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CONCEPÇÕES DE MÃES SOBRE A ALIMENTAÇÃO DA CRIANÇA PEQUENA: O ALEITAMENTO
MATERNO E A INTRODUÇÃO DE ALIMENTOS COMPLEMENTARES
Mothers’ concepts on toddlers’ nourishment: breast feeding and the
introduction of food supplements
Luciana Maria Cerqueira Castro,1 Sheila Rotenberg,2 Jorginete Damião,3
Luciana de Azevedo Maldonado,4 Carolyne Pimentel Rosado5, Nathália de
Oliveira Baptista5
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo analisar as práticas alimentares de crianças menores
de dois anos, a partir da compreensão das concepções das mães sobre a alimentação
e dos fatores associados a ela. Esta é uma pesquisa qualitativa que utilizou a técnica
do grupo focal com mães de crianças de 8 a 16 meses que freqüentam uma unidade
de atenção à saúde, na cidade do Rio de Janeiro. O grupo discutiu o assunto a partir
da questão: Como se deu a introdução de alimentos para seus filhos? A análise das
falas revelou que, ao se tratar da alimentação da criança pequena, necessariamente se
fala da prática do aleitamento materno e da ambigüidade da experiência para a
condução da vida da mulher. Em relação à alimentação complementar, destacam-se:
o conceito de comida, o manejo da alimentação, as dificuldades para oferta do
alimento, a criança que não come e as preferências de mães e crianças. Os resultados
apontam lacunas no trabalho de incentivo à amamentação e em relação à introdução
de alimentos complementares, evidenciando a necessidade de implementação de medidas
para o incentivo e apoio dessas práticas pelos profissionais de saúde, assim como de
atualização destes.
PALAVRAS-CHAVE
Práticas alimentares, criança, alimentação infantil
ABSTRACT
This article aims to analyze food practices among children aged less than two years,
based on the comprehension of mothers’ concepts on nutrition and associated factors.
1
Doutora em Saúde Coletiva. Professora do Departamento de Nutrição Social do Instituto de Nutrição
da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Rua São Francisco Xavier, 524, 12º andar, Bloco D,
sala 12001, Maracanã, Rio de Janeiro. CEP: 20550-013. E-mail: [email protected]
2
Mestre em Saúde da Mulher e da Criança. Sanitarista do Instituto de Nutrição Annes Dias - Prefeitura
do Rio de Janeiro. Professora da Faculdade de Nutrição da Universidade Federal Fluminense.
3
Mestre em Saúde Pública. Sanitarista do Instituto de Nutrição Annes Dias - Prefeitura do Rio de
Janeiro. Professora do Departamento de Nutrição Social do Instituto de Nutrição da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro.
4
Mestre em Educação. Sanitarista do Instituto de Nutrição Annes Dias - Prefeitura do Rio de Janeiro.
Professora do Departamento de Nutrição Social do Instituto de Nutrição da Universidade do Estado do
Rio de Janeiro.
5
Discente do Curso de Graduação em Nutrição da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
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This is a qualitative research that used the focal group technique, carried out with
mothers of children aged 8-16 months who attend to a primary care unit in Rio de
Janeiro. The group discussed the issue based on the question “How was food introduced
to your children?”. The analysis of speeches revealed that, concerning toddlers’
nourishment, breast feeding is always mentioned, as well as the ambiguous experiences
related to women’s life. Concerning supplementary nourishment, some topics were
highlighted: food concept, food manipulation, difficulties to offer food, the child who
does not eat, and mothers’ and children’s preferences. The results point out gaps in the
task of foster breast feeding and in the introduction of food supplements, showing the
need for actions to foster and support these practices by healthcare professionals, as
well as for their continuing education.
KEY
WORDS
Food practices, children, children nourishment
1. INTRODUÇÃO
No Brasil, tem sido observada uma melhoria nos indicadores da prática de
amamentação (Venâncio & Monteiro, 1998; Brasil, 2001; 2002; Castro et al.,
2004), resultado do investimento das políticas públicas desenvolvidas dentro do
setor de saúde junto aos órgãos afins. Destacam-se hoje as estratégias de promoção
da amamentação, tais como: a Iniciativa Hospital Amigo da Criança, Método
Mãe Canguru, a Iniciativa Unidade Básica Amiga da Amamentação, a Rede
Nacional de Bancos de Leite Humano, o Projeto Bombeiro Amigo da Vida e a
Semana Mundial de Amamentação. Merece ser sinalizado, também, o avanço na
legislação sobre a comercialização de leites artificiais e as leis trabalhistas.
No entanto, apesar dos avanços, a prevalência do aleitamento materno ainda
é aquém das recomendações internacionais, tanto na duração da amamentação
quanto na manutenção do aleitamento exclusivo até os seis meses de vida, em
muitas regiões do país (Brasil, 2002).
Além disso, tem sido observado um grande hiato na discussão sobre a introdução de alimentos complementares ao aleitamento materno no primeiro ano de
vida e a sua prática cotidiana. Os dados existentes indicam que, para a maioria
das crianças, os alimentos complementares são introduzidos precocemente e são
freqüentemente inadequados qualitativa e quantitativamente (Brasil, 2002).
Ao longo das últimas décadas, estudos têm mostrado que esse tem sido um
momento vulnerável para a construção de práticas alimentares, tornando-se alvo
de preocupação tanto por parte das famílias quanto dos profissionais de saúde,
frente ao atual cenário de transição nutricional (Monteiro, 2000; Dewey & Brown,
2003). Temos observado como conseqüências da introdução inadequada de
alimentos: desmame precoce, obesidade, alergias, doenças crônicas, desnutrição,
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O ALEITAMENTO MATERNO E A INTRODUÇÃO DE ALIMENTOS COMPLEMENTARES
diarréias e outras doenças infecciosas, desaceleração do ritmo de crescimento e
desenvolvimento, estabelecimento de hábitos alimentares inadequados no início
da vida que tendem a se acentuar na primeira infância e na adolescência, entre
outras (Brasil, 2001; Accioly et al., 2003; Dewey & Brown, 2003).
Diante dessa situação e com base nos avanços acumulados nos últimos anos,
o Ministério da Saúde divulgou recentemente duas publicações sobre alimentação
complementar, nas quais são discutidas as práticas adequadas da alimentação
infantil, fatores que afetam essas práticas e recomendações sobre o manejo da
alimentação infantil no primeiro ano de vida. Nessas publicações, também são
apresentadas as principais crenças e tabus mantidos por pais e profissionais de
saúde, indicando orientações para a modificação do quadro (Brasil, 2002).
Concordamos com Giard (1996, p. 249) quando ela coloca que se come o
“que se pode oferecer e aquilo que gostamos de comer”. O “poder”, continua a autora: “está
relacionado ao que está disponível, ao acessível como o preço, ao assimilável pela digestão, ao
permitido pela cultura, ao valorizado pela organização social e o gostar está relacionado ao que foi
apresentado na infância e à forma como isto aconteceu”.
O desenvolvimento alimentar infantil ocorre a partir da relação da criança
com os alimentos no primeiro ano de vida, caracterizando-se por um momento
de aprendizado, que envolve eventos psicológicos positivos e negativos. Essa
experiência contribui para a formação de preferências alimentares individuais,
controle da ingestão e construção de um padrão de aceitação alimentar que
influencia na estruturação do comportamento alimentar da vida adulta.
Nesse contexto, nosso estudo direciona-se a indagar: o que tem orientado
pais e profissionais de saúde na introdução de alimentos; qual foi o discurso
construído por esses dois segmentos para fundamentar suas práticas; as novas
orientações têm sido trabalhadas com a ; como tais orientações têm sido incorporadas pelas famílias?
O presente artigo focou a percepção materna sobre a prática alimentar
infantil. Entretanto, este integra um estudo mais abrangente: “Práticas alimentares
no primeiro ano de vida: um estudo em dois municípios do Estado do Rio de
Janeiro”, aprovado pelo Comitê de Ética de Pesquisa da Universidade do Estado
do Rio de Janeiro, sob o número 008/2005. A continuidade deste estudo tratará
da percepção dos profissionais de saúde sobre suas atuações em relação à
introdução de alimentos no primeiro ano de vida.
2. METODOLOGIA
Para desenvolver este trabalho, a pesquisa utilizou a técnica do grupo focal,
ferramenta da metodologia qualitativa, o qual objetiva a compreensão aprofundada
de crenças, atitudes e comportamentos dentro de um grupo determinado, através
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da análise da linguagem verbal e não-verbal da população de estudo (CarliniCotrim, 1996; Victora et al., 2000).
Nesse tipo de estudo interpretativo, a entrevista é conduzida numa forma de
diálogo conjunto entre os participantes sobre um tema específico, seguindo roteiro
previamente elaborado. Essa flexibilidade permite a superação das dificuldades
dos contatos breves e dos questionários fechados, os quais não estão sensíveis ao
recebimento de informações não previstas (Victora et al., 2000; Minayo et al.,
1997). O critério central que define a amostra da pesquisa qualitativa não é
numérico, portanto a amostra é considerada satisfatória quando há reincidência
de dados. No entanto, o número reduzido de participantes restringe as generalizações (Minayo, 1992).
O grupo focal foi realizado com cinco mães de crianças de 8 a 16 meses, que
freqüentam uma unidade de atenção à saúde no município do Rio de Janeiro. As
mães foram abordadas na sala de espera da unidade e aquelas que aceitaram
participar da pesquisa foram encaminhadas ao grupo. Cabe ressaltar que todas as
crianças, no momento do estudo, recebiam acompanhamento do setor de nutrição.
A concordância foi feita por escrito, com assinatura das mães em termo de
consentimento livre e esclarecido. O grupo focal foi conduzido por um coordenador e um observador com experiências prévias nesta metodologia. As mães discutiram suas práticas a partir da pergunta: como se deu a introdução de alimentos
para seus filhos? As informações foram colhidas mediante gravação da fala do
grupo e posterior transcrição das fitas.
A análise ocorreu através do estabelecimento de categorias, as quais agruparam
idéias ou expressões das falas das mães. A articulação entre as categorias formuladas: manejo da alimentação infantil, aspectos culturais, preferências e hábitos
da família e influência dos profissionais, conjugada com os conceitos teóricos,
permitiu o entendimento sobre as práticas alimentares dessas crianças.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
As cinco mães participantes do grupo focal tinham menos de 6 anos de
escolaridade, 3 delas residiam com o companheiro ou marido e todas elas freqüentavam a unidade de saúde para acompanhamento dos filhos na clínica pediátrica
e na nutrição.
A primeira forma de a criança alimentar-se é através do leite materno.
Historicamente, a prática da amamentação tem nos revelado que, embora seja
ideal, nem sempre foi a única alternativa para alimentação da criança (Badinter,
1985; Almeida, 1998).
Para a maioria das crianças do grupo pesquisado, a época da introdução de
alimentos complementares ao leite materno foi precoce (dois, quatro e cinco meses).
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O ALEITAMENTO MATERNO E A INTRODUÇÃO DE ALIMENTOS COMPLEMENTARES
Destaca-se, porém, que apenas uma delas não permanecia com aleitamento
materno na época deste estudo. Esse achado é condizente com o relato de outros
autores que dizem que crianças que iniciam a ingestão de outros alimentos precocemente continuam em aleitamento misto (Vieira et al., 2003; Soares et al., 2000).
Neste trabalho, pudemos verificar que as múltiplas atribuições da mulher,
somando-se às suas necessidades pessoais, foram um dos fatores destacados como
justificativa para a introdução de alimentos antes dos seis meses.
“[...] Atrapalha [aleitar]... depois, se eu dou de mamar, vou para o curso com o peito
explodindo [...].” F.
“[...] Tirei o peito quando ela tinha quatro meses [...] se eu demorasse mais, ia ser mais
difícil de tirar [...] preciso trabalhar.” V.
“[...] Sei que o certo é até seis meses [...] é difícil [...] preciso trabalhar, estudar.”A.
Estas falas expressam uma questão também por nós levantada que diz respeito
ao processo de produção e oferta do leite materno. Nas mensagens de incentivo
ao aleitamento materno defende-se ser este o melhor, o ideal, que já vem pronto
e que não dá trabalho. Este discurso de ausência de trabalho também gera uma
contradição, pois, na prática, as crianças amamentadas exclusivamente mamam
em intervalos menores, solicitando mais atenção por parte de suas mães. Embora
historicamente esse trabalho feminino não seja considerado, as mulheres o vivenciam
no seu cotidiano.
No que diz respeito à participação da mulher no mercado formal de trabalho,
alguns estudos verificaram que o trabalho materno influencia o início do processo
de desmame e o tempo de aleitamento materno. As mães que não trabalham fora
do lar têm maior disponibilidade para o aleitamento materno indicando que o
trabalho, formal ou informal, é uma atribuição acrescida ao cotidiano da mulher,
motivando a introdução precoce de alimentos (Escobar et al., 2002; Simon et al.,
2003; Vianna et al., 2007).
Como salientam alguns autores, a alimentação, tal qual a amamentação, sofre
o efeito de um conjunto de condicionamentos e de complexas interações. O
hábito alimentar, o ato de comer, está associado à biologia da espécie humana e
aos aspectos adaptativos, em função de condições particulares de existência. No
entanto, comer e, no caso específico da criança pequena, oferecer-lhe alimentação
não é uma mera atividade biológica, é um ato carregado de significados e emoções
associados a circunstâncias e acontecimentos que transcendem a pura necessidade
de nutrir (Rotenberg & De Vargas, 2004; Ramos & Stein, 2000; Poulain, 2004).
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Outra questão percebida nas falas é a de que as mães sabem que devem
amamentar até os seis meses, porém, na necessidade de ausentar-se de casa,
quando pensam em introduzir novos alimentos, não consideram a manutenção
do aleitamento materno nos períodos em que está em casa e sim a substituição do
leite materno por outros alimentos.
Observou-se também no discurso das mães que a justificativa para a introdução
de alimentos é a crença de que o leite materno é fraco e, por conseqüência, pode
não contribuir para o crescimento da criança. Esse dado não difere do que foi
relatado em outros estudos, nos quais se observa que um dos determinantes de
abandono do aleitamento materno é a concepção de que o leite materno é fraco
(Soares et al., 2000; Escobar et al., 2002, Ramos & Almeida, 2003).
“[...] Ele não conseguia pegar peso [...] o que tava mais dando a ele era o peito. Só peito.
Só peito.” M.
“[...] Depois que eu vi que ele tava emagrecendo, ficando doente [...] só que ele tava
doente, aí dei comida para pegar mais peso [...].” E.
“[...] Eu acho que não alimenta nada.” F.
Estas falas salientam a ambigüidade da prática da amamentação, embora,
as mães relatem que a criança deveria receber somente leite materno até os
seis meses, a falta de apoio e de informação gera dúvidas e ansiedade para
a família.
O leite materno contém nutrientes em qualidade e quantidade necessárias à
manutenção da saúde e ao crescimento adequado da criança nos seis primeiros
meses de vida. A maioria dos bebês não necessita de nenhum outro alimento
complementar durante esse período. No entanto, a observação da “pega” e da
duração da “mamada” são importantes. A “pega” inadequada e a retirada da
criança do peito antes que sugue o leite posterior podem prejudicar o ganho de
peso, situação plenamente reversível desde que a mãe seja ouvida e acolhida pelo
serviço de saúde (Brasil, 2002; Accioly et al., 2003).
Neste estudo, verificamos que as mães, quando iniciam a introdução de
alimentos, o fazem através de mingaus oferecidos na mamadeira ou de leites
modificados, reforçando a compreensão de que consideram a necessidade de
substituir o leite materno por outras fórmulas lácteas.
“O primeiro alimento que não foi o peito foi mamadeira de Cremogema.” M.
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O ALEITAMENTO MATERNO E A INTRODUÇÃO DE ALIMENTOS COMPLEMENTARES
“[...] Com dois meses, eu dei a primeira mamadeira... leite... acho que com Cremogema, na
época, não me lembro.” F.
“[...] Mamou até os quatro meses e, depois dos quatro meses até os oito meses, mamou
NAN.” V.
Esses dados confirmam os encontrados por Soares et al., 2000, nos quais se
verificou que os alimentos introduzidos em maior proporção são os leites em pó
e farináceos na forma de mingau. Ressalta-se que a introdução precoce de
alimentos ricos em amido está relacionada aos distúrbios gastrintestinais e podem
interferir na absorção de outros nutrientes, resultando daí em falha no crescimento (Vieira et al., 2004). Acrescenta-se a isso o fato de que o estabelecimento
de hábitos alimentares inadequados no início da vida tende a se acentuar na
primeira infância e na adolescência (Brasil, 2002; Accioly et al., 2003).
Farias Junior e Osório (2005) destacam, em seu estudo sobre o padrão
alimentar de crianças menores de cinco anos, que a utilização do leite de vaca é
alta. Sendo um alimento de custo elevado, a inserção precoce na alimentação das
crianças parece ser uma característica cultural.
Assim, mais uma vez, a exemplo do que foram as ações voltadas ao resgate da
cultura da amamentação no Brasil, cabe um papel às políticas públicas e aos
profissionais de saúde de contribuição para a mudança desta forma de alimentação.
Compreende-se que a alimentação da criança no primeiro ano de vida é um
processo. É um momento de transição entre o alimento líquido, o leite materno,
o alimento de consistência pastosa e a “comida de panela” – comida mais próxima
daquela que a família consome (Rotenberg & De Vargas, 2004; Monte &
Giugliani, 2004).
A partir dos seis meses, a criança necessita receber outros tipos de alimentos
para que suas necessidades nutricionais sejam atendidas. As dificuldades enfrentadas
por mães ou cuidadores nesse período vão, como vimos, desde o tipo de alimento
ofertado, até a forma de preparo, a consistência e as quantidades adequadas às
necessidades da criança. Destaca-se que essa é uma etapa crítica, que merece
atenção, apoio e orientação dos profissionais.
Em relação à consistência do alimento, neste estudo encontramos desde mães
que ainda oferecem alimentos liquidificados até aquelas que seguem as orientações
preconizadas (Brasil, 2002).
“[...] Bato tudo [...] dou sopinha [...] ponho no liquidificador, bato tudo. [...] Agora não,
porque, como ele tem dente, eu só amasso pra ele comer uma comidinha picadinha.” F.
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“[...] Agora ela come arroz, feijão, macarrão, coisas assim... sem amassar, sem nada.
Come numa boa.” M.
“[...] Eu dei legumes amassados assim. Comecei a dar com seis meses.”A.
Segundo a orientação do Ministério da Saúde (Brasil, 2002), o uso de alimentos
liquidificados, devido a sua baixa densidade energética, é contra-indicado, preferindose o uso de papas de consistência brando-pastosa. Assim como a introdução de
alimentos complementares ao leite materno, em torno do sexto mês de idade,
apresenta correspondência com a fisiologia, o consumo de alimentação apropriada
também contribui para o desenvolvimento de algumas funções. A própria modificação
na consistência dos alimentos – que implica o processo de mastigação, deglutição e
digestão – é extremamente importante para a musculatura facial, para a dentição,
para uma melhor irrigação cerebral, para as funções gastrintestinais, entre outras
(Brasil, 2002; Accioly et al., 2003; Rotenberg & De Vargas, 2004).
Conforme vimos, além da época e da consistência dos alimentos, outra questão
apontada é diz respeito ao horário das refeições.
“[...] Ela acorda assim entre 8h30min e 9h. Eu dou uma madeira de Mucilon e leite
Ninho. Aí, quando é 10h, 10h30min, eu dou uma banana na mão dela para ela comer.
E, 11h30min, 12h, eu dou o almoço, uma carne. E, 18h, 19h, não passa disso, eu dou
a janta. E mais tarde eu dou a mamadeira.” M.
“Minha filha acorda 10h. Aí mama mamadeira de farinha Láctea com leite Ninho. Aí,
quando dá 12h assim, eu dou um pouquinho de comida pra ela e boto no chão pra vê se
ela come. Ela come só um pouquinho e deixa. E também só assim ela come, porque se eu
for dar, ela não quer.” V.
“[...] Geralmente eu dou o almoço meio-dia, meio-dia e meia. É que ele acorda 10h, tem
dia que acorda 12h. [...] Mas o almoço eu sempre marco duas ou três horas depois que ele
acordou. [...] Quando ele acorda 6h da manhã, eu dou almoço entre 11h30min e 12h.
Quando ele acorda 12h, eu dou mais tarde.” F.
Pudemos identificar que algumas crianças acordam tarde, implicando muitas
vezes a perda de alguma refeição, ou mesmo um intervalo curto de apenas duas
horas entre uma refeição e outra, o que poderia levar à ingestão de menor
quantidade de comida.
A introdução de alimentos e a ingestão de comida de sal foram relatadas por
algumas mães como um problema, sendo necessário o desenvolvimento de várias
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estratégias para que a criança coma. No entanto, estas estratégias por vezes podem
introduzir práticas que dificultam o estabelecimento de um ritual no horário da
refeição que possibilite que este seja um momento tranqüilo e prazeroso para a
criança e para o cuidador.
“[...] Quando ela não quiser comer mais, eu deixo o prato assim perto dela e deixo ela
mexer [...] às vezes, na bagunça dela, ela come alguma coisa. [...] Mas tem que sofrer,
ralar muito [...] dar umas mil voltas no quintal, mostrar cachorro, galinha, pato, o que
tiver pela frente [...] pra ela comer é difícil.” A.
Nesta fala identificou-se outra questão que diz respeito a “como e onde” a
comida é oferecida à criança.
“[...] Só se botar um pratinho pra ela, ela até come um pouquinho... A minha filha come
com o pratinho, com a colherzinha.” M.
“[...] Só se botar um pratinho pra ela, ela até come um pouquinho [...] mas dando pra
ela, ela não come [...] só mamadeira.” V.
A partir destas falas percebe-se que estas mães incentivam, buscam a autonomia
e o aprendizado, aspectos importantes para o crescimento e desenvolvimento do
seu filho. Pois, a alimentação é uma das formas mais concretas de a criança
pequena estabelecer contato com o mundo. Sugar o peito, segurar copos, mamadeira, alimentos, manipular utensílios, mastigar são conhecimentos que a criança
vai adquirindo de acordo com sua idade e seu desenvolvimento. Assim, para seu
crescimento, é importante que ela vá se tornando mais independente (Rotenberg
& Vargas, 2004; Ramos & Stein, 2000). O processo de alimentação permite o
estímulo de diversas sensações: táteis, auditivas, olfativas, visuais, gustativas e afetivas.
A criança, a partir dos seis meses, já pode se sentar, apreender objetos na
mão; com um ano, já se locomove sozinha em pé, adquirindo um pouco
mais de independência e aprimorando seu equilíbrio, sua coordenação das
mãos, e pode, por exemplo, levar a comida até a boca (Rotenberg & De
Vargas , 2004; Capaldi, 1996).
Em relação a quantidade e qualidade, as mães estabelecem uma definição
da criança em relação à alimentação: a criança que “come de tudo” e aquela
que “não come”.
No primeiro caso, verifica-se certa ambigüidade entre a quantidade e a
variedade de alimentos. Por vezes a valorização da quantidade ingerida
pela criança prevalece sobre os diferentes tipos de alimentos que deveriam
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compor a refeição, podendo dessa forma mascarar uma alimentação de baixo
valor nutricional.
“[...] Prato de comida. Se a senhora colocar um prato de comida, ele cai dentro.” E.
“[...] Meu filho come de tudo [...] Tudo que você der para ele, ele come.” F.
Conforme Abreu e Fisberg (2006), o “comer de tudo” e o “não comer”
relacionam-se com a influência dos pais, sobretudo da figura materna. O contexto
familiar atua positiva ou negativamente no ritual alimentar infantil, porquanto
afeta a seletividade alimentar, apetência e estado emocional.
Podemos evidenciar também que, ao contrário da criança que “come de
tudo”, algumas crianças apresentam resistências ao consumo de “comida”. As
mães relatam que a criança não come. A partir da queixa de que “a criança não
come”, “não mastiga”, as mães ou transformam o momento da alimentação em
um sofrimento ou substituem a “comida” por mamadeira ou leite.
“[...] Fruta ela come, mas comer comida mesmo, ela não gosta.” A.
“[...] Tento dar, mas ela fica cuspindo. [...] Comida ela não aceita. Ela só mama
mamadeira.” V.
A dificuldade de ingestão de determinados alimentos é freqüentemente relatada pelas mães.
“[...] A minha filha é tão ruim de comer coisas [...] Eu tento dar alimento diferente, mas
ela não pega, faz vômito, cospe [...] Só comia três colherzinhas, dessas pequenininhas de
chá.” A.
O desconhecimento de fatores biológicos e psicossociais é percebido no
conteúdo das falas das mães, sendo prejudicial para o desenvolvimento do
comportamento alimentar infantil. A neofobia alimentar – relutância em experimentar novos alimentos – é um fenômeno muito recorrente na época de introdução
de alimentos. Essa pode ser interpretada erroneamente pelos pais, os quais deixarão
de ofertar o alimento por acharem que a atitude da criança significa uma rejeição
definitiva (Ramos & Stein, 2000).
Esse acontecimento de queixa familiar sobre a redução do apetite do filho
também é verificado no final do primeiro ano de vida. Trata-se da “anorexia
fisiológica” – distúrbio não-verdadeiro caracterizado pela diminuição da ingestão
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O ALEITAMENTO MATERNO E A INTRODUÇÃO DE ALIMENTOS COMPLEMENTARES
alimentar devido à desaceleração do crescimento e à enormidade de estímulos
ambientais, e que não acarreta alterações no estado nutricional (Kachani et al.,
2005). Dessa forma, a família deve ser orientada sobre as modificações no hábito
alimentar infantil, porquanto a redução na quantidade de alimentos, não necessariamente, vincula-se a conseqüências negativas para o desenvolvimento e o
crescimento da criança.
Giugliani e Victora (2000), do mesmo modo, ressaltam a monotonia alimentar
como uma característica importante para a manifestação da rejeição alimentar.
Assim, um dos aspectos também identificados em outros estudos com relação
à “criança que não come” é que essa expressão denomina a criança que não
come bem a “comida”, ou seja, o arroz, o feijão e a carne, também como não
come a quantidade que a mãe julgue suficiente (Rotenberg & De Vargas, 2004).
As preferências alimentares das crianças – o que a criança gosta – foram
identificadas nas falas das mães. Evidenciou-se que as frutas não são consideradas
como comida e a associação entre comida e “alimento de sal”.
“[...] Fruta ela come, mas comer comida mesmo, ela não gosta... Ela gosta de maçã, pêra,
banana. [...] Gosta de uma banana. [...] Pode dar inteira na mão dela, que ela vai
comendo.” A.
“[...] Ela gosta de comer maçã, caqui, kiwi, uva, laranja, banana, qualquer tipo de fruta.
Maizena, recheado ela gosta. Fofura, ela gosta muito de Fofura.” V.
Por outro lado, percebe-se que o não-comer está associado ao ato de “beliscar”.
No entanto, essa prática denota uma busca pelo conhecimento do novo alimento,
o que contrasta com uma recusa. Portanto, evidencia-se uma contradição na
percepção materna sobre a formação do hábito alimentar infantil (Ramos &
Stein, 2000). Vale ressaltar que grande parte dos alimentos industrializados
apresenta alta densidade energética e que mesmo o consumo de pequenas porções
entre as refeições pode contribuir para a perda do interesse na comida de sal.
“[...] Ela não gosta muito assim de biscoito, Danone. Ela pára, belisca, mas não
come...” A.
As práticas alimentares são sempre influenciadas por fatores socioeconômicos,
culturais, psicológicos, além dos biológicos e afetivos. No caso das crianças, destacase o seu desenvolvimento anatomofisiológico e a sua relação com a mãe ou com
o cuidador (Vieira et al., 2004; Garcia, 1999). Nesse caso, é importante considerar
a família: seus hábitos, estilo e condições de vida.
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“[...] Minha mãe come de tudo. Minha irmã come tudo. Mas eu não. Só como arroz e
feijão... O que eu não como, ele come. Não como legumes, o único legume que eu como é
batata. O resto eu não como nenhum, ele come de tudo. E mesmo eu não comendo eu dou
a ele. Eu não como nada do mar, mas se acostumar ele come.” F.
“[...] Ah, o pai. Ele quase não come legumes também. E batata é a mesma coisa. Mas as
outras coisas assim, ele não gosta.” A.
“[...] Eu sou muito chata de comer. Todo mundo come... O pai dele come de tudo, come
legumes, come tudo que... legumes, essas coisas, ele come. Mas eu finjo que não existe na
geladeira.” E.
Como destaca Garcia (1999), no ritual da alimentação, desde a escolha, a
preparação e a ingestão da comida pela criança, perpassam aspectos simbólicos
associados às relações familiares e sociais, sendo a alimentação estreitamente ligada
ao âmbito dos afetos, vinculada mais especificamente à figura da mulher, da mãe.
O gosto é construído a partir das características organolépticas do alimento e do
aprendizado num contexto emocional e social.
Além da família, os profissionais de saúde têm um papel relevante na orientação
e apoio, tanto em relação ao aleitamento materno quanto a uma alimentação de
transição adequada a cada faixa etária da criança. No entanto, Neste estudo,
apenas duas mães relataram terem recebido alguma informação por parte dos
profissionais de saúde a respeito do aleitamento materno e/ou da introdução de
outros alimentos nos primeiros meses de vida.
“[...] Falavam a mesma coisa: de amamentar até os seis meses, não podia dar água e chá.
Era no consultório. [...] Nas palestras, falavam da nossa alimentação, de como cuidar da
criança, como amamentar, essas coisas.” A.
“[...] Eles [profissionais de nutrição que faziam sala de espera] falavam sobre
aleitamento, para manter sempre a criança no peito. Para ter aleitamento só exclusivo, só
peito, pra não dar chá, água, essas coisas. Só isso. [...] O médico não falava nada.” F.
Porém, esta mesma mãe relatou dificuldades no primeiro mês em relação ao
aleitamento que poderiam ter sido sanadas com apoio e orientação.
“[...] O bico do meu peito rachou, meu leite empedrou... mas, tirando isso [...] meu leite
empedrou e ele não tinha nem um mês ainda. [...] Mamou muito pouco, meu peito enchia
muito [...] depois foi normal.” F.
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DE MÃES SOBRE A ALIMENTAÇÃO DA CRIANÇA PEQUENA:
O ALEITAMENTO MATERNO E A INTRODUÇÃO DE ALIMENTOS COMPLEMENTARES
Oliveira et al. (2005), encontraram em seu estudo que 66,2% das mães com
condições de vida melhores – expressa pela maior escolaridade – receberam
orientação de um profissional de saúde sobre a alimentação da criança, e este
percentual cai para 25,5%, quando as condições de vida são piores; sendo que,
neste último caso, as orientações vêm de vizinhos ou parentes (74,5%).
Os resultados obtidos apontam lacunas importantes no trabalho de incentivo à
amamentação e de introdução de alimentos complementares, evidenciando a necessidade de implementação de medidas de intervenção para incentivo e apoio dessas
práticas, focando o acolhimento das mães pelos profissionais nas unidades de saúde.
Ressaltamos uma das limitações deste estudo, a realização de apenas um
grupo focal, o que limita a abrangência dos resultados; porém, vale destacar que
os achados estão em acordo com aqueles da literatura, reforçando sua validade.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados deste estudo contribuem para o debate sobre a complexidade
da alimentação da criança nos primeiros anos de vida. Necessariamente fala-se
em aleitamento materno – o seu manejo, as dificuldades para deixar de ofertá- lo
e a ambigüidade da experiência para a condução da vida da mulher. Por outro
lado, fatores de ordem econômica, social e cultural estão fortemente associados à
prática, bem como o acesso à informação. O oferecimento precoce de alimentos
está associado à maior ocorrência de anemias, doenças infecciosas, comprometimento no crescimento físico e obesidade na fase da adolescência e adulta.
É consenso, em relação ao cuidado da saúde da criança, que a alimentação é
um aspecto fundamental para garantia do estado nutricional e de saúde. No entanto,
embora seja importante para a saúde, o ato alimentar, é complexo e envolve
diferentes facetas. O comportamento alimentar infantil e a sua interação familiar
merecem um aprofundamento conceitual de natureza psicológica, cultural e social.
Da mesma maneira, a formação dos profissionais de saúde, que ainda
mantém o foco nas necessidades fisiológicas e na própria doença, precisa avançar
na compreensão desse processo. As questões cotidianas enfrentadas pelos familiares
no cuidado com a alimentação muitas vezes não são consideradas pertinentes
pela equipe de saúde. Destaca-se, nesse caso, a importância de uma orientação
mais abrangente por parte dos profissionais de saúde, desde o pré-natal até o
atendimento de puericultura.
* Agradecimentos: Às professoras Silvia Gugelmin, Maria Helena Hasselmann, Maria
Fátima M. Garcia e Rosane Rito, pela contribuição na discussão do roteiro que orientou
o grupo focal, e à Conceição Sintz, por facilitar o contato com as mães.
Apoio: Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Bolsa de Iniciação Científica. FAPERJ
– Bolsa de Iniciação Científica.
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