Capítulo Zero - Site Prof. Bertolo

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AS CIÊNCIAS NATURAIS
Segundo o dicionário do Aurélio Buarque de
Holanda Ferreira, CIÊNCIA é um conjunto
organizado de conhecimentos relativos a um
determinado objeto, especialmente os obtidos
mediante Observação, a Experiência dos fatos e
um Método próprio.
As Ciências Naturais são aquelas que têm a
natureza como campo de estudo. A natureza,
por sua vez, parece a nós como um verdadeiro
jogo de xadrez, cujas regras desconhecemos: a
finalidade da ciência é descobrir estas regras.
Para tanto, não basta a observação, mas a
combinação de Observação, Raciocínio e
Experiência. A combinação destas três
operações é o que se chama Método científico.
Começa-se pela observação, que pode ser
muito extensa. Realizam-se experiências para
repetir a observação e muitas vezes isolar, se
necessário o fenômeno que se tem em mente.
Em seguida, faz-se uma hipótese de trabalho
para explicar o fenômeno observado.
Finalmente, esta hipótese (raciocínio) sugere
novas experiências cujos resultados vão
confirmar ou não a hipótese feita; se ela se
mostra adequada para explicar um grande
número de fatos, irá aos poucos ganhando a
estatura de uma “lei natural”.
Fica claro então o papel da experiência em
ciência; ela não é só a fonte dos fenômenos,
mas também um guia para que descubramos
quais são as leis da Natureza. Neste sentido a
Matemática não é uma ciência natural que
necessite recorrer a experiências; pode-se
deduzir todos os teoremas a partir de uns
poucos postulados, como é feito na geometria
plana de Euclides.
Para caracterizar o método axiomático, onde
tudo é deduzido de um conjunto de axiomas,
Bertrand Russel definiu a matemática como “A
ciência onde nunca se sabe de que se está
falando nem se o que se está dizendo é
verdade”, pois a matemática não coloca a
questão da “validade” desses axiomas no
mundo real. Hilbert, ao axiomatizar a
geometria, disse que nada deveria se alterar se
as palavras “ponto, reta, plano” fossem
substituídas por “mesa, cadeira, copo”.
Conforme o conjunto de axiomas adotado,
obtém-se a geometria euclidiana ou uma das
geometrias não euclidianas, mas não tem
sentido perguntar, do ponto de vista
matemático, qual delas é “verdadeira”.
Infelizmente, o mesmo não pode ser feito
nas ciências naturais; ainda não conhecemos
todas as suas leis ou postulados fundamentais.
Poderíamos, é claro, postular algumas leis e
tentar deduzir tudo o que ocorre, a partir delas;
a medida, porém, do seu êxito ou fracasso é a
comparação com a experiência; se elas são
capazes de prever os fenômenos, são postulados
aceitáveis; caso contrário devem ser alteradas.
A experiência é o único juiz da verdade
científica.
Entretanto, como disse Poincaré, “embora a
ciência se construa com dados experimentais,
da mesma forma que uma casa se constrói com
tijolos, uma coleção de dados experimentais
ainda não é ciência, da mesma forma que uma
coleção de tijolos não é uma casa”.
O trabalho de muitas gerações demonstrou a
existência de ordem e regularidade nos
fenômenos naturais, ou seja, nas leis naturais. O
estudo que ora iniciamos pode ser empreendido
pelas mais diversas motivações, mas uma de
suas maiores recompensas é uma melhor
apreciação da simplicidade, beleza e harmonia
dessas leis. É uma espécie de milagre; como
disse Einstein:-”O que a Natureza tem de mais
incompreensível é o fato de ser compreensível”.
Costuma-se, na prática, dividir as ciências
naturais em setores, pela impossibilidade de
uma pessoa adquirir e desenvolver todo o
conhecimento relativo à natureza devido a sua
amplitude e complexidade. Os setores são a
Biologia, a Química e a Física.
Tratemos brevemente e em linhas gerais
cada setor:
I.
BIOLOGIA:- É o setor que se
preocupa com o estudo dos seres
vivos (maiores informações a este
respeito serão vistas nas disciplinas
afetas a ela)
II.
QUÍMICA:- Sua especialidade é
conhecer o grande número de
substâncias que nos rodeiam, como
também as novas substâncias
preparadas por químicos, e que
nunca existiram (maiores
informações também serão vistas
nas disciplinas afetas a ela).
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III.
Capítulo Zero
FÍSICA – É o setor fundamental da
ciência da natureza, onde se
estudam
sistematicamente
as
propriedades básicas, relacionadas
às interações entre os objetos
encontrados no Universo; desde os
átomos (e seus constituintes) até os
satélites, os planetas, as estrelas e
as galáxias, passando em revista
vários aspectos deste Universo
como o tempo, o espaço, o
movimento,
a
matéria,
a
eletricidade, a luz e a radiação,
examinando nestes termos algumas
características de cada fato que
ocorre na natureza. Serve ainda de
alicerce para outras ciências
naturais como:
a. ASTRONOMIA que é o setor
que procura conhecer a Lua, os
Planetas, as Estrelas e o
Universo.
b. ASTROFÍSICA – que é a
Física do mundo astronômico.
Difere da Astronomia porque
esta se preocupa com as
posições e identificações das
Estrelas
enquanto
aquela
(astrofísica) se preocupa com o
que faz as estrelas brilharem.
c. METEOROLOGIA é onde se
procura explicar as causas do
tempo em termos de física.
d. GEOLOGIA que é uma espécie
de “astronomia” pormenori-
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zada do planeta que melhor
conhecemos, nossa própria
Terra.
e. BIOFÍSICA é onde se estuda a
Física dos seres vivos
f. Etc.
A divisão setorial das ciências naturais tem
origem histórica e é difícil, às vezes, especificar
claramente os limites entre elas. O progresso
que as ciências naturais tiveram nos últimos
200 anos torna esta divisão artificial; por
exemplo, há um ramo da Química em que se
estudam métodos de “fazer seres vivos”, isto é,
sintetizar a vida (objeto da Biologia) a partir de
substâncias químicas inertes; por outro lado, o
estudo dos átomos permite explicar as
propriedades químicas das substâncias e a
maneira pela qual se combinam. Vê-se aí uma
parte da Biologia convertendo-se em Química e
esta em Física. Não há, portanto, uma separação
rígida entre estes setores. O que se pode dizer
realmente é que as ciências naturais são muito
amplas e que existem especialistas em alguns
de seus aspectos. O campo de interesse desses
especialistas delimita um certo setor da ciência
natural e determina um nome à sua
especialidade. Exemplo, um Bioquímico se
preocupa com a química da vida, um Físico
Nuclear se preocupa com o estudo do núcleo
dos átomos, etc. Mas todas as ciências naturais
têm uma coisa em comum: o seu corpo de ação
é a natureza.
A FÍSICA E SUAS APLICAÇÕES
Além de servir de alicerce para várias outras
ciências naturais, fundamentando as suas bases
e com elas se entrelaçando e tornando
impossível de se estabelecer os seus limites, a
Física tem encontrado aplicações fantásticas
numa infinidade de empreendimentos visando à
melhoria de vida do Homem.
A TECNOLOGIA – conjunto integral de
recursos e equipamentos que o homem criou
para melhorar sua situação neste planeta – está
baseada na ciência. Todas as ciências
contribuem para ela – e a Física por certo,
muito freqüentemente.
Quando os físicos aprendem a compreender
e controlar um tipo particular de fenômeno,
digamos as ondas de rádio, surge, então, um
grupo de especialistas cujos trabalhos visam
tornar proveitosa esta nova aquisição. A
engenharia de rádio e a eletrônica surgiram,
deste modo, como um ramo especial da Física,
e são atualmente estudadas por um número
maior de pessoas e com mais empenho total que
a própria Física. Isto se repetiu várias vezes:
para a eletricidade, para a aviação, para o
movimento do ar e da água (chamados
aerodinâmica e hidrodinâmica), para a energia
nuclear (com utilização na produção de energia
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elétrica, para citar uma aplicação apenas), para
os lasers, para a super condutividade, etc.
Este é o trajeto da Física. Ela dá origem a
outras ciências aplicadas e tecnológicas, e estes
retribuem, freqüentemente, dando à Física,
novos materiais, novos instrumentos, e novas
técnicas e idéias, sendo alguns instrumentos
indispensáveis à Física, como os aparelhos
eletrônicos.
Na Medicina a Física ocupa hoje um lugar
de destaque, tornando-se até uma de suas
especializações – a Física Médica – onde se
estudam as aplicações da Física às funções do
corpo humano na saúde e na doença (física da
fisiologia) e também as suas aplicações na
prática da medicina, tais como no uso do
estetoscópio no batimento cardíaco, nas
aplicações de ultra-som, de lasers, de radiação,
etc.
Hoje a primeira coisa que um médico faz
após tomar a história do paciente é dar a ele um
exame físico, onde ele usa o estetoscópio,
pancadinhas no peito, mede a razão de
pulsação, mede a temperatura, ou seja, aplica a
Física. No diagnóstico, e às vezes no tratamento
de doenças e lesões, lança mão de massagens,
exercícios, manipulação, calor e água.
Chamamos de Terapia Física a este tipo de
tratamento, conduzindo, às vezes, a melhores
resultados do que com drogas. Isto talvez
explica a razão das palavras Físico (Physicist) e
Médico (Physician) terem, em inglês, a mesma
raiz na palavra grega Physiké.
Embora no passado os físicos iam aos
hospitais apenas par cuidarem de suas saúdes,
ou então, visitar algum paciente conhecido,
hoje em dia em países desenvolvidos como o
Reino Unido, por exemplo, tinha em 1974, no
Departamento de Físicos e Engenheiros
Clínicos do Leste Europeu, mantido pelo
governo, mais de 150 membros no seu
“staff”profissional servindo a hospitais na área.
Vale ressalvar que a palavra médico, é trocada
por clínico sempre que o trabalho for
estreitamente relacionado com problemas de
pacientes em hospital.
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Em princípio poder-se-ía pensar que o
campo da biofísica incluiria a física médica
como importante sub-especialidade, mas a
biofísica é um ramo bem definido que tem
muito pouco haver com a medicina. Ela está
principalmente envolvida com a física das
grandes biomoléculas, viroses, etc. O biofísico
conduz pesquisas básicas que devem
aperfeiçoar a prática da medicina nas próximas
gerações, enquanto o físico médico emprega na
pesquisa o que ele espera que vá aperfeiçoar a
prática da medicina na geração atual.
Muito freqüentemente um campo aplicado
da física é chamado engenharia. Assim, física
médica poderia ser chamada de Engenharia
Médica. Entretanto, para propósitos práticos se
você encontra um indivíduo que se refere como
um físico médico é altamente provável que ele
está trabalhando na área de física radiológica;
uma pessoa que se refere como engenheiro
médico ou engenheiro biomédico está
comumente trabalhando com instrumentação
médica, usualmente de natureza eletrônica.
Além disso, o físico médico usualmente tem um
grau de bacharel em física, enquanto um
engenheiro médico usualmente tem um grau de
bacharel em algum campo da engenharia –
usualmente engenharia elétrica. Em algumas
áreas tais como aplicações de ultra-som na
medicina e o uso de computadores na medicina,
você comumente encontrará físicos médicos e
engenheiros
médicos
em
número
aproximadamente iguais. Embora os termos
engenheiros médicos e engenheiro biomédico
são essencialmente sinônimos, a palavra
bioengenharia tem muito mais extensão no seu
significado. Bioengenharia envolve a aplicação
de qualquer engenharia na área biológica.
Bioengenharia inclui engenharia médica como
uma importante categoria, mas ela também
inclui outros campos tais como engenharia
agrícola.
Se quisermos enumerar todas as aplicações
da física tanto nas ciências puras como a
Biologia, Química, Astronomia, etc. , como nas
ciências aplicadas e tecnologia não teríamos
espaço e tempo para isso.
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OS INSTRUMENTOS DA FÍSICA
A Física necessita de instrumentos –
instrumentos de todas as espécies. Como em
qualquer atividade, ou pelo menos quase todas
as atividades dos seres humanos, o instrumentochave do físico é a sua mente. Em seguida, ele
precisa de uma linguagem par tornar claro para
si e para os outros, o que ele pensa e fez, e o
que pretende realizar. A Matemática é essa
linguagem por ser clara e flexível.
Na expressão de Galileu, “A ciência está
escrita neste grande livro colocado sempre
diante de nossos olhos – o Universo – mas não
podemos lê-lo sem aprender a linguagem e
entender os seus símbolos em termos aos quais
está escrito. Este livro está escrito na linguagem
matemática”.
A Física deve grande parte de seu sucesso
como modelo de ciência natural ao fato de usar
a matemática que é uma ferramenta muito
poderosa como linguagem, e é importante
compreender bem as relações entre Física e
Matemática. Como dissemos antes a
matemática é abstrata e se desenvolve, como no
caso da geometria, a partir de premissas
(postulados) não postas sob considerações de
validade; por exemplo, não tem sentido
perguntar qual das geometrias (euclidiana ou
não euclidianas) é a verdadeira. Na Física,
como ciência natural, essa questão faz sentido:
qual é a geometria do mundo real? A
experiência mostra que, na escala astronômica,
aparecem desvios da geometria euclidiana.
São instrumentos importantes também, seus
olhos, ouvidos e mãos. Sem dúvida, estes são
considerados como os principais instrumentos
na obtenção de informações sobre as
ocorrências do mundo que ele tenta
compreender e controlar. Além disso, para
auxiliar seus sentidos e produzir as
circunstâncias especiais que por vezes deseja
estudar, ele deve se valer de uma grande
variedade de outras ferramentas, outros
instrumentos e máquinas.
Começamos com uma experiência
pessoal precária, como as batidas do coração, e
a transferimos para um instrumento que parece
se comportar de maneira mais simples e digna
de confiança, como o relógio no caso do tempo.
Testamos, então, o instrumento, para verificar
se ele efetivamente funciona como imaginamos.
Os instrumentos da física podem ser
simples. Em 1896, Henry Becquerel descobriu
as estranhas propriedades radioativas do urânio,
e iniciou o ramo da Física, chamado Física
Nuclear, sem outro equipamento além de uma
chapa fotográfica envolvida em papel preto, e
alguns cristais de um sal químico especial. Em
1934, em Roma, Enrico Fermi e seus
companheiros descobriram o nêutron lento,
base da energia atômica. Eles usaram uma
aparelhagem simples – um suprimento
hospitalar de rádio, uma pia de mármore com
água corrente, alguns pedaços de prata e de
cádmio, e um instrumento feito de pedacinhos
de uma fina folha de metal montados num
pequeno microscópio.
QUEM FAZ A FÍSICA?
São os Físicos. Os profissionais que
procuram estudar e desenvolver tudo o que já
falamos. Quando suas habilidades são
principalmente as de planejar e realizar
experiências, eles são chamados de Físicos
Experimentais, como foram Benjamin Franklin
e Madame Curie e presentemente Carlos Rubia.
Quando, por outro lado, eles são peritos
principalmente no emprego da matemática em
problemas de Física, eles são chamados de
Físicos Teóricos, como foram Isaac Newton,
Albert Einstein e atualmente Stephen Hawking.
Antigamente, os instrumentos, tanto
matemático como experimental, eram tão
simples que um homem ou uma mulher,
individualmente, poderiam se habilitar em
ambos, como Isaac Newton, Franklin e outros.
Atualmente, alguns dos instrumentos são tão
complexos que poucos Físicos são tão
suficientes e versáteis para se assenhorarem de
todos. Quer sejam teóricos ou experimentais,
entretanto, todos constroem a Física.
A profissão de Bacharel em Física,
embora pouco conhecida, vem encontrando um
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espaço cada vez maior em vários setores de
atividades, tanto nas Universidades e Institutos
de Pesquisas, como na Indústria. Sendo
reconhecida como é o engenheiro, o médico, o
advogado, o economista, o contador, etc.
Quer você prossiga ou não o estudo da
Física, você pode encontrar na história da
Natureza, como os Físicos a vêem, muita coisa
que o auxiliará a compreender o mundo
mutável no qual vivemos. Isto porque a Física
está atrás das manchetes dos jornais, atrás dos
inventos que criam novos empregos, e atrás dos
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novos problemas que todo cidadão tem de
enfrentar. Estudando este assunto em crescente
desenvolvimento, um dos mais significativos na
história do homem, você terá a oportunidade de
alimentar esta curiosidade acerca do mundo no
qual nós, humanos, nos diferenciamos tão
nitidamente dos outros animais, este
maravilhoso sentimento de querer saber, que se
pode constituir numa profunda satisfação pr
toda uma vida.
UM BREVE RESUMO HISTÓRICO
Desde o início da civilização, o homem tenta
encontrar explicações para o que ocorre à sua
volta. Os gregos foram os primeiros a organizar
sistematicamente essas explicações, criando a
Filosofia (em grego, amor à sabedoria).
Um dos ramos da Filosofia grega, a Física,
buscava explicar os fenômenos da Natureza,
englobando inclusive os assuntos que hoje
pertencem à Biologia, à Química e à Medicina.
Muitos filósofos gregos se dedicaram à
Física: Demócrito (400 a.C. – 360 a.C.), o
primeiro a lançar o conceito de átomo;
Aristarco (310 a.C. – 230 a.C.), o primeiro a
lançar a idéia de que a Terra gira em torno do
Sol; Arquimedes (287 a.C. – 211 a.C.), cientista
que se destacou no campo de Hidrostática, etc..
Mas, dentre todos eles, o que produziu o
trabalho mais extenso e sistemático, foi sem
dúvidas Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.). Sobre
a lógica, que é a ciência do raciocínio,
Aristóteles desenvolveu a análise do Raciocínio
Dedutivo, isto é, o método pelo qual se obtém
conclusões seguras a partir de premissas
consideradas válidas. A lógica de Aristóteles é
considerada uma das bases da nossa cultura,
estando incorporada na mentalidade ocidental.
Na área das Ciências Naturais, Aristóteles
classificou o reino animal de maneira tão
completa, que sua classificação só veio a ser
superada no século XVII.
Um de seus trabalhos mais importantes foi a
teoria Geocêntrica do Universo, segundo a qual
a Terra ocupa o centro do Universo e os demais
corpos celestes giram ao seu redor. Essa teoria,
aperfeiçoada por Ptolomeu (100 d.C. – 170
d.C.), foi adotada por mais de dez séculos, até
ser derrubada pelos cientistas do século XVI.
Com o declínio da civilização grega, a
cultura do mundo ocidental centralizou-se em
Roma. Nesse período (séc II a.C. – séc. V d.C.),
a produção cultural se deu principalmente nas
Ciências Humanas, como a História e o Direito.
As Ciências Naturais, com exceção da
Medicina,
não
apresentaram
evolução
significativa.
Durante a primeira fase da Idade Média
(séc. V – séc. VIII), a Igreja Católica se firmou
como a principal força na Europa. Nesse
período, o comércio praticamente desapareceu e
a grande maioria da população passou a viver
no meio rural, dedicando-se à agricultura.
O homem europeu dessa época tinha
uma vida restrita a pequenas comunidades e
desprovida de horizontes, o que dificultava a
criação cultural. Apenas a cultura acumulada
pelos gregos e romanos subsistia, graças ao
trabalho paciente dos monges, que copiavam e
estudavam traduções de Aristóteles, Platão, etc.
Na segunda fase da Idade Média (séc.
VIII – séc XIII), o comércio foi retomado na
Europa, as cidades passaram a crescer e a
cultura voltou a florescer. Uma nova visão de
mundo se impôs, na qual o ser humano ocupava
o lugar central. Esse movimento ficou
conhecido como Humanismo.
O
Humanismo
valorizou
a
racionalidade como forma de o homem atingir a
sua plena realização. Nessa época foram criadas
as universidades, importantes centros culturais
que subsistem até os dias atuais.
O Renascimento (séc. XIII – séc. XVI)
foi um período de fecunda atividade científica,
centralizada principalmente nas universidades.
Nesse Período muitos conceitos básicos foram
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alterados, em meio a discussões que não raro
resultaram em terrível violência. Entre muitos
cientistas importantes do Renascimento,
podemos destacar Leonardo da Vinci (1452 –
1519), Nicolau Copérnico (1473- 1543) e
Galileu Galilei (1564 – 1642).
O exemplo mais importante da renovação de
idéias no Renascimento foi a substituição da
teoria Geocêntrica, de Aristóteles, pelo
Heliocentrismo – idéia de que a Terra gira ao
redor do Sol – já lançada por Aristarco no séc.
III a.C. e retomada por Copérnico no século
XVI.
Posteriormente, com base nos trabalhos de
Copérnico, cientistas como Giordano Bruno,
Johannes Kepler e Galileu Galilei adotaram e
aperfeiçoaram a teoria Heliocêntrica.
Dentre os que se opunham a essa teoria,
estava a Igreja Católica cuja doutrina ensinava
que toda a criação existia em função do
Homem, e que a Terra era o centro do
Universo.
Contrapondo-se a essa inovação, a Igreja
processou e condenou Giordano Bruno a morrer
na fogueira, em 1600, e obrigou Galileu a negar
todo o seu trabalho para escapar desse mesmo
fim.
Apesar da repressão exercida pela
Inquisição, a idéia prevaleceu, e hoje qualquer
um achará estranho afirmar que o Sol gira ao
redor da Terra.
Galileu procurou aprofundar-se no estudo
dos elementos básicos dos fenômenos naturais,
sendo o primeiro cientista a utilizar
sistematicamente o método experimental. Podese considerar que a Física, como a entendemos
hoje, nasceu com Galileu.
A partir do século XVI, desenvolve-se um
movimento cultural denominado Iluminismo,
que elevou ao máximo a visão racional do
mundo. Renée Descartes (1596 – 1650) e Isaac
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Newton (1643 – 1727) foram os cientistas mais
importantes desta fase.
Considerado um dos maiores cientistas
de todos os tempos, Isaac Newton conseguiu
sintetizar o trabalho dos físicos do
Renascimento, principalmente os de Galileu e
Kepler, criando algumas leis básicas que regem
todos os fenômenos da Mecânica. A
importância histórica da sua teoria reside na sua
generalidade. São leis que podem ser aplicadas
em qualquer lugar do Universo, desfazendo,
assim, qualquer idéia de que a Terra pudesse ser
o mais importante dos corpos celestes.
A partir do século XVII, coma
Revolução Industrial, a ciência entra em um
estágio de rápida evolução, devido à
necessidade de desenvolver novas tecnologias.
A extensão do conhecimento já
acumulado torna impossível par um cientista
dominar todos os conhecimentos acumulados
sobre a física, surgindo então os físicos ligados
a determinados assuntos mais especializados.
Assim, James Joule (1818-1889) estuda as
propriedades do calor, Thomas Young (17731829) estuda a Óptica Física, Michael Faraday
(1791-1867) estabelece as bases da eletricidade,
James Maxwell (1831-1879) unifica a teoria do
eletromagnetismo, etc.
A partir da descoberta de novos
fenômenos (como a radioatividade, por Henry
Bequerel (1852 – 1908), e também a partir da
incapacidade da Física Clássica de descrever
alguns fenômenos, como a invariância da
velocidade da luz e a radiação dos corpos
aquecidos, partiu-se para o desenvolvimento de
novas teorias. Esse movimento resultou em
duas grandes vertentes da Física do século XX:
a Relatividade, formulada por Albert Einstein e
a Mecânica Quântica, lançada por De Broglie,
Schrodinger, Heisenberg, Bohr e outros..
QUESTÕES DE ESTUDO
I- Leia atentamente todo o capítulo em foco,
para que você tenha uma visão global do
assunto
abordado.
Durante a leitura não se esqueça de assinalar os
trechos que você julgar importantes, e
inclusive, aqueles que você não entendeu (para
uma leitura posterior).
II-
Tente, acompanhado do texto,
responder as seguintes questões:
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Capítulo Zero
1. Ciência é um conjunto
organizado de conhecimentos
relativos a um determinado
objeto, obtidos mediante o quê?
2. Qual o campo de ação das
ciências naturais?
3. O chamado Método Científico
é uma combinação de três
operações. Quais são elas?
4. Como surge uma lei natural?
5. Comente
a
respeito
da
importância da experiência nas
ciências naturais.
6. O que você entende por um
Método Axiomático?
7. Como a matemática encara a
validade dos axiomas no
mundo real? E as ciências
naturais?
8. Física é aquela parte das
ciências naturais que se ocupa
em estudar o quê?
9. A divisão setorial, costumeira,
que se faz com as ciências
naturais tem os limites bem
definidos?
10. Conceitue Tecnologia.
11. Em que circunstância a Física
contribui para a Medicina?
12. O que se entende por terapia
física?
7
13. Faça uma distinção entre Física
Médica e Biofísica.
14. Qual o instrumento chave da
Física?
15. Qual a linguagem da Física?
Por que?
16. O que descobriu Becquerel em
1896? E Enrico Fermi em
1934?
Quais
foram
os
equipamentos utilizados em
suas experiências?
17. Cite três físicos experimentais
e
três
físicos
teóricos
importantes.
18. O que se entendia por Física na
época de Aristóteles?
19. O que é Geocentrismo?
20. Por que Giordano Bruno e
Galileu foram perseguidos?
21. De acordo com o texto, quem
fez a síntese das leis da
Mecânica?
22. O texto afirma que a partir do
século XVIII a pesquisa
científica
passou
a
ser
motivada
por
interesses
econômicos. Explique essa
afirmação.
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