balanço social e a responsabilidade social nas empresas

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Revista de Ciências
Gerenciais
Vol. 15, Nº. 21, Ano 2011
BALANÇO SOCIAL E A RESPONSABILIDADE
SOCIAL NAS EMPRESAS
RESUMO
Fabiano Dantas
Faculdade Anhanguera de Joinville
[email protected]
O Balanço Social é um documento gerencial, composto de indicadores
financeiros, econômicos e sociais, é uma ferramenta de suma
importância para as empresas que querem se manter num mercado
altamente competitivo. A publicação do balanço deve ser encarada
como um compromisso de transparência e ética empresarial,
considerando que este demonstrativo ressalta a eficiência das ações e
estratégias sociais realizadas, num determinado período de tempo. Este
artigo é resultado de pesquisas bibliográficas de caráter exploratório e
descritivo, análise detalhada das demonstrações contábeis, a fim de
coletar informações relevantes e verídicas quantos aos investimentos
sociais internos e externos da empresa amostra, tendo como objetivo a
elaboração do Balanço Social e mensuração da responsabilidade social.
Com base nos resultados obtidos, constatou-se a postura ética que a
empresa assume, focada em investimentos em preservação ambiental e
respeito à sociedade por dispor de produtos de qualidade além de
contribuir para o bem estar social.
Palavras-Chave: balanço social; externalidade; responsabilidade social; ética
empresarial; empresa cidadã.
ABSTRACT
The Social Report is a document management, consisting of financial,
economic and social, is a most important tool for companies who want
to maintain a highly competitive market. The publication of the report
must be viewed as a commitment to transparency and ethical enterprize, considering that this statement highlights the effectiveness of
actions and strategies carried out over a given period of time. This
article is the result of literature searches, exploratory and descriptive,
detailed analysis of financial statements in order to collect relevant
information and how accurate social investments within and outside
the company sample, aiming the preparation of the Social and
measurement of responsibility social. Based on the results obtained, it
was the ethical stance that the company takes, focused on investments
in environmental preservation and to the society for having quality
products and contribute to social welfare.
Keywords: social; social responsibility; business ethics.
Anhanguera Educacional Ltda.
Correspondência/Contato
Alameda Maria Tereza, 4266
Valinhos, São Paulo
CEP 13.278-181
[email protected]
Coordenação
Instituto de Pesquisas Aplicadas e
Desenvolvimento Educacional - IPADE
Artigo Original
Recebido em: 19/08/2010
Avaliado em: 11/07/2011
Publicação: 15 de outubro de 2012
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Balanço social e a responsabilidade social nas empresas
1.
INTRODUÇÃO
Atualmente a concepção de responsabilidade social faz parte da gestão empresarial, por
meio de ações voltadas ao bem estar social, preservação dos recursos naturais e todas as
medidas que contribuem para o desenvolvimento sustentável.
Vale ressaltar que o compromisso empresarial não é somente econômicofinanceiro, mas também, social e ambiental, entretanto, cabe a empresa a escolha de ser ou
não responsável social. É através do balanço social, foco deste estudo, que a sociedade
pode visualizar o papel social desempenhado pelas entidades.
O balanço social é um demonstrativo que evidencia de forma quantitativa e
qualitativa os investimentos e projetos das organizações que visam o bem estar da
sociedade, como também, a redução dos possíveis danos ambientais resultantes de suas
atividades, ou seja, tem o potencial de fomentar o lado social e humano da entidade. É um
instrumento de informação da empresa para a sociedade, uma ferramenta que agrega
valor aos negócios, pois através do balanço, pode-se criar um vínculo de credibilidade
com clientes, colaboradores, investidores e demais usuários.
Empresa cidadã é aquela que atua de forma participativa na promoção do bem
estar social e preserva os recursos naturais, ou seja, faz valer os princípios éticos da
entidade, orgulhando-se em demonstrar tais valores através do Balanço Social.
O objetivo deste artigo é a elaboração do balanço social e a demonstração da
responsabilidade social da empresa amostra. Para alcançar o objetivo proposto serão
utilizadas pesquisas bibliográficas com o intuito de elucidar os conceitos fundamentais
sobre o tema, extraídos de livros, jornais, revistas, análise das demonstrações contábeis da
empresa amostra e entrevista que será realizada in loco para elaboração do balanço social.
Na seção 2 deste artigo serão destacados conceitos teóricos e dados históricos que
originaram a elaboração e divulgação do Balanço Social no mundo e no Brasil, bem como
estudo da estrutura do balanço, os beneficiários, e conseqüentemente, visando alcançar o
objetivo proposto, na seção 3 serão identificados e analisados os investimentos relevantes
internos voltados ao corpo funcional, ou seja, investimentos com saúde, segurança no
trabalho, educação, entre outros, como também, os investimentos externos, ações que
promovam o bem estar social da sociedade e preservação dos recursos naturais. A seção 4
apresenta as considerações finais a respeito dos resultados obtidos através do estudo e
sugestões para futuras pesquisas sobre o tema.
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Fabiano Dantas
2.
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RESPONSABILIDADE SOCIAL E ÉTICA EMPRESARIAL
Devido às mutações econômicas e visando acompanhar o cenário atual de mercado, as
empresas passaram a incrementar seus investimentos em ações sociais, assim como, na
adoção de práticas ambientais sustentáveis, ou seja, ações que aderem o título de
“Responsabilidade Social”. Tal compromisso evidencia a ética e a cidadania empresarial,
visto que, as organizações socialmente responsáveis conquistam a credibilidade de seus
clientes, acionistas, governo, entre outros, além de obter bons resultados econômicos e
financeiros.
Segundo o dicionário Aurélio (2000, p. 409), ética é: “virtude caracterizada pela
orientação dos atos pessoais segundo os valores do bem e da decência pública”.
Dentro deste contexto destaca-se a ética empresarial, que trata de uma boa
governança a fim de assegurar conduta ética nas formas de negócios e na gestão
empresarial perante a sociedade.
A responsabilidade social é uma gestão que prioriza a relação ética e transparente
da empresa com a sociedade, constituem metas compatíveis com o desenvolvimento
sustentável, preservação dos recursos ambientais e culturais, pelo respeito à diversidade e
pela promoção da redução das desigualdades sociais. (CONSELHO FEDERAL DE
CONTABILIDADE, 2009).
É notória a cobrança da sociedade por conduta ética empresarial no que tange as
relações com trabalhadores, meio ambiente e sociedade. Por esse motivo destaca-se a
importância da ética dentro da responsabilidade social.
Ashley comenta sobre a responsabilidade social:
O mundo empresarial vê, na responsabilidade social, uma estratégia para aumentar seu
lucro e potencializar seu desenvolvimento. Essa tendência decorre da maior
conscientização do consumidor e conseqüente procura por produtos e práticas que
gerem melhoria para o meio ambiente ou comunidade, valorizando aspectos éticos
ligados à cidadania (ASHLEY, 2005, p.3).
A entidade sendo um agente econômico produtor de riqueza e gerador de lucros,
não deixa de ser um agente social e assim, cabe a empresa desempenhar sua
responsabilidade social. É o compromisso da entidade em contribuir para o crescimento
econômico, sem agredir as esferas sociais e ambientais, além de contribuir para o
desenvolvimento sustentável da sociedade.
Pode-se ressaltar que a responsabilidade social é uma estratégia que atribui
resultados positivos a empresa, a sociedade e ao meio ambiente, pois ações sociais mútuas
subsidiam a sustentabilidade do nosso planeta e podem ter interferência nos resultados
da empresa.
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Balanço social e a responsabilidade social nas empresas
Portanto, investir na responsabilidade social é uma questão de cidadania e deve
ser uma premissa de todos. A elaboração do Balanço Social contribui na formação de uma
sociedade democrática.
2.1. Externalidades
As externalidades podem ser definidas como atividades que envolvem a imposição
involuntária de custos ou benefícios, ou seja, quando a produção de uma empresa ou a
ação de uma pessoa afeta o processo produtivo ou padrão de vida de terceiros, na falta de
uma transação comercial entre elas.
Quando o bem-estar de um consumidor ou o produto de uma empresa são afetados por
decisões de consumo ou produção de outros dizemos que há externalidades. Se o bemestar do consumidor ou o produto da empresa são afetados negativamente, dizemos que
há externalidades negativas. Se eles são afetados positivamente, dizemos que há
externalidades positivas. (VASCONCELLOS; OLIVEIRA, 2008, p. 269).
Quando as ações praticadas beneficiam a terceiros sem ter de pagar por elas,
estas são definidas como externalidades positivas, como exemplos os projetos de fomento
a educação, preservação ambiental, saúde, lazer etc.
As externalidades negativas são resultantes das atividades econômicas, quando
alocadas de recursos naturais indevidos, poluição ambiental, produção de bens não
seguros, produção de drogas ilícitas, exploração da mão de obra infantil, em suma, são
todas as ações que de alguma forma prejudicam o meio externo.
As externalidades indicam uma espécie de falha de mercado devido à
inexistência de direitos de propriedade sobre os recursos, daí, faz-se necessário a
intervenção do Estado através de projetos ou incentivos constituindo as externalidades
positivas, logo, impedindo as externalidades negativas através de fiscalização,
regulamentações para controlar a emissão de poluentes por parte das indústrias, entre
outros, estimulando assim o desenvolvimento sustentável.
Neste contexto, destaca-se a responsabilidade social das empresas em adotar
uma postura eficaz no seu desempenho ambiental e social e o Balanço Social como uma
ferramenta muito importante para evidenciar o desenvolvimento sustentável, já que a
avaliação a respeito das externalidades normalmente é ignorada pelas instituições
privadas. Uma avaliação privada de custos sobre a construção de uma estrada
provavelmente não inclui o custo do aumento da poluição do ar e sonora no local da
estrada, mostrando assim, a despreocupação com a externalidade negativa causada pelo
seu projeto.
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Desenvolvimento sustentável significa qualificar o crescimento e conciliar o
desenvolvimento econômico com a preservação do meio ambiente. O meio ambiente
serve como base da atividade econômica, pois permite a produção e o consumo como
sistema de apoio a vida, ou seja, um fator de qualidade a vida. O desenvolvimento
sustentável tem como objetivo a proteção do meio ambiente e um de seus conceitos
voltados a economia, a definição a distribuição dos direitos de propriedade, o sistema de
impostos e a política monetária (CAVALCANTI, 2001).
2.2. Demonstração do Valor Adicionado
A demonstração do valor adicionado tem a finalidade de apresentar a riqueza gerada pela
entidade, como também, sua respectiva distribuição diante os diversos setores que
contribuíram, direta ou indiretamente, para sua geração.
Através da DVA, é possível perceber a contribuição econômica da entidade para
cada segmento com que ela se relaciona. Constitui-se no Produto Interno Bruto (PIB)
produzido pela organização, servindo como ferramenta de avaliação da gestão econômica
e financeira da entidade, ou seja, são informações adicionais aos relatórios da
administração (KROETZ, 2000).
A DVA é evidenciada no Balanço Social, por destacar a contribuição econômica
da entidade no campo social.
2.3. Balanço Social: Características e Objetivos
Balanço Social é uma premissa da Contabilidade Social. Este documento é publicado
anualmente pelas empresas, cuja finalidade é expressar os investimentos e projetos da
empresa em prol da responsabilidade social e ambiental. É uma forma de a entidade
expor informações pertinentes não somente aos sócios, mas também, a um público em
geral como funcionários, fornecedores, consumidores e comunidade, ou seja, elementos
com quem a empresa interage direta e indiretamente.
Para Tinoco e Kraemer (2004, p.87):
[...] o Balanço Social é um instrumento de gestão e de informação que visa evidenciar, de
forma mais transparente possível, informações contábeis, econômicas, ambientais e
sociais do desempenho das entidades, aos mais diferenciados usuários.
Este instrumento avalia os impactos não apenas no aspecto financeiro, mas
também, dá destaque as ações, a qualidade dos projetos na relação sócio-econômica da
entidade e de que forma ela contribui para o bem estar da sociedade. É um meio de
conquistar vínculos de credibilidade entre empresa, usuários internos e externos, diante
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Balanço social e a responsabilidade social nas empresas
das “exigências” influenciadas pela globalização e de um público cada vez mais
consciente em relação à responsabilidade social das empresas.
“O balanço social tem por objetivo ser equitativo e evidenciar informações que
satisfaça à necessidade de quem dela precisa. Essa é a missão da contabilidade, como
ciência de reportar informação contábil, financeira, econômico social, física, de
produtividade e de qualidade” (TINOCO, 2001, p. 34).
O Balanço Social é uma ferramenta de gestão que auxilia as empresas na
informação dos resultados de ações sociais praticadas, tornando-se uma prestação de
contas com a sociedade pelo uso do patrimônio público, constituído de recursos naturais,
humanos e o direito de conviver e usufruir dos benefícios da sociedade em que atua
(IUDÍCIBUS; MARTINS; GELBCKE, 2000).
No que tange o prisma da Contabilidade Social, o Balanço Social relata de forma
clara e concisa a ética e responsabilidade da empresa, as ações de cidadania das entidades
em prol da sociedade na qual estão inseridas, entretanto, percebe-se importância na
elaboração e divulgação do Balanço Social, pois, esta ramificação da Contabilidade agrega
valor aos negócios da empresa, é uma forma de obter o reconhecimento e prestígio da
sociedade.
Carvalho (s.d. apud KROETZ, 2000, p.77), “toda a empresa exerce funções de
cidadania, as quais implicam deveres e direitos de natureza não muito diferentes aos que
correspondem às pessoas (cidadãos) individualmente”.
Diante do exposto, seguem algumas definições dos objetivos do Balanço Social,
como cita o autor Kroetz:
Evidencia, com indicadores, as contribuições à qualidade de vida da população;
Abranger o universo das interações sociais entre: clientes, fornecedores, associações,
governo, acionistas, investidores, e outros;
Contribuir para a implementação e manutenção de processos de qualidade, sendo a
própria demonstração do Balanço Social um parâmetro para tal;
Clarificar os objetivos e as políticas administrativas, julgando a administração não
apenas em função do resultado econômico, mas também dos resultados sociais.
(KROETZ, 2000, p. 79)
O Balanço Social é o foco das análises, ou seja, é o espelho numérico que
relaciona todas as informações pertinentes aos projetos sociais que a empresa participa ou
apóia para a sociedade e meio ambiente.
2.4. Os Beneficiários do Balanço Social
As informações do Balanço Social abrangem diversos públicos, aos gestores proporcionam
informações úteis quanto às estratégias sociais e aos projetos que a empresa pratica e/ou
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apóia, visando o desenvolvimento das ações sociais estimula a participação dos
colaboradores da empresa agregando a integração interna entre dirigentes e corpo
funcional.
Ao público externo, como fornecedores, instituições financeiras, sindicatos,
investidores, comunidade local, fornece informações relacionadas aos recursos humanos e
a natureza, com isso a empresa ganha credibilidade, pois é um bom indicador a ser
avaliado diante de um mercado competitivo.
Ao público consumidor, por sua vez, a empresa transmite a idéia da qualidade
dos produtos e/ou serviços oferecidos, transparecendo o percurso que a empresa adotou
para destacar sua marca.
Kroetz (2001, p. 52) afirma que: “o relacionamento da empresa com os vários
seguimentos sociais como investidores, fornecedores, financiadores, clientes, empregados,
governos e meio ambiente, deixa evidente a grande dimensão de sua responsabilidade
social”.
2.5. Evolução Histórica do Balanço Social
Diante da revolução industrial e das alterações nas relações comercias, permeou na
sociedade a necessidade de cobrar do Estado melhor qualidade de vida, projetos de
incentivos a cultura, preservação do meio ambiente, entre outras ações sociais. Além do
governo, coube as empresas a responsabilidade em participar na promoção qualitativa
das ações sociais e ecológicas, fato que contribuiu para a origem do Balanço Social.
Segundo dados históricos, dentre os fatos que contribuíram para o surgimento do
Balanço Social, destacam-se os ocorridos na década de 60, nos Estados Unidos, em face à
guerra do Vietnã. Visando reagir às pressões da sociedade, as empresas passaram a
informar suas atividades no campo social como forma de melhorar a imagem junto aos
consumidores e acionistas.
Pelos resultados das pesquisas realizadas por Tinoco, sabe-se que no início dos nos 60,
por causa da guerra do Vietnã, o governo Nixon (EUA) e as entidades que o apoiavam
foram severamente criticadas, como acentua o citado autor: “Clamava-se pelo fim da
guerra e por outro lado exigia-se que as empresas adotassem nova postura, moral e ética
perante os cidadãos". Nesse momento exigiam-se informações relativas às relações
sociais da entidade, dentro e fora dela. Assim, surgem as primeiras informações sociais,
que são publicadas junto com o balanço patrimonial. (TINOCO, 1994, apud KROETZ,
2000, p.54)
Um marco na história do Balanço Social aconteceu nos anos 70, na França quando
a empresa SINGER elaborou o primeiro Balanço desta natureza. Em 1977 a França
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implantou a Lei 77.769, onde todas as empresas que excedessem o número de 300
funcionários se tornariam obrigadas a elaborar o Balanço Social.
Na França, concebe-se o Balanço social como um método global de investigação para o
diagnóstico da “saúde” social desta e planificação estratégica do futuro, sob proposta do
“Institut de I’Entrepise”, em colaboração com uma equipe de investigadores dirigida por
Alian Chevalier, mais tarde surge o relatório Sudreaum, que deu origem, em 1977, à lei
sobre Balanço Social.( CARVALHO, s.d. apud KROETZ 2000, p.55)
A partir daí outros países seguiram os passos da França, entre eles, Alemanha,
Bélgica, Inglaterra e Portugal. Portanto, pode-se perceber a importância advinda da
população, em exigir das empresas ações responsáveis na produção de seus produtos e
serviços prestados.
2.6. O Balanço Social no Brasil
No Brasil começa a repercutir a idéia nos anos 60 com a criação da Associação dos
Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE). Esta associação tinha o preceito de que as
empresas além de desenvolver sua atividade econômica tinham a função social em
contribuir para o bem-estar dos trabalhadores e da comunidade.
Entretanto, esta idéia ganha força na sociedade, somente na década de 1990,
quando a empresa Nitrofértil situada na Bahia, elabora o primeiro Balanço Social. A partir
daí, muitas organizações instituíram a campanha com o tema responsabilidade social e a
elaboração do Balanço Social anual.
Entre os principais fatores que contribuíram para sua consolidação estão: a pressão por
parte das agências internacionais, as campanhas de várias instituições de preservação da
natureza para que as empresas privadas e públicas reduzissem o impacto ambiental; a
Constituição de 1988 – que representou um grande avanço tanto em questões sociais
como ambientais -; o exemplo de programas educacionais, esportivos e de apoio cultural
realizado por grandes empresas internacionais, [...]. (TORRES; MANSUR, 2009, p. 17)
Contudo, o grande marco na história acontece em 1997, onde o tema ganha
destaque na mídia e, conseqüentemente, visibilidade no país, quando o sociólogo Herbert
de Souza, o Betinho, promove a campanha para divulgação do Balanço Social. Esta
campanha tinha o slogan “o primeiro passo para uma empresa tornar-se uma verdadeira
empresa cidadã”. Este evento teve a participação de diversas organizações que
contribuíram para alavancar o tema, e este vem suscitando destaque através da mídia,
seminários, encontros e simpósios (TORRES; MANSUR, 2009).
No Brasil, não há legislação que determine a obrigatoriedade da elaboração do
Balanço Social, apenas existe projetos no Congresso Nacional.
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2.7. Estrutura do Balanço Social
Para que o Balanço Social possa exercer a função de instrumento de gestão empresarial,
faz-se necessário que através dos dados contidos seja possível medir e julgar as ações
sociais vinculados a empresa, tanto no seu ambiente interno (empresa x colaboradores),
quanto externo (empresa x sociedade), sendo, portanto, um meio de a empresa apresentar
uma radiografia de suas responsabilidades públicas e cidadãs.
Entretanto, as informações contidas devem ser padronizadas para facilitar a
avaliação
ao
longo
dos
anos,
onde
a
predominância
de
indicadores
quantitativos/financeiros torna-se fundamental para enriquecer este instrumento de
gestão.
Sua lógica está centrada em relacionar as informações por categorias (laborais, sociais e
ambientais), e dentro dessas categorias sugere-se a distinção entre dados qualitativos,
quantitativos e descritivos. Além disso, relaciona alguns dados sobre o perfil da
entidade, propõe a demonstração do valor adicionado e abre espaço para divulgar
informações diversas, consideradas complementares. (KROETZ, 2001, p. 61)
Logo, o Balanço Social deve ser composto de indicadores consistentes e que
possam ser comparados com dois ou mais exercícios, de forma simples, objetiva e de fácil
entendimento, devendo ser amplamente divulgado. Para atender a esses requisitos o
Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE), desenvolveu um modelo
que tem a vantagem de estimular as empresas em elaborar e divulgar seu Balanço Social.
O modelo é composto por 43 indicadores quantitativos e 8 indicadores qualitativos,
distribuídos em sete categorias descritas a seguir, conforme (TORRES; MANSUR, 2009):
1 – Base de cálculo: é composto das informações financeiras – receita líquida,
resultado operacional e folha de pagamento bruta, evidenciando a base de cálculo
informando os impactos dos investimentos nas contas da entidade além de proporcionar
a análise ao longo dos anos.
2 – Indicadores sociais internos: representam os investimentos internos
realizados pela empresa, obrigatórios e voluntários, a fim de beneficiar o corpo funcional
(alimentação, previdência privada, saúde, cultura, participação nos lucros ou resultados,
entre outros).
3 – Indicadores sociais externos: destacam-se todos os investimentos com ações
sociais privadas realizadas pelas empresas voltadas a sociedade em geral, tais como
saúde, saneamento, cultura, esporte, e outros.
4 – Indicadores ambientais: representam os investimentos da empresa voltados à
qualidade ambiental da produção/operação da empresa, ações objetivando compensar os
impactos ambientais por meio de inovação tecnológica, programas externos: despoluição,
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conservação de recursos naturais, campanhas ecológicas etc. Também representam os
investimentos em projetos que não estejam relacionados com a operação da empresa e um
indicador qualitativo em relação ao cumprimento de metas anuais.
5 – Indicadores do corpo funcional: evidenciam qual a relação da empresa com o
corpo funcional, ou seja, informações que identifica a criação de postos de trabalho,
número de estagiários, valorização da diversidade que concerne a negros, mulheres,
pessoas com deficiências etc.
6 – Informações relevantes quanto ao exercício da cidadania empresarial:
referem-se a ações relacionadas aos públicos, com ênfase ao quadro funcional, são
indicadores qualitativos decorrentes da participação interna e a distribuição de benefícios,
destacam-se também, algumas diretrizes focadas nas políticas e práticas de gestão da
responsabilidade social corporativa.
7 – Outras informações: espaço destinado à empresa para relatar outras
informações relevantes voltadas as suas ações de responsabilidade social, ética e
transparência.
O modelo proposto pelo IBASE passa a ser uma única ferramenta de gestão da
empresa,
composta
de
uma
estrutura
sistemática,
de
fácil
entendimento
e
comparabilidade, inicialmente são apresentados indicadores quantitativos, abrangendo
informações sobre investimentos financeiros, sociais e ambientais e alguns indicadores
qualitativos, que permitem avaliar a profundidade e o processo das ações internas e
externas realizadas pela empresa.
Todas as informações inseridas no balanço são de responsabilidade da empresa,
o IBASE não sugere protocolos para levantamento das informações, cabendo a sociedade
auditar as ações. A divulgação periódica do Balanço Social deve abranger aos diversos
meios de comunicação, entre jornais, revistas, internet, constituindo dessa forma um canal
de interação entre empresa e sociedade.
3.
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
A Cia Industrial Hans Carlos Schneider – CISER – situada na cidade de Joinville/SC, teve
inicio de suas atividades no ano de 1959, pelo Sr. Carlos Frederico Adolfo Schneider, neste
ano a empresa completou 50 anos de atividade, com uma trajetória de sucesso.
Hoje a CISER é a maior fabricante de fixadores da América Latina atendendo
vários segmentos: varejo, atacado, construção civil entre outros. Possui uma filial na
cidade de Sarzedo/MG, voltada ao setor automotivo. Nos próximos 3 anos a companhia
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planeja a construção de uma nova fábrica na região Distrito Industrial de Joinville para
aumentar a capacidade de produção. (CISER, 2009a).
Identidade:
Negócio: Produzir e comercializar as melhores soluções em fixadores e componentes
metálicos
Missão: Atender o mercado de fixadores e componentes metálicos, assegurando a
satisfação dos clientes, dos colaboradores, maximizando o valor econômico para os
acionistas e contribuindo para a melhoria da qualidade de vida.
Visão: Ser solução de classe mundial em fixadores e componentes metálicos,
destacando-se pela confiabilidade, agilidade e inovação.
Valores: Ser confiável: Compromisso absoluto com promessas e expectativas geradas.
Ser ágil: Saber enxergar e aproveitar as oportunidades.
Agir com integridade: De forma justa, honesta e transparente.
Manter simplicidade: Evitar complexidade desnecessária que paralisa a empresa.
Estar atualizada: Em ativos e processos.
Apoiar colaboradores: Pessoas com orgulho da empresa, comprometidas e reconhecidas,
cooperando entre si para o alcance dos objetivos.
Praticar responsabilidade socioambiental: Agir dentro dos princípios do
desenvolvimento sustentável. (CISER, 2009)
Visando atender aos requisitos de mercado, diferencial em qualidade e o
aumento da capacidade de atendimento, a CISER adotou como ferramenta de gestão da
empresa o Sistema de Qualidade CISER, adaptado às certificações ISO 9001 e ISO/TS
16949 para qualidade, ISO 14001 para meio ambiente, OSHAS 18001 para saúde e
segurança do trabalho e CQI-9 para tratamento térmico (Jornal Fique por Dentro CISER,
2009).
Recentemente a Ciser entrou para o ranking das 150 melhores empresas para se
trabalhar no Brasil, conforme divulgado pela revista “Você S/A” e “Exame”. A seleção é
elaborada através de uma criteriosa pesquisa, desenvolvido pela FIA – Fundação Instituto
de Administração.
3.1. Indicadores do Balanço Social
Após pesquisa dos documentos contábeis da CISER e entrevista realizada com o setor
contábil e de RH, seguem abaixo os Indicadores do Balanço Social Anual 2008, conforme
modelo proposto pelo IBASE:
Tabela 1. Base de Cálculo.
1 - Base de Cálculo
2008 Valor (Mil reais)
2007 Valor (Mil reais)
293.610.659
231.913.828
Resultado operacional (RO)
-9.873.510
49.092.288
Folha de pagamento bruta (FPB)
46.596.490
38.698.313
Receita líquida (RL)
A base de cálculo é composta por informações financeiras, receita líquida,
resultado operacional e folha de pagamento bruta.
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Tabela 2. Indicadores Sociais Internos.
2 - Indicadores Sociais
Internos
Valor
(mil)
% sobre
FPB
% sobre
RL
Valor
(mil)
% sobre
FPB
% sobre
RL
1.259.503
2,70%
0,43%
849.503
2,20%
0,37%
Encargos sociais
compulsórios
0
0,00%
0,00%
0
0,00%
0,00%
Previdência privada
0
0,00%
0,00%
0
0,00%
0,00%
2.002.298
4,30%
0,68%
1.504.241
3,89%
0,65%
Segurança e saúde no
trabalho
265.114
0,57%
0,09%
169.307
0,44%
0,07%
Educação
164.062
0,35%
0,06%
137.218
0,35%
0,06%
0
0,00%
0,00%
0
0,00%
0,00%
338.096
0,73%
0,12%
231.219
0,60%
0,10%
Creches ou auxílio-creche
29.345
0,06%
0,01%
19.141
0,05%
0,01%
Participação nos lucros ou
resultados
2.738.778
5,88%
0,93%
2.512.809
6,49%
1,08%
891.573
1,91%
0,30%
340.652
0,88%
0,15%
7.688.769
16,50%
2,62%
5.764.090
14,89%
2,49%
Alimentação
Saúde
Cultura
Capacitação e
desenvolvimento
profissional
Outros
Total - Indicadores sociais
internos
Na Tabela 2 são evidenciados todos os investimentos realizados pela empresa em
prol dos colaboradores. Desde 2007 a Ciser iniciou o Centro de Formação Técnica – CFT
Ciser, investindo em treinamento e desenvolvimento de pessoas, composto de cursos
profissionalizantes, com objetivo de preparar os funcionários para seu crescimento
profissional na empresa, em 2008 foram implantados cursos de educação básica e o
Communication Skills, voltado ao aperfeiçoamento do inglês. A empresa mantém uma
política de benefícios clara e específica composta de programas de bolsa estudos, plano de
cargos e salários, participação nos resultados, entre outros (Jornal Fique por Dentro
CISER, 2009).
Os investimentos em benefícios, como assistência medica, odontológica, creches,
transportes, alimentação e associação recreativa foram de R$ 4,9 milhões em 2008, sendo
aproximadamente 53% maior que os R$ 3,2 milhões aplicados em 2007.
Visando melhor qualidade de vida de colaboradores e familiares, a Associação
Atlética Ciser (AAC) implantou a Academia ao Ar Livre, composta de aparelhos para
exercícios físicos acompanhados por profissionais.
Em 2008 foi distribuído R$ 2,7 milhões com o PPR – Programa de Participação
nos Resultados, um aumento de 9% com relação ao valor distribuído em 2007.
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77
O total de investimento interno em 2008 aumentou comparado ao exercício de
2007, sendo 16,50% em relação à folha bruta de pagamento e 2,62% da receita líquida.
Tabela 3. Indicadores Sociais Externos.
3 - Indicadores Sociais
Externos
Valor
(mil)
% sobre
RO
% sobre
RL
Valor
(mil)
% sobre
RO
% sobre
RL
0
0,00%
0,00%
0
0,00%
0,00%
782.545
-7,93%
0,27%
182.846
0,37%
0,08%
0
0,00%
0,00%
0
0,00%
0,00%
1.086.666
-11,01%
0,37%
62.000
0,13%
0,03%
0
0,00%
0,00%
0
0,00%
0,00%
168.280
-1,70%
0,06%
109.877
0,22%
0,05%
2.037.491
-20,64%
0,69%
354.723
0,72%
0,15%
Tributos (excluídos
encargos sociais)
71.685.971
-726,04%
24,42%
53.062.893
108,09%
22,88%
Total - Indicadores sociais
externos
73.723.462
-746,68%
25,11%
53.417.616
108,81%
23,03%
Educação
Cultura
Saúde e saneamento
Esporte
Combate à fome e
segurança alimentar
Outros
Total das contribuições
para a sociedade
Em 2008, o total de contribuições externas teve aumento relevante, um montante
de R$ 73.723.462 comparado ao exercício de 2007, o que representa 746, 68% em relação ao
resultado operacional, que fechou o ano negativo em (R$ 9.873.510), ou seja, mesmo a
empresa tendo prejuízos, manteve seu investimento social, já em relação à receita líquida
este índice é de 25,11%. Os investimentos com a sociedade foram mais de R$ 2 milhões em
cultura, esporte, entre outros, um aumento relevante de 474% comparado ao valor
investido em 2007.
Faz parte da política da Ciser a responsabilidade social, em participar ativamente
das comunidades onde mantém operações, priorizando os aspectos de qualidade de vida,
saúde, cultura, esporte, meio ambiente e cidadania. Destacam-se em 2008 o dia da
Cidadania promovido na cidade de Sarzedo/MG, onde a empresa contou com a
participação de aproximadamente de 3 mil pessoas, com objetivo de integrar a empresa a
comunidade local através de ações sociais e culturais. Este evento propôs programas
infantis, apresentações artísticas, ginástica, sessões terapêuticas, além de oficinas artísticas
(CISER, 2009b).
Atualmente, a Ciser é patrocinadora da equipe profissional de Basquete de
Joinville/SC, em 2008 o investimento com esportes é superior a R$ 1 milhão.
Outro destaque da companhia é o “Coral Ciser Show”, composto de
colaboradores, familiares e também comunidade local, este grupo foi formado com o
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78
Balanço social e a responsabilidade social nas empresas
intuito de tornar a rotina de trabalhos dos colaboradores mais suave, fazem apresentações
artísticas por toda a cidade e em outros estados brasileiros. (CISER, 2009a).
Tabela 4. Indicadores Ambientais.
Valor
(mil)
% sobre
RO
% sobre
RL
Valor
(mil)
% sobre
RO
% sobre
RL
Investimentos relacionados com a
produção/ operação da empresa
0
0,00%
0,00%
0
0,00%
0,00%
Investimentos em programas e/ou
projetos externos
0
0,00%
0,00%
0
0,00%
0,00%
Total dos investimentos em meio
ambiente
0
0,00%
0,00%
0
0,00%
0,00%
4 - Indicadores Ambientais
Quanto ao estabelecimento de “metas
anuais” para minimizar resíduos, o
consumo em geral na produção/
operação e aumentar a eficácia na
utilização de recursos naturais, a
empresa
( ) não possui metas - ( ) cumpre de
51 a 75% - ( ) cumpre de 0 a 50% ( ) cumpre de 76 a 100%
( ) não possui metas - ( ) cumpre de
51 a 75% - ( ) cumpre de 0 a 50% - ( )
cumpre de 76 a 100%
A Ciser é referência nacional no que tange responsabilidade ambiental. Em 1983,
com uma séria visão do futuro a Ciser iniciou o Projeto de Preservação das Nascentes do
Rio Quiriri. Foram adquiridas terras denominadas Alto e Baixo Quiriri – uma área de
9.158, 57 hectares de Mata Atlântica, onde a empresa efetua o plantio de mudas de
espécies nativas. No local também são libertados animais silvestres, fato que contribui
para a biodiversidade. A preservação das nascentes do Rio Quiriri, localizados nesta área
contribuem com 17% do abastecimento de água de Joinville (CISER, 2009a).
Ao decorrer destes anos, a empresa já conquistou diversos prêmios de
reconhecimento como empresa cidadã, diante de seu despenho voltado à proteção
ambiental e sua atitude perante a comunidade em que se encontra.
Tabela 5. Indicadores do Corpo Funcional.
5 - Indicadores do Corpo Funcional
2008
2007
Nº de empregados (as) ao final do período
1.253
1.159
506
377
Nº de empregados (as) terceirizados (as)
0
0
Nº de estagiários (as)
3
6
Nº de empregados (as) acima de 45 anos
155
139
Nº de mulheres que trabalham na empresa
179
173
0,64%
0,76%
23
16
0,08%
0,08%
22
22
Nº de admissões durante o período
% de cargos de chefia ocupados por mulheres
Nº de negros(as) que trabalham na empresa
% de cargos de chefia ocupados por negros (as)
Nº de pessoas com deficiência ou necessidades especiais
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79
Na Tabela 5 é evidenciada a relação da empresa com o corpo funcional,
destacam-se o nº de postos de trabalhos, em 2007 a Ciser contava com 1.159 colaboradores
e em 2008 com 1.253, ou seja, um aumento de 8,1%. Pode-se destacar também o número
de admissões feitas em 2008 (506) sendo este número expressivo e aproximadamente 34%
maio que o número de 2007. Outro índice que merece destaque é a queda da porcentagem
de cargos de chefia ocupados por mulheres, apesar do número de mulheres na empresa
apresentar certa estabilidade.
Tabela 6. Indicadores relevantes quanto ao exercício de cidadania empresarial.
6 - Informações
relevantes quanto ao
exercício da
cidadania
empresarial
2008
Metas 2009
Relação entre a maior e a menor
remuneração na empresa
32,2937
0
59
0
Número total de acidentes de
trabalho
Os projetos sociais e ambientais
desenvolvidos pela empresa
foram definidos por:
( ) direção
(X direção e
gerências
( ) todos(as)
empregados(as
)
( ) direção
(X) direção e
gerências
( ) todos(as) empregados(as)
Os padrões de segurança e
salubridade no ambiente de
trabalho foram definidos por:
( ) direção e
gerências
( ) todos(as)
empregados(as
)
( X) todos(as)
+ Cipa
( ) direção e
gerências
( ) todos(as)
empregados(as
)
(X) todos(as) + Cipa
Quanto à liberdade sindical, ao
direito de negociação coletiva e
à representação interna dos(as)
trabalhadores(as), a empresa:
( ) não se
envolve
(X ) segue as
normas da OIT
( ) incentiva e
segue a OIT
( ) não se
envolverá
( X) seguirá as
normas da OIT
( ) incentivará e seguirá a OIT
A previdência privada
contempla:
( ) direção
( ) direção e
gerências
( ) todos(as)
empregados(as
)
( ) direção
( ) direção e
gerências
(x ) todos(as) empregados(as)
A participação dos lucros ou
resultados contempla:
( ) direção
( ) direção e
gerências
( X ) todos(as)
empregados(as
)
( ) direção
( ) direção e
gerências
(X) todos(as) empregados(as)
Na seleção dos fornecedores, os
mesmos padrões éticos e de
responsabilidade social e
ambiental adotados pela
empresa:
( ) não são
considerado
s
(X ) são
sugeridos
( ) são exigidos
( ) não serão
considerado
s
(X) serão
sugeridos
( ) serão exigidos
Quanto à participação de
empregados(as) em programas
de trabalho voluntário, a
empresa:
( ) não se
envolve
( X ) apóia
( ) organiza e
incentiva
( ) não se
envolverá
( X) apoiará
( ) organizará e incentivará
Número total de reclamações e
críticas de consumidores(as):
na empresa
_______
no Procon
_______
na Justiça
_______
na empresa
_______
no Procon
_______
na Justiça _______
% de reclamações e críticas
atendidas ou solucionadas:
na empresa
_______%
no Procon
_______%
na Justiça
_______%
na empresa
_______%
no Procon
_______%
na Justiça _______%
Valor adicionado total a
distribuir (em mil R$):
Em 2008:
Em 2007:
Distribuição do Valor
Adicionado (DVA):
___% governo ___% colaboradores(as) ___%
acionistas ___ % terceiros ___% retido
___% governo ___% colaboradores(as) ___% acionistas ___ %
terceiros ___% retido
Na Tabela 6 destacam-se informações qualitativas da empresa e suas metas para
o exercício seguinte voltadas ao público externo com foco no corpo funcional. Podemos
observar a abrangência do PPR, nº de acidentes de trabalho, e a participação dos
colaboradores relacionada à responsabilidade social corporativa.
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80
Balanço social e a responsabilidade social nas empresas
A empresa mantém projetos que envolvem a participação direta dos
funcionários, um destes projetos é o Grupo de Melhorias Ciser (GMC), onde grupos de
colaboradores estudam, identificam e propõem soluções para problemas específicos
relacionados ao ambiente de trabalho, processos de produtividade, entre outras ações que
reflitam em melhorias e redução de custos. Em 2008, foram sugeridas 621 intervenções em
projetos que resultaram em R$ 669 mil de economia para empresa, isso representa a
seriedade com que os grupos de melhorias são tratados pelos colaboradores da Ciser
(CISER, 2009b).
Devido à falta de acesso as demais demonstrações contábeis da empresa
pertinentes a elaboração da DVA e que são consideradas confidenciais, não foi possível a
construção deste demonstrativo que tem sua relevância demonstrada na seção 2 deste
artigo, onde são discutidos os principais conceitos teóricos pertinentes a este estudo.
Tabela 7. Outras Informações.
7 - Outras Informações
Na Tabela 7 fica a disposição da empresa em relatar outras informações relevantes quanto ao exercício de cidadania.
Observando o Balanço Social da CISER, é possível perceber a participação ativa
da empresa em programas de fomento a educação, saúde, esporte, lazer, voltados ao
quadro de funcionários, como também, investimentos relevantes para a sociedade,
contribuindo para melhor qualidade de vida de todos os envolvidos, direta e
indiretamente, em suas operações.
Faz parte da identidade CISER um novo modelo de gestão, onde investir em
pessoas é essencial para se manter competitivo, ou seja, tais investimentos tornam uma
equipe preparada para inovar. Essa é uma visão estratégica da empresa, ratificando que as
empresas além de adotar estratégias econômicas e financeiras, cujo objetivo é o lucro não
alcançariam êxito sem a estratégia social, que é composta de ações para reconhecer,
motivar e fidelizar os colaboradores, que fazem parte da empresa e são peças
fundamentais para o sucesso do negócio.
Destacam-se também, os investimentos externos da empresa, onde a sociedade
pode acompanhar as ações de cidadania e ética empresarial, os compromissos da empresa
voltados ao bem estar social de colaboradores, familiares e comunidade local, criando
vínculos de credibilidade com clientes, fornecedores, investidores, entre outros.
Revista de Ciências Gerenciais š Vol. 15, Nº. 21, Ano 2011 š p. 65-82
Fabiano Dantas
4.
81
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do mercado competitivo as empresas que aderem à responsabilidade social têm
um diferencial e conseqüentemente possuem uma relação de fidelização entre seus
usuários internos e externos. A sociedade está cada vez mais consciente quanto às ações
das empresas não tolerando a utilização de atividades como exploração da mão de obra
infantil, poluição do meio ambiente ou qualquer outro tipo de externalidade negativa
visando à maximização dos lucros que é o objetivo principal das corporações.
O balanço social pode ser considerado uma ferramenta fundamental de gestão,
pois contribui com as empresas em ressaltar a responsabilidade social, revelando o
comprometimento em prol à sustentabilidade. Sua elaboração e divulgação competem às
empresas engajadas com o fim social e um mundo melhor, gerando o reconhecimento e
respeito da comunidade e maior possibilidade de retorno.
Diante do exposto, o presente artigo tratou da elaboração do Balanço Social da
empresa CISER, sendo analisados minuciosamente os investimentos sociais internos,
externos e os projetos futuros da companhia.
Conforme os resultados obtidos, observou-se que a empresa possui uma séria
visão estratégica social, pois tem investido em benefícios visando melhorar a qualidade de
vida dos funcionários, familiares e comunidade, com ênfase na qualificação profissional
de
seus
colaboradores,
contribuindo
para
os
planos
de
carreira
destes,
e,
conseqüentemente, trazendo ganhos à companhia, pois é de fundamental importância
para o sucesso da empresa contar com a mão de obra qualificada e produtos de qualidade.
Outro destaque é a consciência ecológica da empresa, sendo referência nacional
pela iniciativa do Projeto de Preservação das Nascentes do Rio Quiriri, além da obtenção
de diversos prêmios destacando a cidadania da empresa.
Contudo, a CISER pode ser considerada empresa cidadã, pela postura digna e
ética desenvolvida perante a sociedade, comprometida com a qualidade de vida e
preservação dos recursos naturais, só restando a publicação do Balanço Social para
consolidar esta imagem. Como sugestão para trabalhos futuros pode-se destacar a análise
da DVA relacionada ao balanço, além da comparação da rentabilidade entre empresas
que publicam seus balanços sociais e aquelas que ainda não o fazem.
REFERÊNCIAS
ASHLEY, Patrícia Almeida. Ética e responsabilidade social nos negócios. 2.ed. São Paulo:
Saraiva, 2005.
Revista de Ciências Gerenciais š Vol. 15, Nº. 21, Ano 2011 š p. 65-82
82
Balanço social e a responsabilidade social nas empresas
CAVALCANTI, Clóvis. Meio ambiente, desenvolvimento sustentável e políticas públicas. 3.ed.
São Paulo: Cortez, 2001.
CISER. Jornal fique por dentro. 12.ed. maio/jun./jul. 2009.
CISER. Identidade da empresa Ciser. 2009a. Disponível em <http://www.ciser.com.br/
empresa/apresentacao.asp>. Acesso em: 13 out. 2009.
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Acesso em: 03 nov. 2009.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Responsabilidade Social. Disponível em:
<http://www.cfc.org.br/conteudo.aspx?codMenu=93&codConteudo=1551>. Acesso em: 14 nov.
2009.
IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens. Manual de contabilidade
das sociedades por ações. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2000.
KROETZ, Cesar Eduardo Stevens. Balanço Social. São Paulo: Atlas, 2000.
______. Balanço Social: uma proposta de normatização. Revista Brasileira de Contabilidade. Rio
de Janeiro, n. 129, maio/jun. 2001.
TINOCO, João Eduardo Prudêncio. Meio ambiente e a contabilidade. Revista Brasileira de
Contabilidade, Brasília, ano 24, n.89, p.25, nov. 1994.
______. Balanço Social: uma abordagem da transparência e da responsabilidade pública das
organizações. São Paulo: Atlas, 2001.
TINOCO, João Eduardo Prudêncio; KRAEMER, Maria Elisabeth Pereira. Contabilidade e Gestão
Ambiental. São Paulo: Atlas, 2004.
TORRES, Ciro; MANSUR Cláudia. Balanço Social Dez Anos, o Desafio da Transparência.
Disponível em: <http://www.balancosocial.org.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm>. Acesso em: 02
abr. 2009.
VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de; OLIVEIRA, Roberto Guena de. Manual de
Microeconomia. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2008.
XIMENES, Sérgio. Minidicionário da Língua Portuguesa. 2.ed. São Paulo: Ediouro, 2000.
Fabiano Dantas
Mestre em Economia pela Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC) e professor das disciplinas
na área de economia nos cursos de Administração
e Contabilidade na Faculdade Anhanguera de
Joinville - unidade 1.
Revista de Ciências Gerenciais š Vol. 15, Nº. 21, Ano 2011 š p. 65-82
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