TURISMO RURAL NA REGIÃO DE SANTA CRUZ DO SUL/RS

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II Seminário Internacional sobre Desenvolvimento Regional
Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional
Mestrado e Doutorado
Santa Cruz do Sul, RS – Brasil - 28 setembro a 01 de outubro.
TURISMO RURAL NA REGIÃO DE SANTA CRUZ DO SUL/RS: ASPECTOS
PAISAGÍSTICO-AMBIENTAIS E HISTÓRICO-CULTURAIS
Virgínia Elisabeta Etges (coordenadora), Heleniza Ávila Campos, Niara Clara Palma,
Leda Maria Bartholdy, Erika Collischonn, Emígdio Henrique Campos Engelmann, Régia
Maria Hermes Eichenberg, (pesquisadores), Carina Santos de Almeida, Suen Trevisan
Kothe, Maikel Uziél Radünz e Carlos Renato Boelter (bolsistas).
RESUMO
A região do Vale do Rio Pardo possui uma grande diversidade geográfica, histórica
e cultural. Apresenta resquícios de ocupação indígena, além da presença da cultura lusobrasileira, ítalo-brasileira e principalmente da teuto-brasileira. Os roteiros de “Rio Pardinho
- Sinimbu” e “Caminhos de Boa Vista”, localizados nos municípios de Santa Cruz do Sul e
Sinimbu, inserem-se na região central do Vale do Rio Pardo, colonizada por imigrantes
alemães em meados do século XIX. Com o intuito de contribuir para o desenvolvimento
do turismo, enquanto alternativa de renda, visando o incremento da economia regional, a
pesquisa centrou-se no levantamento e na análise de aspectos paisagístico-ambientais e
histórico-culturais desses roteiros, tendo como principais objetivos levantar, sistematizar e
divulgar características e informações sobre as duas rotas; propor o desenvolvimento do
turismo rural como alternativa de renda para os proprietários rurais da região, além de
contribuir para a integração dos dois roteiros e a sua preservação. Através do estudo das
particularidades da região, marcadas por resquícios da colonização européia ainda
presentes, principalmente no meio rural (arquitetura, língua, culinária, usos e costumes), a
pesquisa procurou contribuir com a revalorização dessas características, enquanto
potencialidades para o desenvolvimento do turismo receptivo na região. Reunindo uma
equipe interdisciplinar, com ênfase nas áreas de Desenvolvimento Regional, Turismo,
Arquitetura, Geografia, História, Biologia e Informática, a pesquisa foi realizada em quatro
etapas: levantamento de dados bibliográficos e estatísticos sobre o tema; trabalho de
campo (levantamento sobre ambientes naturais e construídos; prédios históricos;
mapeamento de informações geográficas e arquitetônicas; levantamento de dados
através de inventário turístico, caracterização dos emprendimentos integrantes dos
roteiros já estabelecidos; além de entrevista com moradores antigos, visando o resgate da
história local); análise e sistematização de dados (tabulação, análise e montagem de um
quadro de informações sobre as áreas em estudo, sistematização de dados em
Geoprocessamento com a elaboração de mapeamentos em escala regional, em escala
municipal, mapa dos roteiros, plantas de trilhas) e, finalmente, na fase propositiva, em que
elaborou-se os ante-projetos paisagísticos para os espaços e vias públicas dos roteiros, a
partir de reuniões com as comunidades envolvidas. A divulgação dos resultados foi feita
através
de
folder,
de
Cd-rom
e
de
site
na
Internet
(http://geocities.yahoo.com.br/turismoruralscs). (UNISC, AFUBRA e FAPERGS)
ABSTRACT
The region of the Rio Pardo valley encompasses a great geographical diversity as
well as a historical and cultural one. It presents traces of early indigenous settlement, let
alone the presence of luso-brazilian, italian-brazilian and mainly german-brazilian cultures.
The touristic routes of “Rio Pardinho – Sinimbu” and “Boa Vista tracks”, located in Santa
Cruz do Sul and Sinimbu, make the central region of the Rio Pardo valley which was by
settled by german immigrants in mid-19th century. In order to contribute to the
development of tourism while an income-generating option which aims to improve the
regional economy, the current research has focused on the collection and assessment of
landscape-environmental, historical-cultural issues of the former itineraries while also
collecting, classifying and highlighting their characteristics and proposing the development
of rural tourism as an income alternative for farmers besides contributing for the integration
of the two routes and their preservation. In the light of the region´s idiosyncrasies, marked
with traces of early european settlement to this day, especially in the rural scenario
(architecture, language, culinary, habits and customs), the present research sought to
contribute to enhancement of these features as potentialities capable of bettering receptive
tourism throughout the area. By gathering an interdisciplinar team which focused on the
fields of Regional Development, Tourism, Architecture, Geography, History, Biology and
Computer Sciences, this survey was carried out in four stages, namely: a bibliographical
and historical survey about the issue; field work (assessment of natural and man-made
environments; historical building, mapping of architectonical and geographical data,
collection of data by means of touristic inventory, characterization of participant enterprises
in the already exisiting routes plus interviews with ancient dwellers so as to recuperate
past histories); analysis and systematization of data (computing , assessment and devising
of a table with information about the study areas, systematization of data of geoprocessing
with the elaboration of mappings on regional and municipal bases, mapping of the routes,
plans of the tracks) and eventually , in the proposing phase, we had the proposition of
initial
landscape projects for the locations and public pathways of the routes as of
meetings held with the communities involved. The publication of the results was done
through folders, CD-Roms and the site (http://geocities.yahoo.com.br/turismoruralscs) on
the Internet.
INTRODUÇÃO
O Turismo, ao mesmo tempo em que constitui-se numa atividade econômica, pode
tornar-se também uma importante forma de valorização do território, de proteção do meioambiente e de conservação do patrimônio natural, histórico e cultural do meio rural e
urbano.
A região de Santa Cruz do Sul, marcada pelas particularidades do processo de
ocupação do seu território, conserva traços que evidenciam a forte influência da imigração
alemã, ocorrida a partir de meados do século XIX. Como grande parte desta influência
ainda se encontra em suas formas originais (arquitetura, língua, culinária, usos e
costumes), consideramos de fundamental importância resgatar o seu sentido original,
como forma de valorizar a região, visando contribuir com a construção de uma dinâmica
turística sustentável.
Localizada na porção centro-oriental do Estado do Rio Grande do Sul, a região
particulariza-se pela forte influência da economia baseada na produção familiar,
especializada na produção de tabaco. Neste panorama, o Turismo pode representar uma
opção de diversificação, visando o incremento da economia regional.
Foi neste contexto que a Universidade de Santa Cruz do Sul, através de uma
equipe interdisciplinar, propôs a pesquisa intitulada Turismo na Região de Santa Cruz do
Sul/RS: aspectos paisagístico-ambientais e sócio-culturais, desenvolvida ao longo dos
anos de 2002 e 2003, com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa no Rio
Grande do Sul – FAPERGS e da Associação dos Fumicultores do Brasil – AFUBRA.
Dois Roteiros marcam a atividade turística no meio rural da região: o Roteiro Rio
Pardinho-Sinimbu e o Roteiro Caminhos de Boa Vista.
O tema estudo da oferta turística, realizado nesta pesquisa origina-se, no caso do
Roteiro de Rio Pardinho, das manifestações de interesse por parte do executivo municipal
em promover o Turismo em Santa Cruz do Sul; e, no caso do roteiro Caminhos de Boa
Vista o processo inicia-se em função da vontade de alguns empreendedores do meio
rural, de diversificar suas atividades produtivas através da disponibilização de seus
estabelecimentos à visitação turística.
No primeiro caso relacionado, a iniciativa partiu da municipalidade, que buscou a
comunidade local, motivando-a à realização de ações de adaptação para o recebimento
de turistas. Com ajuda dos técnicos da SETUR, foram promovidas as necessárias
mudanças, bem como atividades de capacitação e obras de infra-estrutura de acesso às
propriedades dos participantes do Roteiro.
Em Rio Pardinho, cujo Roteiro empresta o nome do rio que margeia a
estrada RST 471, estão localizados os pontos turísticos categorizados como patrimônio
cultural, com atrativos incluídos, principalmente, na tipologia etnicidade, com subtipos
elencados no item usos e costumes. Compondo o Roteiro encontramos os seguintes
pontos: Sítio do Pescador, Cucas Gressler, Salão Waechter, Mini Usina de Laticínios,
Cachaçaria Fingerhut, Restaurante Verde Vale, Pousada do Alemão, Pontes, Igrejas entre
outros.
Localizado a 10 Km de Santa Cruz do Sul, o Distrito de Rio Pardinho foi fundado no
ano de 1852, e preserva até hoje a arquitetura, a gastronomia, o artesanato, os hábitos e
os costumes trazidos pelos colonizadores alemães. Além da vida tipicamente colonial,
este roteiro proporciona uma das paisagens mais belas do nosso Estado. O Roteiro
permite uma convivência com famílias de descendentes de alemães em seu dia-a-dia,
aliando entretenimento saudável junto à natureza com passeios a cavalo, caminhadas
ecológicas, áreas de camping, cascatas e riachos.
No final do Roteiro de Rio Pardinho encontra-se a divisa com o município de
Sinimbu, comunidade na qual os usos e costumes herdados dos imigrantes alemães
também mantêm-se em evidência constituindo-se, desta forma, em uma continuidade do
apelo principal no qual está centrado o Roteiro de Rio Pardinho, ou seja, os atrativos do
tipo étnico-culturais.
Salienta-se ainda, a existência, tanto no distrito de Rio Pardinho, quanto no
município de Sinimbu, de expressivo patrimônio arquitetônico herdado dos imigrantes
alemães.
O segundo Roteiro estudado nesta pesquisa é Caminhos de Boa Vista. Esse, ao
contrário do Roteiro de Rio Pardinho, partiu da intenção de alguns proprietários em
diversificar suas atividades produtivas através da atividade turística. Em parceria com a
municipalidade, foram providenciadas as adaptações básicas necessárias. Os pontos
turísticos do Roteiro, conforme anuncia o seu nome, estão localizados em uma zona de
relevo alto e horizonte amplo, que permitem uma boa e bela vista. Fazem parte deste
roteiro as seguintes propriedades: Restaurante e Salão Stülp, Sítio 7 Águas, Pousada
Camponesa, Local da 1ª Missa e Centro de Treinamento Cabanha Toillier, Mirante, entre
outros.
Em 1849, iniciava a colonização de Santa Cruz do Sul ao longo da Picada Velha,
chamada também de Kaiserstrasse ou Estrada do Imperador. As imensas dificuldades no
desbravamento da nova terra eram compensadas pela beleza das matas, dos morros e
vales verdejantes, dos córregos, do Rio Taquari Mirim e da neblina iluminada pelo sol nas
manhãs de inverno. As belezas originais continuam em grande parte preservadas,
embora a mão humana tenha transformado uma pequena parcela da natureza em
desenvolvimento, conforto e bem-estar. Distante 15 km do centro de Santa Cruz do Sul, o
Roteiro Caminhos de Boa Vista proporciona ao visitante opções variadas de descanso,
contato com a cultura germânica e entretenimento em balneários, trilhas, esportes
radicais, equitação, degustação de culinária alemã, visita a mini-museu e casas
centenárias, além da possibilidade de conhecer o dia-a-dia de uma propriedade rural.
Assim, tendo em vista o caráter interdisciplinar do tema em questão, a realização
da pesquisa só se tornou viável através do trabalho de uma equipe interdisciplinar, com
ênfase nas áreas de Desenvolvimento Regional, Turismo, Arquitetura, Geografia, História,
Biologia e Informática. O desenvolvimento da pesquisa deu-se em quatro etapas:
levantamento de dados bibliográficos e estatísticos sobre o tema; trabalho de campo
(levantamento sobre ambientes naturais e construídos; prédios históricos; mapeamento
de informações geográficas e arquitetônicas; levantamento de dados através de inventário
turístico, caracterização dos emprendimentos integrantes dos roteiros já estabelecidos;
além de entrevista com moradores antigos, visando o resgate da história local); análise e
sistematização de dados (tabulação, análise e montagem de um quadro de informações
sobre as áreas em estudo, sistematização de dados em Geoprocessamento com a
elaboração de mapeamentos em escala regional, em escala municipal, mapa dos roteiros,
plantas de trilhas) e, finalmente, na fase propositiva, em que elaborou-se os ante-projetos
paisagísticos para os espaços e vias públicas dos roteiros, a partir de reuniões com as
comunidades envolvidas. A divulgação dos resultados foi feita através de folder, de Cdrom e de site na Internet (http://geocities.yahoo.com.br/turismoruralscs).
É fundamental ainda que se diga que a realização desta pesquisa só se tornou
viável através do apoio financeiro da Associação dos Fumicultores do Brasil - AFUBRA e
da Fundação de Amparo à Pesquisa no Rio Grande do Sul – FAPERGS.
2. Patrimônio Natural: Aspectos paisagístico-ambientais1
2.1 Relevo
Os municípios que integram a região do Vale do Rio Pardo estão distribuídos em
três grandes compartimentos de relevo (FIGURA 1), que variam de formas suaves até
bastante íngremes, com altitudes entre 17 até 600 metros, que podem ser assim
caracterizadas: o Planalto Arenito Basáltico, na porção norte, com altitudes próximas a
600 metros, relevo escarpado e com altas declividades; a Depressão Central Gaúcha, na
porção central, com vales profundos que contatam com amplas planícies aluvionares,
com altitudes de 17 até 100 metros; e o Planalto Sul-Rio-Grandense, no extremo sul da
região, apresentando grande extensão de campos, com altitudes de 100 até 400 metros,
relevo intensamente dissecado em forma de colinas e algumas cristas.
A região proposta para o inventário turístico localiza-se na transição da Depressão
Periférica Gaúcha para o Planalto Arenito Basáltico, estando o roteiro de "Rio Pardinho Sinimbu" localizado em áreas que apresentam altitudes que variam entre 45 a 400
metros, e o roteiro "Caminhos de Boa Vista", em altitudes que variam entre 200 e 250
metros.
1
Esta caracterização foi elaborada a partir do texto COLLISCHONN, Erika. O Espaço Natural na região do
Vale do Rio Pardo – Algumas considerações, In: Vogt, Olgário P. e SILVEIRA, Rogério L. L. Vale do Rio
Pardo: (re) conhecendo a Região. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2001. P. 19-46.
No tocante a formação geológica, a porção sul está assentada sobre uma base
formada de rochas muito antigas, do Pré-Cambriano e da era Paleozóica (270 milhões de
anos ou mais); e as porções central e norte são constituídas de um embasamento
formado principalmente nas eras Mesozóica e Cenozóica (de 250 milhões de anos até o
presente). O Planalto Arenito Basáltico é constituído de depósitos sedimentares e de
sucessivos derrames de lavas, ocorridos há 220 milhões de anos, na era Mesozóica, e
contém arenitos e rochas efusivas continentais, com diques e corpos tabulares de
diabásio. A partir desse processo tectônico, que soergueu os planaltos anteriormente
descritos, desencadeou-se um prolongado e generalizado desgaste erosivo, comandado
pela rede de drenagem do Rio Jacuí, originando assim, sobre a borda sul do Planalto
Arenito-Basáltico, a Depressão Central Gaúcha. Neste compartimento, os depósitos
sedimentares das planícies de inundação dos rios, de formação mais recente, mais
especificamente na era Cenozóica - Período Quaternário, sobrepõem-se aos sedimentos
mais antigos da Bacia do Paraná.
Em decorrência destas formações temos, em geral, na porção sul do VRP solos
que necessitam de correção química devido a baixa fertilidade e acidez. Na região central
temos as áreas dos depósitos sedimentares da Bacia do Paraná e os Depósitos do
Quaternário nas calhas dos rios Pardo/Pardinho, Jacuí e afluentes, onde os solos são
mais restritos para culturas, apresentam deficiência de fertilidade e excesso de alumínio
trocável.
Na porção norte encontramos solos com problemas de fertilidade, por serem álicos
e rasos. Nas regiões com significativa declividade, destaca-se o desgaste natural do solo
por problema de erosão. No extremo norte, que corresponde à porção alta e plana, os
solos possuem mais potencialidades agrícolas.
FIGURA 1: Relevo do Vale do Rio Pardo
Fonte: Laboratório de Geoprocessamento - UNISC
2.2 Clima
O clima da Região do Vale do Rio Pardo, conforme a classificação de Köppen, é
Subtropical úmido - Cfa, ou seja, com chuva bem distribuída durante o ano e temperatura
média do mês mais quente superior a 22,0 ºC. No entanto, como há uma variabilidade
muito grande de dinâmicas climáticas inseridas nesta classe, cabe aqui destacar um
pouco os aspectos que mais influenciam o clima da região. A Região do Vale do Rio
Pardo localiza-se entre os paralelos 29°S e 31°S e dista menos de 200km do mar,
estando, conforme Strahler (1984), inserida na Zona Subtropical Sul. Esta Zona, em
especial na porção oriental do continente Sul-Americano, tem suas características termopluviométricas associadas aos seguintes centros de ação: Anticiclone do Atlântico Sul,
Ciclone Migratório Subantártico, Anticiclone Polar, Baixa do Chaco e o Doldrum
(Convergência Intertropical).
No verão, a Convergência Intertropical (CIT) migra para sul como resultado do
crescente aquecimento das áreas continentais e oceânicas no hemisfério sul. Quando
este cinturão de baixas pressões migra para o sul, traz instabilidade atmosférica também
para a Região Sul do Brasil. Tempestades convectivas, resultantes do aquecimento e
ascensão de ar tropical marítimo instável, são comuns nesta estação.
No inverno, por outro lado, quando a CIT se retraiu para o norte, é o Anticiclone do
Atlântico Sul que influencia os tipos de tempo. Neste período, ventos úmidos de nordeste
trazem tempo relativamente estável. Porém a área em que se situa a Região do Vale do
Rio Pardo é constantemente afetada pelos sistemas de mau tempo, próprios da zona de
ventos de oeste das latitudes médias. O ar polar marítimo, frio e relativamente instável,
flui para nordeste, trazendo frio e tempo chuvoso e, algumas vezes, tormentoso para a
região.
A baixa do Chaco, centrada no interior continental, é basicamente uma baixa
térmica, induzida por uma alta pressão na atmosfera superior. Este centro de baixa
pressão não tem uma influência tão marcada no padrão dos tipos de tempo no Rio
Grande do Sul, embora, durante o verão, a sua presença incremente o fluxo de ar
marítimo tropical para o interior do continente aumentando, desta forma, as precipitações.
No inverno, a Baixa do Chaco não exerce nenhuma influência regional, uma vez que o
sistema se dissipa ou se move mais para norte.
Em função desta dinâmica atmosférica, também as massas de ar atuantes
apresentam alternância sazonal. Durante a maior parte do ano, principalmente na
primavera e no verão, a área recebe incursões da massa tropical marítima, que é quente,
úmida e instável. Gerada na borda ocidental do Anticlone do Atlântico Sul, é responsável
pelas altas temperaturas associadas a elevados teores de umidade, favorecendo a
ocorrência de mormaço2 nos meses de janeiro e fevereiro. As características
higrométricas desta massa de ar são responsáveis pela presença de névoa úmida e pelas
intensas e passageiras chuvas convectivas, típicas das tardes de verão. Eventualmente,
nos meses de verão, podem ocorrer penetrações da massa tropical continental, que é
quente e seca, sendo responsável pelas altas temperaturas com baixa umidade (Rocha,
1977).
No outono e no inverno, a penetração da massa polar marítima, gerada sobre a
ampla superfície oceânica que circunda o sul do continente, é mais freqüente. Apresentase sob a forma de anticiclones migratórios, precedidos pela descontinuidade da frente
polar, determinando as abundantes precipitações hibernais. Após a passagem da frente,
ocorrem temperaturas extremamente baixas, com tempo relativamente estável. Assim,
2
Tempo quente e úmido.
nesta época do ano se sucedem, em questão de poucos dias, situações de tempo
variadas em função da alternância das massas de ar atuantes. O tempo estável, sob o
domínio da massa tropical marítima, vai se instabilizando com o aumento da temperatura.
A passagem de frente fria provoca chuvas pesadas, que, depois, são sucedidas por
chuvas finas e intermitentes. Após a passagem da frente, com o declínio da temperatura e
o domínio da massa polar marítima, o tempo volta a estabilizar-se. Esta situação
permanece por alguns dias quando, com o enfraquecimento do anticiclone polar, retorna o
anticiclone subtropical e recomeça o ciclo novamente (Ferraro & Hasenack, 1995).
O clima regional pode apresentar significativas variações em nível local, devido à
ação de determinadas feições fisiográficas. Serão aqui somente relacionadas as
variabilidades quanto a temperatura e precipitação, uma vez que são as variáveis para as
quais se obteve um mínimo de registros, para esta escala de abordagem.
No que se refere a temperatura, as diferenciações altimétricas apresentam, em
mesoescala, papel destacado pois alteram a distribuição da radiação líquida, a retenção
do vapor d'água e o armazenamento do calor sensível. Considerando as características
hipsométricas da Região do COREDE - Vale do Rio Pardo, pode-se individualizar duas
áreas onde a altitude provoca uma clara variação climática: uma é a do Planalto Sulriograndense a sul e a outra o Planalto das Araucárias a norte.
Para caracterizar as condições térmicas da área mais elevada ao sul do rio Jacuí,
utilizaram-se as normais climatológicas (1931-1960) da estação localizada em
Encruzilhada do Sul, numa altitude de 420m. A observação dos valores mensais médios
de temperatura correspondentes a esta estação, mostra que nos meses de verão a média
mensal é pouco superior aos 20ºC , alcançando 21,7º em janeiro, mês no qual a máxima
média é de 28,3ºC. Durante o inverno as médias mensais são inferiores aos 13ºC,
alcançando 11,7º em julho, mês no qual a mínima média é de 8,0ºC e a mínima absoluta
registrada foi de -3,0ºC. A média anual de temperatura registrada é 16,6ºC e a amplitude
térmica anual 11,6ºC (Mota, 1986).
A não existência de um número significativo de estações meteorológicas completas
na Bacia do Rio Pardo, por sua vez, tem obrigado os pesquisadores a trabalharem com
estimativas de temperatura para as diferentes regiões. Pérez (1991) elaborou uma
aproximação das variações espaciais da temperatura na Bacia do Rio Pardinho,
confeccionando cartogramas de isotermas por interpolação dos valores relativos à
estação então existente em Santa Cruz do Sul, com outros observatórios situados fora da
bacia.
Conforme esta aproximação, as médias de temperatura diminuem para norte,
acompanhando o aumento das altitudes. No que se refere às médias anuais de
temperatura, a porção meridional da bacia, com altitudes inferiores a 100m, apresentaria
valores acima dos 19ºC; já a porção intermediária, entre os 100 e os 500m, uma média
anual entre 18º e 19ºC, enquanto que as cabeceiras de drenagem da bacia, acima dos
500m, uma média entre os 17 e 18ºC. Quanto às médias de janeiro, utilizando-se os
mesmos compartimentos topográficos anteriormente considerados, os valores médios
seriam, respectivamente: superior a 24ºC, entre 24 e 25ºC e entre 23 e 24ºC. A
distribuição das temperaturas de abril e outubro reflete também a influência orográfica no
comportamento espacial da temperatura no outono e primavera. O inverno uniformiza a
temperatura na área desta bacia diferenciando-se apenas duas áreas, em altitudes
inferiores a 100m a temperatura média fica entre os 13 e os 14ºC, enquanto a
temperatura em áreas com altitude acima desta cota na bacia, ficou entre 12 e 13ºC. No
entanto, a própria autora considera estes cartogramas uma aproximação muito incerta,
dada a distância entre as estações meteorológicas utilizadas. (Pérez, 1991).
2.3 Vegetação
Quanto a vegetação, a região se caracteriza por formas variadas, com áreas
campestres que caracterizam a região ao sul, ocupada em parte, por campos nativos,
principalmente em grandes propriedades, sendo que estes encontram-se parcialmente
substituídos pela pastagem melhorada, por cultivos diversificados e, nas planícies
próximas aos rios, pela cultura irrigada do arroz, associada à criação de gado.
A mata da região é composta por conjuntos florestais, onde setenta a noventa por
cento das árvores pertencem à floresta estacional, isto é, composta por plantas que
perdem as folhas na estação fria. Este tipo de vegetação encontramos em locais de
declive, de baixa altura na serra geral.
A atual vegetação ciliar na região encontra-se muito desfigurada em relação a
vegetação original, sendo difícil reconstituir as características ecológicas e fitofisionômicas
da mata primária. Os fragmentos florestais que hoje estão em diferentes estágios de
regeneração, podem ser divididos em três formações vegetativas distintas:
- associada a campos na depressão central.
- mata da encosta da serra.
- e mata de araucária.
As matas com maior diversidade estão localizadas nas áreas de difícil acesso, na
encosta do Planalto Meridional, com forte declive, áreas impróprias para agricultura.
As principais espécies de árvores componentes dessa região, podem ser listadas de
acordo com sua estratificação.
O primeiro estrato é composto por árvores emergentes ou estrato superior, sendo
constituído por:
•
plantas decíduas: Grápia (Apuleia leiocarpa), Angico (Parapiptadenia rigida),
Cabreúva (Myrocarpos frondosus), Timbaúva (Enterolobium contortisiliquum),
Cedro (Cedrella fissilis) e Louro pardo (Cordia trichotoma).
•
plantas perenifólias: Canjerana (Cabralea canjerana), Tapiá (Alchornea
triplinervia), Batinga (Eugenia rostrifolia), Mata-olho (Pachystroma longifolium),
Figuera (Ficus organensis) e Pinheiro brasileiro (Araucaria angustifolia).
O segundo estrato é o de sub-bosque ou estrato médio constituído por:
plantas de sombra: Canela-lajeana (Ocotea pulchella), Canela-pururuca (Cryptocarya
aschersoniana),
Canela
guaicá
(Ocotea
puberulla),
Canela
preta
(Nectandra
megapotamica), Canela-amarela (Nectandra lanceolata), Bracatinga (Mimosa scabrella),
Pessegueiro-brabo (Pruhus selowii), Guajuvira (Patagonula americana), Camboatávermelho (Cupanea vernalis), Camboatá-branco
(Matayba elaeagnoides), Cerejeira
(Eugenia involucrata), Guabiroba (Campomanesia xanthocarpa), Ingá-feijão (Inga
marginata), Ingá-beira-de-rio (Inga uruguensis) e Iingá-ferradura (Inga sessilis).
O terceiro estrato é o das árvores pequenas e arbustos ou estrato inferior,
constituído por:
•
plantas arvoretas: Laranjeira-do-mato (Actinosteron concolor), Cincho (Sorocea
bonplandii), Catiguá, Quebra-machado ou Bienenhols (Trichilia clausseni),
Chal-chal (Allophylus edulis), Cafezeiro-do-mato (Casearia sylvestris), Cambui
(Myrciaria tenella) e Sarandi (Sebastiania brasiliensis).
•
plantas do tipo arbusto: Embira (Daphnopsis racemosa)
e Taquaruçu
(Bambusa trinii).
A substituição do ecossistema por plantações de arroz, fumo, assim como a caça e
o desmatamento indiscriminado para fins de obtenção de madeira para construções e
secagem do fumo, ocasionaram uma acentuada diminuição das espécies, mudando
drasticamente a estrutura, a dinâmica e a interação
entre as populações desse
ecossistema.
Além destas, existem ainda as matas de galeria ao longo dos vales dos rios. Hoje
sabemos que, originalmente, a vegetação primitiva cobria toda a área, com mata fechada
e densa. A exploração agrícola, entretanto, só preservou as características originais nas
regiões com acentuada declividade e de difícil acesso. É exatamente nestes locais que se
encontram as matas com características florísticas mais próximas da original mata
atlântica.
2.4 Fauna
Como naturalmente acontece em todos os setores habitados pelo homem, a
evolução ocasiona modificações, conseqüentemente a fauna atual da região é muito
diferente da original. Nos dias atuais não é possível a presença e muito menos a
sobrevivência de grandes mamíferos como no passado. Populações inteiras foram
caçadas até sua extinção.
A Onça (Panthera onca), Puma (Felis concolor), Jaguatirica (Felis pardalis), Anta
(Tapirus terrestris), Cervo do pantanal (Blastocerus dichotomus), Tamanduá-Banderia
(Myrmecophaga Tridactyla) e o Lobo-Guará (Chrysocyon brachyurus), representam
algumas espéceis que já habitaram esta região.
Na fauna atual da região encontra-se algumas espécies ameaçadas de extinção
como: Veado-mateiro (Mazama gouazoubira), Veado-bororó (Mazama rufina), Graxaimdo-campo (Dusicyon gymnocercus), Graxaim-do-mato (Dusicyon thous), Coati (Nasua
nasua), Mão pelada (Procyon cancrivorus), Zorrilho (Conepatus chinga), Furão (Galictis
cuja), Lontra (Lutra longicaudis), Bugio (Alouatta fusca), Gato-do-mato- pequeno,(Felis
tigrina), Gato Maracajá (Felis wiedii), Gato-mourisco (Felis yagouaroundi), Ouriço-cacheiro
(Coendo villosus), Capivara (Hydrochaeris hydrochaeris), Paca (Agouti paca), Cutia
(Dasyprocta azarae), Ratão-do-banhado (Myocastor coypus), Gambá-de-orelha-branca
(Didelphis albiventris), Gambá-de-orelha-preta (Didelphis marsupialis), Tamanduá-mirim
(Tamandua tetradactyla), Tatu-mulita (Dasypus hybridus), Tatu-galinha (Dasypus
novemcinctus) e o Tatu-peludo (Euphratcus sexcinctus).
Conforme Bencke (1997), a região possuía também uma grande diversidade de
pássaros. Das aves extintas podemos citar: Macuco (Tinamus solitarius), Jaó-do-litoral
(Crypturellus
noctivagus),
Uiraçu-falso
(Morphnus
guianensis),
Gavião-penacho
(Spizaetus ornatus), Gavião-pega-macaco (Spzaetus tyrannus), Gavião (Spizastur
melanoleucos), Jacutinga (Pipile jacutinga), Maracanã (Ara maracana), Pavó (Pyroderus
scutatus), Maçarico-real (Theristiscus caerulescens), Gavião-velho (Busarellus nigricollis),
Jacurutu (Bubo virginianus), Bacuru-tesoura-gigante (Macropsalis creagra), Sanhaçu-defogo (Piranga flava).
Na fauna atual, podemos encontrar muitos pássaros característicos como: Queroquero (Vanellus chilenses), Rolinha (Columbina talpacoti), Alma de Gato (Piaya cayana),
Biguá
(Phalacrocorax brasilianus), Garça-branca-grande (Ardea cocoi), Garça-branca-
pequena (Egretta thula), Colhereiro (Platalea ajaja), Marreca-piadeira (Dendrocygna
viduata), Gavião carijó (Buteo brachyurus), Carrapateiro (Milvago chimachima), Caracará
(Polyborus plancus), Saracura-carijó (Pardirallus maculatos), Jaçanã (Jacana jacana),
Anu-preto (Crotophaga ani), Anu-branco (Guira guira), Coruja-do-campo (Speotyto
cunicularia), Beija-flor-veste-preta (Anthracothorax nigricollis), Beija-flor-de-fronte-violeta
(Thalurania
glaucopis),
Surucuá
(Trogon
surrucura),
Martim-pescador-pequeno
(Chloroceryle americana), Tucano-de-bico-verde (Ramphastos dicolorus), Pica-pau-docampo (Colaptes campestris), João-de-barro (Furnarios rufos), Noivinha (Xolmis irupero),
Suiriri-cavaleiro (Machetornis rixosus), Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus), Araponga
(Procnias
nudicollis),
Gralha-azul
(Cyanocorax
caeruleus),
Sabiá-laranjeira
(Turdusrufiventris) e o Chopim-do-brejo (Pseudoleistes guirahuro).
Em relação aos peixes, face a pesca predatória e a poluição da Bacia do Rio
Pardinho, espécies como Dourado (Salminus maxillosus), que, durante piracema,
necessita subir até a cabeceira do rio para desovar, não são mais encontradas em suas
águas. Hoje podem ser vistos peixes como: Cará (Ciclasoma facetum), Joana (Crenicicla
lepidota), Lanbari (Astyanax alburnos), Traíra (Hoplias malabaricus), Voga (Schizodon
jacuiensis), Jundiá (Rhamdia sp), Pintado (Pimelodus maculatus), Cascudo (Hypostomos
commersoni), Muçum (Synbranchus marmoratus) e a Piava (Leporinus obtusidens).
Este conjunto, que constitui a natureza da Região do Vale do Rio Pardo, é
extremamente rico e diverso e o seu futuro depende da consciência que a sociedade atual
conseguir desenvolver, sobre a necessidade e a importância da sua conservação.
3. Patrimônio Cultural: Aspectos Histórico-Culturais e Arquitetônicos
3.1 O habitat rural da região
A região do Vale do Rio Pardo - VRP encontra-se localizada na porção centrooriental do Estado do Rio Grande do Sul, particularizada pela forte influência da economia
baseada na produção familiar, especializada na produção de tabaco, que representa
cerca de 64% do produto interno da região. Neste panorama, o Turismo representa uma
opção de diversificação, visando o incremento da economia regional.
Apresentando grande diversidade histórica e cultural a região guarda resquícios da
ocupação indígena, além da presença da cultura luso-brasileira, ítalo-brasileira e
principalmente da teuto-brasileira.
Destaca-se Rio Pardo como primeiro núcleo populacional da região (luso-brasileiro)
instalado em 1754, fortemente influenciado, desde a sua origem, pela presença do rio,
servindo tanto para fins estratégico-militares, como para transporte e comunicação. Santa
Cruz do Sul é o município com maior população, sendo que foi também o primeiro a
receber imigrantes alemães na região do Vale do Rio Pardo, há aproximadamente 150
anos, mais especificamente em 1849. Pode-se afirmar que os rios Jacuí, Pardo e
Pardinho tiveram papel fundamental no processo de ocupação do território da região. A
colonização italiana se deu de forma intermitente, ocupando territórios nas porções
setentrional e
meridional da
região,
tendo
sempre
a
presença
dos
rios
e,
conseqüentemente da água, como uma das principais referências. Assim, a região do
vale do Rio Pardo concentra uma pequena amostra da diversidade, tanto paisagísticoambiental quanto histórico-cultural, que caracteriza o território riograndense como um
todo, seja em áreas urbanas ou rurais.
Em decorrência das adversidades encontradas pelos imigrantes, quando da sua
chegada, a luta pela sobrevivência levou-os, desde cedo, a organizarem-se em
associações, através das quais fortaleciam a vida em comunidade. Esta organização
social deixou marcas profundas, observáveis até os dias atuais, particularmente nas
localidades que integram os roteiros em estudo, em aspectos relacionados a religião, a
educação, a economia e às atividades recreativas, ao mesmo tempo em que mantém-se
em aspectos lingüísticos, arquitetônicos e culinários, tanto no meio urbano como no rural.
Partindo da concepção de paisagem cultural, formulada por Leo Waibel (1979),
definida como resultante do uso do solo, do tipo de cultivos, técnicas utilizadas, estradas e
instalações, determinados pela formação econômica dominante, observa-se que as
particularidades inerentes ao processo de colonização foram decisivas na configuração da
paisagem e, conseqüentemente, das particularidades que marcam a região na qual as
localidades de Boa Vista e Rio Pardinho estão inseridas.
Localizadas no município de Santa Cruz do Sul, na Encosta do Planalto Meridional,
as localidades trazem na sua paisagem uma característica marcante, resultante da forma
como se deu o acesso à terra e, conseqüentemente, de todo o arranjo da ocupação do
espaço nas localidades, denominada Straßendorf.
Apesar da maioria dos imigrantes alemães terem sido originários de aldeias
concentradas,
tipo Haufendorf
(vilas
aglomeradas,
onde as
famílias
moravam
comprimidas umas às outras (Waibel, 1979), comuns em regiões do norte, oeste e sul da
Alemanha, a forma de organização espacial praticada nas colônias alemãs do sul do
Brasil, e em Boa Vista e Rio Pardinho particularmente, era mais semelhante ao tipo de
povoamento e distribuição de terra realizado em regiões montanhosas do leste da
Alemanha, no final da Idade Média, conhecido como Waldhufendorf (Wald = bosque, Dorf
= aldeia, Hufe = lote comprido e estreito entregue a cada colono).
Segundo Waibel, por toda parte nas terras de mata do sul do Brasil temos
“povoamento rural disperso”. As propriedades, entretanto, não estão espalhadas
irregularmente, como acontece no Midle West dos Estados Unidos, e sim dispostas ao
longo de certas linhas. Estas linhas são as picadas, abertas pelos imigrantes na mata
original e que logo, desde o princípio, serviram como linhas de comunicação e estradas.
Nas zonas serranas de colonização antiga, as linhas coloniais seguem normalmente os
fundos de vales fluviais e de cada lado delas estão alinhados os lotes dos colonos, a
distâncias de algumas centenas de metros. Algumas linhas coloniais têm 10 ou 20
quilômetros de extensão e centenas de lotes se distribuem ao longo delas. Esses lotes
são estreitos ao longo da estrada e do rio, mas se estendem numa longa faixa retangular
para o fundo, muitas vezes até o divisor d' águas.
É este exatamente o tipo de povoamento e distribuição da terra que foram usados
no fim da Idade Média, na colonização das montanhas do leste da Alemanha. Lá, este
tipo de povoamento é chamado Waldhufendorf. O fato interessante é que este tipo de
povoamento é quase desconhecido no norte, no oeste e no sul da Alemanha, de onde
vieram os primeiros imigrantes, quase todos originários de vilas aglomeradas
(Haufendörfer), onde eles moravam comprimidos uns aos outros. (Waibel, 1979)
Tudo indica que as razões que fizeram com que aqui se adotasse essa prática na
demarcação dos lotes certamente estão associadas a conformação do relevo das regiões
escolhidas para a colonização, ou seja, as áreas montanhosas cobertas de florestas,
semelhantes às regiões em que este sistema foi praticado na Alemanha, bem como a
influência dos diretores das colônias que provavelmente conheciam este aspecto da
estrutura fundiária alemã e tentavam aqui reproduzi-la.
Esta forma de distribuição dos lotes fez surgir um tipo de habitat classificado como
disperso, ao mesmo tempo em que é concentrado em fileira, ao longo dos rios ou das
estradas. Os estabelecimentos eram instalados paralelamente à picada, em cada um dos
seus lados. Usualmente tinham 200 a 300m de largura por um ou mais quilômetros de
comprimento. A luta contra o isolamento foi um aspecto importante para os imigrantes
desde o começo. Por isso tratavam logo de instalar uma capela, onde se encontravam
aos domingos para rezar. Mais tarde veio a escola, o cemitério e, mais recentemente, o
salão de festas.
Segundo Roche (1969) o povoamento não ocorreu espontaneamente, uma vez que
era da competência do governo brasileiro delimitar e distribuir as terras, o que foi feito
sem a preocupação de reservar espaços para futuras aldeias concentradas, a partir da
convicção de que o habitat disperso seria mais racional do que o concentrado.
Originalmente, dois eixos principais de ocupação do atual território do município de
Santa Cruz do Sul foram estabelecidos: o primeiro, em 1849, uma picada que acompanha
o divisor d'águas entre o vale do Rio Pardinho e o vale do Rio Taquari Mirim, dando
origem à chamada Picada Velha, hoje Linha Santa Cruz/Boa Vista, onde predominavam
imigrantes de religião católica; o segundo, em 1852, uma estrada que acompanha o curso
do Rio Pardinho, a chamada Picada Nova, hoje denominada Rio Pardinho, onde se
instalaram basicamente imigrantes de religião protestante. (Etges, 1991).
Com o passar dos anos foram surgindo, além destas, outras localidades, na medida
em que as terras devolutas iam sendo apropriadas.
Nos dias atuais as localidades continuam surgindo, só que em torno de centros um
pouco maiores, as vilas, também sedes dos distritos.
Em cada sede de distrito existe uma sub-prefeitura e a figura do sub-prefeito,
indicado pelo prefeito municipal, que tem a responsabilidade de coordenar a execução de
obras, principalmente a conservação das estradas.
Estas vilas, em geral, possuem rede de abastecimento de água, central telefônica,
asfaltamento da rua principal, posto de saúde, algumas casas comerciais e farmácia. Na
medida em que adquirem infraestrutura e sustentação econômica, estas vilas passam a
pleitear o desmembramento do município mãe, transformado-se em novos municípios.
Assim, pode-se afirmar que o ordenamento territorial, resultante da forma como se
deu o acesso à terra por parte dos imigrantes, constitui-se em um dos traços mais
marcantes da região das colônias velhas do Rio Grande do Sul.
3.2 Particularidades da paisagem de Boa Vista
Em Boa Vista a paisagem apresenta características muito distintas do roteiro de Rio
Pardinho, sobretudo do ponto de vista da própria topografia, a qual define uma paisagem
muito mais acidentada e tende a valorizar as "descobertas" e "surpresas", principalmente
de seus aspectos naturais, ao longo do deslocamento no eixo. Tal condição permite ao
observador uma percepção mais imediata do espaço percorrido, ao mesmo tempo em
que permite uma extensão do olhar pela paisagem distante, visto que o roteiro está
localizado no divisor d'águas, entre o Vale do Rio Padinho e do Rio Taquari-mirim. Os
aspectos arquitetônicos e os assentamentos ali presentes parecem estar, portanto, mais
próximos de quem percorre o roteiro, apresentando-se envolvidos pela vegetação nativa e
com sinais de pouca transformação nos seus traços históricos originais. Suas
construções, apresentam uma arquitetura tipicamente colonial, com características
tradicionais e reveladoras da história local. Dentre os diversos atrativos destacam-se: a
paisagem do mirante, o monumento ao imigrante, o salão Stüelp e o Centro Histórico,
onde se encontra a Igreja Católica, o cemitério católico, o salão comunitário e a Escola
Estadual de Ensino Fundamental Guilherme Simonis. Os muros em pedra também estão
presentes na composição desta paisagem.
Sede do 2º distrito de Santa Cruz do Sul, Boa Vista conta com uma população de
2.212 habitantes, com 564 domicílios. (IBGE-2000).
3.3 Particularidades da paisagem de Rio Pardinho
A paisagem de Rio Pardinho é particular por estender-se ao longo de uma estrada
que, por sua vez, margeia o rio, o qual empresta seu nome a esta simpática vila que,
através do trabalho de sua população tem se tornado um belo exemplo de uma interação
harmoniosa da sociedade com o seu entorno, marcada por sua característica básica, o
povoamento em forma de Straßendorf.
A localidade de Rio Pardinho conserva fortes marcas da arquitetura e da cultura dos
imigrantes. Conforme Rita Panke, no livro Território & População: 150 anos de Rio
Pardinho, no início, os imigrantes fizeram suas casas de forma bem rústica, no estilo paua-pique. Pouco tempo depois, surgitram as primeiras casas em estilo enxaimel, das quais
algumas ainda estão preservadas e podem ser apreciadas.
Na década de 1860 a 1870 surgiram as primeiras casas construídas com pedra grês,
cujos compartimentos consistiam em dois quartos grandes e dois menores na parte
principal da casa e um anexo nos fundos, com cozinha e a sala das refeições. Assim, as
propriedades em geral são compostas de casas antigas, com galpões de madeira e
estufas de fumo em tijolo a vista, tendo à frente gramados e jardins.
Outra caracterísitica marcante no roteiro é a presença dos muros de pedra que
originalmente marcavam as divisas entre as propriedades.
Sede do 9º distrito de Santa Cruz do Sul, a população de Rio Pardinho é de 2.445
habitantes, com 665 domicílios. (IBGE, 2000)
4. A colonização da região
A colonização da região do Vale do Rio Pardo iniciou-se com a chegada de
imigrantes alemães, em 1849. Provenientes das regiões da Pomerânea e da Renânia,
receberam do governo brasileiro lotes de terras (inicialmente 77ha e, a partir de 1851,
48ha).
A ocupação dos lotes e as aberturas das "picadas", que atualmente se constituem
em eixos de ligação entre os espaços rurais e urbanos, eram feitas de forma precária,
conforme descreve Weimer (1999):
Ao sair da Europa, [os imigrantes] haviam deixado uma ordem social muito
diferente da que haveriam de encontrar aqui. A começar pelo regime de
apropriação do solo. Lá haviam vivido em pequenas aldeias, de cerca de
cinqüenta famílias, cercadas por terras comunais que eram constantemente
redistribuídas, de acordo com a variação do número de membros de cada grupo
familiar. Os lotes não tinham uma forma geométrica rígida, posto que seus
contornos eram definidos em função das curvas de nível, de modo a que
evitassem a erosão do solo.
Weimer lembra ainda
que as tradições
culturais
desses grupos foram
determinantes para as conformações das cidades alemãs, destacando-se três grupos:
1) os francos, habitantes do centro da atual Alemanha, em cujas aldeias, chamadas
de aldeia-ponto havia uma praça central, delimitada por ruas periféricas de traçado livre,
ao longo das quais eram construídas as residências familiares, em geral isoladas, mas
com proximidade estrategicamente calculada para fins de defesa;
2) os saxões, da Vestfália, construíram estruturas lineares ao longo de uma única
via pública, chamadas de aldeia-rua que, por vezes era alargada em sua posição mais
central, formando uma pequena praça para o gado nas noites de verão, constituindo a
aldeia-âncora;
3)
os pomeranos, habitantes da atual região de fronteira entre Alemanha e
Polônia, próxima ao mar Báltico, criaram uma forma muito peculiar de aldeia, ordenando
as casas em torno de uma praça central perfeitamente circular e com acesso por uma
única rua, com portão de entrada, constituindo a aldeia arredondada. (Weimer, 1999)
Os imigrantes alemães, portanto, estavam acostumados a uma organização de
espaço com características comunais. A experiência da aldeia tradicional de origem, não
mais presente na então nova realidade brasileira, tendeu a reproduzir-se dentro de novos
limites e condições, segundo fosse estabelecido pelo governo da província. Neste sentido,
conforme Weimer (1983), foi na propriedade privada que o imigrante teve condições de
recriar suas relações com o ambiente e apropriar-se do espaço, de acordo com suas
experiências e memórias da terra natal.
Com a chegada dos imigrantes no Rio Grande do Sul iniciou-se a ocupação de
regiões no Vale do Rio dos Sinos, do Jacuí e do Taquari. A colônia de Santa Cruz,
segunda colônia alemã no Estado, foi instalada em 1849.
Apesar da vigilância governamental, nas comunidades mais afastadas dos
centros de poder, as forças populares conseguiram impor, em certa medida, suas
aspirações, criando pequenos núcleos urbanos não controlados pelo poder central.
Assim, muitos núcleos urbanos hoje existentes no Vale do Rio Pardo iniciaram-se ao
longo das picadas principais das colônias. Para Weimer (1992, p.70):
(...) São vilas de aspecto peculiar, cuja origem colonial é indisfarçável. São
Streusiedlungen (povoações disseminadas) que foram se transformando em
verdadeiras Strassendörfer (aldeias ruas) absolutamente lineares e de dimensões
não imagináveis na Alemanha. Sua densidade variada faz com que se
apresentem como se fossem uma conjugação de várias aldeias justapostas.
Nestes núcleos urbanos a oposição cidade-campo é bastante tênue e percebe-se
que as relações vivenciais urbanas penetram profundamente na zona rural.
Na arquitetura, houve uma reelaboração dos espaços a partir das memórias e
práticas de construção trazidas pelos imigrantes, contudo elas foram reinterpretadas
conforme novas influências, entre as quais pode-se citar as condições ambientais e
climáticas ou ainda os valores culturais já estabelecidos. Neste sentido, por exemplo, na
arquitetura local, as residências assimilam a sala de visitas à maneira lusitana e não mais
como espaço de uso multifuncional. No Brasil, algumas das funções que faziam parte da
residência germânica campesina, como cozinha e diferentes serviços, foram readequadas
em volumes diversos. Assim é que observou-se a recorrência de casas com sala e
dormitório, tendo próximos a este volume principal outras edificações distintas como
banheiro, cozinha, estábulos e celeiros.
Em relação à ocupação dos lotes, Weimer (1983) teoriza sobre diferentes
possibilidades de implantação das construções no terreno, a partir das referências e
experiências trazidas do espaço natal do imigrante. Neste sentido, a composição dos
diferentes espaços, tais como casa, estábulo, potreiro, jardim, horta, e mesmo a área de
mata preservada, entre outros, teriam sua hierarquia e função na propriedade rural como
reflexo da própria composição das aldeias de origem.
5. Aspectos da arquitetura civil e oficial em Rio Pardinho e Boa Vista
Com relação a arquitetura civil, não se observou diferenças marcantes entre os
dois roteiros. Os estilos e as técnicas de construção que se destacam são:
5.1 O Enxaimel
A utilização da técnica do enxaimel na região do vale do Rio Pardo é, por definição,
uma adaptação do sistema construtivo tão utilizado na Europa Central, para uma nova
realidade que surgia aqui no Brasil para os colonos imigrantes alemães.
Quanto ao surgimento desta técnica, um dos problemas construtivos fundamentais
enfrentados era o fato de que toda madeira cravada no solo apodrecia facilmente, devido
à contaminação do material pela umidade da terra provavelmente. A solução começou a
surgir quando se elevou o tramado de madeiras verticais e horizontais do solo em cima de
uma base de fundações de pedra. Tal problema havia sido resolvido, porém, a estrutura
acabava por perder em rigidez, o que foi remediado com a utilização de peças
intermediárias de madeira em posições inclinadas e encaixadas (triangulação) entre si,
configuração esta que proporcionava uma resistência muito mais satisfatória ao conjunto
estrutural.
Na Europa, o enxaimel (fachwerk) se desenvolveu em locais onde havia
abundância de madeiras mais duras, como o carvalho, cujo uso foi se tornando mais raro
com o passar do tempo, já que é um tipo de árvore que demora muito para atingir idade
de corte, sendo então substituído pelo abeto ou faia.
Atendo-se então somente às características do estilo, verificamos que as primeiras
construções em enxaimel eram formadas pela associação triangular de peças de madeira
falquejadas e de seção quadrada. Os tramos eram vedados com alvenaria de tijolos
rejuntados com argamassa de barro, geralmente sem acabamento interno ou externo.
A comparação entre o enxaimel praticado no Rio Grande do Sul e o original alemão
nos leva a crer que a adaptação brasileira foi muito simplificada em relação à matriz
européia. Cada núcleo de imigrantes, vindos de diferentes regiões da Alemanha, utilizouse de suas interpretações culturais particulares para desenvolver o projeto da casa de
enxaimel. Obviamente que estas adaptações foram sofrendo mutações cada vez maiores
ao longo do tempo, com o advento das intervenções sofridas pelo passar das gerações.
As casas em enxaimel são mais raras, estando poucos exemplares às margens da
rodovia. Em geral, tais construções encontram-se localizadas atrás de casas em pedra ou
tijolos, construídas em períodos posteriores, sendo utilizadas como depósitos, cozinha ou
demais atividades de apoio às atuais moradias. Encontram-se entre elas as que possuem
tramos vedados com taipa, adobe, tijolos e arenito aparelhado.
5.2 Residências em Pedra Grês
Destacam-se em quantidade muito significativa, sobretudo no Vale do Rio
Pardinho, as casas em tonalidades rosadas da pedra grês. A maioria destas construções
data do final do século XIX e início do século XX, algumas não possuindo revestimento, e
outras rebocadas com argamassa ou caiadas. Observa-se que as estruturas e técnicas
construtivas deste tipo de construção ao longo do eixo Rio Pardinho apresentam
características bastante similares – tais como a situação do telhado geralmente em duas
águas e planta retangular, apresentando variações formais, como por exemplo as
esquadrias em arco abatido ou pleno, ou mesmo com vergas retas.
O uso da pedra grês na construção civil, destaca-se portanto, compondo uma
paisagem muito particular, se comparada com outras rotas rurais da região. Seu uso não
se restringe ao uso em paredes e fachadas, mas também foi largamente utilizado em
fundações, pisos, e porões de certas residências, em casos onde a edificação é elevada
do solo por uma base de pedra.
5.3 Residências em tijolos
As residências em tijolos maciços (a vista ou revestido) vieram substituir as
construções em pedra grês e representam uma fase de modernização no meio rural do
início do século XX e observa-se uma pequena quantidade representativa destas
construções. Com efeito, a instalação de olarias nas proximidades dos assentamentos
permitiriu o acesso a tais técnicas construtivas que, no entanto, seguiam os modelos
estético-formais das casas em pedra: planta retangular, telhado em duas águas de
cerâmica e fundação em pedra. Pode-se verificar que o tamanho dos tijolos (maciços)
utilizados é bem superior ao daqueles encontrados atualmente no mercado, resultando na
construção de paredes e estruturas bastante espessas, o que repercute nas temperaturas
internas das edificações.
5.4 A Influência dos estilos arquitetônicos “urbanos”
A influência de estilos urbanos, como o art nouveau, o ecletismo e o moderno
aparecem em boa parte nas residências, principalmente naquelas que se encontram
agora inseridas no centro das aglomerações humanas existentes ao longo do roteiro de
Rio Pardinho, os quais poderíamos denominar como pequenos núcleos urbanos. A
aparência destas casas acaba por romper definitivamente com o modelo rural tão
observado em outros exemplos ao redor, e é através do uso de frontões, varandas,
mansardas e modenaturas (imitação de pedra, a partir do uso de revestimento das
paredes externas), entre outros apêndices, que esta influência se mostra.
Com relação a arquitetura oficial observou-se os seguintes aspectos:
5.5 Arquitetura Institucional
Os prédios públicos nos roteiros turísticos atendem a funções básicas de sedes de
distritos: Boa Vista, como sede do 2º distrito e Rio Pardinho como sede do 9º distrito de
Santa Cruz do Sul.
Em Boa Vista destaca-se o prédio que abrigou a primeira Igreja da localidade, mais
tarde foi transformado em escola e hoje serve como capela mortuária.
Em Rio Pardinho destaca-se o prédio onde hoje encontra-se instalada a
Subprefeitura.
5.6 Arquitetura Comercial
A existência de vendas está bastante presente atualmente nos roteiros do turismo
rural. Em sua maioria são estabelecimentos que ocupam construções originalmente
concebidas para a atividade de lazer (salão de festas) e comercial, ou mesmo residências
adaptadas e com ampliações. Em geral constituíam-se em negócios de família
administrados por sucessivas gerações. Sua localização é mais próxima da via, de forma
a facilitar o acesso e dos moradores. Os materiais de construção mais comuns são a
pedra grês revestida e tijolos também com revestimento. Em alguns exemplares observase o mobiliário muito peculiar ainda original da época da construção, com utilização de
madeira e vidros. Na maioria das vezes estes pontos comerciais têm uma função
agregadora, pois acabam tornando-se também pontos de encontro e convivência das
pessoas que habitam a comunidade próxima, local onde trocam experiências. Os salões
de venda tomam lugar em construções com a mesma arquitetura original encontrada nas
residências antigas.
5.7 Arquitetura Religiosa – Igrejas
Os aspectos peculiares de cada templo religioso, católico ou evangélico, aparecem
quando se observa outros quesitos determinantes, como a época e o local em que foram
construídos e a comunidade à qual atendem. A Igreja do Imigrante, primeira igreja
evangélica edificada pelos imigrantes alemães em Rio Pardinho, em 1865, pode ser
observada em seus traços originais até os dias de hoje. Em Sinimbu destaca-se a Igreja
Católica, por seu estilo neogótico, com inúmeras imagens de santos, frisos, rosáceas,
arcos ogivais, entre outros aspectos.
As igrejas evangélicas e católicas dos roteiros apresentam uma tipologia
semelhante, ou seja, com uma única torre sineira no centro da fachada, na parte frontal, o
que cria uma simetria bilateral perfeita, emoldurada pelas naves laterais. As diferenças
apresentam-se nos detalhamentos das esquadrias e motivos decorativos, que variam
entre linhas retas e simples até elementos mais rebuscados. Geralmente as igrejas mais
antigas não tinham tanta preocupação com a busca de uma forma tão apurada, o que se
observa nos exemplares mais recentes. Há um destaque para uma igreja localizada em
Sinimbu que apresenta características muito peculiares na cúpula de sua torre central.
5.8 Arquitetura Religiosa – Cemitérios
Os cemitérios típicos da região estão quase que invariavelmente atrelados a uma
igreja específica ou propriedades particulares. São cemitérios que contêm diversos
túmulos ricamente ornamentados com esculturas, placas de bronze e o uso efusivo de
granito e mármore. É possível encontrar túmulos datados do século XIX, dos primeiros
imigrantes. Os cemitérios da rota de Boa Vista seguem o mesmo princípio de organização
dos encontrados em Rio Pardinho. Geralmente ao lado de Igrejas, atendem comunidades
ou famílias da localidade. Existem túmulos muito antigos, com lápides bastante decoradas
e com o uso de materiais nobres.
6. Paisagismo nos Roteiros de Turismo Rural na Região de Santa Cruz do Sul
Sugestões de paisagismo (em anexo) foram apresentadas pelo grupo de pesquisa
às comunidades de Rio Pardinho e Boa Vista, no sentido de propor alternativas de
melhoria para os espaços públicos dos eixos de circulação estudados. Desta forma, foram
definidos núcleos de ocupação, bem como trechos de integração entre estes que
mereceriam tratamentos especiais para valorizar as rotas turísticas.
Visando atender à solicitação das comunidades locais de Rio Pardinho e de Boa
Vista e, em atendimento a um dos objetivos desta pesquisa, foram definidas pelo grupo
de pesquisadores, sob responsabilidade mais direta das arquitetas Dra. Heleniza Ávila
Campos e Ms. Niara Clara Palma sugestões de melhorias paisagísticas, com destaque
para as margens das vias públicas que integram os roteiros turísticos. Após reuniões com
a comunidade, representantes da Prefeitura Municipal de Santa Cruz do Sul e de outros
setores públicos, tais como o DAER, além de visitas a campo realizadas no primeiro
semestre de 2003, tais sugestões foram apresentadas em maio do decorrente ano, sendo
identificados em cada rota núcleos de ocupação com atividades dinamizadoras e trechos
de rodovia que mereceriam tratamento diferenciado no sentido de qualificar as rotas
turísticas.
6.1 Rio Pardinho.
Foram identificados quatro núcleos principais de ocupação:
a)
Cucas Gressler;
b)
Subprefeitura de Rio Pardinho;
c)
Escola;
d)
Trevo;
Destacam-se
igualmente quatro trechos entre
tais
núcleos,
onde foram
identificadas as seguintes características:
a)
Trecho 1 (entre Cucas Gressler e Subprefeitura): possibilidade de criação de
acostamento no lado oeste da via;
b)
Trecho 2 (entre Subprefeitura e Escola): não há acostamento dos dois lados,
com declive muito acentuado;
c)
Trecho 3 (entre Escola e o Trevo): espaço para acostamento não definido e
existência de cercamento de terreno particular;
d)
Trecho 4 (após o Trevo): terreno acidentado e ausência de escoamento ao
longo dos dois lados da via.
6.2 Boa Vista.
Foram identificados quatro núcleos:
a)
Mirante;
b)
Salão Stüelp;
c)
Trevo do Supermercado e Agropecuária Boa Vista;
Destacam-se igualmente três trechos entre tais núcleos, onde foram identificadas
as seguintes características:
a)
Trecho 1 (mirante ao salão Stuelp): terreno acidentado com buracos e
espaço para acostamento no lado leste.
b)
Trecho 2 (entre salão Stuelp e supermercado): terreno bastante acidentado
com declive acentuado em alguns pontos e aclive em outros.
c)
Trecho 3 (entre o supermercado e o cemitério): terreno em aclive (lado
oeste), bastante acidentado e apresentando sinais de erosão, com raízes das árvores a
vista; no lado leste, há um declive com construções (oficinas) rentes à via e abaixo do seu
nível, invadindo espaços de circulação.
Como sugestão geral para as áreas, privilegiou-se os seguintes elementos:
Equipamentos de comunicação visual:
-
Uniformidade de placas de informação em cada edificação de valor histórico
reconhecido (data de construção, primeiro proprietário, curiosidades);
-
informações sobre pontos comerciais;
-
informações sobre pontos de visitação da natureza;
Mobiliário:
-
Bancos;
-
Paradas de ônibus (informações sobre linhas e mapas de localização);
-
Iluminação pública.
Infra-estrutura e serviços:
-
Acostamento;
-
Passeios públicos (quando possível);
-
Tipos de vegetação;
-
Criação de um centro de informações.
Sugeriu-se, como ação complementar importante e necessária ao controle das
alterações ambientais e paisagísticas das rotas a criação de legislação capaz de definir
formas de inserção de publicidade na paisagem, bem como recuos, gabaritos e outros
aspectos da ocupação dos terrenos lindeiros à via principal.
Cientes de que, para a efetiva implementação de melhorias faz-se necessário uma
participação das comunidades envolvidas, bem como o cumprimento dos compromissos
estabelecidos com a Prefeitura Municipal, as sugestões para melhorias paisagísticas
foram apresentadas aos representantes comunitários, bem como aos diversos
representantes do poder público. Aguarda-se, no entanto uma resposta mais precisa no
sentido de consolidar o processo de requalificação da paisagem local.
7. Elaboração de Cd-Rom, de folder e de site na Internet
Como um dos resultados previstos nesta pesquisa, concretizou-se o Cd-Rom e o
Site, que se propõem a divulgar os roteiros de Turismo Rural Rio Pardinho/Sinimbu e
Caminhos de Boa Vista. Este material, que se encontra em anexo, representa a
compilação, a estética e o layout, assim como, a pesquisa e a seleção de material para a
melhor divulgação possível dos roteiros analisados nesta. Sua elaboração deu-se a partir
da seleção e do preparo do material levantado pelos pesquisadores para, a partir daí,
inseri-lo num conjunto maior de publicação, sempre levando em consideração a constante
modificação necessária para uma boa formatação e visualização.
Seguindo a metodologia proposta, definiu-se inicialmente a contribuição do produto
a ser desenvolvido para o contexto do projeto, posteriormente a maneira mais adequada
e, por conseguinte, os recursos disponíveis e necessários para a execução da atividade.
Definiu-se que o propósito da elaboração do Cd-Rom, do Folder e do Site eram
motivação, entretenimento, informação, instrução e, sobretudo, divulgação dos Roteiros
de Turismo Rural Rio Pardinho/Sinimbu e Caminhos de Boa Vista.
Quanto ao desenvolvimento, elaborou-se os planos detalhados da criação do CdRom, do Folder e do Site identificando as páginas e/ou seqüências de telas, estrutura de
todos os elos de apresentação, conteúdo específicos de cada parte e/ou tela, escolha de
gráficos, vídeos existentes, etc, textos e ilustrações a serem incluídos em cada página
e/ou tela, layout e estética das mesmas, efeitos especiais (sonoros, animações, inserção
de vídeos existentes, entre outros).
Como implementação, utilizou-se software de apresentação, criatividade artística
na realização do layout das páginas e/ou telas, das seqüências animadas e na edição de
vídeos.
Para tanto utilizou-se como ferramentas aplicadas no desenvolvimento deste
trabalho, os software Illuminatus, Corel Draw, Paint Shop Pro, Photoshop, Photo Paint e
Dreamweaver, além dos software aplicados a geografia, como Idrisi, Surfer, AutoCad e
Corel Draw.
Como produto final apresentamos em anexo o Cd-Rom produzido para os Roteiros
de Turismo Rural Caminhos de Boa Vista e Rio Pardinho/Sinimbu, impresso na Editora da
UNISC, num total de mil exemplares, a serem distribuídos no decorrer de 2004 em
eventos de divulgação do turismo, bem como para Agências de Turismo receptivo,
proprietários rurais envolvidos na pesquisa, Secretarias Municipais de Turismo, Secretaria
de Turismo do Estado do Rio Grande do Sul – SETUR e no Salão Gaúcho do Turismo,
realizado anualmente em Porto Alegre. Da mesma forma, apresentamos o folder dos
Roteiros, que conta com 3 mil unidades impressas, que também será distribuído ao longo
de
2004.
Como
fechamento
da
pesquisa,
desenvolveu-se
um
site
http://geocities.yahoo.com.br/turismoruralscs, contendo as informações dos roteiros
pesquisados, através do qual pretende-se dinamizar a divulgação dos mesmos, em nível
nacional e internacional.
8. CONCLUSÕES
A título de conclusão consideramos que a efetiva implementação dos roteiros
turísticos somente será possível mediante um movimento de ampla cooperação entre as
comunidades locais e a Prefeitura Municipal. Despertar o interesse político da Prefeitura
Municipal para implementar as alterações e melhorias analisadas e apresentadas no
relatório desta pesquisa é uma tarefa essencial, e deve ser levada a cabo não só pelas
lideranças da UNISC, mas também pela comunidade em geral.
Foram observadas no processo de discussão com a Prefeitura Municipal algumas
dificuldades na implementação de melhorias nas rotas, como no caso do paisagismo,
considerado de difícil execução e, em algumas situações inviável, na maior parte do
roteiro de Rio Pardinho. Esta inviabilidade é conseqüência da falta de acostamento
necessário na estrada, além da existência de algumas casas muito próximas do asfalto,
não existindo um recuo mínimo. Devido a essas dificuldades de realização de melhorias,
alguns moradores da região têm demonstrado um certo descrédito na implementação
desses roteiros turísticos, gerando um sentimento de incredubilidade entre as lideranças
da comunidade quando o assunto é levantado. Mesmo assim, observa-se que diversos
moradores locais têm investido de forma particular em suas propriedades, algumas vezes
incluindo os espaços públicos.
O potencial turístico de fato existe, mas é necessário mais do que a simples
vontade e consentimento dos moradores, é preciso uma forte mobilização coletiva em
torno do tema, para que a comunidade tenha mais poder para fazer exigências junto à
administração municipal.
Enfim, a UNISC deu um passo muito importante no incentivo ao turismo rural na
região e na conscientização da população em relação a questões relativas ao tema. A
divulgação será realizada através dos folder, Cd-Rom, site e documentos da pesquisa, o
que permitirá o reconhecimento dos potenciais turísticos da região.
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