PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática TRIGONOMETRIA, MODELAGEM E TECNOLOGIAS: um estudo sobre uma sequência didática Marlizete Franco da Silva Belo Horizonte 2011 Marlizete Franco da Silva TRIGONOMETRIA, MODELAGEM E TECNOLOGIAS: um estudo sobre uma sequência didática Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre. Orientadora: Profa. Dra. Maria Clara Rezende Frota Belo Horizonte 2011 FICHA CATALOGRÁFICA Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais S586t Silva, Marlizete Franco da Trigonometria, modelagem e tecnologias: um estudo sobre uma sequência didática / Marlizete Franco da Silva. Belo Horizonte, 2011. 236f. : Il. Orientadora: Maria Clara Rezende Frota Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências e Matemática. 1. Matemática – Estudo e ensino. 2. Trigonometria. I. Frota, Maria Clara Rezende. II. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática. III. Título. CDU: 51:37.03 17 AGRADECIMENTOS A Deus, sem o qual nada é possível, e que faz tudo acontecer no momento certo. À minha família, em especial meus pais e irmãos, pelo carinho e apoio incondicionais às minhas decisões. Aos amigos que sempre me apoiaram, mesmo à distancia. A Profª. Drª Maria Clara pela orientação, paciência, dedicação, exemplo e comprometimento, que tornaram possíveis esse trabalho. Aos amigos de Mestrado, com quem tive o privilégio de conviver e aprender. Aos professores Eliane, Dimas, João Bosco, Agnela, Lídia e Amauri nos quais pude me inspirar na busca em oferecer um ensino melhor a meus alunos. Aos colegas e funcionários da Escola Estadual “Frei Marcelino de Milão”, pelo apoio, em especial à direção da escola, que permitiu a aplicação da sequência didática, e aos alunos que se empenharam durante a aplicação da sequência, mostrando-se comprometidos com sua aprendizagem. “Só aprende quem quer. E a arte de ensinar depende da conquista para o querer aprender.” Maria Salett Biembengut e Nelson Hein RESUMO A presente pesquisa investigou as contribuições de uma abordagem envolvendo modelagem e diferentes tecnologias no ensino de trigonometria. A metodologia da pesquisa, inspirada na Engenharia Didática, compreendeu as etapas de: análises prévias, concepção e análise a priori, implementação, análise a posteriori e validação da sequência didática. A sequência didática é composta de 23 atividades, que constituem uma unidade de ensino de trigonometria. As atividades, com referência na realidade, foram propostas objetivando motivar os alunos, para que descobrissem propriedades trigonométricas, ressignificando modelos da trigonometria, a partir do uso de material concreto e de applets construídos no GeoGebra. O estudo empírico envolveu 70 alunos de duas turmas da 2ª série do Ensino Médio de uma escola pública do interior do Estado de Minas Gerais. Os resultados evidenciam que a abordagem proposta contribuiu para que os alunos atribuíssem significado aos conteúdos trigonométricos estudados, incentivando seu envolvimento e empenho na aprendizagem desse assunto. Palavras chave: Educação Matemática. Modelagem Matemática. Tecnologias para o ensino de trigonometria. Ressignificação de modelos da trigonometria. ABSTRACT This research investigated the contributions of an approach to teach trigonometry that uses mathematical modeling and different technologies. The research methodology was inspired on the didactic engineering, consisting of: previous analysis; conception and prior analysis, implementation, posteriori analysis and validation of the didactic sequence. The didactic sequence is composed of 23 activities. The activities had reference on the reality and were proposed with the aim of: motivating the students to investigate trigonometric proprieties. We expected they could give meaning to the trigonometric models by using modeling, concrete material and applets made in GeoGebra. An empiric study was developed with 70 students from two classes of a public high school (K-11, 16 years old) of the countryside of the state of Minas Gerais. Results pointed out that the proposed approach helped the students give meaning to the trigonometric contents they studied, encouraging their involvement and dedication to the subject. Keywords: Mathematics education. Mathematical modeling. Technologies to teach trigonometry. Giving meaning to trigonometric models. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Exercício relativo às razões trigonométricas no triângulo retângulo...........26 Figura 2: Exercício relativo às razões trigonométricas no triângulo retângulo...........26 Figura 3: Atividade de conhecimentos práticos em trigonometria..............................27 Figura 4: Introdução ao capitulo de trigonometria......................................................30 Figura 5: Situação problema que inicia o capítulo de trigonometria página 187........34 Figura 6: Situação problema que inicia o estudo do cosseno....................................35 Figura 7: Situação problema que inicia o estudo do seno.........................................35 Figura 8: situação problema que inicia o estudo da tangente....................................36 Figura 9: Triângulo retângulo ABC.............................................................................61 Figura 10: Triângulos retângulos semelhantes..........................................................61 Figura 11: Triângulos retângulos semelhantes..........................................................62 Figura 12: Grupo 6, 2º B, realizando a Atividade 1..................................................145 Figura 13: Resultado do grupo 1, 2º B, da Atividade 1, letra a................................147 Figura 14: Resultado do grupo 9, 2º A, da Atividade 1, letra a................................148 Figura 15: Resultado do grupo 8, 2º A, da Atividade 1, letra a................................149 Figura 16: Grupo 1 e grupo 2, 2º B, respectivamente, realizando a Atividade 2......151 Figura 17: Resposta grupo 14, 2º A, Atividade 2, tarefa a.......................................151 Figura 19: Resultado grupo 8, 2º A, Atividade 2, tarefa a........................................152 Figura 20: Resultado do grupo 6, 2º A, na Atividade Preparatória B, tarefa 4.........154 Figura 21: Resultado do grupo 6, 2º B, na Atividade Preparatória B, tarefa 4.........154 Figura 22: Resultado grupo 16, 2 B, Atividade Preparatória B, tarefa 5..................154 Figura 23: Resultado grupo 14, 2º A, Atividade Preparatória B, tarefas 2 e 5.........154 Figura 24: Resposta grupo 1, 2º A, Desafio da Planta, tarefa 4...............................155 Figura 25: Resultado grupo 5, 2ªA, Atividade Complementar 1, tarefa 3, letra a.....157 Figura 26: Resultado grupo 7, 2ªA, Atividade Complementar 1, tarefa 3, letra a.....157 Figura 27: Resultado grupo 3, 2ªA, Atividade Complementar 1, tarefa 3, letra a.....157 Figura 28: Resultado grupo 1, 2ªB, Atividade Complementar 1, tarefa 3, letra a.....157 Figura 29: Resultado grupo 16, 2º B, Atividade Complementar 1, tarefa 3, letra a e c ..................................................................................................................................158 Figura 30: Resultado grupo 14, 2ªB, Atividade Complementar 1, tarefa 3, letra a e c. ..................................................................................................................................158 Figura 31: Resultado grupo 11, 2º A, Atividade Complementar 2, tarefa 3, letra a..159 Figura 32: Resultado grupo 14, 2º B, Atividade Complementar 2, tarefa 3, letra a..159 Figura 33: Resultado grupo 11, 2º A, Atividade Complementar 2, tarefa 3, letra b..160 Figura 34: Resultado grupo 11, 2º B, Atividade Complementar 2, tarefa 3, letra b..160 Figura 35: Resultado grupo 11, 2º B, Atividade Complementar 2, tarefa 3, letra c..160 Figura 36: Resultado grupo 7, 2º B, Atividade Complementar 2, tarefa 3, letra c....160 Figura 37: Resultado grupo 11, 2º B, Atividade Complementar 2, tarefa 4..............161 Figura 38: Resultado grupo 3, 2º A, Atividade 3, tarefa I.........................................163 Figura 39: Resultado grupo 5, 2º B, Atividade 3, tarefa II........................................164 Figura 40: Resultado grupo 5, 2º B, Atividade 3, tarefa III.......................................164 Figura 41: Resultado grupo 14, 2º B, Atividade 3, tarefa III.....................................165 Figura 42: Resultado grupo 8, 2ª série B, Atividade Complementar 3.....................166 Figura 43: Resultado grupo 11, 2ª série A, Atividade Complementar 3...................167 Figura 44: Resultado grupo 1, 2º B, Atividade Complementar 3.............................167 Figura 45: Resultado grupo 1, 2º A, Atividade 5, tarefa 1, letra a............................169 Figura 46: Resultado grupo 10, 2º B, Atividade 5, tarefa 1, letra a..........................169 Figura 47: Resultado grupo 2, 2º A, Atividade 5, tarefa 1, letra b............................169 Figura 48: Resultado grupo 3, 2º B, Atividade 5, tarefa 1, letra b............................169 Figura 49: Resultado grupo 1, 2º A, Atividade 5, tarefa 1, letra b............................170 Figura 50: Resultado grupo 3, 2º B, Atividade 5, tarefa 1, letra c1...........................170 Figura 51: Resultado grupo 2, 2º A, Atividade 5, tarefa 1, letra c1...........................170 Figura 52: Resultado grupo 4, 2º A, Atividade 5, tarefa 1, letra c1..........................171 Figura 53: Resultado grupo 3, 2º A, Atividade 5, tarefa 1, letra c2...........................171 Figura 54: Resultado grupo 4, 2º A, Atividade 5, tarefa 1, letra c2 ..........................171 Figura 55: Resultado grupo 9, 2º A, Atividade 5, tarefa 2, letra a............................172 Figura 56: Resultado grupo 3, 2º B, Atividade 5, tarefa 2, letra b............................172 Figura 57: Resultado grupo 1, 2º A, Atividade 5, tarefa 2, letra b............................172 Figura 58: Resultado grupo 11, 2º B, Atividade 5, tarefa 3, letra a..........................173 Figura 59: Resultado grupo 3, 2º B, Atividade 5, tarefa 3, letra a............................173 Figura 60: Resultado grupo 1, 2º A, Atividade 5, tarefa 3, letra a............................173 Figura 61: Resultado grupo 5, 2º A, Atividade 5, tarefa 3, letra b............................173 Figura 62: Resultado grupo 3, 2º B, Atividade 5, tarefa 3, letra c............................173 Figura 63: Resultado grupo 5, 2º A, Atividade 6, tarefa 1, letra a............................174 Figura 64: Resultado grupo 1, 2º A, Atividade 6, tarefa 1, letra a............................174 Figura 65: Resultado grupo 7, 2º B, Atividade 6, tarefa 1, letra a............................174 Figura 66: Resultado grupo 3, 2º B, Atividade 6, tarefa 1, letra a............................174 Figura 67: Resultado grupo 1, 2º A, Atividade 6, tarefa 1, letra b............................175 Figura 68: Resultado grupo 7, 2º A, Atividade 6, tarefa 1, letra b............................175 Figura 69: Resultado grupo 5, 2º A, Atividade 6, tarefa 3, letra a............................175 Figura 70: Resultado grupo 7, 2º A, Atividade 6, tarefa 3, letra a............................175 Figura 71: Resultado grupo 9, 2º A, Atividade 6, tarefa 3, letra a............................175 Figura 72: Resultado grupo 1, 2º B, Atividade 6, tarefa 3, letra a............................175 Figura 73: Resultado grupo 1, 2º A, Atividade 6, tarefa 3, letra a............................175 Figura 74: Resultado grupo 1, 2º B, Atividade 6, tarefa 3, letra b............................176 Figura 75: Resultado grupo 3, 2º B, Atividade 6, tarefa 3, letra b............................176 Figura 76: Resultado grupo 7, 2º B, Atividade 6, tarefa 3, letra b............................176 Figura 77: Resultado grupo 1, 2º B, Atividade 6, tarefa 3, letra c............................177 Figura 78: Resultado grupo 3, 2º A, Atividade 7, tarefa 1, letra a............................177 Figura 79: Resultado grupo 18, 2º A, Atividade 7, tarefa 1, letra a..........................177 Figura 80: Resultado grupo 3, 2º A, Atividade 7, tarefa 1, letra c............................178 Figura 81: Resultado grupo 18, 2º A, Atividade 7, tarefa 1, letra c..........................178 Figura 82: Resultado grupo 5, 2º A, Atividade 7, tarefa 1, letra c............................178 Figura 83: Resultado grupo 1, 2º A, Atividade 7, tarefa 1, letra d............................178 Figura 84: Resultado grupo 10, 2º A, Atividade 7, tarefa 1, letra d..........................179 Figura 85: Resultado grupo 1, 2º A, Atividade 7, tarefa 2, letra d............................179 Figura 86: Resultado grupo 10, 2º A, Atividade 7, tarefa 2, letra d..........................179 Figura 87: Resultado grupo 10, 2º B, Atividade 8, tarefa 1,letra a...........................180 Figura 88: Resultado grupo 1, 2 A, Atividade 8, tarefa 1, letra c..............................180 Figura 89: Resultado grupo 1, 2º A, Atividade 8, tarefa 1, letra d...........................180 Figura 90: Resultado grupo 5, 2º B, Atividade Complementar 5, tarefa 4...............182 Figura 91: Resultado grupo 15, 2º A, Atividade Complementar 5, tarefa 4..............183 Figura 92: Resultado grupo 16, 2º B, Atividade Complementar 5, tarefa 4..............183 Figura 93: Resultado do grupo 16, 2º B, Atividade Complementar 5, tarefa 6.........184 Figura 94: Resultado do grupo 5, 2º B, Atividade Complementar 5, tarefa 6...........184 Figura 95: Resultado grupo 1, 2º A, Atividade Complementar 6, tarefa1.................185 Figura 96: Resultado grupo 11, 2º A, Atividade Complementar 6, tarefa 4..............185 Figura 97: Resultado grupo 1, 2º A, Atividade Complementar 6, tarefa 5................186 Figura 98: Resultado grupo 10, 2º B, Atividade Complementar 6, tarefa 5..............186 Figura 99: Resultado grupo 5, 2º B, Atividade Complementar 8, tarefa 1................186 Figura 100: Resultado grupo 9, 2º A, Atividade Complementar 8, tarefa 1..............187 Figura 101: Resultado grupo 9, 2º A, Atividade Complementar 8, tarefa 2..............187 Figura 102: Resultado grupo 7, 2º B, Atividade Complementar 8, tarefa 2..............188 Figura 103: Grupo2, 2º B, Escada circular, Cartaz apresentado em socialização...190 Figura 104: Grupo 2, 2º B, Escada circular, modelo apresentado na Feira de Matemática...............................................................................................................190 Figura 105: Grupo 5, 2º B, Tesoura de terraço, cartaz apresentado em socialização ..................................................................................................................................191 Figura 106: Grupo 5, 2º B, Tesoura de terraço, modelo apresentado na Feira de Matemática...............................................................................................................191 Figura 107: Grupo 3, 2º A, Rampa da escola, Cartaz apresentado em socialização. ..................................................................................................................................191 Figura 108: Grupo 3, 2º B, Rampa da escola, modelo apresentado na Feira de Matemática...............................................................................................................191 Figura 109: Grupo 4, 2º B, Telhado do chalé, Cartaz apresentado em socialização. ..................................................................................................................................192 Figura 110: Grupo 4, 2º B, Telhado do Chalé, modelo apresentado a Feira de Matemática...............................................................................................................192 Figura 111: Grupo5, 2º A, Telhado do chalé, Cartaz apresentado em socialização. ..................................................................................................................................194 Figura 112: Resultado aluna P, 2º A, Teste 1, questão 4, letra c............................197 Figura 113: Resultado aluno A, 2º B, Teste 1,questão 4, letra c.............................197 Figura 114: Resultado aluna Q, 2º A, Teste 1, questão 4, letra c............................197 Figura 115: Resultado Aluna Q, 2º A, Teste 1, questão 2.......................................198 Figura 116: Resultado Aluno T, 2º A, Teste 1, questão 2........................................198 Figura 117: Resultado Aluna R, 2º A, Teste 1, questão 1........................................198 Figura 118: Resultado Aluno Z, 2º B, Teste 2, questão 5, letra b............................200 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Distribuição do conteúdo de trigonometria do Livro I ...............................25 Quadro 2: Distribuição de exemplos e exercícios a partir dos eixos de conteúdos...27 Quadro 3: Seções de exercícios especiais e suas quantidades ao longo da parte trigonométrica, RUBIÓ; FREITAS, 2005....................................................................27 Quadro 4: Distribuição do conteúdo de trigonometria do Livro II...............................29 Quadro 5: Distribuição exercícios resolvidos e propostos a partir dos eixos de conteúdos...................................................................................................................31 Quadro 6: Seções de exercícios especiais e suas quantidades ao longo da parte trigonométrica, nos três volumes de STOCCO; DINIZ, 2005.....................................32 Quadro 7: Distribuição do conteúdo de trigonometria do Livro III..............................34 Quadro 8: Distribuição exemplos exercícios a partir das categorias estabelecidas pelas pesquisadoras...................................................................................................37 Quadro 9: Seções especiais, suas descrições e quantidades ao longo da unidade trigonométrica da obra DANTE, 2005........................................................................37 Quadro 10: Comparação das três obras analisadas..................................................38 Quadro 11: Relação de identidades a serem abordadas no trabalho........................66 Quadro 12: Organização das atividades em grupos..................................................95 Quadro 13: Implementação da sequência de atividades.........................................138 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Acertos dos 34 alunos no Teste 1...........................................................196 Gráfico 2: Acertos dos 34 alunos no Teste 2...........................................................199 LISTA DE SIGLAS EJA – Educação para Jovens e Adultos PAV – Programa Acelerar para Vencer PCNEM – Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio PNLEM – Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio TICs – Tecnologias de Comunicação e Informação SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................16 2 SUSTENTAÇÃO DA PESQUISA: OS REFERENCIAIS TEÓRICOS....................20 2.1 O Ensino de Trigonometria à luz dos PCNEM e das Orientações Curriculares para o Ensino Médio..........................................................................20 2.2 A trigonometria nos livros didáticos................................................................23 2.2.1 Livro I - Matemática e suas tecnologias........................................................24 2.2.2 Livro II - Matemática no Ensino Médio..........................................................28 2.2.3 Livro III – Matemática......................................................................................34 2.2.4 A título de comparação...................................................................................38 2.3 O que dizem as pesquisas sobre o Ensino de Trigonometria.......................39 2.4 Possibilidades do uso de modelos matemáticos e modelagem no ensino da trigonometria............................................................................................................46 2.4.1 Modelagem e modelos matemáticos no ensino de Matemática.................47 2.4.2 Modelagem e modelos matemáticos no ensino da Trigonometria.............57 2.4.2.1 Triângulo retângulo......................................................................................58 2.4.2.2 Teorema de Pitágoras..................................................................................59 2.4.2.3 Razões trigonométricas no triângulo retângulo........................................59 2.4.2.4 Círculo trigonométrico.................................................................................62 2.4.2.5 Funções seno e cosseno.............................................................................63 2.4.2.6 Relações algébricas ou identidades fundamentais da Trigonometria....65 2.5 A tecnologia no ensino da trigonometria.........................................................69 3 METODOLOGIA.....................................................................................................78 3.1 A Engenharia Didática associada a uma abordagem de Trigonometria.......78 3.2 Contexto da pesquisa........................................................................................84 3.3 O estudo piloto...................................................................................................85 4 UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA INTRODUÇÃO DA TRIGONOMETRIA NO ENSINO MÉDIO.........................................................................................................87 4.1 Fundamentação teórica da proposta................................................................87 4.2 Organização da sequência................................................................................93 4.3 Descrição dos blocos e das atividades............................................................95 4.4 A implementação da sequência didática.......................................................137 5 OS ALUNOS REALIZANDO ATIVIDADES DE MODELAGEM: UMA ANÁLISE DOS RESULTADOS................................................................................................143 5.1 Atividades 1 e 2................................................................................................143 5.2 Atividade Preparatória B e Desafio da Planta do Telhado...........................153 5.3 Atividade Complementares 1 e 2....................................................................156 5.4 Atividade 3 e Atividade Complementar 3.......................................................162 5.5 Atividades com recursos computacionais- Atividades 5, 6, 7 e 8...............168 5.6 Atividades Complementares 5, 6 e 8..............................................................182 5.7 Projeto e Feira de Matemática.........................................................................188 5.8 Teste1 e Teste2..............................................................................................195 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................202 REFERÊNCIAS........................................................................................................207 APÊNDICE...............................................................................................................222 ANEXO.....................................................................................................................233 16 1 INTRODUÇÃO A presente pesquisa aborda a Trigonometria no Ensino Médio, indagando sobre o uso da modelagem e das tecnologias de comunicação e informação com vistas à melhoria da aprendizagem desse conteúdo pelos alunos. Pretendemos utilizar atividades de modelagem, associando modelos matemáticos trigonométricos no triângulo retângulo e no círculo trigonométrico a situações práticas, utilizando tecnologias variadas, de materiais concretos a recursos computacionais. A partir de nossa prática docente, identificamos algumas dificuldades apresentadas pelos alunos na aprendizagem da trigonometria, entre elas: perceber a utilidade das razões trigonométricas, além das situações escolares; aplicar os conhecimentos trigonométricos teóricos na resolução de problemas; compreender e assimilar conhecimentos trigonométricos e aplicá-los em momentos posteriores. Disciplinas cursadas no Mestrado motivaram a escolha desse tema e despertaram para a necessidade de pensar alternativas para o ensino de trigonometria, a partir de hipóteses levantadas durante discussões com colegas e professores do curso. Algumas leituras teóricas iniciais incentivaram a continuidade dos estudos sobre o tema. Costa (1997), por exemplo, aponta que a forma como os conhecimentos trigonométricos são apresentados e ensinados aos alunos, pode influenciar na retenção desses conhecimentos pelos alunos e influencia em sua aprendizagem. Kendal e Stacey (1998), através de uma pesquisa, com adolescentes do 9º e 10º anos de escolarização, em que utilizaram dois métodos diferentes para introduzir o ensino da trigonometria, constataram que o método de ensino escolhido influenciou mais os resultados do que o professor que aplicou as atividades. Paralelamente aos estudos teóricos sobre o tema, optamos pelo desenvolvimento de uma primeira atividade, com alunos de duas 2ª séries do Ensino Médio em 2009, na qual investigamos a possibilidade de propiciar aos alunos uma experiência de aproximação dos conhecimentos trigonométricos trabalhados em sala, com possíveis modelos matemáticos explicativos de dados coletados em situações práticas. 17 Este primeiro estudo foi conduzido a partir da indagação se os alunos eram capazes de aplicar conhecimentos trigonométricos, como as razões trigonométricas no triângulo retângulo ou o teorema de Pitágoras, para identificar modelos matemáticos descritivos e explicativos para algumas situações práticas, vivenciadas por pedreiros, carpinteiros, técnicos em eletrônica. Os resultados desse estudo, apresentados na forma de um relato de experiência (SILVA; FROTA, 2010a) evidenciaram a necessidade de uma maior ênfase no estudo das relações trigonométricas e do círculo trigonométrico, para além do triângulo retângulo. Os resultados apontaram que o uso de atividades que abordem modelos matemáticos, visando sua identificação e aplicação pode ampliar as possibilidades de o aluno atribuir significado a esse conteúdo, além de motivar e despertar o interesse dos alunos acerca do tema. A experiência conduzida incentivou-nos a desenvolver a pesquisa aqui relatada. Atividades que apliquem conhecimentos trigonométricos poderiam melhorar o interesse dos alunos acerca do aprendizado de trigonometria? Os alunos seriam capazes de aplicar conhecimentos trigonométricos, como as razões trigonométricas no triângulo retângulo para matematizar problemas advindos de situações reais? O uso de recursos tecnológicos poderia ser um instrumento facilitador para o entendimento dos alunos acerca da trigonometria? Como o software Geogebra interfere na aprendizagem? Cada um desses questionamentos demandou estudos teóricos sobre perspectivas da modelagem na condução de conteúdos matemáticos escolares, a partir de atividades com referência na realidade. (BARBIERI; BURAK, 2005; BARBOSA, 2001, 2004, 2007; BURAK, 2005, 2010; KAISER; SRIRAMAN, 2006; ALMEIDA; FERRUZZI, 2009; ALMEIDA; VERTUAN, 2010; SOUSA; ALMEIDA, 2008; CALDEIRA, 2007; BASSANEZI, 2009; BIEMBENGUT; HEIN, 2007). Estudos sobre as tecnologias de comunicação e informação também foram conduzidos, indagandose sobre as potencialidades desses recursos no ensino, particularmente da trigonometria. (BLACKETT; TALL, 1991; KEMP, 2009; PIETROBON; COSTA; OLIVEIRA, 2010; FRANCHI, 2007; DELLA NINA, 2007; COSTA, 1997; BORBA; PENTEADO, 2001, 2003; VALENTE, 1999). Fazendo a interlocução entre modelagem e tecnologia, delineamos a questão que norteou nossa pesquisa e sua condução: Uma abordagem de ensino 18 envolvendo modelagem e diferentes tecnologias de comunicação e informação pode contribuir para a aprendizagem da trigonometria no triângulo retângulo e no círculo trigonométrico? Assim, o trabalho tem como objetivo principal analisar as possibilidades de abordagem da trigonometria no Ensino Médio, através da modelagem, com tecnologia, visando à mobilização do interesse dos alunos para melhor compreensão dos conceitos abordados e a aplicação dos conhecimentos trigonométricos a situações com referência na realidade. A presente dissertação relata resultados de uma pesquisa que busca responder a questão posta e é organizada em seis capítulos, sendo esta introdução, o primeiro deles. No segundo capítulo abordamos o ensino da Trigonometria, destacando como ele é mencionado em documentos oficiais, tais como os Parâmetros Curriculares para o Ensino Médio e as Orientações Curriculares para o Ensino Médio; em livros didáticos e de que maneira outros pesquisadores abordam esse assunto. A análise dos livros foi feita observando quais as abordagens utilizadas pelos autores para desenvolver o conteúdo de Trigonometria e que tipo de exercícios eram privilegiados nas obras. Nesse capítulo também promovemos a interlocução com alguns autores de modelagem e outros que discutem o uso das tecnologias de comunicação e informação na educação matemática, referenciais teóricos que embasam o trabalho apresentado, os principais deles já referenciados anteriormente. No terceiro capítulo apresentamos a metodologia adotada, inspirada na Engenharia didática, que estruturou a pesquisa e auxiliou na elaboração da sequência didática. Exploramos as etapas da Engenharia Didática associando-as às etapas do trabalho. E apresentamos como análises prévias, primeira fase da Engenharia Didática, o contexto de pesquisa: caracterizando a escola, uma escola estadual do interior de Minas Gerais; os alunos participantes da pesquisa, da 2ª série do Ensino Médio; bem como um estudo piloto conduzido. No quarto capítulo apresentamos a sequência didática proposta, produto da pesquisa desenvolvida no Programa de Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática, mestrado profissionalizante, oferecido pela PUC Minas. Esse capítulo corresponde à segunda e terceira fases da Engenharia Didática, apresentando a 19 análise a priori, a concepção e a implementação, além de retomar a fundamentação teórica, que sustentou a elaboração e a organização da sequência didática proposta. No quinto capítulo procedemos à análise das descobertas dos alunos, correspondendo à fase de validação – quarta e última fase da Engenharia Didática, na qual confrontamos as análises a priori com as análises a posteriori. Realizamos um estudo qualitativo, no qual discutimos alguns aspectos importantes para nossa pesquisa como: a conexão com a realidade; o uso de recursos diferenciados: material concreto e manipulável e recursos tecnológicos; aproveitamento das potencialidades de cada recurso didático disponível; ressignificação de modelos clássicos da Trigonometria; exploração do trabalho em grupos ou pares; dificuldades dos alunos ao resolver as atividades. No sexto e último capítulo fazemos as considerações finais, relatando as potencialidades e as limitações do trabalho realizado, procurando responder à questão de pesquisa, pautando-nos nos referenciais teóricos e metodológicos, que embasaram esta pesquisa. Com o intuito de verificar a abrangência dos resultados, quanto ao ensino da Trigonometria no Ensino Médio e expressando nossas expectativas e impressões enquanto profissionais do ensino e pesquisadoras ao desenvolver essa pesquisa. Além disso, apontamos nesse capítulo questões que não puderam ser discutidas no presente trabalho, que poderão fazer parte de pesquisas posteriores. Esperamos que o material elaborado, que acompanha esta dissertação, possa ser aplicado por outros colegas professores, motivando os alunos para a aprendizagem da trigonometria, partindo de situações práticas, em que possam modelar os dados e utilizar modelos matemáticos para explicar a realidade estudada. Através do uso dos applets, esperamos que os alunos compreendam melhor como se dá a passagem da trigonometria do triângulo retângulo para o círculo trigonométrico e como as funções seno e cosseno se relacionam com o círculo trigonométrico. 20 2 SUSTENTAÇÃO DA PESQUISA: OS REFERENCIAIS TEÓRICOS Nesse capitulo procedemos a um estudo teórico acerca do Ensino da Trigonometria investigando as recomendações dos documentos oficiais sobre as abordagens desse tema, analisando a abordagem do conteúdo em três coleções de livros didáticos e identificando os resultados de outras pesquisas sobre o assunto. Buscamos esclarecer como a modelagem, a modelação e o uso de tecnologias podem auxiliar no ensino desse conteúdo, bem como explicitar os modelos trigonométricos clássicos que escolhemos explorar e qual a concepção de modelagem e modelação que adotamos. 2.1 O Ensino de Trigonometria à luz dos PCNEM e das Orientações Curriculares para o Ensino Médio As orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM) explicitam o papel da Matemática como não se restringindo à simples repetição de procedimentos. A Matemática assume um papel formativo e instrumental na vida do aluno. O papel é formativo, à medida que contribui para o desenvolvimento do pensar matemático, que pode auxiliar o aluno na aquisição da capacidade de resolver problemas, gerar hábitos de investigação e no desenvolvimento da autonomia e confiança em sua capacidade para enfrentar e solucionar novas situações problemáticas que surjam em seu caminho. A Matemática assume um papel instrumental, conforme municia o aluno de ferramentas, de um sistema de códigos e regras que o auxiliam a resolver problemas relacionados ao seu dia-a-dia. (BRASIL, 1999). Contudo, o mundo moderno e globalizado exige uma nova postura. Não é mais suficiente apenas ter o conhecimento, é preciso saber aplicá-lo em diversas situações: nas atividades cotidianas, no uso de tecnologias e na interpretação das ciências. Os conceitos apresentam diversas representações equivalentes, que precisam ser reconhecidas, relacionadas e aplicadas em situações oportunas. 21 Estas exigências da “modernidade” traduzem a necessidade de outro olhar sobre a Matemática, não mais como algo fragmentado e distante da realidade dos alunos, mas parte integrante e importante em suas vidas. Vivemos novos tempos, temos outras prioridades. Não podemos conceber o ensino de Matemática ainda como outrora. É preciso mudança, não só de metodologia, mas também do conteúdo a ser ensinado. Conceitos vistos de forma fragmentada, ainda que aprofundada, não garantem sua significação por parte do aluno. (BRASIL, 1999). Um bom exemplo das consequências dessa fragmentação é a dificuldade apresentada por alunos no ensino da trigonometria, principalmente em sua transição do triângulo retângulo para o círculo trigonométrico e deste, para o plano cartesiano. Cria-se um obstáculo no processo ensino-aprendizagem dos alunos, uma vez que o ensino isolado desse tema não permite aos estudantes explorar ou visualizar a conexão entre as diferentes formas representativas da trigonometria. Outro ponto crítico, no ensino desse conteúdo, é a extensão do assunto a ser abordado, frente ao número de aulas de matemática no ensino médio. Há muito a ser aprendido em pouco tempo. Logo, faz-se necessário priorizar alguns elementos dessa parte da matemática; respeitada a base nacional comum1, as escolas podem selecionar assuntos que julguem importantes de acordo com o projeto pedagógico de cada uma. Contudo, o ensino da trigonometria deve estar relacionado às aplicações, à análise de funções trigonométricas seno, cosseno, tangente e seus gráficos, evitando-se o uso excessivo de cálculos algébricos. Devemos considerar que muitos alunos não seguirão carreira acadêmica na área de exatas. Logo, em consonância com os PCNEM (1999), precisamos garantir a esses alunos a aprendizagem do conteúdo de trigonometria para que eles possam resolver problemas que envolvam medições, cálculo de distâncias inacessíveis e construção de modelos relativos a fenômenos periódicos. Esses estudos, independentemente do caminho seguido após o Ensino Médio, serão úteis em seu dia-a-dia. As Orientações Curriculares para o Ensino Médio corroboram com os PCNEM, sendo mais específicas as determinações quanto ao que ensinar: 1 Por base nacional comum entendemos o conteúdo mínimo a ser estudado por alunos de todo o país, sobre determinado assunto. Independente da proposta pedagógica de cada escola, este conteúdo básico tem que ser ensinado. 22 No que se refere ao estudo das funções trigonométricas, destaca-se um trabalho com a trigonometria, o qual deve anteceder a abordagem das funções seno, co-seno e tangente, priorizando as relações métricas no triângulo retângulo e as leis do seno e do cosseno como ferramentas essenciais a serem adquiridas pelos alunos no ensino médio. Na introdução das razões trigonométricas seno e cosseno, inicialmente para ângulos com medida entre 0° e 90°, deve-se ressaltar que são as propriedades de semelhança de triângulos que dão sentido a essas definições; segue-se, então, com a definição das razões para ângulos de medida entre 90° e 180°. A partir das definições e de propriedades bás icas de triângulos, devem ser justificados os valores de seno e cosseno relativos aos ângulos de medida 30°, 45° e 60°. (BRASIL, 2006, p.73). Quanto às razões trigonométricas no triângulo retângulo, um destaque é dado à função tangente: Também é recomendável o estudo da razão trigonométrica tangente pela sua importância na resolução de diversos tipos de problemas. Problemas de cálculos de distâncias inacessíveis são interessantes aplicações da trigonometria, e esse é um assunto que merece ser priorizado na escola. Por exemplo, como calcular a largura de um rio? Que referências (árvore, pedra) são necessárias para que se possa fazer esse cálculo em diferentes condições – com régua e transferidor ou com calculadora? (BRASIL, 2006, p.73-74). Nas orientações curriculares fica evidente a preocupação na transição da trigonometria do triângulo retângulo para o círculo ou para o gráfico das funções trigonométricas: É preciso atenção à transição do seno e do co-seno no triângulo retângulo (em que a medida do ângulo é dada em graus), para o seno e o cosseno, definidos como as coordenadas de um ponto que percorre um arco do círculo de raio unitário com medida em radianos. As funções trigonométricas devem ser entendidas como extensões das razões trigonométricas então definidas para ângulos com medida entre 0º e 180º. Os alunos devem ter a oportunidade de traçar gráficos referentes às funções trigonométricas, aqui se entendendo que, quando se escreve f (x) = seno (x), usualmente a variável x corresponde à medida de arco de círculo tomada em radianos. As funções trigonométricas seno e co-seno também devem ser associadas aos fenômenos que apresentam comportamento periódico. (BRASIL, 2006, p.74). Considerando a pertinência das observações acima citadas, após análise, tanto do PCNEM quanto das orientações curriculares para o Ensino Médio, em consonância com nossa prática e experiência na condução do ensino desta parte da Matemática, destacamos a relevância da pesquisa aqui conduzida. Nosso foco vai de encontro ao que percebemos, é o objetivo do ensino da trigonometria no ensino médio: enfatizar as aplicações trigonométricas no triângulo retângulo não perdendo 23 de vista a transição trigonométrica para suas outras formas de representação: o círculo e o plano cartesiano. Não basta ser detentor de tais conhecimentos, é preciso saber aplicá-los em situações onde se fazem necessários. 2.2 A trigonometria nos livros didáticos Considerando-se que os livros didáticos podem, em alguns casos, representar a principal fonte de informação em sala de aula, para ampliarmos nossa visão sobre as formas de abordar os conteúdos da Trigonometria no Ensino Médio, achamos necessária uma análise de como esse assunto é apresentado em alguns desses livros. Em livros das décadas de 80 e 90, época em que a pesquisadora e professora estudou, a trigonometria era, geralmente, introduzida seguindo a ordem: definição (formalização) – exemplo – exercícios de fixação. Havia uma formalização precoce e o uso de fórmulas era proposto muito cedo. Nossa análise, entre outros pontos, pretende verificar se este modelo ainda prevalece nos livros didáticos atuais. Para tal análise escolhemos três obras, parte integrante do Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio (PNLEM), indicadas como sugestões para adoção em escolas públicas brasileiras. Os textos analisados foram: a) RUBIÓ, Angel Panadés; FREITAS, Luciana Maria Tenuta de. Matemática e suas tecnologias. Coleção áreas do conhecimento. 3 volumes, São Paulo: IBEP, 2005. b) SMOLE, Kátia Stocco; DINIZ, Maria Ignez. Matemática Ensino Médio. 3 volumes, São Paulo: Saraiva, 2005. c) DANTE, Luiz Roberto. Matemática Dante. Volume único, São Paulo: Ática, 2005. O primeiro livro analisado é adotado na instituição onde a pesquisa foi realizada. O conteúdo de trigonometria é abordado, na sua totalidade, no volume 1, indicado para o 1o ano do Ensino Médio. 24 Na segunda obra o conteúdo de trigonometria é distribuído em três volumes, sendo visto nos três anos do Ensino Médio. O terceiro livro escolhido apresenta em um volume único todo o conteúdo matemático do Ensino Médio. Uma unidade de sete capítulos discute a trigonometria, cabendo ao professor decidir como distribuí-la ao longo dos três anos do Ensino Médio. O conteúdo de trigonometria das obras foi analisado quanto aos seguintes aspectos: introdução do conteúdo, abordagem metodológica adotada, exercícios propostos. 2.2.1 Livro I - Matemática e suas tecnologias A distribuição do conteúdo de trigonometria se dá em um único volume: o 1º. Essa distribuição não foge à forma usual de abordagem desse assunto nos livros didáticos, que pode vir no volume 1 ou no volume 2, dependendo da obra. Segundo os autores, a organização da proposta curricular de Matemática da coleção, se dá em blocos e sub-blocos temáticos. Cada sub- bloco é dividido em tópicos específicos de conteúdo ordenados a partir de encadeamentos lógicos adequados à série para a qual são propostos. (RUBIÓ; FREITAS, 2005). A coleção ainda divide os conhecimentos matemáticos em três eixos, que devem ser contemplados ao longo dos três volumes da obra: a) conteúdos práticos: que têm aplicação na vida cotidiana do aluno; b) conteúdos básicos: que constituem a base da Matemática e que dão suporte a outras disciplinas; c) conteúdos formais: que não têm aplicação direta em situações cotidianas nem podem ser considerados básicos, mas que interessam à Matemática como ciência com linguagem, rigor e métodos próprios. (RUBIÓ; FREITAS, 2005; Manual pedagógico, p.38). O conteúdo trigonométrico está assim distribuído nesta obra: 25 Matemática e suas tecnologias. Conteúdo de trigonometria abordado *O raio da Terra e a Trigonometria; *Trigonometria no triângulo retângulo; *Do triângulo para a circunferência; *Ângulos e arcos na circunferência; *Medindo arcos e ângulos; *Ciclo trigonométrico; *Arco trigonométrico; *Arcos trigonométricos notáveis; Volume 1: Funções *Seno e cosseno de um arco trigonométrico; trigonométricas *Redução ao 1º quadrante; *Arcos complementares; *Fenômenos periódicos e funções periódicas; *Função seno; *Função cosseno; *A senóide e a música; *Outras funções trigonométricas; *Resolução de triângulos. Quadro 1: Distribuição do conteúdo de trigonometria do Livro I Fonte: Dados de Pesquisa Volume O início da unidade sobre trigonometria traz a pergunta: “Qual é o raio médio da Terra?” e como esta questão foi solucionada ainda na Grécia Antiga. O problema liga a História da Matemática com o assunto abordado. Os autores dialogam com o aluno todo o texto da obra, promovendo as conexões entre um tópico e outro e situando o estudo trigonométrico. Para introduzir a trigonometria no triângulo retângulo os autores o fazem de forma usual, analisando a semelhança entre triângulos, de forma direta, sem muita problematização ou referências a aplicações cotidianas. Em seguida são fornecidos, sem demonstrações, os valores de seno, cosseno e tangente dos arcos notáveis e a tábua de razões trigonométricas. Há uma preocupação em não fragmentar a trigonometria, tanto que os autores sempre iniciam uma nova sessão situando o que já foi aprendido e conectando ao que será aprendido a partir desse momento. Os autores, intencionalmente, não esgotam o assunto logo na introdução. Elaboram atividades, ao longo da coleção, que permitem que algumas propriedades sejam descobertas pelos alunos à medida que resolvem os exercícios. Estas descobertas são fruto de atividades, que classificamos como atividades guiadas, em que os autores questionam e levam os alunos a encontrar propriedades e padrões e a estabelecer suas conjecturas, sendo esta uma das intenções da coleção. 26 Esta intenção converge com os objetivos perseguidos por esta pesquisa, de em alguns momentos guiar o aluno para que ele próprio descubra as propriedades, se envolva com sua aprendizagem e se aproprie e dê significado a modelos matemáticos já existentes. Nas Figuras 1 e 2 abaixo, temos exemplos desse tipo de atividades, que permitem ao aluno, de forma ainda guiada, descobrir propriedades não apresentadas previamente: Figura 1: Exercício relativo às razões trigonométricas no triângulo retângulo Fonte: RUBIÓ; FREITAS, 2005, p.209. Figura 2: Exercício relativo às razões trigonométricas no triângulo retângulo Fonte: RUBIÓ; FREITAS, 2005, p209. Os exercícios são bem diversificados, consistindo em: problemas de aplicação ligados a situações práticas, atividades que induzem o aluno a questionar e raciocinar acerca dos conceitos, atividades que classificamos como guiadas, atividades de raciocínio lógico, desafios, atividades de reflexão e investigação acerca do assunto. O número de ilustrações da obra é pequeno, mas há um número suficiente de esboços e gráficos que auxiliam na aprendizagem por meio da visualização de formas geométricas. Os exercícios têm um grau de dificuldade crescente, e não têm o intuito de esgotar o conteúdo de uma vez só. Há poucas atividades abertas, representadas pelas atividades investigativas ao longo do capítulo. Optamos por classificar os exemplos e exercícios envolvendo trigonometria, agrupados a partir dos três eixos, já mencionados. Percebemos que a maioria dos exemplos e exercícios são de conteúdos básicos, seguidos por conteúdos formais e conteúdos práticos. O Quadro 2 especifica as quantidades de exemplos e exercícios, segundo cada eixo: 27 Conteúdos práticos Conteúdos básicos Conteúdos formais Total Exemplos 2 45 15 62 Exercícios 25 119 44 188 Quadro 2: Distribuição de exemplos e exercícios a partir dos eixos de conteúdos Fonte: Dados de Pesquisa A Figura 3 ilustra um dos tipos de atividades existentes ao longo da obra, por nós classificada como uma atividade de conteúdo prático em trigonometria: Figura 3: Atividade de conhecimentos práticos em trigonometria Fonte: RUBIÓ; FREITAS, 2005, p. 211. Além das atividades já citadas, a obra dispõe de seções especiais, com atividades mais desafiadoras e abertas. O Quadro 3 apresenta algumas dessas seções especiais de exercícios e as respectivas quantidades, ao longo do capítulo de trigonometria: Seção Refletindo É lógico Investigando Criando Descrição Lança perguntas e questionamentos sobre os tópicos abordados no texto. Propicia uma interação direta e constante do aluno com o conteúdo. Envolve problemas de lógica: raciocínio lógico, lógica espacial, lógica numérica, verdades e mentiras, questões de pesagem, questões de contagem. Propõe atividades encadeadas de forma que o aluno chegue, sozinho ou em grupo, a resultados matemáticos novos. Atividade de criação de problemas pelo aluno, a partir de uma situação concreta inicialmente proposta. Exercícios presentes na obra 31 7 2 3 Magia dos Propõem atividades de raciocínio numérico. 6 números Quadro 3: Seções de exercícios especiais e suas quantidades ao longo da parte trigonométrica, RUBIÓ; FREITAS, 2005. 2 Fonte: Dados de Pesquisa 2 Quadro e distribuição realizados pelas pesquisadoras a partir de análise do manual pedagógico da obra, p.51 28 Os autores preocupam-se em não formalizar ou algebrizar demais o ensino da trigonometria, tanto que apenas na última unidade, no estudo das equações e relações trigonométricas, identificamos o uso das expressões algébricas em trigonometria e um maior número de demonstrações. A relação fundamental da trigonometria (sen2x + con2x = 1), só aparece no final dessa unidade, ao se tratar as identidades trigonométricas. Ainda assim a introdução da unidade se faz por meio de um problema prático, que interliga os conceitos dados anteriormente com o assunto seguinte: as equações e inequações trigonométricas. 2.2.2 Livro II - Matemática Ensino Médio Nesta coleção o conteúdo de trigonometria é distribuído nos três volumes da obra, ou seja, é visto nas três séries do Ensino Médio. Esta distribuição é justificada pelas autoras em função do tempo que os alunos levam para aprender os conceitos e relações trigonométricas. Esse fato de certa forma caracteriza a obra, diferenciando-a de outras. (SMOLE; DINIZ, 2005). Apoiando-se no documento dos PCNEM (1999) as autoras distribuíram os conteúdos de sua obra de acordo com três eixos temáticos: a) Números e Álgebra: trata de números e variáveis em conjuntos infinitos e quase sempre contínuos; b) Geometria e Medidas: tem como objetos de estudo as formas planas e tridimensionais e suas representações na forma de desenhos, planificações, modelos e objetos do mundo concreto; c) Análise de dados: aborda os conjuntos de dados finitos, que podem ser numéricos ou informações qualitativas, percebendo-se uma preocupação com o desenvolvimento de competências relativas à contextualização sociocultural. (STOCCO; DINIZ, 2005; Manual pedagógico, p.11). As autoras preocuparam-se, ainda, em explicar aos professores, por meio de um manual com sugestões pedagógicas apresentado ao final do exemplar do professor, o que, nesta obra, significa trabalhar a partir desses eixos: 29 Não basta tratar os conteúdos de cada eixo consecutivamente; é preciso organizar o ensino para que muitas conexões possam ser aprendidas pelos alunos. É importante lembrar que os alunos aprendem de forma diferente em tempos diferentes, o que significa que se tratarmos uma única forma de pensar em Matemática estaremos favorecendo uns e excluindo outros. (SMOLE; DINIZ, 2005; Manual pedagógico, p.11). Ao analisar a obra, procedemos na tentativa de perceber os focos da obra, perceber na parte trigonométrica a presença dos eixos mencionados pelas autoras. Percebemos que o primeiro eixo - Números e Álgebra - está presente no estudo trigonométrico quando trabalhamos com as funções trigonométricas no conjunto dos números reais e suas representações algébricas. O segundo eixo, Geometria e Medidas, é percebido no estudo dos triângulos e em todos os momentos em que esboços ou gráficos são necessários para resolver problemas. O terceiro eixo, Análise de dados, é utilizado quando as autoras lidam com problemas aplicados e contextualizados. O conteúdo da obra encontra-se distribuído, ao longo dos três volumes, conforme informa o Quadro 4 abaixo: Matemática Ensino Médio. 3 volumes Conteúdo de trigonometria abordado *Unidade 11: Trigonometria do triângulo retângulo; *Unidade 12: Arcos de circunferência, ângulos e círculo trigonométrico; Volume 1: *Unidade 13: Funções trigonométricas: definição, periodicidade e gráfico; *Unidade 14: Relações trigonométricas num triângulo qualquer; *Unidade 11: Funções trigonométricas: redução ao 1º quadrante; *Unidade 12: Equações trigonométricas e inequações trigonométricas; Volume 2: *Unidade 13: Funções trigonométricas da soma; *Unidade 14: Funções trigonométricas inversas. Volume 3: *Unidade 7: Funções trigonométricas: cotangente, secante e cossecante. Quadro 4: Distribuição do conteúdo de trigonometria do Livro II Fonte: Dados de Pesquisa Volume No primeiro volume dessa coleção, o tratamento dado à Trigonometria, se inicia a partir de uma situação problema que trata de objetos iluminados pela luz do Sol num determinado horário do dia e a relação entre os comprimentos de suas sombras e de suas alturas. A partir dessa situação, é estabelecida uma constante proveniente de uma razão entre duas grandezas. Faz-se a conexão com a trigonometria citando-se sua importância e aplicabilidade para solucionar tal problema. Explora-se a etimologia da palavra trigonometria, como é usual na maioria dos livros didáticos e seguem-se revisões acerca do triângulo retângulo, teorema de Pitágoras, teorema de Tales e suas aplicações, até chegar às razões 30 trigonométricas, através da semelhança de triângulos, quando estas são então estabelecidas. Logo em seguida faz-se a demonstração dos valores de seno, cosseno e tangente dos arcos notáveis a partir de triângulos equiláteros e quadrados. Na Figura 4 exemplificamos a situação problema que inicia o estudo trigonométrico da coleção: Figura 4: Introdução ao capitulo de trigonometria Fonte: SMOLE; DINIZ, 2005, p.266. A apresentação dos assuntos subsequentes se faz a partir de aplicações do conteúdo em situações práticas ou em outras ciências. Há relatos históricos associados aos assuntos ao longo dos capítulos e aplicações em diversas áreas. A obra utiliza muitos esboços e desenhos para explicar os assuntos e relacioná-los a outras áreas dentro da própria matemática ou fora dela. Contudo, percebe-se ausência de diálogo das autoras com os alunos, no que diz respeito a conectar conteúdos já trabalhados com os que serão aprendidos. Por vezes, os assuntos se iniciam sem a conexão com o que se tratava anteriormente. A relação fundamental 31 da trigonometria é utilizada logo no início, logo após a tabela de razões trigonométricas. Para verificar a distribuição dos três eixos temáticos na abordagem do tópico trigonometria procedemos à classificação dos exercícios propostos e resolvidos, segundo os mesmos, apresentada no Quadro 5. Números e Geometria e Análise de Total Álgebra Medidas dados resolvidos 14 18 4 36 Volume 1 propostos 55 68 17 140 resolvidos 20 13 0 33 Volume 2 propostos 66 24 3 93 resolvidos 5 0 0 5 Volume 3 propostos 19 1 0 20 Quadro 5: Distribuição exercícios resolvidos e propostos a partir dos eixos de conteúdos 3 Fonte: Dados de Pesquisa Exercícios No volume 1 a maioria dos exercícios refere-se ao eixo Geometria e Medidas, devido ao estudo dos triângulos, presença forte neste volume, seguida pelos exercícios do eixo Números e Álgebra e, em menor quantidade, os exercícios referentes ao eixo Análise de dados. Nos volumes 2 e 3 da obra, a parte trigonométrica, apresenta uma predominância de exercícios do eixo Números e Álgebra, em relação aos eixos Geometria e Medidas e Análise de dados. O que é justificado pela natureza do conteúdo abordado nestes dois volumes, que explora mais as ideias da Álgebra do que dos demais eixos. Os exercícios da obra são diversificados: há quadros com atividades investigativas, aplicações do conteúdo, de uso da calculadora, atividades em que o aluno é chamado a elaborar seus próprios problemas, atividades voltadas para o vestibular, atividades guiadas que exigem análise de algumas propriedades, exercícios de raciocínio lógico. Mas a maioria dos exercícios é do tipo fixação de procedimentos algébricos, exercícios mais comuns e usuais no ensino da trigonometria. O Quadro 6, abaixo, relaciona estas seções especiais, informando a quantidade de exercícios sobre o conteúdo trigonometria: 3 Quadro montado a partir da análise da obra Matemática Ensino Médio, SMOLE; DINIZ, 2005. Classificação dos exercícios a partir da análise das orientações pedagógicas, p.11. 32 Seção Jogo Projeto Invente você Saia dessa Para recordar Calculadora Flash Matemático Descrição Cria situações que exigem soluções vivas, originais e rápidas. Envolvem, dentre as estratégias de raciocínio lógico empregadas, investigação, tentativa e erro, levantamento e checagem de hipóteses. Relaciona-se a uma ação específica, não repetitiva, com caráter experimental. Está ligado a uma investigaçãoação e representa uma oportunidade do aluno explorar uma ideia ou construir um produto imaginado, planejado, que tenha significado para quem o produziu. Oportunidades para que os alunos criem seus próprios problemas, que podem ser parecidos com outros problemas já resolvidos por eles, a partir de uma expressão, pergunta ou resposta. Instiga os alunos a resolverem problemas não convencionais, exigindo reflexão, criatividade e originalidade. Por vezes são exemplos de problemas de lógica. Faz-se a revisão de temas abordados no Ensino Fundamental quando necessário, podendo acontecer no próprio texto ou seção. Atividades que estimulam o uso planejado da calculadora como tecnologia a serviço da aprendizagem. Explicita o desenvolvimento histórico de algum conceito ou amplia determinados aspectos do assunto desenvolvido na teoria. Tem sempre relação com o tema apresentado na unidade em que se encontra. Estabelece relações entre a Matemática, a vida cotidiana e outras áreas do conhecimento. Tem caráter mais livre, podendo ou não se relacionar ao tema da unidade. Exercícios presentes na obra V1 1 V2 1 V3 0 V1 1 V2 0 V3 0 V1 V2 4 3 V3 1 V1 V2 10 9 V3 V1 V2 V3 V1 V2 V3 V1 V2 2 20 15 6 4 7 1 3 3 V3 1 V1 4 V2 4 V3 1 V1 26 Exercícios Atividades variadas e atualizadas extraídas de V2 29 de Vestibular vestibulares de instituições de todo o Brasil. V3 7 Quadro 6: Seções de exercícios especiais e suas quantidades ao longo da parte trigonométrica, nos três volumes de STOCCO; DINIZ, 2005. 4 Fonte: Dados de Pesquisa Elo Matemático Percebe-se a preocupação em detalhar as demonstrações e a resolução dos exercícios. Os conceitos são apresentados na seguinte ordem: situação problema ilustrativa, definição, exemplo, exercício. A obra conta com sugestões de jogos e projetos sobre trigonometria que visam tanto aproximar a trigonometria da realidade dos alunos quanto fixar de forma diferente os conteúdos já trabalhados. Nos volumes 2 e 3 da obra, as introduções se processam a partir de revisões de conceitos vistos na série anterior. 4 Quadro e distribuição realizados pelas pesquisadoras a partir de análise do manual pedagógico da obra, p.15-23 33 No volume 2 o estudo trigonométrico se inicia com uma revisão conceitual da trigonometria no triângulo retângulo, a definição das razões seno, cosseno e tangente a partir da análise de triângulos semelhantes, a retomada da relação fundamental da trigonometria, a lei dos senos, em forma de problema aplicado; o círculo trigonométrico e os arcos nele representados, bem como as duas unidades mais usuais: o grau e o radiano. E uma retomada breve acerca das propriedades das funções seno, cosseno e tangente no círculo trigonométrico e seus gráficos. Após esta revisão, a trigonometria do volume 2 é retomada com o estudo da redução ao 1º quadrante, que é abordada associando-se os aspectos algébricos e geométricos desse conhecimento. Explora-se o uso de esboços e desenhos nos textos explicativos e nos exemplos. Neste volume, também são estudadas as equações e inequações trigonométricas, funções trigonométricas da soma e da diferença de dois números, arcos duplos e arcos metade e funções trigonométricas inversas. No volume 3, novamente aparece uma revisão dos conceitos de seno, cosseno e tangente no triângulo retângulo, só que se dá de forma mais breve do que a realizada no volume 2. Neste último volume, o conteúdo trigonométrico é bem menor que nos volumes anteriores. Há o estudo das outras três funções trigonométricas: a secante, a cossecante e a cotangente, no círculo trigonométrico e de seus gráficos. Para iniciar este estudo, é feito um resgate histórico mostrando a origem dos primeiros relógios de sol, que utilizavam como conhecimento matemático, tabelas que hoje se sabe são antepassadas das funções trigonométricas: secante, cossecante e tangente. Nestes dois volumes também percebemos a presença de exercícios dos três eixos: Números e Álgebra, Geometria e Medidas e Análise de dados. Mas notamos um aumento de atividades algébricas, relacionado, talvez, com a natureza dos tópicos trigonométricos explorados nesses dois volumes. 2.2.3 Livro III - Matemática Esta coleção apresenta uma unidade de sete capítulos sobre Trigonometria, cabendo ao professor decidir como distribuir o conteúdo ao longo do Ensino Médio. 34 Nesta obra, os tópicos estão assim organizados: Matemática Conteúdo de trigonometria abordado *Capítulo 14: Trigonometria no triângulo retângulo; Unidade 3: *Capítulo 15: Trigonometria: resolução de triângulos quaisquer; Trigonometria *Capítulo 16: Conceitos trigonométricos básicos; *Capítulo 17: Seno, cosseno e tangente na circunferência trigonométrica; *Capitulo 18: Relações e equações trigonométricas; *Capítulo 19: Transformações trigonométricas; *Capítulo 20: Senóides e os fenômenos periódicos. *Capítulo 14: Trigonometria no triângulo retângulo; *Capítulo 15: Trigonometria: resolução de triângulos quaisquer; *Capítulo 16: Conceitos trigonométricos básicos; *Capítulo 17: Seno, cosseno e tangente na circunferência trigonométrica; *Capitulo 18: Relações e equações trigonométricas; *Capítulo 19: Transformações trigonométricas; *Capítulo 20: Senóides e os fenômenos periódicos. Quadro 7: Distribuição do conteúdo de trigonometria do Livro III Fonte: Dados de Pesquisa Volume único O primeiro capítulo da unidade introduz o assunto fazendo uma abordagem histórica acerca da trigonometria e propõe situações-problema a serem analisadas pelo aluno, para perceber a utilidade da trigonometria e seu estudo. A Figura 5 apresenta a primeira situação problema que inicia o tratamento da Trigonometria nesta obra: Figura 5: Situação problema que inicia o capítulo de trigonometria página 187. Fonte: DANTE, 2005, p 187 Na sequência, o autor propõe três situações a serem analisadas pelo aluno, que envolvem semelhança de triângulos, análise de índices e proporcionalidade, e que, ao final, recairão nas três razões trigonométricas no triângulo retângulo. Somente após uma análise criteriosa e explorar bem as situações propostas, o autor apresenta as definições. A partir desse momento aborda a relação fundamental da Trigonometria, faz demonstrações e propõe um exercício em que orienta o aluno 35 para que ele consiga obter os valores de seno, cosseno e tangente de arcos notáveis. As Figuras 6, 7 e 8 ilustram a proposta de que, a partir de situações problemas, chega-se às razões trigonométricas seno, cosseno e tangente; Figura 6: Situação problema que inicia o estudo do cosseno. Fonte: Dante, 2005, p 189 Figura 7: Situação problema que inicia o estudo do seno Fonte: Dante, 2005, p. 189 36 Figura 8: situação problema que inicia o estudo da tangente Fonte: Dante, 2005, p.189 A obra conta com um grande número de ilustrações e esboços que facilitam a compreensão dos assuntos, além de chamar a atenção dos alunos. Ao final dos capítulos há um pouco da História da Matemática associada ao assunto trabalhado, numa seção chamada: Leituras. Os demais capítulos sempre se iniciam seguindo um padrão. Uma situação problema é proposta e é explorada, servindo como fio-condutor de todo o capítulo. Na introdução dos novos capítulos, há uma pequena conversa com os alunos, em que se faz a conexão entre o que já foi ensinado e o que está por vir, antecedendo a situação problema. Quando se faz necessário, o autor faz uma pequena revisão de conceitos anteriores. Os exercícios contam com muitos desenhos, são diversificados, apesar de apresentados todos juntos, em forma de uma lista. 37 O autor não menciona distribuição dos conteúdos em eixos, mas deixa clara sua opção por atividades relacionadas ao cotidiano, considerando-se a quantidade expressiva de atividades aplicadas em sua obra. Utiliza atividades investigativas, na seção para refletir, problemas práticos, problemas básicos de fixação, problemas que pedem demonstração, desafios para serem resolvidos em dupla, atividades com calculadora. Para permitir uma visão dos tipos de exemplos e exercícios contemplados na obra, agrupamos os mesmos segundo três categorias, por nós estabelecidas: atividades de fixação básica, atividades de aplicação e atividades que pedem demonstração: Atividade de Atividades de Atividades de Total fixação básica aplicação demonstração Exemplos 40 11 18 69 Exercícios 126 41 12 179 Quadro 8: Distribuição exemplos exercícios a partir das categorias estabelecidas pelas pesquisadoras Fonte: Dados de Pesquisa Constatamos a preocupação do autor com o rigor visto o número de demonstrações feitas ao longo da obra. Percebemos que a maioria dos exercícios e exemplos são de atividades de fixação básica, seguidas de atividades aplicação e exemplos de demonstrações. O número de exercícios das seções especiais dessa obra está relacionado no Quadro 9: Seção Descrição Exercícios na obra Estimulam o trabalho coletivo, e o raciocínio Desafios em dupla 4 criativo. Atividades exploratórias que objetivam que o Para refletir aluno descubra propriedades que ainda não 64 conheça. Aborda fatos históricos relacionados à Leitura 2 Matemática. Atividades com Atividade que explora o uso da tecnologia 2 calculadora calculadora. Iniciam capítulos e norteiam o trabalho ao longo Situações problema 2 do mesmo. Quadro 9: Seções especiais, suas descrições e quantidades ao longo da unidade trigonométrica da obra DANTE, 2005. 5 Fonte: Dados da pesquisa 5 Quadro e distribuição realizados pelas pesquisadoras a partir de análise do manual pedagógico da obra. 38 Nesta obra, diferente das demais, o estudo dos fenômenos periódicos é feito separadamente e ao final da unidade. Destacamos nesse capítulo o número de aplicações a outras áreas do conhecimento. 2.2.4 A título de comparação Após um estudo das obras citadas, percebemos semelhanças e algumas diferenças quanto à introdução do conteúdo, abordagem metodológica adotada, exercícios propostos. O Quadro 10, busca destacar as similaridades e singularidades de cada obra. Coleção Introdução do conteúdo Abordagem metodológica Divide o conteúdo em três eixos: conteúdos práticos, básicos e formais. 1- Matemática e suas tecnologias Inicia-se com um enfoque histórico, citando um problema trigonométrico da Grécia Antiga. 2- Matemática Ensino Médio Inicia-se com uma situação problema relacionando o tamanho das sombras e alturas de objetos. 3- Matemática Dante Inicia-se o capítulo com Predominam uma retrospectiva exercícios de fixação histórica e uma situação básicos, mas se problema, contextualizada sobressaem exercícios e norteadora de todo o aplicados sobre capítulo. demonstrações. Quadro 10: Comparação das três obras analisadas Fonte: Dados de pesquisa Divide o conteúdo em três eixos: Números e Álgebra, Geometria e Medida e Análise de dados. Resolução de problemas contextualizados. Exercícios propostos Predominam exercícios referentes a conteúdos básicos e formais, poucos exercícios aplicados. Predominam exercícios referentes a Números e Álgebra e poucos de Análise de dados A análise das três obras evidencia uma tendência da forma de abordar o ensino da trigonometria. Se antes o ensino trigonométrico era iniciado pelas definições e seguido de exemplos e exercícios que repetiam procedimentos algébricos, percebemos a tentativa, nestas três obras, de voltarmos os olhos para as aplicações desses conhecimentos trigonométricos. Apesar de ainda predominarem por vezes exercícios algébricos de fixação, notamos uma tendência crescente de trabalhar a partir de situações que exigem aplicações da trigonometria, propondo atividades que estimulem a criatividade e o raciocínio do aluno. 39 As três obras apresentam alguns pontos comuns para o estudo da trigonometria, como: a introdução das razões trigonométricas por meio de semelhança de triângulos não relacionadas a situações do cotidiano, nas duas primeiras obras e muitas demonstrações algébricas, na terceira; evidenciam uma preocupação em alterar, em alguns aspectos, o estudo trigonométrico, na tentativa de tornar o seu ensino mais estimulante e proveitoso pelos alunos. Essa perspectiva é percebida na primeira obra, nas conexões que os autores estabelecem entre as formas de representação trigonométrica e com o diálogo mantido com o aluno ao longo da obra, nas atividades que não esgotam o assunto de uma só vez e permitem ao aluno descobrir as propriedades. Na segunda coleção são propostos projetos de aplicação na área trigonométrica. Na terceira obra a forma de introduzir o estudo trigonométrico e o número de atividades aplicadas atestam as opções do autor em valorizar aspectos do cotidiano do aluno. Na pesquisa desenvolvida tivemos como uma meta importante estimular a criatividade e a motivação dos alunos. Procuramos enfatizar com este trabalho, como a trigonometria está inserida no cotidiano dos alunos e como ela pode facilitar alguns aspectos da vida das pessoas. 2.3 O que dizem as pesquisas sobre o Ensino de Trigonometria Dentre as pesquisas que investigam a trigonometria e o seu ensino analisamos 5 dissertações de mestrado e 23 trabalhos divulgados em congressos ligados à Educação Matemática. Estes trabalhos, sob diferentes olhares e enfoques, buscaram motivar os alunos para o ensino da trigonometria, sugeriram abordagens diversas na tentativa de promover um maior entendimento do conteúdo. Dentre as dissertações analisadas, a de Costa (1997) chamou nossa atenção por conduzir seu experimento de forma comparativa, analisando a influência de três ambientes de aprendizagem: mundo experimental, computador e sala de aula. Seu objetivo era encontrar subsídios para afirmar que tipo de introdução surtiria melhores resultados na aprendizagem das funções trigonométricas no círculo: se o início pelo mundo experimental ou pelo uso do computador. Em nosso trabalho, não pretendemos comparar que tipo de abordagem surtiria melhores resultados. 40 Percebendo a importância em aproveitar esta ideia, utilizando ambientes parecidos com os de Costa (1997) (ambiente experimental e computacional), pretendemos aproveitar as potencialidades de cada um destes ambientes, de forma a conduzir um ensino de trigonometria que permita ao aluno se apropriar de alguns modelos matemáticos trigonométricos, atribuindo-lhes significado. O trabalho de Costa (1997) propõe que o aluno desempenhe um papel ativo e trabalhe em grupo realizando investigações, utilizando tanto material concreto quanto softwares de geometria dinâmica. Consideramos importante investir em tais ideias, valorizando a utilização de ambientes diferenciados. Já Lindegger (2000) apresenta uma proposta de ensino para a trigonometria no triângulo retângulo, no qual também utiliza material concreto, só que em forma de maquetes ou triângulos de madeira e papel. Nossa pesquisa pretende explorar medidas e proporcionalidade assim como Lindegger (2000), mas numa abordagem com referência na realidade do aluno, representada por medição de paredes da sala de aula e elaboração de croquis e maquetes de algumas edificações da cidade. Lindegger (2000) valorizou o trabalho em grupo e conduziu sua investigação partindo de situações particulares, práticas, para depois generalizar. Buscou contextualizar e dar significado ao conhecimento que o aluno adquiria. É nosso interesse, também, que os alunos se apropriem dos conceitos, atribuindo-lhes significado, para depois lhes apresentarmos as definições e generalizações. Acreditamos que este caminho possa propiciar que o conteúdo seja compreendido pelos alunos. Oliveira (2006) concentrou seus esforços em avaliar as dificuldades enfrentadas por professores no ensino de Trigonometria. Seu objetivo era categorizar as dificuldades relacionadas por professores e propor formas de se trabalhar minimizando os efeitos nocivos destas dificuldades sobre o ensino. A metodologia utilizada em seu trabalho foi a Engenharia Didática, metodologia que também inspirou nosso trabalho. Algumas das dificuldades citadas por ele, também nós enfrentamos durante o desenvolvimento de nossas atividadespiloto, o que demandou de nossa parte uma reestruturação das atividades para sua adequação ao trabalho que aqui será apresentado. As dificuldades, em nossa percepção, comuns ao trabalho de Oliveira (2006) foram: grande número de alunos por sala; dificuldades apresentadas pelos alunos, como, não ter habilidade com o 41 material de desenho, terem poucas atitudes positivas ao iniciar o trabalho, demorar para terminar as atividades. Brito e Morey (2004) também abordaram dificuldades apresentadas por professores no ensino da trigonometria. Sugerem que a dificuldade enfrentada pelos professores está relacionada a sua formação inicial e às abordagens em trigonometria que os livros didáticos traziam quando estes professores ainda frequentavam a educação básica. Os resultados deste artigo corroboram nossa preocupação em evitar a formalização precoce de conceitos e sua memorização sem significado. Visto que os professores pesquisados apresentavam dificuldades em conceitos como simetria e proporcionalidade, porque em sua formação não experienciaram situações que relacionassem as representações, geométrica e algébrica nos estudos de trigonometria, não compreendiam o assunto em sua totalidade. Apenas a faceta da álgebra da trigonometria havia sido enfatizada e de forma distanciada das demais, o que resultou em insegurança ao tratar do assunto com seus alunos, impossibilitando que desenvolvessem com os alunos o conteúdo integrando as abordagens da geometria e da álgebra de forma significativa. Pinheiro (2008) abordou em seu trabalho as funções trigonométricas no círculo, unindo a álgebra e a geometria, através de desenhos que permitiram a visualização e análises geométricas de suas propriedades. Utilizou um plotador de gráficos6 ao final de suas atividades para confirmar as construções feitas com papel e lápis. Neste trabalho, chamou-nos a atenção a exploração da visualização e das análises geométricas do desenho no círculo trigonométrico, minimizando o uso de fórmulas, explorando a compreensão do conceito. Consideramos que o autor adotou uma linha investigativa por meio de atividades ainda num modelo de descoberta guiada, segundo Ernest (1996). Concordamos que esta pode ser uma abordagem proveitosa, se nos preocupamos com a assimilação de conceitos. Borges (2009) analisou a influência de atividades manipulativas e o uso do computador na aprendizagem da transição das razões trigonométricas do triângulo retângulo para o círculo trigonométrico. Optamos também por utilizar, o software Geogebra, pois também acreditamos em suas potencialidades na transição do círculo para o plano cartesiano. 6 Entendemos por plotador de gráficos um programa computacional, ou software, que desenhe gráficos, não dinâmicos, uma vez inseridas as funções referentes aos gráficos. 42 Quanto aos artigos analisados, destacamos alguns pontos que consideramos relevantes em relação a nossa pesquisa. Blackett e Tall (1991) analisaram em seu trabalho como meninos e meninas se comportariam frente ao ensino trigonométrico subsidiado pelo uso de recursos computacionais. O objetivo era verificar como este recurso influenciaria na aprendizagem de meninos e meninas. Assim como os autores, acreditamos nos benefícios de uma abordagem computacional. O artigo deixou evidente que o uso de softwares dinâmicos pode melhorar a compreensão de conceitos, uma vez que relacionam propriedades numéricas, algébricas e geométricas do mesmo conteúdo, de forma versátil, conferindo aos alunos a possibilidade de ligarem habilidades visuais a numéricas. Kendal e Stacey (1998), assim como Costa (1997), comparam dois métodos de introduzir um conceito trigonométrico. Mas, diferente de Costa (1997) que analisou a introdução das funções trigonométricas seno e cosseno no círculo trigonométrico, Kendal e Stacey (1998) abordam a trigonometria no triângulo retângulo. Os métodos analisados pelas autoras foram: o método proporcional7 e o do círculo unitário8. A pesquisa indicou que os alunos cujo trabalho se iniciou pelo método proporcional apresentaram melhores resultados, evidenciando que este método é mais indicado quando o que se pretende é o estudo das aplicações das ideias da trigonometria para resolver triângulos e os aplicativos práticos a eles associados. Acreditamos, assim como as autoras, que o método proporcional seja o mais simples e que possibilite que alunos, com diferentes capacidades de aprendizagem, possam superar suas dificuldades e compreender os conceitos envolvidos. Quanto ao método do círculo unitário, as autoras acreditam que ele poderia trazer benefícios a longo prazo, pois o consideraram ideal para a extensão das definições das funções trigonométricas para além do primeiro quadrante. Mas os resultados do estudo indicam cautela antes de escolhê-lo. 7 As autoras definem o método proporcional aquele que parte da semelhança de triângulos para definir as razões trigonométricas no triângulo retângulo. 8 As autoras definem o método do círculo unitário aquele que parte da circunferência de raio um para definir as razões trigonométricas seno e cosseno como funções de números reais e não mais relacionadas a ângulos e triângulos. 43 Em Weber (2005) comparou-se a eficiência de dois métodos de aprendizagem das funções trigonométricas: um através de aula expositiva e um através de instrução experimental, utilizando um modelo de círculo unitário. O artigo evidenciou que o segundo método surtiu mais efeito, porém são feitas ressalvas quanto ao uso do método do círculo unitário, não acreditando que todas as formas de uso desse método conduziriam o aluno a ser bem-sucedido. Assim como Weber (2005) e Lindegger (2000) consideramos importante realizar atividades em grupos, fazer discussões e sínteses de resultados das atividades em sala e para casa e utilizar recursos computacionais e de desenho. Estas abordagens valorizam o raciocínio do aluno e o auxiliam a organizar e sistematizar o que está aprendendo. Sidericoudes (1999) apresenta uma experiência que usa o brinquedo Lego associado ao ambiente computacional LOGO, a atividade propicia um envolvimento do aluno na resolução de problemas em sala de aula, matematizando situações e aplicando diversos métodos matemáticos, o que converge com nossa proposta. As razões trigonométricas no triângulo retângulo são introduzidas à medida que a necessidade de encontrar um ângulo de inclinação se faz presente. O ponto central desse trabalho é o aprendizado através do fazer. “O aluno aprende fazendo.” (SIDERICOUDES, 1999, p.9). Costa (2003) destaca aspectos sobre os objetivos do ensino da trigonometria, o seu desenvolvimento no mundo antigo a partir de necessidades práticas, principalmente ligadas à Astronomia, Agrimensura e Navegação. As bases para seu desenvolvimento foram as necessidades relativas à vida prático desses povos. Houve grande evolução e sua aplicabilidade foi ampliada a outras áreas da Matemática, recebendo a vertente algébrica. Mas a Álgebra, assim como a Geometria representam partes importantes, mas não precisam se contrapor ao aspecto de solucionar problemas com referência na realidade das pessoas. Também numa linha histórica, Mendes (2002), fez uma análise de como o ensino da trigonometria era abordado em livros didáticos desde o início do século XX até meados dos anos 80. O autor criticou a fragmentação deste assunto e pontua as tentativas criativas, da época, de introdução e combinação da trigonometria com suas vertentes geométrica e algébrica. 44 Silveira e Balieiro Filho (2010) abordaram a trigonometria no triângulo retângulo e o círculo trigonométrico, baseando-se na evolução histórica do conceito, a partir de uma postura investigativa. O artigo descreve atividades que partiam de um texto relativo ao desenvolvimento histórico desse conhecimento, seguido de exercícios propostos. A abordagem é interessante, visto que o hábito de leitura entre estudantes em matemática é por vezes escasso. Ainda nesta linha histórica, destacamos o trabalho de Esteve, Vallhonesta e Puit (2010), que tratam da história da trigonometria a partir da análise de trechos trigonométricos nos Elementos de Euclides. Como esta abordagem mescla geometria e trigonometria, torna-se estimulante e interessante para os alunos. As idéias de Quinlan (2004) recomendam imergir os alunos no contexto do novo trabalho, deixando termos técnicos para um segundo momento. Assim como Lindegger (2000), o autor incentiva ir do particular para o geral, do concreto para o abstrato, evitando as definições logo no início. Kemp (2009), também nesta linha, estimula analisar a repetição das propriedades para depois formalizar o conceito. Cavanagh (2008) não define as razões trigonométricas logo de início. Ele realiza, primeiramente, um trabalho explorando inclinações de retas e depois um trabalho aplicativo, buscando resolver um problema com referência na realidade, calcular a altura do mastro de uma bandeira, para só depois introduzir a definição formal. Iniciou-se pela tangente e depois foram sugeridos outros problemas que exigiram o uso do seno e do cosseno, quando estes conceitos foram introduzidos. Steer, Vila e Eaton (2009a, 2009b) exploraram o conceito trigonométrico com atividades investigativas antes de defini-lo formalmente e usaram o computador como forma de manipular as formas geométricas. Steer, Vila e Eaton (2009a, 2009b) sugeriram utilizar métodos diferentes para o estudo do triângulo (método da proporção) e do círculo trigonométrico (método do círculo unitário) já que os dois métodos trazem contribuições positivas para o estudo da trigonometria, cada um aplicado a uma parte do conteúdo. Silva e Santos-Wagner (2010), Gil e Mendes (2010) e Briguenti (2000), exploraram a utilização de materiais manipuláveis como recurso para auxiliar o aluno em seu processo de ensino e aprendizagem. Briguenti (2000) mencionou, ainda, a forte influência da representação gráfica em seu trabalho e o fato de apresentar os 45 conceitos informalmente, para, somente depois, em momento oportuno, retomá-los e ensiná-los formalmente. Pietrobon, Costa e Souza (2010) propuseram atividades com diversas abordagens para o estudo da trigonometria no triângulo retângulo. Dentre estas atividades destacamos: construção de um instrumento que se parece com um teodolito, vídeos sobre telhados e suas inclinações, observação de telhados da cidade, construção de maquetes para analisar razões trigonométricas no triângulo retângulo, desenhos com régua, transferidor e compasso. Pietrobon, Costa e Souza (2010), também defendem o uso de instrumentos tecnológicos para otimizar o tempo gasto no desenvolvimento de atividades, resguardando ao aluno o tempo para a análise e compreensão de propriedades. Consideramos que os autores concordam com Franchi (2007), ao afirmar que o ensino pode dar uma ênfase menor às técnicas e priorizar a compreensão de conceitos e sua apropriação pelos alunos. Assim como Sidericoudes (1999) e Steer, Vila e Eaton (2009a, 2009b), que investiram em recursos computacionais e softwares para o desenvolvimento de suas atividades, Góes e Colaço (2009), Carvalho et al (2009), Lima Filho, Rocha e Cavalcanti (2007), também utilizaram softwares em seus trabalhos. Góes e Colaço(2009) utilizaram o software “Car Metal”, uma adaptação do régua e compasso, que permite a visualização e manipulação de desenhos. Carvalho et al (2009) utilizaram o software S.E.T.9 para explorar a trigonometria no círculo trigonométrico. Lima Filho, Rocha e Cavalcanti (2007) fizeram uso do software LEMAT para ensinar os alunos a desenhar as funções seno e cosseno e analisar as variações ocorridas quando se modificavam os parâmetros que compunham as funções. Com todos estes trabalhos que fazem uso de recursos tecnológicos, nossa pesquisa compartilha o interesse pelo uso de softwares de geometria dinâmica para visualizar e relacionar propriedades que não poderiam ser exploradas em desenhos feitos com papel e lápis, pelo fato de que além de demandarem muito tempo, poderiam ter imperfeições que comprometeriam as análises. 9 Segundo os autores o software S.E.T. foi desenvolvido para ser um software educativo com características de exercícios e atividades práticas, quanto de simulações. 46 Considerando os trabalhos analisados até o presente momento temos elementos para delinear e descrever nossa proposta identificando seu diferencial em relação às pesquisas já comentadas. Nosso trabalho propõe uma abordagem da trigonometria baseada numa “engenharia de modelagem”. Entendemos um trabalho como engenharia da modelagem uma atividade que seja inspirada na Engenharia Didática, com suas etapas de análises prévia, à priori e à posteriori, mas que leve em conta o caráter mais aberto do processo de modelagem, não se conformando totalmente dentro da engenharia. Nesse formato, temos dois focos: a) A modelagem a partir de materiais concretos: plantas baixas, esquadros, réguas, transferidores, paredes, telhados, escadas, rampas; b) A modelagem a partir de modelos abstratos: a) Com papel e lápis; b) Em ambiente computacional. O pano de fundo do trabalho desenvolvido foi um projeto proposto aos alunos: Enxergando e Modelando a Trigonometria das construções da cidade. Os alunos foram estimulados a analisar construções da cidade e extrair delas a trigonometria implícita em suas formas, elaborando desenhos e maquetes que utilizaram escalas, modelos trigonométricos abstratos com referência na realidade. A partir dos dados trazidos pelos alunos, o conteúdo trigonométrico foi sendo abordado e oportunamente formalizado, fazendo uso do recurso computacional à medida que o conteúdo assim permitia. Diferindo dos trabalhos analisados, que utilizaram um software dinâmico específico, optamos pela utilização de applets10 construídos com a ajuda do software Geogebra. Tal opção foi devida a impossibilidade em instalar um software de geometria dinâmica nos computadores da escola, em que a pesquisa foi realizada e da necessidade em utilizar ferramentas que permitissem aproveitar as potencialidades dos softwares sem esbarrar no inconveniente de não poder instalálos. 10 Entendemos por applets pequenos programas feitos em linguagem Java, disponibilizados em servidores Web, que não precisam ser instalados nos computadores onde serão utilizados e que desempenham tarefas próximas às desempenhadas por softwares dinâmicos. 47 2.4 Possibilidades do uso de modelos matemáticos e modelagem no ensino da trigonometria Nessa seção abordaremos perspectivas de modelagem de alguns autores, acerca de delinearmos a concepção de modelagem adotada. Discorreremos sobre alguns modelos trigonométricos clássicos que consideramos importantes para a pesquisa. 2.4.1 Modelagem e modelos matemáticos no ensino de Matemática. Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio de Matemática apontam, como uma das metas a perseguir durante a educação básica, o desenvolvimento da competência para investigar e compreender a realidade. Para isso os alunos devem ser capazes de reconhecer, utilizar, interpretar e propor modelos para situações-problema. Dessa forma, devem ser incentivados o uso e a elaboração de modelos e das várias formas de representação em matemática para analisar situações reais. (BRASIL, 1999). Essa orientação sustenta-se, no fato de que o gosto pela matemática se desenvolve mais facilmente quando é motivado por interesses e estímulos externos à Matemática, vindos do cotidiano dos alunos, imersos em seu contexto, em sua realidade. (BASSANEZI, 2009). A Matemática aplicada pode propiciar um ambiente favorável de motivação e envolvimento dos alunos. Esta transferência de procedimentos da matemática aplicada para a matemática escolar vem se configurando na forma de propostas metodológicas conhecidas com o nome de “Modelagem11”. (BEAN, 2001). Ações em prol da Educação Matemática no Brasil têm influenciado reformulações curriculares e a implantação de novas propostas pedagógicas. Dentre 11 Adotaremos o termo Modelagem todas as vezes em que nos referirmos à Modelagem Matemática em nosso texto, a fim de não sobrecarregá-lo com expressões desnecessárias, visto que a Modelagem abordada nele é a Matemática. 48 estas tendências atuais de ensino, destaques são feitos à modelagem e ao uso de modelos matemáticos, como formas de compreender a matemática e relacioná-la a outras áreas de conhecimento e a situações reais. (BIEMBENGUT, 2009). “Trata-se de uma das tendências que viabiliza a interação da Matemática com a realidade.” (FIDELES; ALMEIDA, 2004, p.3). A Educação Matemática tem como meta melhorar a aprendizagem da Matemática, direcionando o ensino desta disciplina para que os alunos percebam seu significado dentro da estrutura sócio-cultural em que vivem e que devem aprender matemática para participar da construção do conhecimento, tendo em vista a necessidade humana de entender a natureza. [...] A Modelagem Matemática busca trabalhar os conteúdos matemáticos de uma forma que possibilite a construção dos conceitos matemáticos, buscando as relações destes com o dia-a-dia, sua aplicação, utilização e importância. (BARBIERI; BURAK, 2005, p.2). Sendo assim, no processo de modelagem matemática, expressam-se situações–problema através da linguagem matemática, visando uma análise mais aprofundada de partes de um problema, sua compreensão, levantamento de possíveis causas desse problema e hipóteses para solucioná-lo. (BIEMBENGUT; HEIN, 2007). Dentre as muitas pesquisas realizadas nessa área, percebemos o uso da modelagem matemática a partir de diferentes perspectivas. “A Modelagem Matemática não tem um estatuto definido. Não é possível redigir um manual de instruções sobre a construção de modelos”. (HEIN; BIEMBENGUT, 2007, p.35). Não há consenso acerca de seu conceito no campo da Educação Matemática. (RIPARDO; OLIVEIRA; SILVA, 2009). Sob certo aspecto essas diferentes formas de abordagem podem ser um ganho para as pesquisas em Modelagem Matemática na Educação; cada professor pode desenvolver suas próprias atividades de modelagem, junto de seus alunos, respeitando suas particularidades e se adequando a sua realidade. (RIPARDO; OLIVEIRA; SILVA, 2009). Quando nos referimos a realidade, nos referimos às condições socioeconômicas, ao espaço físico e de tempo na escola e as condições cognitivas dos alunos. Monteiro e Almeida (2010) entendem a Modelagem Matemática como uma possibilidade de interação entre diferentes práticas dentro da escola, e não a implantação de uma prática específica. As autoras visualizam o papel da escola como o de garantir aos estudantes o maior número de situações diversificadas no 49 processo de ensino. Vêm na Modelagem Matemática um ambiente de aprendizagem favorável a essa interação entre diversas práticas no contexto escolar. A Modelagem Matemática pode, assim, ser utilizada de diferentes maneiras em sala de aula, cabendo ao professor escolher a forma mais adequada para abordá-la de acordo com sua turma e suas necessidades de aprendizagem. O objetivo da modelagem escolar não está em treinar técnicas matemáticas, mas concentrar seus esforços na simulação da realidade a qual se escolhe pesquisar, objetivando um ensino de Matemática contextualizado. (BORGES, 2010). São muitas as produções no campo da modelagem na Educação Matemática. Para uma revisão de literatura nos pautamos em Klüber (2009) que, partindo da análise de 42 comunicações científicas apresentadas na V Conferência Nacional sobre Modelagem na Educação Matemática, destacou os autores de modelagem mais citados como referência nos trabalhos apresentados. Os seis autores mais citados foram: Barbosa, Bassanezi, Almeida, Biembengut e Hein, Araújo e Burak. Destacaremos como esses autores concebem o ensino por meio da modelagem, complementando com a referência a outros autores cujas concepções e visões da modelagem no ensino da Matemática estão de acordo com a que adotamos. Para Bassanezi (2009), a modelagem no ensino é uma estratégia de aprendizagem, em que o mais importante não é encontrar imediatamente um modelo definitivo e bem elaborado, mas caminhar seguindo etapas, nas quais o conteúdo matemático vai sendo sistematizado e aplicado. Seus objetivos incluem desenvolver a criatividade matemática do aluno no sentido de torná-lo um modelador matemático ao se dedicar ao estudo de alguma situação com referência em sua realidade. Para este autor, é necessário buscar estratégias alternativas de ensino-aprendizagem que facilitem sua compreensão e utilização. A modelagem matemática, em seus vários aspectos, é um processo que alia teoria e prática, motiva seu usuário na procura do entendimento da realidade que o cerca e na busca de meios para agir sobre ela e transformá-la. (BASSANEZI, 2009, p.17). Segundo Bassanezi (2009), a participação dos alunos na escolha do tema de trabalho é muito importante, pois faz com que eles se sintam responsáveis por sua aprendizagem e sua atuação torna-se mais efetiva. O que converge com as ideias 50 de Miranda (2009), ao afirmar que enquanto uma estratégia de ensino a intenção em utilizar a modelagem é de aproximar o ensino da Matemática da área de interesse do aluno, aumentando seu envolvimento com a própria aprendizagem Para Bassanezi (2009) o desafio do professor, que adota este caminho como método de ensino, é ajudar o aluno a compreender, construindo relações matemáticas significativas, em cada etapa do processo. A modelagem matemática pode ser um dos caminhos a serem seguidos para tornar um curso de matemática mais atraente e agradável, independente do nível de ensino. Na perspectiva de Araújo (2007), o uso de Modelagem Matemática na Educação Matemática trata-se de: uma abordagem, por meio da Matemática, de um problema não-matemático da realidade, ou de uma situação não-matemática da realidade, escolhida pelos alunos reunidos em grupos, de tal forma que as questões da Educação Matemática Crítica embasem o desenvolvimento do trabalho.(ARAÚJO, 2007, p.30). Com este enfoque a autora sugere que o objetivo da Modelagem Matemática seria envolver os alunos na discussão e resolução de problema levantado a partir da realidade do aluno. Araújo (2009) defende uma abordagem de modelagem numa perspectiva sócio-crítica, que não se preocupe, apenas, em munir os estudantes de ferramental matemático e apresentar-lhes exemplos de aplicação da matemática em sua realidade, mas que os faça refletir sobre a presença e a influência da Matemática na sociedade. Cifuentes e Negrelli (2007) afirmam que para compreender um processo de modelagem matemática em situações não matemáticas, faz-se necessário uma interpretação empirista desse processo, devido ao caráter experimental atribuído à modelagem. Toda realidade estudada é captada através de algum tipo de experiência, que pode ser sensorial ou intelectual. Esta experiência pode ser entendida como o contato com a realidade. Para Biembengut e Hein (2007) a modelagem é um processo oriundo da própria razão que participa de nossa vida como forma de constituir e de expressar um conhecimento. É um processo que envolve a obtenção de um modelo que pode ser formulado em termos familiares, fazendo uso de expressões numéricas ou 51 fórmulas, diagramas, gráficos ou representações geométricas, equações algébricas, tabelas, programas computacionais etc. Segundo Hein e Biembengut (2007), dentre as limitações que rodeiam o ensino da Matemática, a primeira delas é que a Matemática, enquanto ciência tem o papel de desenvolver e construir estruturas formais. Mas, não podemos negar que a realidade já possui certas estruturas. Logo não se pode afirmar com segurança, que estruturas captadas pela mente, correspondem ao contexto real e quais são devidas às abstrações do pensamento, tentando conceber, estruturar e informar essa realidade. As estruturas formais finais representarão abstrações e reelaborações dos objetos materiais reais, captados por nossa mente, logo, representarão construções do espírito humano. Vale lembrar que “a matemática não nasceu como ciência pura, mas como uma tentativa de explicar a realidade que o homem tinha à sua frente, centrada na aplicação à realidade”. (HEIN; BIEMBENGUT, 2007, p.45). E há um consenso a respeito de seu ensino precisar voltar-se para a promoção do conhecimento matemático e da habilidade em utilizá-lo em outro ambiente além do escolar, propiciando ao aluno uma formação sólida em primeiro lugar. (BIEMBENGUT; HEIN, 2007). De acordo com Caldeira (2007), a matemática apresenta-se camuflada no cotidiano e as pessoas não necessariamente percebem a sua importância como um instrumento da compreensão do mundo; a Matemática é vista como um elemento utilitário apenas quando é necessária na resolução de alguns problemas cotidianos. Conceitos matemáticos institucionalizados, como os encontrados nos livros, sob o ponto de vista epistemológico, não foram colocados prontos e acabados. Eles foram construídos e reconstruídos a partir do que a comunidade já conhecia, e que era reconhecidamente válido para ela. Para este autor, sob a perspectiva da Modelagem Matemática, como método, o estudante vê regras Matemáticas e convenções a serem “aplicadas” a contextos da sua realidade, favorecendo uma maior participação aos estudantes no processo educacional. A diferença fundamental, nesse caso, é que, no primeiro, as regras e convenções vêm antes, transmitidas pelo professor, e, somente depois, as aplicações, já na Modelagem Matemática como método; invertese a ordem: primeiro, as aplicações; depois, as regras e convenções. Mas sempre a mesma e única matemática. (CALDEIRA, 2009, p.45). 52 No processo de modelagem, de acordo com Biembengut e Hein (2007), destacamos as seguintes etapas: interação, matematização e modelo. O objetivo principal desse trabalho é criar condições para que os alunos aprendam a fazer modelos matemáticos de naturezas diversas, geométricos, algébricos ou numéricos, aprimorando seus conhecimentos. Espera-se com esta abordagem: incentivar a pesquisa, desenvolver a habilidade em formular e resolver problemas, lidar com temas de interesse dos alunos, aplicar conteúdo matemático e desenvolver a criatividade. O papel do professor, na perspectiva de Biembengut e Hein (2007), na implementação da modelagem matemática é de suma importância, para orientar e acompanhar os alunos no desenvolvimento do trabalho, principalmente no momento da escolha do tema; utilizar estratégias que facilitem aos alunos a escolha de um assunto abrangente, motivador e sobre o qual seja fácil obter dados ou informações. Santos e Bisognin (2007) vêm na modelagem uma possibilidade para que alunos percebam a importância da Matemática apresentada na escola, uma vez, que ao usar a modelagem matemática, o professor tem nas mãos a chance de transformar sua prática em algo que apresente motivação e interesse, desperte a vontade de aprender, a participação e a colaboração, tenha aplicabilidade e utilidade, exija a investigação e a pesquisa, reflexão e crítica. As autoras destacam que professores de matemática precisam refletir sobre a falta de situações de interesse, curiosidade, criatividade e motivação em suas aulas e buscar criar ambientes que propiciem momentos de construção de conhecimento, de descoberta, de troca de idéias, de produção de significados e de crítica, tratando questões e assuntos do dia-a-dia, partindo do cotidiano do aluno. Para Almeida e Ferruzzi (2009), a modelagem matemática se refere à busca de uma representação matemática para um objeto que pode ser matemático ou não. Tal visão é compartilhada por Almeida e Vertuan (2010) e Sousa e Almeida (2008). Desta forma não restringem a abordagem de modelagem a situações externas à matemática, podendo haver a modelagem a partir de situações dentro da própria Matemática. As autoras, Almeida e Ferruzzi (2009), vêm nas atividades de Modelagem uma prática investigativa que considera a criatividade e a curiosidade dos alunos como ferramentas que podem possibilitar a construção de seus conhecimentos 53 matemáticos. As atividades de Modelagem estão intimamente ligadas às experiências cotidianas e os conhecimentos matemáticos suscitados por meio dessas atividades se organizam em torno de experiências e abstrações dos alunos, ao longo do processo. (ALMEIDA; VERTUAN, 2010). Segundo Santos e Bisognin (2007), os alunos demonstram interesse pela Matemática quando percebem sua aplicação no cotidiano. O ambiente favorável à aprendizagem que se cria durante a aplicação de atividades de modelagem permite que a Matemática deixe de ser uma disciplina de difícil aprendizagem. As autoras apontam motivos para incluir a Modelagem no currículo escolar: motivação; facilitação de aprendizagem; desenvolvimento de habilidades gerais de exploração. A utilização da Modelagem nas aulas pode auxiliar de modo significativo para a aprendizagem da Matemática. Porque além da motivação que o assunto pode gerar, o aluno tem a oportunidade de perceber as diferentes facetas da Matemática, em seu cotidiano percebendo sua importância. (FRANCHI, 2007). Burak (2005) deixa transparecer em seus trabalhos a evolução de sua concepção de modelagem. Inicialmente, via na modelagem matemática um modo de trabalhar com a matemática visando superar o ensino que enfatizava a memória, as regras, os algoritmos prontos em detrimento do pensamento matemático. A partir do momento em que essa forma de ensinar elegeu o interesse do aluno como princípio, se deu o rompimento com a forma usual de se tratar o processo de ensino da Matemática nas escolas. Nesta fase de seus estudos, ainda inseguro, destaca que a preocupação maior em seu trabalho era empregar, nas atividades de Modelagem, os conteúdos matemáticos das séries nas quais trabalhava. Com a evolução de seu trabalho e seu amadurecimento enquanto adepto da Modelagem Matemática, Burak pôde perceber a Modelagem Matemática como uma Metodologia de Ensino de Matemática, um conjunto de procedimentos que objetivam deflagrar formas de se explicar matematicamente fenômenos presentes no cotidiano do ser humano, podendo ajudá-lo a tomar decisões e fazer inferências; parte-se de um tema de interesse de um grupo de pessoas e os dados coletados são retirados dos locais de interesse dessas pessoas. (BURAK; BRANDI, 2010). Para favorecer o processo de Modelagem Matemática em sala de aula, Burak (2010) descreve etapas a serem seguidas, deixando claro que tais etapas não devem ser tomadas de forma rígida e inquestionável: 1)Escolha do tema; 2)pesquisa 54 exploratória; 3)levantamento do(s) problema(s); 4)resolução do(s) problema(s) e o desenvolvimento dos conteúdos no contexto do tema; 5)análise crítica da solução. Burak (2010) enfatiza a necessidade de quem se propõem a abordar a Matemática por meio da Modelagem de ter clareza da opção por essa abordagem e não por outra. Toda prática educativa tem implícitas concepções de ensino e de aprendizagem e não há garantias de que o simples uso de uma metodologia surtirá os efeitos de aprendizagem esperados. Para Barbosa (2001, 2004, 2007) a Modelagem Matemática pode ser vista como um ambiente de aprendizagem no qual os alunos são convidados a investigar, através da matemática, situações com referência em sua realidade. Sob o olhar deste autor podemos pensar a sala de aula como um ambiente de modelagem riquíssimo, associado à problematização e à investigação. O autor associa a Modelagem ao modelo abstrato de um “guarda-chuva”, “onde cabe quase tudo”. (BARBOSA, 2004, p.1). Não com a intenção de limitar e criar fronteiras definidas de uma forma ou outra de modelagem, mas para atentar aos que pretendem realizar atividades de modelagem que faz-se necessário ter clareza sobre que concepção de modelagem será adotada, sob que perspectiva de modelagem serão elaboradas e conduzidas as atividades a serem aplicadas aos alunos. As atividades de Modelagem podem ser vistas como oportunidades de experimentação de papéis que a Matemática exerce na sociedade. Não devem ser tomadas como “fins em si mesmas”, mas formas de se analisar a realidade. A modelagem é uma das abordagens em educação matemática que favorece a construção do conhecimento matemático pelo aluno, mas não é a única e nem autossuficiente. (BARBOSA, 2001). Enquanto ambiente de aprendizagem, a modelagem pode estimular os alunos à investigação e à indagação de realidades, por meio da matemática. Realidades que podem ou não estar diretamente relacionadas à Matemática. (BARBOSA, 2001; SOUSA; ALMEIDA, 2008; ALMEIDA; FERRUZI, 2009; ALMEIDA; VERTUAN, 2010; KATO et al, 2010). Em ambientes de modelagem os alunos desenvolvem diversas atividades, que preferencialmente são feitas em grupos. Nestes ambientes os alunos podem realizar ações como: operações aritméticas, gerar equações, fazer desenhos, traçar 55 gráficos e, principalmente, produzir discursos. (BARBOSA, 2007). Diversos recursos podem ser utilizados na sala de aula subsidiados pela modelagem, inclusive o uso das Tecnologias de Comunicação e Informação. (BISPO; ARCANJO, 2010). Barbosa (2001) destaca que no Brasil, as atividades de Modelagem estão ligadas a trabalhos de projeto, nos quais os alunos são divididos em grupos e, sob a orientação e acompanhamento do professor, investigam, por meio da Matemática, temas que lhes pareçam interessantes. Associar Modelagem “exclusivamente” ao trabalho com projetos, não é uma ideia que o autor acredita ser viável, pois limita os trabalhos com Modelagem, visto que há outros tipos de atividades de Modelagem que demandam menos tempo, são mais simples e podem ser consideradas. Barbosa destaca diferentes possibilidades de configurar um currículo lançando mão de atividades de Modelagem. Ele classifica essas possibilidades como casos: Caso 1. O professor apresenta a descrição de uma situação-problema, com as informações necessárias à sua resolução e o problema formulado, cabendo aos alunos o processo de resolução. Caso 2. O professor traz para a sala um problema de outra área da realidade, cabendo aos alunos a coleta das informações necessárias à sua resolução. Caso 3. A partir de temas não-matemáticos, os alunos formulam e resolvem problemas. Eles também são responsáveis pela coleta de informações e simplificação das situações-problema. É via do trabalho de projetos. (BARBOSA, 2001, p.8-9). O autor concebe a aplicação de atividades de Modelagem diversas, embasado em pesquisas nacionais e internacionais, como forma de adequação às condições de cada sala de aula, de cada escola e da experiência e confiança de cada professor, como caminhos para que professores e alunos tenham um ambiente propício à aprendizagem. (BARBOSA, 2001). Concordando com Barbosa, Kaiser e Sriraman (2006), também subsidiadas por pesquisas nacionais e internacionais, afirmam não haver um entendimento homogêneo de modelagem e suas bases epistemológicas. Com base nessas pesquisas, destacam perspectivas de modelagem presentes nas produções analisadas: 56 Modelagem realista ou aplicada: com objetivos pragmáticos-utilitaristas, isto é: resolver problemas do mundo real, a compreensão do mundo real, promoção e modelagem de competências; Modelagem contextual: possui objetivos psicológicos relacionados ao assunto, ou seja, resolvendo problemas do contexto do aluno. Modelagem Educacional: dividida em: a)Modelagem didática: com objetivos pedagógicos relacionados à estruturação e aprendizagem de processos; b)Modelagem conceitual: com objetivos pedagógicos relacionados à introdução e desenvolvimentos de conceitos. Modelagem sócio-crítica: possui objetivos pedagógicos como compreensão crítica do mundo que nos rodeia; Modelagem teórica ou epistemológica: com objetivos de teoria-orientada, ou seja, a promoção e desenvolvimento da teoria. (KAISER; SRIRAMAN, 12 2006, p.304, tradução nossa ). Estas perspectivas confirmam que não há uma forma específica e única de se desenvolver atividades de Modelagem. Há uma gama de possibilidades que podem ser exploradas. E argumentos favoráveis a sua implementação nas salas de aula. Destacamos cinco argumentos citados em pesquisas, que defendem a inserção da Modelagem nos currículos escolares: a motivação, facilitação da aprendizagem, preparação para utilizar a matemática em outras áreas do conhecimento, desenvolvimento de habilidades de exploração e investigação e percepção e compreensão do papel social e cultural da Matemática. (BARBOSA, 2004; KATO et al, 2010). O uso da modelagem é justificado, mais uma vez, ao favorecer a aprendizagem, não no sentido do conhecimento transmitido, mas sim quando este conhecimento é reconstruído pelo estudante no espaço criado pela atividade de modelagem, e quando assimilado por este é aplicado em uma situação contextualizada. (FRANCHI, 2007). Para Kfouri e D’Ambrósio (2006), a Modelagem Matemática representa a arte de tornar uma situação do cotidiano, seja escrita ou falada, em linguagem corrente, proposta pela realidade, para uma linguagem matemática simbólica, fazendo surgir um modelo. No Ensino Básico favorece a atribuição de significados em sala de aula. Além disso, a Modelagem: 12 Realistic or applied modelling: Pragmatic-utilitarian goals, i.e.: solving real world problems, understanding of the real world, promotion of modeling competencies; Contextual modeling: Subjectrelated and psychological goals, i.e. solving word problems; Educational modelling; differentiated in a)didactical modelling and b) conceptual modeling: Pedagogical and subject-related goals: a) Structuring of learning processes and its promotion b) Concept introduction and development; Sociocritical modeling: Pedagogical goals such as critical understanding of the surrounding world; Epistemological or theoretical modeling: Theory-oriented goals, i.e. promotion of theory development. 57 ao inverter a seqüência normalmente utilizada no ensino tradicional da Matemática – definição/exemplos/exercícios/aplicações, começando por aplicações/problemas, oferece a oportunidade de implementarmos na sala de aula, um ambiente de aprendizagem contextualizado e desenvolver de forma mais significativa os conceitos matemáticos. (KFOURI; D’AMBRÓSIO, 2006, p.7). A partir da análise dos textos dos autores mencionados, concordamos com Anastácio (2010) que, independente da concepção e definição de modelagem adotada pelo autor, existe a referência a um problema da realidade que poderá ser solucionado mediante um processo de modelagem, que poderá ou não gerar um modelo acerca desse problema. Para esta autora, o objetivo do conhecimento matemático não é refletir nem a realidade nem o pensador em si, mas a realidade representada pela interação entre os dois. Contudo, a natureza aberta presente nas atividades de modelagem não garante que alguns modelos matemáticos estarão presentes nas abordagens dos alunos, no que concordamos com o ponto de vista de Barbosa (2001). Portanto, para utilizar a modelagem para subsidiar o ensino da trigonometria adotamos a perspectiva de modelagem educacional citada por Kaiser e Sriraman (2006), na qual os exemplos do mundo real e suas associações com a Matemática tornam-se um elemento central para a estruturação e o desenvolvimento do ensino e aprendizagem em Matemática; e pautamos nosso trabalho adotando os casos 1 e 2 elaborados por Barbosa, como configurações de inserção de atividades de modelagem no currículo escolar. Concebemos em nosso trabalho a Modelagem inspirada na perspectiva de Barbieri e Burak (2005), uma forma de trabalhar os conteúdos matemáticos, possibilitando a construção de conceitos, buscando relações com o cotidiano, aplicações, utilização e importância na vida dos alunos. 2.4.2 Modelagem e modelos matemáticos no ensino da Trigonometria Podemos considerar um modelo uma representação simplificada de uma realidade, que pode ser fruto da abstração dessa realidade. 58 Consideremos como alguns autores definem modelos e modelos matemáticos. Levy e Epírito Santo (2007) descrevem o modelo como uma imagem mental que se forma quando o intelecto humano tenta compreender e expressar de forma intuitiva uma sensação, estabelecendo relações com algo já conhecido e elaborando deduções e generalizações. Para Franchi “um modelo matemático pode ser explicado como uma representação abstrata de uma parte do mundo real, através de estruturas e conceitos matemáticos”. (FRANCHI, 2007, p.181). Para a autora, o processo de construção de modelos pode favorecer o desenvolvimento de habilidades como: a observação, a exploração, a criatividade, a resolução de problemas. Além de desenvolver a capacidade de buscar informações e analisar possibilidades de utilização de recursos diversos, avaliar soluções, tomar decisões e analisar as conseqüências das ações realizadas. Para Cifuentes e Negrelli (2007), modelar uma realidade, sob uma perspectiva epistemológica, é conhecer tal realidade através de um modelo ou representação. Sob este olhar, o modelo pode ser entendido como uma forma de enxergar a realidade, de perceber o seu sentido. Adequar empiricamente os fenômenos estudados ao modelo representa um recurso epistemológico para a compreensão do modelo e do fenômeno em si. Experiências matemáticas revelam as estruturas íntimas dos objetos matemáticos e seu modo de geração, através da manipulação de suas representações, e para que isso ocorra é necessário intuição matemática. Contudo, percebe-se uma atitude ainda presente na maioria das instituições escolares: o ensino ainda se encontra vinculado à ideia de transmissão de conhecimento pronto e acabado, de caráter utilitário. O modelo didático vigente em sala de aula para as atividades de Matemática, nem sempre apresenta considerações sobre o significado dos objetos matemáticos, não prevê atividades em que estes conhecimentos possam ser reconstruídos pelos alunos e raramente apresenta aplicações. (ALMEIDA; FERRUZZI, 2009). Na Educação Básica, o trabalho desenvolvido por meio da Modelagem, dependendo da concepção que se adote, não prioriza a elaboração de modelos definitivos e totalmente validados. Nesse nível de escolaridade, a maioria dos 59 conteúdos trabalhados faz uso de modelos prontos: funções, equações lineares, formas geométricas, fórmulas e relações trigonométricas. Dependendo da perspectiva de Modelagem adotada o modelo pode ser compreendido como uma representação, que pode contemplar modelos além dos matemáticos, como: plantas de casas, croquis, maquetes, listas de compras. E quando a intenção é expressar uma situação nova, para qual não se tem um modelo definido ainda, aí sim, os modelos podem ser priorizados e construídos. (BURAK, 2010). Em Matemática percebemos a existência de vários modelos de uso consagrado, em suas diversas áreas. Procuraremos discutir alguns modelos clássicos do campo trigonométrico: Triângulo retângulo, Teorema de Pitágoras, razões trigonométricas no triângulo retângulo, círculo trigonométrico, funções seno e cosseno, relações algébricas ou identidades fundamentais da Trigonometria. 2.4.2.1 Triângulo retângulo Chamamos de triângulo retângulo todo triângulo que possui um ângulo reto, ou seja, de 90°. Como “um triângulo não pode ter ma is que um ângulo reto ou obtuso” (JUDICE, 2011, p. 3), os demais ângulos desse triângulo serão agudos. Os lados do triângulo retângulo recebem nomes especiais, podemos dizer que ele é formado por dois catetos e a hipotenusa, que constitui o maior segmento do triângulo e é localizada, sempre, oposta ao ângulo reto. Trata-se de um modelo geométrico presente em muitas construções como: escadas, rampas, telhados, tesouras de sustentação de terraços etc. Estas construções podem ser graficamente representadas por este modelo matemático, que é uma abstração da realidade. 2.4.2.2 Teorema de Pitágoras O Teorema de Pitágoras pode ser enunciado da seguinte forma: 60 Em um triângulo retângulo, o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos pode ser assim representado algebricamente. Na forma algébrica a tese do teorema pode ser escrita como: a2 = b2 + c2 Onde a representa a medida da hipotenusa, b e c as medidas dos catetos. Atribui-se a Pitágoras a primeira demonstração desse teorema, que por sinal, leva seu nome. Mas há indícios de que esse teorema já era conhecido por babilônicos, a mais de um milênio antes de sua primeira demonstração. Sua importância na Trigonometria é inegável, inclusive, desse teorema deriva a relação fundamental da Trigonometria. (COSTA, 2003; EVES, 2004). 2.4.2.3 Razões trigonométricas no triângulo retângulo Desde a Antiguidade, os geômetras se preocuparam com a construção de triângulos e com a resolução de problemas envolvendo essas figuras. [...] Para tratar desses problemas foi criada a Trigonometria, da qual Hiparco foi o grande pioneiro. Com a introdução das razões trigonométricas de um ângulo, foram por ele desenvolvidos os fundamentos dessa disciplina. (JUDICE, 2011, p.4-5). De acordo com Moise e Downs (1971), dada uma correspondência entre dois triângulos, se dois pares de ângulos desses triângulos são correspondentes e congruentes, então esta correspondência representa uma semelhança entre triângulos. Tomando esse corolário como princípio e considerando dois triângulos retângulos com um par de ângulos agudos congruentes, sabemos que os triângulos em questão são semelhantes: ∆ABC ~ ∆DEF. Logo temos: = = A partir de tais relações, podemos estabelecer que : 61 = = = Percebemos que estas razões , e não dependem das dimensões do triângulo; conhecida a medida do ângulo agudo , essas razões ficam determinadas. Tais razões são chamadas razões trigonométricas. Assim, num triângulo retângulo temos a hipotenusa a e ângulos agudos agudos , , opostos respectivamente aos catetos b e c, temos as definições: cos = = (cateto adjacente ÷ hipotenusa) sen = = (cateto oposto ÷ hipotenusa) tg = = (cateto oposto ÷ cateto adjacente) Por analogia, podemos obter cos = , sen = e tg = . C a b A c B Figura 9: Triângulo retângulo ABC Fonte: Dados da pesquisa Tais relações definem o seno, o cosseno e a tangente de um ângulo agudo qualquer, visto que todos os ângulos de um triângulo retângulo, exceto o ângulo reto, são agudos. (LIMA et al, 2006a). É importante perceber que, como também afirmam Moise e Downs (1971), cos , sen e tg dependem única e exclusivamente do ângulo agudo e não do tamanho do triângulo retângulo ao qual pertence. Dois triângulos retângulos quaisquer, que tenham um ângulo agudo igual a semelhantes. são 62 F C A B D E Figura 10: Triângulos retângulos semelhantes Fonte: Dados da pesquisa Se os dois triângulos dados são ABC e DEF com = e = , sendo um ângulo reto, temos dois triângulos retângulos semelhantes. Então a semelhança nos auxilia a afirmar que: = = = sen = sen ; cos então = cos e tg = tg . Concluem que o seno, o cosseno e a tangente estão relacionados ao ângulo e não ao triângulo que os contém. Independente do tamanho do triângulo, mantida a medida do ângulo, os valores de seno, cosseno e tangente continuarão os mesmos. Essa afirmação é baseada no fato de que as razões trigonométricas no triângulo retângulo fazem sentido graças à semelhança de todos os triângulos retângulos nos quais um dos ângulos agudos é , por isso essas razões são sempre as mesmas, independentes do tamanho do triângulo. (LIMA et al, 2006b). Conforme destacam Lima e colaboradores (2006a) “a semelhança de triângulos é a base de sustentação da Trigonometria”. (LIMA et al, 2006a, p. 215). Devido a isso, pensamos nossa proposta também fundamentada em seu início na semelhança de triângulos. Se aplicarmos o Teorema de Pitágoras a um triângulo retângulo ABC, com AB= c, AC= b e BC= a, percebemos que a seguinte relação se estabelece: (cos )2 + (sen )2 = + = = =1, Da situação exposta extraímos a relação fundamental: cos2 + sen2 = 1 Um modelo matemático muito útil, do qual derivam identidades trigonométricas utilizadas, inclusive, em cálculo integral. (STEWART, 2008). 63 2.4.2.4 Círculo trigonométrico Chamamos de círculo trigonométrico a circunferência orientada, de raio unitário, tendo o sentido anti-horário como sentido positivo, com centro no ponto O (0,0), origem do sistema cartesiano. O ponto A (1, 0), ponto de interseção entre a circunferência e o eixo x é a origem de todos os arcos, do qual se parte, podendo percorrer o círculo no sentido positivo ou negativo. (JUDICE, 2011). Os eixos x e y dividem o círculo trigonométrico em quatro partes iguais: os quadrantes. (1,0) O (0,0) Figura 11: Círculo trigonométrico orientado Fonte: Dados da pesquisa Todos os pontos do plano podem ser representados por um par ordenado (x, y) no sistema cartesiano. Numa circunferência orientada os pontos podem ser representados da seguinte maneira: A (cosα, senα), em que o cosα representa a abscissa (x) e o senα representa a ordenada (y) do ponto posicionado sobre a circunferência. 2.4.2.5 Funções seno e cosseno De acordo com Lima et al, A Trigonometria teve seu início na antiguidade, quando se acreditava que os planetas descreviam órbitas circulares em Terra, surgindo daí o interesse em relacionar o comprimento da corda de uma circunferência com o ângulo central por ela subtendido. [...] a origem da palavra seno vem de uma tradução equivocada do árabe para o latim, em que confundiu-se o termo jiba (corda) com jaib (dobra, cavidade, sinus em latim). (LIMA et al, 2006a, p.213). 64 O papel inicial da Trigonometria estava associado com a resolução de problemas que podiam ser relacionados a triângulos. Mas Com a criação do Cálculo Infinitesimal, e da Análise Matemática, surgiu a necessidade de atribuir às noções de seno e cosseno suas associadas tangente, secante, cossecante, cotangente, o status de função real de uma variável real. (LIMA et al, 2006a, p. 213). Se observarmos a relação fundamental, percebemos que ela sugere que, para todo ângulo α, os números cosα e senα são coordenadas de um ponto de uma circunferência de raio 1 e centro na origem de ℝ2. (LIMA et al, 2006a). Os autores indicam com a notação C essa circunferência, que chamam de circunferência unitária, em que C = { (x,y)∈ ℝ; x2 + y2 = 1}. Para definirmos as funções sen: ℝ→ℝ e cos:ℝ→ℝ, devemos associar a cada número real p um ângulo e considerarmos o seno e o cosseno do referido ângulo. O número p desempenhará o papel da medida do ângulo. (LIMA et al, 2006a). Para estes autores, a maneira natural de definir as funções trigonométricas tem como ponto de início a relação de Euler E: ℝ→C, que faz corresponder a cada número real p o ponto E(p) = (x, y) da circunferência unitária, na qual as seguintes condições são definidas: a) E(1,0); b) se t > 0, percorremos sobre a circunferência C, a partir do ponto (1,0), um caminho de comprimento p, sempre seguindo no sentido positivo, ou anti-horário. O ponto final do caminho será chamado E(p). c) se t < 0, E(p) será a extremidade final de um caminho sobre C, de comprimento |p|, que parte do ponto (1,0) e percorre C sempre no sentido negativo, ou horário.(LIMA et al, 2006a, p.218). Podemos associar a função de Euler E: ℝ→C a um processo de enrolar a reta, relacionada a um fio inextensível, sobre a circunferência C, como se fosse um carretel. As funções sen:ℝ→ℝ e cos:ℝ→ℝ, chamadas função seno e função cosseno respectivamente, são definidas: E(p) = (cos p, sen p), para cada p ∈ ℝ. 65 x = cos p e y = sen p são respectivamente a abscissa e a ordenada do ponto E(p) da circunferência unitária, para qual vale a relação fundamental: cos2 p + sen2 p = 1 Uma função f: ℝ→ℝ chama-se periódica quando existe um número P ≠ 0 de modo que f(p + P) = f(p) para todo p ∈ℝ. Quando isso ocorre, temos f(p + kP) = f(t) para todo p ∈ ℝ e todo k ∈ ℤ. O menor número P> 0 que estabelece f(p + P) = f(p) para todo p ∈ℝ é chamado de período da função f. As funções seno e cosseno são periódicas, de período 2π. Podemos afirmar ainda, de acordo com os autores, que a função f: ℝ→ℝ é par se tem f( – p )= f(p) para todo p ∈ℝ. E se tem f( – p) = – f(p) para todo p ∈ℝ, a função é chamada ímpar. Sob tais perspectivas, podemos afirmar que seno é uma função ímpar e cosseno é uma função par. (LIMA et al, 2006a). 2.4.2.6 Relações algébricas ou identidades fundamentais da Trigonometria A partir das funções seno e cosseno derivam as outras funções trigonométricas, que são expressas, algebricamente, sob a forma de relações fundamentais: tgx = , cotgx = , secx = e cossecx = . Considerando que tais funções são definidas por meio de quocientes, elas têm domínios restritos aos números reais para os quais o denominador é diferente de zero. (LIMA et al, 2006a). Além das referidas funções, temos as identidades trigonométricas, que são equações envolvendo funções trigonométricas, verdadeiras para todos os ângulos para os quais os dois lados da equação estão definidos. (ANTON; BIVENS; DAVIS, 2007). Uma das identidades mais importantes da Trigonometria, considerada como a relação fundamental, é a relação de Euler. Deduzida a partir do Teorema de Pitágoras, como já foi mencionado, é definida como: 66 cos2x + sen2x = 1. Outras relações podem ainda ser definidas a partir da relação fundamental envolvendo as definições de tangente, cotangente, secante e cossecante. Estas relações são chamadas de decorrentes: tg2x + 1 = sec2x e 2 1+ cotg x = cossec2x Mas, estas relações, não serão objeto de nosso estudo, visto que nosso foco serão as relações fundamentais. Apesar de não pretendermos explorar relações que não sejam as fundamentais, ao final de nosso trabalho abordaremos algumas identidades, consequências das identidades básicas, como forma de estimular a obtenção de alguns modelos algébricos, a partir de outros, pelos alunos. No Quadro 11, relacionamos os modelos que pretendemos abordar: Fórmulas de adição sen(x+ y) = senx.cosy + seny.cosx cos(x + y) = cosx.cosy – senx.seny Fórmulas dos ângulos duplos sen(2x) = 2.senx.cosx 2 2 cos(2x) = cos (2x) – sen (2x) 2 cos(2x) = 2.cos x – 1 2 cos(2x) = 1 – 2.sen x Fórmulas de subtração sen(x – y) = senx.cosy – seny.cosx cos(x – y) = cosx.cosy + senx.seny Fórmulas do ângulo-metade 2 cos x = 2 sen x= Quadro 11: Relação de identidades a serem abordadas no trabalho Fonte: STEWART, 2008 Não pretendemos utilizar excessivamente essas identidades, para não desmotivar nossos alunos, visto que o excesso de expressões algébricas distancia o objeto matemático do entendimento dos alunos. (BASSANEZI, 2009). Mas não pretendemos privá-los do contato com estes modelos importantes da Trigonometria. No ensino-aprendizagem de trigonometria o que observamos, às vezes, é uma grande preocupação com cálculos algébricos e pouco espaço para aplicações da trigonometria em situações práticas. Embora os livros didáticos proponham muitos problemas que exigem aplicações dos conhecimentos trigonométricos, os alunos parecem demonstrar uma maior preocupação com os cálculos algébricos. 67 Esse fato pode decorrer do incentivo que, por vezes, os professores dão a esse aspecto e não à resolução de problemas, ou ao fato de que estes problemas, mesmo aplicados, se encontram longe da realidade dos estudantes. Como destacado por Bassanezi, a modelagem é eficiente a partir do momento que nos conscientiza que estamos sempre trabalhando com aproximações da realidade, que estamos elaborando sobre representações de um sistema ou parte dele. (BASSANEZI, 2009, p.24). Contudo, o uso da modelagem propriamente dita, é citada em algumas pesquisas como de difícil implementação em cursos regulares. Alguns obstáculos citados são: os alunos estão acostumados com o professor sendo o transmissor de conhecimentos e, quando são colocados como o centro do processo de ensino-aprendizagem, podem sentir-se incapazes e ficarem apáticos nas aulas. Pode haver grande dificuldade inicialmente na proposição de problemas, pois os alunos estão condicionados a receber tarefas prontas e não a pensar ou questionar a realidade. (FERREIRA; WODEWOTZKI, 2007, p.118;120). Faltam aos profissionais, tempo e disponibilidade, tanto para acompanhar os grupos de alunos – pois há, geralmente, um número excessivo de alunos em sala – quanto para novos estudos, pesquisa e estratégias especiais, exigidos pelos temas escolhidos pelos alunos, além do fato de que a escola possui um programa curricular a ser cumprido, que não pode ser ignorado e certa dificuldade em conciliar os conteúdos curriculares a projetos de Modelagem. (MIRANDA, 2009; DINIZ, 2010; BURAK, 2005). Também identificamos: falta de clareza em como trabalhar com a Modelagem em sala de aula sem abrir mão dos conteúdos pré-estabelecidos no currículo; dúvidas com relação à elaboração, condução e avaliação das atividades de Modelagem; insegurança, pois as atividades de Modelagem ocorrem através de projetos nos quais o professor é um agente participante e mediador de todo o processo, o que se configura como um permanente desafio, tendo em vista que o docente, muitas vezes, precisa reformular toda a sua prática para atingir os objetivos traçados.(BORBA; MALHEIROS, 2007, p.201). Considerando os pontos destacados até o momento, para a implementação de uma proposta condizente a nosso nível de intimidade com a Modelagem e o que pretendemos atingir, optamos em nosso trabalho por uma abordagem de 68 Modelagem que permitisse ao professor recriar com os alunos modelos já existentes na Matemática, e, em nosso caso, em trigonometria. (BIEMBENGUT; HEIN, 2007). Para Bassanezi (2009), a Modelagem na Educação, trata-se do uso da modelagem como estratégia a ser usada para o ensino e aprendizagem de Matemática em cursos regulares ou não, em que a validação do modelo pode não ser uma etapa prioritária. Mais importante que os modelos obtidos é o processo utilizado, a análise crítica e sua inserção no contexto sócio-cultural. O fenômeno modelado deve servir de pano de fundo ou motivação para o aprendizado das técnicas e conteúdos da própria matemática. As discussões sobre o tema escolhido favorecem a preparação do estudante como elemento participativo da sociedade em que vive. (BASSANEZI, 2009, p.38). O autor destaca que a modelagem está voltada para a aprendizagem da Matemática como ciência básica vinculada às suas aplicações ao “mundo real”. Segundo Biembengut e Hein (2007), para utilizar a modelagem matemática como metodologia de ensino-aprendizagem, favorecendo a pesquisa, a criação de modelos e respeitando as regras educacionais vigentes, são necessárias adaptações que tornem sua utilização possível. Na modelagem em Educação Matemática, “o professor pode optar por escolher determinados modelos matemáticos clássicos, fazendo sua recriação em sala, juntamente com os alunos” (BIEMBENGUT; HEIN, 2007, p.29), de forma que estes se apropriem de tais modelos e sejam capazes de recriá-los e aplicá-los na resolução de problemas aplicados. Para implementar a modelagem em suas aulas, o professor deve ser audacioso, ter o desejo e a coragem de modificar sua prática e estar disposto a conhecer e aprender, pois essa proposta permite descobertas significativas tanto para os alunos quanto para o professor. (BIEMBENGUT; HEIN, 2007). Na perspectiva de Biembengut e Hein (2007), ao longo do desenvolvimento da modelagem, os conteúdos matemáticos instrumentalizam os alunos para a resolução dos problemas propostos. O uso da modelagem no ensino de trigonometria pode ser uma oportunidade de aproximar este conteúdo do “mundo real”, enfatizando o uso de modelos matemáticos, que empregam a linguagem da álgebra e da geometria para descrever e explicar situações com referência na realidade. 69 Pretendemos neste trabalho, utilizando a modelagem, permitir a nossos alunos que se apropriem de modelos matemáticos trigonométricos clássicos, que atribuam a estes modelos abstratos significado e os utilizem na resolução de problemas com referência na realidade. No entanto, devemos lembrar que a elaboração e o uso de modelos dependem do conhecimento matemático que possuímos. “Não se constrói um modelo matemático sem saber matemática” (HEIN; BIEMBENGUT, 2007, p. 46). Quanto maiores forem estes conhecimentos, maiores serão as possibilidades na resolução de problemas mais complexos e mais elaborados serão os modelos originados no processo. (BIEMBENGUT; HEIN, 2007). Nesse sentido concordamos que: É necessário que usemos “melhor” os modelos matemáticos em nossas aulas, ao invés de utilizá-los da maneira como eles vêm sendo usados: onde os modelos são “dados” ao aluno de forma “pronta e acabada”, sem vida, sem história, sem motivação. É preciso “reconstruí-los” em sala de aula, não estamos falando em “dedução de fórmulas”, mas de recriação de ambientes necessários a mostrar que um modelo matemático é muito mais que uma simples fórmula “congelada” no tempo: é uma criação humana. (SOUZA, 2010, p.3). Com relação aos conhecimentos trigonométricos, é preciso que o aluno saiba transitar desde o Teorema de Pitágoras, das razões trigonométricas no triângulo retângulo até interpretações no ciclo trigonométrico. Os vários modelos matemáticos podem então ser compreendidos de forma integrada: noções estudadas no Ensino Fundamental são retomadas e ampliadas no Ensino Médio, utilizando as diversas formas de representação em matemática. Definidas nossas concepções de modelo e modelagem, discorreremos acerca do papel da tecnologia no estudo e aprendizagem em trigonometria. 2.5 A tecnologia no ensino da trigonometria Uma das dificuldades para o ensino da trigonometria está na interpretação e relação de suas várias representações: geométrica, algébrica, no triângulo retângulo, no círculo trigonométrico e no plano cartesiano. Em um ambiente tradicional, que se baseia no uso de quadro e giz, relacionar estas múltiplas 70 interpretações não é tarefa fácil, sem mencionar que, por vezes, pode gerar uma visão fragmentada dos conceitos trigonométricos. Como afirmam Gravina e Santarosa: O mundo físico é rico em objetos concretos para o inicio da aprendizagem em Matemática, no geral de caráter espontâneo. Mas se o objetivo é a construção de conceitos mais complexos, e abstratos, estes não têm suporte materializado, entrando em jogo a “concretização mental”, que nem sempre é simples, mesmo para o matemático profissional. (GRAVINA; SANTAROSA, 1998, p.8). O nível de abstração necessário na aprendizagem em trigonometria, principalmente ao sairmos do ambiente do triângulo retângulo, exige novas abordagens, que sejam capazes de relacionar as diversas representações e permitam tornar concretas e visíveis as propriedades dos objetos com os quais trabalhamos, de forma a permitir a construção sólida dos conceitos trigonométricos (SILVA; FROTA, 2010b). O uso de recursos tecnológicos tem se mostrado uma das possíveis abordagens; primeiro pela motivação que o uso de computadores promove, já que os alunos o manipulam de várias formas, fora do ambiente escolar; segundo, pela praticidade e agilidade em disponibilizar resultados para as tarefas propostas. (SILVA; FROTA, 2010b). E, de acordo com Bezerra (2010), como a Matemática é uma ciência viva que permite a construção de seu conhecimento, a utilização de tecnologias computacionais torna-se uma possibilidade de mediação e interação entre alunos, e por vezes os próprios professores, e o conteúdo a ser abordado. Permite aos alunos simular, visualizar, experimentar e manusear com maior participação e motivação das atividades com este apelo, que no modo tradicional com papel e lápis. Blackett e Tall (1991) afirmam que uma abordagem computacional, permite que o aluno manipule a imagem de um objeto matemático de forma dinâmica, visualize as mudanças que ocorrem e as relacionem com os conceitos numéricos correspondentes, o que amplia sua compreensão. Enquanto o computador se encarrega da construção do objeto, o aluno pode se concentrar nas relações específicas presentes no objeto matemático. Os autores acreditam que esta possibilidade representa um forte princípio educacional para o uso dessa nova tecnologia. Corroborando estas idéias, Pietrobon, Costa e Souza (2010), Franchi 71 (2007) e Della Nina (2007), afirmam que os instrumentos tecnológicos, utilizados como recursos didáticos em atividades da sala de aula, permitem ao aluno a liberdade em não consumir seu tempo em procedimentos que não contribuam para seu real desenvolvimento, utilizando-o para compreender propriedades e conceitos. Mesmo que o objeto físico exista e haja a possibilidade de sua manipulação concreta, transpô-lo para o ambiente computacional, também apresenta vantagens, pois este ambiente permite a realização de vários experimentos em pouco tempo, o que pode não ser possível com a manipulação concreta. As ações favorecem a investigação e a abstração, e a construção de conceitos e relações, por consequência. (GRAVINA; SANTAROSA, 1998). Ao utilizar o computador em sala de aula vemos que ele possibilita a realização de diferentes tipos de atividades: permite realizar simulações, manipular figuras, visualizar padrões e resultados em tempo reduzido. Em exercícios que exijam construções de gráficos, que de modo usual demandariam muito tempo, ele permite visualizações rápidas e múltiplas, em cores diferentes, a partir das quais, podem-se destacar propriedades, elaborar conjecturas, fazer inferências. Além disso, conforme afirma Costa (1997), o uso do computador pode permitir ao aluno, ter contato, ao mesmo tempo com várias formas de representação do mesmo conceito trigonométrico, permitindo-lhe se apropriar do conceito de forma ampla, podendo relacionar suas propriedades nas diversas representações. O computador deixou de ser apenas uma ferramenta de cálculo, representando hoje um instrumento que permite a comunicação e a interação entre as pessoas e das pessoas com objetos de aprendizagem disponibilizados. A Internet e sua constante exploração representam possibilidades de interação entre pessoas distantes geograficamente, mas próximas em objetos de estudo. Introduzir esta ferramenta em nossas salas de aula pode abrir possibilidades para que nossos alunos façam parte desse processo de interação. (ISOTANI; SAHARA; BRANDÃO, 2003). Podemos abrir espaço para o desconhecido, é verdade; mas, em contrapartida, podemos nos abrir para o amplo, rico e diferente. (SILVA, 2010). O uso de abordagens que relacionem as diversas representações trigonométricas possibilita um conhecimento profundo e abrangente acerca de seus significados. Um ambiente computacional pode favorecer esse tipo de abordagem, à 72 medida que permite a visualização e a vinculação de diversas representações, de uma maneira dinâmica e simultânea. (BORBA; PENTEADO, 2001). O uso do computador propicia a articulação entre as diversas formas de representação matemática: as expressões algébricas, os gráficos, as tabelas, não com a intenção de privilegiar uma ou outra representação, mas de mostrar as relações e conexões existentes entre elas. Traz a visualização para o centro da aprendizagem em matemática e enfatiza a experimentação. As novas mídias permitem ao aluno experimentar e explorar o conceito ao máximo, extraindo das atividades elaboradas com o uso da tecnologia o maior número de informações, o que lhes estimulará a formular conjecturas e relacionar as várias representações do mesmo conceito, destacando novos aspectos que, até então, não eram evidentes. Torna mais fáceis as conexões entre representações, flexibiliza as investigações e permite que os envolvidos desenvolvam novas formas de resolver um problema. (BORBA; PENTEADO, 2001, 2003). Vale ressaltar que, optar pelo uso da tecnologia informática em sala de aula, não representa obrigatoriamente abandonar outras metodologias de ensino. Devemos avaliar nossos objetivos de ensino e optar por mídias que atendam a nossos propósitos. (BORBA; PENTEADO, 2001). Os diferentes recursos pedagógicos existentes, bem como, as diversas formas de lançar mão do computador na educação, não são mutuamente excludentes, vão continuar coexistindo. Cada instrumento tem características próprias, com pontos positivos e negativos. Existem para serem usadas em situações de ensino e aprendizagem aos quais se adéquem melhor e beneficiem um número maior de estudantes. (VALENTE, 1999). Dentre as várias formas de se utilizar recursos computacionais com finalidades de ensino, os softwares de Geometria dinâmica apresentam grandes possibilidades ao ensino, particularmente, da matemática. Como afirmam Richit e Maltempi (2010), a dinamicidade apresentada por estas ferramentas, favorece experimentações em matemática. Oferecem ao aluno possibilidades de interagir com as formas geométricas, preservando suas propriedades auxiliando-o a observar relações entre objetos matemáticos. (SANTOS, 2008). Os softwares de Geometria Dinâmica, segundo Oliveira, Costa e Moreira (2001), são softwares educativos, elaborados com o objetivo de favorecer processos 73 de ensino-aprendizagem. De acordo com estes autores, o que diferencia este tipo de software de softwares aplicativos comuns é o fato de serem desenvolvidos com uma intencionalidade: ajudar o aluno a construir determinado conhecimento acerca de um conteúdo didático. Este tipo de software instrumentaliza o professor e age como ferramenta, auxiliando o professor a cumprir seu papel de ajudar o aluno a construir seu conhecimento de forma ativa. Os softwares educativos, de acordo com nomenclatura proposta por Valente (1999) podem ser: tutoriais, exercício e prática, jogos educacionais e simulação. Devido às particularidades de cada um e os objetivos da presente pesquisa, enquadramos nossa abordagem junto a softwares educacionais de simulação, pois estes utilizam, ainda sob a perspectiva de Valente (1999), a pedagogia da exploração autodirigida e não a instrução direta. “O software de simulação engloba a criação de modelos dinâmicos e simplificados do mundo real” (VALENTE, 1999, p.11), esta simulação oferece ao aluno a possibilidade de criar hipóteses e testá-las, observar resultados, propriedades, construir e se apropriar de conceitos. De acordo com o nível de intervenção do aluno no processo simulado, software e computador agem como ferramentas de ensino e de aprendizagem. Contamos com uma série de softwares dinâmicos que podem facilitar o desenvolvimento de um trabalho integrado entre as várias formas representativas dos modelos trigonométricos. Temos o Cabri Géomètre, Geogebra, Thales, Descartes, Régua e Compasso, Geometricks, Lemat, entre outros, que permitem ao aluno movimentar objetos, visualizar as modificações ocorridas e compreender as relações estabelecidas, influenciando o processo de aprendizagem. Alguns softwares, como o Cabri Géomètre, podem ser comprados, outros, como o Geogebra e o Thales, podem ser conseguidos gratuitamente, pela Internet. Todos podem ser instalados em computadores pessoais e utilizados por alunos e professores. Apesar das facilidades em adquirir e instalar esses programas, podemos nos deparar com empecilhos técnicos como, por exemplo, os sistemas operacionais instalados nos computadores, que não necessariamente permitem a instalação de programas externos. Mesmo assim, é possível o uso de recursos computacionais dinâmicos. Podemos utilizar os applets, pequenos aplicativos dinâmicos, escritos em 74 linguagem Java, executáveis e embutidos em páginas da web, que são disponibilizados prontos. Podemos fazer uso de applets caso não seja possível a instalação de um software, ainda que livre. Em matemática, os applets permitem investigar, levantar hipóteses, testar conjecturas e auxiliar na construção de conhecimentos. (BARCELOS, 2009). Mas, sua principal característica e atrativo estão no fato de não precisarem ser instalados nos computadores onde serão utilizados. Esta vantagem é decorrência da linguagem Java, que possibilita sua execução em qualquer computador que possua, instalado, o ambiente Java; o que, atualmente, representa a maioria dos computadores, com sistema operacional livre Linux ou Windows. De modo particular os computadores disponibilizados pelos governos Estaduais, cujo sistema operacional é o Linux, também podem executar applets. (SILVA; FROTA, 2010b). Segundo Pedroso (2008) e Macêdo (2009), os applets representam uma forma inovadora de abordar conteúdos nos quais as demonstrações práticas tornamse inviáveis. Permitem adequar o trabalho em sala de aula às necessidades apresentadas pelos alunos, face aos apelos do ambiente tecnológico em que vivem. Por meio de simulações virtuais, eles atraem a atenção dos alunos em decorrência do movimento, das cores, da possibilidade de interação e de interferir no resultado por meio da manipulação. Oferecem inúmeras possibilidades no campo da aprendizagem, pois, como Lopes e Feitosa (2009) afirmam, possibilitam “materializar” e visualizar conhecimentos e falas abstratas, expostos durante as aulas. (SILVA; FROTA, 2010b). Os applets podem ser utilizados em atividades de investigação, em que um modelo pronto é apresentado ao aluno, para que seja explorado, entendido e analisado, representando um desafio intelectual para compreender as ideias intrínsecas a ele. (GRAVINA; SANTAROSA, 1998). Barcelos (2009) afirma que em matemática os applets possibilitam investigações, levantamento de hipóteses, teste de conjecturas, construção de conhecimento. Complementando essa afirmação, Santos (2008), menciona que a utilização dos applets permite investigações e experimentações através da manipulação dessa ferramenta tecnológica, o que possibilita a visualização de padrões, verificação de propriedades, estabelecimento de conjecturas e a construção de conceitos de forma ampla e consistente. 75 Os applets, quando usados no ensino de matemática, podem ser chamados de “mathlets”, como nas produções de Santos (2008), Santos, Paixão e Pereira (2007) e Marinho et al (2010). Santos (2008), em sua pesquisa descreve: “Mathlets fazem parte de uma aplicação da Internet desenvolvida com o objetivo específico de fazer uso da tecnologia disponível para ensinar Matemática de forma interativa.” (SANTOS, 2008, p.15). E acrescenta que a grande vantagem atribuída aos mathlets reside na possibilidade de interatividade e a seu caráter independente, pois não necessitam estar associados a nada, além de um navegador da web. No ensino da trigonometria, os applets mostram-se instrumentos valiosos, principalmente na transição do círculo para o plano cartesiano. A manipulação dessas ferramentas permite acompanhar a transição e identificar as propriedades, variando-se as formas de representação dos conceitos. O uso dos applets representa uma alternativa para o professor interessado em utilizar recursos tecnológicos em salas de informática que não permitam a instalação de softwares, por limitações, por exemplo, do sistema operacional usado, como é o caso da presente pesquisa. (SILVA; FROTA, 2010b). A fim de atingirmos os objetivos propostos no início deste trabalho optamos por utilizar, em algumas das atividades da sequência didática que elaboramos, applets dinâmicos desenvolvidos com o uso do software de Geometria Dinâmica Geogebra e um extraído de uma página na Internet. Nossa opção pelo Geogebra justifica-se, concordando com Amorim e Sousa (2010), porque, além de ser um software livre e de Geometria Dinâmica, podendo ser “baixado” via Internet, professor e aluno não precisam ter conhecimentos de programação para utilizá-lo. É prático e de fácil utilização, permitindo a visualização para melhor entendimento dos conceitos e possibilitando a articulação entre os aspectos algébricos, geométricos e gráficos dos conceitos trigonométricos. Permite a manipulação dos objetos geométricos sem alterar suas propriedades. (FERREIRA; CARVALHO; BECKER, 2010). Também são oferecidos por este software: interface simples, permitindo exploração e manipulação rápida dos objetos; menu de ajuda; medição de ângulos , distâncias; construção possibilidades. de retas paralelas, perpendiculares, dentre outras 76 Ainda de acordo com Ferreira, Carvalho e Becker (2010), o recurso de planilha eletrônica oferecido pelo Geogebra, permite que este aplicativo gere applets com arquivos de extensão HTML, podendo ser aberto em computadores que não tenham o Geogebra instalado, bastando ter um navegador web com plug in Java instalado. Mas, deve-se ressaltar que o simples uso dos applets ou dos computadores na escola não garante a aprendizagem ou a melhoria da qualidade do ensino. Mudanças no processo educacional não são obtidas simplesmente usando softwares e computadores, faz-se necessário ter objetivos claros de cada etapa de seu uso com os alunos. Deve-se permitir que esses possam manipular, desenvolver proposições e tirar conclusões por meio das atividades realizadas. É preciso que os professores saibam ensinar usando as tecnologias. (LOPES; FEITOSA, 2009; FERREIRA; CARVALHO; BECKER, 2010). Colocar os applets nas mãos dos alunos não garantirá que eles aprendam o que quer que seja, da mesma forma que a simples introdução de material concreto e manipulável não garante a melhoria na aprendizagem de geometria plana ou espacial. Cada material pedagógico, concreto ou tecnológico, é elaborado a partir de uma proposta pedagógica e, como Fiorentini e Miorim (1990) ressaltam, faz-se necessário uma profunda reflexão sobre o que se quer atingir com o uso de cada um deles antes de utilizá-los, a fim de se aproveitar suas potencialidades e obter resultados positivos de sua aplicação. (SILVA; FROTA, 2010b). O uso das Tecnologias de Comunicação e Informação (TICs) em Matemática é estimulado, inclusive, no documento dos PCNEM (BRASIL, 1999), que menciona a necessidade de uma reflexão acerca da relação entre Matemática e tecnologias, dadas as possibilidades oferecidas pela tecnologia e as necessidades impostas pela vida moderna à Matemática: Como afirma Almeida (2011), incorporar as TICs na escola, não é tarefa fácil, é preciso ousar, transpor desafios, articular saberes e ter a vontade de fazê-lo, pois: Inserir-se na sociedade da informação não quer dizer apenas ter acesso à tecnologia de informação e comunicação (TIC), mas principalmente saber utilizar essa tecnologia para a busca e a seleção de informações que permita a cada pessoa resolver os problemas do cotidiano, compreender o mundo e atuar na transformação de seu contexto. (ALMEIDA, 2011, p.1). 77 O computador é uma ferramenta educacional, na medida em que complementa , aperfeiçoa e age na melhoria da qualidade do ensino. Este novo papel desempenhado é devido a mudanças tanto nas condições de vida dos alunos quanto na natureza do conhecimento. (VALENTE, 1999). O recurso computacional é um instrumento importante no estudo, pois permite a visualização e descoberta de propriedades, mas não pode ser tomado como uma verdade absoluta. Como todo instrumento, pode apresentar falhas que podem induzir ao erro, por isso temos que ter o cuidado ao utilizar tal ferramenta, para não criarmos obstáculos à aprendizagem dos alunos. Como afirma Carneiro (2005, p.114): “O professor não pode se iludir sobre o alcance da tecnologia”, precisa estar atento a suas limitações, não apenas a suas potencialidades. O aparato tecnológico “por si só não cria a melhor situação de aprendizagem” (VALENTE, 1999, p.12) nem substitui a capacidade humana de abstração. (FERREIRA; CARVALHO; BECKER, 2010). É mais um recurso que pode ser integrado ao projeto pedagógico das escolas, como auxiliar na mediação do processo educativo, utilizado pelos professores. Mas de forma alguma dispensa a figura do professor. (OLIVEIRA; COSTA; MOREIRA, 2001). O professor, como sujeito condutor do ato pedagógico, é quem deve organizar as situações que propiciem a aprendizagem. (AIMI, 2010). E o professor deve estar disposto e preparado para este processo de mudança pelo qual ele passa e, juntamente com o aluno, ser um aprendiz. Compartilhando as descobertas e angústias durante o processo. (DELLA NINA, 2007). Pensando em nosso papel e compromisso com o ato de educar, propomos o presente trabalho, com o intuito de que ele possa ajudar alunos e professores no ensino de trigonometria, possibilitando que, entre outras, vivenciem experiências de uso de material concreto, experiências de modelação com lápis e papel e experiências de manipulação de alguns applets. 78 3 METODOLOGIA Neste capítulo apresentamos a metodologia que fundamentou a estruturação da pesquisa. Escrevemos as etapas da Engenharia Didática, metodologia na qual o trabalho se inspirou, destacando como essas etapas acontecem na pesquisa. 3.1 A Engenharia Didática associada a uma abordagem de Trigonometria Uma abordagem de ensino envolvendo modelagem e diferentes tecnologias de comunicação e informação pode contribuir para a aprendizagem da trigonometria no triângulo retângulo e no círculo trigonométrico? Para investigar esta questão, desenvolvemos uma sequência didática, utilizando atividades investigativas que demandam a modelação, com apoio eventual de recursos computacionais. O foco foi a trigonometria no triângulo retângulo e sua conexão com as funções seno e cosseno no círculo trigonométrico. Pretendemos analisar a possibilidade de utilizar softwares de geometria dinâmica como ferramentas auxiliares para institucionalizar a transição do triângulo retângulo para o círculo trigonométrico e desse para o plano cartesiano analisando as variações ocorridas nas funções seno e cosseno. A abordagem por nós escolhida foi qualitativa, inspirada na Engenharia Didática, proposta por Artigue (1988, 1996) e apresentada por Pais (2002), Machado (1999), Almouloud e Coutinho (2008). A metodologia direcionou a pesquisa, que foi desenvolvida em quatro etapas: análises prévias; concepções e análise a priori de experiências didático-pedagógicas; implementação das experiências; análise a posteriori e validação da experiência. (CARNEIRO, 2008). O termo Engenharia Didática se aplica a um trabalho didático que é comparável ao trabalho de um engenheiro; para desenvolver um projeto, apóia-se sobre conhecimentos científicos que domine, mas lida com objetos mais complexos que os explicados pela ciência e os enfrenta com os meios de que dispõe. (ARTIGUE, 1988, 1996). 79 De acordo com Machado (1999), a Engenharia Didática é uma das vertentes da Didática Matemática, que apresenta duas funções: ser um produto de uma análise a priori e uma produção para o ensino. Pode ser “vista como referencial para o desenvolvimento de produtos para o ensino gerados na junção do conhecimento prático com o conhecimento teórico.” (CARNEIRO, 2005, p.90). Almouloud e Coutinho (2008) caracterizam a Engenharia Didática, enquanto metodologia de pesquisa, como uma pesquisa experimental baseada em atividades didáticas em sala de aula, desde a concepção, realização, observação e análise das “sessões de ensino”, até o confronto entre a análise a priori e a posteriori. A Engenharia Didática pode ser classificada em dois níveis: microengenharia e macroengenharia. A microengenharia envolve pesquisas locais, que têm como objetos de estudo um determinado assunto, abordado em um determinado local, levando em conta as ocorrências de uma sala de aula específica. Em nossa pesquisa abordamos o assunto trigonometria sob o recorte de uma realidade específica: nossa sala de aula, no interior de Minas Gerais, buscando desenvolver uma microengenharia. A macroengenharia é mais abrangente, permite analisar a complexidade das microengenharias e as associar às relações de ensino e aprendizagem globais, com as dificuldades metodológicas e institucionais que apresentam. Relacionando à nossa pesquisa, uma macroengenharia associaria nosso estudo a estudos desenvolvidos em outras instituições e seus efeitos a longo prazo, por exemplo, não sendo objeto do nosso trabalho. Na descrição de nossa pesquisa consideramos as etapas: análises prévias; concepções e análise a priori de experiências didático-pedagógicas; implementação das experiências; análise a posteriori e validação da experiência. (CARNEIRO, 2008). As análises prévias ou preliminares, de acordo com Pais (2002), representam a fase na qual fazemos o levantamento de observações a partir de nossas experiências docentes, destacando as crenças dos envolvidos e a realidade onde a experiência será realizada. Tais análises são feitas por meio de considerações acerca de: quadros teórico-didáticos; conhecimentos didáticos pré-estabelecidos e o assunto a ser abordado. Outros aspectos a serem analisados são, por exemplo: a análise 80 epistemológica dos conteúdos, análises do ensino atual, da concepção dos alunos, das dificuldades e obstáculos apresentados, dos entraves para a implementação didática. (MACHADO, 1999). Carneiro (2005) coloca que nas análises prévias, buscamos os motivos para se manter ou não o ensino usual, enumerando pontos que dificultam ou propiciam a mudança, direcionando o trabalho de forma a atingir um novo nível de ensino, mais satisfatório que o anterior. Na pesquisa conduzida, na fase de análises prévias, investigamos como o tema trigonometria é abordado nos livros didáticos e as pesquisas desenvolvidas sobre o ensino desse conteúdo (Capítulo 2), a realidade da escola e dos alunos, as dificuldades e potencialidades existentes no ambiente escolar, o número de alunos e de aulas disponíveis para o ensino do conteúdo de trigonometria (Capítulo 3). Os estudos teóricos que fizemos permitiram identificar dificuldades no ensino e aprendizagem de trigonometria, que podem ser agrupadas em três tipos, de acordo com as dimensões destacadas por Artigue (1996): a)epistemológico: o estudo da trigonometria desenvolveu-se, desde o mundo antigo, a partir das necessidades dos povos, seja na Navegação, Agrimensura, Astronomia, construções, etc. Ao longo de sua evolução, tornou-se independente de seu caráter prático original, tornando-se parte da Análise Matemática. (COSTA, 2003). Devido à transposição desse conhecimento construído pela humanidade em conhecimento escolar, mudanças foram necessárias. Inclusive para que este conhecimento fosse abordado em livros didáticos. Estas modificações, por vezes, fragmentaram a trigonometria, separando suas vertentes algébrica, geométrica e numérica, não permitindo que os alunos visualizassem suas conexões e compreendessem os conceitos por inteiro; afastando-o, também, de seu caráter prático original, com referências na realidade. b)cognitivo: a forma usual de abordar a trigonometria demanda menos tempo por parte do professor, o que pode ser cômodo e usual , mas que pode acarretar uma formalização precoce e memorização sem significação dos conceitos. (BRITO; MOREY, 2004). A segunda fase da Engenharia Didática - concepções e análises a priori de experiências didático-pedagógicas - consiste em definir certo número de variáveis de 81 comando do sistema de ensino, que acreditamos interferir no fenômeno estudado. (PAIS, 2002). Artigue (1988, 1996) diferencia as variáveis de comando em dois grupos: a) macrodidáticas ou globais: que se referem à organização global da engenharia; b) microdidáticas ou locais: que se referem à organização específica de uma sessão da sequência didática. A partir de uma visão global, procuramos estabelecer os objetivos gerais da sequência didática a ser elaborada: a) Motivar os alunos, por meio de atividades com referência na realidade, de modo que eles próprios descubram as propriedades trigonométricas presentes nas situações. b) Ressignificar com os alunos, através da modelação, modelos trigonométricos Pitágoras, já razões existentes: triângulo trigonométricas, retângulo, relação de Teorema Euler, de círculo trigonométrico, gráfico das funções trigonométricas. c) Propiciar aos alunos situações em que eles atribuam significado ao conteúdo trigonométrico, seja com o uso de material concreto ou utilizando applets de geometria dinâmica; A partir dessa perspectiva global, elaboramos as atividades integrantes de nossa sequência didática na qual incidem as variáveis locais. As variáveis locais se articulam com o que esperamos dos alunos. Nesse sentido levantamos algumas hipóteses que poderão ser confrontadas com os resultados finais, auxiliando na validação da engenharia. (CARNEIRO, 2005). Nossas hipóteses estão abaixo relacionadas: a) uma abordagem a partir de medidas, observando construções da cidade, medindo, usando material manipulável e recursos computacionais pode manter a motivação e estimular o empenho em desenvolver as tarefas; b) a ordem estabelecida para a apresentação e aplicação das atividades a partir de situações muitas delas com referência na realidade, pode facilitar o entendimento de conceitos trigonométricos; c) o uso de recursos computacionais pode favorecer a visualização e facilitar a identificação de propriedades trigonométricas, permitindo que os alunos estabeleçam relações entre os vários conceitos; 82 d) partir de casos particulares para investigar possibilidades de generalizar ideias pode ser uma estratégia didática para compreender os processos de formalização das mesmas. Na fase de concepções e análise a priori, em nosso trabalho, elaboramos a sequência de atividades, estabelecendo os objetivos pretendidos, assim como os resultados esperados. Ainda como parte das análises a priori, mas surgindo posteriormente ao início da elaboração da sequência de atividades, uma Feira de Matemática foi proposta. Achamos interessante agregá-la a nosso trabalho, aproveitando o projeto da escola participante e colaboradora da pesquisa, como outro instrumento de validação da sequência proposta. Para auxiliar os alunos a desenvolver habilidades e fazê-los capazes de encontrarem por si próprios, respostas às perguntas que necessitem responder, sem esperarem respostas prontas do professor ou do livro, faz-se necessário, investimentos em uma Matemática aplicada e contextualizada e em metodologias que os habituem a utilizar conhecimentos prévios para solucionar as situações problema. (KFOURI; D’AMBRÓSIO, 2006). Na implementação das experiências (Capítulo 4), temos a realização da engenharia, com o grupo de alunos escolhido. Ela se inicia a partir do primeiro contato entre professor/pesquisador e grupo de alunos-objeto de investigação. (MACHADO, 1999). Esta etapa da engenharia prevê: a explicação dos objetivos e condições em que a pesquisa será realizada, apresentar os alunos que dela participarão; aplicação das atividades, instrumentos da pesquisa; registro das observações feitas durante a pesquisa. (MACHADO, 1999). É durante esta fase que se dá a coleta e organização do “corpus” da pesquisa, composto por: produções dos alunos, fotos, registros de observações feitas ao longo do experimento, registros de questionamentos, dúvidas, descobertas, ocorridos durante as atividades. (CARNEIRO, 2005). Nesta fase, colocamos em funcionamento todo o dispositivo montado, podendo corrigi-lo, caso isso se faça necessário. O que implica em um retorno às análises a priori, para uma complementação. Esta etapa é seguida por uma análise a posteriori, apoiada nos dados recolhidos durante o experimento. (ALMOULOUD; COUTINHO, 2008). 83 Na fase de implementação das experiências, levamos em conta o número de aulas disponíveis para o ensino de trigonometria e aplicamos a sequência de atividades em 18 aulas de 40 minutos no turno normal de aulas e em quatro aulas extraturno na sala de informática. A última fase da engenharia compreende a análise a posteriori e a validação da experiência, o que, de acordo com Machado (1999), se apóia nas informações coletadas durante a aplicação do experimento. Tratam-se os dados pertinentes à análise a posteriori. Complementando Machado (1999), Almouloud e Coutinho (2008), consideram as análises a posteriori como um conjunto de resultados provenientes da exploração dos dados obtidos e que podem contribuir para a melhoria dos conhecimentos didáticos conhecidos. Na análise à posteriori estabelecemos o confronto entre os dados obtidos e os objetivos pretendidos estabelecidos quando desenhamos a sequência, na fase das análises a priori, apresentada no Capítulo 5. A validação dos resultados é obtida pelo confronto entre as análises a priori e a posteriori, verificando se foram satisfeitas as hipóteses levantadas no início da pesquisa. (PAIS, 2002). Neste ponto as hipóteses podem ser validadas ou refutadas. (MACHADO, 1999). Mas, como afirma Carneiro (2005), neste momento, é importante perceber o quanto a caminhada proposta pela Engenharia Didática contribuiu para a produção do conhecimento, devido a reflexão e o enfrentamento das dificuldades e impasses. Além de relacionar as observações com os objetivos definidos a priori, a intenção é, também, “estimar a reprodutibilidade e regularidade dos fenômenos didáticos identificados”. (ALMOULOUD; COUTINHO, 2008, p.68). A observação dos resultados obtidos e o confronto entre as análises a priori e a posteriori nos permitiram avaliar a sequência didática aplicada, verificando se as hipóteses levantadas foram confirmadas e se os objetivos propostos foram atingidos ou não. Optamos por apresentar essa discussão no Capítulo 6. 84 3.2 Contexto da pesquisa A pesquisa foi desenvolvida na Escola Estadual “Frei Marcelino de Milão” localizada na cidade de Iapu, Minas Gerais. A escola trabalha com alunos de todos os níveis da Educação Básica: anos iniciais e finais do Ensino Fundamental, PAV (Programa Acelerar para Vencer), Ensino Médio, Educação para jovens e adultos (EJA) e ProJovem. Em média, as turmas do Ensino Fundamental e Médio, possuem de 35 a 40 alunos, a maioria de baixo poder aquisitivo, oriundas da cidade e da zona rural. O Ensino Médio da escola funciona predominantemente no noturno, havendo apenas uma turma no matutino. A grade curricular da escola, neste nível de ensino, conta com 3 aulas de Matemática na 1ª série, 4, na 2ª série e 5, na 3ª série. Especificamente na 2ª série, série na qual a sequência foi aplicada, contamos com 4 aulas semanais de Matemática de 40 minutos cada uma. Os horários de 40 minutos se devem ao fato de ser um ensino no noturno. A escola adota o modelo bimestral para avaliação, a distribuição de pontos é estabelecida de forma igualitária nos quatro bimestres (25 pontos em cada um). Esta pontuação é distribuída em uma avaliação bimestral, marcada pela instituição, que pode ter o seu valor variando entre 32% a 40% da nota bimestral, 12% da nota é destinada a conceito, determinado pela participação e comprometimento do aluno durante as aulas; o restante da nota bimestral é distribuída em testes, trabalhos e atividades em classe, de acordo com os critérios estabelecidos pelo professor em sala de aula. Nesta escola nossa experiência é com turmas de 8º e 9º anos do Ensino Fundamental, com as quais trabalhamos como conteúdo de Ciências, e também 1ª, 2ª e 3ª séries do Ensino Médio, a quem ministramos o conteúdo de Matemática. A pesquisa foi desenvolvida junto a duas turmas de 2ª série do Ensino Médio no noturno. As turmas pesquisadas eram bem heterogêneas em níveis de aprendizagem e homogêneas na faixa etária, sendo compostas de adolescentes de 15 a 16 anos. Os instrumentos de coleta dados foram os questionários, os trabalhos escritos, cartazes, desafios e maquetes oriundos do projeto, bem como, todas as atividades feitas em casa e em sala de aula, que foram entregues pelos alunos à 85 professora e fizeram parte do “corpus” da pesquisa, complementados por anotações e observações, feitas pela própria professora, no momento de socialização e discussão em sala dos resultados obtidos pelos alunos. 3.3 O estudo piloto Em 2010 foi desenvolvido um estudo piloto, utilizando atividades que, foram aperfeiçoadas e fazem parte da Sequência Didática para o estudo de trigonometria no Ensino Médio, produto do Mestrado Profissional cursado. O estudo piloto teve o intuito de sondar as influências do desenvolvimento de atividades utilizando recursos computacionais na assimilação de conceitos trigonométricos, considerando-se uma das metas pretendidas com a pesquisa. Para realização desta atividade, os alunos foram distribuídos em grupos de três ou quatro alunos por computador, considerando o reduzido número de computadores na sala de informática. Esse piloto compreendia a resolução de uma folha de atividades contendo dois tipos de tarefas, a serem realizadas utilizando-se applets que poderiam ser acessados por um endereço eletrônico. O primeiro bloco de atividades era relacionado às funções seno, cosseno e tangente no círculo trigonométrico. O segundo bloco de atividades remetia à análise da construção dos gráficos das funções seno, cosseno e tangente. Seu objetivo era permitir aos alunos a percepção das variações ocorridas com as funções seno, cosseno e tangente à medida que se completasse uma volta no círculo trigonométrico, tanto ao longo do círculo, quanto na composição dos gráficos no plano cartesiano. Mesmo considerando a atividade, por vezes difícil, os alunos avaliaram positivamente o trabalho desenvolvido, apontando que o recurso utilizado facilitou a compreensão das funções trigonométricas e a visualização de suas propriedades. O estudo piloto permitiu testar as possibilidades do uso de applets no estudo da trigonometria, evidenciando a necessidade de um maior investimento na redação das tarefas propostas, de forma a diminuir as dúvidas que os alunos tiveram ao longo de sua realização. Indicou, ainda, a necessidade de repensar formas de utilização dos recursos tecnológicos, devido ao número limitado de computadores 86 disponíveis e de que os applets fossem elaborados de acordo com os objetivos e necessidades pretendidos. Os resultados desse estudo piloto influenciaram positivamente o desenvolvimento de nossa pesquisa. À semelhança do que apontam Amorim e Sousa (2010), o estudo piloto auxiliou nossa prática como pesquisadores, levandonos a avaliar se nossa opção metodológica era a mais adequada e permitindo refinar e direcionar as atividades que compõem nosso produto, aprimorando-as. Estes resultados foram, ainda, apresentados sob a forma de um relato de experiência (SILVA; FROTA, 2010b), em um seminário promovido pelo Programa de Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática da PUC Minas. 87 4 UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA INTRODUÇÃO DA TRIGONOMETRIA NO ENSINO MÉDIO Apresentamos a seguir uma sequência didática que objetiva introduzir os estudos de Trigonometria no Ensino Médio. Esta sequência pretende ser uma contribuição para o ensino desse conteúdo, fruto de uma pesquisa desenvolvida no Programa de Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática da PUC Minas. A apresentação da sequência foi estruturada da seguinte forma: fundamentação teórica da proposta, organização da sequência, com a descrição dos blocos e das atividades, apresentando os objetivos pretendidos de cada uma delas e as expectativas de desempenho dos alunos, apontando possíveis dificuldades e, ao final, a implementação da sequência didática. 4.1 Fundamentação teórica da proposta A sequência didática aqui apresentada é pensada como uma abordagem da Trigonometria a partir da modelagem, com referências na realidade, utilizando material concreto e recursos computacionais, aproveitando as potencialidades de tipos diferenciados de instrumentos didáticos. Os objetivos gerais da sequência didática foram: motivar os alunos, desenvolvendo atividades com referência na realidade, de modo que eles próprios descobrissem padrões e propriedades trigonométricas; incentivar a redescoberta através da modelagem, de idéias da trigonometria, reconstruindo modelos abstratos da trigonometria; propiciar experiências variadas que conduzam o aluno a atribuir significado ao conteúdo programático de trigonometria, seja através do uso de material concreto, das tecnologias de lápis e papel, ou utilizando applets de geometria dinâmica. A utilização de recursos didáticos diversificados se justifica em Richit e Maltempi (2010) e Smole e Diniz (2005), ao afirmarem que para atingirmos o maior número de alunos devemos combinar vários recursos metodológicos (software, lápis, papel, calculadora, material concreto, medições, plantas, etc.). Por isso utilizamos material concreto, papel e lápis e recursos computacionais para a compreensão e representação algébrica e geométrica de modelos abstratos da Trigonometria. 88 O uso do material concreto tem como grande vantagem oferecer “referentes”, símbolos que significam algo para o estudante, que permitem dar significado à situação como um todo, pois para o estudante, o material concreto já possui uma utilidade, que por meio de analogias facilitará o processo de abstração e entendimento do novo conhecimento. No entanto, não será somente a presença do material concreto que facilitará a compreensão, mas o que ele significa para o estudante, que o ajudará a conferir significado à linguagem matemática. Por um lado, o material concreto permite uma manipulação física, palpável da situação, os “referentes” que este material possui, permitem uma manipulação mental do que está ocorrendo. (SPINILLO; MAGINA, 2004). A proposta é fundamentada em alguns princípios destacados por Biembengut e Hein (2007) quanto à Modelagem em Educação Matemática e na concepção de Modelagem de Barbieri e Burak (2005). Adotamos a perspectiva de modelagem educacional citada por Kaiser, Sriraman (2006), na qual os exemplos do mundo real e suas associações com a Matemática tornam-se um elemento central para a estruturação e o desenvolvimento do ensino e aprendizagem em Matemática; e pautamos nosso trabalho adotando os casos 1 e 2 de Barbosa (2001), como configurações de inserção de atividades de modelagem no currículo escolar. Assim, são propostos aos alunos situações-problema, com informações para que os alunos resolvam além de problemas, nos quais, além da resolução, a coleta de dados também fica sob a responsabilidade dos alunos. Consideramos que a aprendizagem de novos conceitos matemáticos se consolida mais rapidamente quando se inicia pela apresentação de uma situação problema ao aluno, ficando a formalização e generalização do conceito como a última etapa do processo de aprendizagem. O conteúdo matemático abordado por meio de Modelagem e investigações é desencadeado no decorrer das atividades com a formalização posterior a sua utilização. Isso permite que à medida que o aluno busca ferramentas para resolver a situação problema, ele mobilize conhecimentos já adquiridos e perceba que novos conteúdos se fazem necessários. (KATO et al, 2010). Tal abordagem, concordando com Quinlan (2004), pretende, antes de introduzir o conteúdo formalizado, mergulhar os alunos num contexto próximo às situações que desencadearam sua necessidade e, em consequência, o originaram. 89 Partimos do pressuposto de que podemos seguir um caminho diferente do usual, indo de situações particulares para gerais, assim como Lindegger (2000). O conhecimento trigonométrico, enquanto conhecimento matemático produzido historicamente pela humanidade se desenvolveu de tal forma, que enquanto conhecimento escolar se distanciou do empirismo do qual se originou. (AIMI, 2010). Uma parte considerável de suas ideias são fruto de abstrações de situações empíricas, que delas se distanciam ao serem generalizadas e aprofundadas. Aumenta-se o nível de detalhes e sua complexidade, tornando-se menos significativa e mais complicada para quem está fora desse campo de estudo. (BASSANEZI, 2009). No processo ensino-aprendizagem, por que não, reaproximar o conhecimento trigonométrico escolar do empirismo que lhe deu origem. Pesquisas apontam que os alunos demonstram mais interesse pela disciplina quando percebem sua aplicação em seu dia-a-dia. A modelagem cria um ambiente favorável à aprendizagem durante a implementação das atividades, pois reorienta o ensino dessa disciplina. (SANTOS; BISOGNIN, 2007). Podemos considerar que estamos realizando aulas inspiradas pela Modelagem Matemática, permitindo que os alunos se envolvam em experiências educativas, em processos de construção do conhecimento ligados a conhecimentos práticos. E tendo a oportunidade de perceber que os conhecimentos sistematizados não surgem por acaso, mas para suprir necessidades humanas, após um árduo trabalho de observação, coleta de dados, levantamento de hipóteses e muitos testes. (BARBIERI; BURAK, 2005). A aprendizagem com modelagem leva em consideração a motivação e a abstração, objetivando o desenvolvimento da argumentação matemática, na qual a escolha de problemas vindos de situações concretas funciona como o elemento motivador inicial, e age de modo a incorporar, por parte do aluno, conhecimentos necessários ao seu convívio social. (BASSANEZI, 2009). Escolher o tema com o qual se trabalhará desperta a participação e interesse do aluno, que se vê parte importante do processo e que este se relaciona com seu contexto. (SANTOS; BISOGNIN, 2007; BASSANEZI, 2009). 90 Elaborar os próprios problemas pode, também, ser um bom caminho, pois, além de permitir a percepção se os estudantes entenderam o conceito matemático proposto ou não, também contribui para a ampliação dos conhecimentos dos mesmos, pois a partir do momento em que são convidados a criar os próprios problemas, eles deverão se preocupar com a coerência das informações dadas, da pertinência ao assunto e a criatividade em sua elaboração. (LOSS; BIEMBENGUT, 2010). Trata-se de outra oportunidade de desenvolver nos alunos habilidades que lhes permitam empregar de forma eficaz os instrumentos que possuem oriundos de seu meio e cultura. (SANTOS; BISOGNIN, 2007). Durante a realização das atividades é interessante que os alunos partilhem idéias, raciocínios, processos, estabeleçam conexões, comparações e analogias, construam conjecturas e negociem significados e desenvolvam capacidades de comunicar e argumentar.Nesse sentido, durante as atividades, o aluno deve observar, experimentar, comparar, relacionar, analisar, justapor, compor, encaixar, levantar hipóteses e argumentar.(KFOURI; D’AMBRÓSIO, 2006, p.2). Debatendo assim com seus pares para resolver o problema o aluno conseguirá apurar e consolidar seus conhecimentos matemáticos acerca do conteúdo. As atividades da sequência foram propostas como exercícios de modelagem numa linha investigativa (PONTE; BROCARDO; OLIVEIRA, 2006; ERNEST, 1996; KATO et al, 2010; ALMEIDA; FERRUZZI, 2009), de forma a favorecer a descoberta de propriedades trigonométricas, bem como a associação entre as formas como a trigonometria se apresenta: no triângulo, no círculo ou no plano cartesiano. Nessa perspectiva, lidamos com Modelagem Matemática como prática investigativa, que se delineou em introdução, realização das atividades e discussão dos resultados. (PONTE; BROCARDO; OLIVEIRA, 2006; ALMEIDA; FERRUZZI, 2009). Como os alunos não estavam habituados ao formato de atividades abertas, foi necessário elaborar as primeiras atividades seguindo uma linha próxima a de Ernest (1996), quando se refere a descobertas guiadas. As primeiras atividades eram guiadas, para motivá-los, em seguida acrescentávamos, gradativamente, atividades mais abertas. As atividades, de cunho investigativo, caracterizam-se pela ênfase dada ao processo, em que as situações de ensino propostas são mais abertas, cabendo aos alunos o papel de definir atitudes e tomar decisões durante o processo. As 91 atividades de modelagem podem auxiliar a apropriação de conceitos matemáticos, na medida em que contribuem para o desenvolvimento do pensamento matemático dos alunos. (KATO et al, 2010; FREITAS, 2010). Optamos por atrelar um projeto às atividades, pelo fato de que, nas escolas, a pedagogia de projetos tem sido muito aplicada e tem obtido resultados satisfatórios. Além da motivação inicial que ele apresenta, pois se propõe a resolver um problema específico cujos resultados são esperados, mas não se tem certeza de que serão alcançados. Permite “alavancar” processos durante sua execução que são muito importantes num ambiente de ensino: análise, previsão, proposição, execução e inovação. (RIPARDO; OLIVEIRA; SILVA, 2009). Ripardo, Oliveira e Silva (2009), destacam em seu trabalho várias formas de projetos educacionais. Para os interesses dessa pesquisa, nos ateremos aos projetos educacionais de ensino e de trabalho. Projetos de ensino: voltados a uma ou mais disciplinas do currículo escolar com o propósito de melhorar o processo de ensino-aprendizagem de conteúdos específicos dessa(s) disciplina(s). É desenvolvida pelo professor; Projetos de trabalho: tem basicamente os mesmos predicativos dos projetos de ensino, contudo, é desenvolvido por alunos sob a coordenação do professor. (RIPARDO; OLIVEIRA; SILVA, 2009, p.93). O projeto, aqui proposto, se situa como um projeto educacional de trabalho na visão de Ripardo, Oliveira e Silva (2009), voltado para a melhoria do processo ensino-aprendizagem de conteúdos trigonométricos, desenvolvido por alunos sob a orientação da professora pesquisadora. Além dos motivos já expostos em nosso texto, corroboramos nossa opção por desenvolver um projeto, à luz de Richit e Maltempi: concebemos projetos como atividades educativas que geram situações de aprendizagem reais, diversificadas e interessantes, que devem permitir aos estudantes decidir, opinar, debater e conduzir seu processo de conhecimento, favorecendo o desenvolvimento da autonomia e a participação social. (RICHIT; MALTEMPI, 2010, p.20). As decisões tomadas pelos alunos e opiniões por eles expressadas, iniciaram-se na escolha de que construções existentes na cidade eles acreditavam ser interessantes e que poderiam ser objetos de estudo. Acreditamos que essa escolha feita pelos alunos é de suma importância dentro da concepção em que enquadramos nosso trabalho: inspirada em Modelagem Matemática. 92 Este projeto foi inspirado no que autores, como Araújo (2009) e Barbosa (2001), chamam de projetos de modelagem matemática, que, devido a uma tradição brasileira, aproxima as práticas de modelagem matemática do trabalho com projetos. Tal proximidade é justificada graças a importância do planejamento desses projetos e das incertezas que seu desenvolvimento carrega. Como Franchi (2007) coloca, além da Modelagem Matemática, a Informática, também pode construir ambientes de aprendizagem muito férteis, permitindo o desenvolvimento das potencialidades do estudante. Já que atividades relacionadas a temas de interesse, ainda mais envolvendo recursos tecnológicos, motivam os estudantes a participarem ativamente de seu processo de aprendizagem. O uso de tecnologia computacional propicia, dentre outras coisas, visualização, algo que favorece a apropriação de conhecimento em matemática, já que a visualização, articulada à dinâmica desse recurso, evidencia propriedades e relações entre objetos matemáticos, que conduzem à compreensão ampla dos conceitos. Possibilita testar mudanças associadas a características algébricas ou geométricas e observar as variações nos aspectos gráficos dos conceitos matemáticos. (RICHIT; MALTEMPI, 2010; FRANCHI, 2007). Chamamos de apropriação a ação do estudante ao assimilar determinado conceito, de retirá-lo da condição de símbolo para instrumento, parte integrante de seu conhecimento intelectual, que pode ser utilizado quando se fizer necessário. (RIBEIRO; BITTAR, 2010). Para que tal apropriação se dê, o aluno deve experimentar o ente carregado de simbologia, manipulá-lo, explorá-lo, até que este passe de símbolo para conceito adquirido, atingindo a ideia abstrata a que se propõe. Nessa perspectiva, o computador torna-se uma ferramenta computacional, sob a visão de Valente (1999), pela qual o aluno desenvolve uma tarefa, ele aprende por estar executando algo sob o intermédio do computador. Esta ferramenta facilita a assimilação de conceitos presentes em diversas atividades. Mas, ressalva-se que, mesmo com todos os recursos que apresenta e as potencialidades que oferece apenas a presença do computador não garante promoção de aprendizagem. (VALENTE,1999). Cabe ao professor atuar como estimulador da investigação e reflexão, enquanto as tecnologias são recursos que favorecem tais ações. (RICHIT; MALTEMPI, 2010). É sua função investir nas 93 potencialidades de cada material utilizado, permitindo ao aluno transferir suas compreensões para o conceito matemático abstrato. (SOUZA; OLIVEIRA, 2010). 4.2 Organização da sequência A sequência didática é organizada em cinco blocos de atividades, mesclando o tipo de tecnologia e a abordagem metodológica adotada, de acordo com um foco principal estabelecido. Cada bloco é composto por um número específico de atividades, na forma de atividades em sala de aula e atividades complementares para casa, a serem resolvidas por vezes em duplas, outras em grupos de 4 a 6 pessoas, dependendo da intencionalidade de cada uma. No Bloco 1, temos duas Atividades Preparatórias. No Bloco 2, temos 8 atividades: três Atividades em sala, um Desafio, três Atividades Complementares e um projeto: Enxergando e Modelando a Trigonometria das construções da cidade. No Bloco 3, temos 2 atividades: uma Atividade em sala e uma Atividade Complementar. No Bloco 4, temos 8 atividades: quatro Atividades na sala de informática e quatro Atividades Complementares. No Bloco 5, temos 4 Atividades Avaliativas: dois Testes, um Questionário e a Feira de Matemática. As Atividades em sala de aula objetivam instigar e desafiar os alunos a mobilizar conhecimentos prévios e, sob a linha investigativa, solucionar os problemas propostos. As Atividades Complementares, a serem resolvidas em casa, objetivam resgatar conhecimentos anteriores dos alunos, fixar conceitos e procedimentos explorados em sala de aula e iniciar a formalização de conceitos. O primeiro bloco de atividades pretende retomar alguns conceitos como: Teorema de Tales, Teorema de Pitágoras, triângulos e escala e consiste de duas Atividades Preparatórias A e B, a serem resolvidas em casa, prevendo-se um momento de socialização e sistematização de conceitos, conduzido pela professora. O segundo bloco de atividades se refere à Trigonometria no triângulo retângulo. Conta com atividades realizadas em grupos, nas quais os alunos necessitam medir alturas de paredes, sem delas se aproximar, utilizando alguns materiais concretos como esquadros, trenas, transferidor, canudos de refrigerante, o que os remete a origem empírica desse conhecimento trigonométrico. Há atividades 94 em que os alunos devem escolher, entre vários problemas aplicados de trigonometria, retirados de livros didáticos, três para serem resolvidos. Após esta atividade são impelidos a elaborar seus próprios problemas. Temos um desafio que utiliza a planta de uma casa, no qual os alunos são convidados a analisar a inclinação do telhado nela representado. A Atividade lhes permite empregar conceitos de escala e associar a forma do telhado com representações abstratas (formato triangular, representação em plantas, elementos que os formam). A última atividade desse bloco é o projeto: Enxergando e modelando a Trigonometria das construções da cidade. Que estimula os alunos a enxergar a Trigonometria nas construções da cidade, partindo de construções que eles próprios consideram interessantes. O terceiro bloco de atividades aborda a transição da trigonometria do triângulo retângulo para o círculo trigonométrico. Contempla uma introdução e/ou apresentação do que seja um círculo orientado, unidades comumente utilizadas para representarmos ângulos e arcos e atividades numa perspectiva de descoberta guiada de Ernest (1996). O quarto bloco contempla a trigonometria no círculo trigonométrico e no plano cartesiano, desde as funções seno e cosseno no círculo até o esboço de seus gráficos no plano cartesiano; reduções ao primeiro quadrante, relações de complementaridade e fórmulas de soma e diferença de ângulos. Estas atividades utilizam recursos computacionais, explorando a manipulação de applets, pequenos programas em linguagem Java feitos no software Geogebra, acessados via web. Esses applets são de fácil manipulação, proporcionando melhor compreensão dos conceitos, mediante a associação das dimensões geométrica, algébrica e gráfica dos conceitos abordados. (RICHIT; MALTEMPI, 2010; SANTOS, 2008). O quinto bloco de atividades prevê Atividades Avaliativas, compreendendo dois testes, feitos individualmente, ao longo da aplicação da sequência didática; a aplicação de um questionário em que os alunos avaliam, individualmente, a experiência vivenciada, ao final da sequência; e uma Feira de Matemática, na qual os resultados obtidos no projeto, do bloco 2, são apresentados à comunidade escolar, ocorrendo também ao final da aplicação da sequência didática. 95 4.3 Descrição dos blocos e das atividades As atividades e seus respectivos objetivos, são expostos a seguir, seguidos das análises prévias, que comentam algumas soluções que imaginamos serem apresentadas pelos alunos. O Quadro 12 mostra de forma concisa como estas atividades foram agrupadas: Blocos 1 Atividades Atividades preparatórias 2 Semelhança de triângulos e trigonometria no triângulo retângulo 3 Transição do triângulo para o circulo trigonométrico Descrição Atividade A: Exploração de conhecimentos prévios dos alunos acerca de triângulos, visando recuperar informações como: classificação de triângulos quanto aos lados e ângulos, soma de seus ângulos internos. Atividade B: Exploração da planta baixa de uma casa e dos conceitos nela inseridos: escala, perímetro e área de retângulos. Pretendia estimular a observação e o manejo de plantas baixas, bem como o uso instrumentos de medida. Atividade 1: Mobilização de conhecimentos sobre semelhança de triângulos para encontrar a altura da parede da sala de aula, dispondo de régua, esquadro e canudo de refrigerante. Atividade Complementar 1: Atividades de fixação com semelhança de triângulos para verificar a invariância das relações. Atividade 2: Busca pelo ângulo de inclinação conhecidos a altura da parede e a distância até ela, dispondo de um transferidor e um canudo de refrigerante. Atividade Complementar 2: Formalização da definição das razões trigonométricas seno, cosseno e tangente no triângulo retângulo e exploração destas relações em triângulos variados, em posições diversas. Exploração de relações fundamentais na trigonometria. Desafio da planta do telhado: Visa conhecer e associar algumas partes do telhado à formação de triângulos e, possivelmente, aplicar o Teorema de Pitágoras; Explorou o telhado e sua inclinação a partir de sua planta. Atividade 3: Pretende que o aluno escolha e resolva três problemas aplicados, que abordem razões trigonométricas diferentes, a partir de uma lista de problemas aplicados retirados de livros didáticos. Atividade Complementar 3: Pede aos alunos que elaborem exercícios a partir de situações práticas que envolvam razões trigonométricas no triângulo retângulo. Projeto: Enxergando e modelando a trigonometria das construções da cidade. Pretende selecionar, junto aos alunos, construções que eles consideram interessantes na cidade e delas extrair a trigonometria presente: telhados, escadas, rampas, etc. Atividade 4: Fixação dos conceitos de círculo trigonométrico e arco orientado, o que são os quadrantes do círculo trigonométrico e quais seus intervalos de existência; Exploração de noções de arcos côngruos e de primeira determinação positiva e negativa. Atividade Complementar 4: Exploração do conceito de comprimento de circunferência e comprimento de arcos de circunferência. 96 Quadro 12 (Continuação) Blocos 4 5 Atividades Descrição Atividade 5: Utilização de applets de trigonometria feitos no Geogebra para estimular os alunos a perceberem o que ocorria aos valores de seno, cosseno e tangente quando aumentamos ou diminuímos o valor do ângulo em cada quadrante do círculo trigonométrico; Encontrar os valores dos ângulos dados seus valores de seno, cosseno ou tangente, utilizando os applets; Identificar os eixos correspondentes às funções seno, cosseno e tangente no círculo trigonométrico. Atividade Complementar 5: Atividades de fixação dos conceitos abordados na atividade com recurso computacional. Atividade 6: Observação de como são formados os gráficos das funções seno, cosseno e tangente, à medida que completamos uma volta na circunferência trigonométrica, utilizando applets dinâmicos; Reconhecimento de o que é uma função periódica, avaliando se as funções trigonométricas citadas são ou não periódicas, podendo identificar tal período. Atividade Complementar 6: Desenho dos gráficos das funções seno e cosseno a partir da tabela de arcos notáveis, no mesmo Trigonometria plano cartesiano, para facilitar a descoberta da defasagem entre as no círculo funções; trigonométrico Destaque de características dos gráficos e funções trigonométricas, e no plano associando-as às partes de um telhado e a aplicações a outras cartesiano áreas de conhecimento. Atividade 7: Análise de situações de simetria no círculo trigonométrico (vertical, horizontal e em relação à origem) para estabelecer as expressões de redução ao 1º quadrante, considerando o quadrante em que os ângulos se encontram. Atividade Complementar 7: Atividades de fixação dos conceitos sobre redução ao primeiro quadrante, abordados na atividade com recurso computacional. Atividade 8: Percepção de relações de complementaridade entre ângulos e como isso afeta os valores seno e de cosseno de arcos num mesmo quadrante; Exploração das fórmulas de soma e subtração de ângulos através de abordagem geométrica em software dinâmico. Atividade Complementar 8: Fixação das relações de complementaridade entre ângulos e seus reflexos sobre os valores do seno e do cosseno de ângulos num mesmo quadrante; Aplicação das fórmulas de soma e subtração de ângulos e sua utilização para obter alguns modelos abstratos clássicos da trigonometria numa exploração algébrica. Os dois Testes: Verificação de aprendizagem dos conteúdos abordados. Questionário: Verificação das impressões que os alunos tiveram acerca da sequência de atividades aplicada. Atividades Feira de Matemática: Apresentar à comunidade escolar os Avaliativas resultados obtidos no projeto: Enxergando e modelando a trigonometria das construções da cidade; Elaborar modelos, como maquetes das construções e desafios com os dados coletados durante o desenvolvimento do projeto, para serem expostos durante a Feira. Quadro 12: Organização das atividades em grupos Fonte: Dados da pesquisa 97 Bloco 1: Atividades Preparatórias Objetivos: Atividade A: revisitar a geometria, investigando padrões de triângulos e sistematizando propriedades. Atividade B: investigar a planta baixa de uma casa e atribuir sentido às medidas utilizadas, relacionando com as medidas reais, a partir do entendimento do que seja uma escala. ATIVIDADE A- Investigando propriedades de polígonos de três lados 1-Desenhe um polígono (uma figura geométrica) de três lados. Você poderia dizer o nome desse polígono? 2-Escreva algumas propriedades que você observa nesta figura? 3-Num triângulo, dois ângulos medem, respectivamente, 25° e 108°. Qual é a medida do terceiro ângulo? Como você chegou a este resultado? 4-Observe os triângulos abaixo e destaque as características que você observa em cada um deles: Triângulo Característica Triângulo Característica D A B E F C 98 ATIVIDADE A- Investigando propriedades de polígonos de três lados (Continuação) 5-Dos triângulos que você caracterizou acima, há pares que possuem características semelhantes. Separe as duplas que apresentam: Duplas de triângulos Que nome recebem? Os três lados iguais Dois lados iguais e um diferente Os três lados diferentes 6-Observando os triângulos abaixo, o que se pode dizer acerca dos ângulos de cada um desses triângulos? Características Características quanto aos quanto aos Triângulos Triângulos ângulos ângulos 7-Dos triângulos que você caracterizou acima, há pares que possuem características semelhantes. Separe as duplas que apresentam: Duplas de triângulos Que nome recebem? Um ângulo maior que 90° Três ângulos menores que 90° Um ângulo de 90° 99 A primeira tarefa objetiva recuperar o modelo abstrato do polígono de três lados, triângulo, tanto por meio de um desenho quanto o seu nome. A segunda pretende recuperar as propriedades de um triângulo qualquer: ter três lados, três ângulos, três vértices, ter a soma dos ângulos internos igual a 180º etc. A terceira tarefa explora a aplicação da relação entre os ângulos internos de um triângulo, suscitando sua recordação pelos alunos. A quarta e quinta tarefas exploram as classificações dos triângulos quanto a seus lados. A quarta tarefa oferece modelos de triângulos desenhados para que os alunos destaquem características relacionadas aos seus lados. Na tarefa 5 sumarizam-se as características, fazendo alusão a que desenhos as apresentam e como poderiam ser chamados. Esperamos que os alunos associem os triângulos de três lados iguais ao termo equilátero; o de dois lados iguais e um diferente ao termo isósceles e o de três lados diferentes ao termo escaleno. A sexta e sétima tarefas se remetem às classificações dos triângulos quanto a seus ângulos. A sexta tarefa, como a quarta, oferece desenhos para que os alunos deles destaquem características associadas a seus ângulos. Na tarefa 7, em conformidade com a quinta, oferecem-se as características sistematizadas, esperando que os alunos destaquem os desenhos a elas associadas e identifiquem as classificações dos respectivos triângulos: se acutângulo, retângulo ou obtusângulo. Para o desenvolvimento da Atividade Preparatória B, é disponibilizado aos alunos uma cópia da planta baixa de uma casa popular da cidade de Belo Horizonte (ANEXO A). A primeira tarefa pretende que os alunos, a partir da exploração da planta baixa, destaquem as características geométricas dos cômodos como seu formato, retangular ou quadrado, e sua quantidade. A segunda tarefa apresenta a necessidade do uso de régua para medir as distâncias expressas no desenho da planta em centímetros. Além de estimular o uso de material para desenho esta atividade pretende mobilizar conhecimentos acerca de áreas de figuras planas. A tarefa 3 visa analisar como os alunos chegam a área da casa toda desenhada na planta, se pela soma das áreas dos cômodos, já calculada na tarefa 2, ou pelo cálculo de área do desenho completa da casa na planta. A tarefa 4 explora o conceito de escala, o que ele significa. Espera-se que os alunos associem cada 1cm do desenho a 50cm da casa real, já que a escala dada 100 foi de 1/50. As tarefas 5 e 6 tem praticamente os mesmos objetivos das tarefas 2 e 3, com a diferença de pedirem as medidas reais, em metros, dos cômodos. Nessas tarefas faz-se necessário a aplicação dos conhecimentos de escala, já suscitados na tarefa 4. Atividade B- Explorando a planta baixa de uma casa Para resolver esta atividade, leia a folha e consulte a planta em anexo. A planta baixa de uma casa é a representação gráfica, num plano, da casa vista de cima, sem o telhado. Onde se evidencia apenas o chão e a distribuição dos cômodos nesse espaço. Na planta que entregamos a vocês, temos um projeto de casa popular disponibilizada pela prefeitura de Belo Horizonte, que apresenta, além da planta baixa da casa, vista das fachadas da casa, planta do telhado e vista de cortes verticais. Para resolver às questões abaixo, observe no projeto a planta 1 quarto, que é a planta baixa. 1-O que você poderia dizer sobre os cômodos dessa casa (que formas têm, quantos são, etc)? 2-Utilizando uma régua para efetuar as medidas, complete o quadro abaixo: CÔMODOS LARGURA (cm) COMPRIMENTO (cm) ÁREA (cm2) Banheiro Sala Cozinha Quarto 3-Considerando os dados até aqui coletados, é possível encontrar a área de toda a casa? Como? 4-Para que toda a extensão da casa caiba em uma folha, ela precisa ser reduzida de forma proporcional, para não perder suas formas originais. Para isso usamos a escala. Nessa planta a escala utilizada é de 1/ 50. O que essa escala significa? 5-Uma vez que já conhecemos a escala utilizada nessa planta, complete o quadro, agora informando as medidas reais de cada cômodo, em metros. CÔMODOS LARGURA (m) COMPRIMENTO (m) ÁREA (m2) Banheiro Sala Cozinha Quarto 6- Qual é a área, em m2, da casa toda? Bloco 2: Semelhança de triângulos e trigonometria no triângulo retângulo Objetivos Atividade 1: mobilizar conhecimentos sobre semelhança de triângulos para encontrar a altura da parede da sala de aula, dispondo de régua, esquadro e canudo de refrigerante. Atividade Complementar 1: fixar os conceitos sobre semelhança de triângulos verificando a invariância de relações. 101 Atividade 2: encontrar o ângulo de inclinação conhecidos a altura da parede e a distância até ela, dispondo de um transferidor e um canudo de refrigerante. Atividade Complementar 2: formalizar a definição das razões trigonométricas seno, cosseno e tangente no triângulo retângulo e explorar estas relações em triângulos variados, em posições diversas. Introduzir, de forma empírica algumas relações fundamentais da trigonometria. Desafio da Planta do Telhado: conhecer e associar algumas partes do telhado à formação de triângulos e, possivelmente, aplicar o Teorema de Pitágoras. Explorar o telhado e sua inclinação a partir de sua planta. Atividade 3: permitir aos alunos aplicar e fixar seus conhecimentos acerca das razões trigonométricas no triângulo retângulo, desde a escolha à resolução de problemas aplicados. Atividade Complementar 3: verificar o grau de familiaridade dos alunos com o assunto dado, além de permitir que usem sua criatividade na concepção de problemas aplicados. Projeto: Enxergando e modelando a Trigonometria das construções da cidade: aproximar a Trigonometria do cotidiano dos alunos, à medida em que eles escolhem as construções que, na opinião deles, são mais interessantes para um estudo trigonométrico. Aproveitar tal motivação para extrair o máximo de trigonometria que estas construções têm a oferecer, neste nível de ensino para que posteriormente seja modelada e transformada em desafios matemáticos pelos alunos. Atividade 1 – Medida da Altura da Parede 1-Como você faria para medir a altura da parede da sala dispondo apenas de um esquadro, uma régua e um canudo de refrigerante, sem poder se aproximar da parede para medi-la diretamente?(Anote todos os passos realizados para resolver este problema e ao final faça um esboço da situação apresentada). *Atenção, indique primeiro o tipo de esquadro que você está utilizando: ( )45/90/45 ( )30/90/60 ( )60/90/30 b)Relacione os conteúdos de Matemática que você consegue associar a atividade desenvolvida. A primeira tarefa da Atividade 1 envolve o uso de materiais concretos: esquadros, trenas e canudos de refrigerante. Como não é permitido medir diretamente a parede, pretende-se que os alunos criem estratégias, usando o material dado, para encontrar a altura da parede. Espera-se que os alunos utilizem o 102 esquadro para estabelecer uma situação de semelhança de triângulos, encontrando uma posição na sala na qual esta situação seja possível. A trena poderá ser utilizada para medir distâncias no chão e do esquadro. O canudo pode ser utilizado como se fosse uma luneta, pelo qual enxergamos o ponto mais alto da parede. É pedido aos alunos que criem desenhos que representem a situação de forma a estimulá-los a criar modelos abstratos com papel e lápis e facilitem o estabelecimento de relações e compreensão da situação para que possam resolvê-la. Abaixo da primeira tarefa é pedido aos alunos que assinalem que tipo de esquadro está sendo utilizado, o que favorecerá as conjecturas acerca dos resultados encontrados no momento de socialização. Espera-se que os alunos associem aos ângulos o fato de utilizando esquadros diferentes, obterem a mesma altura Ao final dessa atividade é pedido aos alunos que mencionem toda a Matemática que eles identificam na atividade desenvolvida. Esperamos que eles mencionem terem utilizado semelhança de triângulos para resolver esta atividade, bem como triângulos e distâncias. A Atividade Complementar 1 pretende fixar os conceitos de semelhança de triângulos. As tarefas dessa atividade pretendem que os alunos utilizando semelhança de triângulos encontrem os valores desconhecidos de x. A tarefa 1 traz triângulos semelhantes separados, alguns posicionados da mesma maneira,facilitando suas associações, e outros posicionados de maneira diferente o que exige mais concentração ao resolvê-los. As tarefas 2, 4 e 5 trazem triângulos sobrepostos, assim chamados pois se encontram “um dentro do outro”, situação análoga a enfrentada pelos alunos na Atividade 1 de sala de aula. Espera-se que os alunos consigam encontrar os valores desconhecidos. A tarefa 3 difere das demais tarefas, pois não apresenta desenho, sendo este uma das ações necessárias a sua resolução. Nesta tarefa pretende-se que, além de encontrar a distância desconhecida, os alunos sejam capazes de elaborar um desenho esquemático e saibam explicar como encontrar a medida desconhecida, relacionando a tarefa sob a forma de uma situação de semelhança de triângulos. 103 Atividade Complementar 1- Semelhança de triângulos 1-Sabendo que os pares de triângulos abaixo são semelhantes encontre os valores desconhecidos: a) b) c) d) e) 2-As figuras abaixo representam dois triângulos sobrepostos, que possuem um vértice em comum. Determine os valores desconhecidos de x, em cada caso: a)C b) H J E A D B AB= 7cm, BD= 4,5 cm, DE= 2cm, AC= x F I FG= 14cm, GI= 9cm, GJ= 20cm, GH= x c) M O K N G L KM= 9cm, NO= 6cm, LN= 13,5cm, KL= x 3-No parque de uma cidadezinha havia um pinheiro e uma estaca de 1,10m, fincada a seu lado. Numa tarde ensolarada, no mesmo instante em que a sombra da estaca projetada no chão era de 85 cm, a sombra do pinheiro era de 3,72m. a) Ilustre esta situação, fazendo um desenho; b) É possível representar esta situação por meio de dois triângulos semelhantes imaginários? c) Você saberia determinar a altura do pinheiro? 104 Atividade Complementar 1- Semelhança de triângulos (Continuação) 4 -Na figura, as retas r, s e t são paralelas e determinam dois triângulos semelhantes: 13 Nessas circunstâncias, encontre o valor de x, base do triângulo maior: 5-O telhado de uma casa é sustentado por uma estrutura de madeira em forma de triângulos semelhantes: E G F A B C D Considerando as distâncias AB = 1,40m, AC= 2,80m, AD= 4,20m e DE= 1,20m, quanto devem medir as vigas verticais indicadas pelos segmentos: BG e CF? Atividade 2 – Medindo o ângulo usando transferidor, simulando o uso do teodolito. 1-Na Atividade 1 descobrimos a altura da parede da sala, utilizando um esquadro posicionado a certa distância da parede. Percebemos que esquadros com ângulos diferentes podem fornecer a mesma altura da parede, desde que posicionados a distâncias diferentes da mesma. a) Dispondo de um transferidor e um canudo de refrigerante, conhecidas as medidas da altura da parede e da distância do transferidor à mesma, como você determinaria o ângulo de inclinação relacionado a estas medidas? (Anote todos os passos realizados para resolver este problema, registre os cálculos e ao final faça um desenho da situação investigada). b)Relacione os conteúdos de Matemática que você consegue associar a atividade desenvolvida. Na Atividade 2, os alunos utilizam as medidas encontrados na Atividade 1: a altura da parede da sala e a distância, medida no chão da sala, do local onde posicionaram o esquadro até a parede. Os alunos dispõem de um transferidor, um 13 Atividade retirada de IMENES; LELLIS, 2009, p.26 105 canudo de refrigerante e de uma trena. Nesta tarefa o objetivo é encontrar o ângulo de observação dadas as distâncias mencionadas. Pretende-se que os alunos encontrem o ângulo, façam desenhos representando suas ações e após encontrarem o ângulo verifiquem que corresponde aproximadamente ao ângulo do esquadro utilizado na Atividade 1. Ao final da Atividade 2, é pedido que os alunos relacionem os conteúdos matemáticos que eles puderam perceber nesta atividade, esperamos que os alunos mencionem o uso das razões trigonométricas no triângulo retângulo: seno, cosseno ou tangente. A Atividade Complementar 2 objetiva formalizar os conceitos sobre razões trigonométricas no triângulo retângulo, por isso traz as definições sistematizadas no início da folha de atividades. A primeira tarefa dessa atividade pede que os alunos relacionem as razões trigonométricas recém-sistematizadas às atividades 1 e 2 feitas anteriormente. A tarefa 2 disponibilizava aos alunos uma tabela com ângulos e suas respectivas razões trigonométricas. Na letra a dessa tarefa, temos uma tabela com três triângulos retângulos, que possuem uma das medidas em comum igual 4 cm. Sobre estes triângulos são feitos alguns questionamentos: quais os valores de seus três ângulos, qual o valor de suas medidas x e y e como os alunos as encontraram. Espera-se que nesse ponto os alunos utilizem pelo menos uma das razões trigonométricas para encontrar a primeira variável, para encontrar a segunda eles podem utilizar o Teorema de Pitágoras ou outra razão trigonométrica. A letra b pede que os alunos destaquem semelhanças entre os triângulos, em que esperamos que os alunos destaquem o fato de que há uma medida igual entre os três triângulos. A letra c pede que os alunos registrem suas observações. Esperamos que os alunos identifiquem que utilizaram razões trigonométricas semelhantes apesar de estarem lidando com ângulos diferentes e que as razões trigonométricas estão ligadas ao ângulo e não às dimensões do triângulo. 106 Atividade Complementar 2 – Formalização das razões trigonométricas Num triângulo retângulo podemos relacionar seus lados a seus ângulos. Estas relações recebem o nome de razões trigonométricas no triângulo retângulo. Chamamos de seno de um ângulo agudo do triângulo retângulo a razão entre o cateto oposto a este ângulo e a hipotenusa do triângulo retângulo. Chamamos de cosseno de um ângulo agudo do triângulo retângulo a razão entre o cateto adjacente a este ângulo e a hipotenusa do triângulo retângulo. Chamamos de tangente de um ângulo agudo do triângulo retângulo a razão entre o cateto oposto a este ângulo e o cateto adjacente a este ângulo. 1-Conhecidas as definições de tais razões, responda: Entre as atividades realizadas em sala, há alguma em que você poderia ter utilizado alguma dessas razões trigonométricas? Comente. 2-Cada ângulo agudo de um triângulo retângulo apresenta um valor de seno, cosseno e tangente. A tabela abaixo apresenta três ângulos agudos e suas respectivas razões trigonométricas. ângulos 22° 40° 68° seno ≈ 0,375 ≈ 0,643 ≈ 0,927 cosseno ≈ 0,927 ≈ 0,766 ≈ 0,375 tangente ≈ 0,404 ≈ 0,839 ≈ 2,475 a)Consultando o quadro complete o que se pede para os triângulos dados: Triângulos Cite seus três ângulos Encontrem os valores de x (explique os caminhos matemáticos utilizados) x 4cm 22° y 4cm x 40° y 4 cm y 68° x b)Destaque semelhanças entre os triângulos acima: c)Registre outras observações sobre a tarefa 2? Encontrem os valores de y (explique os caminhos matemáticos utilizados) 107 Atividade Complementar 2 – Formalização das razões trigonométricas(Continuação) 3- No triângulo retângulo representado, são especificados os valores de seus lados e de dois ângulos agudos α e β. β 10 6 α 8 a)Determine os valores de: I-senα = V-senβ = II-cosα = VI-cosβ= III-tgα = IV- VII-tgβ = senα = cos α VIII- senβ = cos β b)Considere os resultados encontrados nas letras I, II, V, VI. O que observou? Como se explica o que você observou? c)Compare outros resultados da tarefa 3a e registre suas observações; 4-Para os triângulos 1, 2 e 3, calcule os valores de sen2α+ cos2α: 123α 3cm 5cm 5cm 13cm 8cm α α 4cm 6cm 12cm 10cm O que você observa? Isto é sempre verdade? Justifique A tarefa 3 apresenta um triângulo retângulo no qual são conhecidos as medidas dos três lados e dois ângulos α e β. Relativo a este triângulo, na letra a é dada uma tabela em que os alunos devem completá-la calculando-se os valores de I-senα, II-cosα, III-tgα; IV- ; V-senβ; VI-cosβ; VII-tgβ; VIII- . Na letra b os alunos são indagados acerca de relações entre situações I, II, V e VI. Esperamos que os alunos percebam que senα é igual a cos β e que senβ é igual a cos α e possivelmente associem tal observação ao fato de que α e β sejam ângulos complementares. Na letra c é pedido que os alunos registrem outras observações que eles notaram nos elementos da tabela. É esperado que eles relacionem a 108 situação III com a situação IV e a situação VII com a situação VIII e compreendam que a razão tangente é equivalente ao quociente da razão seno pela razão cosseno. Na tarefa 4 são dados aos alunos três triângulos retângulos em posições diferentes e que apresentam medidas de lados e ângulos diferentes. Sobre estes triângulos é pedido que os alunos apliquem a relação “sen2α + cos2α” e relatem o que observam. Esperamos que eles concluam que independente do ângulo ou do triângulo considerado essa relação sempre terá como resultado o número 1. Atividade 3 – Problemas aplicados Escolha três problemas da lista, cuja solução envolva uma das razões trigonométricas. Você resolverá, assim, um problema envolvendo a razão trigonométrica seno, um problema envolvendo a razão trigonométrica cosseno e um problema envolvendo a razão trigonométrica tangente. I-a) Número do Problema: b)Razão trigonométrica utilizada: c)Resolução: II-a) Número do Problema: b)Razão trigonométrica utilizada: c)Resolução: III-a) Número do Problema: b)Razão trigonométrica utilizada: c)Resolução: Para desenvolverem a atividade três, é entregue aos alunos uma lista de problemas trigonométricos aplicados retirados de livros didáticos (APÊNDICE A). Dessa lista os alunos devem escolher três problemas a serem resolvidos, devendo estes problemas serem de razões trigonométricas diferentes: um deverá abordar a razão trigonométrica seno, outro o cosseno e outro a tangente. Esperamos que os alunos ao resolver estes problemas apliquem corretamente as razões trigonométricas e utilizem esboços para resolver as situações. Atividade Complementar 3: Problema Aplicado Elabore um problema cuja solução envolva uma das razões trigonométricas. Atenção! Você precisa saber resolver o problema, mas não precisa entregar a solução do mesmo Na Atividade Complementar 3 é dada aos alunos a chance de usar sua criatividade e elaborar um problema aplicado sobre uma das razões trigonométricas. Esperamos que os alunos redijam e ilustrem um problema que seja coerente, que 109 necessite de uma das razões trigonométricas: seno, cosseno ou tangente, e seja passível de resolução. Desafio da Planta do Telhado Para resolver esta atividade, leia a folha e consulte a planta em anexo. O telhado é uma das partes importantes em uma casa. Há vários tipos de telhados, cada um composto por partes específicas. Para nosso trabalho consideremos algumas partes de um telhado de telhas de barro, apoiado sobre uma estrutura de madeira. Observe a figura que representa um telhado, especificando algumas destas partes: Pendural Empena Diagonal Linha Na planta entregue a você há o corte AA, que mostra o telhado e suas partes, e a planta de cobertura, que mostra o telhado visto de cima e sua inclinação de i=35%. Estas partes obedecem à escala 1/50, escala utilizada na construção da planta. 1-Observando o Corte AA, complete a tabela abaixo, informando as medidas da planta, as medidas reais e o método utilizado para obter estas informações: Medida na planta Medida real (m) Método utilizado Partes do telhado (cm) Pendural Linha Empena 2-Que relações você pode estabelecer entre a linha, o pendural e a empena de um telhado? 3-Que associações você consegue estabelecer entre esta tarefa e as atividades anteriores. 4-Para evitar goteiras, os telhados devem ser projetados com uma determinada inclinação. a)Consulte o Corte AA da planta e determine o ângulo de inclinação do telhado em relação à horizontal. Explique o método utilizado para encontrar esta resposta. b)É possível determinar alguma relação entre o tamanho do pendural, o tamanho da linha e a inclinação do telhado? Explique O Desafio da Planta do Telhado proposto volta a interligar as atividades trigonométricas com a exploração de plantas baixas. Para o desenvolvimento dessa 110 atividade é novamente entregue aos alunos a planta baixa utilizada na Atividade Preparatória B (ANEXO A). Esta atividade se inicia tecendo comentário sobre os telhados de uma casa e os nomes de suas partes: empena, linha e pendural. Chama-se a atenção para a inclinação do telhado e para a observação de um corte específico da planta. Além de mencionar qual a escala em que a planta foi desenhada. Na tarefa 1 pede-se que os alunos encontrem as medidas das partes do telhado na planta (em centímetros), no tamanho real (em metros) e descrevam que métodos foram utilizados. Espera-se que os alunos utilizem régua para extraírem as medidas da planta, possivelmente podem utilizar o Teorema de Pitágoras para encontrar o pendural. Esperamos que utilizem a escala para encontrarem as medidas em metros. Nas tarefas 2 e 3 é pedido que os alunos estabeleçam relações entre as partes do telhado e as associem às atividades desenvolvidas anteriormente. Esperase que os alunos consigam associar a formação de um triângulo e o Teorema de Pitágoras aos elementos do telhado e perceber que as atividades 1, 2 e 3 têm relação com este desafio. A tarefa 4 explora a ideia de inclinação, na letra a analisa a inclinação dada em porcentagem pela planta e tenta associá-la a um ângulo; espera-se que os alunos, utilizando possivelmente um transferidor, encontrem o ângulo de inclinação em graus. Na letra b tentamos associar as partes do telhado e a inclinação do mesmo. Esperamos que os alunos associem a razão trigonométrica tangente ao ângulo de inclinação. No projeto os alunos serão indagados sobre que construções da cidade eles acham mais interessantes e que trigonometria pode ser associada a estas construções. Os alunos deverão proceder a uma coleta de dados referente a construção escolhida e de posse dos dados fazer um croqui da referida construção, sob determinada escala, efetuando os cálculos que acharem pertinentes para responder aos questionamentos iniciais. Esperamos que eles escolham construções de telhados de forma triangular com inclinações diferenciadas, tesouras de terraços, escadas comuns que lembram modelos triangulares, rampas, escadas que lembram modelos circulares, etc. 111 Projeto: Enxergando e modelando a Trigonometria das construções da cidade. Que construções da sua cidade você acha interessante? Grupos Construção Grupo1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5 Grupo 6 Cada grupo deverá fotografar a construção, desenhar um croqui (esboço de uma planta) utilizando a escala 1: 50, informando as devidas medidas e destacando os elementos geométricos e a trigonometria relacionada. O trabalho deverá ser entregue em duas vias. Primeira via: em folha A4 contendo a fotografia (cópia scaneada ou imagem impressa), o croqui (esboço da planta), informando as devidas medidas e os cálculos feitos para obtê-las, destacando os elementos geométricos e a trigonometria relacionada. Segunda via: em folha AG, na forma de um pôster, informando o nome do trabalho, os membros do grupo e a turma. Na folha AG será colada uma folha A4 contendo as mesmas informações da folha A4 da primeira via. Atenção: Diagramar o pôster e a folha A4, colocando margem e cuidando para não cometer erros ortográficos. *A entrega das duas vias do trabalho será dia 15/03, data em que cada grupo apresentará o seu pôster. Durante a execução do projeto esperamos que os alunos associem como trigonometria a estas construções: razões trigonométricas seno, cosseno ou tangente; triângulo retângulo; Teorema de Pitágoras; círculo trigonométrico; circunferência; semelhança de triângulos; soma dos ângulos internos de um triângulo; classificação de triângulos, etc. Bloco 3: Transição do triângulo para o círculo trigonométrico Objetivos Atividade 4: fixar os conceito de círculo trigonométrico e arco orientado, o que são os quadrantes do círculo trigonométrico e quais seus intervalos de existência. Explorar noções de arcos côngruos e de primeira determinação positiva e negativa. Atividade Complementar 4: explorar o conceito de comprimento de circunferência e comprimento de arcos. 112 Atividade 4- O círculo trigonométrico Se fixarmos um sentido positivo em uma circunferência pode-se dizer que se trata de uma circunferência orientada. Uma circunferência orientada de centro na origem do sistema cartesiano, de raio unitário e cujo sentido positivo é o anti-horário, é denominado círculo trigonométrico. Vamos considerar a origem do círculo trigonométrico no ponto A (1,0), interseção da semirreta Ox com a circunferência c. O eixo x e o eixo y dividem o círculo trigonométrico em 4 partes iguais, chamadas quadrantes. 1-Complete a tabela abaixo, indicando os intervalos de variação, em graus e em radianos, de cada quadrante: Quadrante Intervalo em graus Intervalo em radianos 1º quadrante 2º quadrante 3º quadrante 4º quadrante 2-Observe o círculo trigonométrico: Marque no círculo trigonométrico os pontos que correspondem aos ângulos: 15°, 75°, 30°, 60°, 750°, 780°, , 120°, 150°, , , 240°, , 330°, 420°, 480°, 540°, 600°, , - 135°, - 225°. 2-Há arcos que se posicionaram no mesmo ponto? Quais? 3-Há arcos que deram mais de uma volta no círculo trigonométrico? Como você descobriu? 4-O que podemos dizer sobre os ângulos - 60°, - 135 ° e - 225°? 5-O que têm em comum os ângulos: 420°, 480°, 540°, 600°, 750°, 780°? 6-Os ângulos de 60° e 420° são côngruos. Observando suas posições no círculo trigonométrico da tarefa 2, o que isso significa? 7-Um ponto que descreve um ângulo de 1500° dá vária s voltas, no sentido anti-horário de um círculo trigonométrico. a)Quantas voltas exatamente ele dá? b)Em que quadrante ele para? c)Dê exemplos de outros dois ângulos, aos quais ele poderia ser côngruo. 113 A Atividade 4 introduz o círculo trigonométrico, associando a circunferência ao sistema de coordenadas cartesianas. Orientando e estabelecendo sua origem. Na tarefa 1 os alunos são indagados acerca dos intervalos em que os quadrantes se encontram, em graus e em radianos. Esperamos que os alunos identifiquem a existência de intervalos de 90° em 90° e que estes podem ser representados em duas unidades diferentes. Na tarefa 2 após definidos os intervalos dos quadrantes, é pedido que os alunos posicionem alguns ângulos, em graus e radianos, num círculo trigonométrico. A tarefa 3 questiona a existência de arcos que se posicionam no mesmo ponto no círculo. Esperamos que os alunos percebam essa situação e identifiquem os ângulos 30° e 750°; 60°, 420° e 780; 120° e 480 °; e – 225°; 240° e 600°; como ângulos que se posicionaram no mesmo ponto. Na tarefa 3 é pedido que se identifique se há ângulos que deram mais de uma volta no círculo trigonométrico e como se deu sua descoberta. Esperamos que os alunos mencionem: 420°, 480°, 540°, 600°, 750° e 78 0°; como ângulos que apresentam mais de uma volta, devido ao fato de serem ângulos maiores que 360°, o que representaria uma volta. Acreditamos que essa resposta auxiliará na resolução da tarefa 5, pois é perguntado o que os referidos ângulos têm em comum, esperamos que seja dito, que todos apresentam mais de 360°. Na tarefa 4 pedem-se observações acerca dos ângulos – 60°, –135° e – 225°, esperamos que informem que são ângulos negati vos e, devido a isso, se posicionam no sentido horário do círculo trigonométrico. A tarefa 6 apresenta um exemplo de ângulos côngruos e questiona os alunos, a partir da observação do posicionamento de dois ângulos, sobre o significado de tal afirmação. Esperamos que os alunos informem que os ângulos são côngruos pois se posicionaram no mesmo ponto no círculo trigonométrico, diferindo entre si apenas pelo número de voltas dadas no círculo. A tarefa 7 representa uma tarefa de fixação, um ponto percorre no sentido anti-horário do círculo trigonométrico um ângulo de 1500°, após esta afirmação os alunos são questionados quanto a quantas voltas foram dadas no círculo, em que quadrante o ângulo se posiciona e pede-se exemplos de outros ângulos côngruos a esse. Esperamos que os alunos encontrem como número de voltas completas o valor 4, como quadrante onde se localiza a primeira determinação positiva o primeiro 114 e como exemplos de ângulos côngruos 420°, 780°, ou qualquer ângulo cuja primeira determinação positiva seja 60°. Atividade Complementar 4- Explorando a circunferência e seus arcos Uma circunferência é o lugar geométrico de todos os pontos que estão a uma mesma distância de um ponto dado. O ponto fixo dado é o chamado centro e a distância constante é chamada raio. Seu comprimento pode ser calculado pela expressão: C = 2.π.r. Nesta expressão o símbolo π (pi) representa uma constante que vale aproximadamente 3,14. 1-Em uma casa, um arquiteto deseja projetar um jardim de forma circular. O diâmetro desse jardim deverá ser de 2m. Quanto de arame será necessário para contornar o jardim, a fim de protegê-lo de animais até que ele esteja totalmente formado? Descreva seu raciocínio. 2-No jardim da tarefa 1 serão plantados 4 tipos de flores, igualmente distribuídas neste canteiro circular. a)Represente a situação por meio de um desenho. b)Considerando que o canteiro tem forma circular e que sua representação pode ser associada a um círculo trigonométrico, quantos graus desse desenho são ocupados por este canteiro? Descreva os procedimentos. c)Entre as flores a serem plantadas, rosas vermelhas serão plantadas em uma das regiões do círculo. Para cercar com arame, apenas a região com rosas, é possível encontrar este comprimento, dado em metros? Descreva seus métodos e faça um desenho esquemático sobre a situação. 3-Se um determinado ponto descrevesse uma trajetória circular em uma circunferência, no sentido anti-horário, quando ele completasse uma volta, quantos graus ele teria percorrido? ______________ 4-a)Num relógio o ponteiro dos minutos descreve uma circunferência ao longo de seu movimento. Quantos graus o deslocamento do ponteiro dos minutos descreve em cada minuto? Descreva como obteve sua resposta. b)No relógio abaixo, o menor ângulo formado entre os ponteiros das horas e dos minutos, corresponde a quantos graus? Explique como você encontrou este valor. A Atividade Complementar 4 explora noções intuitivas de comprimento de circunferência e comprimento de arcos de circunferência. A tarefa 1 propõe uma situação problema na qual os alunos devem, conhecido o diâmetro de um canteiro de flores circular, encontrar a quantidade de arame necessária para cercá-lo. 115 Espera-se que os alunos associem a quantidade a indagação do problema ao conceito de comprimento de circunferência, citado no texto inicial, aplicando a expressão C = 2.π.r para encontrar a solução da tarefa. A tarefa 2 aproveita a ideia da tarefa 1 e propõe uma situação em que o canteiro circular precisará ser dividido em quatro partes iguais. Na letra a dessa tarefa é solicitado um desenho que representa a situação. Na letra b pede-se que este desenho seja associado a um círculo trigonométrico e pergunta-se quantos graus essa região ocuparia nesse círculo trigonométrico. Esperamos que os alunos associem essa região a um quarto do círculo trigonométrico, equivalente a 90°. Na letra c, temos o pedido para cercar com arame a região equivalente a um quarto do círculo trigonométrico. Espera-se que os alunos encontrem o comprimento do arco correspondente ao ângulo de 90°, possivelmente util izando uma regra de três, e o adicionem a dois raios, que também limitam a região considerada. A tarefa 3, por nós considerada simples, pretende fixar o valor em graus de uma volta no círculo trigonométrico, tomado em seu sentido anti-horário. Esperamos que os alunos utilizem o valor 360° como resposta. A tarefa 4 associa o movimento do ponteiro dos minutos de um relógio à circunferência. Na letra a questiona-se quantos graus o deslocamento do ponteiro dos minutos descreve em cada minuto. Esperamos que os alunos encontrem o valor de 6°. Na letra b, sendo dado a figura de um relógi o marcando três horas, indaga-se qual o valor em graus do menor ângulo descrito entre os ponteiros das horas e dos minutos nesse horário. Esperamos que seja encontrado o valor de um ângulo de 90°, podendo ser encontrado pela multiplicação de 1 5’x 6° ou dividindo-se 360° por 4. Bloco 4: Trigonometria no círculo trigonométrico e no plano cartesiano Objetivos Atividade 5: perceber o que ocorre com os valores de seno, cosseno e tangente quando aumentamos ou diminuímos o valor do ângulo em cada quadrante do círculo trigonométrico. Encontrar os valores dos ângulos dados seus valores de seno, cosseno ou tangente. E identificar os eixos correspondentes às funções seno, cosseno e tangente no círculo trigonométrico. 116 Atividade Complementar 5: fixar os conceitos abordados na atividade com recurso computacional: comportamento das funções seno e cosseno em cada quadrante, as variações de sinais dessas funções em cada quadrante, comparar senos e cossenos de ângulos diferentes e utilizar senos e cossenos de arcos notáveis para resolver expressões que necessitem desses valores. Atividade 6: observar como são formados os gráficos das funções seno, cosseno e tangente, à medida que completamos uma volta na circunferência trigonométrica. Reconhecer o que é uma função periódica, avaliando se as funções trigonométricas citadas são ou não periódicas, podendo identificar tal período. Atividade Complementar 6: desenhar os gráficos das funções seno e cosseno a partir da tabela de arcos notáveis, no mesmo plano cartesiano, para facilitar a descoberta da defasagem entre as funções. Destacar características dos gráficos e funções trigonométricas, associando-as às partes de um telhado e a aplicações a outras áreas de conhecimento. Atividade 7: analisar as situações de simetria no círculo trigonométrico (vertical, horizontal e em relação à origem) para estabelecer as expressões de redução ao 1º quadrante, considerando o quadrante em que os ângulos se encontram. Atividade Complementar 7: fixar os conceitos sobre redução ao primeiro quadrante, abordados na atividade com recurso computacional. Atividade 8: perceber relações de complementaridade entre ângulos e como isso afeta os valores seno e de cosseno de ângulos de um mesmo quadrante. Explorar as fórmulas de soma e subtração de arcos através de abordagem geométrica em software dinâmico. Atividade Complementar 8: Fixar as relações de complementaridade entre ângulos e seus reflexos sobre os valores do seno e do cosseno de ângulos num mesmo quadrante. Aplicar as fórmulas de soma e subtração de ângulos e utilizá-las para obter alguns modelos abstratos clássicos da trigonometria numa exploração algébrica. 117 Atividade 5- Applets seno e cosseno no círculo trigonométrico 1-Acesse o seguinte endereço eletrônico: http://www.marlizetefrancomatematicateacher.com/painel/applets/applet_seno.html a)Registre o que você observa ao movimentar o ponto A. b)Observe o que ocorre com o valor do seno quando aumentamos ou diminuímos o valor do ângulo, em cada quadrante. Registre suas observações: c1)Cada sentença apresenta resultados para o seno de um ângulo desconhecido x. Usando o applet, encontre valores de x, que satisfaçam as sentenças: a)sen x= 0.77 x= ____________ c)sen x= 0.50 x= ___________ b)sen x= - 0.34 x=___________ d)sen x= - 0.80 x= ____________ c2)É possível termos mais de um resultado em cada sentença? Explique 2-Acesse o seguinte endereço eletrônico: http://www.marlizetefrancomatematicateacher.com/painel/applets/applet_cosseno.ht ml a)Registre o que você observa ao movimentar o ponto A. b)Observe o que ocorre com o valor do cosseno quando aumentamos ou diminuímos o valor do ângulo, em cada quadrante. Registre suas observações: c)Cada sentença apresenta resultados para o cosseno de um ângulo desconhecido x. Usando o applet, encontre valores de x, que satisfaçam as sentenças: a)cos x= 0.77 x= ___________ c)cos x= 0.50 x=___________ b)cos x= - 0.34 x= ___________ d)cos x= - 0.68 x= ___________ 3-Acesse o seguinte endereço eletrônico: http://www.marlizetefrancomatematicateacher.com/painel/applets/applet_tangente.ht ml a)Identifique a reta que representa o eixo das tangentes; b)Registre o que você observa ao movimentar o ponto A. c)Observe o que ocorre com o valor da tangente quando aumentamos ou diminuímos o valor do ângulo, em cada quadrante. Registre suas observações: A Atividade 5 é a primeira atividade que utiliza o recurso computacional. Nela realizam-se tarefas associadas a manipulação e observação de applets dinâmicos feitos no Geogebra. A primeira tarefa solicita que os alunos abram um link de internet que os permitirá acessar o applet da função seno no círculo trigonométrico. Na letra a dessa tarefa é pedido que os alunos movimentem um ponto do applet, observem o que ocorre e façam registro de suas observações. Espera-se que os alunos citem, entre suas observações, o fato de que o ponto A representa um ângulo marcado num círculo trigonométrico e no applet está associado a seu seno, que a medida que o ângulo muda de valor, também se altera. Na letra b, a pergunta é direcionada para que os alunos observem e mencionem como se dá a variação dos valores de seno do ângulo, em cada quadrante. Esperamos que além de perceber que o valor do seno aumenta no 1º e no 4º quadrantes e diminui no 2º e 3º quadrantes, os alunos associem os sinais assumidos pelo seno nos respectivos quadrantes. Na letra c, são apresentadas pequenas equações trigonométricas, são 118 dados os resultados do seno e é pedido o valor dos ângulos associados a cada resultado. Esperamos que os alunos movimentem o applet e descubram que ângulos estão associados a cada valor de seno. Complementando esta letra c, perguntamos se é possível obter mais de um resultado para cada sentença, esperamos que os alunos identifiquem que dependendo dos quadrantes investigados, podemos obter resultados diferentes para o mesmo valor de seno. A tarefa 2 refere-se à função cosseno no círculo trigonométrico e são propostas tarefas similares à tarefa 1, só que agora referentes ao cosseno. Esperamos que sejam realizadas observações com o mesmo critério que na tarefa1, mas associando às características do cosseno: que aumenta no 3º e 4º quadrantes e diminui no 1º e 2º quadrantes, além de apresentar sinais diferenciados dependendo do quadrante. A tarefa 3 analisa a função tangente no círculo trigonométrico. Traz como diferencial em relação às duas tarefas anteriores o fato de questionar a reta que representa o eixo da tangente. Esperamos que os alunos identifiquem a reta como sendo paralela ao eixo y, passando pelo ponto (1,0), ou ainda como sendo uma reta do tipo x = 1. Pretendemos que eles percebam que diferente das funções seno e cosseno, a tangente posiciona-se externamente ao círculo e é uma função crescente, não tendo intervalos de decrescimento, mas pontos nos quais ela não se define. A Atividade Complementar 5 visa fixar os conteúdos explorados na Atividade 5, sem utilizar o recurso computacional. A tarefa 1 oferece um círculo orientado, na letra a dessa tarefa, é pedido que nele sejam assinalados pares de ângulos, alguns em graus outros em radianos. Após posicionar os pares de ângulos no círculo é pedido que os alunos completem uma tabela, na qual deverão informar os valores dos ângulos em graus, se estes forem dados em radianos, ou em radianos, se forem dados em graus; a que quadrante eles pertencem; que variação sofrem os valores de seno e de cosseno desses pares de ângulos. Na letra b, pede-se que relações observadas sejam relatadas. Esperamos que os alunos percebam que dependendo do quadrante no qual os ângulos se posicionem, à medida que aumentamos ou diminuímos os valores dos ângulos isso acarretará uma mudança nos valores de seno e cosseno que nem sempre serão diretamente proporcionais e que tal fato está intimamente relacionado ao quadrante. 119 Atividade Complementar 5 – Fixação de conceitos no círculo trigonométrico 1-Considere o círculo trigonométrico abaixo: a)Assinale neste círculo os seguintes pares de ângulos: e e ; 120° e 150°; ; 300° e 330°. Realizada esta tarefa, complete a ta bela: Pares de ângulos em graus Pares de ângulos em radianos Quadrante Variação do seno neste quadrante Variação do cosseno neste quadrante e 120° e 150° e 300° e 330° b)Que relações é possível estabelecer entre os valores de seno e cosseno em cada par de ângulos? 2- a)Desenhe uma circunferência de raio 1 cm e assinale nela os ângulos de 0°, 30°, 45°, 60°, 90°, 180°, 270° e 360°. b)Observando a posição deste ângulos na circunferência, complete a tabela com os valores de seno e cosseno dos ângulos do abaixo: Ângulo 0° 30° 45° 60° 90° 180° 270° 360° seno cosseno 3-Você sabe já sabe que o seno está associado ao eixo y e o cosseno ao eixo x. Preencha, em cada quadrante, os sinais que o seno e o cosseno assumem: Seno Explicação para o sinal 1ºQ: 2º Q: 3º Q: 4º Q: Cosseno Explicação para sinal 1ºQ: 2º Q: 3º Q: 4º Q: 120 Atividade Complementar 5 – Fixação de conceitos no círculo trigonométrico(Continuação) 4-Complete a tabela seguinte: Razão Sinal Justificativa Razão Sinal Justificativa sen40° cos20° sen140° cos 130° cos200° sen sen340° cos 5- Marque os ângulos no círculo trigonométrico e complete a tabela com o sinal < (menor que) ou > (maior que), de forma que as sentenças sejam verdadeiras: a)sen50° ____sen12° e)cos60° _____cos240º b)sen80° ____sen110º f)cos (- 270°)____cos300° c)sen60º ____sen300º g)sen60°_____ cos (- 300°) d)cos70° ____cos410° 6-Resolva as expressões abaixo, consultando a tabela de razões trigonométricas de arcos notáveis, que você completou na tarefa 2, letra a, dessa atividade: a)Sendo x = , calcule o valor de sen7x + cos14x. b)Calcule A tarefa 2 é uma tarefa de fixação que solicita aos alunos que desenhem um círculo de raio unitário e nele posicionem os arcos notáveis, depois completem uma tabela com os valores de seno e cosseno desses ângulos. Consideramos essa tarefa de simples resolução, pois os alunos poderão consultar livros ou apostilas para completar tanto a tabela quanto o círculo. Esperamos que os alunos não apresentem grandes dificuldades para resolvê-la. A tarefa 3 explora o sinal das funções seno e cosseno em cada quadrante, pedindo que os alunos justifiquem estes sinais. Esperamos que os alunos associem os sinais ao posicionamento dos eixos x (cosseno) e y (seno) , do plano cartesiano. A tarefa 4 complementa a tarefa 3, pois apresenta alguns senos e cossenos de ângulos em graus ou radianos e solicita o sinal de tais razões trigonométricas. Esperamos que os alunos, embasados nos quadrantes em que estes ângulos se posicionam, informem os sinais de cada uma das razões apresentadas. A tarefa 5 pede que os alunos comparem razões trigonométricas diferentes. Esperamos que os alunos utilizem o desenho do círculo trigonométrico dado para 121 posicionar os ângulos e comparar os tamanhos de suas projeções no eixo x, no caso do cosseno, ou no eixo y, no caso do seno; para então afirmar quais razões são maiores ou menores em relação as outras. A tarefa 6 representa expressões comumente encontradas em livros didáticos, em que se faz necessário substituir e/ou aplicar valores de senos e cossenos de arcos notáveis para solucionar a expressão. Acreditamos que, como essa tarefa exige a aplicação de técnicas matemáticas e não somente uma análise, alguns alunos possam sentir dificuldade em desenvolvê-la, por mais simples que ela pareça. Atividade 6 - Applets com gráficos de seno, cosseno e tangente 1- Acesse o seguinte endereço eletrônico: http://www.marlizetefrancomatematicateacher.com/painel/applets/applet_grafico_seno.html Movimente o ponto P e analise a função seno: a)Quando se completa uma volta no círculo, o que ocorre no gráfico? b)Dizemos que uma função cuja imagem se repete em intervalos regulares de tempo é periódica. A função seno é periódica? Por quê? 2-Acesse o seguinte endereço eletrônico: http://www.marlizetefrancomatematicateacher.com/painel/applets/applet_grafico_cosseno.ht ml Movimente o ponto P e analise a função cosseno: a)Quando se completa uma volta no círculo, o que ocorre no gráfico? b)Dizemos que uma função cuja imagem se repete em intervalos regulares de tempo é periódica. A função cosseno é periódica? Por quê? 3-Acesse o seguinte endereço eletrônico: http://www.marlizetefrancomatematicateacher.com/painel/applets/applet_grafico_tangente.html Movimente o ponto A e analise a função tangente: a)Quando se completa uma volta no círculo, o que ocorre no gráfico? b)Dizemos que uma função cuja imagem se repete em intervalos regulares de tempo é periódica. A função tangente é periódica? Por quê? 4- Que limitações você percebeu ao usar os applets? A Atividade 6 utiliza um applet que associa as funções seno, cosseno e tangente no círculo trigonométrico aos gráficos no plano cartesiano. A tarefas 1, 2 e 3 pedem que os alunos observem o que acontece com os gráficos das funções seno, cosseno e tangente, à medida que é completa uma volta na movimentação de um ponto específico e analisem se tais funções são periódicas ou não e qual seria o respectivo valor desse período. Esperamos que os alunos notem que a cada volta completa no círculo um período do gráfico é desenhado, logo são funções periódicas e têm como períodos 2π, no caso das funções seno e cosseno, e π, no caso da tangente. Acreditamos que devido à presença das assíntotas verticais a função 122 tangente traga um pouco de dificuldade a sua compreensão pelos alunos, no que achamos que a manipulação do applet minimizará tal situação. A tarefa 4 questiona os alunos acerca de possíveis limitações dos applets. Esperamos que os alunos mencionem o fato de que os applets não permitem o desenho do gráfico além da primeira volta no círculo trigonométrico, ou seja, só desenha o gráfico em seu primeiro período. A Atividade Complementar 6 visa fixar os conceitos sobre gráficos das funções seno e cosseno, explorados pelos applets em sala de aula. A tarefa 1 pede que os alunos montem gráficos das funções seno e cosseno na mesma malha quadriculada, após preencher duas tabelas acerca dos valores de seno e cosseno de ângulos notáveis que se posicionam para além de uma volta. Esperamos que os alunos desenhem os gráficos no mesmo plano, sobrepondo-os, facilitando a visualização da defasagem entre eles, mas podemos esperar que eles os desenhem separadamente, já que a malha oferecida é grande. Na tarefa 2 é pedido que os alunos registrem suas observações referentes aos dois gráficos e mencionem o valor da defasagem entre os dois. Esperamos que os alunos indiquem que as formas dos gráficos lembram duas ondas e que sua defasagem é de um quarto do círculo trigonométrico, ou seja, 90°. A tarefa 3 é uma tarefa de fixação, e pede que os alunos mencionem valores de domínio, imagem, intervalos crescentes ou decrescentes e se as funções seno e cosseno são pares ou ímpares. A tarefa 4, que consideramos um pouco mais complexa que as demais dessa atividade, pede que os alunos apresentem um modelo algébrico que represente uma função periódica. Acreditamos que essa tarefa seja mais complexa, pois exige dos alunos apresentar uma representação abstrata de um modelo geométrico, algo com o qual os alunos não estão acostumados. Esperamos que eles apresentem a representação: f(x) = f(x + p). A tarefa 5 pede que os alunos observem um corte transversal de uma telha de amianto e associem este corte a uma das funções trigonométricas: seno ou cosseno. Esperamos que os alunos associem o formato desse corte ou a função seno ou a função cosseno. A tarefa 6 pretende associar as funções seno e cosseno com conteúdos de Física, pede que os alunos associem tais funções a conteúdos de Física do livro da 123 2ª série. Pretendemos que os alunos encontrem no livro de Física conteúdos como Estudo de Ondas, Acústica, Óptica e os associem aos gráficos das funções seno e cosseno. Atividade Complementar 6- Gráficos das funções seno e cosseno – fixação Vamos agora esboçar os gráficos das funções seno e cosseno. 1- Complete as tabelas: Ângulo Arco em Seno Ângulo Arco em Cosseno (arco em graus (arco em graus radiano) radiano) 0 0 π π 2π 2π 3π 3π 4π 4π A partir dos dados das tabelas, esboce o gráfico da função seno e da função cosseno na malha quadriculada: 2-a)Registre suas observações acerca dos gráficos. b)Os gráficos das funções seno e cosseno representam dois tipos de ondas. Observando seus desenhos na malha quadriculada percebemos que seus gráficos são defasados entre si, pois se iniciam em coordenadas diferentes. Você seria capaz de encontrar o valor dessa defasagem entre as ondas? Informe o valor dessa defasagem. 124 Atividade Complementar 6- Gráficos das funções seno e cosseno – fixação- (Continuação) 3- Você conheceu duas novas funções: a função seno e a função cosseno, complete de acordo com o que você aprendeu: Função Seno Função Cosseno Domínio Imagem Intervalo onde é crescente Intervalo onde é decrescente È par ou ímpar? 4- Você aprendeu que as funções seno e cosseno são periódicas. Diga com palavras o que isso significa. Se uma função é periódica, de período p, represente usando a linguagem simbólica o que isso significa. 5- A telha de amianto é muito usada em telhados. Se fizermos um corte transversal na telha, a que função ela pode ser associada? Justifique. 6-Analisando livros de Física da 2ª série, que assuntos você consideraria ter alguma relação com os gráficos das funções seno e cosseno? Justifique. A Atividade 7 apresenta applets que exploram as relações de simetria e redução ao uma primeiro quadrante. As tarefas 1, 2 e 3, cada uma se relacionando a um dos casos de redução ao 1º quadrante, pedem que os alunos observem e anotem suas observações acerca do que acontece quando movimentam um cursor na tela do computador, pedem que informem em que quadrante variam os ângulos observados e que relação matemática podem estabelecer entre estes ângulos, bem como qual é a relação entre os senos e os cossenos deles. Esperamos que os alunos sejam capazes de produzir expressões do tipo: α+ β= 180°; β- α= 180° e α+ β= 360°, para representar as relações entre os ângul os em cada par de quadrantes e perceber que em cada um desses pares de quadrantes há uma relação diferente entre senos e cossenos, que podem ser iguais ou simétricos entre si. 125 Atividade 7- Applet de simetrias e redução ao primeiro quadrante 1- Acesse o seguinte endereço eletrônico: http://www.marlizetefrancomatematicateacher.com/painel/applets/applet_1_reducao_quadrante.h tml a)Registre o que você observa ao movimentar o cursor α. b) Em que quadrante varia o ângulo α? E o ângulo β? c)Estabeleça uma relação entre os valores dos ângulos α e β, e expresse matematicamente essa relação. d)Que relação você percebe entre os senos e cossenos de α e β? 2- Acesse o seguinte endereço eletrônico: http://www.marlizetefrancomatematicateacher.com/painel/applets/applet2_reducao_quadrante.ht ml a)Registre o que você observa ao movimentar o cursor α. b)Em que quadrante varia ângulos α ? E o ângulo β? c) Estabeleça uma relação entre os valores dos ângulos α e β, e expresse matematicamente essa relação. d)Que relação você percebe entre os senos e cossenos de α e β? 3- Acesse o seguinte endereço eletrônico: http://www.marlizetefrancomatematicateacher.com/painel/applets/applet_3_reducao_quadrante.h tml a)Registre o que você observa ao movimentar o cursor α. b) Em que quadrante varia o ângulo α? E o ângulo β? c)Estabeleça uma relação entre os valores dos ângulos α e β, e expresse matematicamente essa relação. d)Que relação você percebe entre os senos e cossenos de α e β? A Atividade Complementar 7 pretende fixar as técnicas de redução ao primeiro quadrante. A primeira tarefa explora situações em que estas técnicas devem ser aplicadas. A segunda tarefa associa estes conceitos com a resolução de expressões. Esperamos que os alunos apliquem corretamente as técnicas de redução ao primeiro quadrante e, especialmente, que resolvam a expressão da tarefa 2, que consideramos mais complexa, mas que já foi debatida anteriormente. 126 Atividade complementar 7- simetrias e redução ao primeiro quadrante As tabelas de razões trigonométricas apresentam senos, cossenos e tangentes de ângulos de 1° a 89°. O motivo para só constarem nestas tabelas os valores de seno, cosseno e tangente de ângulos do primeiro quadrante está no fato de existirem relações de simetria entre estes ângulos e os demais quadrantes do círculo trigonométrico. Estas relações simétricas permitem descobrir as razões trigonométricas nos demais quadrantes, por meio de associações geométricas no círculo trigonométrico. A partir das associações geométricas podemos estabelecer relações que nos permitem determinar as razões trigonométricas para todo o círculo trigonométrico. Observe: *arcos de 2º quadrante(x), compreendidos entre 90° e 180°, podem ser reduzidos ao 1º, encontrando-se o seu suplemento, ou seja, subtraindo-os de 180°( π): π- x; *arcos de 3º quadrante(x), compreendidos entre 180° e 270°, podem ser reduzidos ao 1º, encontrando-se o seu explemento, ou seja, subtraindo deles 180°( π): x - π; *arcos de 4º quadrante(x), compreendidos entre 270° e 360°, podem ser reduzidos ao 1º, encontrando-se o seu replemento, ou seja, subtraindo-os de 360°(2 π): 2π- x; Os valores das razões trigonométricas serão iguais aos seus simétricos, modificando-se apenas os sinais, que respeitam o quadrante do arco original. Conhecendo estas relações, resolva as atividades abaixo: 1-Determine os valores de: a)sen300°: d)cos510° b)cos(-60°): e)cos225° c)sen 2-Calcule o valor de sen f)sen450° + cos + cos + sen A Atividade 8 explora tanto relações de complementaridade quanto fórmulas de soma de ângulos. A tarefa 1 pede que os alunos observem e anotem suas observações acerca do que acontece quando movimentam um cursor na tela do computador, pede que informem em que quadrante variam os ângulos observados e que relação matemática podem estabelecer entre estes ângulos, bem como qual é a relação entre os senos e os cossenos deles. Esperamos que os alunos sejam capazes de produzir expressões do tipo: α + β= 90° para representar a relação de complementaridade entre os ângulos e que o seno de um dos ângulos é igual ao cosseno do outro. 127 Atividade 8- Arcos complementares e Fórmulas da soma e da diferença de arcos 1-Acesse o endereço eletrônico: http://www.marlizetefrancomatematicateacher.com/painel/applets/applet_arcos_complem entares.htmlF:\home\aluno\Marlizete\appletarcoscomplementares.html a)Registre o que você observa ao movimentar o cursor α. Que relações é possível estabelecer entre os ângulos α e β? b)Em que quadrante variam os dois ângulos? c)Estabeleça uma relação entre os valores dos ângulos α e β, e expresse matematicamente essa relação. d)Que relação você percebe entre os senos e cossenos de α e β? 2- Acesse o endereço eletrônico: http://www.iep.uminho.pt/aac/hsi/a2001/2001/trig/funcoes2.htm14 No applet presente nessa página, há dois ângulos desenhados em um círculo trigonométrico. Externamente ao círculo, temos três segmentos azul, vermelho e verde. 2.1. Clique na caixa sin(A + B) e na caixa “characters”: a) Seguindo esses comandos, que expressões são associadas a cada uma dos segmentos? Azul: ______________________ Vermelha: _____________________ Verde: _____________________ b)Clicando nos símbolos + ou - é possível aumentar ou diminuir os ângulos A e B. Complete então a tabela abaixo informando o que acontece aos segmentos quando aumentamos ou diminuímos um desses ângulos: Semirreta Aumentamos Diminuímos Aumentamos Diminuímos A A B B Azul Vermelha Verde c)O que você percebe após analisar a tabela acima? 2.2.Clique na caixa cos(A + B) e na caixa “characters”: a) Seguindo esses comandos, que expressões são associadas a cada uma dos segmentos? Azul: ______________________ Vermelha: _____________________ Verde: _____________________ b)Clicando nos símbolos + ou - é possível aumentar ou diminuir os ângulos A e B. Complete então a tabela abaixo informando o que acontece aos segmentos quando aumentamos ou diminuímos um desses ângulos: Semirreta Aumentamos Diminuímos Aumentamos Diminuímos A A B B Azul Vermelha Verde c) O que você percebe após analisar a tabela acima? 14 O site esteve disponível na época da aplicação da atividade, mas se encontra fora do ar desde 13/05/2011. 128 A tarefa 2 explora as fórmulas de soma entre os ângulos. A tarefa 2.1 e 2.2 analisam, respectivamente, a fórmula do seno e do cosseno da soma de dois ângulos. Nessas tarefas é pedido que os alunos observem o applet durante o movimento e anotem o que ocorre a cada ângulo e com seu somatório à medida que estes são manipulados e estabeleçam relações entre estes comportamentos. Esperamos que os alunos observem e destaquem que à medida que aumentam o valor da soma do ângulo o seno da soma aumenta, mas seu cosseno diminui e viceversa e que somar os ângulos não significa somar diretamente os senos e cossenos pois estamos lidando com uma combinação gráfica de informações. A Atividade Complementar 8 objetiva fixar conceitos acerca de complementaridade e de soma e diferença de ângulos. A tarefa 1 aborda especificamente ângulos complementares. É dada uma tabela em que dois ângulos estão associados, numa relação de complementaridade. Esperamos que os alunos utilizem os conhecimentos adquiridos para completá-la, calculando ângulos complementares e percebendo que os senos desses ângulos são iguais aos cossenos de seus complementos e vice-versa. A tarefa 2 explora o conceito de soma e diferença de ângulos, são dadas as fórmulas de seno e cosseno e uma tabela de senos e cossenos de alguns ângulos e, baseados nessas informações, é solicitado aos alunos que completem uma tabela com senos e cossenos de ângulos obtidos pela soma ou diferença dos ângulos iniciais. As tarefas 3, 4 e 5, consideramos as mais complexas até aqui propostas, pois pedem que os alunos elaborem expressões algébricas a partir de outras expressões algébricas. Consideramos tarefas mais complexas, pois nossos alunos não estão habituados a lidar com este nível de abstração. 129 Atividade Complementar 8 – Arcos complementares e fórmulas da soma e da diferença de arcos Ângulos complementares são ângulos cuja soma é 90°. A complementaridade interfere nas razões trigonométricas. O seno de um ângulo representa o cosseno de seu complemento e vice-versa. Com esta informação percebe-se que não precisamos conhecer o seno e o cosseno de todos os ângulos do primeiro quadrante, basta conhecer os valores de 1° a 45°, os demais poderão ser obtidos partindo da complementaridade. 1-Complete a tabela com as razões trigonométricas ausentes. Ângulo (α) senα 35° 0,57 25° 0,42 cosα Complemento de α (ângulo β) senβ cosβ 0,82 0,91 0,59 0,81 2- Você aprendeu que há fórmulas para a soma e para a diferença de senos e cossenos de ângulos no círculo trigonométrico: sen(a + b) = sena.cosb + senb.cosa sen(a – b) = sena.cosb – senb. Cosa cos(a + b) = cosa.cosb – sena.senb cos(a – b) = cosa.cosb + sena.cosb Conhecidas as fórmulas da soma e da diferença e os valores de seno e cosseno dos ângulos abaixo: Ângulos (α) 20° senα 0,34 cosα 0,94 30° 0,5 0,87 45° 0,71 0,71 55° 0,82 0,57 60° 0,87 0,5 70° 0,94 0,34 Encontre os valores de seno e de cosseno de: Ângulo a)50° b)75° c)90° d)100° Seno Cosseno 130 Atividade Complementar 8 – Arcos complementares e fórmulas da soma e da diferença de arcos (Continuação) 3-Sabendo que sen(a + b) = sena.cosb + senb.cosa e cos(a + b) = cosa.cosb – sena.senb, estabeleça expressões matemáticas que representem: o sen(2α) e o cos(2α). sen(2α) cos(2α) 4-É possível afirmar que cos2 α= ½ [ 1+cos(2 α)]?Verifique se a afirmativa é verdadeira. 5-Use as relações estabelecidas para cos(a+b) e cos(a – b) para expressar sen2 α em função de cos(2α). Bloco 5: Atividades Avaliativas Objetivos Dois testes: verificar a aprendizagem dos conteúdos abordados. Teste 1: resolver problemas aplicados que envolvessem razões trigonométricas no triângulo retângulo. Interpretar e converter informações em graus e radianos. Saber operar com ângulos maiores que 360°, obtendo sua 1ª determinação positiva, o nº de voltas feitas e o quadrante em que esta determinação positiva se encontra. Saber encontrar o comprimento de uma ou mais voltas na circunferência orientada, bem como o comprimento de um arco menor que 360°. Teste 2: comparar senos e cossenos de ângulos diferentes, no mesmo quadrante ou em quadrantes diferentes. Ser capaz de encontrar os valores de seno e cosseno de arcos fora do 1º quadrante, utilizando a redução ao primeiro quadrante. Analisar e extrair propriedades de gráficos das funções seno e cosseno. Resolver expressões que utilizem valores de seno e cosseno de ângulos notáveis. Questionário: verificar que impressões os alunos tiveram acerca da sequência de atividades aplicada, tanto das atividades que utilizaram materiais de medição quanto as que utilizaram recursos computacionais. Feira de Matemática: apresentar à comunidade escolar os resultados obtidos no projeto: Enxergando e modelando a trigonometria das construções da cidade. Elaborar modelos, como maquetes das construções e desafios com os dados coletados durante o desenvolvimento do projeto, para serem expostos durante a Feira. 131 Teste 1(A) 1-(IMENES; LELLIS, 2009, p. 278) Para vencer o desnível de 3,15m será construída uma rampa com inclinação de 15°. Com que comprimento a rampa ficará? (Dados: sen15° = 0,26; cos 15°=0,97; tg 15° = 0,27) 2-Observe o telhado: x Sabendo que o pendural (viga vertical) mede 0,90 metros e que a empena e a linha (viga horizontal) formam um ângulo de 15° ent re si, determine o valor da linha, representada pela variável x. (Dados sen15°= 0,26; cos15°=0,96 ; tg15°=0,27) 3-(DANTE, 2005, 199) na construção de um telhado foram usadas telhas francesas e o “caimento” do telhado é de 20° em rel ação ao plano horizontal. Sabendo que, em cada lado da casa, foram construídos 6m de telhado e que, até a laje do teto, a casa tem 3m de altura, determine a que altura se encontra o ponto mais alto do telhado dessa casa. (Dados: sen20°= 0,34; cos20°= 0,94; tg20°=0,36.) 4-Uma pessoa numa bicicleta dá 6 voltas em torno de uma pista circular de diâmetro 8 m. a)Determine o comprimento da circunferência descrita pelo movimento deste ciclista, em uma volta completa. (Use: π = 3, 14) b)Determine a distância percorrida ao final das 6 voltas. c)Se o ciclista percorresse um trecho que correspondesse a um arco de 45° de uma circunferência, quantos metros ele teria percorrido? 5-Um ângulo de 4° em radianos corresponde a um ângu lo de rad. Esta afirmação é verdadeira ou falsa? Justifique sua resposta. 6- Se transformarmos rad em graus, obteremos quantos graus? 132 Teste 1(A) (Continuação) 7- Marque no plano cartesiano abaixo os ângulos: , , 8-(M11305MG) A figura abaixo representa uma pista de corrida perfeitamente circular. Sobre a mesma foram assinalados um sistema de eixos ortogonais xy e alguns pontos. Veja a representação: Um atleta parte de A, correndo no sentido anti-horário. Ao correr o equivalente a um ângulo de 230°, ele estará entre os pontos: a)A e B b)B e C c)C e D d)D e E e)A e C 9-Um móvel, partindo da origem dos arcos percorreu um arco de - 4750°. a)Quantas voltas completas ele deu? b)Em qual quadrante ele parou? c)Qual a 1ª determinação positiva desse arco? 10-Qual a questão que você mais gostou de resolver? Esta primeira Atividade Avaliativa será por nós chamada de Teste 1 (A). Nesta Atividade, as tarefas 1, 2 e 3 abordam as razões trigonométricas no triângulo retângulo. Esperamos que os alunos apliquem corretamente a razão seno na tarefa 1 e a razão tangente nas tarefas 2 e 3. A tarefa 4 explora a ideia de comprimento de circunferência e comprimento de arco de circunferência. A letra a espera o cálculo do comprimento de uma volta na circunferência, utilizando a expressão C= 2.π. r; a letra b explora a descoberta do comprimento da circunferência quando são dadas mais voltas, esperando que o resultado seja obtido multiplicando-se o resultado da letra a, pelo número de voltas. A letra c pede o comprimento de um arco de 45° dessa mesma circunferência, para encontrar este valor esperamos certa criatividade, 133 pois além da regra de três que pode ser aplicada a este caso, o aluno pode dividir a circunferência em oito partes e encontrar o comprimento desse arco a partir do resultado da letra a. As tarefas 5 e 6 exploram as conversões de unidades em graus e radianos, esperando que os alunos expliquem como chegaram aos respectivos resultados. As tarefas 7 e 8 pedem o posicionamento de alguns ângulos no círculo trigonométrico, tarefas que consideramos mais simples. A tarefa 9 explora a ideia de arcos côngruos apresentando um arco bem maior que 360° solicitando o número de voltas dadas além de 360°, em que quadrante sua determinação positiva parou e qual era seu valor. Considerando que o arco da tarefa é um arco negativo, acreditamos que os alunos podem ter dificuldade em encontrar a 1ª determinação positiva, mas não a negativa e o número de voltas dadas. A tarefa 10 pede que os alunos escolham que tarefa mais gostaram de resolver, na qual pretendemos perceber que impressões os alunos obtiveram da atividade avaliativa e se coincidem o acerto e a atividade escolhida. Foi elaborado um segundo tipo de teste sobre esse assunto, por nós identificado como Teste 1 (B) (APÊNDICE B), possuindo as mesmas características que o Teste 1(A) anteriormente comentado, com análises análogas. 134 Teste 2 (A) 1-Marque os ângulos de 35°, 72°, 120°, 100°, 200°, círculo trigonométrico: 250°, 280° e 320°, no Associe a cada sentença abaixo o sinal de > ou <, de forma que cada sentença seja verdadeira: a)sen 35° ______sen72° c)cos250° ______ cos200° b)cos 280°______cos320° d)sen120°______sen 100° 2-Sabendo que o ângulo x vale determine o valor da expressão: sen(6x) – cos(12x) 3- Calcule o valor da expressão utilizando senos e cossenos de ângulos notáveis: 4-Determine o sinal da expressão: x x 5- 1560° é um ângulo bem maior que 360°. a)Após algumas voltas completas no círculo trigonométrico, em que quadrante ele pára? b)Considerando o quadrante em que este ângulo parou, o valor do sen1560° vale: a) positivo b) negativo c) negativo d) positivo e) positivo 6-Considerando as regras de redução ao primeiro quadrante que você aprendeu, encontre os valores abaixo: a)sen135°: b)cos240° c)sen300° 135 Teste 2 (A) (Continuação) 7-O gráfico abaixo representa uma função trigonométrica: Esta função possui certas características. Assinale V(verdadeiro) ou F(falso) para as sentenças abaixo, conforme elas pertençam ou não a esta função. a)( )Esta função é uma função par. b)( )Esta função é crescente nos intervalos de 0 a decrescente no intervalo de e de a 2π; e é . c)( )Esta função é uma função ímpar d)( )Esta função é crescente no intervalo de π a 2π; e decrescente no intervalo de 0 a π. e)( )este gráfico é da função y = senx. f)( )este gráfico é da função y = cosx. 8-Observe o gráfico de função trigonométrica dado abaixo: 1 –3 –2 π 5 – 6 7 8 –1 I.Qual o seu domínio?__________ II-Qual a sua imagem?_________ III-Qual o seu período?_________ IV-Assinale a opção que representa a função associada a este gráfico: a)y= cosx b)y= 2cosx c)y= cos d)y= senx e)y= sen 9-Que exercício você mais gostou de resolver? Justifique. Esta segunda Atividade Avaliativa é chamada de Teste 2 (A). A primeira tarefa explora, como na Atividade Complementar 5, as relações entre senos e cossenos de alguns ângulos, inicialmente, oferecemos um círculo trigonométrico para que posicionem os ângulos e depois possam comparar se seus senos ou cossenos são maiores ou menores. As tarefas 2 e 3, como envolvem resolução de expressões já abordadas na Atividade Complementar 5, esperamos que os alunos sintam menos dificuldades ao resolvê-las. A tarefa 4 consideramos simples, pois 136 solicita apenas o sinal da expressão envolvendo senos e cossenos de alguns ângulos, visto que não é necessário saber os valores de seno e de cosseno dos ângulos. As tarefas 5 e 6 abordam as reduções ao primeiro quadrante, diferindo apenas pelo fato de que a tarefa 5 oferece um ângulo maior que 360°. As tarefas 7 e 8 referem-se aos gráficos das funções seno e cosseno, pedindo que os alunos analisem os gráficos prontos, que apresentam mais de um período em seus desenhos, para depois destacarem suas características. A tarefa 7 apresenta sentenças prontas, pedindo a associação de V, para sentenças verdadeiras em relação ao gráfico dado, e F, em relação a sentenças falsas em relação ao gráfico dado. A tarefa 8, um pouco mais complexa, pede informações acerca do domínio, imagem, período e da função algébrica relacionada ao gráfico dado. A tarefa 9 pede que os alunos escolham que tarefa mais gostaram de resolver, na qual pretendemos perceber que impressões os alunos obtiveram da atividade avaliativa e se coincidem o acerto e a atividade escolhida. Foi elaborado um segundo tipo de teste sobre esse assunto, por nós identificado como Teste 2 (B) (APÊNDICE C), possuindo as mesmas características que o Teste 2 (A) anteriormente comentado, com análises análogas. Avaliação das atividades integrantes do projeto de modelação em trigonometria- questionário 1-O que você achou das atividades que envolveram as medições em sala de aula, utilizando trena, esquadros, transferidor e canudo? (Descreva todas as suas impressões, com detalhes) 2-Destaque os pontos positivos e negativos do trabalho realizado durante as medições em sala de aula; 3-O que você achou do trabalho sobre a trigonometria das construções da cidade? (Descreva todas as suas impressões, com detalhes) 4-Destaque pontos positivos e negativos durante a execução do projeto: Trigonometria das construções da cidade; 5-Que sugestões você daria para melhorar as atividades desenvolvidas em sala, efetuando as medições, e do projeto? 6-O que você achou das atividades realizadas com applets na sala de informática? (Descreva todas as suas impressões, com detalhes) 7-Destaque pontos positivos e negativos do trabalho realizado na sala de informática com o uso dos applets. 8-Que sugestões você daria para melhorar as atividades desenvolvidas na sala de informática? 137 O Questionário avaliativo pretende analisar todo o percurso da sequência didática. As perguntas 1 e 2 referem-se às Atividades 1 e 2 aplicadas em sala de aula, em que os alunos efetuavam medições, utilizando materiais concretos e tinham que encontrar a altura da parede da sala de aula e/ou um ângulo de inclinação. Estas perguntas visam perceber quais impressões os alunos tiveram dessa forma de abordagem. As perguntas 3 e 4 pretendem avaliar o projeto que relacionava os conhecimentos trigonométricos aprendidos em sala de aula com as construções existentes na cidade. Objetivamos saber que impactos este trabalho teve na concepção dos alunos. As perguntas 6 e 7 referem-se às atividades realizadas na sala de informática e analisam como estas atividades influenciaram a visão dos alunos sobre sua aprendizagem utilizando esse recurso. As perguntas 5 e 8 pedem aos alunos sugestões para posteriores melhorias nas atividades, visamos aproveitar o envolvimento dos alunos para enriquecer estas atividades. Ao final da aplicação da sequência didática uma Feira de Matemática é proposta. Como um instrumento avaliativo, visa apresentar à comunidade escolar os resultados obtidos pelos alunos no desenvolvimento do projeto do bloco 2. Com o uso da pesquisa realizada durante o projeto pretende-se que os alunos elaborem desafios, problemas associados aos dados coletados e maquetes, obedecendo a uma determinada escala, acerca das construções escolhidas. 4.4 A implementação da sequência didática Para implementar a sequência apresentamos uma proposta, desenvolvida num conjunto de 18 aulas, distribuídas ao longo de 5 semanas, num regime de 4 aulas semanais. No total foram 22 aulas de aplicação da sequência de atividades, quatro aulas extraturno na sala de informática, duas aulas para a aplicação de testes, na última aula de aplicação da sequência, foi proposto o questionário para que os 138 alunos avaliassem a sequência de atividades. A culminância, com a Feira de Matemática, se deu após o término da aplicação da sequência. O Quadro 13 apresenta a forma como foi desenvolvido o trabalho junto aos alunos; Atividades Objetivos Preparatória A Casa 08/02/2011 Recuperar os conhecimentos anteriores dos alunos acerca de triângulos: classificação quanto aos lados, ângulos, soma dos ângulos de seus ângulos internos. Explorar a planta baixa de uma casa e os conceitos nela inseridos: escala, perímetro e área de retângulos. Estimular a observação e o manejo de plantas baixas, bem como o uso instrumentos de medida. Mobilizar conhecimentos sobre semelhança de triângulos para encontrar a altura da parede da sala de aula, dispondo de régua, esquadro e canudo de refrigerante. Atividades de fixação com semelhança de triângulos para verificar a invariância das relações. Preparatória B Casa 11/02/2011 Atividade 1 Sala 16/02/2011 Complementar 1 Casa Atividade 2 Sala 18/02/2011 Complementar 2 Casa Sala 21/02/2011 Desafio Casa 21/02/2011 Sala 22/02/2011 Projeto Casa 22/02/2011 Atividade 3 Sala 23/02/2011 Complementar 3 Casa Encontrar o ângulo de inclinação conhecidos a altura da parede e a distância até ela, dispondo de um transferidor e um canudo de refrigerante. Formalizar a definição das razões trigonométricas seno, cosseno e tangente no triângulo retângulo e explorar estas relações em triângulos variados, em posições diversas; Explorar relações fundamentais na trigonometria. Sistematização e socialização das atividades 1 e 2 (correção, comentários e formalização dos conceitos). Conhecer e associar algumas partes do telhado à formação de triângulos e, possivelmente, aplicar o Teorema de Pitágoras; Explorar o telhado e sua inclinação a partir de sua planta. Discutir o desafio e explicar o projeto: Enxergando e modelando a trigonometria das construções da cidade. Enxergando e modelando a trigonometria das construções da cidade. Selecionar, junto aos alunos, construções que eles achavam interessantes na cidade e delas extrair a trigonometria presente: telhados, escadas, rampas,etc. Escolher e resolver três problemas aplicados, que abordem razões trigonométricas diferentes, a partir de uma lista de problemas aplicados retirados de livros didáticos. Pedir aos alunos que elaborem exercícios a partir de situações práticas que envolvam razões trigonométricas no triângulo retângulo. Tempo Disposição dos alunos 1h/a Dupla 1h/a 1h/a Dupla Grupos de 4a6 pessoas 1h/a Dupla 1h/a Grupos de 4a6 pessoas 1h/a Dupla 1h/a Individual 1h/a Dupla 1 h/a Individual 8h/a Grupos de 4a6 pessoas 1h/a Dupla 1h/a Dupla 139 Quadro 13 Atividades Sala 25/02/2011 Atividade 4 Sala 28/02/2011 Complementar 4 Casa Teste Sala 01/03/2011 Atividade 5 Sala de informática 02/03/2011 Complementar 5 Casa Atividade 6 Sala de informática 04/03/2011 Sala 04/03/2011 Complementar 6 Casa Sala 14/03 Sala 15/03/2011 Objetivos Retomar a atividade de casa; Introduzir o conceito de circunferência, visualizando nela outro campo para o estudo de ângulos e razões trigonométricas; Introduzir o conceito de radiano e conversões de unidade de arcos; Formalizar conceitos de comprimento de arco e de circunferência. Fixar os conceito de círculo trigonométrico e arco orientado, o que são os quadrantes do círculo trigonométrico e quais seus intervalos de existência; Explorar noções de arcos côngruos e de primeira determinação positiva e negativa. Explorar o conceito de comprimento de circunferência e comprimento de arcos. (Continuação) Disposição Tempo dos alunos 1h/a Dupla 1h/a Dupla 1h/a Dupla 1h/a Individual 1h/a Duplas Verificação de aprendizagem do conteúdo trabalhado. Perceber o que ocorre com os valores de seno, cosseno e tangente quando aumentamos ou diminuímos o valor do ângulo em cada quadrante do círculo trigonométrico; Encontrar os valores dos ângulos dados seus valores de seno, cosseno ou tangente; Identificar os eixos correspondentes às funções seno, cosseno e tangente no círculo trigonométrico. Atividades de fixação dos conceitos abordados na atividade com recurso computacional. Observar como são formados os gráficos das funções seno, cosseno e tangente, à medida que completamos uma volta na circunferência; Reconhecer o que é uma função periódica, avaliando se as funções trigonométricas citadas são ou não periódicas, podendo identificar tal período. Sistematização e retomada das atividades 5 e 6 da sala de informática Desenhar os gráficos das funções seno e cosseno a partir da tabela de arcos notáveis, no mesmo plano cartesiano, para facilitar a descoberta da defasagem entre as funções. Destacar características dos gráficos e funções trigonométricas, associando-as às partes de um telhado e a aplicações a outras áreas de conhecimento. Construção de gráficos das funções seno e cosseno em papel quadriculado; Retomada das atividades complementares 5 e 6 Apresentação dos resultados do projeto: Enxergando e modelando a trigonometria das construções da cidade. Mostra de pôster. 1h/a Dupla 1h/a Duplas 1h/a Individual 2h/a Dupla 1h/a individual 1h/a Grupos de 4a6 pessoas 140 Quadro 13 Atividades Atividade 7 Sala de informática 16/03/2011 Sala 16/03/2011 Complementar 7 Casa Sala 18/03/2011 Teste 21/03/2011 Sala 22/03/2011 Atividade 8 Sala de informática 23/03/2011 Sala 23/03/2011 Complementar 8 Casa Sala 25/03/2011 07/04/2011 Feira de Matemática Objetivos Analisar as situações de simetria no círculo trigonométrico (vertical, horizontal e em relação à origem) para estabelecer as expressões de redução ao 1º quadrante, considerando o quadrante em que os ângulos se encontram. Sistematização da atividade 6: reduções ao primeiro quadrante Atividades de fixação dos conceitos sobre redução ao primeiro quadrante, abordados na atividade com recurso computacional. Retomada das atividades 7 e complementar 7, sistematização e fixação. Verificação de aprendizagem dos conteúdos abordados. Aula expositiva: Identidades trigonométricas, relações fundamentais e outras funções trigonométricas. Perceber relações de complementaridade entre ângulos e como isso afeta os valores de seno e de cosseno de arcos num mesmo quadrante; Explorar as fórmulas de soma e subtração de ângulos através de abordagem geométrica em software dinâmico. Sistematização e retomada da atividade 8; (Continuação) Disposição Tempo dos alunos 1h/a Duplas 1h/a Dupla 1h/a Dupla Individual 1h/a Individual 1h/a Individual 1h/a Dupla 1h/a Individual Fixar as idéias sobre complementaridade de ângulos e sua influência sobre os valores de seno e cosseno; 1h/a Fixar as fórmulas de soma e diferença de ângulos; Permitir aos alunos a recriação de alguns modelos algébricos abstratos clássicos em trigonometria. Retomada e sistematização da atividade complementar 8. 1h/a Questionário de avaliação dos alunos. Expor os resultados do projeto para a comunidade escolar, apresentando modelos representativos das 4h/a construções estudadas a luz da matemática e desafios elaborados a partir de dados obtidos ao longo do desenvolvimento do projeto. Quadro 13: Implementação da sequência de atividades Fonte: Dados da pesquisa Dupla Individual Grupo 4a6 pessoas Participaram dessa proposta de implementação da sequência, 70 alunos de duas turmas de 2ª série do Ensino Médio, que aqui denominaremos: turma A (36 alunos) e B (34 alunos). Na primeira aula da aplicação da sequência, após a apresentação da proposta, procedemos à divisão dos grupos em cada turma, conforme a necessidade de cada atividade. Todas as atividades, tanto de sala quanto complementares, eram feitas em duas vias: ao grupo de alunos era entregue duas folhas, onde os alunos resolviam 141 os questionamentos colocando as observações que achassem pertinentes. Ao terminarem as atividades, apenas uma folha era entregue à professora, a outra folha ficava com o grupo que a utilizava no momento de discussão e socialização das descobertas e como parte do conteúdo escolar. Ao longo da execução dessas atividades, os alunos foram estimulados a se expressarem e representarem suas descobertas sob os mais diversos tipos de modelos: figuras, textos escritos, expressões numéricas e algébricas. O primeiro bloco de atividades retomou alguns conceitos como: Teorema de Tales, Teorema de Pitágoras, triângulos e escala. Consistiu de duas atividades preparatórias A e B, que foram resolvidas em casa e socializadas em sala de aula, momento em que o conteúdo nelas abordado foi sistematizado. O segundo bloco de atividades se referia à Trigonometria no triângulo retângulo. Contava com atividades diversificadas: duas realizadas em grupos, nas quais os alunos necessitavam medir alturas de paredes, sem delas se aproximar, utilizando alguns materiais concretos. Uma em que os alunos escolheram, entre vários problemas aplicados de trigonometria, retirados de livros didáticos, três para serem resolvidos e depois elaboraram seus próprios problemas aplicados. Um desafio com a planta de uma casa em que os alunos analisaram a inclinação do telhado nela representado, empregando conceitos de escala e associando o telhado a modelos abstratos. E o projeto: Enxergando e modelando a trigonometria das construções da cidade. No qual os alunos foram estimulados a enxergar a trigonometria nas construções da cidade. Os alunos listaram construções que eles consideravam interessantes: telhados de chalés, telhados da escola, tesouras de terraços, escadas de igreja, escadas circulares, rampas da escola. A partir da enumeração dessas construções, os alunos foram divididos em grupos de até 6 pessoas cada um, cada grupo analisaria uma das construções enumeradas. Os alunos tinham que fotografar a construção e desenhar um croqui, utilizando um modelo matemático que expressasse a construção fotografada, numa escala de 1:50, informando nesse desenho as medidas correspondentes e destacando a trigonometria presente, com cálculos, descrições, desenhos auxiliares ou o que o grupo achasse necessário para expressar suas conclusões. O trabalho foi entregue em duas vias: uma escrita em folha A4 e uma em forma de pôster, em papel AG, para apreciação da comunidade escolar. 142 Antes da aplicação das atividades do terceiro bloco, foram introduzidos conceitos como: circunferência, comprimento de circunferência, ângulos medidos em graus e em radianos, arcos de circunferência, comprimento de arcos de circunferência, círculo trigonométrico orientado. Após essas considerações, as atividades do bloco três foram aplicadas como atividades de fixação necessárias para a estruturação do conteúdo. Abordaram a transição da trigonometria do triângulo retângulo para o círculo trigonométrico. O quarto bloco contemplou a trigonometria no círculo trigonométrico e no plano cartesiano, desde as funções seno e cosseno no círculo até o esboço de seus gráficos no plano cartesiano; reduções ao primeiro quadrante, relações de complementaridade e fórmulas de soma e diferença de ângulos. Estas atividades utilizaram recursos computacionais, explorando a manipulação de applets. A sistematização das atividades em sala e complementares ocorreu nos horários normais de aula, uma vez que o uso do recurso computacional foi realizado extraturno. Durante o desenvolvimento da sequência didática, foram aplicados dois testes, previstos no calendário escolar, para verificação da aprendizagem do conteúdo ministrado até a data de cada teste. Ao final da sequência, foi aplicado aos alunos um questionário, para que os próprios registrassem suas impressões acerca da sequência didática. O questionário foi analisado de forma a indicar os pontos positivos e negativos, destacados pelos alunos, da aplicação da sequência e da forma como as atividades foram conduzidas. Finalizando a sequência, aproveitando uma Feira de Matemática realizada na escola, os resultados obtidos no projeto: Enxergando e Modelando a trigonometria das construções, foram apresentados à comunidade escolar sob a forma de desafios, problemas aplicados elaborados a partir dos dados coletados e maquetes das construções pesquisadas. 143 5 OS ALUNOS REALIZANDO ATIVIDADES DE MODELAGEM: UMA ANÁLISE DOS RESULTADOS Nesse capítulo discutimos os principais resultados da pesquisa, procurando identificar se as hipóteses levantadas ao longo das análises à priori foram confirmadas e os objetivos atingidos, buscando relatar os processos utilizados pelos alunos, enquanto modelando as situações matemáticas e descobrindo relações. Conduzimos a análise qualitativa das atividades, comparando os resultados da análise a posteriori com a análise a priori, observando os alunos durante o processo de modelação dos dados, resolvendo desafios propostos, buscando relacioná-los a modelos clássicos da Trigonometria. Selecionamos as atividades de maior relevância para fins de análise, agrupando-as segundo a proximidade dos objetivos pretendidos, independentemente do bloco da sequência ao qual pertenciam. 5.1 Atividades 1 e 2 As Atividades 1 e 2 por demandarem o uso de material concreto, sendo situações com referência na realidade da sala de aula foram agrupadas. A primeira atividade mobilizou conhecimentos de semelhança de triângulos para encontrar a altura da sala, sem medi-la diretamente. A aplicação dessa atividade, relacionando semelhança de triângulos, precedendo um estudo da Trigonometria justifica-se por ser a semelhança de triângulos o conteúdo base da trigonometria no triângulo retângulo. (BRASIL, 2006; LIMA et al, 2006a). A segunda atividade complementou a primeira, pois foram utilizadas as medidas encontradas na primeira para associar um ângulo de inclinação, pelo qual o ponto mais alto da parede podia ser observado. Ambas se inspiraram em Quinlan (2004), e pretendiam mergulhar os alunos num contexto próximo ao que deu origem ao conhecimento trigonométrico que se pretendia introduzir. As formalizações e sistematizações dos referidos conteúdos 144 trigonométricos só vieram depois, partindo das descobertas dos alunos. (QUINLAN, 2004; LINDEGGER, 2000; CAVANAGH, 2008). A opção por essas atividades fundamentou-se em Bassanezi (2009), considerando que escolher problemas relacionados a situações concretas age como elemento motivador e estimula a participação do aluno. Para essas atividades os alunos foram organizados em 7 grupos por turma. Na turma A tivemos 5 grupos de 5 pessoas, um grupo de 6 pessoas e um grupo de 4 pessoas, assim distribuídos devido a afinidade entre os colegas. Na turma B tivemos 5 grupos de 4 pessoas, um grupo de 6 pessoas e um grupo de 5 pessoas, também distribuído assim devido a afinidade entre os alunos. Para realizar a Atividade 1, a cada grupo foi entregue um esquadro, uma trena e um canudo de refrigerante, para encontrarem a altura da parede da sala, sem medi-la diretamente. Esta tarefa foi elaborada inspirada no caso 1 de Modelagem proposto por Barbosa (2001): uma situação problema descrita e apresentada pelo professor, com informações necessárias a sua resolução cabendo aos alunos sua resolução. E associa a utilização de materiais manipuláveis como recursos que podem auxiliar os alunos em seu processo de ensino-aprendizagem durante a execução da tarefa. (SILVA; SANTOS-WAGNER, 2010; GIL; MENDES, 2010; BRIGUENTI, 2000). Tanto numa turma quanto na outra os alunos tiveram dificuldades em encontrar uma forma de utilizar o esquadro para resolver o problema proposto, mesmo associando seu formato a um triângulo retângulo. Tal dificuldade era esperada, pois os alunos informaram nunca terem tido experiências assim antes, e, como em Oliveira (2006), nos deparamos com alunos sem habilidades com materiais de desenho e medida, com poucas atitudes positivas no início do trabalho e que demoraram a terminar as atividades. Os alunos fizeram algumas tentativas, desnecessárias, de encontrar o perímetro da sala e de calcular a hipotenusa do esquadro que tinham em mãos. Somente após questionamentos e sugestões da professora começaram a associar a atividade a uma situação que envolvesse semelhança de triângulos. 145 Figura12: Grupo 6, 2º B, realizando a Atividade 1. Fonte: Dados da pesquisa As maiores dificuldades encontradas pelos alunos, residiam na identificação de quais os conteúdos que eles poderiam utilizar. (FIDELES; ALMEIDA, 2004). Não estavam acostumados com problemas investigativos no formato proposto pela modelagem matemática. O usual para eles era resolver problemas usando sempre conteúdos vistos anteriormente. O professor expunha o conteúdo, mostrava exemplos eles repetiam o processo em exercícios, sempre nessa ordem. Como toda mudança, essa também gerou uma insegurança inicial. Informada pelos alunos no questionário de avaliação, proposto ao final da aplicação da sequência. Dos 67 questionários respondidos, todos afirmaram que de início consideraram as atividades difíceis, o que só mudou ao longo da execução. Concordamos que as atividades tinham um nível de complexidade alto em sua execução: a proposta era concreta, mas demandava abstração para que fosse associado o modelo matemático para a situação. Apesar de utilizar material concreto, como o esquadro, este era pequeno comparado à dimensão da parede, era necessário abstrair, imaginar, para associar a situação a um modelo matemático conhecido. Como afirmam Cifuentes e Negrelli (2007), a formalização, ou generalização, do conteúdo num processo de modelagem, é possível a partir de uma situação particular, seguida de sua abstração e associação com outras situações. Mas este não é um processo simples, demanda amadurecimento e intuição matemática para ser realizada. Apresentamos abaixo as declarações de alguns alunos, acerca dessas atividades: 146 Achei interessante, pois é melhor colocar em prática o que estamos estudando do que ficar só na teoria. Achei desafiadora também, porque não podíamos encostar na parede, tivemos que “quebrar a cabeça”. (ALUNO A, 2º B). Achei bastante construtivas (as atividades), pois serviram de base para as outras atividades que fizemos na sala. (ALUNA B, 2º B). Achei bem interessante a atividade, através da matéria tiramos a conclusão que a matemática é muito usada no dia-a-dia, através dos modelos matemáticos explorados conseguimos achar as devidas medidas. (ALUNA C, 2º B). Eu achei bem interessante, só que foi um trabalho bem difícil de ser realizado. (ALUNA D, 2º B). Eu achei interessante, pois foi uma aula diferente onde os alunos puderam ficar de pé e quebrar a cabeça, coisa que nas outras aulas não é possível. Foi uma aula prática e não uma aula monótona. (ALUNO E, 2º B). Eu achei muito legal, porque parece que tudo que tá lá fora é em forma de equações matemáticas. (ALUNO F, 2º A). Percebemos, pelas declarações dos alunos, que mesmo considerando a atividade de difícil execução ela foi classificada como muito interessante, pois alterou o modelo usual de aula, em que os alunos se mantém sentados recebendo as informações. O fato de terem que se movimentar para realizar as atividades, os estimulou; fez com que percebessem que a Matemática está imersa no cotidiano e que é necessária sua compreensão, como forma de interagir de maneira mais efetiva com a realidade que os cerca. (BARBIERI; BURAK, 2005; CALDEIRA, 2007). Na turma A, percebemos uma dependência maior dos alunos em relação à ajuda da professora, o que já era esperado dadas as dificuldades de aprendizagem de alguns alunos pertencentes à turma. Dos grupos da turma A nenhum conseguiu concluir a Atividade 1 durante a aula, ficando os grupos responsáveis por terminar os cálculos e justificativas em casa e trazer os resultados na aula seguinte, para o momento de socialização. Na turma B os alunos se mostraram mais autônomos que na turma A, mas mesmo assim demonstraram dificuldades; contudo, 5 grupos concluíram a Atividade 1, dois não concluíram e não quiseram terminar o que faltava em casa. A socialização se deu na aula seguinte. Dos 14 grupos formados, 11 realizaram a tarefa toda, respondendo as letras a e b; dois fizeram apenas a letra a e um fez apenas a letra b. Dez grupos conseguiram resolver o problema proposto. Como se tratou de uma atividade inspirada em Modelagem Matemática, em que a coleta dos dados era responsabilidade dos alunos, a princípio observamos apenas os cálculos matemáticos, que por sinal os 10 grupos realizaram corretamente. Todos 147 encontraram uma relação de semelhança de triângulos entre o esquadro e o sistema parede e chão, associando-os e modelando-os corretamente. Mas, modelar de forma matematicamente correta não significa que o valor encontrado para a altura da parede tenha sido o correto. Percebemos que os erros cometidos estavam ligados à forma de coleta dos dados. O que consideramos compreensível, pois os alunos estavam habituados a receber os dados prontos para aplicar uma técnica de resolução já conhecida por eles. Ter de coletar os dados e decidir de que forma proceder não era algo com que estivessem acostumados, daí a dificuldade inicial em saber como proceder. Como nosso trabalho se inspirou em uma perspectiva de modelagem que buscou trabalhar os conteúdos matemáticos de forma a possibilitar a construção de conceitos matemáticos relacionando-os ao cotidiano, aplicações e utilizações. (BARBIERI; BURAK, 2005), treinar técnicas matemáticas não era nosso objetivo inicial, concentramos nossos esforços em simular a realidade visando um ensino de Matemática contextualizado. (BORGES, 2010). Uma abordagem com a qual nossos alunos não estavam familiarizados. Destacaremos alguns exemplos que ilustram o que afirmamos: Figura 13: Resultado do grupo 1, 2º B, da Atividade 1, letra a. Fonte: Dados da pesquisa 148 Percebemos que este grupo foi o que mais se aproximou da altura real da parede, aproximadamente 3,5 metros de altura. Os alunos descreveram seus métodos, efetuaram o cálculo corretamente e adicionaram corretamente a altura da mesa sobre a qual estava o esquadro e fizeram um desenho para a situação. Apesar de apresentarem os cálculos e raciocínios corretos, deixando transparecer que utilizaram corretamente o esquadro, nos chamou a atenção o fato de que a representação geométrica não foi correta. Isso pode ilustrar o quanto as representações geométrica e algébrica dos alunos estavam desconexas. Mas, mesmo com a representação geométrica feita de modo errado, o grupo conseguiu um resultado correto e próximo da representação real. Em outro grupo, percebemos que faltou atenção para encontrar o valor da altura da parede, o grupo efetuou os cálculos corretos e como encontrou um resultado plausível, não se lembrou que faltava adicionar a altura da mesa em que posicionaram o esquadro. Figura 14: Resultado do grupo 9, 2º A, da Atividade 1, letra a. Fonte: Dados da pesquisa Alguns grupos efetuaram cálculos corretos, porém encontraram valores muito grandes para a medida da altura: 149 Figura 15: Resultado do grupo 8, 2º A, da Atividade 1, letra a. Fonte: Dados da pesquisa Percebemos que o grupo desenhou formas geométricas coerentes com o esquadro que utilizavam, a partir dos dados coletados, mas obteve um valor muito grande para a medida da altura, o que nos leva à crença de que o erro nesse caso se deve ao mal posicionamento do esquadro. Esse resultado nos indica que, embora a situação problema tivesse uma relação com a realidade, essa relação é tão pouco explorada que os alunos perderam a perspectiva da realidade. Na atividade em questão, seria como se, mesmo a parede estando na frente dos alunos, ela não fosse concreta para eles, a partir do momento em que não podiam medi-la diretamente. O fato de os alunos encontrarem uma altura de 5,5 m para esta parede e não reconsiderarem a coleta de dados é indicativo que eles perderam a referência na realidade. Doze grupos resolveram a letra b, desses apenas um não citou a semelhança de triângulos como parte da matemática envolvida. Percebemos que o uso do material concreto propiciou a associação do problema com a resolução por semelhança de triângulos, já que o esquadro, material concreto em questão, possui forma triangular, um referente que auxiliou os alunos a selecionarem o tipo de informação necessário para resolver o problema. (SPINILLO; MAGINA, 2004). 150 Sete grupos não descreveram as etapas utilizadas para resolver a tarefa o que nos faz perceber que os alunos apresentam dificuldades em se expressar na forma escrita. Apesar das dificuldades os alunos se mantiveram motivados durante a execução da atividade, não percebendo inclusive o sinal de encerramento da aula, dado o grau de envolvimento que demonstraram. Um indício de que a abordagem inspirada na modelagem manteve a motivação e o envolvimento dos alunos na atividade. (SANTOS; BISOGNIN, 2007; BASSANEZI, 2009; FRANCHI, 2007; BARBOSA, 2004; KATO et al, 2010). No momento da socialização os alunos confrontaram seus resultados com os dos colegas e explicitaram os procedimentos adotados na resolução da Atividade 1. Concordaram que a dificuldade enfrentada foi decorrência de não terem tido experiências anteriores similares. Justificaram que posicionaram o esquadro, mas não tinham certeza se conseguiam visualizar o ponto mais alto da parede da posição escolhida, ou seja, não estavam conseguindo manusear o material concreto corretamente. Concluímos, assim que é importante investir nesse tipo de abordagem para permitir que os alunos se envolvam e tenham a oportunidade de aplicar técnicas conhecidas e verificar quando elas são viáveis ou não. Quando questionados quanto ao porquê de, mesmo com esquadros diferentes e se posicionando a distâncias diferentes da parede, a altura dela deveria ser a mesma, os alunos afirmaram que era devido ao ângulo de cada esquadro, quanto maior o ângulo pelo qual observavam o ponto mais alto da parede, através do esquadro, mais próximos da parede deveriam se posicionar. (ANOTAÇÃO 1 DA PROFESSORA, aula dia 18/02/2011). No desenvolvimento da Atividade 2, os alunos das duas turmas tiveram menos dificuldades, provavelmente devido ao fato de terem desenvolvido a Atividade 1. Todos os grupos conseguiram concluir a atividade no horário de aula, em um espaço de tempo menor. Para esta atividade foi disponibilizado aos grupos de alunos um transferidor, uma trena, um canudo de refrigerante e os dados da Atividade 1(altura da parede e a distância até ela encontrados pelos grupos). Com estes materiais e os dados os alunos deveriam encontrar o ângulo de observação pelo qual o ponto mais alto da parede poderia ser visto. Pretendíamos que os alunos verificassem se o posicionamento do material, (carteira e esquadro) na aula anterior 151 havia sido correto, o que seria confirmado se encontrassem o mesmo ângulo do esquadro que utilizaram. Figura 16: Grupo 1 e grupo 2, 2º B, respectivamente, realizando a Atividade 2. Fonte: Dados da pesquisa Dos 14 grupos, 5 confirmaram que haviam se posicionado corretamente, encontrando o mesmo ângulo do esquadro e um valor plausível para a altura da parede. O grupo 14 da 2ª série A, foi um dos que confirmou as medições feitas na Atividade 1: Figura 17: Resposta grupo 14, 2º A, Atividade 2, tarefa a Fonte: Dados da pesquisa O grupo confirmou o ângulo de 30° do esquadro utili zado na atividade anterior e ainda apresentou um modelo geométrico correto para representar a situação. Cinco grupos encontraram novos ângulos, percebendo que haviam se posicionado de forma errada, por isso alguns valores inadequados foram encontrados. O grupo 8, da 2ª série A, foi um dos grupos que corrigiu os valores encontrados: 152 Figura 19: Resultado grupo 8, 2º A, Atividade 2, tarefa a Fonte: Dados da pesquisa O grupo 8, da 2ª série A, encontrou um valor absurdo para a altura da parede (5,5 m), após a constatação de que esse valor não era correto, eles se posicionaram com o transferidor e o canudo, como se fosse uma luneta, de um ponto à distância da parede, encontrada na Atividade 1 e verificaram que o ângulo correto para aquela posição era de 20°. Elaboraram um modelo par a representar a situação: um triângulo retângulo e dele determinaram sua hipotenusa, utilizando o Teorema de Pitágoras. Quatro grupos continuaram se posicionando de forma errada, mostrando que não conseguiram assimilar o uso do instrumento de medida. Na tarefa b, quando indagados sobre a Matemática que eles conseguiriam associar à Atividade 2, três grupos citaram figuras semelhantes, um grupo não resolveu esta tarefa, três grupos mencionaram o triângulo retângulo e o Teorema de Pitágoras, três grupos mencionaram ângulos de 90° e 30° e quatro grupos associaram as razões trigonométricas tangente e cosseno como matemática relacionada à situação estabelecida. (ANOTAÇÃO 2 DA PROFESSORA, aula dia 21/02/2011). A partir desses quatro grupos que mencionaram as razões trigonométricas foram iniciados os diálogos acerca desse assunto e a formalização do conteúdo. 153 Nesse sentido, nos aproximamos das abordagens de autores como: Lindegger (2000), Cavanagh (2008) e Steer, Vila e Eaton (2009a, 2009b). A opção por uma pesquisa inspirada pela modelagem nos levou a não apresentar inicialmente a formalização alterando a ordem usualmente proposta. (CALDEIRA, 2009; KFOURI; D’AMBRÓSIO, 2006). 5.2 Atividade Preparatória B e Desafio da Planta do Telhado A Atividade Preparatória B, pertencente ao Bloco 1, e o Desafio da Planta do Telhado, pertencente ao Bloco 2, foram agrupadas para serem analisadas juntas, por explorarem a manipulação de modelos abstratos presentes no cotidiano dos alunos, como as plantas baixas de casas. A análise das plantas baixas pode ser considerada como um exemplo de Matemática aplicada, pois explora a representação de um modelo externo à matemática: a planta baixa. (BURAK, 2010). Explora conhecimentos de formas geométricas, o uso de escalas e culmina, no desafio da planta, com a associação dos modelos abstratos geométricos ao conteúdo de trigonometria que se pretende explorar. O uso desse recurso funciona como motivador inicial, e age na tentativa de que o aluno incorpore conhecimentos que poderão ser úteis ao seu convívio social. Esta abordagem, de acordo com Bassanezi (2009), agrega dois pontos importantes de um ensino inspirado pela modelagem: a motivação, já discutida, e a abstração, ao buscar associar as situações concretas a modelos matemáticos clássicos. Percebemos que na Atividade Preparatória B, o reconhecimento da forma geométrica presente na planta não representou dificuldade para os alunos, nem a determinação da área de cada cômodo e de toda a casa. Quanto ao reconhecimento do significado da escala, quatorze das trinta e quatro duplas que fizeram a atividade, apresentaram erros ao explicar o que significava uma escala de 1 para 50. Dois erros são citados nas Figuras 20 e 21 abaixo: 154 Figura 20: Resultado do grupo 6, 2º A, na Atividade Preparatória B, tarefa 4. Fonte: Dados da pesquisa Figura 21: Resultado do grupo 6, 2º B, na Atividade Preparatória B, tarefa 4. Fonte: Dados da pesquisa. O primeiro resultado sugere que a dupla não soube interpretar a escala como uma razão entre informações de mesma unidade, já que não havia menção a unidade diferente em sua indicação. Mas o segundo resultado destacado evidencia que a dupla não sabia o que era uma escala. Quanto às conversões de escala, nessa atividade os alunos sentiram uma dificuldade considerável, o que se evidencia pelo fato de que o número de duplas que conseguiu converter corretamente os valores utilizando escalas, 16 duplas, foi inferior ao número daqueles que a fizeram de forma errada. Na Figura 22, vemos um exemplo conversão correta feita por uma das duplas: Figura 22: Resultado grupo 16, 2 B, Atividade Preparatória B, tarefa 5. Fonte: Dados da pesquisa Na Figura 23, vemos o erro cometido pelo grupo 14, 2º A. Os alunos não consideraram a escala, apenas trocaram o símbolo da unidade centímetro para o da unidade metro. Figura 23: Resultado grupo 14, 2º A, Atividade Preparatória B, tarefas 2 e 5. Fonte: Dados da pesquisa 155 Esta primeira atividade foi considerada por nós necessária para estimular nos alunos a não esperarem respostas prontas do professor e desenvolverem habilidades para encontrarem por si próprios as respostas, utilizando conhecimentos prévios para solucionar a situação problema. (KFOURI; D’AMBRÓSIO, 2006). O Desafio da Planta do Telhado foi aplicado 10 dias após a Atividade Preparatória B. Nesse intervalo de tempo outras atividades foram propostas aos alunos em sala, inclusive com o propósito de amenizar as dificuldades encontradas no trabalho com escalas. Percebemos que os problemas que demandavam o uso da escala não representaram as mesmas dificuldades da primeira atividade. Das 35 duplas que realizaram a atividade, 22 fizeram corretamente a conversão de unidades. A partir dessa atividade, nossa intenção foi de ampliar os conhecimentos dos alunos mencionando, ou tentando suscitar neles, o uso de modelos trigonométricos clássicos, como: triângulo retângulo, Teorema de Pitágoras ou razões trigonométricas no triângulo retângulo. Na resolução da tarefa 2 dessa atividade, todos as duplas mencionaram que ao modelo apresentado na planta poderia ser associado a um triângulo retângulo; na tarefa 4, ao buscarem pela inclinação do telhado, doze duplas utilizaram o transferidor e dez duplas utilizaram razões trigonométricas para fazê-lo. A Figura 24 traz um exemplo de um modelo trigonométrico destacado por uma das duplas: Figura 24: Resposta grupo 1, 2º A, Desafio da Planta, tarefa 4. Fonte: Dados da pesquisa A dupla, além de calcular o seno do ângulo de inclinação, sem conhecê-lo, soube utilizar uma tabela de razões trigonométricas para encontrar o valor aproximado do ângulo. É interessante perceber que, não foram apresentados previamente exemplos desse tipo, mas os alunos foram capazes de resolver situações problema com os quais ainda não haviam se deparado. 156 A dupla 8 da 2ª série B sugeriu outra forma de se encontrar esse ângulo de inclinação: “Olhar qual razão trigonométrica é mais viável usar e fazer a tangente.”(GRUPO 8, 2º B). Os registros escritos dos alunos mostram que as razões trigonométricas foram utilizadas, por 10 duplas, de forma correta, mesmo que a abordagem não tenha sido a usual de definir, mostrar exemplos e depois propor exercícios. Este fato ilustra que a abordagem com materiais concretos, realizada nas Atividades 1 e 2, e a posterior formalização teórica, pode surtir um efeito positivo, representando uma oportunidade de oferecer um momento de aprendizagem que propicie um desenvolvimento significativo no conteúdo de Matemática. (KFOURI; D’AMBRÓSIO, 2006). Esperávamos que os alunos identificassem na figura das partes de um telhado, triângulos retângulos e associassem ao Teorema de Pitágoras, porém, apenas uma dupla estabeleceu tal relação. Transcrevemos abaixo a resposta da dupla 17, 2º B, única dupla a mencionar o Teorema de Pitágoras como uma associação possível entre os elementos de um telhado: A metade da linha, o pendural e a empena formam um triângulo retângulo, logo medindo apenas o pendural e a linha, podemos aplicar o Teorema de Pitágoras para calcular a hipotenusa. (GRUPO 17, 2ºB). 5.3 Atividade Complementares 1 e 2 As Atividades Complementares tinham o intuito de fixar os conceitos abordados nas atividades em sala e perceber como alguns conceitos estavam sendo aplicados. Algumas poderiam não estar diretamente ligadas a problemas com referência na realidade, mas decorreram de atividades anteriores que tinham relação com situações práticas. A Atividade Complementar 1, aplicada logo após a Atividade 1, pretendia verificar se os alunos reconheciam e aplicavam conceitos de semelhança de triângulos. Como se tratava de uma atividade de fixação, optamos por analisar apenas a tarefa 3, que além da fixação de técnicas de resolução, demandava a elaboração de um modelo geométrico para a situação exposta na forma escrita. 157 Os resultados destacados apresentam formas diferentes de se representar uma mesma situação-problema. Figura 25: Resultado grupo 5, 2ªA, Atividade Complementar 1, tarefa 3, letra a. Fonte: Dados da pesquisa Figura 26: Resultado grupo 7, 2ªA, Atividade Complementar 1, tarefa 3, letra a. Fonte: Dados da pesquisa Figura 27: Resultado grupo 3, 2ªA, Atividade Complementar 1, tarefa 3, letra a. Fonte: Dados da pesquisa Figura 28: Resultado grupo 1, 2ªB, Atividade Complementar 1, tarefa 3, letra a. Fonte: Dados da pesquisa Nas Figuras 25 e 26, os alunos representaram a situação, na letra a, sem fazer alusão ao modelo geométrico triângulo, o que fizeram na letra b; nas figuras 27 e 28, os desenhos já foram feitos pensando na associação com os triângulos semelhantes e repetiram o modelo triângulo na letra b. A diferença entre as duas formas de representação era o uso de triângulos separados e o uso de triângulos justapostos Das 35 duplas que fizeram a atividade, apenas 7 não conseguiram resolver a tarefa proposta. A Figura 29 mostra um erro que começou no desenho e se estendeu até o cálculo da altura do pinheiro. Como não conseguiram fazer uma representação correta da situação (sombras projetadas no chão), o grupo não foi capaz de identificar o ferramental matemático necessário para resolver o problema. O grupo demonstrou ainda, pela forma como resolveu a tarefa, não compreender o que estava sendo pedido. Esse resultado confirma o erro cometido pela dupla nas Atividades 1 e 2. Novamente o grupo perdeu a referência de realidade. 158 Figura 29: Resultado grupo 16, 2º B, Atividade Complementar 1, tarefa 3, letra a e c Fonte: Dados da pesquisa A Figura 30 ilustra um erro de interpretação no próprio desenho; a dupla desenhou a estaca na frente da sombra do pinheiro, não entendendo que estes valores eram independentes entre si. Figura 30: Resultado grupo 14, 2ªB, Atividade Complementar 1, tarefa 3, letra a e c. Fonte: Dados da pesquisa Antes de formalizar os conceitos de razões trigonométricas no triângulo retângulo propusemos a Atividade Complementar 2, após o desenvolvimento da Atividade 2. A intenção era a de promover essa formalização a partir da atividade, fornecendo as definições das razões trigonométricas logo de início. Pretendíamos com a sistematização que os alunos ressignificassem e aplicassem os modelos clássicos da Trigonometria, associando-os entre si, percebendo suas propriedades, fazendo uso da modelagem. (BIEMBENGUT; HEIN, 2007; BASSANEZI, 2009). Para fins de análise discutiremos as tarefas 3 e 4 que além de aplicarem as definições das razões trigonométricas que pretendíamos introduzir, suscitavam a descoberta de propriedades e relações que são fundamentais na trigonometria. A tarefa 3 apresentou um triângulo retângulo do qual eram conhecidos todos os elementos. Foi dada uma tabela e pedido que os alunos a completassem calculando os valores de algumas razões trigonométricas relativas ao triângulo em questão. Das 32 duplas que realizaram a atividade, 15 preencheram todo o quadro corretamente e 7 o preencheram parcialmente correto. Sinalizando uma maior dificuldade por parte dos alunos no cálculo das tangentes. 159 Na Figura 31 destacamos o quadro resposta da dupla 11, percebemos que a dupla resolveu praticamente todo o quadro corretamente, descuidando- se nas sentenças IV e VIII, evidenciado, talvez, falta de atenção. Esse fato comprometeu a análise da dupla na letra c dessa tarefa, pois não puderam estabelecer corretamente as relações existentes entre as sentenças III e IV ou VII e VIII. I V II VI III VII IV VIII Figura 31: Resultado grupo 11, 2º A, Atividade Complementar 2, tarefa 3, letra a Fonte: Dados da pesquisa Na Figura 32, ilustra o erro de outra dupla; os alunos não souberam identificar os catetos opostos e adjacentes da sentença III e não houve coerência nos resultados das sentenças VII e VIII. I V II VI III VII IV VIII Figura 32: Resultado grupo 14, 2º B, Atividade Complementar 2, tarefa 3, letra a Fonte: Dados da pesquisa Nas letras b e c dessa tarefa foi pedido que os alunos relatassem observações acerca dos resultados do quadro. A letra b chamava a atenção para as sentenças I, II, V e VI. Esperávamos que os alunos identificassem senα igual a cosβ e vice-versa, e associassem esta ocorrência ao fato de α e β serem ângulos complementares. A primeira previsão se confirmou, todas as duplas relataram as igualdades, mas não conseguiram creditar o ocorrido ao fato dos ângulos serem complementares. Essa constatação só pode ser feita no momento de socialização, quando a professora efetuou uma intervenção. (ANOTAÇÃO 3 DA PROFESSORA, aula dia 21/ 02/ 2011). 160 As Figuras 33 e 34 mostram duas constatações dos alunos. A segunda constatação é ainda mais clara em termos matemáticos, o grupo especifica o porquê do seno de um ângulo ser igual ao cosseno do outro. O que mostra que o grupo conseguiu enxergar as propriedades presentes na atividade e estabelecer uma conjectura, um tanto tímida, mas considerável, visto que o conteúdo não havia sido formalizado. Figura 33: Resultado grupo 11, 2º A, Atividade Complementar 2, tarefa 3, letra b Fonte: Dados da pesquisa Figura 34: Resultado grupo 11, 2º B, Atividade Complementar 2, tarefa 3, letra b Fonte: Dados da pesquisa A letra c dessa tarefa pedia que os alunos escrevessem que outras observações eles poderiam destacar. Esperávamos que eles percebessem que as sentenças III e IV ou VII e VIII tinham o mesmo resultado pois eram consequências de uma mesma definição. Doze duplas não fizeram a letra c, o que poderia estar associado ao fato de terem completado o quadro da letra a de forma incorreta. Não permitindo que visualizassem padrões ao comparar as respostas. Destacamos duas das conjecturas citadas por grupos de alunos: Figura 35: Resultado grupo 11, 2º B, Atividade Complementar 2, tarefa 3, letra c Fonte: Dados da pesquisa Figura 36: Resultado grupo 7, 2º B, Atividade Complementar 2, tarefa 3, letra c Fonte: Dados da pesquisa A primeira dupla, a partir de seus resultados, conseguiu visualizar que tgα tinha resultado idêntico a e, de forma análoga estendeu essa conclusão para as razões do ângulo β. A segunda dupla respondeu apresentando uma generalização, 161 não mais se referindo aos ângulos α ou β, mas fazendo entender que esse comportamento ocorreria para qualquer ângulo, embora faltassem ao rigor da linguagem matemática ao expressar sua ideia. Percebemos que bem mais que aplicar as técnicas, a atividade guiou e estimulou a descoberta de propriedades, auxiliando na elaboração de conjecturas, referendando resultados de Kemp (2009) relativos ao fato de que a análise de padrões que se repetem, auxilia na formalização de conceitos e na descoberta de propriedades gerais. Na tarefa 4 dessa atividade, exploramos a descoberta da relação fundamental da trigonometria ou relação de Euler, tal como ela se desenvolveu dentro da própria matemática, partindo de relações no triângulo retângulo, pela aplicação do teorema de Pitágoras. (ANTON; BIVENS; DAVIS, 2007; LIMA et al, 2006; MOISE; DOWNS, 1971). Ela foi desenvolvida com sucesso por 17 duplas. Destacamos a seguir um dos resultados encontrados por uma dupla de alunos. Uma estratégia interessante da dupla 11, Figura 37, foi utilizar valores decimais aproximados para resolver a atividade. Em seu registro a dupla afirma estar lidando com uma relação fundamental da trigonometria e que seu resultado sempre se aproximará de 1. Figura 37: Resultado grupo 11, 2º B, Atividade Complementar 2, tarefa 4. Fonte: Dados da pesquisa 162 Ressaltamos que esta atividade foi realizada antes que se falasse de tal relação com os alunos, sinal de que a atividade de cunho investigativo, mesmo sendo guiada como sugere Ernest (1996), atingiu os objetivos propostos a priori. 5.4 Atividade 3 e Atividade Complementar 3 Precisávamos saber se a abordagem adotada permitia que os alunos compreendessem e fossem capazes de aplicar as razões trigonométricas em problemas aplicados, de acordo com a proposta da sequência em utilizar a modelagem numa perspectiva didática e conceitual, que permitisse a introdução e o desenvolvimento dos conceitos do conteúdo programático e a estruturação e aprendizagem de processos e técnicas matemáticas. (KAISER; SRIRAMAN, 2006). Para essa verificação, sem perder a linha de condução do trabalho, propusemos a Atividade 3, tanto como uma atividade de fixação, realizada em sala, como uma oportunidade para os alunos escolherem os problemas que queriam resolver. As duplas receberam uma lista com 28 problemas aplicados de trigonometria no triângulo retângulo (APÊNDICE A), retirados de livros didáticos voltados para a Educação Básica. O objetivo não era resolver exaustivamente todos os exercícios, mas perceber se os alunos eram capazes de escolher e resolver corretamente um exercício referente a cada razão trigonométrica, anteriormente formalizada, o que, na perspectiva de Loss e Biembengut (2010), permitiria perceber se os alunos entenderam o conceito matemático proposto. Para tanto os exercícios estavam dispostos de forma não sequencial, de tal maneira que os alunos deveriam ler, interpretar para escolher o problema e só escolheriam corretamente, se soubessem aplicar as razões trigonométricas. Nesta atividade os alunos não demonstraram dificuldade. Inclusive, uma dupla afirmou querer resolver novamente as Atividades 1 e 2, pois considerou que havia adquirido novas formas para resolvê-las. (ANOTAÇÃO 4 DA PROFESSORA, aula dia 23/02/2011). 163 Chamou nossa atenção o fato de que os alunos preferiam resolver problemas que possuíam figuras, indicando que a presença de uma representação visual da situação tornava mais fácil a escolha e aplicação da razão trigonométrica correta. A única dificuldade demonstrada foi a de encontrar problemas relacionados com a razão cosseno, o que é compreensível, pois na lista de exercícios os problemas relacionados ao cosseno apareciam em menor quantidade. Dos problemas escolhidos pelos alunos, o que envolvia a função seno que foi mais citado foi o número 8 da lista. Na Figura 38 destacamos uma das duplas que o escolheu como modelo a ser resolvido. Figura 38: Resultado grupo 3, 2º A, Atividade 3, tarefa I. Fonte: Dados da pesquisa Esta dupla foi bem minuciosa ao destacar informações relacionadas ao problema. Buscou representar o modelo matemático geométrico para mostrar o raciocínio feito. Das 33 duplas que fizeram a atividade, doze escolheram esse como problema sobre a razão seno a ser resolvido. Para a função tangente, 19 duplas optaram pelo problema 22. Segue uma das resoluções desse problema. 164 Figura 39: Resultado grupo 5, 2º B, Atividade 3, tarefa II. Fonte: Dados da pesquisa Esta dupla não foi tão minuciosa ao destacar as informações dadas pelo problema, mas buscou representar o modelo matemático de um triângulo para ilustrar o raciocínio feito. O problema 27 foi resolvido, como um exemplo de problema que envolvia a razão cosseno, por 9 duplas e por uma dupla como exemplo de função tangente, já que ele envolve duas razões trigonométricas distintas. Figura 40: Resultado grupo 5, 2º B, Atividade 3, tarefa III. Fonte: Dados da pesquisa 165 Além do exercício 27, o exercício 7 também foi muito mencionado entre as duplas , 6 duplas o resolveram; o que chama a atenção é que este problema era um dos problemas de cosseno que não apresentava desenho representativo. A dupla 14, da 2ª série B, esboçou o próprio desenho para conseguir resolver o problema. Figura 41: Resultado grupo 14, 2º B, Atividade 3, tarefa III. Fonte: Dados da pesquisa Mesmo sendo um desenho simples, ele carrega todas as informações que os alunos acharam necessárias para resolver o exercício. Apesar de se tratar de uma atividade de fixação, procuramos manter a inspiração na Modelagem matemática, propondo que os alunos escolhessem os problemas que queriam resolver. Nossa intenção foi de aproximar a atividade da área de interesse dos alunos para que se envolvessem mais, já que a escolha, como uma das etapas de modelagem, faria com que se sentissem responsáveis por sua aprendizagem e agissem com mais empenho. (BASSANEZI, 2009; MIRANDA, 2009). Complementando essa atividade, propusemos a Atividade Complementar 3, de forma que os alunos elaborassem problemas aplicados sobre uma das razões trigonométricas. Pretendíamos aproveitar o envolvimento na Atividade 3, para que elaborassem suas próprias atividades, seus próprios modelos de situaçõesproblema com referência na realidade. Essa tarefa, além da percepção do entendimento do conteúdo matemático proposto, ampliaria os conhecimentos dos alunos, pois tendo que criar os próprios problemas, deveriam se preocupar com a 166 coerência das informações, pertinência ao assunto e criatividade na elaboração. (LOSS; BIEMBENGUT, 2010). Dos 31 grupos que realizaram essa atividade, 29 elaboraram problemas relativos a uma das razões trigonométricas estudadas. Dois grupos trouxeram problemas que envolviam outros conteúdos matemáticos: lei dos cossenos e relações métricas no triângulo retângulo, mas que não representavam problemas aplicados, o que nos levou a acreditar que tais problemas foram copiados de livros didáticos, pelos alunos. Dos problemas elaborados, verificamos que 15 deles, se referiam à tangente, onze à razão seno e três ao cosseno. Acreditamos que o fato da razão tangente ter sido a mais contemplada pelos alunos, reside no fato de que se trata de uma das razões mais presentes em situações cotidianas. A necessidade de encontrar distâncias inacessíveis como altura de prédios, postes, montanhas, paredes, conhecidas as distâncias até estes pontos está presente no cotidiano dos alunos. Por isso, explorar esta razão trigonométrica e sua importância é algo solicitado nas Orientações Curriculares para o Ensino Médio. (BRASIL, 2006). Destacamos alguns problemas que consideramos interessantes: Figura 42: Resultado grupo 8, 2ª série B, Atividade Complementar 3. Fonte: Dados da pesquisa Neste problema percebemos a criatividade dos alunos ao se inspirarem em uma das construções da cidade: a Igreja Matriz. Como a altura da igreja pode ser 167 considerada uma distância inacessível, empregaram coerentemente a razão tangente para encontrar sua altura. Apesar de a redação do problema apresentar limitações, podendo confundir o leitor, para um problema elaborado em sala, já que este grupo foi o único que conseguiu resolver os problemas aplicados e elaborar este problema na mesma aula, tal resultado foi um avanço. Figura 43: Resultado grupo 11, 2ª série A, Atividade Complementar 3. Fonte: Dados da pesquisa Chamou a atenção a dupla ter se inspirado nas atividades realizadas em sala de aula para elaborar o problema. Concordamos que a redação do problema precisa ser melhorada, mas o fato de utilizarem a experiência vivida na tentativa de elaborálo, evidencia que a abordagem foi marcante para os alunos. No problema apresentado na Figura 44, percebemos que a dupla se confundiu ao posicionar as informações no desenho, a redação do exercício apresentou problemas que confundiram os próprios elaboradores. Acreditamos que a intenção de início era elaborar um problema que abordasse a função seno, mas como a situação conduzia para a tangente, a dupla modificou a posição da informação equivocadamente. 168 Figura 44: Resultado grupo 1, 2º B, Atividade Complementar 3. Fonte: Dados da pesquisa Analisando a Atividade Complementar 3, percebemos a importância de incentivar os alunos a elaborarem exercícios em Matemática, a partir de modelos já conhecidos. A modelagem matemática enquanto uma estratégia de ensinoaprendizagem, não precisa valorizar demasiadamente o encontro imediato do modelo definitivo, mas pode valorizar o processo, seguindo as etapas nas quais o conteúdo matemático vai sendo sistematizado. (BASSANEZI, 2009). 5.5 Atividades com recursos computacionais- Atividades 5, 6, 7 e 8 As Atividades 5, 6, 7 e 8 demandavam o uso de recursos tecnológicos para sua execução. A interlocução com a tecnologia objetivou utilizar recursos de simulação e a dinamicidade de applets de forma a facilitar o entendimento dos modelos abstratos da trigonometria, facilitando a atribuição de significados aos modelos clássicos pelos alunos. Optamos pelo uso dos applets, como já mencionado, devido a impossibilidade de instalar nos computadores da escola softwares livres, como o Geogebra. Para atingirmos os objetivos propostos a professora pesquisadora elaborou os applets para esta pesquisa no Geogebra e os disponibilizou em um site para que os alunos pudessem acessá-los via Internet. Para a aplicação das quatro atividades com recursos computacionais, utilizamos a sala de informática na escola. Como esta sala dispunha de apenas 12 computadores conectados à Internet, foi necessário dividir as turmas em dois grupos, já que para um trabalho dessa natureza havia um grande número de alunos 169 por sala. Esta dificuldade também foi mencionada em Oliveira (2006) e para contorná-la, sugerimos a divisão das turmas, nos pautando em resultados do estudo piloto aplicado em 2010, conforme sugestão dos alunos participantes. A proposta inicial era dividir a turma em dois grupos; um grupo viria extraturno realizar a atividade e outro grupo a realizaria no horário de aula. O grupo que realizou a atividade extraturno, faria atividades complementares no horário de aula, enquanto a professora acompanhava o restante da turma na sala de informática; mas, devido a problemas na rede elétrica da escola, que não suportou os computadores ligados no período de aula (noturno), somente os alunos que puderam vir extraturno participaram da atividade. Foi liberado, aos demais alunos, o acesso ao site que disponibilizava os applets utilizados durante as atividades, para que fizessem as atividades em casa, sem a supervisão da professora. Para fins de análise, as Atividades 5, 6, 7 e 8 foram agrupadas e os dados analisados dizem respeito a registros dos alunos participantes extraturno. Da Atividade 5 participaram 20 duplas. Essa atividade explorou as razões trigonométricas seno, cosseno e tangente como funções no círculo trigonométrico. Três applets foram disponibilizados aos alunos: um sobre a função seno, um sobre a função cosseno e um sobre a função tangente. Os alunos movimentavam pontos posicionados no círculo trigonométrico, através da tela do computador e do mouse, viam as modificações e registravam as observações na folha de Atividades. A primeira tarefa dessa atividade se referia ao seno ( APÊNDICE D, Figura 1), solicitava aos alunos que , acessando e movimentando o applet, escrevessem o que observavam e como variava a função em cada quadrante. As 20 duplas mencionaram que ao movimentar o ponto A os valores do ângulo α e do seno variavam, diminuíam e aumentavam. Destacamos algumas respostas que consideramos interessantes devido a redação: Figura 45: Resultado grupo 1, 2º A, Atividade 5, tarefa 1, letra a Fonte: Dados da pesquisa Figura 46: Resultado grupo 10, 2º B, Atividade 5, tarefa 1, letra a Fonte: Dados da pesquisa 170 Percebemos duas formas de descrever o que ocorria ao movimentar o ponto A; a segunda dupla mencionada demonstra, talvez, mais concisão descrever. As descrições ficam mais interessantes na letra b: Figura 47: Resultado grupo 2, 2º A, Atividade 5, tarefa 1, letra b Fonte: Dados da pesquisa Figura 48: Resultado grupo 3, 2º B, Atividade 5, tarefa 1, letra b Fonte: Dados da pesquisa Figura 49: Resultado grupo 1, 2º A, Atividade 5, tarefa 1, letra b Fonte: Dados da pesquisa Percebemos que os alunos destacam de várias formas o comportamento da função seno ao longo dos quadrantes. Desde simplesmente informar em que quadrantes a função diminui ou aumenta (Figuras 47 e 48), até mencionar os sinais e os respectivos intervalos de variação (Figura 49). As repetições observadas ajudam os alunos a sistematizar os conceitos. (KEMP, 2009). Quando solicitados, na letra c da tarefa 1, a resolver pequenas equações com o uso do applet, os alunos tiveram dúvidas se poderiam resolver apenas pelo método de tentativa e erro ao movimentar o applet. Quando solucionada a dúvida afirmaram ser mais fácil de resolver as atividades pelo computador que no caderno e que seria melhor se pudessem utilizar o applet em casa para tirar dúvidas. Durante a resolução desta sentença, alguns alunos utilizaram aproximações de valores que o applet disponibilizava, por isso encontraram respostas decimais e diferentes de uma dupla para outra. Das 20 duplas que realizaram a atividade onze apresentaram uma resposta correta para cada equação. Quatro informaram duas respostas corretas para cada equação. Na Figura 50 temos um exemplo de uma dupla que informou dois valores para cada equação. 171 Figura 50: Resultado grupo 3, 2º B, Atividade 5, tarefa 1, letra c1 Fonte: Dados da pesquisa A dupla 2, da 2ª série A, (Figura 51) apresentou uma única resposta para cada equação, inclusive com uma aproximação diferente na sentença a do valor encontrado pelo grupo 3 da 2º serie B, considerando as limitações do applet. Figura 51: Resultado grupo 2, 2º A, Atividade 5, tarefa 1, letra c1 Fonte: Dados da pesquisa Mesmo utilizando o applet, algumas duplas tiveram dificuldades em resolver as equações que envolviam valores negativos, não estava claro para eles que mesmo o seno estando negativo, o ângulo depende do sentido de movimentação, poderia ser positivo. Figura 52: Resultado grupo 4, 2º A, Atividade 5, tarefa 1, letra c1 Fonte: Dados da pesquisa Percebemos na Figura 52 que as equações que envolviam resultados positivos não ofereceram dificuldade, sendo apresentados dois resultados sem arredondamentos, porém, corretos. As equações que lidavam com valores negativos, apresentam respostas equivocadas, respostas que desconsideraram o sinal do seno, colocando como resposta ângulos do 1º e do 2º quadrantes, quando estes deveriam estar no 3º e 4º quadrantes. Quando perguntados se seria possível encontrar mais de uma resposta correta para as equações, todas as duplas escreveram que seria possível. Destacamos duas justificativas que consideramos interessantes: Figura 53: Resultado grupo 3, 2º A, Atividade 5, tarefa 1, letra c2 Fonte: Dados da pesquisa 172 Nesta resposta, na Figura 53, a dupla justifica o fato de termos mais de uma resposta para o mesmo resultado devido a termos dois quadrantes positivos e dois negativos. Esta dupla, porém, só enxerga possibilidades em uma volta no círculo trigonométrico, o que é compreensível, pois é a primeira vez que estes alunos exploravam o círculo trigonométrico, ainda não estavam familiarizados com suas propriedades. Outra dupla extrapolou as observações, informando que seria possível termos mais de uma resposta correta se levarmos em conta mais voltas no círculo, uma descoberta importante nessa fase do processo de ensino. Figura 54: Resultado grupo 4, 2º A, Atividade 5, tarefa 1, letra c2 Fonte: Dados da pesquisa Mesmo não acertando todas as equações, confundindo-se com os valores negativos, a dupla apresentou uma conjectura interessante para seu nível de ensino, que seria mais difícil de ser constatada sem o uso do recurso computacional. O uso do recurso computacional otimiza o tempo gasto na resolução das atividades. O aluno não se ocupa com cálculos numéricos dispondo de mais tempo para a compreensão de propriedades e conceitos. (PIETROBON; COSTA; SOUZA, 2010; FRANCHI, 2007; DELLA NINA, 2007). A tarefa 2 referia-se à função cosseno, e utilizava outro applet, semelhante ao primeiro. Os objetivos dessa tarefa eram muito próximos dos objetivos da tarefa 1, não oferecendo dificuldades ao alunos, que, como já haviam resolvido a primeira tarefa, resolveram a segunda de maneira similar. Destacamos alguns registros feitos pelos alunos acerca do que observavam ao movimentar o ponto A nesse segundo applet: Figura 55: Resultado grupo 9, 2º A, Atividade 5, tarefa 2, letra a Fonte: Dados da pesquisa Figura 56: Resultado grupo 3, 2º B, Atividade 5, tarefa 2, letra b Fonte: Dados da pesquisa 173 Figura 57: Resultado grupo 1, 2º A, Atividade 5, tarefa 2, letra b Fonte: Dados da pesquisa De formas diferentes as duplas descrevem suas impressões fazendo aparecer as características da função cosseno no círculo sem a necessidade de uma aula expositiva. Percebemos que os alunos são capazes de associar à função seus sinais em cada quadrante, seus intervalos de crescimento e decrescimento e a variação da imagem da função cosseno. A tarefa 3, envolvia a função tangente. Inicialmente pedia a identificação do eixo da tangente, em seguida pedia que se registrassem as observações acerca de seu movimento, como nas funções anteriores. Quanto à identificação de seu eixo, os alunos o caracterizam de maneiras distintas: Figura 58: Resultado grupo 11, 2º B, Atividade 5, tarefa 3, letra a Fonte: Dados da pesquisa Figura 59: Resultado grupo 3, 2º B, Atividade 5, tarefa 3, letra a Fonte: Dados da pesquisa Figura 60: Resultado grupo 1, 2º A, Atividade 5, tarefa 3, letra a Fonte: Dados da pesquisa Mesmo sendo a primeira vez com que trabalhavam com a função tangente no círculo trigonométrico, os alunos conseguiram caracterizar o eixo das tangentes de forma interessante, seja como reta paralela ao eixo seno ou ao eixo y, passando pelo ponto (1, 0) ou como a reta x = 1. Quanto a suas características, os alunos mencionam: Figura 61: Resultado grupo 5, 2º A, Atividade 5, tarefa 3, letra b Fonte: Dados da pesquisa 174 Figura 62: Resultado grupo 3, 2º B, Atividade 5, tarefa 3, letra c Fonte: Dados da pesquisa Os alunos destacaram, a partir da manipulação do recurso computacional, os quadrantes em que a tangente é positiva ou negativa e perceberam que se trata de uma função crescente em todos os quadrantes. Não podemos afirmar que esta seja a melhor ou pior forma de abordar este assunto, nem que conseguiríamos, ou não, o mesmo resultado com uma aula expositiva, mas podemos dizer que a motivação dos alunos se manteve durante a aplicação dessa atividade, o que justificou o uso desse recurso. (SILVA; FROTA, 2010b). A Atividade 6 utilizava applets que associavam as funções seno, cosseno e tangente no círculo trigonométrico a seu gráfico no plano cartesiano, pretendendo que os alunos percebessem que suas características, mesmo em representações diferentes, se mantinham. (COSTA, 1997; BORBA; PENTEADO, 2001). Acerca desse applet (APÊNDICE D, Figura 2), dois questionamentos eram feitos: o que estava ocorrendo, à medida que movimentavam o ponto P, se a função seno era periódica e qual seria esse período. No início dessa Atividade os alunos sentiram dificuldade, não conseguiam descrever o que viam na tela do computador, queriam uma resposta pronta da professora, sem a necessidade de raciocinar acerca do que viam. Após alguns minutos de observações e questionamentos, algumas ideias começaram a surgir. Parte da dificuldade percebida foi devida ao fato de que o rastro do ponto que formava o gráfico não podia ser apagado, logo os alunos não tinham como reiniciar o processo, sem fechar o applet, para verificar as observações feitas. Dentre os resultados obtidos, destacamos na tarefa 1, letra a, algumas impressões e descrições que os alunos fazem ao movimentar o ponto P: Figura 63: Resultado grupo 5, 2º A, Atividade 6, tarefa 1, letra a Fonte: Dados da pesquisa Figura 64: Resultado grupo 1, 2º A, Atividade 6, tarefa 1, letra a Fonte: Dados da pesquisa 175 Figura 65: Resultado grupo 7, 2º B, Atividade 6, tarefa 1, letra a Fonte: Dados da pesquisa Figura 66: Resultado grupo 3, 2º B, Atividade 6, tarefa 1, letra a Fonte: Dados da pesquisa Percebemos uma evolução de raciocínios acerca da formação do gráfico da função seno. Temos desde uma descrição totalmente empírica, nas Figuras 63 e 64, até caracterizações mais detalhadas, mencionando mudanças de sinal, período e o nome do gráfico na Figura 66. A dupla 3, da 2ª série B, mostrou com seu registro já possuir algum tipo de informação sobre estas funções, já que mencionou um nome para o desenho, de maneira bem formal. Quanto à pergunta relativa a periodicidade da função seno, das 19 duplas que participaram da Atividade, todas concordaram que a função é periódica, informando o que consideravam ser seu período. Destacamos algumas justificativas e períodos mencionados pelos alunos. A Figura 67 apresenta apenas uma justificativa para considerar a função como periódica, a Figura 68, vai além, informando um valor para seu período fundamental. Destacamos as dificuldades dos alunos em explicar na forma escrita o que observavam. Figura 67: Resultado grupo 1, 2º A, Atividade 6, tarefa 1, letra b Fonte: Dados da pesquisa Figura 68: Resultado grupo 7, 2º A, Atividade 6, tarefa 1, letra b Fonte: Dados da pesquisa A tarefa 2, referia-se à função cosseno. Os alunos não apresentaram grandes dificuldades em resolver esta tarefa. A tarefa 3, da Atividade 6, foi a que os alunos mais apresentaram dificuldade. O fato de a função tangente possuir descontinuidades e assíntotas confundiu os alunos. Para eles o gráfico da função não poderia ter interrupções, deveria ser contínuo. Vejamos algumas colocações quanto ao formato desse gráfico. 176 Figura 69: Resultado grupo 5, 2º A, Atividade 6, tarefa 3, letra a Fonte: Dados da pesquisa Figura 70: Resultado grupo 7, 2º A, Atividade 6, tarefa 3, letra a Fonte: Dados da pesquisa Figura 71: Resultado grupo 9, 2º A, Atividade 6, tarefa 3, letra a Fonte: Dados da pesquisa Figura 72: Resultado grupo 1, 2º B, Atividade 6, tarefa 3, letra a Fonte: Dados da pesquisa Figura 73: Resultado grupo 1, 2º A, Atividade 6, tarefa 3, letra a Fonte: Dados da pesquisa A dificuldade em lidar com a tangente se faz notar pelos registros dos alunos. Não sabendo como descrever o que via a dupla 5, da 2ª série A, descreve o desenho como uma cerâmica ilustrada, a definição mostra-se bem abstrata e indefinida, o que nos faz imaginar o quanto a dupla se sentiu perdida ao tentar elaborar essa descrição. As Figuras 70, 71 e 72, refletem o que mencionamos antes, a descontinuidade do desenho confundiu os alunos, tanto que afirmaram estar diante de três curvas, três gráficos ou três partes do gráfico. A forma do desenho, com o qual não estavam acostumados, os fez fragmentá-lo, como se ele não pudesse existir daquela forma e ser correto ao mesmo tempo. Apesar da dificuldade, apenas três duplas apresentaram respostas que consideramos totalmente erradas. Entre as duplas que acertaram, destacamos a resposta da dupla 1, da 2ª série A, que informou o período da função tangente ao descrever o que via. Quanto à periodicidade da função tangente, ela também trouxe algumas dúvidas, apesar de só uma dupla ter apresentado uma resposta totalmente errada. Destacamos 3 respostas apresentadas pelos alunos à letra b da tarefa 3: Figura 74: Resultado grupo 1, 2º B, Atividade 6, tarefa 3, letra b Fonte: Dados da pesquisa 177 Figura 75: Resultado grupo 3, 2º B, Atividade 6, tarefa 3, letra b Fonte: Dados da pesquisa Figura 76: Resultado grupo 7, 2º B, Atividade 6, tarefa 3, letra b Fonte: Dados da pesquisa A Figura 74 apresenta a resposta equivocada da dupla 1, 2ª série B, consequência da má interpretação na letra a; os alunos não conseguiram identificar a periodicidade da função devido às descontinuidades. As Figuras 75 e 76, apresentam os registros em que os alunos conseguiram associar à função o seu período, apesar das diferenças em relação às outras duas funções, seno e cosseno. A tarefa 4 dessa Atividade pedia que mencionassem limitações que a ferramenta applet apresentou. Esta questão foi proposta dialogando com Carneiro (2005), que considera que o professor também deve estar atento às limitações dos recursos tecnológicos, cuidando para que estas limitações e as discussões sobre elas, não se configurem em obstáculos, mas sirvam como instrumento de ensino e aprendizagem. As duplas foram unânimes em pontuar o fato de que o applet não permitia o preenchimento da linha do gráfico além da primeira volta, ou seja, até um intervalo de 2π radianos. Apresentamos um desses registros. Figura 77: Resultado grupo 1, 2º B, Atividade 6, tarefa 3, letra c Fonte: Dados da pesquisa Os alunos conseguiram abstrair, apesar de o applet sugerir que as funções fossem definidas em um intervalo finito. Para a Atividade 7, foram disponibilizados aos alunos outros três applets, cada um relativo a uma situação de redução ao 1º quadrante. Lembrando que nossos alunos não tinham visto nenhuma situação de redução ao primeiro quadrante até o momento dessa aula. Cada tarefa tinha seu applet específico e solicitava aos alunos que mencionassem o que observavam, em que quadrante variavam cada um dos ângulos, que relação ou expressão matemática poderia ser associada a cada applet e como os valores de seno e cosseno se comportavam em cada situação. 178 A tarefa 1, envolvia ângulos do 1º e 2º quadrantes (APÊNDICE D, Figura 3). Destacamos alguns relatos dos alunos. Figura 78: Resultado grupo 3, 2º A, Atividade 7, tarefa 1, letra a Fonte: Dados da pesquisa Figura 79: Resultado grupo 18, 2º A, Atividade 7, tarefa 1, letra a Fonte: Dados da pesquisa Diante dos relatos dos alunos percebemos que eles descrevem de maneira própria suas impressões. Na Figura 78, a dupla é minuciosa em relatar de que forma se modificam os ângulos observados e como eles se relacionam, na medida em que o menor aumenta, o maior diminui, num intervalo de 180°. Na Figura 79 , a dupla não vê necessidade de detalhar muito para dar esta informação. Percebemos que nas três tarefas propostas, as letras a e b não foram consideradas difíceis pelos alunos, resolvidas sem erros pelas 17 duplas. As dificuldades surgiram nas letras c das tarefas 1 e 2, já que era solicitado aos alunos a elaboração de uma expressão matemática ou a apresentação de uma relação que envolvesse os ângulos presentes em cada applet. Para encontrar a primeira relação, houve muita dificuldade; abstrair o que estavam vendo e converter em uma expressão aplicável a qualquer ângulo foi algo demorado. Foi necessário um período de indagações e observações de regularidades para que chegassem às primeiras expressões, formalizando o conceito. (KEMP, 2009). Figura 80: Resultado grupo 3, 2º A, Atividade 7, tarefa 1, letra c Fonte: Dados da pesquisa Figura 81: Resultado grupo 18, 2º A, Atividade 7, tarefa 1, letra c Fonte: Dados da pesquisa 179 Figura 82: Resultado grupo 5, 2º A, Atividade 7, tarefa 1, letra c Fonte: Dados da pesquisa Na Figura 80 a dupla elaborou uma expressão correta que associa os dois ângulos considerados percebendo que a sua soma era sempre 180°; o que a dupla 18, da 2ª série A, expressou na forma escrita. É interessante como a dupla 5, da 2ª série A, descreve a relação entre os ângulos, os alunos estabelecem um valor máximo para o ângulo β e um valor mínimo para o ângulo α e os relacionam: à medida que α vai aumentando e seu valor é subtraído do valor máximo de β. Após a descoberta dessa primeira relação, os alunos se sentiram mais seguros para relatar outras observações, que se referiam aos valores de seno e cosseno dos dois ângulos observados. Figura 83: Resultado grupo 1, 2º A, Atividade 7, tarefa 1, letra d Fonte: Dados da pesquisa Figura 84: Resultado grupo 10, 2º A, Atividade 7, tarefa 1, letra d Fonte: Dados da pesquisa Percebemos que não foi difícil estabelecer as relações entre os senos e cossenos dos ângulos observados. O applet facilitou a descoberta dessas regularidades. (KEMP, 2009). A forma de registro mais comum, apresentada por treze duplas, foi β – α = 180°. Quanto às relações entre seno e cosseno os alunos apresentaram conclusões semelhantes: 180 Figura 85: Resultado grupo 1, 2º A, Atividade 7, tarefa 2, letra d Fonte: Dados da pesquisa Figura 86: Resultado grupo 10, 2º A, Atividade 7, tarefa 2, letra d Fonte: Dados da pesquisa Percebemos que as constatações dos alunos estavam corretas, embora não se expressassem por vezes de forma correta. Na tarefa 3, correspondente à redução dos valores das razões trigonométricas dos ângulos do 4º quadrante para o primeiro, os alunos conseguiram estabelecer expressões simples como a soma dos ângulos quanto encontrar as relações entre os valores de seno e de cosseno nos referidos quadrantes. Nesta atividade, ficou evidente uma dificuldade em lidar com expressões que possuíam apenas incógnitas, o que nos deixou apreensivos uma vez que os estudos algébricos de trigonometria ainda seriam abordados. A Atividade 8 utilizava dois applets: um relativo a ângulos complementares e um associado às fórmulas de soma de ângulos. Na primeira tarefa os alunos não apresentaram dificuldades, conseguiram perceber as propriedades de complementaridade dos ângulos e formalizá-las com a ajuda do applet, novamente concordando com Kemp (2009), que percebe a facilidade oferecida pelo recurso computacional em descobrir propriedades matemáticas por meio da manipulação dessas ferramentas. Ao destacarem suas impressões ao observar o applet (APÊNDICE D, Figura 4), achamos interessante mencionar algumas considerações dos alunos. A Figura 101 destaca como os alunos interpretaram o que viram na tela do computador, perceberam que os ângulos se movimentavam em lados opostos, um partindo de 0° e outro de 90°. Na letra b dessa tar efa, os alunos deveriam apresentar uma expressão matemática que expressasse o comportamento que eles viam na letra a. Como essa atividade remetia à Atividade 7, na qual eles deduziram pequenas expressões, nesta atividade eles não tiveram dificuldades. Apresentaram 181 expressões corretas para a relação entre α e β e também para o que ocorria aos valores de seno e cosseno desses ângulos. Destacada, na Figura 103, ilustramos a resposta dada para a relação entre senos e cossenos desses ângulos complementares. Essa atividade os remetia à Atividade Complementar 2, na qual os alunos, a partir da observação de senos e cossenos de ângulos agudos do mesmo triângulo retângulo, perceberam que o seno de um ângulo era igual ao cosseno do outro ângulo, e isso se devia ao fato de que esses ângulos eram complementares. Os alunos se lembraram da Atividade Complementar 2 à medida que resolviam essa tarefa. Figura 87: Resultado grupo 10, 2º B, Atividade 8, tarefa 1, etra a. Fonte: Dados da pesquisa. Figura 88: Resultado grupo 1, 2 A, Atividade 8, tarefa 1, letra c. Fonte: Dados da pesquisa Figura 89: Resultado grupo 1, 2º A, Atividade 8, tarefa 1, letra d. Fonte: Dados da pesquisa Apesar de consideradas em alguns momentos difíceis e complicadas, as atividades com o recurso computacional foram avaliadas de forma positiva pelos alunos. O caráter dinâmico motivou os alunos e os estimulou a realizar a sequência, apesar de algumas dificuldades. Destacamos os comentários de alguns alunos acerca das atividades na sala de informática, ao responder o questionário ao final da aplicação da sequência: As declarações: “Achei muito bom e prático! Nos adiantou muito, pois fazendo desenhos na sala e tal a gente demoraria bem mais, além de nos ajudar a entender melhor.” (ALUNO A, 2º B); e: “seria muito difícil realizar uma atividade daquelas no quadro. Então além de facilitar pra gente, foi um modo diferente e mais divertido de aprender que chama mais atenção e dá mais vontade de estudar a matéria.” (ALUNA G, 2º B). O caráter motivacional esteve presente nas declarações: “Achei muito interessante, não imaginava que a Matemática seria divertida assim usando computador, o que eu mais gostei foi de hoje (Atividade 8), apesar de ser de fácil 182 resolução.” (ALUNA B, 2ºB); e “Achei diferente, alem de ser mais fácil de chegar a um resultado, foi muito interessante”. (ALUNA H, 2º B) Dentre os pontos positivos destacados, chamamos a atenção para: “as imagens com movimentos, torna mais fácil o entendimento do exercício.” (ALUNA B, 2ºB). O caráter dinâmico aqui destacado concorda com nossa opção por essa abordagem, corroborados por autores como: Steer, Vila e Eaton (2009a, 2009b), Borba e Penteado (2001), Richit e Maltempi (2010), Franchi (2007) e Valente (1999). Um ponto negativo destacado pelos alunos faz referência ao fato de nem todos os alunos puderam participar da atividade devido aos problemas técnicos já mencionados. Dos alunos que se interessaram em fazer a atividade em casa, uma declaração nos chamou a atenção: o aluno achou a atividade interessante, mas destacou como ponto negativo “ter algumas dúvidas sobre a matéria e não ter um professor ao lado.” (ALUNO F, 2ª A) o que mostra que o recurso computacional não substitui o papel do professor como orientador e mediador do processo; ele é quem pode, ao conduzir seu trabalho, extrair o melhor dos alunos através do aproveitamento das potencialidades da ferramenta tecnológica. (VALENTE, 1999; RICHIT; MALTEMPI, 2010; SOUZA; OLIVEIRA, 2010). Como sugestões para melhorar as aulas com o recurso computacional, os alunos citaram a necessidade de aumento de carga horária do curso, com um tempo maior para explorar e utilizar o software. Apontaram ainda a necessidade de mudanças na rede elétrica da escola; a falta de infraestrutura da escola impossibilitou que vários alunos participassem das atividades. Percebemos que as escolas ainda não estão preparadas para um trabalho assim, falta apoio, não das escolas diretamente, mas dos órgãos que dão suporte a elas. Como Borba e Penteado (2001) afirmam o uso de determinada ferramenta não invalida as demais. Por isso, ao longo da sequência didática proposta, investimos na utilização de tecnologias variadas, retornando, por vezes, ao lápis e papel, não perdendo de vista nossa inspiração na Modelagem e na recriação de modelos pela modelação. 183 5.6 Atividades Complementares 5, 6 e 8 As atividades complementares objetivavam a passagem do que foi aprendido manipulando o recurso computacional para o papel. Percebemos que esta passagem foi complicada e que o fato de manipular applets não era garantia de que esta passagem seria tranquila para todos, principalmente no trabalho com gráficos que demandavam o domínio de várias formas de representação do mesmo conceito. Na Atividade Complementar 5, focamos nossa análise nas tarefas 4, 5 e 6. As tarefas 4 e 5 exploram análises geométricas e associações com propriedades trigonométricas no círculo, o que pretendemos observar se foi favorecido pelo uso anterior do applet. A tarefa 6 associa o que foi aprendido com um modelo algébrico muito comum em livros didáticos, por isso nosso interesse em sua análise. Fizeram esta atividade 30 duplas, das quais 18 participaram da aula na sala de informática. Percebemos que nas atividades que demandavam a análise de informações visuais os alunos que participaram da atividade com applets tiveram mais facilidade. Na tarefa 4, por exemplo, das 17 duplas que acertaram totalmente a tarefa, 10 participaram da Atividade 5. Destacamos na Figura 90 um dos resultados que os alunos apresentaram: Figura 90: Resultado grupo 5, 2º B, Atividade Complementar 5, tarefa 4. Fonte: Dados da pesquisa Figura 91: Resultado grupo 15, 2º A, Atividade Complementar 5, tarefa 4. Fonte: Dados da pesquisa 184 Figura 92: Resultado grupo 16, 2º B, Atividade Complementar 5, tarefa 4. Fonte: Dados da pesquisa Das três figuras destacadas, somente a primeira representa uma dupla que realizou a Atividade 5, na sala de informática. Percebemos que na Figura 90, a dupla foi mais objetiva ao se expressar e pontuar sua justificativa acerca do motivo de cada sentença possuir um sinal + ou –. A Figura 90 deixa claro o nº do quadrante para justificar suas respostas. A Figura 92, que também respondeu corretamente a tarefa, mesmo não estando entre os que utilizaram o recurso computacional, apresenta diferenças no momento de caracterizar os intervalos em que as funções serão positivas ou negativas, percebe-se pouca familiaridade entre os alunos e o termo “quadrantes”. Na Figura 91, percebemos que a dupla não compreendeu o que a tarefa queria, talvez pelo fato de não ter participado da aula na sala de informática. Dessa forma a dupla não pôde movimentar o ponto no círculo trigonométrico e verificar que o sinal do seno e do cosseno mudava, ora era positivo ora era negativo. A dupla usou indevidamente os símbolos > ou <, demonstrando não entender o significado dos próprios símbolos, que exigem comparações entre duas grandezas. Um resultado a ser destacado é relacionado à tarefa 6; o número de acertos entre os que participaram da aula com applets foi menor do que entre os que não participaram. Figura 93: Resultado do grupo 16, 2º B, Atividade Complementar 5, tarefa 6. Fonte: Dados da pesquisa 185 Figura 94: Resultado do grupo 5, 2º B, Atividade Complementar 5, tarefa 6. Fonte: Dados da pesquisa. A tarefa 6 apresentava duas sentenças a serem resolvidas, o maior número de acertos foi percebido na letra a: 6 acertos entre os que não fizeram aula na sala de informática e 1 acerto entre os que participaram dessa aula. Na letra b, só tivemos 1 acerto, pertencente à dupla que participou da aula de informática, a dupla 5, da 2ª série B, representado na Figura 94. Entre os alunos que não participaram da aula de informática, percebemos 6 resoluções parcialmente corretas, parecidas com a letra b da Figura 93. A partir dos resultados podemos perceber que a atividade no computador não favoreceu a aplicação de técnicas algébricas, visto que os alunos que tentaram resolver esta atividade, de forma parcial ou totalmente correta, não participaram da atividade no computador. Isso nos remete novamente às colocações de Carneiro (2005), que não podemos nos iludir quanto ao alcance da tecnologia, temos ser realistas para podermos aproveitar o que ela pode oferecer, mas termos outras estratégias para caminhar em direções em que ela não tem alcance. A Atividade Complementar 6 pretendia formalizar e fixar conceitos acerca dos gráficos das funções seno e cosseno. Neste momento percebemos a dificuldade em passar para o papel o que havia sido visto na tela do computador, tanto dos participantes da aula de informática quanto dos não participantes. Das 30 duplas que realizaram o trabalho, apenas 10 conseguiram desenhar os gráficos na malha quadriculada dada; duas delas não participaram da aula de informática. Esse número revela como essa passagem foi considerada difícil. Apesar da dificuldade o applet parece ter influenciado positivamente, uma vez que metade das duplas que desenvolveu o trabalho computacional acertou a questão. Destacamos a seguir alguns resultados: 186 Figura 95: Resultado grupo 1, 2º A, Atividade Complementar 6, tarefa1. Fonte: Dados da pesquisa Ao oferecer a malha quadriculada, imaginamos que os alunos desenhariam os gráficos sobrepostos, algo que nós faríamos para facilitar conjecturas acerca da fase entre as funções seno e cosseno. Mesmo não tendo feito o desenho como imaginávamos, os alunos apresentaram observações interessantes. A tarefa 4 da Atividade Complementar 6 buscou que os alunos expressassem com palavras e na forma algébrica a ideia de periodicidade. A melhor resposta encontrada foi a da dupla 11, 2ª série A, apresentada na Figura 96. Percebemos a dificuldade dos alunos em expressar as ideias algebricamente. Figura 96: Resultado grupo 11, 2º A, Atividade Complementar 6, tarefa 4. Fonte: Dados da pesquisa A tarefa 5 da Atividade Complementar 6 retoma a referência na realidade de acordo com a meta de inspiração na modelagem. (BARBOSA, 2001). Nessa tentativa propusemos uma atividade em que os alunos deveriam associar a um objeto cotidiano uma das funções trigonométricas e a justificativa para tal escolha. O objeto escolhido foi o corte transversal de uma telha de amianto, muito usada em telhados de terraços. Destacamos duas respostas que consideramos interessantes. 187 Figura 97: Resultado grupo 1, 2º A, Atividade Complementar 6, tarefa 5. Fonte: Dados da pesquisa Figura 98: Resultado grupo 10, 2º B, Atividade Complementar 6, tarefa 5. Fonte: Dados da pesquisa Na Figura 97 notamos que a dupla desenha o que seria um eixo x para associar a forma do corte transversal na telha à função seno. Na Figura 98, a dupla associa a imagem a uma função cosseno. Esperávamos tanto indicações da função seno quanto da função cosseno, nosso objetivo era permitir aos alunos observar um objeto cotidiano e buscar características que o ligassem a uma das funções, sabendo que qualquer uma das duas poderia ser uma resposta correta, dependendo de como fosse imaginado o corte. A Atividade Complementar 8, pedia a sistematização tanto dos ângulos complementares quanto das fórmulas da soma de ângulos. Quanto aos ângulos complementares e as propriedades de seno e cosseno desses ângulos, 14 das 30 duplas fizeram corretamente esta atividade, apresentando mais dificuldade em encontrar o complemento do que os valores de seno e cosseno pedidos. Figura 99: Resultado grupo 5, 2º B, Atividade Complementar 8, tarefa 1. Fonte: Dados da pesquisa 188 Na Figura 99, percebemos que a dupla completou corretamente os valores de seno e de cosseno, mas não conseguiu encontrar os valores dos ângulos complementares, informando o valor dos ângulos ora em graus ora em sua representação em radianos. Na Figura 100, isso não ocorre, a dupla completa corretamente toda a tabela. Figura 100: Resultado grupo 9, 2º A, Atividade Complementar 8, tarefa 1. Fonte: Dados da pesquisa Na tarefa 2 era pedido que, conhecendo as fórmulas de adição e subtração de ângulos os alunos calculassem os valores de seno e cosseno de ângulos que poderiam ser representados pela soma de ângulos de um quadro dado. Percebemos que independente de terem participado ou não da atividade com ferramenta computacional, as dificuldades dos alunos foram similares e o cálculo da soma ou diferença dos cossenos foi considerado o mais difícil, talvez pela questão do sinal. Percebemos que a primeira parte da tarefa não foi dificuldade para as duplas, ocorrendo poucos erros. O ponto crítico dessa tarefa foi o cosseno, apresentando erros como o ilustrado na Figura 101 em 23 duplas das 33 que realizaram a atividade. Figura 101: Resultado grupo 9, 2º A, Atividade Complementar 8, tarefa 2. Fonte: Dados da pesquisa 189 Figura 102: Resultado grupo 7, 2º B, Atividade Complementar 8, tarefa 2. Fonte: Dados da pesquisa Apesar das dificuldades já especificadas nessa atividade, as maiores se deram nas tarefas 3, 4 e 5; tarefas que demandavam a obtenção de fórmulas, modelos matemáticos algébricos, pelos alunos. A tarefa pretendia que eles, partindo de alguns modelos clássicos da trigonometria, encontrassem outros. Estas tarefas evidenciaram que trabalhar apenas com manipulações algébricas, de identidades trigonométricas, por exemplo, carregam dificuldades nas quais o uso do recurso computacional parece não ter ajudado. Nos registros apresentados pelos alunos, predominaram tarefas em branco. Nas poucas soluções apresentadas os alunos se limitaram a informar a resposta final, não apresentando desenvolvimentos. Por exigirem maior manipulação algébrica estas atividades foram consideradas muito difíceis pelos alunos. Os resultados da Atividade Complementar 8 permitiram perceber que apesar das potencialidades dos recursos computacionais, eles também possuem limitações. Eles favorecem manipulações de objetos matemáticos, valorizam o aspecto visual, geométrico, podem propiciar a descoberta de propriedades e a compreensão de conceitos; mas, precisam estar combinados a outras estratégias para abranger as dificuldades que nossos alunos podem apresentar. O campo algébrico, pelos resultados obtidos, pareceu demandar de outras abordagens. 5.7 Projeto e Feira de Matemática Durante a aplicação da sequência, um projeto educacional de trabalho, assim classificado por Ripardo, Oliveira e Silva (2009), foi proposto aos alunos. Estes deveriam escolher construções da cidade que achassem mais interessantes para 190 investigarem, coletarem dados, na tentativa de associar às construções modelos da trigonometria. As construções escolhidas pelas duas turmas foram: uma escada circular, uma tesoura de terraço, a escada da Igreja Matriz, uma das rampas da escola, telhado de um chalé e a torre da Igreja Matriz. Devido a dificuldades para efetuar as medidas, a torre da Igreja foi substituída pelo telhado de uma sala de aula da escola. Ao final desse projeto os alunos foram convidados a socializar com os colegas seus resultados, o que para nós representou uma oportunidade para desenvolverem sua capacidade de explicar, argumentar, perguntar, justificar e defender ideias. É um momento que assegura que ocorreu uma aprendizagem efetiva dos conteúdos. (FIDELIS; ALMEIDA, 2004). Ao final da aplicação da sequência didática, em decorrência de uma Feira de Matemática na escola, os alunos foram convidados a apresentar além dos cartazes elaborados para a primeira fase do projeto, maquetes, que representariam modelos das construções pesquisadas. Os dados coletados para este projeto foram ainda utilizados para que os alunos desenvolvessem desafios, problemas trigonométricos que utilizassem dados reais e fossem relacionados com os conteúdos trigonométricos estudados. Esta etapa da atividade representou um momento muito rico em que os alunos puderam aplicar as informações coletadas e utilizar sua criatividade e o que aprenderam sobre os conteúdos para elaborar suas próprias atividades. Tal atividade é relevante no contexto do ensino-aprendizagem de trigonometria dos alunos, pois, como pontuado por Burak (2010): 1) os problemas são elaborados a partir dos dados coletados em campo; 2) prioriza a ação do estudante na elaboração; 3) parte sempre de uma situação contextualizada; 4) favorece a criatividade; 5) confere maior significado ao conteúdo matemático usado na resolução; 6) favorece a tomada de decisão. (BURAK, 2010, p.22-23). Estas ações auxiliam o aluno a desenvolver habilidades que ele poderá utilizar em seu cotidiano, adquirindo autonomia e detendo confiança no conteúdo aprendido. Os alunos tiveram um prazo de 21 dias para a execução das etapas do projeto: coleta, tratamento dos dados e elaboração de croquis que representassem, em uma escala determinada, o modelo matemático associado à construção 191 escolhida. Destacamos os resultados de quatro das seis construções escolhidas, cujos grupos utilizaram processos e ferramentas mais diversificados, apresentando paralelamente alguns modelos apresentados na Feira de Matemática. A Figura 103 mostra a foto do cartaz apresentado por um dos grupos que analisou uma escada circular e a Figura 104 mostra um dos modelos de escada circular apresentado na Feira de Matemática. Figura 103: Grupo2, 2º B, Escada circular, Cartaz apresentado em socialização, Fonte: Dados da pesquisa Figura 104: Grupo 2, 2º B, Escada circular, modelo apresentado na Feira de Matemática. Fonte: Dados da pesquisa Como a escala solicitada era pequena (1/50) os alunos optaram por aumentar essa escala para melhorar a apresentação no cartaz. O trabalho desse grupo foi minucioso nos detalhes apresentados no croqui, porém, a falta de experiência não permitiu explorar o modelo o quanto podiam. Os alunos só conseguiram associar a seu trabalho a escala e o círculo representado pela planta de cobertura da escada15. Para a feira este mesmo grupo elaborou a maquete apresentada na Figura 104, construída numa escala de 1:12 e com palitos de sorvete. Esperávamos que os grupos responsáveis por esta construção citassem que o círculo trigonométrico, além da circunferência, poderia ser associado a essa construção. Mas isso não ocorreu. Acreditamos que esta construção realmente era mais complexa que as demais. No momento de socialização abordamos outras 15 Desenho obtido quando a observamos de cima para baixo. 192 associações possíveis e na feira um dos grupos elaborou desafios associados ao círculo trigonométrico e à localização de ângulos em seus devidos quadrantes. Na Figura 105, destacamos a tesoura de um terraço da casa de um aluno e o modelo apresentado na Feira de Matemática. Figura 105: Grupo 5, 2º B, Tesoura de terraço, cartaz apresentado em socialização Fonte: Dados da pesquisa Figura 106: Grupo 5, 2º B, Tesoura de terraço, modelo apresentado na Feira de Matemática. Fonte: Dados da pesquisa Na Figura 105, temos o cartaz com as informações encontradas pelo grupo 5. Como a escala de 1/50 era muito pequena para o cartaz, o grupo optou por fazer um croqui na escala 1:25 e para a maquete, da Feira, escala de 1:10. Quanto à trigonometria envolvida, o grupo associou o triângulo retângulo. Na Feira o grupo 5 do 2o B mencionou também as razões trigonométricas no triângulo retângulo, presentes em seus desafios. Na Figura 107 temos o cartaz de um dos grupos que investigou a rampa da escola e na Figura 108 temos um modelo de rampa apresentado por outro grupo que explorou a mesma construção. Figura 107: Grupo 3, 2º A, Rampa da escola, Cartaz apresentado em socialização. Fonte: Dados da pesquisa Figura 108: Grupo 3, 2º B, Rampa da escola, modelo apresentado na Feira de Matemática. Fonte: Dados da pesquisa 193 Na Figura 107 o grupo apresenta no cartaz um croqui na escala 1/50, como foi pedido e um modelo em tamanho maior, para facilitar sua visualização. Este grupo explora ao máximo o seu modelo matemático. Desenharam um triângulo retângulo, utilizaram a razão trigonométrica tangente para encontrar um dos ângulos internos e utilizaram a relação entre os ângulos internos de um triângulo qualquer para determinar o outro ângulo agudo. Este grupo na feira optou por não construir um modelo, mas criaram um modelo totalmente baseado na realidade, montaram um triângulo retângulo utilizando uma escada posicionada em uma parede, fazendo alusão aos problemas que resolveram em sala e que de certa forma se relacionavam com seu trabalho. O empenho desse grupo confirma o que Bassanezi (2009) defende: quando o aluno é convidado a escolher sobre o assunto que quer pesquisar ele se empenha, se dedica mais. O grupo do qual escolhemos o modelo de rampa da Figura 108, apresentou um cartaz similar ao da Figura 107, o que nos chamou a atenção em seu modelo foi o fato de o elaborarem numa escala de 1/15 e em suas explicações e desafios chamarem a atenção para a inclinação da rampa que deve ser considerada em sua construção. Na Figura 109 apresentamos o cartaz referente ao telhado de um chalé, uma construção que encontramos num clube nas proximidades da cidade. Na Figura 110 apresentamos o modelo construído para ser apresentado na Feira. Figura 109: Grupo 4, 2º B, Telhado do chalé, Cartaz apresentado em socialização. Fonte: Dados da pesquisa Figura 110: Grupo 4, 2º B, Telhado do Chalé, modelo apresentado a Feira de Matemática. Fonte: Dados da pesquisa 194 O croqui apresentado foi muito bem desenhado, porém, o grupo não explorou como deveria a construção. Associou ao telhado um triângulo retângulo, correspondendo à metade do telhado, em que um dos ângulos da base media 30º e informaram ter utilizado as razões trigonométricas seno e tangente para encontrar esse ângulo. Os alunos não se preocuparam em encontrar os outros ângulos desse telhado, ou medidas como: pendural, linha ou empena do telhado, somente informando parte da altura do chalé de 2,40 m. No modelo apresentado na feira os alunos não informaram a escala utilizada, mas elaboraram desafios que envolviam razões trigonométricas no triângulo retângulo. Na turma A, no momento da socialização do grupo que também explorou o telhado do chalé, surgiu uma discussão muito rica. O grupo apresentou como modelo matemático desenhado um croqui na forma de um triângulo, a princípio isósceles, a partir das medidas das empenas do telhado. Como as empenas tinham o mesmo tamanho, 4,6m, o grupo deduziu que o telhado obedeceria um modelo de triângulo isósceles. Com um transferidor teriam encontrado um dos ângulos da base igual a 30º. Quando questionados acerca dos demais ângulos o grupo respondeu que o outro ângulo da base também valeria 30°, pois era um triângulo isósceles e o ângulo oposta a base seria de 120°. Uma aluna, do grupo 3, que acompanhava a apresentação, se manifestou dizendo que estes valores estavam errados. Quando questionada quanto ao porque dessa afirmação ela se justificou: “se o ângulo de cima (se referindo ao ângulo oposta à base) vale 120°, esse triângulo é obtusâng ulo, mas pelo desenho todos esses ângulos devem ter menos de 90° cada um ” (ALUNA X, 2º A). Consideramos que tal observação foi importantíssima para nosso trabalho, mostra o desenvolvimento da autonomia e criticidade nos alunos, que está inserida na concepção de projeto com a qual concordamos. (RICHIT; MALTEMPI, 2010). A partir das observações da colega, o grupo reavaliou seus dados e percebeu um erro de medida, os ângulos da base valiam na verdade 60°, aproximadamente. Eles tinham em suas mãos não um triângulo isósceles, mas equilátero, o que eles comprovaram utilizando a razão trigonométrica cosseno. Após as correções o grupo apresentou um pequeno esquema que destacamos na Figura 111. 195 Figura 111: Grupo5, 2º A, Telhado do chalé, Cartaz apresentado em socialização. Fonte: Dados da pesquisa A outra construção explorada pelos alunos foi a escada da igreja, cujos conteúdos matemáticos apontados pelos alunos foram o teorema de Pitágoras, o triângulo retângulo e a escala. No questionário de avaliação, aplicado antes da feira, mas ao final da sequência, os alunos se manifestaram positivamente quanto ao projeto. Alguns alunos destacaram o fato de ser uma atividade em que eles puderam sair do ambiente da sala de aula e lidar com situações aplicadas: “Achei interessante sairmos da sala de aula para trabalharmos a matemática e também nos fez nos questionar sobre como deveríamos fazer”. (ALUNO A, 2ºB). “Achei ótimo, ainda mais para quem deseja seguir uma profissão, tipo engenharia, e pode ajudar algumas pessoas a perceber se gostam desse tipo de área”. (ALUNA J, 2º A). “Eu achei esse trabalho um dos mais importantes ele exigiu bastante criatividade na hora de medir as construções e na hora de desenhar o esboço da planta.” (ALUNA D, 2º B). Alguns alunos destacaram dificuldades encontradas ao longo da execução do projeto e algumas reflexões quanto à postura ao longo do trabalho, evidenciando amadurecimento enquanto pessoas, participantes de um processo de ensinoaprendizagem: “Ficamos muito preocupados com a estética do trabalho e esquecemos de preocupar com o mais importante”. (ALUNA M, 2º B). “Achei fácil, mas por parecer tão fácil acho que a gente acaba relaxando numa coisa ou outra. Mas também foi legal, pois assim eu pude ver pra que serve o que estudamos em matemática” (ALUNO E, 2º B). 196 Alguns alunos mostraram que um trabalho para ser interessante aos olhos dos alunos ele tem que ser desafiador, não necessariamente fácil. Comprovamos isso nos registros dos seguintes alunos: “Esse trabalho foi o mais difícil e o mais legal de todos os trabalhos que foi dado no 1º Bimestre”. (ALUNO F, 2ºA). “Se fosse mais fácil não ia ter graça”. (ALUNO N, 2º B). Seguindo nossa perspectiva de modelagem, na qual buscamos trabalhar os conteúdos de uma forma que os conceitos pudessem ser assimilados e suas relações com o dia-a-dia, as aplicações e a importância pudessem ser evidenciadas (BARBIERI; BURAK, 2005), percebemos que os alunos puderam experimentar um pouco dessa abordagem: “O ponto positivo do projeto foi que estudamos um coisa que ainda não tínhamos visto em nenhum ano letivo e tudo dentro da matéria que estávamos estudando”. (ALUNO O, 2º B). “Aprendi a fazer um croqui”. (ALUNO J, 2º A). Pudemos com o projeto, não só permitir que os alunos percebessem a utilidade da matemática, ou dos modelos trigonométricos clássicos. Nossos alunos mostraram ter desenvolvido a capacidade de articular dados, de formular problemas a partir dos dados coletados durante a pesquisa, de questionar e propor soluções, cooperar com os colegas e se empenhar no desenvolvimento de um projeto educacional de trabalho em prol da própria aprendizagem. Como Burak (2010) afirma participar disso, junto ao aluno, é “um privilégio educativo”. (BURAK, 2010, p.22). 5.8 Teste1 e Teste2 Dois testes foram aplicados durante a sequência didática (Teste 1, p.129; Teste 2, p.132). O primeiro relativo às razões trigonométricas no triângulo retângulo, abordando também a introdução da trigonometria no círculo trigonométrico. O segundo relacionava as funções seno e cosseno no círculo trigonométrico e no plano cartesiano e as situações de redução ao primeiro quadrante. Analisaremos qualitativamente algumas questões que consideramos importantes para avaliar a abordagem adotada. 197 O Gráfico 1 apresenta o número de acertos de cada questão do Teste 1(A), do qual participaram 34 alunos, 17 de cada uma das turmas. Fonte: Dados da pesquisa Pela análise do gráfico percebemos que a questão que obteve o maior número de acertos foi a questão 8, apesar de não ter sido escolhida como a mais fácil do teste pelos alunos, sua resolução se parece com a da questão 7, questão que os alunos escolheram como a questão mais fácil do teste. A questão que parece ter oferecido mais dificuldade foi a questão 4, letra c, apresentando apenas 3 acertos. Esta questão pedia aos alunos que determinassem, na letra a, o comprimento de um círculo em sua primeira volta dado seu diâmetro; na letra b, o comprimento de um total de 6 voltas em torno desse círculo; e, na letra c, o comprimento de um arco de 45° desse círculo. A pri meira sentença desta questão, apresentou como erros mais frequentes utilizar o diâmetro no lugar do raio, 9 erros dessa natureza, ou o número de voltas como raio, 4 erros relativos a isso. Errar essa sentença acarretava errar a letra b. Nesta questão a sentença mais difícil parece ter sido a letra c, na qual encontrar o comprimento do arco de 45° foi o grande desafio, em que apenas três pessoas acertaram. Destacamos as três respostas abaixo. 198 Figura 112: Resultado aluna P, 2º A, Teste 1(A), questão 4, letra c. Fonte: Dados da pesquisa Figura 113: Resultado aluno A, 2º B, Teste 1(A), questão 4, letra c. Fonte: Dados da pesquisa Figura 114: Resultado aluna Q, 2º A, Teste 1(A), questão 4, letra c. Fonte: Dados da pesquisa. Na Figura 112, a aluna mostra que utilizou conhecimentos acerca da relação entre os ângulos para resolver a questão: percebeu que 360° era um múltiplo de 45°, e, portanto, poderia obter o comprimento do arco dividindo o comprimento da circunferência. O mesmo raciocínio seguido pelo Aluno A, na Figura 113, só que ele dividiu 360° pelo comprimento da circunferência e m ultiplicou esse valor decimal por 45°. Colocar um arco de 45° foi de propósito, pois pretendíamos verificar se algum aluno modelaria os dados e resolveria esta sentença de uma forma não usual, mais prática, utilizando raciocínio lógico, algo tão importante quanto dominar as técnicas ensinadas em sala. A Aluna Q, na Figura 114, resolveu este problema utilizando uma regra de três, método geralmente utilizado e ensinado aos alunos. Percebemos que apenas a Aluna Q utilizou um método ensinado em sala de aula e os outros dois alunos se valeram de outras ferramentas e raciocínios para resolver questão; consideramos importante a iniciativa de buscar resolver com métodos próprios. Dos exercícios avaliados achamos importante observar as três primeiras questões, pois se referem diretamente à abordagem de nossas atividades iniciais que utilizaram materiais concretos associados a situações da realidade. Este teste representou uma oportunidade de verificarmos reflexos que essa abordagem surtiu na aprendizagem dos alunos. 199 Nos exercícios 1 e 2, tivemos 19 acertos de um total de 34 alunos que fizeram o teste. 56% dos alunos resolveu corretamente os exercícios, aplicando as razões trigonométricas adequadas, mostrando que nossa abordagem surtiu um efeito positivo. O exercício 3 parece ter sido o que ofereceu mais dificuldade, sendo que apenas 12 alunos o acertaram. Como esse exercício além da aplicação da razão trigonométrica, exigia que fosse somada uma medida ao resultado, três alunos não se lembraram de realizar essa soma, se tivessem se lembrado teríamos 15 acertos, ou seja, seriam 44% de acertos. Percebemos que alguns alunos escolhiam o modelo trigonométrico corretamente, mas se confundiam ao fazer as substituições, utilizavam valores incorretos ou não conseguiam distinguir os catetos corretamente, e acabavam por errar os exercícios. Vejamos algumas dessas situações. Figura 115: Resultado Aluna Q, 2º A, Teste 1(A), questão 2 Fonte: Dados da pesquisa Figura 116: Resultado Aluno T, 2º A, Teste 1(A), questão 2 Fonte: Dados da pesquisa Figura 117: Resultado Aluna R, 2º A, Teste 1(A), questão 1. Fonte: Dados da pesquisa Percebemos que, na Figura 115, a Aluna Q, escolheu corretamente o modelo trigonométrica tangente para resolver o exercício, mas não soube diferenciar os catetos, invertendo a relação, consequentemente, errando o exercício. O Aluno T, na Figura 116, estava resolvendo corretamente o exercício até substituir equivocadamente 0,25 no lugar da tangente do ângulo, como este valor não estava no exercício, supomos que o aluno não prestou atenção ao consultar a informação, finalizando com o erro no resultado. A Aluna R demonstrou mais desatenção do que 200 dificuldades; ela escolheu a razão trigonométrica correta, substituiu corretamente, mas ao finalizar o exercício multiplicou errado as informações, não consideramos um erro, mas uma falta de atenção da aluna, que compreendeu o conceito proposto, mas precisa se concentrar mais. No Teste 2(A), do qual participaram 34 alunos, 17 de cada turma, procuramos relacionar os resultados obtidos com as atividades feitas na sala de informática. Como nem todos os alunos participaram desse tipo de atividades, analisamos os dados de forma comparativa, a fim de verificar se participar dessas atividades significou melhor desempenho no teste. No Gráfico 2, destacamos o número de acertos em cada questão, comparando os alunos que participaram das aulas na sala de informática com os que não puderam participar. Fonte: Dados da pesquisa Pela análise do Gráfico 2 percebemos que os alunos que participaram da atividade com recurso computacional se saíram melhor em 10 itens do teste, em relação aos que não puderam participar da atividade. Os resultados evidenciam que esta parte da matéria foi difícil para todos, mas um pouco mais para quem não pode participar das aulas com recursos tecnológicos. Das atividades que os alunos mais gostaram de resolver, os alunos que realizaram a atividade com recurso computacional, escolheram a questão 6, que envolvia redução ao primeiro quadrante, mesmo não sendo a questão que mais 201 acertaram, esta escolha evidencia que a atividade influenciou positivamente na resolução do teste, pois além da questão 6, a questão 5 também dependia desse conhecimento e teve um número considerável de acertos. Entre os alunos que não fizeram atividades na sala de informática, a questão citada como mais fácil foi a primeira, que ainda assim foi acertada em menor número comparativamente aos que utilizaram o recurso computacional, visto a necessidade de interpretação visual que a questão demandava. As questões do teste que optamos por analisar mais detalhadamente foram as de números 5, 6, 7 e 8, já que estas têm influência direta do uso dos applets e da compreensão dos conceitos a partir da visualização. Na questão 5, como o Gráfico 2 já mostrou, os alunos que fizeram a atividade na sala de informática apresentaram maior número de acertos, evidenciando que a abordagem favoreceu a aquisição de conhecimentos acerca de reduções ao primeiro quadrante e na compreensão de modelos visuais. Na Figura 118, temos um exemplo de resposta em que o aluno, além de resolver corretamente usando a redução ao primeiro quadrante, apresenta um modelo geométrico para justificar sua resposta. Figura 118: Resultado Aluno Z, 2º B, Teste 2(A), questão 5, letra b Fonte dados da pesquisa A resposta desse aluno sinaliza que os o uso do applet pode melhorar a compreensão do conceito, relacionando propriedades numéricas, algébricas e geométricas do mesmo conteúdo. (BLACKETT; TALL, 1991). Na questão 6, além do que pôde ser visualizado no Gráfico 2, 19 acertos dos participantes da aula na sala de informática e 12 acertos dos não participantes; os resultados obtidos ainda nos mostraram que, dos erros cometidos, entre os participantes da aula de informática, 16 foram devidos a falta de sinal, mas redução correta ao primeiro quadrante; contra 11, entre os não participantes. O uso do recurso melhorou o desempenho de quem pôde usufruir dele. 202 Na questão 7, que demandava análise do gráfico para posterior analise de propriedades, percebemos melhor desempenho entre os participantes da aula de informática (13 acertos16), que os não participantes (8 acertos). Na questão 8, os alunos que participaram da aula de informática apresentaram melhores resultados nas sentenças III e IV, que pediam o período da função e a função ao qual o gráfico pertencia. Os alunos que não participaram da aula de informática se sobressaíram na sentença II, em obter a imagem do gráfico. Pelos resultados expostos, percebemos que o uso do recurso computacional favoreceu a identificação do período e da natureza da função a partir da visualização do gráfico, além de facilitar a percepção de propriedades provenientes de uma representação gráfica. Esta utilização favoreceu, em parte, a apropriação dos conceitos pelos alunos, dados os resultados que pudemos analisar. (RIBEIRO; BITTAR, 2010). As Atividades: 4, Complementar 4 e Complementar 7, representaram atividades estruturadoras e de fixação, introduzidas de maneira usual, necessárias à sequência do conteúdo curricular, não foram comentadas devido à logística da dissertação, mas compõem a sequência didática e o produto que acompanha esta dissertação. A condução do trabalho nos trouxe outras ideias, outros questionamentos, uma série de possibilidades. Esperamos que o material aqui exposto possa ser útil e auxiliar outros alunos e também profissionais que lidem com a Trigonometria; inspirando-os, suscitando outras abordagens que possam contribuir com o ensino em Matemática. 16 Cada acerto nessa questão foi contado a partir do acerto de 3 a 6 sentenças na questão. 203 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS A presente pesquisa pretendeu, através de uma abordagem da Trigonometria inspirada na modelagem, utilizar recursos didáticos diferenciados, e incentivar os alunos para que descobrissem propriedades trigonométricas presentes em situações-problema com referência na realidade. Também foram objetivos desse trabalho ressignificar com os alunos modelos trigonométricos clássicos, através da modelação, propiciando-lhes situações em que pudessem atribuir significado ao conteúdo trigonométrico, seja utilizando material concreto ou applets de geometria dinâmica. Para elaborar a sequência didática que integra essa pesquisa, além de nossa motivação pessoal em conduzir uma unidade temática sobre Trigonometria, procedemos a uma revisão bibliográfica que nos permitisse conhecer como esse assunto é abordado em documentos oficiais, livros didáticos e em outras pesquisas. Nos documentos oficiais analisados, PCNEM (BRASIL, 1999) e Orientações Curriculares para o Ensino Médio (BRASIL, 2006), percebemos a preocupação em oferecer um ensino de trigonometria pautado em experiências e aplicações que o tornem mais próximo ao aluno, sendo este capaz de conferir significados aos conceitos e definições. Nos livros didáticos analisados percebemos uma opção por investir em problemas de aplicação, embora transparecendo ainda uma ênfase em exercícios de fixação e algébricos. Percebemos uma tendência crescente em partir de realidades próximas aos alunos, mostrar aplicações do conhecimento trigonométrico e propor atividades que estimulem criatividade e raciocínio. Para dar embasamento teórico e justificar a relevância de nosso trabalho, analisamos, outras pesquisas e documentos referentes a Trigonometria. Pesquisas como as de Costa (1997, 2003), Kendal e Stacey (1998), Lindegger (2000), Quinlan (2004), Weber (2005), Borges (2009), dentre outras, nos inspiraram para elaborar a abordagem trigonométrica especificada nesse trabalho, estimulando-nos a aproveitar as potencialidades de cada recurso didático disponível para delinear atividades que pudessem favorecer a aprendizagem da trigonometria por um número significativo de estudantes do Ensino Médio. 204 Como metodologia de ensino, optamos pela modelagem, considerando que, independente da concepção e definição de modelagem adotadas, há sempre a referência a um problema da realidade que poderá ser resolvido e gerar, ou não, um modelo sobre o problema. (ANASTÁCIO, 2010). Uma vez que pretendíamos que os alunos ressignificassem modelos clássicos da trigonometria, utilizar a modelagem seria um bom caminho. Para delinearmos as concepções de modelagem utilizadas nesse trabalho, foi necessária uma revisão bibliográfica de diversos autores que trabalham com modelagem, não especificamente em trigonometria, para que pudéssemos adotar como nossas perspectivas de modelagem as interlocuções entre: Barbieri e Burak (2005), Barbosa (2001, 2004, 2007), Kaiser e Sriraman (2006), Almeida e Ferruzzi (2009), Almeida e Vertuan (2010), Sousa e Almeida (2008), Biembengut e Hein (2007) e Bassanezi (2009). Para a abordagem que pretendíamos permitisse aos alunos associar as várias formas de representação do mesmo conceito trigonométrico, apropriando-se dele de forma ampla, relacionando suas propriedades nas diversas representações (COSTA, 1997), inclusive no círculo trigonométrico e no plano cartesiano, uma conversa com tecnologias e ferramentas dinâmicas no ensino foi necessária. Dessas leituras, destacamos aquelas que nos estimularam a utilizar recursos computacionais em nosso trabalho: Costa (1997), Kemp (2009), Valente (1999), Steer, Vila e Eaton (2009a, 2009b), Franchi (2007), Pietrobon, Costa e Oliveira (2010), Della Nina (2007), Borba e Penteado (2001, 2003). A partir da análise dos livros didáticos e das pesquisas relacionadas ao Ensino da Trigonometria, à modelagem e ao uso de tecnologias, procuramos meios de responder a questão norteadora dessa pesquisa: Uma abordagem de ensino envolvendo modelagem e diferentes Tecnologias de Comunicação e Informação pode contribuir para a aprendizagem da Trigonometria no triângulo retângulo e no círculo trigonométrico? A resposta a essa pergunta foi obtida a partir da elaboração e aplicação da sequência de atividades elaborada, parte integrante dessa pesquisa, e da análise dos registros feitos pelos alunos. A abordagem metodológica foi inspirada na Engenharia Didática. (ARTIGUE, 1988, 1996; PAIS, 2002; MACHADO, 1999; ALMOULOUD; COUTINHO, 2008; 205 CARNEIRO, 2008). Essa metodologia estruturou e orientou o desenvolvimento da pesquisa. Ao longo da condução das várias etapas da pesquisa, levantamos algumas hipóteses de trabalho, repostas provisórias da questão levantada a) uma abordagem a partir de medidas, observando construções da cidade, medindo, usando material manipulável e recursos computacionais, pode manter a motivação e estimular o empenho em desenvolver as tarefas; b)a ordem estabelecida para a apresentação e aplicação das atividades a partir de situações muitas delas com referência na realidade, pode facilitar o entendimento de conceitos trigonométricos; c)o uso de recursos computacionais pode favorecer a visualização e facilitar a identificação de propriedades trigonométricas, permitindo que os alunos estabeleçam relações entre os vários conceitos; d)partir de casos particulares para investigar possibilidades de generalizar ideias pode ser uma estratégia didática para compreender os processos de formalização das mesmas. Comparando os resultados obtidos com os pretendidos, pudemos avaliar a sequência didática proposta que poderá ser aprimorada enquanto instrumento de ensino e aprendizagem da trigonometria. As atividades da sequência motivaram os alunos, o que pudemos verificar segundo dizeres dos próprios alunos: “Achei interessante, pois é melhor colocar em prática o que estamos estudando do que ficar só na teoria. Achei desafiadora também, porque não podíamos encostar na parede, tivemos que “quebrar a cabeça”.” (ALUNO A, 2º B). Percebemos que a abordagem instigou o aluno a resolver a situação, associando a ela conceitos matemáticos fora da ordem usual: definição – exemplo - exercício. Ser uma atividade interessante, desafiadora, não significou que ela tenha sido de fácil resolução para eles, não foi. Porém, ser difícil não representou motivo para que desistissem. “Esse trabalho foi o mais difícil e o mais legal de todos os trabalhos que foi dado no 1º Bimestre” (ALUNO F, 2º A). “Se fosse mais fácil não ia ter graça” (ALUNO N, 2º B). Quanto à ressignificação de modelos clássicos da trigonometria, presenciamos descobertas feitas pelos alunos ao longo da realização das tarefas, algumas aqui destacadas: associar o trabalho de medida da parede, com o esquadro ou com o transferidor, com semelhança de triângulos ou razões trigonométricas; encontrar a partir da manipulação de applets expressões que 206 representassem ângulos suplementares, complementares, replementares e explementares; encontrar modelos geométricos abstratos que pudessem ser associados às construções da cidade. Algumas respostas dadas pelos alunos em atividades complementares, também indicam a “descoberta”, ou ressignificação, de modelos matemáticos clássicos: “A metade da linha, o pendural e a empena [partes do telhado] formam um triângulo retângulo, logo medindo apenas o pendural e a linha, podemos aplicar o Teorema de Pitágoras para calcular a hipotenusa”. (GRUPO 17, 2ºB). “O valor do sen2α+ cos2α é sempre bem aproximado de 1, será sempre verdade, pois é uma relação fundamental do triângulo retângulo.” (GRUPO 11, 2ºB). Notamos que a atividade permitiu ao grupo11 recriar, a partir do Teorema de Pitágoras, a relação fundamental da Trigonometria; e, ao grupo 17, “enxergar” um modelo abstrato em um telhado. A utilização dos recursos tecnológicos visava ampliar as possibilidades de aprendizagem no círculo trigonométrico, permitindo que os alunos atribuíssem significado ao conteúdo matemático, mesmo que não apenas às situações-problema com referência na realidade com as quais lidaram. Notamos que eles cumpriram seu papel: “as imagens com movimentos, torna mais fácil o entendimento do exercício.” (ALUNA B, 2ºB). “Fazendo desenhos na sala e tal a gente demoraria bem mais, além de nos ajudar a entender melhor.” (ALUNO A, 2º B). “Seria muito difícil realizar uma atividade daquelas no quadro. Então além de facilitar pra gente, foi um modo diferente e mais divertido de aprender que chama mais atenção e dá mais vontade de estudar a matéria.” (ALUNA G, 2º B). Acreditamos que a abordagem contribuiu para a aprendizagem de trigonometria. Mais que isso, contribuiu para modificar a forma de ensino da professora-pesquisadora, antes pautada predominantemente no modelo: definição – exemplo - exercício. Outras abordagens são possíveis e merecem ser aplicadas. A implementação da sequência didática foi um processo dinâmico, em que buscamos acoplar ideias e sugestões dos alunos, na medida do possível. A Feira realizada foi um exemplo disso, que enriqueceu o trabalho. Consideramos que a sequência didática desenvolvida atendeu aos objetivos delineados, pois motivou os alunos; mesmo a sequência sendo extensa, eles se mantinham firmes, realizando as atividades. Permitiu que ressignificassem, mesmo que de forma tímida, alguns modelos clássicos da trigonometria, apesar de concordarmos que a abordagem 207 favoreceu mais os aspectos de interpretação geométrica e gráfica, do que os aspectos algébricos da trigonometria e a modelação algébrica das situações. Em algumas situações percebemos que os alunos atribuíram significado ao conteúdo matemático, conforme algumas declarações do tipo: “achei bem interessante a atividade, através da matéria tiramos a conclusão que a matemática é muito usada no dia-a-dia, através dos modelos matemáticos explorados conseguimos achar as devidas medidas.” (ALUNA C, 2º B). Deparamo-nos com relatos que evidenciam descobertas e abstrações dos alunos, além do conteúdo especifico de trigonometria: “Eu achei muito legal, porque parece que tudo que tá lá fora é em forma de equações matemáticas.” (ALUNO F, 2º A). Percebemos que nosso papel vai além de ensinar, podemos propiciar experiências que estimulem os alunos a indagar, investigar e fazer escolhas que poderão fazer diferença em sua vida profissional futuramente. “Achei ótimo, ainda mais para quem deseja seguir uma profissão, tipo engenharia, e pode ajudar algumas pessoas a perceber se gostam desse tipo de área”. (ALUNA J, 2º A). Consideramos que a grande contribuição de nossa pesquisa foi o desenvolvimento de recursos e atividades de matemática que promovam uma matemática escolar mais atraente aos alunos, que possam inspirar outros colegas a melhorarem sua prática em sala de aula, nossa expectativa enquanto participante desse programa de Mestrado. Tal aprendizagem não consiste em repassar conteúdos, mas em um processo de apropriação, por parte do aluno, do saber produzido pela sociedade. Independente do recurso didático utilizado, a aprendizagem deve ser um processo ativo que conduza a transformações no indivíduo. (AVILA; CALEJON; DIAS, 2010). Permanecem em aberto considerações sobre o desenvolvimento de applets mais adequados para o estudo de relações de soma e diferença de ângulos, que se mostraram limitações no presente trabalho. Alguns pontos merecerão nossa atenção futura. Talvez seja uma conjectura errônea de nossa parte imaginar que, como a Álgebra costuma ser uma ênfase do ensino, questões que exploram a Álgebra da trigonometria sejam mais compreendidas pelos alunos que conhecimentos de Geometria. Percebemos através dos resultados da pesquisa que os alunos apresentam dificuldades em lidar com as questões algébricas. O uso da álgebra para modelar situações expressando padrões 208 particulares em termos gerais exige cuidados, e outras abordagens, talvez com mais tempo para investigações. O que deixamos para pesquisas futuras. 209 REFERÊNCIAS AIMI, Silvia. Contribuições das tecnologias da informação e comunicação ao processo de generalização matemática. In: ENCONTRO BRASILEIRO DE ESTUDANTES DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 14, 2010, Campo Grande. Anais... Campo Grande, 2010. Disponível em: <http://ebrapem.mat. br/inscricoes/trabalhos/GT06_Aimi_TA.pdf>. Acesso em: 31 out. 2010. ALMEIDA, Lourdes Maria Werle; FERRUZZI, Elaine Cristina. Uma aproximação socioepistemológica para a modelagem matemática. Alexandria, Revista de Educação em Ciência e Tecnologia, v.2, n.2, p.117-134, jul.2009. Disponível em: <http://www.ppgect.ufsc.br/alexandriarevista/numero_2_2009/lourdes.pdf>. Acesso em: 30 out. 2010. ALMEIDA, Lourdes Maria Werle de; VERTUAN, Rodolfo Eduardo. 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Mathematics Education Research Journal, Rutgers University- New Jersey, v. 17, no. 3, p.91112, 2005. 224 APÊNDICE A – Lista de problemas aplicados 1-(IMENES, LELLIS, 2009, p.165) Numa indústria, deseja-se construir uma rampa de comprimento c para vencer um desnível de 2,3m. O ângulo de inclinação da rampa deve ter 20°. Qual deve ser o comprimento c da rampa, sabendo que o ângulo de i = 20°, possui razões trigonométricas iguais a: sen20°= 0,34; cos2 0°= 0,94; tg20° = 0,36. 2-(IMENES, LELLIS, 2009, p. 168) Para instalar um teleférico, os engenheiros mediram o ângulo  e o desnível entre os pontos A e B. x Sabendo que sen35° = 0,57; cos35°= 0,82; tg 35°= 0, 70. Calcule a medida de AB, segmento que representa a medida do cabo do teleférico a ser instalado. 3-(IMENES, LELLIS, 2009, p.164, modificado) Um rapaz observa um poste de uma determinada rua utilizando um transferidor e um canudo de refrigerante. O ângulo de inclinação sob o qual o rapaz vê o ponto mais alto do poste em relação à horizontal é de 15°. Considerando que este rapaz possui 1,5m de alt ura e que está a 22, 3 m do poste, qual é a altura aproximada do poste? (Dados: sen15° = 0,26; cos15°=0,97; tg 15° = 0,27) 4-(IMENES, LELLIS, 2009, p.277) Qual é a altura aproximada da torre? (Dados: sen35° = 0,57; cos35°= 0,82; tg 35°=0,70) 5-(IMENES, LELLIS, 2009, p.277) Qual é a altura aproximada do mastro da bandeira? (Dados: sen 25°= 0,42; cos25°= 0,91; tg 25°= 0,47) 225 APÊNDICE A – Lista de problemas aplicados (Continuação) 6-(GIVANNI, BONJORNO, GIOVANNI JR., 1994, p.323) Uma escada apoiada em uma parede, num ponto distante 4m do solo, forma com essa parede um ângulo de 60°. Qual é o comprimento da escada em m? (Dados: sen60°= 0,87; c os60°= 0,5; tg60°= 1,73) 7-(FERREIRA, 2001, p. 9) Um barco atravessa um rio num trecho onde a largura é 100m, seguindo uma direção que forma um ângulo de 30° com uma das margens. Calcule a distância percorrida pelo barco para atravessar o rio. (Dados: sen30°= 0,5; cos30°= 0,87; tg30°= 0,58) 8-(GIVANNI, BONJORNO, GIOVANNI JR., 1994, p.324)Um avião levanta vôo sob um ângulo constante de 20°. Após percorrer 2000m em li nha reta, a altura atingida pelo avião será de, aproximadamente: (Dados: sen20°= 0,34; cos20°= 0,94; tg20°= 0,36) a)728m b)1880m c)1000m d)1720m e)684m 9-(GIVANNI, BONJORNO, GIOVANNI JR., 1994, p.324) Na situação do mapa abaixo, deseja-e construir uma estrada que ligue a cidade A à estrada BC. Essa estrada medirá: (Dados: sen30°= 0,5; cos30°= 0,87; tg30°= 0,58) a)15km b)20km c)25km d)30km e)40km 10-(GIVANNI, BONJORNO, GIOVANNI JR., 1994, p.324) A fim de medir a largura de um rio, num certo local, adotou-se o seguinte procedimento: marcou-se um ponto B numa margem; 30m à direita marcou-se um ponto C, de tal forma que AB seja perpendicular a BC, e do ponto C mediu-se o ângulo BCA, encontrando-se 30°. Dessa forma, concluiu-se que a largura AB do rio é: (Dados: sen30°= ; cos30°= a) m b) m c)5 m d)10 m e)50 ; tg30°= ) m 11-(IEZZI et al, 2002, p. 220) Observe a figura abaixo e determine a altura h do edifício, sabendo que AB mede 25m e senθ= 0,8; cosθ = 0,6; tgθ= 1,3. a)h= 22,5m b)h= 15m c)h= 18,5m d)h= 20m 226 APÊNDICE A – Lista de problemas aplicados (Continuação) 12-(RUBIÓ, FREITAS, 2005, p.209) Uma escada de 2m de comprimento está apoiada no topo de um muro, em terreno plano. Ela faz ângulo de 40° com o solo. Obtenha a altura do muro e a distância do pé da escada à base do muro. (Dados: sen40°= 0,64; cos40°= 0,77; tg40°= 0,84) 13-( IMENES, LELLIS, 2009, p. 165, modificado) Para conhecer a largura de um rio o esquema abaixo ilustrado foi montado. Sabendo que sen63° = 0,89; cos63° = 0,45; tg63°= 1,96; calcule a largura aproximada do rio? 14-(IMENES, LELLIS, 2009, p. 292) Em certo momento do dia, um poste de 5m de altura projeta uma sombra de 1,8m. De acordo com a tabela, qual é, aproximadamente, o ângulo de inclinação do Sol nesse momento? a)68° b)69° c)70° d)71° e)n.d.a. 68° 69° 70° 71° Seno 0,92 0,93 0,94 0,95 Cosseno 0,37 0,35 0,34 0,32 Tangente 2,4 2,6 2,7 2,9 15-(IMENES; LELLIS, 2009, p.308)Na tarde em que Cícero foi pela primeira vez ao cinema, encantou-se com a grande tela da sala de projeção. O garoto ficou em pé a 15m da tela, com os olhos a 1,20m do piso horizontal, conforme mostra a figura. Nessa posição, Cícero via o ponto mais baixo da tela na altura AB de seus olhos e o ponto mais alto sob um ângulo de 30°. Qual é, aproximadamente, a altura AB da tela? (Dados: sen30°= ; cos30°= ; tg30°= ; = 1,7) 16-(FERREIRA, 2001, p. 10, modificado) Uma pessoa de 1,70m de altura observa o topo de uma árvore sob um ângulo 40°. Conhecendo a distâ ncia de 6m do observador até a árvore, determinar a altura da árvore. (Dados: sen40°= 0,64; cos40°= 0,77; tg40°= 0,84) 17-(RUBIÓ; FREITAS, 2005, p.210) Um avião levanta vôo sob um ângulo constante de 20° com a horizontal. Após percorrer 1 km em linha reta, em que altitude ele estará? (Dados: sen20°= 0,34; cos20°= 0,94; tg20° = 0,36) 227 APÊNDICE A – Lista de problemas aplicados (Continuação) 18-(RUBIÓ; FREITAS, 2005, p.210) Um carro sobe uma ladeira de inclinação constante, que faz ângulo de 15° em relação à horizontal. Quan tos metros ele terá percorrido sobre a rampa, quando a elevação vertical for de 20m? (Dados: sen15° = 0,26; cos 15°=0,97; tg 15° = 0,27) 19-(DANTE, 2005, p. 198) Um caminhão sobe uma rampa inclinada de 10° em relação ao plano horizontal. Se a rampa tem 30m de comprimento, a quantos metros o caminhão se eleva, verticalmente, após percorrer toda a rampa? (Dados: sen10° = 0,17; cos10° = 0,98; tg10°= 0,18) 20-(SMOLE, DINIZ, 2005, p. 281) Observe o desenho. O vento conserva o fio esticado formando um ângulo de 60° com a horizontal. Quando se desenrolam 70m de fio, a que altura fica a pipa? (As mãos do menino estão a 1,80m do chão, aproximadamente.) (Dados: sen60°= 0,87; cos60°= 0,5; tg60°= 1,73) 21-(GIVANNI, BONJORNO, GIOVANNI JR., 1994, p.320) Um avião levanta vôo em B e sobe fazendo um ângulo constante de 15° com a horiz ontal. A que altura estará e qual a distância percorrida quando alcançar a vertical que passa por uma igreja situada a 2 km do ponto de partida? (dados: sen15°= 0,26; cos15°= 0,9 7; tg15° = 0,27) 22-(GIVANNI, BONJORNO, GIOVANNI JR., 1994, p.321) Uma torre vertical de altura 12m é vista sob um ângulo de 30° por uma pessoa que se encontra a uma distância x da sua base e cujos olhos estão no mesmo plano horizontal dessa base. Determinar a distância x.(Dados: sen30°= 0,5, cos30°= 0,87, tg30° = 0,58. ) 23-(DANTE, 2005, p. 197) Do alto da torre de uma plataforma marítima de petróleo, de 45 m de altura, o ângulo de depressão em relação à proa de um barco é de 60°. A que distância o barco está da plataforma? (Dados: sen60°= 0,87; cos60°= 0,5; tg60°= 1,73) 228 APÊNDICE A – Lista de problemas aplicados (Continuação) 24-(DANTE, 2005, p. 198)Queremos saber a largura l de um rio sem atravessá-lo. Para isso, adotamos o seguinte processo: *marcamos dois pontos, A(uma estaca) e B(uma árvore), um em cada margem; *marcamos um ponto C, distante 8m de A, onde fixamos o aparelho de medir ângulos (teodolito), de tal modo que o ângulo no ponto A seja reto; *obtemos uma medida de 70° para o ângulo ACB. Nessas condições, qual a largura l do rio? (Dados: sen70°= 0,94; cos70° = 0,34; tg70° = 2,75) 25-(IMENES, LELLIS, 2009, 277) Num certo instante, um muro de 1,82m de altura projeta uma sombra de 6,80m de largura. Qual é, nesse instante, a medida aproximada do ângulo ê de elevação do Sol? 26-(DANTE, 2005, p. 199) Do alto de uma torre de 50m de altura, localizada em uma ilha, avista-se um ponto da praia sob um ângulo de depressão de 30°. Qual é a distância da torre até esse ponto? (Desconsidere a largura da torre.) (Dados: sen30°= 0,5; cos30°= 0,87; tg30°= 0,58) 27-(DANTE, 2005, p. 199) Um avião levanta vôo em A e sobe fazendo um ângulo constante de 15° com a horizontal. A que altura estará e qual a distância percorrida quando sobrevoar uma torre situada a 2 km do ponto de partida? (Dados: sen15°= 0,26; cos15°= 0,97; tg15°= 0,27) 28-(FERREIRA, 2001, p. 9) Um poste na vertical de 4m de altura projeta uma sombra de 229 4 m sobre o solo. Qual a inclinação dos raios luminosos que originaram a sombra? APÊNDICE B – Teste 1(B) Teste 1 (B) 1-(DANTE, 2005, p.197) Uma rampa lisa de 10m de comprimento faz ângulo de 30° com o plano horizontal. Uma pessoa que sobe essa rampa inteira eleva-se quantos metros verticalmente? (Dados: sen30°= 0,5; cos30°= 0,87; tg30°= 0,58.) 2-(DANTE, 2005, p. 199) na construção de um telhado foram usadas telhas francesas e o “caimento” do telhado é de 20° em rel ação ao plano horizontal. Sabendo que, em cada lado da casa, foram construídos 6m de telhado e que, até a laje do teto, a casa tem 3m de altura, determine a que altura se encontra o ponto mais alto do telhado dessa casa. (Dados: sen20°= 0,34; cos20°= 0,94; tg20°=0,36.) 3-Sabendo que metade da linha (viga horizontal) do telhado abaixo mede 3,80m e que o ângulo de inclinação é de 17°. Qual é o tamanho do pendural? (Dados: sen17°= 0,29; cos17° = 0,96; tg17°= 0,31) x 17° 3,80m 4-Uma pessoa numa bicicleta dá 7 voltas em torno de uma pista circular de diâmetro 6 m . a)Determine o comprimento da circunferência descrita pelo movimento deste ciclista, em uma volta completa. (Use: π = 3, 14) b)Determine a distância percorrida ao final das 7 voltas. c)Se o ciclista percorresse um trecho que correspondesse a um arco de 45° de uma circunferência, quantos metros ele teria percorrido? 5- Um ângulo de 36° em radianos corresponde a um ân gulo de rad. Esta afirmação é verdadeira ou falsa? Justifique sua resposta. 230 6-Se transformarmos rad em graus, obteremos quantos graus? APÊNDICE B – Teste 1(B) Teste 1 (B) (Continuação) 7- Marque no plano cartesiano abaixo os arcos: , , , 8-(M11305MG) A figura abaixo representa uma pista de corrida perfeitamente circular. Sobre a mesma foram assinalados um sistema de eixos ortogonais xy e alguns pontos. Veja a representação: Um atleta parte de A, correndo no sentido anti-horário. Ao correr o equivalente a um ângulo de 130°, ele estará entre os pontos: a)A e B b)B e C c)C e D d)D e E e)A e C 9-Um móvel, partindo da origem dos arcos percorreu um arco de - 4250°. a)Quantas voltas completas ele deu? b)Em qual quadrante ele parou? c)qual a 1ª determinação positiva? 10-Qual a questão que você mais gostou de resolver? 231 APÊNDICE C – Teste 2 (B) Teste 2 (B) 1-Marque os ângulos de 35°, 72°, 120°, 100°, 200°, círculo trigonométrico: 250°, 280° e 320°, no Associe a cada sentença abaixo o sinal de > ou <, de forma que cada sentença seja verdadeira: a)cos 35° ______cos72° c)sen250° ______sen20 0° b)sen 280°______sen320° d)cos120°______cos100° 2-Sabendo que o ângulo x vale determine o valor da expressão: sen(6x) – cos(3x) 3- Calcule o valor da expressão utilizando senos e cossenos de ângulos notáveis: 4-Determine o sinal da expressão: x x 5- 1560° é um ângulo bem maior que 360°. a)Após algumas voltas completas no círculo trigonométrico, em que quadrante ele pára? b)Considerando o quadrante em que este ângulo parou, o valor do cos1560° vale: a) positivo b) negativo c) negativo d) positivo e) positivo 6-Considerando as regras de redução ao primeiro quadrante que você aprendeu, encontre os valores abaixo: a)cos135°: b)sen240° c)cos300° 232 APÊNDICE C – Teste 2 (B) Teste 2 (B) (Continuação) 7-O gráfico abaixo representa uma função trigonométrica: Esta função possui certas características. Assinale V(verdadeiro) ou F(falso) para as sentenças abaixo, conforme elas pertençam ou não a esta função. a)( )Esta função é uma função par. b)( )Esta função é crescente nos intervalos de 0 a decrescente no intervalo de e de a 2π; e é . c)( )Esta função é uma função ímpar d)( )Esta função é crescente no intervalo de π a 2π; e decrescente no intervalo de 0 a π. e)( )este gráfico é da função y = senx. f)( )este gráfico é da função y = cosx. 8-Observe o gráfico de função trigonométrica dado abaixo: 2 – 2π –π π 2π 3π 4π –2 I.Qual o seu domínio?__________ II-Qual a sua imagem?_________ III-Qual o seu período?_________ IV-Assinale a opção que representa a função associada a este gráfico: a)y= senx b)y= sen2x c)y= 2senx d)y= cosx e)y= 2cosx 9-Que exercício você mais gostou de resolver? Justifique. 233 APÊNDICE D – Applets Figura 1: Applet da função seno 17 Fonte: Applet consultado 17 Disponível em: <http://www.marlizetefrancomatematicateacher.com/painel/applets/applet_seno. html> Acesso em: 13 maio 2011. 234 Figura 2: Applet do gráfico da função seno Fonte: Applet consultado APÊNDICE D - Applets Figura 3: Applet redução do 2º para o 1º quadrante Fonte: Applet consultado 235 Figura 4: Applet arcos complementares Fonte: Applet consultado 236 ANEXO A – Planta baixa de uma casa