a alteracao do processamento auditivo e a relacao com a

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
Rebecca Jucksch Torquato
A ALTERAÇÃO DO PROCESSAMENTO AUDITIVO E A RELAÇÃO
COM A DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM DA ESCRITA
CURITIBA
2012
A ALTERAÇÃO DO PROCESSAMENTO AUDITIVO E A RELAÇÃO
COM A DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM DA ESCRITA
CURITIBA
2012
Rebecca Jucksch Torquato
A ALTERAÇÃO DO PROCESSAMENTO AUDITIVO E A RELAÇÃO
COM A DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM DA ESCRITA
Monografia apresentada ao Curso de
Especialização em Psicopedagogia, da
Faculdade de Ciências Humanas, Letras
e Artes, da Universidade Tuiuti do
Paraná, como requisito parcial para
obtenção
do
título
de
Especialista.
Orientadora: Maria Letizia Marchese
CURITIBA
2012
TERMO DE APROVAÇÃO
Rebecca Jucksch Torquato
A ALTERAÇÃO DO PROCESSAMENTO AUDITIVO E A RELAÇÃO
COM A DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM DA ESCRITA
Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do título de Especialista em Psicopedagogia
no Curso de Psicopedagogia da Universidade Tuiuti do Paraná.
Curitiba, 03 de fevereiro de 2012.
_________________________________________
Psicopedagogia
Universidade Tuiuti do Paraná
Orientadora:
Profª Ms. Maria Letizia Marchese
Universidade Tuiuti do Paraná
Profª. Ms. Jurândi Serra Freitas
Universidade Tuiuti do Paraná
Profª Ms. Laura Bianca Monti
Universidade Tuiuti do Paraná
Profº Drª Cleide Meirelles Piragis
Universidade Tuiuti do Paraná
SUMÁRIO
RESUMO............................................................................................................ 04
1
INTRODUÇÃO ........................................................................................... 05
2
O PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL: O QUE É E COMO
DIAGNOSTICAR .............................................................................................. 07
2.1 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA AUDIÇÃO ................................................ 07
2.2 DEFINIÇÃO DO PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL .................... 13
2.3 ALTERAÇÕES NO PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL: DEFINIÇÃO
E DIAGNÓSTICO ............................................................................................... 15
3
AS HABILIDADES AUDITIVAS E AS ALTERAÇÕES NO
PROCESSAMENTO AUDITIVO ........................................................................ 21
4
A DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM E SUA RELAÇÃO COM O
DISTÚRBIO DO PROCESSAMENTO AUDITIVO ............................................. 23
4.1 DEFININDO A DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM................................ 23
4.2 A INFLUÊNCIA DA DESORDEM DO PROCESSAMENTO AUDITIVO NA
APRENDIZAGEM ............................................................................................... 26
5
ESTRATÉGIAS PARA O TRABALHO COM A CRIANÇA PORTADORA DO
DISTÚRBIO DE PROCESSAMENTO AUDITIVO E COM DIFICULDADE DE
APRENDIZAGEM .............................................................................................. 30
6
CONCLUSÃO ............................................................................................ 35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 36
RESUMO
A alteração no Processamento Auditivo Central e sua relação com a dificuldade de
aprendizagem da escrita foram alvo dessa pesquisa. Buscou-se verificar se um dos
impedimentos para a aprendizagem infantil é a alteração do Processamento Auditivo
Central.
Assim, esse trabalho teve como objetivo definir essas alterações,
associando-as com as dificuldades de aprendizagem e elencar estratégias para o
trabalho com a criança com dificuldade de aprendizagem portadora de alteração no
Processamento Auditivo Central. Foi realizada uma revisão da literatura sobre o
sistema de processamento auditivo, bem como sua relação com a aprendizagem da
escrita. O psicopedagogo deve conhecer e entender o funcionamento do
processamento auditivo, para assim estar apto a atender a demanda clinica de
crianças com essa alteração. O correto diagnóstico e a intervenção adequada são
resultado do conhecimento das alterações de comunicação.
Palavras-chave: aprendizagem; processamento auditivo central; psicopedagogia
5
1 INTRODUÇÃO
A audição e a linguagem são funções correlacionadas (PEREIRA &
SCHOCHAT, 1997). A integridade do sistema auditivo é importante para que o
processo de apropriação da linguagem escrita ocorra de forma eficiente. As
alterações do processamento auditivo estão intimamente relacionadas a dificuldades
escolares, pois a audição é a principal via de entrada para a aquisição da linguagem
oral, e, embora a linguagem escrita tenha suas peculiaridades, é baseada na
linguagem oral, sendo que ambos os sistemas se relacionam. (NORTHERN &
DOWNS, 2001).
Quando a criança possui alguma dificuldade para analisar e interpretar
padrões sonoros, ela pode apresentar dificuldades de aprendizagem em decorrência
de um distúrbio do Processamento Auditivo Central. Para Pereira (1993) se esta
desordem interferir em um aspecto importante da aprendizagem como a leitura,
então deve ser considerada como um problema significativo.
Para se ter um adequado diagnóstico e uma intervenção terapêutica
apropriada, é fundamental que se conheça as alterações de comunicação e suas
correlações. Desta forma, o psicopedagogo pode se utilizar de instrumentos
adequados para uma intervenção eficiente (BARRETO, 2009).
Por ser uma desordem que interfere no processo de aprendizagem, o
diagnóstico de alterações no Processamento Auditivo Central é fundamental, pois
somente tendo um quadro definido das causas da dificuldade de aprendizagem é
possível traçar um plano terapêutico que contemple as necessidades da criança
(RIBAS, et al., 2007).
Nesse sentido, sabendo que existe uma “grande relação entre o fator audição
e a dificuldade de aprendizagem” (RIBAS, et al, 2007), se faz necessário que o
psicopedagogo conheça e entenda o distúrbio do processamento auditivo para que
6
ele possa de maneira efetiva auxiliar o individuo que apresente tal alteração. Pois é
um pré-requisito para a aquisição da leitura e da escrita que os mecanismos
fisiológicos auditivos funcionem com integridade, pois exerce um papel fundamental
no processamento acústico rápido, na percepção da fala, no aprendizado e na
compreensão da linguagem.
Essa pesquisa objetiva relacionar o Processamento Auditivo Central com a
aquisição da linguagem escrita, definido as alterações do Processamento Auditivo
Central, associando às dificuldades de aprendizagem com os distúrbios do
Processamento Auditivo Central e elencado estratégias para o trabalho com a
criança portadora de alteração no Processamento Auditivo Central.
Para tanto foi realizada uma revisão bibliográfica sobre o sistema de
Processamento Auditivo Central, bem como sua relação com a aprendizagem da
escrita.
Utilizou-se a leitura de livros, artigos científicos revistas especializadas,
artigos disponíveis em sites relacionados ao tema e documentação de congressos e
simpósios.
Este estudo está estruturado da seguinte forma. No capítulo 2 apresenta a
definição do que é o processamento auditivo central, sua anatomia e alterações. O
capitulo seguinte aborda as habilidades auditivas e sua relação com a alteração do
processamento
auditivo central. O
capitulo 4
descreve a
dificuldade de
aprendizagem e sua relação com o distúrbio do processamento auditivo. E o capítulo
final apresenta estratégias para o trabalho com a criança portadora do distúrbio de
processamento auditivo e com dificuldade de aprendizagem.
7
2
O
PROCESSAMENTO
AUDITIVO
CENTRAL:
O
QUE
É
E
COMO
DIAGNOSTICAR
2. 1 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA AUDIÇÃO
Para uma melhor compreensão de como o indivíduo processa o estímulo
auditivo, é necessário o conhecer o funcionamento da audição (ROSA, 2009).
Todo o trajeto percorrido pelo som deve estar integro para que a mensagem
chegue ao cérebro sem distorções ou omissões.
Segundo Menezes et al. (2005) o som para ser ouvido tem um percurso a
percorrer, que se origina do meio ambiente passando pelo ouvido externo, médio,
interno, nervo auditivo até chegar ao cérebro (Figura 1).
O Sistema auditivo periférico é constituído pela orelha externa, média e
interna. A orelha externa é formada pelo pavilhão auditivo e o meato acústico, com a
função de coletar as ondas sonoras, proteger e realizar a ressonância sonora.
A orelha média, composta pelo sistema tímpano-ossicular, é responsável por
facilitar a transmissão das ondas sonoras do ar para os fluídos da orelha interna.
A orelha interna, também conhecida como labirinto, é responsável pela
transformação da energia sonora em elétrica. É formada pela cóclea, pelos canais
semicirculares, e pelo nervo auditivo.
A cóclea é responsável por transformar as vibrações sonoras em impulsos
nervosos. É na cóclea que se encontra o Órgão de Corti, que é constituído pelas
células neuroepiteliais auditivas (células ciliadas internas e externas, células de
sustentação e membrana tectória). Os canais semicirculares não têm função
auditiva, fazem parte do sistema de equilíbrio. O nervo auditivo é responsável por
8
conduzir o sinal elétrico para o cérebro que ira decodificar os impulsos recebidos.
(FUKUDA, 2000; LACERDA, 1976; CARMO, 1999)
FIGURA 1 – ANATOMIA DA AUDIÇÃO
Nota: Figura extraída do site http://implantecoclearbahia.blogspot.com. Acesso em: 15
set.2011
O Sistema Auditivo Central envolve as grandes vias auditivas sub-corticais
que, através de impulsos eletro-nervosos transmitem a informação para os centros
corticais auditivos no lobo temporal. É formado pelas vias aferentes, eferentes e
associativas.
As vias auditivas aferentes enviam informações das células ciliadas (órgão
de Corti) ao córtex cerebral. A propagação da informação auditiva ocorre via núcleos
cocleares, complexo olivar superior, lemnisco lateral, colículo inferior e corpo
geniculado medial até a área auditiva do lobo temporal no córtex cerebral (Figura 2).
O núcleo acessório da oliva superior é a sede mais importante de análise dos
processos neurais dos impulsos originados nas duas orelhas e que determina a
9
orientação espacial. Entre o complexo olivar superior e o corpo geniculado medial,
as fibras do trato auditivo fazem conexão com a formação reticular.
A formação reticular é responsável pela inibição e facilitação de funções,
importante para manter o indivíduo desperto em estado de vigília, regulando a
resistência, as interferências e a eficiência na detecção dos sinais. É responsável,
também, pela atenção seletiva que é definida como um mecanismo cerebral
cognitivo que possibilita a alguém processar informações, pensamentos ou ações
relevantes enquanto ignora outros estímulos irrelevantes ou dispersivos (GUIDA et
al., 2007).
As vias eferentes permitem o controle dos centros superiores sobre os
centros inferiores, e sobre o órgão sensorial periférico, isso ocorre por que o córtex
controla constantemente a intensidade dos estímulos, interferindo no tônus dos
músculos tensor do tímpano e estapédio, aliviando assim a vibração e intensidade
sonora, preservando o ouvido de traumas acústicos. A via eferente tem implicações
significantes na detecção e inibição do sinal no ruído de fundo e nas funções
relacionadas à memória (RAMOS et al., 2007; GUIDA et al., 2007; MUNHOZ et al.,
2003).
A via auditiva tem sua estação final no lobo temporal, local do córtex auditivo
primário, das áreas de associação auditiva e do córtex associativo auditivo
lingüístico incluindo a de Wernicke e o hipocampo responsável pela emoção e
memória (COSTA-FERREIRA, 2007).
10
FIGURA 2 – ESQUEMA DO SISTEMA AUDITIVO CENTRAL
Nota: Figura extraída do site:
http://www.sistemanervoso.com/pagina.php?secao=2&materia_id=457&materiaver=1. Acesso em 15
set 2011.
O córtex auditivo primário é o local da sensação e percepção auditiva,
também chamado Giro de Heschl. É cercado pelo córtex auditivo secundário e áreas
auditivas associativas, que cobrem a parte lateral do giro temporal transverso e se
11
estendem ao plano temporal superior. Ele retém a organização tonotópica da cóclea,
analisa os sons complexos, inibe respostas inapropriadas e analisa o estímulo
auditivo dentro de um só contexto temporal. Está envolvido na atenção seletiva e
orientação espacial do estímulo auditivo durante a localização sonora. O córtex
auditivo secundário que está envolvido com outras funções sensoriais (visuais,
táteis, cinestésicas e olfativas) e de associação. É o local onde o processamento dos
sons da fala é realizado.
(QUEIROZ & MOMENSOHN-SANTOS, 2009; COSTA-
FERREIRA, 2007).
De acordo com Ramos et al. (2007), pesquisas apontam o córtex auditivo do
hemisfério direito seja responsável pelo processamento de estímulos não verbais e o
do hemisfério esquerdo pelos estímulos verbais. Segundo Waldie (2004), recentes
pesquisas atribuem funções semânticas e pragmáticas ao hemisfério direito
principalmente no aprendizado de novas tarefas.
De forma simplificada pode-se dizer que o estimulo sonoro ao chegar ao
pavilhão auricular, é captado pelo conduto auditivo chegando até a membrana
timpânica. A membrana vibra com a passagem do som, e essa vibração faz com que
o martelo, que está unido à membrana, se movimente, desencadeando o movimento
da bigorna e do estribo. O estribo provoca a movimentação da membrana da janela
oval, que liga a orelha média à orelha interna. Esse movimento ocasiona o
deslocamento dos líquidos localizados na cóclea, estimulando assim o órgão de
Corti, que transforma o estimulo transforma-se em estímulo elétrico. Então ocorre a
transmissão do impulso nervoso, através do nervo auditivo. Esse impulso é
processado por estruturas do sistema nervoso central, até chegar ao córtex cerebral,
para assim significarmos aquilo que ouvimos.
12
Como existem áreas específicas no cérebro para fazer a analise daquilo que
é ouvido precisamos entender como se dá a comunicação entre os hemisférios
cerebrais o a transmissão da informação ouvida de um lado ou de outro. Essa
habilidade é conhecida como função binaural.
Para explicar como funciona a função binaural da audição, Costa-Ferreira
(2007) descreve o caminho do som desde o sistema periférico até o sistema central.
Assim, um estímulo acústico, ao entrar pela orelha direita, percorre as estruturas do
tronco encefálico ipsilateralmente (lado direito) até o complexo olivar superior onde
segue seu caminho contralateralmente (lado esquerdo), chegando ao córtex auditivo
primário do hemisfério esquerdo que é responsável pela informação lexical
(associação da palavra com seu significado), sintaxe, processos fonológicos e
produção da fala. Posteriormente, essa informação é encaminhada ao córtex
auditivo secundário.
Em contrapartida, quando o estímulo acústico entra pela orelha esquerda,
percorre as estruturas do tronco encefálico ipsilateralmente até o complexo olivar
superior onde segue seu caminho contralateralmente, chegando ao córtex auditivo
primário do hemisfério direito que é responsável pelo processamento dos processos
não-lingüísticos da comunicação. Assim, o estímulo acústico deve atravessar o
corpo caloso com a finalidade de atingir o processamento lingüístico. O corpo caloso
conecta a maioria das áreas corticais dos dois hemisférios cerebrais pelas áreas
associativas.
Com as vias auditivas integras, o som é processado é então temos a
capacidade de analisar aquilo que ouvimos. Essa capacidade é chamada de
Processamento Auditivo Central.
13
2.2 DEFINIÇÃO DO PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL
O Processamento Auditivo Central foi definido pela American SpeechLanguage Hearing Association (ASHA, 2005) como um conjunto de mecanismos e
processos realizados pelo sistema auditivo, responsáveis pelos fenômenos
comportamentais de localização e lateralização da fonte sonora, discriminação
auditiva, reconhecimento de padrões auditivos, aspectos temporais da audição e
“desempenho” auditivo em presença de sinais acústicos competitivos e degradados.
Existem diversas definições para o fenômeno do Processamento Auditivo
Central. A seguir será descrito algumas dessas definições na visão de diferentes
autores.
O termo Processamento Auditivo Central refere-se à capacidade de organizar
e compreender os estímulos sonoros que recebemos e desenvolve-se a partir das
experiências sonoras pela quais a criança passa principalmente nos dois primeiros
anos de vida devido ao amadurecimento das estruturas do sistema nervoso central.
Envolve um conjunto de habilidades necessárias para atender, discriminar,
reconhecer, armazenar e compreender a informação auditiva (COSTA-FERREIRA et
al., 2007).
O Processamento Auditivo envolve os processos de detecção, de análise e de
interpretação de estímulos sonoros. Estes processos acontecem no sistema auditivo
periférico e no sistema auditivo central. O som, após ser detectado pela orelha
interna, sofre inúmeros processos fisiológicos e cognitivos para que seja
decodificado e compreendido (RAMOS et al. 2007).
O Processamento Auditivo Central é o processo de gerenciamento das
informações recebidas auditivamente por uma pessoa, é um termo que descreve o
14
que acontece quando o cérebro reconhece e interpreta o som. (MOMENSOHNSANTOS & BRANCO-BARREIRO, 2004)
Segundo Philips (1995, apud CARMO, 1998) o Processamento Auditivo
Central envolve a detecção de eventos acústicos; a habilidade de descriminá-los
quanto ao local, espectro, amplitude, tempo; a capacidade para agrupar
componentes do sinal acústico em figura – fundo, como por exemplo, separar o
violino de um piano em uma música ou uma voz de outra voz; para identificá-los, isto
é, denominá-los em termos verbais e ter acesso á sua associação semântica
(significado).
De acordo com Gielow (2001 apud: MEDEIROS et al. 2008) o Processamento
auditivo Central é como o sistema auditivo analisa e organiza o que é ouvido. O
estimulo sonoro percorre o sistema nervoso, passando por regiões do tronco
cerebral, que são responsáveis por diferentes habilidades auditivas, como a
atenção, detecção e identificação.
Para Sanchez et al. (2003) o processamento auditivo é um conjunto de
habilidades específicas mediadas pelos centros auditivos, das quais o indivíduo
depende para interpretar o que ouve.
Independente da definição adotada pode-se dizer, de forma geral, que o
Processamento Auditivo Central é a habilidade que temos de perceber os estímulos
sonoros a nossa volta, de analisarmos aquilo que ouvimos e armazenar informações
obtidas pelo som. Essa capacidade nos permite compreender os sons à nossa volta.
Por isso podemos, por exemplo, diferenciar a voz das pessoas que conhecemos, os
diferentes ruídos que ouvimos, podemos localizar de onde alguém está nos
chamando, temos a habilidade de conversar ao telefone enquanto uma televisão
15
está ligada, podemos perceber a duração de uma buzina, enfim podemos interpretar
o mundo sonoro a nossa volta.
Para isso é necessário que as vias responsáveis pelo “caminho” do som, e
pela sua interpretação, estejam integras. Quando existe alguma interferência nesse
percurso, estamos diante de uma “Alteração no Processamento Auditivo Central”.
2.3 ALTERAÇÕES NO PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL: DEFINIÇÃO E
DIAGNÓSTICO
A desordem do processamento auditivo é um déficit no processamento neural
do estímulo auditivo, que abrange desde a detecção da presença de som até a
análise da informação lingüística, envolvendo funções perceptuais, cognitivas e
lingüísticas.
O Sistema de Processamento Auditivo Central é constituído de processos que
precisam de um bom funcionamento de suas estruturas ligadas ao sistema nervoso
periférico e central. Um simples distúrbio ou falha pode fazer com que a criança não
consiga interpretar o som que ouviu, uma vez que a interpretação dos sons depende
que suas habilidades auditivas estejam organizadas e estruturadas.
Quando as habilidades auditivas não são desenvolvidas, por qualquer razão,
sejam elas físicas ou psicológicas, o indivíduo pode apresentar uma desordem ou
dificuldade no Processamento Auditivo Central, que muitas vezes acarretam em
dificuldades de aprendizagem na idade escolar (SINCKEVICIUS, 2010).
A Desordem de Processamento Auditivo Central é a quebra em uma ou mais
etapas do processamento auditivo. Gerando um distúrbio de audição, em que há um
impedimento na habilidade de analisar ou interpretar padrões sonoros, podendo ser
16
decorrentes de privações sensoriais, perdas auditivas, problemas neurológicos ou
outros. (PEREIRA, 1993).
Segundo Alvarez (2000, apud, SINCKEVICIUS, 2010), existem alguns sinais
que podemos perceber para suspeitar de alguma alteração no Processamento
Auditivo Central. Se a pessoa parece não ouvir bem; é uma pessoa muito distraída
ou desatenta; demora a escutar e/ou entender quando alguém chama sua atenção,
fala muitas vezes “Hã”?, “O quê?”, ou “Não entendi!”; tem dificuldade em lembrar o
que lhe foi dito ou parece ter problemas de memória; fala de maneira diferente das
outras crianças da mesma idade que a sua; apresenta dificuldades para ler ou
escrever ou até outras dificuldades escolares; apresenta dificuldade para entender o
que está sendo falado quando está em ambientes ruidosos ou em grupos;
dificuldade de acompanhar uma conversa quando muitas pessoas falam ao mesmo
tempo; demonstra cansaço ou sua atenção é curta para sons em geral; o volume da
televisão é sempre muito alto; demonstra dificuldade de localizar um som;
demonstra dificuldades em seguir orientações; apresenta dificuldade em contar um
fato ou história; demonstra dificuldades para transmitir um recado; tem dificuldade
em seguir uma seqüência de tarefas que lhe foi transmitida oralmente; demonstra
dificuldade em entender piadas ou duplo sentido; sente dificuldade ao interpretar
problemas de matemática; tem dificuldade em compreender uma informação
abstrata.
Quando se consegue observar tais comportamentos, ou mesmo outros, podese estar diante de sinais de uma dificuldade no processamento auditivo da
informação. Muitos desses sintomas ou sinais podem ser notados em outras
dificuldades também, como déficit de atenção, dislexia, diversos níveis de depressão
17
ou outros, sendo necessária a avaliação do Processamento Auditivo Central para
confirmar ou excluir uma alteração.
Segundo Schochat e Pereira (1997), é através dos testes de Processamento
Auditivo Central que temos informações quanto ao diagnóstico de como o indivíduo
lida com as informações por ele detectadas.
É possível se investigar os prejuízos do processo gnósico auditivo de cada
indivíduo. Além de também verificar quais habilidades auditivas estão prejudicadas
e, com isso, inferir prováveis problemas auditivos que possam estar interferindo no
processo de comunicação humana, e, por
conseguinte no processo de
aprendizagem das crianças.
Para
avaliar
o
funcionamento
das
estruturas
responsáveis
pelo
processamento auditivo, são realizados testes comportamentais administrados
através de audiômetro de dois canais em cabina acústica. O resultado desses testes
permite classificar o processamento auditivo como normal ou alterado (COSTAFERREIRA, 2007).
Existem diversas classificações para a avaliação do Processamento Auditivo
Central. A seguir descreveremos algumas das utilizadas hoje na prática clínica.
Bellis (2003, apud BRANCO-BARREIRO, 2008) propõe uma interpretação da
avaliação do processamento auditivo baseada nas habilidades auditivas deficientes,
organizando um modelo de categorização dos transtornos do processamento
auditivo, que consiste atualmente de três sub-perfis primários. Até 2006, as autoras
incluíam também dois sub-perfis, considerados secundários - associação e
organização de resposta – que são decorrentes de alterações fundamentadas em
estruturas e processos que participam do processamento da informação auditiva,
18
porém não fazem parte do sistema auditivo central, como por exemplo, as
habilidades de memória, atenção, sistema executivo, entre outros.
Segundo Branco-Barreiro (2008), este modelo consiste de três sub-perfis:
decodificação auditiva, prosódia e integração.
A decodificação auditiva é o sub-perfil mais específico à modalidade auditiva.
O córtex auditivo primário do hemisfério dominante para a linguagem é a localização
presumida da disfunção. As habilidades auditivas deficientes são principalmente o
fechamento e a discriminação auditiva, processamento temporal e a separação e a
integração binaural.
A prosódia é freqüentemente somente a parte auditiva de uma disfunção
maior e mais global no hemisfério direito.
A integração é caracterizada pela dificuldade em tarefas que exijam
transferência inter-hemisférica.
Outros autores classificam o transtorno do processamento auditivo em:
decodificação, perda gradual de memória, integração ou codificação e organização
(KATZ e WILDE, 1999)
Para Pereira e Schochat (1997) o transtorno do processamento auditivo pode
ser classificado em decodificação, codificação e organização. Sendo acrescentado
em 2006 a gnosia não-verbal, estabelecendo 5 subperfis: decodificação, integração
auditiva ou codificação, associação ou perda gradual de memória, organização da
saída e função não-verbal (MACHADO, PEREIRA e AZEVEDO, 2006).
Segundo Costa-Ferreira (2007) diversos autores afirmam que a decodificação
é o sub-perfil mais comum e envolve a quebra da mensagem auditiva no nível
fonêmico.
Ainda segundo a autora, a dificuldade em manipular os sons pode
ocasionar uma falha na formação dos conceitos dos sons, resultando em
19
dificuldades nas tarefas de consciência fonológica e de leitura, problemas
articulatórios, substituição de grafemas além de vocabulário e sintaxe simplificados.
De acordo com Alvarez (2001, apud, COSTA-FERREIRA, 2007), na categoria
de integração, o processo auditivo prejudicado está relacionado à inabilidade de
integrar informações sensoriais auditivas e associá-las a outras informações
sensoriais como a visual.
Na categoria de associação, a alteração é caracterizada pela dificuldade em
reter a informação, acarretando baixa compreensão em leitura e de anedotas,
principalmente se apresentadas em voz passiva.
Com relação à categoria de organização da saída, ainda segundo Alvarez et
al. (2000, apud Costa-Ferreira, 2007) nesse tipo de alteração as habilidades
dependentes da memória e da representação fonológica de longo prazo encontramse rebaixadas. Para a autora, o déficit no sub-perfil denominado função não-verbal
caracteriza-se pela dificuldade de identificação e compreensão das características
supra-segmentais de um enunciado. Apresentando dificuldade na compreensão de
leitura e à resolução de problemas matemáticos.
Pereira e Cavadas (1998) sugerem uma descrição dos Transtornos do
Processamento Auditivo Central correlacionando estes efeitos com o impacto social
e a necessidade educacional. Eles são classificados em normal, leve, moderado e
severo.
No grau normal, observa-se uma boa capacidade de acompanhar a
conversação em ambiente desfavorável.
No grau leve, observa-se no portador uma discreta dificuldade em
acompanhar a conversação em ambiente desfavorável, podendo ser agravada se a
distância do interlocutor é aumentada ou a classe é muito barulhenta, principalmente
20
na pré- escola. Há prejuízo de pistas acústicas e são considerados dispersivos;
perdem pistas acústicas da fala que podem causar impacto na socialização,
apresentam
comportamentos
imaturos;
cansam
de
prestar
atenção.
Tem
necessidade de lugar preferencial em sala de aula e treino para melhorar o
vocabulário e a linguagem.
No grau moderado observa-se capacidade de compreender a conversação se
a distância e estrutura do vocabulário forem controladas, perdem muitos sinais
acústicos de fala, provavelmente cerca de 50%, podem ter atraso de linguagem, são
consideradas desatentas e apresentam discrepâncias entre compreender a fala no
silêncio e no ruído.
No grau severo observam-se sujeitos incapazes de acompanhar a
conversação em ambiente desfavorável, apresentam dificuldades escolares
importantes, podem ter atraso de linguagem, de sintaxe e de inteligibilidade de fala,
podem ser considerados como pouco competentes para aprender.
Independente da classificação adotada é preciso estar atento aos prejuízos
nas habilidades auditivas decorrentes da alteração no Processamento Auditivo
Central. Essas habilidades serão analisadas no próximo capítulo.
21
3 AS HABILIDADES AUDITIVAS E AS ALTERAÇÕES NO PROCESSAMENTO
AUDITIVO.
Segundo Boothroyd (1986), existem diversas habilidades envolvidas no
Processamento Auditivo Central, são elas: atenção seletiva, detecção de som,
sensação, discriminação, localização, reconhecimento e memória.
O adequado funcionamento dessas habilidades é fundamental para que a
criança consiga processar adequadamente as informações recebidas do meio
ambiente.
Para Misorelli (2005), o processamento da informação auditiva necessita da
atenção ao som e para que os estímulos sejam organizados e classificados estes
precisam ser retidos. Ou seja, primeiramente precisamos estar atentos ao som que
queremos ouvir, para que então ele possa ser adequadamente organizado e
classificado pelo cérebro. Essa habilidade permite que possamos reconhecer o som
posteriormente e acessar a informação pertinente.
Para Sanchez et al. (2003) as habilidades auditivas são mediadas pelos
centros auditivos localizados no tronco encefálico e no cérebro, podendo ser
subdivididas em atenção, discriminação, associação, integração, prosódia e
organização de saída.
A atenção envolve as habilidades relacionadas à maneira pela qual o
indivíduo atenta à fala e aos sons do seu próprio ambiente. A discriminação envolve
habilidades relacionadas à capacidade de distinguir características diferenciais entre
os sons. A associação envolve habilidades relacionadas à capacidade de
estabelecer uma correspondência entre o estímulo sonoro a outras informações já
armazenadas de acordo com as regras da língua. A integração envolve habilidades
22
relacionadas à união de informações auditivas com informações de diferentes
modalidades sensoriais. A prosódia envolve habilidades relacionadas à associação e
interpretação dos padrões supra-segmentais, não-verbais, da mensagem recebida,
como ritmo, entonação, expressão facial, ênfase e contexto. E a organização de
saída, envolvendo um conjunto de habilidades de seriação, organização e evocação
de informações auditivas para o planejamento e emissão de respostas.
Todas as habilidades são importantes para a aquisição de novo conhecimento
obtido através das vias auditivas. Por exemplo, ao sermos alfabetizados, precisamos
dessas habilidades integras, precisamos da atenção para ter a capacidade de focar
na aprendizagem de um novo conhecimento, necessitamos discriminar os diversos
sons, associação o som com cada grafema, integrar aquilo que ouvimos com aquilo
que lemos/escrevemos, necessitamos da prosódia para interpretarmos aquilo que
lemos/ouvimos e precisamos ter organização de saída para que possamos evocar a
resposta correta.
Ainda temos a habilidade de localização, que consiste na capacidade de
reconhecer a origem da fonte sonora. Trata-se de um comportamento que envolve o
funcionamento eficiente das vias auditivas do sistema nervoso central e do córtex,
além de uma adequada sensibilidade auditiva em ambas as orelhas do indivíduo
(DIAS E PEREIRA, 2008).
Uma alteração em qualquer habilidade pode comprometer o desempenho da
criança no processo de aquisição da linguagem escrita, originando uma dificuldade
de aprendizagem. A relação entre a alteração e a aprendizagem será descrita mais
adiante, primeiramente vamos definir o que é a dificuldade de aprendizagem.
23
4 A DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM E SUA RELAÇÃO COM O DISTÚRBIO
DO PROCESSAMENTO AUDITIVO
4.1 DEFININDO A DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM
As dificuldades de aprendizagem se constituem como uma das áreas mais
complexas de se conceituar em decorrência da variedade de teorias, modelos e
definições que visam esclarecer esse problema (Curi, 2002; Ide, 200; Suehiro,
2006).
A fim de tentar elucidar um pouco sobre o conceito da dificuldade de
aprendizagem iremos analisar algumas das definições usadas nos dias de hoje.
De acordo Zucoloto (2001) os principais tipos de dificuldade de aprendizagem
referem-se a: alterações de fala, perturbações emocionais, incapacidade de
aprendizagem, deficiências de saúde. Para a autora as dificuldades de
aprendizagem formam um grupo heterogêneo e é difícil defini-las, classificá-las
como temporárias ou permanentes, ou afirmar que uma criança possui dificuldade
de aprendizagem. Essa definição deixa bastante aberto o conceito da dificuldade de
aprendizagem, se preocupando em não rotular a criança com base nos sintomas
observados.
Tosim (2009) destaca que, no caso das dificuldades de leitura e escrita,
alguns autores podem usar diferente terminologia: transtorno da leitura, transtorno
da escrita, dislexia. Muitos dos estudiosos associam tais dificuldades ao transtorno
do processamento auditivo, podendo ou não ter relação com as dificuldades de
consciência fonológica.
Segundo Smith (2001) a dificuldade de aprendizagem se refere a uma gama
de problemas que pode afetar qualquer área do desempenho acadêmico, mas nem
sempre tem um diagnóstico preciso, pois muitas crianças não apresentam uma
24
etiologia definida como, por exemplo, um rebaixamento cognitivo. Para a autora, as
deficiências que mais tendem causar dificuldades acadêmicas são aquelas com
origem na percepção visual, processamento da linguagem, as habilidades motoras
finas e a capacidade de focalizar a atenção.
Para Bossa (2002) a aprendizagem envolve diversos fatores: o individual
herdado, o desejo e a inteligência construída na interação com o meio. A dificuldade
de aprendizagem pode ter causas intra-escolares e/ou extra-escolares. Nas
questões intra-escolares a autora enfatiza como possíveis causa da dificuldade de
aprendizagem a metodologia do professor, a formação do professor, a cultura da
escola, a relação professor – aluno, a política educacional e a representação do
professor sobre a dificuldade de aprendizagem escolar. Em relação aos fatores
extra-escolares, a autora cita as causas orgânicas (lesões, doenças, hiperatividade,
imaturidade do Sistema Nervoso Central), as emocionais (neuroses, psicoses,
perversões, inibição intelectual), as culturais (falta de estimulo, condição econômica)
as intelectuais (atraso no desenvolvimento intelectual, deficiência) as específicas
(dislexia, disgrafia, discalculia) e ainda a relação dos pais com o estudo dos filhos.
Para Capellini (2004), sinais como redução de léxico, sintaxe desestruturada,
dificuldade para processar sons nas palavras, dificuldade para lembrar sentenças ou
histórias, entre outros, podem ocorrer tanto em distúrbios como em dificuldades de
aprendizagem, sendo fator diferenciador a não contribuição do histórico familiar
negativo somente nas crianças com distúrbios de aprendizagem. Existem aquelas
com deficiência mental, sensorial ou motora que apresentam o distúrbio de leitura e
escrita como resultante desses problemas. Há, também, aquelas nas quais o
distúrbio
de
aprendizagem
decorre
de
disfunções
comprometem o processamento da informação.
neuropsicológicas
que
25
Alem da definição de teóricos e estudiosos acerca da definição, temos ainda
os conceitos da Classificação Internacional de Doenças (CID) e do Manual
Diagnostico e estatístico de Transtornos Mentais.
Segundo o CID – 10 (1992) o transtorno de aprendizagem é definido como
"grupos de transtornos manifestados por comprometimentos específicos e
significativos no aprendizado de habilidades escolares. Estes comprometimentos no
aprendizado não são resultados diretos de outros transtornos (tais como retardo
mental, déficits neurológicos grosseiros, problemas visuais ou auditivos não
corrigidos
ou
perturbações
emocionais)
embora
eles
possam
ocorrer
simultaneamente em tais condições"... (1993, p. 237).
De acordo com o DSM – IV (1995) os transtornos de aprendizagem são
diagnosticados quando os resultados do indivíduo em testes padronizados e
individualmente administrados de leitura, matemática ou expressão escrita estão
substancialmente abaixo do esperado para sua idade, escolarização ou nível de
inteligência (1995, p. 46).
Independente do conceito adotado para definir o que é a dificuldade de
aprendizagem, percebe-se um denominador comum entre os autores, a variedade
de fatores, sejam eles orgânicos ou sociais. Independente da origem da dificuldade
é importante analisar os aspectos orgânicos, descartando-os se for o caso, para
poder auxiliar a criança de forma adequada.
Ainda não se sabe exatamente o que causa uma alteração no Processamento
Auditivo Central, as possíveis etiologias são: fatores hereditários, uma alteração do
Sistema Nervoso Central (Problemas no córtex com efeito direto da função auditiva,
ou alteração no tronco cerebral causando interferência na transmissão sonora);
crises de Otite Média recorrentes na primeira infância (que iria privar a criança de
26
experimentação e maturação do sistema auditivo), alguns estudo ainda apontam
como provável causa crises contínuas de febre alta, distúrbios específicos no
desenvolvimento da função auditiva e privação de som durante a primeira infância.
Com base no que foi exposto podemos classificar a dificuldade de
aprendizagem decorrente do Processamento Auditivo Central, como de origem
orgânica. Podendo ainda se de origem social (privação de sons durante a infância
ou estimulação auditiva pobre).
Mas qual seria a real interferência do Processamento Auditivo Central no
processo de aprendizagem?
4.2 A INFLUÊNCIA DA DESORDEM DO PROCESSAMENTO AUDITIVO NA
APRENDIZAGEM
A deficiência em qualquer função auditiva poderá acarretar dificuldade de
aprendizagem, pois na escola encontram-se os mais diversos sons, misturados ao
dia-a-dia da sala de aula, que muitas vezes tornam-se problemas. A criança para
aprender ou desenvolver suas atividades pedagógicas precisa de um ambiente
adequado, mas mesmo tendo acesso a este ambiente, sons diversos enchem o
espaço exterior e interior da sala de aula.
Esses sons são transformados em problemas para as crianças com
dificuldade no processamento auditivo, pois o mais simples deles torna-se um
grande ruído, que atrapalha a concentração e o entendimento (SINCKEVICIUS,
2010).
Ainda segundo Sinckevicius (2010), a conseqüência deste quadro é o baixo
rendimento escolar, com dificuldade em compreender palavras que têm duplo
27
sentido. Podendo apresentar problemas de linguagem expressiva, dificuldade de
compreender e interpretar o que foi lido, inversão de letras na escrita e certo
desajuste social, pois estas crianças podem ser muito agitadas ou isoladas.
Dependendo da alteração do Processamento Auditivo Central, a manifestação
da dificuldade de aprendizagem pode variar.
A alteração na habilidade de localização é um processo importante no
desenvolvimento da percepção espacial e no desenvolvimento da atenção seletiva.
A atenção seletiva depende do funcionamento do Sistema Nervoso Central e
é primordial para qualquer aprendizado. Através da habilidade de atenção seletiva o
indivíduo é capaz a monitorar um determinado estímulo auditivo significativo, mesmo
quando a atenção primária deva-se à outra modalidade sensorial, isto significa que o
individuo tem a capacidade, por exemplo, de escrever e ouvir, como na realização
de um ditado. Capacita também a reagir a um determinado estímulo auditivo
significativo e ignorar o ruído de fundo, sendo capaz de retirar do ambiente o
conteúdo necessário.
Essa capacidade é chamada de figura-fundo, que é a habilidade do indivíduo
de identificar a mensagem primária na presença de sons competitivos. Isto significa
que a atenção seletiva é importante na realização de atividades de vida diária como
a leitura em um ambiente ruidoso ou a aprendizagem de um conteúdo escolar novo
em uma sala de aula com estímulos auditivos competitivos presentes. Dessa forma é
necessário que essa habilidade esteja integra para facilitar a apropriação da
linguagem escrita (GARCIA et al, 2007).
A discriminação auditiva é o processo de detectar diferenças entre os padrões
de estímulos sonoros, essa habilidade é importante para o desenvolvimento da
escrita, uma vez que essa habilidade permite a diferenciação entre os fonemas com
28
traço fonético semelhante. Esses fonemas podem diferenciam-se pelo traço de
sonoridade (ex: /b/ e /p/: bato e pato) e pelo traço de nasalidade (ex: /l/ e /n/: lado e
nado), pelo ponto de articulação (ex: /g/ e /d/: gado e dado) e pelo modo de
articulação (ex: /m/ e /b/: mata e bata). Essa diferenciação é necessária para que
haja uma apropriação completa do código escrito.
A memória é o processo que permite estocar, arquivar as informações, para
recuperá-las quando houver necessidade. Essa é uma habilidade que possibilita a
criança reter a informação e utilizá-la posteriormente, possibilitando a aquisição da
leitura e da escrita, a relação entre o grafema e o fonema é possível por meio da
relação estabelecida entre som e forma, armazenada pela criança.
Existe diversos estudo relacionando a dificuldade de aprendizagem com a
Desordem do Processamento auditivo.
Ribas (1999), ao avaliar 26 crianças com distúrbio de aprendizagem por meio
de testes do processamento auditivo, verificou problemas de memorização em 92%
da amostra; problemas de cálculo em 13%; problemas ortográficos em 92%;
problemas de fala em 53%; desatenção em 100% da amostra
Engelmann e Costa-Ferreira (2009), em estudo com 21 crianças matriculadas
na 2° série do ensino fundamental, avaliaram o processamento auditivo, a leitura e
escrita e identificou a memória seqüencial verbal como aspecto relevante ao
relacionar os escores dos testes de processamento auditivo com as dificuldades de
aprendizagem evidenciadas pela menor fluência em leitura.
Frota e Pereira (2010) avaliaram sessenta crianças, com e sem dificuldade de
leitura e escrita, e o desempenho das crianças sem distúrbios na leitura e escrita foi
melhor do que no grupo com dificuldade, tanto na avaliação dos testes verbais
quanto não verbais de processamento auditivo.
29
Ribas et al. (2007) pesquisaram o processamento Auditivo Central de 50
crianças portadoras de dificuldade de aprendizagem, 88% da amostra pesquisada
apresentou algum tipo de alteração do processamento auditivo no exame realizado.
Oliveira et al (2010) em pesquisa para avaliar a avaliação do processamento
auditivo
com objetivo
de
caracterizar
e
comparar,
por
meio
de
testes
comportamentais, o processamento auditivo de escolares com diagnóstico
interdisciplinar de distúrbio da aprendizagem, dislexia e escolares com bom
desempenho
acadêmico.
Os escolares com transtornos
de
aprendizagem
apresentaram desempenho inferior nos testes de processamento auditivo, sendo
que os escolares com distúrbio de aprendizagem apresentaram maior número de
habilidades auditivas alteradas, em comparação com os escolares com dislexia, por
terem apresentado atenção sustentada reduzida.
Esses estudos evidenciam a relação existente entre o transtorno do
Processamento Auditivo e a dificuldade de aprendizagem, corroborando para a
importância de o psicopedagogo estar a par desse distúrbio, uma vez que em sua
pratica clinica poderá encontrar pacientes com essa alteração.
30
5 ESTRATÉGIAS PARA O TRABALHO COM A CRIANÇA PORTADORA DO
DISTÚRBIO DE PROCESSAMENTO AUDITIVO E COM DIFICULDADE DE
APRENDIZAGEM
O psicopedagogo ao atender a criança portadora do
distúrbio de
processamento auditivo deverá levar em conta a dificuldade que a criança tem de
aprender pela via auditiva e qual é a melhor forma de ajudar, nesse capitulo será
elencado alguma estratégias que podem ser utilizadas e adaptadas para o uso
clínico do psicopedagogo.
Segundo Chermak e Musiek (1992), os avanços na neurociência cognitiva
demonstram que a plasticidade funcional do Sistema Nervoso Central, bem como os
períodos críticos de maturação e o fortalecimento das ligações sinápticas com a
repetição. Os autores referem que o treino das habilidades auditivas é direcionado à
melhoria da vigilância auditiva, detecção temporal e espectral, discriminação e
transferência inter-hemisférica.
Essa afirmação é que norteia qualquer trabalho visando ajudar na dificuldade
de aprendizagem, decorrente do transtorno do Processamento auditivo Central. Pois
é capacidade de plasticidade que o cérebro que, por meio da experimentação e da
repetição, é possível o desenvolvimento de alterações estruturais.
O fonoaudiólogo é o profissional capacitado e com competência para o treino
das habilidades auditivas. Então qual seria o papel do psicopedagogo no
atendimento no consultório, da criança que vem encaminhada com dificuldade de
aprendizagem e apresenta um transtorno do Processamento Auditivo?
31
Para Bianchi (2011) o papel do fonoaudiólogo é reabilitar as habilidades
auditivas prejudicada. O papel psicopedagogo é o de ensinar a criança a usar o que
foi reabilitado.
Para trabalhar a decodificação auditiva, é importante desenvolver atividades
de leitura que, por exemplo, utilize a memória visual como ponto de referência.
Atividades com música, identificando os sons e decodificando-os, também são
sugestões.
Para auxiliar na integração auditiva, Canto e Knabben (2002) citam os
exercícios corporais de movimentação no tempo e espaço, técnicas que trabalham o
hemisfério direito e esquerdo e a terapia ritmo-visual.
Para a associação auditiva, as autoras indicam trabalhar com estocagem de
informação, porém salientam que devem ser fragmentadas as atividades de leitura,
pois nem sempre a repetição de textos longos irá auxiliar, o ideal é trabalhar com
partes menores.
Para desenvolver a organização de saída, são sugeridas as atividades que
envolvam sequencialização e listagem que reforçam as habilidades desses
indivíduos; caderno de anotações casa/escola ajudará a criança a não ser
desorganizada em suas tarefas de casa (CANTO; KNABBEN, 2002).
A função não-verbal pode ser trabalhada com atividades que desenvolvam a
memória operativa com pistas visuais, ou seja, por meios não verbais. Também é
importante trabalhar aspectos afetivo-emocionais por intermédio de vivências.
Segundo Musiek e Chermak (1995), desenhar pode ser uma técnica de
codificação de grande valia para pessoas com dificuldade de processamento da
linguagem falada, porque o ato de desenhar ativa o córtex motor primário do
32
hemisfério direito e, possivelmente, aciona o processamento bi-hemisférico na tarefa
de memorizar os estímulos verbais.
Musiek (1999) também destaca que a combinação de ações de natureza
verbal e motora fornece melhor acesso à memória e, possivelmente, melhora o
processo de memorização, devido às múltiplas representações (verbal, espacial,
auditivo, visual, somática e processos motores) envolvidas, de sorte que sugere que
esse procedimento seja usado com crianças com problemas de memória ou com
comportamentos que têm sido atribuídos à pobre memória auditiva.
Dessa forma exercícios que a criança usa o corpo como referencia para o que
ouviu podem ser uma grande ferramenta para auxiliar no aprendizado. Por exemplo,
pode ser sugerido que a criança dê um passo na sala pra cada “pedacinho” de
palavra ouvida (para cada silaba um passo), dessa forma a criança começa a
associar o que foi ouvido relacionando a um movimento corporal.
Tosim (2009) relata algumas estratégias para o aprimoramento das
habilidades auditivas. A autora sugere o jogo de pergunta e resposta onde em que a
terapeuta faz uma pergunta, cuja resposta poderá ser apenas sim ou não. A
terapeuta combina com o participante que ele deve prestar atenção às perguntas e
responder rapidamente com “sim” ou “não”. Como por exemplo: “Gato voa?”, “O leite
é azul”, “O cachorro late?”. Em seguida a criança faz as perguntas e a terapeuta
responde.
Esse tipo de atividade alia as habilidades de discriminação auditiva e de
semântica. Já faz parte da rotina de avaliação da psicopedagogia o teste da
audibilização. Quando a criança discrimina adequadamente os sons da língua, tem
melhores condições para memorizá-los e atribuir-lhes uma significação. Ou seja, as
capacidades conceituais favorecem a memorização e discriminação fonética das
33
novas informações lingüísticas. Por outro lado, falhas na discriminação dos sons
possivelmente impedem que as informações sejam mantidas na memória de curto
prazo até que sejam acionados os conceitos retidos na memória de longo prazo. A
pobreza conceitual limita a discriminação e memorização da linguagem ouvida.
Dessa forma, trabalhar com atividades que privilegiam essa habilidade são de
grande importância para auxiliar no processo de aprendizagem.
Outra técnica visa o trabalho com a habilidade de atenção seletiva. Para esse
procedimento, utiliza-se um texto que deve ser lido em voz alta para a criança.
Nesse texto, deve aparecer uma palavra repetidas vezes. Antes de iniciar a leitura
em voz alta, orientar a criança durante a leitura do texto ela deve prestar atenção:
todas as vezes que ouvir a palavra, deve bater palma, ou então contar quantas
vezes essa palavra foi repetida no texto (TOSIM, 2009).
Essa atividade pode ser realizada também com parte de palavras, por
exemplo, palavras iniciada ou finalizadas com uma determinada silaba. Esse tipo de
atividade obriga a criança a utilizar a via auditiva como fonte única de informação,
em crianças com alteração essa atividade pode ser cansativa e por isso o texto não
pode ser demasiado longo. Ao focar a atenção somente no que está ouvindo a
criança pode não compreender o sentido daquilo que ouviu, então é interessante
trabalhar com historias conhecidas por ela. Pode-se trabalhar a mesma historia com
palavras diferentes, ou mesmo com duas palavras ao mesmo tempo, pedindo
diferentes ações para cada palavra, bater palmas e estralar os dedos por exemplo.
Outra atividade que pode usada para trabalhar memória auditiva de palavras
é a repetição de uma seqüência criada pela criança baseada em um tema (por
exemplo, zoológico, categoria semântica de animais) onde se diz: “Fui ao zoológico
34
e vi um macaco”. Em seguida, a criança deveria dizer: “Fui ao zoológico e vi um
macaco e um leão” – e assim, sucessivamente, acrescentando mais uma.
Às vezes se torna necessário criar facilitadores para que a criança consiga
adquirir a linguagem escrita. Por exemplo, se a habilidade de atenção seletiva, está
prejudicada é a criança não consegue aprender com outros estímulos presentes, é
necessário que o aprendizado seja realizado em um ambiente silencioso, com
poucos estímulos auditivos e visuais. Se a dificuldade está na discriminação de som,
e por esse motivo a criança realizar muitas trocas ortográficas, é necessário utilizar o
apoio visual e tátil para que a criança perceba a diferença sonora de cada letra. Para
a criança que apresenta dificuldade de memória auditiva, é importante trabalhar a
relação visual tentando integrar as memórias visuais e sinestésicas. Ou seja, utilizar
as habilidades íntegras da criança para facilitar o aprendizado.
35
CONCLUSÃO
A alteração no Processamento Auditivo Central é uma das causas da
dificuldade de aprendizagem. O psicopedagogo deve conhecer e entender o
funcionamento do processamento auditivo, para assim estar apto a atender a
demanda clinica de crianças com essa alteração.
É fundamental ter em mãos a avaliação do Processamento Auditivo Central
da criança, e ser capaz de entender o resultado. Dessa forma o psicopedagogo terá
um maior domínio e poderá, com base nas habilidades auditivas prejudicadas,
elaborar o planejamento terapêutico adequado para cada caso.
O conhecimento das desordens no Processamento Auditivo também permite
o reconhecimento dos sintomas e possibilita o encaminhamento do paciente para a
realização dos exames e de um possível diagnóstico. Pois muitas vezes a criança
chega aos consultórios de psicopedagogia com a queixa de dificuldade de
aprendizagem, mas sem o diagnóstico definido.
Sem compreender a dificuldade que o paciente apresenta no processamento
dos sons, ele pode ser rotulado como criança problema, o tratamento convencional
da psicopedagogia não apresentará resultados, podendo ocasionar desmotivação e
frustração, tanto por parte do terapeuta como da própria criança.
Ao ser realizada a avaliação do Processamento Auditivo Central, muitas das
hipóteses levantadas na avaliação psicopedagógica podem ser explicadas,
justificadas
ou,
até
mesmo,
descartadas,
auxiliando
assim
o
trabalho
psicopedagógico.
Dessa forma, o psicopedagogo terá maior possibilidade de ajudar seu
paciente na apropriação da linguagem escrita.
36
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