GentedeFURNAS FURNAS Histórias infantis ganham for F OTO A GUINALDO R AMOS Desde criança ela gosta de desenhar. Parece ter herdado o talento do pai, “um artista maravilhoso” que imaginou a filha dentista de sucesso quando adulta. Foi assim que Neila Maria da Matta Martinho, designer gráfica da Assessoria de Comunicação Social (ACO.P), entrou no mundo das ilustrações infantis. Apesar de ter começado a desenhar profissionalmente após se formar em Comunicação Visual, em 1988, o seu projeto final da faculdade foi uma adaptação para quadrinhos do livro Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos. “Esse trabalho foi enviado dois anos depois para o Japão e recebeu um prêmio”, conta Neila, orgulhosa. “O concurso era uma seleção de ilustrações para livros infantis. Além de ter a minha criação reproduzida em um catálogo, ainda ganhei uma medalha. Tudo isso me incentivou a continuar e a participar de cursos e workshops para me aprimorar cada vez mais”, completa. Seu pai, um advogado aposentado é, hoje, um admirador das criações da filha. “Mas quando falei para ele que ia cursar a faculdade de Belas Artes, ficou inquieto. Tentou me convencer que deveria encarar o desenho como hobby e, não, profissionalmente. Já imaginou, eu, dentista, que não posso ver sangue?”, pergunta, sem nenhum traço de arrependimento na escolha feita há anos. Indagada sobre os planos para o futuro, Neila não esconde que seu sonho é publicar um livro infantil. Mas admite que “o mercado, no Brasil, é muito restrito e paga muito pouco. Mas já penso em disponibilizar o meu trabalho na internet para divulgá-lo”. Enquanto espera a realização do seu desejo, “continuo o meu trabalho na área de design gráfico, que recebeu incremento signiAlém das ilustrações para livros infantis, Neila Martinho é responsável pelo projeto gráfico e diagramação da Revista Linha Direta 28 • março 2004 • Linha Direta nº 306 PassadoPresente Presente mas e cores Ano 8 - número 78 - Jan./fev./mar. 1981 Peixamento do lago começa com trairões ficativo com o aparecimento do computador, uma ferramenta que também posso usar nas ilustrações”. Quem já conhece as ilustrações de Neila, não hesita em afirmar que ela só precisa de uma chance. Tendo a oportunidade, certamente, editoras e, principalmente, a gurizada vão contar com alguém que sabe, como poucos, colocar no papel o imaginário infantil. C “Primeiro leio o texto. A partir daí, começo a desenvolver as ilustrações. Como dizia um professor meu, é 99% transpiração e 1% inspiração. São vários rascunhos; geralmente os traço a lápis, e, uma vez finalizados, passo para a cor. São muitas as técnicas que uso, de acordo com cada trabalho”. I LUSTRAÇÕES N EILA M ARTINHO Neila conta, resumidamente, como desenvolve as ilustrações: erca de oito mil alevinos de trairão foram lançados, em março, no reservatório da Usina Hidrelétrica de Itumbiara. Somados aos do programa que vem sendo cumprido pela Estação de Hidrobiologia e Piscicultura de Furnas, já se eleva a mais de meio milhão de alevinos, de diversas espécies, que foram colocados nos reservatórios sob a responsabilidade de FURNAS, desde 1977. Os resultados positivos já podem ser comprovados: no lago da Usina de Funil inúmeros cardumes de tucunaré podem ser vistos nas margens. Os moradores de Resende, tentando preservar essa multiplicação, enviaram um memorial à Coordenadoria da Sudepe do Estado do Rio de Janeiro, solicitando providências contra a pesca predatória, reconhecendo, assim, a contribuição de FURNAS no povoamento de peixes no reservatório. Ainda no mês de março, foi acionada a quarta unidade, das seis programadas, da Usina de Itumbiara. O lançamento de cerca de oito mil alevinos de trairão, no dia 12 de março, deu início ao povoamento de peixes do reservatório da Usina de Itumbiara, que tem 778 quilômetros quadrados e um volume de 17 bilhões de metros cúbicos. A operação começou na margem esquerda do reservatório, à altura do município de Tupaciguara, seguindo-se em outros pontos, para atingir o maior número possível de localidades vizinhas. Conduzidos de caminhão, em reservatórios plásticos, desde a Estação de Hidrobiologia e Piscicultura de Furnas, os alevinos chegaram a Itumbiara sem nenhuma perda. O biólogo Dirceu Marzulo Ribeiro, responsável pelo povoamento, saiu com duas lanchas, tendo o cuidado de equilibrar a temperatura da água do galão com a do reservatório, para evitar um choque térmico que seria desfavorável à sobrevivência dos trairões. A escolha dos alevinos de trairão foi em conseqüência dessa espécie já fazer parte de um programa específico, e por ser ela a que vem dando melhores resultados nos trabalhos de reprodução e adaptação. Os trairões ocupam o mesmo nicho ecológico da traíra e aparentam ter uma melhor taxa de conversão e de tamanho maior. A idade de reprodução poderá ocorrer entre um ou dois anos, dependendo da quantidade de alimentos disponíveis. Linha Direta nº 306 • março 2004 • 29