Texto 1 : Ossam bin Laden, o lutador solitário Nestes últimos anos os Estados Unidos viu-se alvo de uma série de atentados a bomba, tanto em sua própria casa (a explosão da garagem do World Trade Center em Nova Iorque em 1993), como os que acometeram duas das suas bases na Arábia Saudita. O primeiro deles em 1995, na capital Riad (com 5 mortos), e o outro em 1996 (o de Khobar Tower matou 19 soldados americanos). Com os mais recentes ocorridos nas embaixadas de Nairóbi e Dar el Salam (243 mortos, 12 deles americanos), perfazem 5 grandes atentados. Os serviços de segurança americanos tem quase certeza que todos eles foram maquinados, e provavelmente financiados, por Ossam bin Laden, um saudita de 42 anos que encontra-se acolhido no Afeganistão. Bin Laden é um herdeiro multimilionário. Em 1979, quando os soviéticos entraram no Afeganistão na defesa de um regime pró-comunista, Bin Laden chefiou um grupo de voluntários islâmicos patrocinados por ele para lutar contra os comunistas ateus. Por esta época acredita-se que ele contou com amplo apoio da CIA norte-americana que teria lhe dado apoio logístico e armamentos. De volta a Arábia Saudita em 1989, Bin Laden passou a conspirar contra a monarquia sunita do Rei Fahd para implantar também ali uma república islâmica tal como os talibãs pensaram instituir no Afeganistão. Ao fracassar, Bin Laden transferiu-se para o Sudão onde um regime islâmico havia sido proclamado, lá ficando de 1991 a 1996. Com a permanência das tropas norteamericanas na Arábia Suadita - elas vieram para expulsar Saddan Hussein do Kuwait -, Bin Laden maquinou (pelos menos atribui-se a ele) dois violentos atentados para expulsá-las. Ele não as aceitava no sagrado solo onde Maomé pisou. Pressionado pelos americanos, os sudaneses pediram que Bin Laden se retirasse. Os talibãs do Afeganistão, seus antigos camaradas de luta, o receberam de braços abertos. É onde ele hoje ele se encontra, tendo como QG uma caverna nas proximidades de Jilalabad, perto de Cabul. Não deixa de parecer algo quixotesco a luta deste homem. Sem apoio de um estado ou de uma organização estruturada, contando apenas com seus recursos pessoais, trava uma guerra quase que solitária contra o maior império da terra. http://educaterra.terra.com.br/voltaire/mundo/fundamentalismos4.htm#inicio, acessado em 24/05/2009. Texto 2 : O fundamentalismo islâmico (*) O fundamentalismo islâmico, que de fato nunca deixou de existir, ascendeu no cenário político do Oriente Médio a partir da Revolução Xiita no Irã, em 1979. O Movimento dos aiatolás foi visto como uma grande mobilização das energias islâmicas adormecidas pela presença da modernidade. A sua repentina aparição deveu-se em grande parte pelo fracasso político dos estados seculares árabes em dar um combate eficiente ao Estado de Israel - visto como o grande inimigo político e teológico - e retirar seus países da situação de imobilismo econômico. Da mesma forma que os fundamentalistas cristãos, os islâmicos consideram como sua política básica o retorno às leis corânicas, ao espírito da leis das Sagradas Escrituras do profeta Maomé. Os costumes ocidentais resultam da perversão. A modernidade é o império de Satã, que utiliza instrumentos sedutores (a música, a bebida, as boas roupas, os automóveis caros, etc.) como uma maneira de envilecer a pureza dos verdadeiros muçulmanos. Seu ideal político é a implantação de uma República Islâmica, um regime teocrático que seja a tradução literal da charia, das antigas leis corânicas inspiradas diretamente na vontade do profeta. O chefe real deste governo é Alá, sendo que os imãs e os mulás, e demais guias religiosos, apenas o representam e interpretam sua vontade. Isto os coloca em oposição a maioria dos governos do Oriente Médio que são republicas seculares, governadas por militares (Mubarak no Egito, Saddan Hussein no Iraque, Kadafi na Líbia, e Zeroual na Argélia, etc.). A hostilidade deles, dos fundamentalistas, a estes governos seculares aumenta por duas razões: por estarem abertos perigosamente ao exterior e aos costumes ocidentais (considerados demoníacos) e por manterem relações não-beligerantes com Israel (se conciliadoras, passam a ser vistos como inimigos). No que cabe aos costumes, os fundamentalistas advogam o radical e urgente rompimento com tudo o que lhes pareça “ocidental”. As mulheres devem voltar a usar o chador ou o burka, não devem receber instrução, nem serem atendidas por médicos homens. O ensino em qualquer nível deve priorizar o religioso e as leis comuns devem acolher as regras corânicas (açoite ou lapidação para os adúlteros, execuções publicas acompanhadas de chibatadas, etc.). Socialmente pode-se dizer que eles expressam os sentimentos dos setores mais pobres e mais desesperançados das comunidades do Oriente Médio, gente majoritariamente analfabeta que vive nos grandes suburbios afavelados, nos campos ou nos desertos e que leva uma vida dura, sem alegrias e sem confortos. Para combater a liberdade de expressão, não reconhecida no direito islâmico, os chefes religiosos lançam mão da fatwa (uma sentença religiosa) que pode condenar a morte o infrator. O intelectual ou escritor que redigir uma novela ou algo considerado blasfemo ou herético está sujeito a ser morto por qualquer seguidor da fé. Este estará seguro de não ter cometido um crime porque ele foi feito em nome da pureza do Islã. Centenas de jornalistas, intelectuais e pensadores leigos, especialmente no Egito e na Argélia, estão com suas vidas ameaçadas devido a pena da fatwa. O caso mais exemplar é o que foi aplicado contra o escritor anglo-oriental Selman Rushdie, que tem há dez anos sua cabeça à prêmio. Desde a queda da URSS (potência atéia) os fundamentalistas tornaram os Estados Unidos o seu principal inimigo. A super-potência americana representa tudo o que eles abominam; a liberação dos costumes, a liberdade sexual, a emancipação feminina, o culto à modernidade e a celebração da tecnologia. E, evidentemente, a pratica democratica num estado secular Além de serem uma ameaça permanente a peculiar cultura tradicional da região, os Estados Unidos, ao apoiar intransigentemente a política de Israel viram-se alvo de atentados. A presença dos seus soldados no solo sagrado do Islã, no Kuwait e na Arábia, marcante desde a Guerra do Golfo de 1991, faz com que os fundamentalistas voltem seus ataques para suas guarnições e,agora, para suas embaixadas (o ataque à embaixada americana de Nairóbi no Quênia possivelmente deveu-se a ela abrigar a maior central de informações da CIA na África). Podemos entender este enfrentamento, entre os fundamentalistas e os Estados Unidos, como um conflito ente dois mundos opostos, o do Islã tradicional e do Cristianismo modernizado, mas igualmente como o choque, talvez o último do século 20, entre a modernidade e a tradição, entre a vida regrada pela tecnologia e o modo pré-tecnológico de viver. A reação dos fundamentalistas é acima de tudo o repúdio de uma cultura milenar que resiste ao processo de ocidentalização. Aliás, a única que assim ainda o faz. No quadro abaixo estão alguns grupos fundamentalistas que agem na atualidade, o país onde agem e os objetivos de cada um deles. Islâmicos País Grupos ou movimentos Objetivos Afeganistão Teleban (seminaristas islâmicos) Revogar os costumes modernos e aplicar a lei corânica em seus fundamentos. Rejeição completa ao mundo moderno Argélia Luta contra o regime militar secular. Tenta impor no FIS (Frente Islâmica de futuro uma republica islâmica. Organiza massacres Salvação) e GIA (Grupo indiscriminados contra a população aldeã, persegue Islâmico Armado) jornalistas, mulheres emancipadas e assassina os estrangeiros. Egito Irmandade muçulmana e o Jihad Islâmica Líbano Hezbollah (O partido de Luta contra a ocupação israelense do sul do Líbano, Deus) chamada Zona de Segurança. É apoiado pelo Irã. Palestina Irã Advoga república muçulmana. Ataque a elementos do governo (assassinato de Anuar Sadat) e aos turistas ocidentais (58 mortos em Luxor) Hamas Lutam contra Israel e não aceitam o acordo firmado pela FLP de Arafat com os israelenses. Advogam a adoção das leis corânicas Movimento Xiita Derrubaram o governo pró-ocidental do Xá Reza Pahlevi em 1979, fundando a Republica Islâmica. E.U.A. foi seu principal inimigo. Rejeição da vida ocidental e volta aos costumes islâmicos http://educaterra.terra.com.br/voltaire/index_especial.htm, acessada em 25/05/2009. Texto 3 : A revolução xiita no Irã As avenidas e ruas de Teerã ferviam de gente. Os iranianos, aos milhares, lá estavam para consagrar o aiatolá Kohmeini, desembarcado vitorioso depois de um longo histórico de resistência no exterior ao regime do Xá Reza Pahlevi. Em 2 de fevereiro de 1979, o principal aliado dos norte-americanos na região, o Xá Reza Pahlevi perdia o poder para os muçulmanos xiitas. O velho Irã estava convulsionado desde um ano antes, quando, em janeiro de 1978, estourara uma rebelião em Qom, o lugar sagrado dos xiitas.Com o fim do regime Pahlevi, abrira-se um buraco estratégico no Oriente Médio. Os EUA passaram a influenciar diretamente na região apoiando o Iraque contra a guerra com o Irã. Mais tarde, ajudaram a finalizar a guerra entre Iraque e Kuwait em 1991 e instalaram bases militares em toda região do Oriente Médio, consolidando sua influência no local. Quem não gostou nada disso foi o saudita Osama Bin Laden, recém retornado do Afeganistão, encerrada a expulsão os soviéticos daquela montanhas. Herói dos fundamentalistas, organizador do Al-Qaeda, ele escreveu ao rei da Arábia reclamando da excessiva presença estrangeira, principalmente norte-americana, na Terra Sagrada (Maomé proibira a permanência de judeus e cristãos na península arábica). Como nada foi feito, ele tomou a iniciativa. Explosões abalaram as bases e torres ocupadas pelos americanos na Arábia Saudita. Os Estados Unidos exigiram sua prisão. Perseguido, ele exilou-se no Sudão. Mais bombas foram detonadas, desta vez nas embaixadas americanas do Quênia e da Tanzânia, em agosto de 1998. Uma chacina. Bill Clinton respondeu lançando 32 mísseis contra o Afeganistão, dominados pelos talibãs, o novo abrigo de Osama. Era um homem sozinho em guerra a um império, contra quem lançara uma fatwa, uma condenação. Então, no 11 de setembro de 2001, vieram os terríveis vôos da morte sobre Nova Iorque e Washington. O mundo, espantado, assistiu ao vivo outro horror: 3 mil mortos em 2 horas. Foi o maior número de civis americanos mortos em qualquer outra ocasião. A América do Norte, até então indevassável, sentiu-se arrasada e furiosa. http://educaterra.terra.com.br/voltaire/index_especial.htm, acessada em 25/05/2009. Texto 4 O Islamismo Nos seus 1400 anos de existência, o islamismo conseguiu a façanha de converter 1/5 da humanidade a sua fé. Trata-se de uma religião que abriga todas as raças e todas as línguas. Talvez, exatamente por esse seu ecumenismo, por essa tentativa de abraçar o mundo inteiro, é que ela terminou por conflitar-se com o cristianismo, que também nasceu no mesmo espaço geográfico e igualmente abriga o desejo de salvar e converter todos a fé de Cristo. O Islamismo é uma religião que chama a atenção por sua absoluta simplicidade. Talvez por ter nascido no deserto e não ter encontrado de imediato nenhum império poderoso que o acolhesse, como ocorreu com o cristianismo em Roma (tornado religião oficial em 390), o Profeta Maomé dispensou uma liturgica mais rebuscada, bem como um cerimonial solene e pomposo, tão comuns às outras religiões. Não há santos nem outros intermediários significativos entre o muçulmano (aquele que se submete a Deus, o crente) e o Único (Alá). O fiel comunica-se diretamente com o Todo-Poderoso, perante quem todos são iguais, sem distinção de qualquer espécie. Frente a Alá, não há ricos nem pobres, nem nobres nem parias. Na sua época, o islamismo foi o mais poderoso instrumento de igualitarismo entre os homens, pois a pregação da caridade e da fraternidade tornou-se uma ponte que ligava os extremos sociais e aplainava os preconceitos contra os pobres. Maomé nunca se viu como divino, dotado com uma outra natureza que não fosse a humana. O Corão, livro sagrado do islamismo, composto de suras (capítulos) e versículos, foi-lhe inspirado por Alá, não se trata de um testemunho como os Evangelhos cristãos, mas sim as lições do próprio Único as quais o fiel deve recitar. Maomé considerava-se o derradeiro profeta de uma linhagem que começara com Moisés (que trouxe a Torá), passara por Davi (que escrevera os Salmos), Jesus (que aparece nos Evangelhos) e ele, Maomé, autor do Corão. Justamente por isso, por ele ser o último dos profetas históricos, ele os superou. A adesão do crente ao Islã verifica-se pela obediência e o comprometimento com o que denominou-se os cinco pilares do muçulmanismo: 1) a declaração de fé em Alá (shahada); 2) a oração diária (salat); 3) a peregrinação à Meca (hajj ou Hégira); 4) a prática do jejum religioso (no mês do Ramadã); 5) e, finalmente, o compromisso com a caridade (em forma do dízimo, o zakat). Alguns supõem que também faz parte das obrigações, entrando como o 6º pilar, a adesão à jihad, a guerra santa na defesa do Islã. http://educaterra.terra.com.br/voltaire/index_especial.htm, acessada em 25/05/2009. Texto 4 : MOTIVOS PARA O TERRORISMO NO FUNDAMENTALISMO ISLÂMICO Desde o dia 11 de setembro, quando ocorreu o maior ataque terrorista da historia as torres gêmeas em Nova Iorque, nunca se viu uma tentativa tão insistente por parte da liderança islâmica em mostrar ao mundo que a sua religião não patrocina o terror e muito menos defende o uso da violência contra os não-muçulmanos. É verdade que muitos muçulmanos não compartilham desta visão de Jihad, principalmente os mais intelectuais. Mas, por outro lado, toma-se dificílimo ver o islamismo com bons olhos. Isto porque a responsabilidade de aproximadamente 50% dos atentados terroristas em nos cinco continentes do mundo, com milhares de vítimas, é de grupos islâmicos fundamentalistas, que reivindicam a autoria dos crimes. Os atos terroristas que apavoram o mundo é visto pela grande maioria da população dos países islâmicos não como uma ação criminosa hedionda, mas como uma defesa, um ato altruísta, e os suicidas envolvidos nestas ações passam a ser mártires, jamais assassinos. Quando se viu nos noticiários o julgamento e a condenação desses radicais e seguidores. Ou, quando se viu uma campanha oficial desses países para conter os movimentos radicais? Durante o período em que Maomé falou acerca da sua nova religião, considerando-se um profeta, ele foi duramente perseguido e odiado por muitos de Meca pois a sua mensagem era oposta às religiões politeístas do povo daquela região e época. Houve uma grande perseguição contra o 'profeta’ inclusive um grupo tentou tirar-lhe a vida, mas ele conseguiu escapar. Maomé não recebeu nenhuma mensagem de ‘Allah’ permitindo a guerra. E, apesar do risco de vida e da vigilância constante dos primeiros muçulmanos para guardá-lo, inclusive sob vigilância armada, a ordem de Allah em Meca foi para que ele fosse paciente e não usasse de violência para com os seus opositores. Mas logo após, segundo os muçulmanos, a guerra foi sancionada por ‘Allah’ em Medina, havendo debate entre os próprios muçulmanos sobre qual capítulo do Alcorão realmente retratava esta primeira ordem divina para o uso da forca. Maomé ensinou aos seus seguidores que judeus e cristãos deveriam pagar a ‘Jizya’ (uma taxa imposta para que todos os não-muçulmanos pudessem viver segurança' do Islã). Todos eles deveriam se converter à mensagem proclamada por Maomé, caso contrário seriam mortos. Era necessário que pagassem uma quantia estipulada para que pudessem ter seus 'direitos' mantidos pelo profeta e por seus seguidores, que, se encontravam em uma situação favorável e ideal para impor o que desejassem aos 'infiéis' e 'idólatras'. Em um livro islâmico, lemos: “Um muçulmano é considerado um apostata quando nega total e categoricamente um preceito pela religião islâmica, como a pratica da oração, o jejum, a peregrinação, o pagamento do tribuno, a proibição da ingestão de bebidas alcoólicas e a alimentação com carne suína”. Os doutores da lei opinam que, se o apostata tiver duvida no tocante à sua conversão, os sábios devem sanar-lhe a duvida, indicando-lhe o caminho da razão e dando-lhe a oportunidade de refletir. Se ele se arrepender, o seu arrependimento deverá ser aceito. Se persistir no erro, porém, devera ser punido, se for homem, com a morte. Baseiam sua sentença nas palavras do 'profeta': "Matai aquele que renegar a sua religião". Esta é a face mais cruel e desumana de uma religião: vetar aos seus membros o direito de renegá-la, sob pena de morte. Trazer uma mensagem de paz e tolerância aos povos, impondo-lhes a sua opinião e fazendo que sua vida tenha pouco valor não tem muito significado ou razão de ser. A tradução da palavra Islã é resignação ou submissão – a doutrina de Maomé. Espera-se que o Islã ganhe, finalmente, o mundo, então todos serão julgados por Ala. Enquanto o muçulmano deve ser submisso a Ala e ao profeta, através de seus escritos no Alcorão, o mundo deve resignarse e submeter-se também ao Islã. Os meios podem incluir a força, a violência e a morte. As constituições das nações árabes estão alicerçadas nas crenças do islamismo. O que esta por trás do fanático heroísmo demonstrado por verdadeiros batalhões de homens e crianças que se preparam para morrer pela crença islâmica? Que ‘galardão’ lhes esta proposto a ponto de fazerem do próprio corpo um veiculo para a catástrofe de pessoas inocentes? Os muçulmanos comuns ao morrerem, vão para uma espécie de estágio intermediário aguardar o juízo final, ocasião em que Alá decidirá o destino eterno de cada um. Por outro lado, os mártires da luta religiosa, ou guerra santa, e aqueles que morreram pela causa, vão diretamente para o céu, um paraíso de prazeres. A vida, em um paraíso celestial é o ideal islâmico, a recompensa! Diante das dificuldades, limitações e miséria em que vive a maioria, e em especial as facções radicais, o paraíso soa como um oásis em um deserto desesperador. http://www.icp.com.br/40materia1.asp, acessado em 24/05/2009.