Minas Gerais Litotopônimo = português (português < francês + português < latim) = Estado do Brasil, localizado na região Sudeste, que compreende 853 municípios, reunidos em 66 microrregiões e 12 mesorregiões, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O território mineiro, assinalado ao dos primeiros achados minerais, situado no interior da América portuguesa, esteve, inicialmente, sob a jurisdição da Capitania do Rio de Janeiro. Essa circunscrição foi desmembrada com a criação da Capitania de São Paulo e Minas de Ouro, em 1709. A medida, tomada para aproximar a governança da Coroa portuguesa, que se efetivava por meio de um aparato administrativo, judiciário e militar, das suas ricas terras minerais, não obstante, não foi suficiente. Tornou-se necessária, em 1720, a criação da Capitania de Minas Gerais, compreendendo as Comarcas, já instituídas por volta da criação da Capitania de São Paulo e Minas de Ouro, Rio das Velhas ou Sabará, Rio das Mortes e Vila Rica, e a de Serro Frio, esta contemporânea à criação da circunscrição mineira independente. Mais tarde, ainda antes da independência do Brasil, com a interiorização do povoamento da Capitania, foram tomadas novas medidas que afetaram a sua configuração, como a subdivisão da Comarca de Sabará, para a criação da que se chamou Paracatu, em 1815, e a ampliação daquela, na mesma época, tendo em vista a incorporação de uma extensa área pertencente à Capitania de Goiás. Minas Gerais corresponde à região onde encontraram abundante ouro e, depois, outros metais, o que justifica a motivação do nome. Esse topônimo era empregado quando se desejava aludir à região das minas de forma generalizada; porém, antes da sua consolidação, o território era conhecido, também, pelos nomes: “Assistente nas minas”; “morador nas minas”; “caminho para as minas”; “minas dos Cataguás” ou “minas dos Cataguases”; ou, simplesmente, “as minas”. Oficializada em 1732, uma vez que passou a ser usada nas cartas régias, a designação “Minas Gerais” tornou-se corrente. Diante dos descobertos minerais, muitos mapas da área, para que fosse reconhecida ou situada no território colonial português, foram produzidos, embora poucos tenham se conservado. Evidencia-se, portanto, a obra do padre Jacobo Cocleo, provavelmente de 1694/1710, que se caracteriza como o documento cartográfico mais antigo a registrar a designação Minas Gerais, seguido pelo mapa anônimo das “Minas de Ouro”. Destacam-se outros conhecidos também na atualidade, realizados após a criação da Capitania de Minas Gerais e que registram esse nome geográfico no título das representações, a saber Rocha (Capitania 1777, 1778, 1793), (Comarcas 1777, 1778, 1779); Miranda (Capitania, 1804), Eschwege (Capitania, 1821), e Anônimos (Capitania, 1767, 1791 e 1808). Patrimônio Toponímico na Cartogra a Histórica de Minas Gerais Minas Gerais Coordenadores Márcia Maria Duarte dos Santos Maria Cândida Trindade Costa de Seabra Colaboradores Levantamento Cartográfico Márcia Maria Duarte dos Santos Antônio Gilberto Costa Análise Toponímica Maria Cândida Trindade Costa de Seabra Marianna De Franco Gomes Análise Geográfica Márcia Maria Duarte dos Santos Rodolfo Emiliano Russo Pereira Identidade Visual e Projeto Gráfico Najla Miranda Mouchrek GruMEL Grupo Mineiro de Estudos do Léxico Mapa da maior parte da costa, e sertão, do Brasil, extraído do original do P.e Cocleo Mapa das Minas do Ouro e São Paulo e Costa do Mar que lhe pertence (Anônimo, post.1710, AHEx, RJ). (Anônimo, c.1714/1717, BN, RJ) Patrimônio Toponímico na Cartogra a Histórica de Minas Gerais Departamento de Cartografia IGC - UFMG n As Comarcas da Capitania de Minas Gerais nos Setecentos As comarcas correspondem a importantes subdivisões territoriais das Capitanias criadas na América Portuguesa, que se encontravam sob a jurisdição de um Ouvidor. O cargo provido pelo rei visava à dispensação da Justiça de segunda instância aos moradores daquelas circunscrições. Embora relacionadas à antiga organização judiciária de Portugal, que se estendia às suas colônias, as comarcas eram também importantes referências territoriais para o exercício de atividades administrativas dos Capitães Governadores das Capitanias, como, por exemplo, a arrecadação de tributos. A criação de quatro comarcas no território das minas, logo nos primeiros anos dos Setecentos, evidenciam a extraordinária dinâmica demográfica e econômica que impulsionou a criação da Capitania, ligada estreitamente aos descobertos e à exploração do ouro e diamante. n A Comarca de Vila Rica, core da região mineradora onde os achados de ouro, nos finais do século XVII, se mostraram abundantes e duradouros, tornouse, no decorrer dos Setecentos, a terceira mais povoada da Capitania de Minas Gerais. Seu território, palmilhado por paulistas, reinóis e, paulatinamente, povoado por ambos, além de uma numerosa população escrava, já era ocupado, sobretudo, nas suas bandas orientais, por indígenas. Entretanto, foram os povoadores lusobrasileiros e a atividade de mineração que deixaram, predominantemente, suas marcas na nomeação das localidades que se formaram nos Setecentos. Nele constituíram-se importantes povoações, como Vila Rica (Ouro Preto) e Mariana, sedes, respectivamente, da comarca e do governo da Capitania e do bispado de Minas Gerais, e muitas outras sedes de paróquias – unidades de jurisdição de um bispado, indicativas de prosperidade de uma região, dentre as quais se destacam: Barra Longa, Cachoeira, Catas Altas, Congonhas, Itabira, Itatiaia, Ouro Branco, Piranga, entre outras. Atualmente a região corresponde aos territórios das mesorregiões Metropolitana de Belo Horizonte, Zona da Mata e Vale do Rio Doce. n Comarca do Rio das Mortes Essa extensa comarca, nos Setecentos, tornou-se a segunda mais populosa da Capitania. A área, ocupada em função de achados de ouro, foi valorizada pelas atividades agropastoris. Comarca do Sabará A mais extensa das comarcas de Minas Gerais nos Setecentos e a mais povoada também era chamada de Comarca de Sabará ou do Rio das Velhas, em razão do rio homônimo que corre por seu território. Foi nesse rio que recursos auríferos foram descobertos, dando ensejo à criação do território das Minas, que pertenceu a Capitania de São Paulo e Minas de Ouro, e, posteriormente, a Capitania de Minas Gerais, interiorizando a ocupação da América Portuguesa. Os numerosos arraiais da comarca que se formaram nos Setecentos registram, sobretudo, nomes de origem portuguesa, seguidos dos relacionados aos nomes híbridos e indígenas. Esses nomes, provenientes do léxico do ‘‘gentio’’, embora não predominantes, nomearam vilas e arraiais importantes no século XVIII e permaneceram na toponímia da região, apesar das mudanças verificadas nos séculos seguintes. Dentre eles, destacam-se: Caeté, Paracatu, Pitangui, Sabará e Itabira. Atualmente, essa grande área compreende, principalmente, municípios das mesorregiões Noroeste de Minas, Norte de Minas, Central Mineira e Metropolitana de Belo Horizonte. n Comarca de Vila Rica As Comarcas Mineiras nos Oitocentos Joanino No período em foco, as quatro comarcas mineiras criadas nos Setecentos são mantidas, mas o território de Sabará é dividido, criando-se uma nova circunscrição geográfica – a Comarca do Paracatu. Nos termos do Alvará de 17 de maio de 1815, coube a vila homônima ser a sede da Comarca, tendo como limites marcos importantes – os rios São Francisco e o seu afluente, o Abaeté do Sul. Das cabeceiras desses rios, o território da Comarca se estendia em direção oeste, até se limitar com a Capitania de Goiás e, a leste, com a Comarca do Serro Frio. No sul, a nova Comarca fazia limites com a de Sabará e a do Rio das Mortes. A representação desse território ocorre apenas em um mapa dos Oitocentos, Joanino, datado de 1821. O autor da representação, Barão de Eschwege, indica por intermédio de uma nota, onde deveriam ser situados os novos limites do centro-oeste mineiro, referentes à Comarca do Paracatu – nas proximidades do caminho de Goiás. Além disso, assinala os limites orientais da Comarca de Vila Rica e do Serro Frio, baseado em uma ordem régia, com a Capitania de Minas Gerais. No mapa em questão, o autor representa também as outras comarcas de Minas Gerais e Capitanias fronteiriças. Na atualidade, a área da Comarca de Paracatu corresponde a de municípios pertencentes às mesorregiões do Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba, Noroeste de Minas e Norte de Minas, a par, secundariamente, a Central Mineira. Minas Gerais nos Setecentos COMARCA DO SERRO FRIO COMARCA DO SERRO FRIO COMARCA DO PARACATU COMARCA DO SABARÁ COMARCA DO RIO DAS VELHAS (SABARÁ) Comarca do Serro Frio COMARCA DE OURO PRETO (VILA RICA) COMARCA DE VILA RICA Uma das mais extensas, era a menos povoada das comarcas da Capitania. Seu território foi criado a partir do desmembramento de área a leste do rio São Francisco, da Comarca de Sabará. A circunscrição foi ocupada em função da extração de diamantes e de ouro, encontrados na grande área ocupada pela serra do Espinhaço, bem como pelo desenvolvimento da pecuária, principalmente ao longo do rio São Francisco. No território se formou uma rede de caminhos, muito densa, que ligava a Capitania de Minas Gerais às de São Paulo, Rio de Janeiro e de Goiás. Ao longo desses caminhos e nas suas encruzilhadas, floresceram muitos povoados, destacadamente, os que se tornaram vilas nos Setecentos – São João D´el Rey, São José D´el Rey (Tiradentes), Tamanduá (Itapecerica), Barbacena, Queluz (Conselheiro Lafaiete) e Campanha da Princesa (Campanha), e nos Oitocentos, Joanino – Jacuhi e Baependi. No século XVIII, a região contava apenas com duas vilas, a Vila do Príncipe (Serro) , cabeça da Comarca, e a Vila do Fanado (Minas Novas), embora, nesse período, numerosos povoados tenham se formado. Atualmente, um pouco menos da metade dessas localidades guarda os nomes que receberam na sua fundação ou que registravam nos Setecentos. Esses topônimos eram, na sua maioria, de origem portuguesa, seguidos pelos de origem indígena. O território da Comarca, na atualidade, corresponde principalmente ao das mesorregiões Sul / Sudoeste de Minas e Campos das Vertentes, e, secundariamente aos do Oeste de Minas, da Metropolitana de Belo Horizonte e da Zona da Mata. Atualmente, essa grande área corresponde, principalmente, aos territórios das mesorregiões Jequitinhonha, Metropolitana de Belo Horizonte, Norte de Minas, Central Mineira; secundariamente, Vale do Mucuri e Doce. Minas Gerais nos Oitocentos COMARCA DO RIO DAS MORTES (Anônimo, 1791) Minas Gerais Mapa atual COMARCA DO RIO DAS MORTES (Eschwege, 1821, G, PT) n n