a corrente elétrica é uma grandeza escalar, muito embora tenha associado a si um sentido • Devido à conservação da carga elétrica i0 = i1 + i2 • Sentido da corrente elétrica: a corrente é desenhada no sentido em que os portadores de cargas positivas se moveriam, mesmo que os portadores de carga sejam negativos! Convenção histórica! Exemplo 1: Considere o circuito elétrico abaixo. (a) A cada 64ms, 0,16C atravessam a seção reta de um fio, mostrada na figura abaixo. Qual a corrente elétrica? (b) Determine o tempo necessário para que 4x106 elétrons atravessem a mesma seção se a corrente for de 5mA. Densidade de corrente elétrica • Algumas vezes queremos estudar o fluxo de cargas através de uma certa área (seção reta) de um condutor em um certo ponto de um circuito. • Para descrever este fluxo, utilizamos a densidade de corrente, J, que tem a mesma direção e o mesmo sentido da velocidade das cargas que constituem a corrente se as cargas forem positivas e a mesma direção e o sentido oposto se as cargas forem negativas. i= Z ~ J~ · n̂da Se a corrente for uniforme em toda a superfície e paralela ao elemento de área, então i= Z ~ ! i = J.A J~ · n̂da i J= A A unidade da densidade de corrente é o Ampère por m2: [J]= [A/m2] Exemplo 2: (a) A densidade de corrente de um fio cilíndrico de raio R=2mm é uniforme ao longo de uma seção reta do fio e igual à J=2x105 A/m2. Qual a corrente na parte externa do fio entre as distâncias radiais R/2 e R? (b) Suponha que a densidade de corrente não seja mais uniforme e dependa do raio como J=ar2, onde a=3x1011 A/m4 e r é medido em metros. Qual a corrente na mesma parte do fio neste caso? Tensão Elétrica (Diferença de Potencial) • No interior de uma bateria, devido às reações químicas as cargas elétricas positivas e negativas são separadas em dois terminais. • Esta diferença de posição entre as cargas positivas e negativas gera uma diferença de potencial elétrico entre os terminais. • Conectando os terminais através de um condutor elétrico, as cargas negativas terão energia para atingir o terminal positivo. • Realizando trabalho externo (fonte) sobre as cargas podemos levar as cargas para estados onde o potencial elétrico seja maior. • Por definição, existe uma diferença de potencial de 1V entre dois pontos se uma carga de 1C é deslocada entre eles com a realização de trabalho de 1 J. W = U = q(V1 = • qV V) W V = q Lembrando que o potencial é medido em Volts (V) Exemplo 3: Encontre a diferença de potencial entre dois pontos de um sistema elétrico se é necessário realizar 60J de trabalho para levar de um ponto ao outro uma carga de 20C. Fontes de Tensão de Corrente Contínua • São aqueles sistemas elétricos que proporcionam o escoamento da carga somente em um único sentido. • Exemplos: Baterias em geral. Resistência e resistividade elétricas • A resistência elétrica é uma característica de um dado material. • Aplicando a mesma diferença de potencial às extremidades de duas barras com dimensões idênticas, uma de cobre, outra de vidro e medindo a corrente elétrica, obteremos resultados bastantes distintos. V R= (⌦) i • Um condutor cuja função em um circuito é a de introduzir uma certa resistência elétrica é chamado de resistor. • Quanto maior a resistência, menor a corrente elétrica pelo circuito. • A resistência de um condutor depende da maneira como a diferença de potencial é aplicada. Se a d.d.p varia, a corrente também varia e, por conseguinte, o valor da resistência elétrica • A resistividade elétrica de um material é definida como: E V /m ⇢= ! [⇢] = [ ] = [⌦.m] 2 J A/m Ou na forma vetorial: ~ = ⇢J~ E A condutividade elétrica é definida como: 1 = ⇢ Cálculo da resistência a partir da resistividade • Vamos reforçar que a resistência elétrica é propriedade de um dispositivo enquanto que a resistividade é propriedade de um material. • Se o campo elétrico e a densidade de corrente forem uniformes ao longo do material podemos escrever: • E=V/L e J=i/A E = ⇢= J V L i A VA A =R = iL L L R=⇢ A Exemplo 4: Uma amostra de ferro em forma de paralelepípedo tem dimensões 1,2cm x 1,2cm x 15cm. Uma diferença de potencial é aplicada à amostra entre as faces paralelas de tal forma que as faces são superfícies equipotenciais como mostrado na figura. Determine a resistência da amostra se: ! a) as extremidades forem quadradas de dimensões 1,2cm x 1,2cm b) as extremidades forem retangulares de dimensões 1,2 cm x 15cm. Lei de Ohm A razão i/V não depende da polaridade A razão i/V depende da polaridade A Lei de Ohm ! • Quando a corrente elétrica que atravessa um dispositivo for proporcional à tensão, dizemos que este dispositivo obedece à lei de Ohm. • Atualmente sabemos que esta dependência é uma aproximação, mas por razões históricas continua sendo chamada de lei. • Um dispositivo obedece à lei de Ohm se não há dependência da sua resistência em relação à polaridade nem à tensão aplicada. A lei de Ohm • O fato de o dispositivo ser ôhmico tem a ver com o gráfico que expressar uma relação linear entre a corrente e a tensão. Ou seja, R não depende de V. • Matematicamente, a equação abaixo pode também ser utilizada para dispositivos que não sejam ôhmicos. V = Ri • Olhando para os materiais e não dispositivos, a equação ~ = ⇢J~ importante é E • Um material obedece à lei de Ohm se sua resistividade não depende nem do módulo, nem da direção do campo elétrico Exemplo 5: Halliday Potência em um circuito elétrico simples Podemos escrever a redução da energia potencial no dispositivo como: dU = dqV = idtV dU = iV dt P = iV Se o dispositivo for um resistor, esta potência é dissipada em forma de calor. Em um resistor V=Ri, daí podemos escrever sem dificuldade. P = Ri 2 Como i=V/R podemos também escrever a partir da equação anterior: 2 V V P =Vi=V( )= R R Exemplo 6: Um pedaço de fio resistivo de uma liga de níquel, cromo e ferro chamada Nichorome, tem uma resistência de 72Ω. Determine a taxa com a qual a energia é dissipada nas seguintes situações: ! (a) Uma d.d.p. de 120V é aplicada às extremidades do fio. (b) o fio é cortado pela metade e diferenças de potencial de 120 são aplicadas às extremidades dos dois pedaços resultantes.