Discurso proferido pelo Deputado sobre: obesidade mórbida. Discurso proferido pelo Deputado Dr. HELENO (PSDB-RJ), na sessão de de novembro de 2003. Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, Desde algum tempo o Brasil vem experimentando verdadeiros paradoxos. Digo isso porque acompanho o empenho do governo brasileiro que, numa luta sem tréguas, tenta combater a fome e a desnutrição que, a meu ver - não deveria se concentrar apenas no nordeste mas também na periferia dos grandes centros urbanos -, enquanto que quase 40% da população convive com outro problema alimentar gravíssimo: a obesidade. Hoje, no Brasil, o número de obesos já supera o de desnutridos e o que é mais grave, o excesso de peso é maior entre a população mais pobre. Como se vê a obesidade não é apenas uma doença da camada mais rica da população, mas da pobre também. Segundo o presidente da Associação Brasileira para Estudo da Obesidade, ela só é muito baixa em lugares muito pobres, isto porque é preciso ser bastante pobre para se ficar desnutrido. Uma pessoa é considerada obesa quando possui peso de 10 a 20% maior que o peso médio ideal para o sexo e altura. Todo peso a mais é supérfluo e prejudicial, pois aumenta o risco de doenças como: diabetes, hipertensão arterial, hiperlipemia (aumento da gordura no sangue), doença coronariana (angina e infarto), doenças articulares, apnéia do sono, insuficiência respiratória e cardíaca, além de formas de câncer (mama, útero, vesícula biliar, etc...). A obesidade é o resultado do balanço do que se come e o que se gasta de energia, podendo em 30% dos casos ter influência de um fator genético associado. A famosa tendência de engordar deve ser tratada com orientação médica e como uma questão de estética e saúde. A obesidade é considerada hoje como uma doença crônica, responsável pelo desenvolvimento de outras doenças que aceleram a morte precoce. Calcula-se que nos Estados Unidos da América 300 mil pessoas morrem por ano, precocemente, devido à obesidade. No Brasil esse número está entre 50 e 100 mil pessoas. Sabe-se hoje que a obesidade decorre, ainda, de uma série de fatores genéticos, metabólicos, hormonais e ambientais ainda não totalmente esclarecidos. Para se graduar a obesidade é adotado pela Organização Mundial de Saúde – OMS, o Índice de Massa Corpórea ( IMC), de onde resulta a seguinte classificação para a obesidade: sobrepeso, obesidade leve, moderada e mórbida. 2 A constatação mais preocupante foi que 100% dos pacientes obesos tinham sintomas de depressão, 84% dos quais apresentaram diagnóstico de depressão grave. A ansiedade apareceu como traço de personalidade em 70% dos casos. Além disso, 54% dos pacientes apresentaram episódios de compulsão alimentar. No tocante ao tratamento existem várias terapias que, combinadas, conseguem significativas perdas de peso. No entanto quando se trata de obesidade mórbida, pelo fato da maioria dos pacientes severamente obesos não conseguirem promover uma mudança definitiva de seus hábitos alimentares, essas terapias são fugazes, restando-lhe apenas o tratamento cirúrgico, que mostrou ser o único método eficiente, promovendo-lhe uma acentuada e duradoura perda de peso. Estamos falando da Gastroplastia. Senhor Presidente, a obesidade é um problema muito grave e que vem desafiando todo o sistema de saúde do mundo atual. Ela está presente em quase todas as camadas sociais e tem sido responsável por ceifar, precocemente, inúmeras vidas. No governo passado pensou-se em seguir o procedimento já adotado na propaganda de cigarros, com a veiculação do Ministério da Saúde, após os anúncios, alertando para a limitação nutricional, fato que não se concretizou. 3 Dada a gravidade do problema é preciso, pois, que o governo do presidente Lula, juntamente com todos os responsáveis pela área da saúde, incrementem uma atenção especial para os obesos de um modo geral, disponibilizando um melhor acesso à Cirurgia de combate a essa doença, ou outros mecanismos que venham trazer uma solução para o problema daqueles classificados como mórbidos. Era o que eu tinha a dizer. Muito obrigado. 4