New York Times, 11 de maio de 2009 Pronunciamento de Obama sobre a Reforma da Atenção à Saúde (Texto liberado pela Casa Branca com os comentários do Presidente Obama nesta 2ª feira sobre a reforma do sistema de saúde dos Estados Unidos) Bom dia a todos. Acabei de concluir uma reunião extraordinariamente produtiva com organizações e associações que vão ser essenciais para o trabalho da reforma de atenção à saúde neste país - grupos que representam todos, desde sindicalistas a seguradoras, de médicos e hospitais a empresas farmacêuticas. Foi uma reunião centrada em grande parte num dos desafios centrais que devemos confrontar ao buscarmos conseguir reforma integral e sentar novas bases para nossa economia - e o custo em vertiginoso aumento de assistência de saúde neste país. Eles estão aqui porque reconhecem um fato claro, indiscutível: Quando se trata do gasto com atenção à saúde, nós estamos indo num rumo insustentável que ameaça a estabilidade financeira das famílias, das empresas e mesmo do governo. Isto não é novidade para o povo americano que, na década passada, viu seus gastos pessoais aumentarem vertiginosamente, os custos da atenção à saúde aumentarem e as mensalidades dos planos de saúde duplicarem numa taxa quatro vezes mais rápida que seus salários. Hoje, a metade de todas as falências pessoais provém de gastos médicos. E demasiados americanos estão saltando aquele exame que sabem ter de fazer, ou ficando sem aquela prescrição que os faria sentirem-se melhor, ou encontrando alguma outra maneira para reduzir e economizar em seus gastos de saúde. O que é uma crise crescente para o povo americano está também se tornando uma carga insustentável para as empresas americanas. Os custos crescentes de assistência à saúde estão consumindo cada vez mais os recursos que nossas empresas poderiam estar usando para inovar e crescer, tornando mais difícil para elas a competir em todo o mundo. Esses custos estão levando as pequenas empresas - que são responsáveis pela metade de todos os empregos de setor privado – a diminuir a cobertura de seguro para seus trabalhadores numa taxa alarmante. E, finalmente, a explosão nos custos de assistência à saúde tem posto nosso orçamento federal num caminho desastroso. Isto é, em grande parte, decorrente do que estamos gastando no Medicare e no Medicaid - programas de benefício cujos custos devem continuar crescendo nos próximos anos enquanto os que nasceram depois da 2ª Guerra ficam mais velhos e passam a depender cada vez mais de nosso sistema de atenção à saúde. Por isso tenho dito reiteradamente que controlar os custos de assistência à saúde é essencial para reduzir os déficits do orçamento, restaurar a disciplina fiscal e 1 colocar nossa economia rumo a um crescimento sustentável e uma prosperidade compartilhada. Nós, como uma nação, estamos agora gastando uma proporção muito maior de nossa riqueza nacional na assistência de saúde que na geração anterior. Na taxa em que estamos indo, devemos estar gastando um quinto de nossa economia em serviços de saúde dentro de uma década. E, apesar disso, estamos obtendo menos pelo nosso dinheiro. Na realidade, estamos gastando mais com assistência de saúde que qualquer outra nação no mundo, embora milhões de americanos não têm o atendimento acessível e de qualidade que merecem, e quase 46 milhões de americanos não têm qualquer seguro médico de jeito nenhum. Este problema apenas não apareceu de um dia para o outro. Durante décadas, Washington debateu o que fazer sobre ele. Durante décadas, temos falado sobre reduzir custos, melhorar a atenção e proporcionar cobertura aos americanos não assegurados. Mas com muita freqüência, esforços de reforma têm sido vítimas da pressão dos grupos de interesse dedicados a manter as coisas como elas são; das classificações políticas da assistência de saúde não como uma questão moral ou econômica, mas como uma questão de cunhas; e do fracasso de todas as partes para se unirem em nome do povo americano. Isso é o que faz a reunião de hoje tão notável - porque é uma reunião que pode não ter sido realizada há alguns anos. Os grupos que estão hoje aqui representam diferentes constituintes com diferentes tipos de interesses. Eles nem sempre têm visto claramente, seja entre si ou com nosso governo, o que necessita ser feito para reformar assistência de saúde neste país. Na realidade, alguns desses grupos se encontraram entre os críticos mais fortes de planos passados para uma reforma integral. Mas o que nos coloca juntos hoje é um reconhecimento de que não podemos continuar seguindo pelo mesmo caminho perigoso no qual temos viajado por tantos anos; os custos estão fora de controle e esta reforma não é um luxo que pode ser adiado, mas uma necessidade que não pode esperar. É um reconhecimento de que o casal fictício de televisão, Harry e Louise, que se tornaram os ícones dos opositores à reforma da atenção à saúde nos anos 90s, necessita desesperadamente uma reforma de atenção à saúde em 2009. E, como eles, também os Estados Únicos. E por isso estes grupos estão unindo-se voluntariamente para fazer um compromisso sem precedentes. Nos próximos 10 anos - de 2010 a 2019 - eles se comprometem a reduzir a taxa do crescimento do gasto nacional de atenção à saúde por 1,5% a cada ano - uma quantidade que corresponde a mais de 2 trilhões de dólares. Dois trilhões. Seus esforços nos ajudarão a adotar a próxima e mais importante medida reforma integral da atenção à saúde - para que possamos fazer o que prometi fazer como candidato e economizar para uma família típica uma média de 2.500 dólares em seus gastos com assistência de saúde nos próximos anos. Deixem-me repetir este ponto. O que eles estão fazendo é complementar e 2 será totalmente compatível com um esforço forte e agressivo para mover a reforma de atenção à saúde aqui em Washington, com uma economia em gastos com assistência de saúde para famílias, empresas e governo. Isto é como finalmente podemos tornar a assistência à saúde acessível, enquanto todo mês colocamos mais dinheiro no bolso das famílias trabalhadoras. Essa poupança pode ser alcançada pela padronização do atendimento de qualidade, pelo incentivo à eficiência e pelo investimento em medidas comprovadas para não só a tratar, mas também prevenir as enfermidades. Este é um dia histórico, um evento divisor de águas na longa e evasiva na busca da reforma da atenção à saúde. E enquanto estes grupos adotam as medidas que estão esboçando e nós trabalhamos com o Congresso na reforma da legislação de saúde, minha administração continuará trabalhando para reduzir custos de assistência de saúde e conseguir uma poupança semelhante. Freando desperdício, fraude e abuso, prevenindo re-hospitalizações evitáveis e adotando um conjunto de outras medidas para redução de custos, podermos economizar bilhões de dólares, enquanto prestamos melhor atenção ao povo americano. Agora, nenhuma destas medidas pode ser adotada por nosso governo federal ou nossa comunidade de atenção à saúde atuando isoladamente. Elas vão exigir que todos nós - trabalhadores, gestores, hospitais, enfermeiras, médicos, empresas farmacêuticas, seguradoras e membros de Congresso - caminhemos juntos, como estamos hoje, em busca de um objetivo comum. É o tipo de uma ampla coalizão, todos sentados em volta de uma mesa, de que falei durante a campanha, necessária para lograr uma reforma significativa da atenção à saúde e esta é o tipo de coalizão com a qual estou comprometido. Assim os passos que estão sendo anunciados hoje são significativos. Mas a única maneira deles terem um impacto duradouro é se não forem tomados isoladamente, mas como parte de um esforço mais amplo para reformar todo o nosso sistema de saúde. Já começamos dando uma entrada para este tipo de reforma integral. Estamos estendendo uma assistência de saúde de qualidade a milhões de crianças de famílias trabalhadoras sem cobertura, significando que estaremos prevenindo problemas de longo prazo cujo tratamento custaria bem mais caro no futuro. Estamos propiciando um subsídio do COBRA1 para tornar a assistência de saúde acessível a 7 milhões de americanos que perderem seus empregos. E porque grande parte de cada dólar dedicado à assistência de saúde é gasto em faturamento, despesas gerais e administração, estamos informatizando os prontuários médicos de uma maneira que proteja nossa privacidade e esse é um passo que não só eliminará desperdícios e reduzirá erros médicos que custam vidas, como também permitirá que os médicos passem menos tempo fazendo trabalho administrativo e mais tempo cuidando dos pacientes. Mas ainda há muito mais a fazer. Nas próximas semanas e meses, o Congresso se ocupará da difícil questão de qual é a melhor forma de reformar a assistência de saúde nos Estados Unidos. Estou comprometido com a 1 Seguro de saúde temporário para trabalhadores desempregados. 3 construção de um processo transparente onde todos os pontos de vista são bem-vindos. Mas estou também comprometido em assegurar que qualquer plano que nós aprovemos defenda três princípios básicos: Primeiro, o custo crescente da assistência de saúde tem que ser reduzido; em segundo lugar, os americanos devem ter a liberdade para manter qualquer médico e plano de saúde que eles tenham, assim como para escolher um novo médico ou plano de saúde se assim desejarem; e terceiro, todos os americanos devem ter uma assistência de qualidade com um custo acessível. Estes são princípios que espero ver defendido em qualquer projeto de lei sobre reforma da atenção integral à saúde que seja submetido à minha sanção mencionei isto aos grupos que hoje estavam aqui. Reforma é um imperativo para o futuro econômico da América, e reforma é um pilar da nova base que buscamos construir para nossa economia; reforma que nós podemos, devemos e conseguiremos ao final deste ano. Em último caso, o debate sobre a redução dos custos - e o debate maior sobre a própria reforma da atenção à saúde - não é somente sobre números; não é somente sobre formulários ou sistemas; é sobre nossas próprias vidas e as vidas de nossos queridos. E eu compreendo isso. Como mencionei antes que durante o curso da campanha, minha mãe faleceu de câncer ovariano há pouco mais de uma década. E nas últimas semanas de sua vida, quando ela estava confrontando sua própria mortalidade e demonstrando uma coragem extraordinária apenas para terminar cada dia, ela passava muito tempo preocupada se seu seguro médico cobriria suas contas. Então eu sei o que é ver um ente querido que, além de estar sofrendo, tem ainda de tratar com um sistema de saúde quebrado. Sei que esta dor é compartilhada por milhões de americanos através deste país. E por isso que estava comprometido com a reforma da atenção à saúde como candidato presidencial; por isso que reforma de atenção à saúde é uma prioridade fundamental para esta presidência; por isso não descansarei até que o sonho da reforma da atenção à saúde seja finalmente realizado nos Estados Unidos da América. E por isso estou emocionado em ter um grupo tão amplo e diverso de indivíduos de todo o espectro da assistência de saúde, representando cada base e predisposição política, que tem o mesmo senso de urgência e se comprometem a trabalhar diligentemente para reduzir custos a fim de que possamos alcançar as reformas que buscamos. Assim, muito obrigado a todos vocês por estarem aqui. Muito obrigado todos. 4