1 ESBOÇO DA HISTÓRIA DA PREGAÇÃO CRISTÃ. Um Resumo do Capítulo 1 do livro Eu creio na Pregação de John Stott A pregação cristã é parte essencial do Cristianismo porque o Cristianismo é a “religião da Palavra de Deus”. 1. Jesus, os Apóstolos e os Pais da Igreja. E.C. Dargan – “O fundador do Cristianismo foi, pessoalmente, o primeiro dos seus pregadores; mas foi antecedido pelo seu precursor e seguido pelos seus apóstolos, e na pregação destes a proclamação e ensino da Palavra de Deus por meio de discursos públicos ficaram sendo características essenciais e permanentes da religião cristã”. Os próprios sinóticos resumem o ministério de Jesus desta forma: “E percorria Jesus as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas, pregando as boas novas do Reino e curando as enfermidades e doenças”. Jesus mesmo interpreta Isaías 61 na sinagoga de Nazaré afirmando que nele se cumpriam as profecias, porque o “Espírito do Senhor o ungira para Pregar mensagem de libertação”, afirmando que “era necessário” que fizesse assim, pois, foi “para isso que ele tinha sido enviado” e foi “para isso que eu vim”. Os apóstolos, depois de Pentecostes, davam prioridade à Pregação. Isso é claramente afirmado em Atos 6. Resistiram firmemente à tentação de envolvimento com outras atividades no ministério, a fim de se dedicarem “à oração e ao ministério da palavra”(v.4). Se é verdade que em vida Jesus os designara para pregar “às ovelhas perdidas da casa de Israel”, também é fato que após a sua ressurreição Jesus os comissiona solenemente a levarem o evangelho “a todas as nações”. Paulo dá testemunho que o Senhor não o chamara para batizar mas para pregar o Evangelho, por isso sentia uma compulsão para se dedicar à pregação (“Ai de mim se não pregar o Evangelho”). No final da sua vida ele exorta a Timóteo, encarregando-o solenemente de uma missão: “Pregue a Palavra, esteja preparado a tempo e fora de tempo, repreenda, corrija, exorte com toda a paciência e doutrina”. Não nos surpreendemos com a mesma ênfase sendo dada à pregação pelos primeiros pais da Igreja. Isso pode ser constatado pela leitura do “Didaquê”. Na Primeira apologia de Justino Mártir encontramos o seguinte relato ao imperador: 2 “E no dia chamado Domingo, todos quantos moram nas cidades ou no interior reúnem-se juntos num só lugar, e são lidas as memórias dos apóstolos ou os escritos dos profetas, por tanto tempo quanto possível; depois, tendo terminado o leitor, o presidente instrui verbalmente, e exorta à imitação dessas coisas virtuosas. Em seguida todos nos colocamos em pé e oramos e, conforme dissemos antes, ao terminarem as nossas orações são trazidos pão, vinho e água, e o presidente, de modo semelhante, oferece orações e ações de graças, segundo a sua capacidade, e o povo concorda, dizendo amém”. De Tertuliano (final do segundo século) colhemos este depoimento: “Nós nos reunimos para ler as nossas escrituras sagradas... Com as palavras sagradas, nutrimos a nossa fé, animamos a nossa esperança, tornamos mais firme a nossa confiança, e não menos, pela inculcação dos preceitos de Deus, confirmamos bons hábitos. No mesmo lugar também são feitas exortações, repreensões e censuras sagradas...” Ireneu, bispo de Lyon, ressaltava a responsabilidade dos presbíteros ao afirmar: “Estes também conservam essa nossa fé em um só Deus, que conseguiu semelhantes dispensas maravilhosas por amor a nós; e nos expõem as escrituras sem perigo, nem blasfemando a Deus, nem desonrando os patriarcas, sem desprezando os profetas. O “pai da história eclesiásticas, Eusébio, bispo de Cesaréia, no início do século IV, resumindo os primeiros duzentos anos da era cristã, afirma o seguinte acerca dos mestres pregadores: “Empreendiam viagens longe de casa e faziam a obra de evangelista, tendo o propósito de pregar a todos quantos ainda não tivessem ouvido a palavra da fé e de lhes dar o livro dos evangelhos divinos. Mas se limitaram a meramente deitar os alicerces da fé em alguns lugares estrangeiros e a nomear outros como pastores, aos quais confiavam os cuidados dos que acabaram de ser trazidos à fé; em seguida, partiam para outras terras e nações, com a graça e cooperação de Deus”. João Crisóstomo é um excelente representante do período patrístico posterior. Ele pregou por doze anos na Catedral em Antioquia, antes de tornar-se bispo em Constantinopla (em 398 d.C.). Fazendo a exposição de Efésios 6:13 ele expressou as suas convicções a respeito da importância incomparável da pregação: 3 “Um único meio e único modo de cura do corpo de Cristo nos foi dado... e este é o ensino da Palavra. Esse é o melhor dos instrumentos, esse é a melhor dieta e clima; esse serve no lugar dos remédios, serve no lugar da cauterização e da cirurgia; quer haja necessidade de cortar, quer de amputar, esse único método deve ser usado; e sem ele, nada mais surtirá efeito”. É interessante observarmos o comentário que J. Stott faz acerca do ministério de pregação deste homem que tardiamente foi reconhecido como o “boca de ouro” da Igreja. Stott diz que podem ser destacas quatro características principais da pregação de Crisóstomo: “... era bíblica. Não somente pregava sistematicamente por vários livros bíblicos em seguida, como também seus sermões estão repletos de citações e alusões da Bíblia... Sua interpretação das Escrituras era singela e direta. Seguia a escola antioquena da exegese “literal”, em contraste com as alegorizações imaginativas da escola de Alexandria... Suas aplicações morais eram bem práticas, atingindo a vida diária dos seus ouvintes... Era um pregador destemido nas suas condenações. Na realidade, era mártir do púlpito, pois foi principalmente sua pregação fiel que provocou o seu exílio”. 2. Os Frades e os Reformadores É no período medieval que vamos nos situar agora, dando um salto de mais de quinhentos anos, para a fundação dar Ordens Mendicantes. Aqui vamos conhecer o ministério de Francisco de Assis (1182-1226). “A não ser que vocês pregam por onde quer que vão, não há proveito em ir a lugar algum”. Seu contemporâneo Domingo (1170-1221) era ainda mais enfático no que diz respeito à pregação. Chegou a organizar os “frades negros”, um Ordem de Pregadores. Humberto de Romans (m.1277), um dos mais excelentes ministros dominicanos, disse: “Cristo recitou a missa uma só vez... mas deu grande ênfase à oração e à pregação, especialmente à pregação”. Bernardino de Siena (1380-1444), um grande pregador franciscano, fez uma surpreendente afirmação: “Se dentre essas duas coisas você puder fazer apenas uma – ouvir a missa ou ouvir o sermão – você deve dispensar a missa, e não o sermão... Existe menos perigo para a sua alma em deixar de ouvir a missa do que em deixar de ouvir o sermão”. Não é de se admirar que todo esse panorama servisse de pano de fundo para o “raiar da alva” da Reforma com um dos seus mais célebres e dignos precursores, John Wicliffe 4 (1329-1384). Wicliffe esteve sempre associado à Universidade de Oxford, onde sua mente foi de separando da mentalidade escolástica medieval e proclamou as Escrituras Sagradas como a autoridade suprema na fé e na vida. Escreveu diversos livros e participou pessoalmente na tradução da Vulgata para o inglês. Era pregador bíblico diligente e usava as Escrituras para atacar o papado, as indulgências, a transubstanciação e a riqueza da igreja. A vocação principal do clero era a pregação. Dizia: O serviço mais sublime que os homens poderão alcançar na terra é pregar a Palavra de Deus. Esse serviço é dever mais específico dos sacerdotes, e por isso Deus o exige diretamente da parte deles... E por causa disso, Jesus deixava de lado outras obras e se ocupava principalmente na pregação; assim também se ocupavam seus apóstolos, e por isso, Deus os amava... A igreja, no entanto, é mais honrada pela pregação da Palavra de Deus, e, daí, esse é o melhor serviço que os sacerdotes podem prestar a Deus... Portanto, se nossos bispos não pregarem pessoalmente e se impedirem os sacerdotes verdadeiros de pregar, serão culpados dos mesmos pecados daqueles que mataram o Senhor Jesus Cristo”. A Renascença fez brotar o interesse pelo estudo dos “clássicos”. Os “humanistas cristãos”, como Erasmo e Thomas More interessaram-se pelos clássicos cristãos, tanto bíblicos como patrísticos. Vamos encontrar Erasmo fazendo afirmações acerca do papel fundamental da pregação da Palavra de Deus: “A função mais importante do sacerdote é o ensino... mediante o qual possa instruir, admoestar, repreender e consolar. Os leigos podem batizar. Todos os membros da Igreja podem orar. O sacerdote nem sempre batiza, nem sempre absolve, mas sempre deve ensinar. Qual é o proveito de se batizado sem Ter sido catequizado, qual é o proveito de ir à Mesa do Senhor sem saber o significado disso?” A insistência de Erasmo na supremacia da Palavra sobre o Sacramento serviu de mote para as idéias principais de Lutero. “A Reforma deu centralidade ao Sermão. O púlpito ficava mais alto que o altar, pois Lutero sustentava que a salvação era mediante a Palavra, e sem a Palavra os elementos estão destituídos de qualidade sacramental, mas a Palavra é estéril se não falada” (Roland Bainton). As palavras de Lutero são contundentes: “A Igreja deve sua vida à Palavra da promessa , e é nutrida e preservada por essa mesma Palavra – as promessas de Deus são a causa da Igreja, mas a Igreja não é a causa 5 das promessas de Deus... A alma pode dispensar de todas as coisas, menos da Palavra de Deus... se ela possui a Palavra, é rica, e nada lhe falta, visto que essa Palavra é a Palavra da Vida, da verdade, da luz, da paz, da justiça, da salvação, da alegria, da liberdade... pregar a Cristo significa alimentar a alma, torná-la justa, libertá-la e salvá-la, se ela crer na pregação”. Lutero apresenta nove “propriedades ou virtudes” de um bom pregador. Segundo ele, o pregador deve: “ensinar sistematicamente... ter boa perspicácia... ser eloqüente... ter uma boa memória... uma boa voz... deve saber quando terminar (acrescentamos também começar)... deve ter certeza da sua doutrina... deve arriscar e envolver o corpo e o sangue, as riquezas e a honra, na Palavra e, por fim, deve se deixar zombar e escarnecer por todos”. Essas qualidade foram literalmente exercidas no ministério do grande Reformador. Exemplo disso foi o episódio da Dieta de Worms, presidida pelo imperador Carlos V. Lutero pode afirmar com toda a coragem: “Ainda que eu perdesse meu corpo e minha vida por causa da verdadeira Palavra de Deus, não poderei me afastar dela”. Mais tarde o próprio Lutero comentou as repercussões desse episódio nos seguintes termos: “Simplesmente ensinava, pregava e citava por escrito a Palavra de Deus: fora disso, eu nada fazia. E enquanto eu descansava e bebia cerveja de Wittemberg com Filipe e Amsdorf, A Palavra enfraquecia tão grandemente o papado que nunca um príncipe nem um imperador infligia tantos danos sobre ele, eu nada fazia. A Palavra realizou tudo”. Por influência de Calvino, os Reformadores ingleses afirmaram ser marca essencial do sacerdócio a pregação da Palavra. Por isso se cunhou a expressão “ministério da Palavra” para se referir ao ministério pastoral ou oficio sacerdotal. Era comum na Igreja Anglicana, e até hoje em muitas Igrejas Evangélicas, “o Bispo, ao ordenar candidatos ao presbiterato, não somente dava uma Bíblia a cada um como símbolo do cargo, mas também exortava o candidato a ser estudioso na leitura e aprendizado, autorizando-o, pelo poder do Espírito Santo, a pregar a Palavra de Deus e a ministrar os santos sacramentos na congregação”. Não é exagero afirmarmos que a Reforma é obra da pregação da Palavra e de homens apaixonados pela pregação fiel das Escrituras. Mas também podemos afirmar que a Reforma 6 deu nova honra à pregação, destacando-lhe o lugar e o espaço no culto. Veja as afirmações de E.C. Dargan: “Os grandiosos acontecimentos e realizações daquela revolução poderosa eram, em grande medida, obra dos pregadores e da pregação; foi, pois, por meio da Palavra de Deus, mediante o ministério de homens sinceros que nela acreditavam, a amavam e a ensinavam, que foi realizada a obra melhor e mais permanente da Reforma. E, pela proposição inversa, os acontecimentos e os princípios do movimento tiveram um efeito poderoso sobre a própria pregação, e lhe deu um novo espírito, novo poder, novas formas, de modo que o relacionamento entre a Reforma e a pregação pode ser descrito sucintamente como de mútua dependência, ajuda e orientação”. 3. Os Puritanos e os Evangélicos No final do século XVI e no seguinte, os puritanos deram continuidade à ênfase que os reformadores deram à Pregação. Escrevendo sobre o trabalho de pregação dos “pregadores piedosos”, Irvonwy Morgan afirmou: “A tradição puritana, em primeira e última análise, deve ser avaliada em termos de púlpito, e as palavras do ex-frade dominicano Thomas Sampsom, um dos líderes e primeiros sofredores do movimento puritano ... pode servir de divisa deles: “Que outros sejam bispos, pois eu empreenderei a obra de pregador, ou nenhuma mesmo”. Richard Baxter, um dos mais extraordinários puritanos do século XVII, escreveu uma obra intitulada “O pastor reformado” onde compartilha com os seus colegas de clero os princípios que orientavam a sua obra pastoral. Havia cerca de 800 famílias em sua paróquia. Ele adotou um método muito interessante de catequese dessas famílias. Cerca de 15 ou 16 famílias eram convidadas semanalmente para a sua casa para receberem ensinamento bíblico e doutrinário. Dois dias da semana eram dedicados a esse ministério. Mas a outra ênfase do ministério de Baxter era a pregação pública da Palavra, que, segundo dizia, era um “aspecto sumamente excelente. Ele explicava porque: 7 “exige maior perícia e, especialmente, mais vida e zelo, do que qualquer um de nós pode dar. Não é questão de somenos ficar em pé diante de uma congregação e pregar uma mensagem como oriunda da parte do Deus vivo, em nome do nosso Redentor. Alguns anos mais tarde, um pesquisador subvencionado pela Universidade de Harvard, teólogo erudito e escritor prolífico, Cotton Mather, um puritano norte-americano, publicava um livro chamado Estudante e Pregador, onde apresenta as “Diretrizes para um candidato ao Ministério”: “... O grande desígnio e a intenção do ofício de pregador cristão são restaurar o trono e o domínio de Deus nas almas humanas; demonstrar nas cores mais vivas e proclamar na linguagem mais clara as maravilhosas perfeições, atuações e graça do Filho de Deus; e convidar as almas humanas a entrar num estado de amizade eterna com ele ... É uma obra que um anjo poderia aspirar como honraria para o seu caráter; sim, um ofício que todos os anjos no céu poderiam desejar exercer no próximo milênio. É um ofício tão honroso, importante e útil, que se alguém for escolhido para isso por Deus, cuja graça o tornasse fiel e bem sucedido nisso por toda a sua vida, poderá desprezar com desdém uma coroa real e derramar uma lágrima de compaixão pelo monarca mais brilhante na terra.” Outro homem de grande carisma como cristão e pregador foi John Wesley. Logo depois a sua experiência de conversão começou a pregar o “caminho para o céu”. No prefácio do livro “Sermões Básicos” escreveu um testemunho eloqüente acerca do seu ministério de pregação: “Sou um espírito proveniente de Deus e estou voltando para Deus: estou simplesmente adejando sobre um grande abismo até, daqui a poucos momentos, já não ser visto; lanço-me para uma eternidade imutável! Quero saber uma só coisa – o caminho para o céu ... O próprio Deus tem condescendido em ensinar o caminho: com essa mesma finalidade ele desceu do céu. Escreveu tudo num livro. Oh! Dá-me aquele livro! A qualquer preço, dáme o livro de Deus! Eu já o possuo: aqui há conhecimento suficiente para mim. Quero ser homo unius libri (homem de um só livro). Aqui, então, estou, longe dos caminhos movimentados dos homens. Fico sentado sozinho; somente Deus está aqui. Na sua presença, abro o seu livro e o leio; com o seguinte propósito: achar o caminho para o céu.” 8 É verdade que John Wesley tornou-se muito conhecido, principalmente por causa do apoio que tinha de uma grande denominação. Não menos importante, no contexto da história da pregação foi o ministério de outro homem de Deus chamado George Whitefield. Provavelmente Whitefield possa ser considerado um pregador mais “poderoso” que Wesley. Pregava na Inglaterra e nos Estados Unidos. Era eloqüente, zeloso, dogmático, apaixonado, dava vida à sua pregação com metáforas vívidas, ilustrações familiares e gestos dramáticos. Por isso mantinha os auditórios fascinados, enquanto lhes dirigia perguntas diretas ou rogava com empenho que se reconciliassem com Deus. Numa ocasião, em Nova Jérsei, notou que um idoso se acomodava para tirar a sua costumeira soneca na hora do sermão. John Pollock, um dos biógrafos do pregador conta que Whitefield começou quieto o seu sermão, sem perturbar o sono do cavalheiro. Mas depois, em “palavras comedidas e deliberadas” disse: “Se eu tivesse vindo a vocês para lhes falar em meu próprio nome, vocês poderiam repousar os cotovelos nos joelhos e a cabeça nas mãos, e adormecer! ... Mas cheguei até vocês em nome do Senhor Deus dos Exércitos e (bateu as mãos e pisou forte com seu pé) preciso da sua atenção e a exijo. O idoso acordou, assustado.” 4. O Século XIX Charles Simeon foi o primeiro pároco da Igreja da Santíssima Trindade na Universidade de Cambridge. Isso aconteceu em 1782. A despeito de toda a violenta oposição e do boicote de muitos aos seus cultos, conquistou o respeito e a admiração dos seus ouvintes e concidadãos, permanecendo por 54 anos no púlpito daquela Congregação. Simeon considerava o pregador e o conceituava como um “embaixador do Senhor Jesus Cristo”. Em uma ocasião, enquanto fazia a exposição de Lucas 8:18, apresentou as “Diretrizes de como escutar sermões”. Argumentou que uma das razões porque Jesus deu o aviso “considerem atentamente como vocês estão ouvindo” é porque “o próprio Deus nos fala pelo pregador” e continuou: “Os ministros são embaixadores de Deus e falam em nome de Deus. Se pregarem aquilo que se fundamenta nas Escrituras, a palavra deles, se for de acordo com a mente de Deus, deve ser considerada a de Deus. Isso é asseverado por nosso Senhor e pelos seus apóstolos. Devemos, portanto, acolher a palavra do pregador como a Palavra do próprio 9 Deus. Com que humildade, portanto, devemos prestar atenção a ela! Quais juízos não devemos aguardar se a menosprezarmos!” Não podemos esquecer que no contexto do Século XIX apareceram a teoria da evolução de Charles Darwin e os ataques da alta crítica contra a Bíblia (associados ao nome de Julius Wellhousen e sucedâneos). A despeito de toda esta delicadíssima questão a pregação bíblica não perdeu a sua audiência e importância. As multidões acorriam aos templos e aos lugares públicos para ouvirem pregadores como John H, Newman, H. P. Liddon, F. W. Robertson e, principalmente, Charles Haddon Spurgeon, no Metropolitan Tabernacle, em Londres. Thomas Carlyle era historiador e crítico franco das igrejas e seus credos. Mas não pode deixar de escrever este eloqüente testemunho a respeito de John Knox, pregador escocês. Ao afirmar a dívida da Escócia com o pregador, e comentar o poder da Palavra pregada, afirmou: “Isso que Knox (o mais corajoso de todos os escoceses) fez em prol da sua nação, digo, podemos realmente chamar de ressurreição como se fosse dentre os mortos... o povo começou a viver”. Herman Melville escreveu um célebre livro chamado “Moby Dick”. Nele há um pitoresco relato. Trata-se do sermão pregado pelo capelão naval de New Bedford num Domingo tempestuoso de dezembro. A maneira de Melville descrever a cena naquela capela, da disposição e formado do púlpito, da figura do pregador, da importância e do lugar da Bíblia, soa surpreendente aos ouvidos do homem do século XXI: “... o púlpito é sempre a parte mais dianteira desta terra; todo o resto vem depois; o púlpito conduz o mundo. É dali que a tempestade da ira de Deus é avistada primeiramente e a proa precisa agüentar o primeiro impacto. É a partir dali que o Deus das brisas, buas e ruins, é primeiramente invocado por ventos favoráveis. Sim, o mundo é um navio na sua viagem de partida, que não é a viagem completa; e o púlpito é a sua proa”. James W. Alexander foi catedrático do Seminário Teológico de Princeton. “O púlpito era a sua esfera apropriada”, como afirmava Charles Hodge. Acerca da influência da pregação na vida dos ouvintes e do próprio pregador, Alexander afirmou: 10 “Existe felicidade na pregação. Pode ser realizada de tal maneira que fica monótona para quem fala e para quem escuta; mas em casos favoráveis fornece emoções mais puras e mais nobres, e nessas há felicidade. Em nenhum lugar fora do púlpito são experimentados o subir direto do intelecto em direção aos céus, o vôo ousado da imaginação ou as doces agitações da paixão santa”. No início do século XX, em 1908, foi publicada a obra do grande teólogo congregacional P. T. Forsyth, “Pregação dogmática e a mente moderna”. Suas palavras principais são impressionantes: “É, talvez, um começo ousado demais, mas vou me aventurar a dizer que o cristianismo vence ou é derrotado de conformidade com a sua pregação”. 5. O Século XX No início do século passado a pregação e os pregadores eram considerados na mais alta estima. Os grandes pregadores do evangelho eram “exemplos supremos do poder que o homem do evangelho pode exercer na formação da vida civil e nacional dos povos livres”. Alguns pregadores eram também líderes políticos e parlamentares. Outros, entretanto, consideravam a pregação mais poderosa que a política. Um deles, ministro Congregacional de Richmond Hill, foi convidado a se candidatar a uma vaga no parlamento britânico. J. D. Jones recusou o convite, afirmando: “Não menosprezo a obra que o Parlamento pode realizar para melhorar a situação humana, mas, em última análise, a cura das mágoas do mundo não deve ser levada a efeito pela legislação mas pela graça redentora de Deus, e a proclamação dessa graça redentora é a obra mais sublime à qual qualquer homem pode ser vocacionado”. O otimismo do início do século caiu por terra depois da primeira guerra e da depressão econômica que se seguiu. Ainda assim, sobreviveu a confiança no privilégio e no poder do ministério do púlpito. O teólogo Karl Barth demonstra essa realidade nas afirmações: “nada existe mais importante, mais urgente, mais útil, mais redentor e mais salutar, nada existe, do ponto de vista do céu e da terra, mais relevante à situação real do que falar e escutar a Palavra de Deus no poder originativo e regulativo da sua verdade, em toda a sua 11 seriedade que a tudo erradica e a tudo reconcilia, na luz que ela lança, não somente sobre o tempo e as confusões do tempo, mas também além, em direção ao brilho da eternidade, que revela o tempo e a eternidade por meio de si mesma e em si mesma – a Palavra, o Logos, do Deus Vivo”. James Black, pregador escocês de Edimburgo, em suas preleções feitas a estudantes nos Estados Unidos, exorta-os a valorizarem o ministério da pregação: “O nosso serviço é grandioso e magnífico, e merece a consagração de qualquer Dom que possuamos ... Quero pedir-lhes, portanto, que resolvam desde cedo fazer da pregação a grande ocupação da sua vida. Nossa obra é suficientemente grandiosa para usarmos todos os preparativos e todos os talentos que possamos contribuir para o seu desempenho ... A vocês pertencerá o cuidado e o pastorear das almas. Contribuam para isso com todo o entusiasmo e paixão da própria vida rica de vocês”. Ainda mais surpreendentes são as observações do Bispo Hensley Henson, teólogo identificado entre os liberais. Em 1927 fez denúncias muito sérias e relevantes exortações sobre o ministério da pregação: “... O espetáculo, lamentavelmente por demais comum, de uma congregação que se acomoda em triste resignação, se não em sono desavergonhado, diante da inflição do sermão ...” “... de todas as ações do ministério, a pregação é a mais sublime, e o teste da nossa reverência pela nossa profissão é nosso modo de desempenhar o dever de pregador ... Nunca se permitam adotar um conceito inferior ao seu dever de pregador ... Em certo sentido, podemos dizer com propriedade que todas as atividades do pastorado se reúnem no ministério da pregação”. Aliste-se o testemunho do grande teólogo alemão Dietrich Bonhoeffer, antes da irrupção da Segunda guerra, acerca da importância central da pregação: Por causa da palavra proclamada o mundo existe com todas as suas palavras. No sermão, é deitado o alicerce para um mundo novo. Nele, a palavra original se torna audível. Não há maneira de evitar ou escapar da palavra falada do sermão, nada nos libera da necessidade desse testemunho, nem sequer o culto ou a liturgia ... O pregador deve Ter a 12 certeza de que Cristo entra na congregação mediante aquelas palavras que proclama das Escrituras”. Em 1954, no livro “A Arte do Sermão”, escrito pelo ministro metodista Will Sangster, encontra-se uma brilhante exposição da importância da pregação no mundo pós guerra: “Não por acidente, nem pelo egoísmo impulsivo dos homens, o púlpito recebeu o lugar de destaque nas igrejas reformadas. Está ali por desígnio e por devoção. Está ali pela lógica das coisas. Está ali como o trono da Palavra de Deus”. Ao chegarmos às décadas de 60, 70 e 80, a maré da pregação entrou em refluxo e continua baixa até hoje. Pelo menos no mundo ocidental, o declínio da pregação é sintoma do declínio da Igreja. A preocupação com o declínio e descrédito da pregação é evidente também no ambiente católico romano. O teólogo Karl Rahner comenta a questão: “Muitos deixam a igreja porque a linguagem que flui do púlpito não tem significado para eles; não tem relação com a própria vida deles e simplesmente contorna muitas questões ameaçadoras e inevitáveis ... o problema com a pregação está se tornando cada vez mais problemático”. Um dos documentos que manaram do II Concílio Vaticano é a Constituição Dogmática sobre a revelação divina chamado “A Sagrada Escritura na Vida da Igreja”. Nele encontramos também exortações contundentes acerca da necessidade do estudo criterioso dos exegetas católicos, “sob a vigilância do sagrado Magistério” no sentido de proporcionar aos pregadores e leigos a devida compreensão da Santa Palavra de Deus. Na Igreja Anglicana merece destaque a figura do ex-arcebispo de Cantuária (19741980), Donald Coogan. No seu primeiro livro sobre a pregação “Mordomos da Graça”, expressou sua convicção a respeito da indispensabilidade da pregação nos seguintes termos: “Aqui temos o milagre da economia divina, que entre o perdão da parte de Deus e o pecado do homem consta – o pregador! Que entre a provisão divina e a necessidade humana consta – o pregador! Que entre a verdade de Deus e a procura pelo homem consta – o pregador! É sua tarefa ligar o pecado humano com o perdão, a necessidade humana com a onipotência divina, a procura humana com a revelação divina”. 13 Na capela de Westminster, em Londres, exerceu forte influência sobre os pregadores do século passado, o ministério do Dr. Martin Lloyd-Jones, a partir da década de 50. O que caracterizava o ministério desse médico pregador era o seu compromisso inabalável com a autoridade das Escrituras e ao Cristo das Escrituras, sua mente analítica aguda, seu entendimento penetrante do coração humano e seu ardor apaixonado gaulês. No seu livro “A Pregação e Pregadores”, ele afirma: “Para mim, a obra da pregação é a mais elevada, a maior e a mais gloriosa vocação para a qual alguém pode ser convocado. Se alguém quiser saber doutra razão em acréscimo, então eu diria, sem qualquer hesitação, que a mais urgente necessidade da igreja cristã da atualidade é a pregação autêntica”. 14 OS FUNDAMENTOS TEOLÓGICOS DA PREGAÇÃO Um Resumo do capítulo 3 do livro Eu Creio na Pregação de John Stott “O segredo essencial não é dominar certas técnicas, mas ser dominado por determinadas convicções. A teologia é mais importante que a metodologia. Ao colocar a questão em termos tão francos, não estou desprezando a homilética como um tema de estudo nos seminários, mas a firmando que a homilética pertence apropriadamente ao departamento de teologia prática e que não pode ser ensinada sem um fundamento teológico sólido ... A técnica pode somente nos tornar oradores; se quisermos ser pregadores, é da teologia que precisamos.” 1. Convicção a Respeito de Deus. O tipo de Deus em quem cremos determina o tipo de sermão que pregamos. Três afirmações a respeito de Deus são especialmente relevantes: Deus é luz; Deus tem agido e Deus tem falado. Deus é luz: I João 1:5 – Deus é manifesto e não secretivo, e que se deleita em ser conhecido. Podemos dizer, portanto, que assim como brilhar é da natureza da luz, também é da natureza de Deus revelar-se. A razão principal porque as pessoas não conhecem a Deus não é porque ele se oculta delas, mas porque elas se escondem dele. Cada pregador precisa do forte encorajamento que essa certeza oferece. Sentadas diante de nós na congregação, há pessoas nas mais variadas condições: algumas alienadas de Deus, outras perplexas e desnorteadas pelos mistérios da existência humana, ao passo que ainda outras estão envoltas na noite escura da dúvida e da incredulidade. Precisamos Ter a certeza, quando falamos com elas, de que Deus é luz e que deseja fazer raiar a sua luz dissipando as trevas que há dentro delas (II Cor. 4:4-6). Deus tem agido: Salmo 19:1; Is. 6:3; Rom. 1:19,20 – Pode-se dizer que o Velho Testamento consiste em três ciclos de livramento divino: 1) quando Deus chamou Abraão do meio de Ur; 20 quando chamou os escravos israelitas do meio do Egito; 3) quando chamou os exilados do meio da Babilônia. Cada uma dessas ocasiões era uma libertação e levou a criação ou renovação da aliança mediante a qual Deus fez deles povo seu, e se comprometeu a ser o seu Deus. O Novo Testamento enfoca outra redenção e aliança, descrita tanto como melhor quanto como eterna. Essas, pois, foram conseguidas mediante os atos poderosíssimos de 15 Deus, mediante o nascimento, morte e ressurreição do seu Filho, Jesus Cristo (Heb.7:19,22; 8:6; 9:12-23; 13:20). Deus tem falado: Inumeráveis são as referências proféticas à ação comunicadora de Deus: “Assim diz o Senhor”. É importante acrescentar que a fala de Deus relacionava-se com a sua atividade. Dava-se ao trabalho de explicar o que estava fazendo. A tendência teológica moderna é atribuir muita ênfase à atividade histórica de Deus e negar que ele tenha falado; dizer que a revelação que Deus fez de si mesmo foi em ações, e não em palavras, que foi pessoal, e não proposicional; e realmente insistir que a própria redenção é em si a revelação. Mas essa é uma falsa distinção que as próprias Escrituras não contemplam. Pelo contrário, as Escrituras afirmam que Deus tem falado tanto por meio das ações históricas, por meio das palavras explicativas, e que as duas pertencem indissoluvelmente uma à outra. Até mesmo a Palavra que se tornou carne – o auge da revelação progressiva que Deus fez de si mesmo – teria permanecido enigmática se o próprio Jesus não tivesse falado e se os apóstolos não o descrevessem sem o interpretassem ... Conforme afirmou o Profeta Amós (3:8): “O leão rugiu, quem não temerá? O Senhor, o Soberano, falou, quem não profetizará?” Uma lógica semelhante se acha na declaração de Paulo: “Está escrito: Cri, por isso falei. Com esse mesmo espírito de fé nós também cremos e, por isso, falamos” (II Cor. 4:13 citando o Salmo 116:10). O “espírito de fé” por ele referido é a convicção de que Deus tem falado. Se não tivermos certeza disso, será melhor fecharmos a boca. No entanto, uma vez convictos de que Deus tem falado, também devemos falar. Repousa sobre nós uma compulsão. Nada e ninguém poderá nos silenciar.” 2. Uma Convicção a Respeito das Escrituras A doutrina de Deus leva natural e inevitavelmente à doutrina das Escrituras. A Escritura é a Palavra de Deus escrita. “A Palavra de Deus escrita” é uma definição excelente das Escrituras. “Uma coisa é crer que “Deus tem agido” e se revelado em ações históricas de salvação, e supremamente na Palavra que se tornou carne. Outra coisa, bem diferente, é crer que “Deus tem falado”, inspirando os profetas e apóstolos a interpretar as ações dele. Uma terceira etapa ainda é crer que a fala divina, que registra e explica a atividade divina, tem sido registrada por escrito. Somente assim, porém, é que a revelação particular de Deus pode se tornar universal, e tudo quanto ele disse e fez em Israel e em Cristo pode ser colocado à 16 disposição em todas as eras e lugares. Portanto, a ação, a fala e a escrita, juntas, fazem parte integrante do propósito de Deus ... A inspiração não é um ditado. Em vez disso, colocou sua Palavra na mente e na boca humana, de tal maneira que os pensamentos que concebiam e as palavras que falavam eram simultânea e completamente humanas e divinas. A inspiração não era incompatível, de modo algum, com suas pesquisas históricas, nem com o exercício livre da mente deles ... A Bíblia é a Palavra de Deus escrita, a Palavra de Deus através das palavras dos homens, falada por meio da boca humana e escrita por meio de mãos humanas.” A acessibilidade de Jesus Cristo acontece “somente através da Bíblia, à medida que o Espírito Santo vivifica seu próprio testemunho acerca dele nas Páginas Sagradas”. A nossa responsabilidade como pregadores não é dar testemunho de Jesus Cristo no estilo do século XXI, mas repassar com fidelidade ao século XXI o único testemunho autorizado que existe, que é o testemunho que o próprio Deus dá de Cristo através das testemunhas oculares apostólicas do século I. É certo que não podemos tratar adequadamente das Escrituras no púlpito, se for inadequada a nossa doutrina das Escrituras. Se nas Escrituras estamos lidando com as próprias palavras do Deus vivo, “não com palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas com palavras ensinadas pelo Espírito” (I Cor. 2:13), as palavras de Deus através das palavras humanas, o próprio testemunho divino acerca do Filho, nenhum esforço deve ser grande demais no estudo e na exposição delas. Deus continua falando através daquilo que ele já disse. As Escrituras são muito mais que uma coletânea de documentos antigos nos quais são preservadas as Palavras de Deus. Não é um tipo de museu no qual a Palavra de Deus é exibida numa estante de vidro como uma relíquia ou fóssil. Pelo contrário, é uma palavra proveniente do Deus vivo para pessoas vivas, uma mensagem contemporânea para o mundo contemporâneo. Os apóstolos claramente compreendiam e acreditavam assim a respeito dos oráculos do Antigo Testamento. Introduziam suas citações bíblicas com uma das seguintes fórmulas: (porque está escrito) ou (pois diz – ele ou a palavra). O contraste entre essas fórmulas não é somente entre o pretérito perfeito e o presente, isto é, entre um acontecimento do passado e uma atividade do presente, mas também entre a escrita e a fala. As duas expressões tomam por certo que Deus tem falado, mas no primeiro caso, o que foi 17 falado foi anotado por escrito e continua sendo um registro escrito permanente, ao passo que no segundo, Deus continua a falar o que falou em tempos passados. Essa linha de argumentação pode ser encontrada em Gálatas 4:22-30. Em Hebreus 3 e 4, onde o autor cita o Salmo 95, de fato é possível detectar quatro etapas sucessivas segundo as quais Deus falou e ainda fala. A primeira foi o período de provação no deserto, quando Deus falou, mas Israel endureceu o coração. Depois veio a exortação dirigida ao povo da época em que o Salmo 95 foi escrito, no sentido de não repetir a estultícia anterior de Israel. Em terceiro lugar, houve a aplicação da mesma verdade aos cristãos hebreus do século I d.C., ao passo que, em quarto lugar, o apelo passa até nós enquanto lermos o livro de Hebreus hoje. É dessa maneira que a Palavra de Deus é contemporânea: avança com os tempos e continua a se dirigir a cada nova geração. O testemunho do Dr. James I Packer resume esta questão: “A Bíblia é Deus pregando”. A Palavra de Deus é Poderosa – Isso se dá não somente porque Deus tem falado e continua a falar através daquilo que já tem falado, mas porque quando fala, Deus age. Sua palavra faz mais do que explicar a sua ação; é ativa em si mesma. Deus realiza seu propósito mediante sua Palavra; “atinge o propósito” de tudo quanto ele a envia a realizar (Is. 55:11). Nas Palavras de Deus a fala e a atuação se fundem e combinam entre si. Criou o Universo pela sua Palavra (Sl.33:9). Agora, mediante a mesma Palavra de autoridade, ele cria de novo e salva. Os textos de Rom. 1:6; I Cor. 1:21; I Tes. 2:13 e também Heb. 4:12 são testemunhos bem claros de como a Palavra de Deus tem poder. Ao longo da história da pregação encontramos em Martinho Lutero, John Wesley e Billy Graham exemplos de pregadores que deram ênfase ao poder da palavra de Deus porque em suas próprias vidas experimentaram a ação poderosa dessa mesma Palavra. É bom lembrar o testemunho que o catedrático sueco de teologia luterana da Universidade de Lund nos apresenta em seu livro “A Palavra Viva”. Gustaf Wingren afirma: “Entre a vitória de Cristo e a consumação jaz um compasso de espera. É nesse hiato, nesse espaço, que a pregação envia a sua voz ... o período entre a páscoa e a parousia é o período certo para a pregação ... É a Palavra que fornece os pés nos quais Cristo anda quando se aproxima de nós e nos alcança ... A pregação tem um único alvo: que Cristo venha aos que se reuniram para escutar ... A pregação não é apenas a fala a respeito de um Cristo do passado, mas é uma boca através da qual o Cristo da atualidade nos oferece vida hoje”. 18 Entramos no púlpito com uma Palavra nas nossas mãos, no nosso coração e nossa boca, e isso com poder. Esperamos resultados. Estamos confiantes que haja conversões. Como diz Spurgeon, “... Acreditem na salvação dos seus ouvintes tanto quanto o anjo que doará a última trombeta terá certeza da ressurreição dos mortos! Creiam na sua doutrina! Creiam no seu Salvador! Creiam no Espírito Santo que habita em você...” 3. Uma Convicção a Respeito da Igreja A Igreja é criada por Deus mediante a Sua Palavra. Além disso, a nova criação de Deus (a Igreja) é tão dependente da sua Palavra quanto o era a sua criação antiga (o Universo). Não somente ela levou a Igreja a existir mediante a sua Palavra , como também a mantém e sustenta, dirige e santifica, e a reforma e renova mediante a mesma Palavra. A Palavra de Deus é o cetro mediante o qual Cristo governa a Igreja e a comida com a qual ele a nutre. Não é correta a alegação católico-romana de que “a Igreja escreveu a Bíblia”. A verdade é quase o inverso: A Palavra de Deus criou a Igreja. Assim como o povo de Deus começou a existir quando a Palavra de Deus chamou a Abrão, foi também através da pregação dos apóstolos, no poder do Espírito Santo, que a Igreja foi constituída. São abundantes os exemplos de textos do Velho e do Novo Testamento nos quais os profetas e os apóstolos exortam o povo de Deus (e a Igreja) a ouvirem e obedecerem a Palavra do Senhor. Fica claro do começo ao fim, que a saúde do povo de Deus depende da atenção dada à Palavra de Deus. Os pregadores de hoje não se assemelham aos profetas e apóstolos do passado. A palavra do Senhor não vem até nós da mesma maneira que veio até eles; somos nós, na verdade, que nos chegamos até ela. A despeito disto, se expomos fielmente as Escrituras, é a Palavra do Senhor que está nas nossas mãos e nos nossos lábios, e o Espírito Santo consegue torná-la viva e poderosa no coração dos ouvintes. A exposição da Bíblia dá à Igreja a correta visão sem a qual ela perece: (1) A visão do que Deus quer que ela seja – a nova sociedade dEle no mundo; (2) A visão dos recursos que Deus tem dado à Igreja para cumprir tal propósito. A história fornece amplas evidências da relação indivisível entre a Igreja e a Palavra, entre o estado da comunidade cristã e o qualidade da pregação cristã. Esta afirmação é 19 confirmada pelo Dr. D. M. Lloyd-Jones, quando pergunta e responde solenemente: “O que é que sempre anuncia a aurora de uma reforma ou de um reavivamento? É a pregação renovada.” A mesma tese é defendida pelo Dr. E. C. Dargan, na sua obra História da Pregação: O declínio da vida e da atividade espiritual nas igrejas é geralmente acompanhado por um tipo de pregação formal, sem vida e infrutífera, e isso parcialmente como causa e parcialmente como efeito. Em contrapartida, os grandes reavivamentos da história cristã usualmente remontam à obra do púlpito, e, no decurso do seu progresso, têm desenvolvido e tornado possível um alto nível de pregação. O crescimento e a vitalidade das Igrejas em alguns países da Ásia, África e América Latina demonstram, pelo testemunho dos seus próprios líderes, a existência de muita superficialidade e instabilidade nesse crescimento. Já tem sido demonstrado que raras vezes, ou talvez nunca, o banco da igreja sobe mais alto que o púlpito. Se é verdade que para os católicos o sermão nunca foi importante, pelo contrário, “um antepasto espiritual antes da Eucaristia”, a revista Time de 31.12.79 publicou um artigo sobre a “Pregação Americana – uma arte em extinção”, no qual o redator escreveu: “O congelamento da Palavra é um fator importante ao mal-estar evidente em grandes denominações protestantes nestes dias.” Se a Igreja deseja experimentar um renovo de vicejamento, não existe necessidade maior do que uma recuperação da pregação bíblica fiel e poderosa. 4. Uma Convicção a Respeito do Pastorado Existe muita incerteza na Igreja moderna no tocante à natureza e às funções do ministério cristão profissional. Há uma notória tendência contemporânea para a redução da moral daqueles que têm o ofício pastoral. Uma série de fatores contribui para esta desmoralização. Nesse contexto, é urgente a confirmação da doutrina neotestamentária de que Jesus Cristo ainda dá superintendentes à sua igreja. Ele, Jesus, pretende que esta seja uma característica permanente da estrutura da igreja (“Se alguém aspira ao episcopado, excelente obra deseja” – I Tim. 3:1). Vale a pena resgatar do Novo Testamento a importância do significado e conteúdo da palavra PASTOR. Ministro e Sacerdote são palavras que já têm sofrido muito desgaste. Jesus 20 se denomina “o bom pastor”. O que caracteriza o serviço pastoral é a intimidade do conhecimento entre pastor e ovelhas, sacrifício, liderança, proteção e cuidado do rebanho. Quando um homem era consagrado ao ministério pastoral na tradição anglicana, a partir de 1552, era entregue ao ordenando uma Bíblia, ando-lhe autoridade para pregar a palavra de Deus. Desde então essa cerimônia ainda prevalece em muitas denominações, inclusive nas igrejas Batistas. É ainda hoje comum a expressão “Ministério da Palavra”, usada para se referir ao serviço pastoral na Igreja, isto porque a responsabilidade principal do pastor que “cuida” das suas ovelhas é “alimentá-las”. Veja o que Deus fala aos pastores que não cumpriram bem este trabalho (Ez. 34:1-3). Fica bem claro que alimentar o rebanho de Deus é, uma expressão metafórica que significa ensinar a igreja. Nada pode ser mais danoso para a igreja do que os pregadores infiéis, conforme declarou Thomas Becon de modo franco no prefácio ao seu livro As Exigências das Escrituras Sagradas: Assim como não pode haver nenhuma jóia maior numa coletividade cristã do que um pregador sincero, fiel e constante da Palavra do Senhor, de modo que não possa haver uma pestilência maior entre qualquer povo do que Ter reinando sobre eles guias cegos, cães mudos, lobos malvados, mercenários hipócritas, profetas papistas, que não os alimentam com o trigo puro, mas com o absinto das tradições triviais dos homens. Nas conferências proferidas no Seminário Teológico Calvino, em Grand Rapids, Samuel Volbeda expressou de forma contundente estas idéias: A Pregação é a proclamação, mediante a palavra falada, da Palavra de Deus escrita, em vez da Palavra falada... Aquela Palavra de Deus escrita é pastoral do começo ao fim na sua mensagem, espírito e propósito... O pregador nunca será mero tubo acústico ou trombeta ... que reproduza, de modo perfeito, porém mecânico, a mensagem da Palavra de Deus escrita; deve, antes, ser alguém que esteja pessoalmente, de coração e mente, em perfeita harmonia com as Escrituras pastorais para falar. O cuidado que o pastor deve ter com as ovelhas de Jesus que estão sob o seu pastoreio é um cuidado quádruplo: Alimentar e Guiar (porque as ovelhas facilmente se desgarram) Guardar (contra lobos predadores) Curar (atar as feridas das acidentadas) 21 O que se observa com muita propriedade é que estas quatro facetas do ministério pastoral estão diretamente relacionadas com a Palavra; são aspectos do ministério da Palavra. A tarefa de alimentar o rebanho pode ser executada em diferentes contextos. Um ministério pastoral baseado no modelo de Jesus incluirá, de modo semelhante, a pregação diante da congregação, o aconselhamento aos indivíduos e o treinamento de grupos. Charles H. Dodd popularizou a tese da distinção que o Novo Testamento faz entre o Kêrygma (a pregação da morte e ressurreição de Cristo, segundo as Escrituras, com uma exortação ao arrependimento e à fé) e o Didachê (instrução ministrada ao convertido, de conteúdo eminentemente ético. O que temos de evitar é o exagero e o extremo desta distinção. Não é o que vemos no próprio ministério de Jesus. O costume de ler as Escrituras diante da Congregação e de fazer uma exposição (explicação e aplicação) da mesma aos ouvintes é prática que se vê no Velho Testamento, é comum nas sinagogas, conforme relato do Novo Testamento, que veio a ser também usada pelos apóstolos, nas novas igrejas. Não admira, pois, que cristãos expulsos das sinagogas pela conversão à fé cristã começassem a adotar o mesmo modelo: a leitura bíblica seguida de exposição. Só que depois da leitura dos trechos da lei e dos profetas, eram lidas cartas de um dos apóstolos. É por isso que se pode perceber a recomendação de Paulo a Timóteo (I Tim 1:13). Se os pastores de hoje levassem a sério a ênfase neotestamentária na prioridade da pregação e do ensino, não somente se sentiriam muito realizados com isso, como também, sem dúvida, teria um efeito bastante sadio sobre a igreja. Se estabelecêssemos o “ministério da Palavra e da oração” como nossa prioridade, conforme fizeram os apóstolos (Atos 6:4), envolveria, para a maioria entre nós, uma reestrutura radical do nosso programa e do nosso cronograma, inclusive uma delegação considerável de outras responsabilidades aos líderes leigos, mas expressaria uma convicção verdadeiramente neotestamentária a respeito da natureza essencial do pastorado. 5. Uma Convicção a Respeito da Pregação Visto que o pastor é essencialmente um pregador e mestre, resta saber que tipo de mensagem deve pregar. Os manuais de homilética oferecem variadas possibilidades de classificação de mensagens. Há a clássica distinção entre sermões textuais e sermões temáticos. Para John Sttot “toda pregação genuína é pregação expositiva”. Em rigor, “Exposição” tem um conceito muito amplo. Refere-se mais ao conteúdo do sermão (verdade bíblica) do que ao seu estilo (comentário contínuo). 22 Fazer exposição das Escrituras é aproveitar aquilo que já está no texto e expô-lo à vista de todos. O expositor destampa aquilo que parece estar fechado, torna claro o que é obscuro, desembaraça o que parece estar cheio de nós e desdobra aquilo que está muito compactado. O inverso da exposição é a imposição, que é impor ao texto aquilo que não está ali. Na pregação expositiva o texto bíblico não é nem uma introdução convencional a um sermão sobre um tema que, de modo geral, é diferente, nem uma cavilha onde se pendure um saco de retalhos de pensamentos miscelâneos, mas sim, o mestre que determina e controla o que é dito. Alguns dos Benefícios da Exposição Bíblica: (1) A Exposição nos prescreve limites – ela nos restringe ao texto bíblico (2) A Exposição exige integridade – É preciso estar atento à exortação de Maugham: “o clérigo moderno adquiriu, no seu estudo da ciência que, segundo acredito, é chamada exegese, uma facilidade espantosa de modificar as coisas por meio de explicações”. O que todo estudante da Bíblia deve procurar é o significado claro, natural e óbvio de cada texto, sem sutilizas. Um bom exemplo é Charles Simeon. Veja o que ele diz: “Meu esforço é ressaltar num texto bíblico o que está ali, e não simplesmente jogar para dentro dele o que imagino que talvez esteja ali ... esforço-me para dar a cada texto, sem preconceito nem parcialidade, o seu significado correto, seu contexto natural e seu uso legítimo... sou muito zeloso quanto a isso: nunca falar mais nem menos do que acredito ser a mente do Espírito Santo na passagem que estou expondo”. (3) A Exposição identifica as armadilhas – As duas armadilhas mais comuns são “esquecimento” (perde de vista o texto ao sair pela tangente e seguir a sua própria imaginação) e “deslealdade” (parece acompanhar de perto o seu texto mas o força e o estica até ser bem diferente do seu significado original e natural). (4) A Exposição nos dá confiança para pregar – Se expomos a Palavra de Deus com fidelidade , respeito e integridade, então somos preenchidos por uma santa ousadia. Veja o testemunho do apóstolo Pedro (I Pedro 4:11): “Quem fala deve fazê-lo como que transmitindo a palavra de Deus”. O Professor Gustaf Wingren se expressa de forma admirável sobre o assunto. 23 Resumo das Aulas de Prática de Exposição Bíblica: Compreendendo a Tarefa do Pregador 1. Definições da Tarefa do Pregador: “Pregador é um despenseiro dos mistérios de Deus, ou seja, da autorevelação que Deus confiou aos homens e é preservada nas Escrituras” John Stott (baseado em I Cor. 4:1,2). “O pregador é um canal de comunicação do Deus vivo para a alma viva que ali está diante dele” Walter Russell Bowie “ Pregação é a apresentação da verdade através da personalidade; é a comunicação da verdade aos homens mediante o homem” Phillips Brooks “Pregação é a proclamação da graça de Deus, sob a autoridade do trono de Deus, visando atender as necessidades humanas” G. Campbell Morgan “Pregação é a verdade de Deus apresentada por uma personalidade escolhida, para ir ao encontro das necessidades humanas” Andrew W. Blackwood “Pregação é uma manifestação do Verbo Encarnado desde o Verbo escrito e por meio do verbo falado” BernardManning “Pregação é a proclamação pública da verdade divina baseada nas Escrituras, por uma personalidade escolhida, com o propósito de satisfazer as necessidades humanas” J. C. Nothcutt “A pregação expositiva é a comunicação de um conceito bíblico, derivado de e transmitido através de um estudo histórico, gramatical e literário de uma passagem no seu contexto, que o Espírito Santo primeiramente aplica à personalidade e experiência do pregador e depois, através dele, aos seus ouvintes”. Haddon W. Robinson “Pregação é a fiel exposição do sentido correto de um ou mais textos da Bíblia, ilustrando a exposição e aplicando-a à vida dos ouvintes, envolvendo-os de tal maneira que são satisfeitas as suas necessidades, sendo que esta comunicação é feita por uma pessoa com experiência real com Cristo e guiada pelo Espírito Santo.” Jerry Key 2. O que é Homilética? “a arte de pregar sermões religiosos”(Aurélio Buarque Holanda) “a ciência da homilética nada mais é do que a adaptação da retórica às finalidades especiais e aos reclamos da prédica cristã” (John Broadus) “a arte e a ciência da pregação”(João Mohama) “a ciência que se ocupa com a pregação e, de modo particular, com a prédica proferida no culto, no seio da comunidade reunida” (Nelson Kirst) 24 3. A Importância da Pregação: Deus fala através da Pregação; A Pregação foi a principal atividade de Jesus; A Pregação comunica a Graça de Deus; A Pregação é prioridade no Ministério Pastoral; A Pregação e o bom manejo da Palavra de Deus (II Tim. 2:15) A autoridade da pregação reside na sua Cristocentricidade. 4. Vantagens do Estudo da Homilética: Dá consciência ao Pregador da sua missão; Possibilita a elaboração de melhores mensagens; Ajuda na elaboração de sermões com forma e conteúdo; Facilita um melhor desempenho no púlpito; Permite a inderdisciplinaridade Aproxima o Pregador do Altar; Motiva o Pregador a sempre Estudar; Enriquece o acervo homilético. 5. Alguns Cuidados no Estudo da Homilética Vencer a tentação de se tornar ouvinte crítico; Buscar Inspiração no Senhor; Conhecer ou ouvintes e suas necessidades; Viver a Mensagem Pregada; Agradar ao Senhor da Pregação; Amar, para falar ao coração; Aprender aos pés do Senhor; Humildade para tão sublime missão; Manter-se atualizado; Comunicar com vida. O Texto Bíblico do Sermão Expositivo A Herança da Sinagoga – leitura e exposição bíblica. Os perigos que a exposição bíblica sofreu ao longo da história. A influência dos ensinos de Clemente de Alexandria (190 a 200 d.C) – “As escrituras tinham três significados: o literal, o moral e o espiritual ou místico. O significado literal foi considerado muito simples, elementar e comum, enquanto o espiritual ou místico era considerado mais profundo. A predominância no método alegórico de interpretação bíblica. Os usuários deste método acreditavam haver um significado espiritual oculto e misterioso que somente podia ser compreendido por uma alegoria. 25 A Inserção dos livros apócrifos no cânon do A.T., corrompendo as fontes autorizadas; As longas análises dos pequenos textos do período escolástico; O Resgate do texto bíblico e da autoridade da Palavra pelos Reformadores. 1. As Vantagens do uso do texto bíblico do Sermão: O texto bíblico dá autoridade à pregação: No final das contas, a pregação cumpre seus objetivos espirituais não por causa da habilidade do pregador, mas por causa do poder da Escritura proclamada. A Palavra não é somente poderosa, ela é inigualável. A Palavra de Deus: CRIA (Gn.1:3; Sl.33:9), CONTROLA (Sl.147:15-18); PERSUADE (Jr.23:28,29); CUMPRE SEUS PROPÓSITOS (Is. 55:10,11), ANULA OS MOTIVOS HUMANOS (Fil. 1. 18). O Poder da Palavra se Manifesta em Cristo. Ele é o “logos” (a palavra) de Deus (João 1:1) O texto bíblico exposto é excelente ocasião para ensinarmos ao povo a Palavra de Deus; O texto bíblico ajuda os ouvintes a reterem melhor as verdades expostas no sermão; O texto bíblico ajuda o pregador a falar sobre assuntos de difícil abordagem no púlpito; Ele é porta-voz de Deus; O texto bíblico ajuda o próprio pregador a conhecer melhor a Palavra de Deus; O texto bíblico pode fornecer excelente material histórico para a introdução; O texto bíblico facilita ao pregador a variedade de assuntos para a mensagem. 2. Cuidados na Escolha do Texto Bíblico para o Sermão: O texto deve ser usado em harmonia com o propósito original de Deus; O texto deve ser relevante à realidade dos ouvintes; Esteja atento às circunstâncias e ocasiões; seja sensível; O texto deve ter um tamanho adequado; selecione uma “unidade de pensamento bíblico”. O texto deve ser claro no seu significado; 26 O texto deve falar ao coração do pregador; Escolha textos que já são conhecidos dos ouvintes; Escolha textos de todas as grandes divisões da Bíblia; Leia o texto bíblico em diversas traduções e versões; comparando-as; Os textos que você deve evitar: de pessoas não inspiradas devem ser evitados; os maus conselhos de pessoas bem intencionadas; as declarações do diabo; 3. Conselhos Práticos no uso dos textos bíblicos para o sermão: Use preferencialmente apenas um texto bíblico para cada sermão; Dê ao texto bíblico o lugar de honra do sermão; Leia e releia o seu texto bíblico, familiarizando-se com ele; isso facilitará a leitura e interpretação oral do mesmo na hora da mensagem; Use a sua própria bíblia para a leitura do texto do sermão; Arquive os seus textos e as idéias que ele transmitiu à sua mente; cultive um celeiro de sermões; Quando anunciar o texto bíblico, dê tempo para que as pessoas o localizem e acompanhem a sua leitura e exposição. Do Texto Bíblico à Tese do Sermão Idéias retiradas dos capítulos 5 e 6 do livro Homilética – da Pesquisa ao Púlpito, do Dr. Jilton Moraes 1. Passos Necessários para uma Boa Interpretação: Orar pedindo que a Palavra do Senhor nos fale com profundidade para que, compreendendo-a de forma correta, possamos explaná-la aos ouvintes. Ler o texto, o máximo de vezes possível em todas as traduções ao alcance. Anotar os vocábulos e expressões que mais se destacam, comparando-os com as traduções lidas, usando também uma chave lingüística. 27 Meditar profundamente no texto, anotando as verdades e desafios que mais se destacam. Preparar um esboço analítico de cada verso, destacando sujeito, verbos e complementos. Considerar o gênero do texto em estudo: salmo, narrativa, milagre, parábola, epístola, poesia, literal, se há figura de linguagem, etc. Considerar a importância da revelação progressiva. O texto precisa ser compreendido à luz da revelação progressiva e sempre considerando que Jesus é o clímax dessa revelação. Procurar descobrir a razão de ser do texto: por que esse texto foi escrito e com que finalidade foi preservado? Personalizar a leitura do texto: de que modo essa mensagem me fala? Como eu me encontro nesse texto? Com qual personagem eu mais me identifico? De que mais esse texto me fala? Fazer uma pesquisa histórica sobre o texto: em que ocasião surgiu esse texto? Quais os costumes da época? Como tais costumes podem ter influenciado? Buscar os detalhes geográficos relacionados ao texto? Onde estava o autor quando o escreveu? Quais as características do lugar àquela época? De que modo esses detalhes influenciam o texto? Pesquisar o porquê da localização do texto na Bíblia. Para tanto, considerar atentamente os contextos antecedente e subseqüente ao texto em estudo. Ler o texto com “olhos homiléticos”, procurando descobrir o que o texto mais fala ao momento atual. Escrever um resumo do texto, expressando-o em, no máximo, 16 palavras. Pesquisar em comentários bíblicos, e em toda literatura pertinente, o que outros pregadores e estudiosos afirmaram sobre o texto. Elaborar a Verdade Central do Texto (VCT), destacando a verdade básica do texto. 2. O que é a VCT? A Verdade Central do Texto (VCT) é uma frase breve, de 16 a 18 palavras no máximo, capaz de traduzir a mensagem como expressão exata da que o texto original encerra; ela é, por isso, imprescindível à unidade, objetividade e síntese da pregação. Com o auxílio da criação de uma ICT, o pregador será capaz de comunicar-se em poucas palavras com os seus ouvintes. É a partir dela que o foco principal do texto poderá ser trazido para a contemporaneidade. 28 Uma VCT tem como características: Ser uma frase com sentido completo; Ter o verbo principal no pretérito; Ser clara, concisa e objetiva; Ser comunicativa e, principalmente, ter a capacidade de identificar o texto em causa. Exemplo: Lucas 15:11-16 ICT – O filho pródigo, ignorando seus limites, afastou-se do pai e tentou exceder, mas fracassou terrivelmente. Para trabalhar bem uma VCT, é ideal que o pregador reconheça que cada texto tem um só significado; uma VCT é elaborada para aquele único texto e não pode, portanto, estenderse a outro. 3. Como deve ser a Tese do Sermão? Dickson ensinou que a tese responde às perguntas: O que diz o texto para nós hoje? Qual a aplicação do texto? Tese é, portanto, o resumo de tudo quanto se pretende transmitir na pregação. Surge a partir da contextualização da idéia central do texto. Para conseguí-la, o pregador precisa ter em mente a idéia central do texto básico. Deve, claro, considerar as necessidades dos ouvintes para atualizar a mensagem do texto. Uma Tese deve: Ser coerente com o texto bíblico: a tese deve apresentar a mesma mensagem do texto, uma vez que veio da VCT, e esta veio do texto básico; Ser dirigida ao momento contemporâneo: a tese é uma atualização da idéia central do texto; Ter o verbo no presente: ao contrário da VCT, que trata do passado, as ações da tese estão no presente, requerendo assim que seu verbo principal esteja no presente; Ter uma frase com um sentido completo: enquanto o título é uma frase geralmente de sentido incompleto, a tese há de ser sempre uma frase completa; Ser clara e Objetiva: segundo Koller, “estruturalmente esta é a parte mais importante do sermão inteiro e deve estar isenta do mais ligeiro toque de ambigüidade”. 29 Ser breve e enfática: a frase deve ter no máximo dezesseis palavras; deve ser, porém, tão enfática quanto um provérbio. Karl Lachler declarou: “A proposição é uma abreviação do sermão (...) É uma declaração vigorosa, sugestiva e provocante”. A tese não é lugar para divagação ou adjetivação e, ao redigi-la, todas as palavras desnecessárias devem ser eliminadas; Ser pertinente ao texto bíblico: diretamente ligada com a base bíblica da mensagem, uma vez que é a essência do texto bíblico aplicada às necessidades contemporâneas capaz de identificar a mensagem do texto à realidade do auditório. Ser um resumo da idéia a ser pregada: Crane afirmou: “A proposição é uma declaração, na forma mais concisa possível, por meio de uma oração gramatical completa, do tema que será discutido no sermão”. Tornar-se fundamental à elaboração do sermão: Jowett afirmou: “Estou convicto de que nenhum sermão está pronto para ser publicado, enquanto não nos for possível expressar numa breve e fecunda sentença, tão clara como o cristal”. Ser indispensável à unidade do sermão: o sermão não é uma colcha de retalhos; tem uma verdade a comunicar. A melhor forma de nos livrarmos do risco de apresentar um sermão fragmentado e desconexo é ter a síntese da mensagem na forma de uma tese. Ser essencial à objetividade do sermão: É a partir da tese que o pregador alcança o ouvinte com a maior eficácia, pela definição clara da mensagem a ser pregada. Ser a resposta à pergunta “o que diz o texto hoje?” Dickson ensinou que a tese responde às perguntas: o que diz o texto para nós hoje? Qual a aplicação do texto? A mensagem da Tese é a mesma da ICT do texto e, conseqüentemente, a mesma do texto bíblico. Alguns Exemplos Práticos: Texto: II Tim. 2:15 VCT: Paulo desafiou Timóteo a viver condignamente e pregar diligentemente para ser aprovado por Deus. Tese: Somente com uma vida digna e uma pregação diligente somos aprovados por Deus. Texto: Lucas 15:13-15 VCT: Vivendo desenfreadamente, o pródigo caiu no mais completo fracasso, sendo mandado a apascentar porcos. Tese: Quem vive desenfreadamente caminha para o mais completo fracasso. Os Objetivos da Pregação “Aquele que tem a incumbência de pregar, quer preparar e pregar sermões que sejam usados por Deus como instrumentos para mudar atitudes e ações para transformar vidas”. J.S. Key 30 O objetivo ou propósito da mensagem deve ser estabelecido ou definido logo no início da sua preparação. Cada sermão deve ter um Objetivo Geral (também chamado de Propósito Básico) e um Objetivo Específico (também conhecido por Propósito Específico). 1. O Valor da fixação do Objetivo: Constitui um guia indispensável para quem está preparando um sermão; Ajuda o sermão a se tornar mais claro, evitando idéias confusas ou sem nexo; O pregador compreende que o sermão é apenas um meio e não uma finalidade. O fim é o que o pregador visa a alcançar com a mensagem, movido pela graça de Deus; Dá ao pregador a expectativa de frutos (resultados) da mensagem; Ajuda o pregador a depender mais de Deus em função das dificuldades da sua tarefa; 2. O Objetivo Geral da Mensagem Expositiva: O O.G. é o rumo a ser seguido na mensagem; a linha sobre a qual os elementos funcionais (exposição, aplicação e ilustração) caminharão. Pode ser definido em seis linhas gerais: Evangelístico, Doutrinário, Ético, Devocional, Pastoral e Consagração. Evangelístico: Ajuda os pecadores a firmarem um compromisso com Jesus, aceitando-o como Senhor e Salvador pessoal. É a mensagem da Salvação. Doutrinário: Tem o seu foco de modo especial na explicação de uma doutrina bíblica. É um sermão essencialmente didático, uma vez que visa ensinar, esclarecer, infundir convicção bíblica. É a mensagem elucidadora (esclarecedora de dúvidas). Ético: Persuade o ouvinte a relacionar-se com o seu próximo, com a natureza, com as instituições e com a sociedade de forma a cumprir os propósitos de Deus para a vida dos seus filhos (amor, justiça e paz). É a mensagem do amor ao próximo. Devocional: Motiva o crente a aperfeiçoar e aprofundar o seu relacionamento pessoal com Deus, amando-o mais e mais e buscando crescer na graça e conhecimento dele. É a mensagem da comunhão com Deus. Pastoral: Apresenta o bálsamo do Senhor nos momentos de dificuldades e crises. Pelo seu grande alcance deve ser pregado sempre e não apenas nos momentos de dor. É a mensagem de alento ou conforto. Consagração: Desafia os crentes a uma entrega de suas capacidades, inteligências e dons para o serviço de Cristo através da Igreja, levando-a a cumprir a sua missão. É a mensagem missionária. Para definir o Propósito Geral do sermão o pregador deve considerar o texto bíblico da mensagem, a verdade apresentada na tese e as necessidades dos ouvintes. 31 É válido observar que alguns sermões recebem mais de um propósito geral ou básico. Nesses casos excepcionais é preciso um redobrado cuidado para que o uso múltiplo de PG não comprometa a unidade e a objetividade da mensagem. 3. O Objetivo Específico da Mensagem: O O.E. aponta para as atitudes que o pregador deseja que os ouvintes tomem como resultado do sermão. É o ponto de chegada da mensagem, o alvo (ou a mosca do alvo) a ser alcançado. Cada mensagem tem o seu próprio objetivo específico. O Título do Sermão Expositivo. O título do sermão é o “nome” da mensagem. Assim como os livros e os filmes têm títulos e as pessoas têm nomes, o sermão também deve ter um título. Assim como você ainda não conheceu uma revista ou uma música sem título, não deveria haver também um sermão sem título. 1. As Vantagens de um Bom Título para o Sermão Expositivo: O título serve como base para a construção do sermão. O Título é “esboçável”. Do título brotam as divisões do esboço; Veremos que o título é o alicerce sobre o qual as paredes do sermão serão edificadas; O título do sermão desperta a atenção do ouvinte; O pregador pode lançar mão de uma expressão atraente, como por exemplo “O Triunfo dos Fracos” (baseado em II Cor. 4: 7-15); O título torna possível a inserção no boletim da Igreja (na ordem do culto), motivando os ouvintes para o assunto que será pregado; O título pode ajudar a alcançar aqueles que estão de passagem, quando a Igreja fixa no mural de avisos os títulos das mensagens que serão pregadas pelo pastor (Hab. 2:4); O título valoriza a mensagem; há um grande investimento feito na elaboração de “marcas” para produtos. Isto deve servir de desafio para todos os pregadores; O título pode ajudar o pregador a não fugir do assunto, direcionando a exposição da verdade a ser comunicada; O título possibilita também o melhor sistema de arquivamento dos sermões; 2. O Título e a sua Relação com as outras Partes do Sermão. 2.1. A Relação do título com o texto: o texto bíblico que você escolheu para servir de base para o sermão deve sugerir e substanciar o título do sermão, expressando claramente o princípio envolvido naquele título. Um exemplo negativo: o Texto bíblico escolhido foi Mateus 24:20 (“orai para que a vossa fuga não aconteça no inverno, nem no Sábado”). O 32 título escolhido foi “A Primavera da Vida”, com a idéia de que a pessoa deve aceitar a Cristo enquanto é jovem. 2.2. A Relação do título com o objetivo específico. O objetivo específico deve ser derivado do título de forma natural, concordando com a ênfase do título. 2.3. A Relação do Título com o corpo do Sermão (as divisões ou pontos que serão apresentados na mensagem). O título deve abranger todos os pontos da mensagem; O título deve estar intimamente ligado a cada ponto da mensagem; Um ponto não pode ser igual ao título (assim como um gomo da laranja não é a laranja inteira, nem um pedaço do bolo é o bolo inteiro). 3. Sugestões para se conseguir um bom título: Bons títulos podem vir do texto: das próprias palavras do texto ou de palavras sugeridas pelo texto bíblico do sermão; Exemplos: “O Senhor é o meu Pastor”, “Andando pelo vale sombrio”, “Sem medo da morte” (baseados no Salmo 23); Bons títulos têm formas variadas de expressão: Afirmativo (“O Campo é o Mundo” ou “A verdade é nossa melhor arma”), Interrogativo (É razoável esta tua ira?” ou “Onde está teu irmão?”), Negativo (“Ninguém cuidou da minha alma” ou “Não me falaram de Cristo”) e Imperativo (“Tem cuidado da Doutrina” ou “Olhai para os Lírios do Campo”); Bons títulos têm uma Palavra Enfática; é o tipo mais comum de título usado pelos pregadores. Normalmente a palavra enfática é um substantivo (“O Privilégio da Oração”, “A Suficiência de Cristo”, “A Potência do Evangelho” e ainda “O Triunfo do amor sobre o pecado”; Bons Títulos podem ser formulados com uma Palavra que Limita. Normalmente a palavra limitante responde a uma destas questões: Qual? Quantos? Que tipo? Quando? Onde? Por que? Como? (“O culto que agrada a Deus”, “A Palavra predileta de Deus”, “O nosso melhor amigo”) Verdadeiramente, a formulação do tema ou título do sermão é uma arte. Há quem tenha uma natural inclinação para formular bons títulos, mas a maioria dos pregadores tem de trabalhar arduamente para formular bons títulos de mensagens. 4. As Características de um Bom Título: Biblicidade – é pertinente ao texto; é capaz de resumir a mensagem para o momento atual; Exemplos baseados em I Reis 19 – “Ânimo no desânimo”, “Á noite na Caverna”, “Solitário na Multidão”; Atualidade – repare que em nenhum momento o título se refere ao personagem central do texto – Elias; O título tem aplicação para qualquer pessoa que viva situações semelhantes às do profeta; Honestidade – o título não pode fazer “propaganda enganosa” ou prometer o que a mensagem não cumprirá; Os sermões com títulos na forma interrogativa precisam oferecer as respostas às questões; 33 Divisibilidade – um bom título pode ser dividido nos pontos do sermão; Exemplos práticos: “Pedras no Ungido do Senhor” (II Sam. 15:5-14) 1. Pedras atiradas pela insatisfação; 2. Pedras atiradas pela ingratidão; 3. Pedras atiradas pela incompreensão; ou ainda “Falhas de um Fazendeiro infalível” (Luc. 12:13-21) 1. Pretender planejar sem Deus; 2. Querer realizar sem Deus; 3. Esquecer a chamada de Deus. Novidade – O inusitado chama mais a atenção do que o habitual; A criatividade no uso das palavras pode tornar o título mais atraente: (“A eloqüência do silêncio”, “A morte morrerá”, “Um réu sem defesa”, “Ânimo no desânimo”); Comunicabilidade – As palavras devem ser apropriadas ao púlpito; o pregador precisa ter cuidado com títulos “excêntricos” e “sensacionalistas” (“O Galo da madrugada”, “O homem que perdeu a cabeça num baile”, “Um nudista no Cemitério”); Simplicidade – O pregador deve usar palavras que tenham um sentido claro para os ouvintes; (exemplo negativo – “Paradoxo tridimensional da ressurreição”) Conquanto a teologia tenha os seus termos técnicos, o pregador deve resistir a tentação de usá-los nos títulos das mensagens; Objetividade – Um bom título não deve ser genérico (“O Espírito Santo” ou “Os Dons Espirituais” ou ainda “A Igreja de Cristo”); O título deve ser preciso e exato; isto significa que o título limita o que se vai falar; Brevidade – Um bom título deve expressar em no máximo seis palavras a idéia contextualizada de tudo o que o pregador deseja comunicar; Lembrete Final: Também é interessante e necessário fazer algumas perguntas a nós mesmos sobre cada sermão que pregamos: Estou falando a respeito de que verdade e tema? O quê exatamente pretendo abordar dentro deste tema? O que vou dizer a respeito deste tema é realmente verdade? Eu creio firmemente nesta verdade? Quais as conseqüências de eu pregar estas verdades? Faz alguma diferença na minha própria vida e na vida daqueles que hão de ouvir a mensagem? A Arte de Esboçar um Sermão Expositivo 1. A Importância de Dividir bem para Pregar melhor: O esboço de uma mensagem expositiva é a organização das idéias do texto que satisfazem a quatro condições básicas: A Unidade – o somatório ou conjunto da argumentação ou tópicos formam a unidade chamada sermão; 34 A Ordem Lógica – as idéias do texto estão organizadas de forma lógica e não aleatória; A Harmonia – o tempo que é gasto na apresentação dos argumentos ou tópicos da mensagem é semelhante; O Progresso – as idéias estão organizadas na forma de um crescendo, caminhando para um clímax. À organização das idéias de um texto bíblico que satisfazem a estas quatro condições chamamos esboço. As divisões de um esboço podem ser naturais (onde o próprio texto sugere essas divisões – exemplo encontrado em Filipenses 1:27-30) ou extraídas do texto pelo pregador num esforço de estudo, pesquisa e trabalho homilético. Os sermões do tipo “Narrativa” não apresentam esboço. 2. Princípios Práticos para bem esboçar: Boas Divisões vêm do título do sermão: Se o pregador é feliz na formulação do título da mensagem o seu esboço pode ser facilitado. Nesse caso o título deve ser “esboçável” (facilitador do esboço da mensagem); Nenhuma divisão (ou tópico) é igual à outra; para cada uma idéia do texto o pregador deve “abrir” um tópico ou divisão do esboço; Os subtópicos devem explicar a idéia do tópico principal; O conjunto das divisões completa o assunto do sermão; as divisões do esboço servem para demonstrar satisfatoriamente a tese da mensagem; É preciso muito cuidado com a proporcionalidade (harmonia) entre os tópicos ou divisões do esboço; A ordem das divisões deve ser sempre crescente; para tanto, o pregador deve apresentar o simples antes do complexo; o negativo antes do positivo; o falso antes do verdadeiro; o abstrato antes do concreto; O esboço não dá vida ao sermão, mas ajuda o podo a “caminhar” com o pregador na mensagem; o que dá vida ao sermão é a Palavra do Senhor e a vida de autoridade espiritual do pregador. O esboço é a espinha dorsal do sermão. Escolha bem as palavras que usará no esboço; uma das formas de fazer o ouvinte guardar as idéias do sermão é usar palavras-chave que tenham sons semelhantes (aliteração – repetição de sons em palavras diferentes): palavras que terminam com “ente”, “ão” ou “inho” ou que comecem com os mesmos fonemas; Cada palavra tem o seu “peso” e significado, portanto escolha bem as palavras do esboço; 35 3. Erros que devem ser Evitados na arte de esboçar sermões bíblicos: Desvio do Texto: jamais se desvie do texto escolhido para expor e nem do título dado ao sermão; Todas as idéias do esboço têm como origem o texto bíblico escolhido para pregar, de forma que o esboço do sermão reflete as verdades do texto; Perguntas de Repórter: evite esboço do tipo: quando? Onde? Quem? Quê? O sermão não é reportagem sobre um fato nem planejamento operacional; Lições Práticas: evite fazer o comentário do texto ou apresentar simplesmente as lições do texto; 4. A Utilidade da Frase de Transição: Uma das dificuldades que o pregador tem na apresentação da mensagem é a apresentação das idéias do texto elaboradas através do esboço. As formas podem variar pouco. Um exemplo: “Desejo destacar primeiramente... (o pregador apresenta o primeiro ponto do esboço da sua mensagem) “Outra verdade que quero destacar... (o pregador apresenta o segundo ponto do esboço e desenvolve a argumentação do tópico) “Ainda outro destaque do texto que desejo fazer...” (o pregador apresenta o terceiro ponto do seu esboço e o seu desenvolvimento). Um excelente artifício para “ligar” um tópico ao outro é a utilização de uma “frase de transição”. Essa “frase de transição” pode estar relacionada com o título do sermão e serve exclusivamente para isso: transitar de um ponto para outro do esboço até chegar ao argumento mais forte ou último ponto do esboço do sermão. Lembrete Final: Um esboço bem elaborado é uma espécie de sinopse do que é a mensagem. Através de um esboço bem feito o ouvinte será capaz de reconstituir todo o conteúdo da mensagem do pregador. A Arte de esboçar um Sermão Expositivo II Desejo apresentar exemplos de esboço de sermões expositivos. Exemplos de esboço simples e de esboço desenvolvido. Você pode analisar o esboço e descobrir que as idéias do texto foram organizadas de forma a dar unidade, harmonia e um tom de crescimento ao sermão. O primeiro Exemplo é de um Esboço Simples. Ele se caracteriza pela simples apresentação das idéias homileticamente organizadas, sem nenhum comentário. É um simples “esqueleto” do sermão. Um sumário das idéias que serão desenvolvidas pelo pregador na apresentação do sermão. Texto: II Coríntios 4:7-15 Título: O Triunfo dos Fracos 36 Introdução: 1. As Aflições dos Fracos: (v. 8,9) 1.1. Os fracos são atribulados, mas não angustiados. 1.2. Os fracos ficam perplexos, mas jamais perdem a esperança. 1.3. Os fracos são perseguidos, mas não desamparados. 1.4. Os fracos são abatidos, mas não destruídos. 2. As Motivações dos Fracos: (v. 10-15) 2.1. Não há coroa sem cruz (v.11). 2.2. A Fé no Poder da Ressurreição (v.13,14). 2.3. A dor beneficia os outros (v.15). 3. O Poder que faz os Fracos Triunfarem. (v.7) Conclusão: Esse mesmo sermão pode ter um Esboço Desenvolvido, como no exemplo abaixo. O que caracteriza o Esboço Desenvolvido é que além do “esqueleto” do sermão o pregador já apresenta a linha de pensamento ou desenvolvimento básico das idéias da mensagem. O “esqueleto” ganha algum “músculo”, “nervos” e até alguma “gordura”. Texto: II Coríntios 4:7-15 Título: O Triunfo dos Fracos Introdução: Como pode o fraco triunfar? Não é verdade que a lei da natureza impõe a vitória dos fortes? 1. As Aflições dos Fracos: (v. 8,9) Os fracos são atribulados (pressionados, oprimidos), mas não angustiados (esmagados, restringidos). Somos pressionados, mas temos uma saída que fica para cima. Os fracos ficam perplexos (desorientados, em dúvida, perturbados), mas jamais perdem a esperança. Muitas vezes os nossos recursos se esgotam, mas a esperança prevalece. Aprendemos a aceitar o que não compreendemos, o que é extremamente difícil. Os fracos são perseguidos (excluídos, expulsos, segregados), mas não desamparados (deixados de lado ou para trás). Joana Darc (heroína francesa): “É melhor estar sozinha, mas com Deus. Sua amizade não me faltará, nem sequer o seu conselho e amor. Com Sua força enfrentarei qualquer dificuldade, tantas vezes quantas forem necessárias, até que eu morra”. Os fracos são abatidos (lançados por terra, derrubados), mas não destruídos (arruinados ou derrotados). Podemos perder uma luta, mas não a guerra. 2. As Motivações dos Fracos: (v. 10-15) Não há coroa sem cruz (v.11). Há uma identificação entre discípulo e Mestre. Se queremos a glória e a vitória de Cristo, precisamos nos conformar a Ele nos seus sofrimentos. A Fé no Poder da Ressurreição (v.13,14). Não temos a nossa vida como preciosa. Não temos medo da morte. O mesmo poder que operou a ressurreição de Jesus opera em nós. Por isso não desfalecemos. A dor beneficia os outros (v.15). O sofrimento vale a pena porque outros são beneficiados. Tudo sofro por uma boa causa. E não há melhor causa que o bom testemunho para a salvação e edificação das pessoas. 3. O Poder que faz os Fracos Triunfarem. (v.7) Aqui está o segredo do triunfo. O vaso é de barro, é fraco, mas dentro do vaso há um tesouro. Este tesouro é a “iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo”. O segredo do triunfo é Jesus Cristo em nós. Conclusão: Os fracos são atribulados, ficam perplexos, são perseguidos e se sentem abatidos, mas não desanimam diante de suas fraquezas. São motivados pelas suas convicções: após a 37 cruz receberão a coroa da vitória; o poder que opera em nós é o poder que ressuscitou a Cristo e a nossa dor pode trazer benefícios a muitos. Mas acima de tudo, vivem triunfantemente porque carregam o segredo da vitória, que é Jesus. A Introdução do Sermão 1. O Propósito da Introdução: Despertar o interesse; Tornar claro o propósito do sermão; Criar empatia entre o pregador e os ouvintes; 2. Características da Boa Introdução: Biblicidade – chamar a atenção para a verdade bíblica; Brandura – cortesia, educação e respeito pelos ouvintes; Brevidade – deve ser buscada a objetividade; Clareza – cuidado com as palavras e expressões; Cumplicidade – buscar a participação do ouvinte (interatividade); Honestidade – se a introdução é boa, promete um bom sermão; Novidade – variedade na forma e no tipo; 3. Tipos de Introdução: Afirmação: uma afirmação bíblica ou histórica; uma afirmação baseada em pesquisas ou dados estatísticos; (deve ser atraente, clara, relevante, simpática, sincera, verdadeira e capaz de oferecer a idéia ou a tese do sermão); Dramatização uma breve, clara, objetiva e criativa dramatização sobre o assunto básico do sermão; Ilustração - o relato de uma história ou ficção que seja adequada e relevante; Interrogação no caso de uma introdução que apresenta uma pergunta ou questão, o sermão pretende ser a resposta ou as respostas à questão apresentada; Musical - a letra de um hino ou de parte de um hino ou cântico; a letra de uma música (nesse caso é preciso ter muito cuidado na escolha porque pode trazer à lembrança dos ouvintes experiência nada condizentes com o culto e a pregação); Negação uma introdução apresentada na forma de uma frase negativa que seja bem clara e que cause impacto; Poética - a citação de um poema ou de um texto poético; 38 Visual a apresentação de um vídeo, uma série de fotos, a simulação de um telefonema ou a apresentação de material audiovisual; Ocasião Especial - nesse caso a introdução está relacionada com a realidade vivida na ocasião do culto ou da pregação (casamento, bodas, consagração ao ministério, funeral, etc.) Realidade Social - a introdução será uma análise criteriosa da situação social, política, econômica, religiosa ou moral da época e do lugar (é preciso ter cuidado para não se tornar um manifesto político). Tese - a ênfase da introdução é dada à tese do sermão; Textual - uma explicação sobre o texto do sermão à luz do seu contexto. 4. Conselhos Práticos para começar bem um sermão: Cuidado com o uso correto das palavras e com a gramática. A língua portuguesa tem os seus caprichos. Fale bem. Fale corretamente. Evite o uso de gírias e palavras de duplo sentido; Fale no nível do povo; não use palavras rebuscadas; Estude bem o material que vai usar na introdução; Varie o tipo de introdução; Evite as brincadeiras sem sentido e o exagerado humor; Não peça desculpas desnecessárias; Não fale o tempo todo de outros assuntos; concentre-se no assunto do sermão; Fale com naturalidade e com expressão; cative os ouvintes; Pregue confiado no poder de Deus; Surpreenda os ouvintes; seja criativo. A Conclusão do Sermão (Também chamada de Peroração) 1. A Importância da Conclusão: É o ponto de maior impacto do sermão; É o momento quando o pregador conduz o ouvinte na direção da vontade de Deus; 2. As Finalidades da Conclusão: Serve para concluir ou finalizar a argumentação do sermão; Serve para aplicar de forma geral a verdade do texto à vida dos ouvintes; Serve para persuadir os ouvintes à ação; 3. Características da Boa Conclusão: 39 Reflete o ensino bíblico básico do sermão; Deriva do título e da tese do sermão; É pessoal: o ponto mais alto da relação entre pregador e ouvinte; É viva: faz com que o ouvinte tenha a sua atenção no ponto máximo; É clara e simples: todos entendem a mensagem e não levam dúvidas pra casa; É específica: cada sermão tem a sua conclusão própria e adequada; É positiva: dá mais ênfase ao que o ouvinte deve fazer; 4. Cuidados a ter na apresentação da Conclusão: Apele sem “apelação”; Seja objetivo e breve, mas não termine abruptamente; Lembre-se da unidade do sermão; Evite o humor; não é hora de brincadeiras aqui; Considere o objetivo específico do sermão; aponte como uma flecha para o alvo; Não peça desculpas; Não se desgaste antes do tempo. 5. Diferentes Tipos de Conclusão: O apelo direto – o pregador parte diretamente para o convite ou desafio ao ouvinte, de acordo com o objetivo geral da mensagem; Aplicação – o pregador faz a aplicação da VCT à vida dos ouvintes; Ilustração – o pregador usa algum material ilustrativo referente à Tese do Sermão; Interrogação – o pregador levanta uma pergunta ou uma questão para o ouvinte responder com atitudes; Música – o pregador lê a letra de um hino ou de um cântico e faz a relação entre a letra da música e a verdade pregada; Poesia – o pregador cita uma poesia cuja mensagem ilustra a verdade anunciada no sermão; O Sumário das verdades apresentadas no sermão: esta é a forma mais comum de conclusão, onde o pregador faz a menção dos tópicos da mensagem. Esta menção pode ser variada na sua apresentação (forma de um poema escrito pelo pregador; forma de lições práticas ou na forma de perguntas); Tese – a conclusão que dá ênfase à tese do sermão; O Apelo ou Convite na Pregação Bíblica O Apelo é parte integrante do sermão. Não é um apêndice nem sequer uma outra mensagem. É uma oportunidade concedida pelo pregador ao ouvinte para responder publicamente aos desafios apresentados na mensagem. 40 Apesar de o apelo ser mais comumente usado nos sermões evangelizantes, qualquer sermão deve conter um apelo, seja qual for o Objetivo Geral da mensagem. 1. Razões para se fazer o apelo: O Apelo é Bíblico – Há vários textos que comprovam esta prática (Ex.32:26; Josué 24:15; Isaías 55:1-6; Mat. 3:1-12; Mc. 5:25-34; vários textos relatados em Atos; Rom. 10:10 e Apc. 22:17). O Apelo é Histórico – Há quase três séculos homens de Deus e grandes pregadores têm usado o apelo na pregação bíblica, principalmente com propósitos evangelizantes. O Apelo é Lógico e Natural – Se o sermão apresenta um esboço que tem as idéias organizadas de forma crescente na direção de um clímax, é lógico e natural que o objetivo do pregador seja persuadir os ouvintes à ação no sentido de responderem aos desafios da mensagem. O Apelo é Prático – Ele permite a identificação daqueles que assumiram uma posição, tomaram uma atitude, deram uma resposta à mensagem. Isso traz um sentido de compromisso para a pessoa que respondeu ao apelo e ao mesmo tempo oferece à igreja a oportunidade de compartilhar com a pessoa o seu regozijo. 2. Objeções à prática do Apelo: O Sermão Bíblico já traz em si mesmo um caráter de convite ao ouvinte; O Apelo é uma forma de manipulação psicológica do ouvinte; O pregador que faz o Apelo ignora a ação do Espírito Santo no coração do ouvinte; 3. As Características de um bom Apelo: O Apelo deve ser claro, específico e contextualizado aos ouvintes; O Apelo deve ser breve; O Apelo deve ser baseado no argumento mais forte do sermão; O Apelo deve ser realizado em espírito de oração e na dependência do Espírito Santo; O Apelo deve ser dirigido com fé, confiança e fervor; O Apelo deve ser feito com cortesia e sem nenhuma espécie de coação; O Apelo deve ser feito com honestidade; O Apelo deve ser muito bem preparado e não um improviso; O Apelo deve ser feito de forma absolutamente natural, de acordo com a personalidade do pregador; O Apelo deve ser feito com espírito de compaixão; 41 O Dr. Jilton Moraes, propõe os seguintes Mandamentos: O Material Ilustrativo do Sermão “Uma imagem vale mais que mil palavras”. Este adágio popular demonstra uma grande verdade. O Material ilustrativo são “as janelas do Sermão”, como diz o Dr. Jilton Moraes. Através desse material podemos “ver” as verdades do sermão apresentado. O material ilustrativo tem como finalidade iluminar, elucidar, explicar, exemplificar e ajudar a fixar a verdade pregada na mente e no coração dos ouvintes. A expressão “Material Ilustrativo” é mais ampla que simplesmente “ilustração”. Nem sempre a ilustração é uma história, como veremos. O princípio didático que preside a prática e o uso do material ilustrativo é o da associação das idéias. Há farto registro de variado uso de material ilustrativo pelos pregadores do tempo bíblico. Tanto no Antigo como no Novo Testamento encontramos variadíssimos exemplos de pregadores que fizeram uso de material ilustrativo. Jesus é o exemplo maior, com o uso das parábolas. 42 1. As Finalidades do Material Ilustrativo: Despertar o interesse e prender a atenção dos ouvintes; Iluminar ou Esclarecer: uma janela serve para a entrada de luz e ar num recinto; assim é com o material ilustrativo; Confirmar, fortalecer os argumentos apresentados e persuadir os ouvintes a aceitarem a verdade apresentada; Ajudar os ouvintes a gravarem bem as idéias do sermão e lembrar daquilo que é mais importante na mensagem; Tocar nos sentidos dos ouvintes; a comunicação mais eficaz é aquela que chega à mente através do coração; Dar mais vida e dinâmica ao Sermão; Tornar o sermão mais atraente, agradável e útil; Ajudar no processo de repetição da verdade; Tornar o sermão mais acessível aos ouvintes; 2. As Variadas Fontes de Material Ilustrativo: A Bíblia é um verdadeiro tesouro de material ilustrativo; A Literatura: biografias e autobiografias, obras de ficção, poesia, hinários, tragédias, mitologia, fábulas e lendas, além de ensaios; A História é uma das mais importantes fontes de material ilustrativo, inclusive os fatos da atualidade; As Experiências Pessoais (nesse caso é fundamental destacar o fato de jamais o pregador quebrar os preceitos da ética do ministério de aconselhamento, revelando na pregação segredos de pessoas que lhe foram confidenciados); A Ciência em geral e a medicina em particular; As obras de arte: pinturas, esculturas, etc.; As Citações que ouvimos ou que lemos (não há qualquer problema em repetir uma história ouvida de outro pregador); O uso de Provérbios ou adágios populares; As variadas modalidades esportivas; O Trabalho Profissional dos ouvintes – suas atividades profissionais mais variadas; Jornais, Revistas e Livros – não recomendo o uso de livros de ilustrações; Histórias inventadas pelo próprio pregador; Entrevistas com os ouvintes; 43 Histórias da natureza: o mundo animal, a botânica, etc; Testemunhos de pessoas bem conhecidas; Dados Estatísticos relevantes; 3. Advertências no uso de Material Ilustrativo: Não é necessário ilustras verdades óbvias; Não use ilustrações que nada têm a ver com o texto ou a verdade que ele expressa; Evite ilustrações que não tenham nenhuma relação com a realidade da vida cotidiana dos ouvintes; Não use histórias inverossímeis ou exageradas; fale somente a verdade; Não faça do sermão uma seqüência de “historinhas”; você não é um contador de histórias mas um pregador da palavra (por outro lado, jamais deixe de usar material ilustrativo); Não use ilustrações que necessitem de muita explicação para serem entendidas; Não use material ilustrativo para demonstrar o seu “grande” conhecimento ou capacidade; O sermão não deve ser preparado para acompanhar uma ilustração; Não use o material ilustrativo só para fazer o povo rir; Não conte experiências dos outros como se fosse a sua própria; Cuidado com elogios a pessoas ímpias no sermão; Tenha muito cuidado no uso de “ilustrações enlatadas”; 4. Características do bom Material Ilustrativo: As melhores ilustrações são simples, sem muitos detalhes e complexidade; As melhores ilustrações têm unidade de pensamento e seu conteúdo está em perfeita harmonia com o ponto que está sendo ilustrado; As melhores ilustrações têm progresso e são dinâmicas, caminhando para um clímax; As melhores ilustrações têm um profundo interesse humano; As melhores ilustrações são bem escolhidas e preparadas pelo pregador; 5. Os Variados Métodos de Apresentação de Material Ilustrativo: 44 O pregador poderá usar figuras, recortes de jornal, livros, revistas, diapositivos (slides), fotos e filmes projetados em multimídia, objetos variados, charges, cartazes, gráficos, mapas, pequenos dramas, quadro de giz, ou simplesmente contar uma história.