ilustração botânica como ferramenta didática para o ensino

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ILUSTRAÇÃO BOTÂNICA COMO FERRAMENTA DIDÁTICA PARA O ENSINO
DE BOTÂNICA E PARA A VALORIZAÇÃO DAS PLANTAS DE PONTES E
LACERDA-MT
MOURA, Nelson Antunes de1; SILVA, Juciley Benedita da2;
Palavras-chave: Biodiversidade; Botânica; Ilustrações.
Introdução
A ilustração botânica é uma especialidade da ilustração científica. O
ilustrador científico é o profissional que produz ilustrações, representações bi ou
tridimensionais, de motivos tecnológicos ou descritivos no âmbito das ciências e
técnicas, tais como: Antropologia, Arqueologia, Geologia, Cartografia, Botânica,
Zoologia, Meteorologia, Medicina, Medicina Veterinária, Odontologia, Produtos de
Engenharia, etc (PEREIRA, 2005). Ao produzir uma ilustração científica o
desenhista tem a liberdade de montar uma prancha com as características de
interesse, ou seja, com estruturas e detalhes evidenciados e associados da forma
que mais convém (Araújo et al., 2010). A autora relata que “Não é limitado a
mostrar apenas aquilo que realmente existe. Quando necessárias, as estruturas
que faltam ou que sofreram algum tipo de dano podem ser reconstituídas,
mostrando o objeto por completo” (ZWEIFEL, 1988).
LEITE (2010) diz que a figura do ilustrador botânico é a daquela pessoa que
se especializa em ilustrar para a ciência, contribuindo para a divulgação dos
conhecimentos científicos relacionados com a flora em geral. A ilustração
botânica, ao representar uma espécie com a maior fidelidade possível, captando
todas as suas características formais, garante para si o status de arte capaz de
descrever com detalhes uma planta, tal qual um texto científico o faz.
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Resumo revisado por: Nelson Antunes de Moura1 “Ilustração Botânica como ferramenta didática para o
ensino de Botânica e para a valorização das plantas da região e entorno de Pontes e Lacerda-MT”, 196/2011.
Projetos abordando o ensino de botânica nas escolas é uma ferramenta
importantíssima para discutir a prática efetiva do ensino de Biologia. Trata-se de
uma oportunidade para alunos e professores trabalharem de forma conjunta para
uma aprendizagem significativa dos conteúdos vegetais. A ilustração botânica alia
os conhecimentos científicos das espécies vegetais com os aspectos artísticos, de
maneira que uma área influencia e sofre a influência da outra. Muitas publicações
científicas utilizam a ilustração botânica em artigos especializados para a
caracterização das estruturas morfológicas.
Esta proposta de curso de Ilustração Botânica não tem a pretensão de
formar ilustradores botânicos especializados, mas contribuir para despertá-los
para a maior valorização das espécies botânicas a fim de diminuir os danos
provocados pela destruição de habitats naturais. Os participantes deste projeto
oportunizarão os conhecimentos adquiridos para a melhoria da qualidade de
ensino e da aprendizagem nas escolas do município.
Metodologia
O curso sobre ilustração botânica foi ofertado para professores e alunos de
diferentes níveis de formação: ensino médio, graduação e pós-graduação, através
de aulas teóricas e práticas das estruturas morfológicas da flora regional utilizadas
na ilustração. Na parte teórica, foram ministradas aulas dialogadas sobre a
morfologia interna e externa com imagens em multimídia (Computador portátil e
Datashow) apresentadas no programa PowerPoint. Após a parte teórica, os
participantes do curso realizaram as ilustrações botânicas. Observações
microscópicas foram realizadas para identificar a morfologia interna dos vegetais,
diagnosticando as partes importantes para a ilustração. Ainda na teoria, foram
ministradas aulas sobre Técnicas de desenho à mão livre, do grafite, do nanquim
e do guache. Nos desenhos á mão livre, os cursistas tiveram noções de luz e
sombreamento, escalas e dimensionamento das ilustrações científicas, além dos
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UNEMAT ([email protected])
materiais usados para esta técnica. Nos desenhos à nanquim, os participantes
conheceram as práticas da ilustração utilizando caneta do tipo nanquim para
pontilhados e sombreamento. A técnica do grafite é constituída pelas diferentes
espessuras de linhas e pelos variados tons de um contínuo sombreado em
degrade (PAPP, 1968). Lápis integral HB, 2B, 4B, 6B, 8B e 9B, lápis comum B,
2B, 3B, 8B, 9B, esfuminho e borracha modelável, pincéis de diferentes números e
tintas também foram utilizados. Os papéis utilizados foram: A4, Canson e papel
vegetal. O curso foi oferecido na Escola Estadual Dormevil Faria, sendo ofertadas
20 vagas para alunos, professores e técnicos. O referido curso teve carga horária
de 20 horas presenciais, sendo disponibilizado um período de 60 dias para a
prática da ilustração, considerando o ritmo e a capacidade individual dos
participantes. Ao final, todos os cursistas apresentaram os resultados em um
encontro, demonstrando as ilustrações mais representativas. O acervo ficará
depositado em um museu artístico local para que sejam apreciadas pelos
visitantes locais e de outros lugares.
Resultados e discussão
Esta pesquisa teve início com uma excursão no Parque Estadual Ricardo
Franco, mais especificamente na “Cascata dos Namorados” localizada no
município de Vila Bela da Santíssima Trindade à 80 km do município de Pontes e
Lacerda. A excursão foi realizada com 45 acadêmicos do curso de zootecnia
matriculados nas disciplinas de Morfologia e Fisiologia Vegetal, Ecologia e
Conservação dos Recursos Naturais e Genética, incubidos de observar, fotografar
e coletar as espécies botânicas presentes na área, tais como fitoplânctons (coleta
de água), musgos, samambaias e plantas vasculares superiores. As algas foram
observadas ao microscópio óptico no aumento 40x e, a cada espécie encontrada,
a mesma foi fotografada para posterior identificação taxonômica. Os musgos
foram observados em lupas estereoscópicas e microscópios de diferentes
aumentos (4x, 10x e 40x), com o registro fotográfico das estruturas anatômicas.
As samambais foram feitas exsicatas para posterior identificação á nível
específico. Nos grupos vasculares, foram tiradas fotografias espécies que
apresentavam no período de floração, para facilitar a identificação. Além disso, as
partes de folha e flor foram coletadas para a confecção de exsicatas.
O segundo momento da pesquisa foi realizado no curso de Ilustração
Botânica oferecido na Escola Estadual Dormevil Faria para técnicos, professores e
alunos do ensino médio, graduação e especialização. A parte teórica foi ministrada
para apresentar os conceitos, principais técnicas e materiais usados na ilustração
de espécies vegetais. A segunda parte do curso foi feita para aplicar as técnicas
de desenho à mão livre, grafite, nanquim, lápis de cor e guache. Durante a aula,
foram apresentadas em Data Show as imagens de algas para que os cursistas
pudessem observar suas morfologias para, em seguida, fazer ilustrações em
grafite e nanquim. Cada participante ilustrou a mesma espécie utilizando as duas
técnicas, totalizando 32 ilustrações. Todas as imagens foram digitalizadas e
expostas na aula seguinte para discutir os detalhes das ilustrações, buscando o
aperfeiçoamento das mesmas. O passo seguinte foi realizar ilustrações de
musgos sendo, para isso, realizada observações ao microscópio óptico das
características morfológicas, tais como hábito do gametófito, formas de caulídio,
filídio e tipos de células encontradas no ápice, margem e base das briófitas. Da
mesma forma como foi realizado com as algas, as ilustrações foram feitas com
grafite e nanquim, totalizando 16 ilustrações à grafite e 16 à nanquim. O próximo
passo foi realizar ilustrações de diferentes tipos de folhas de plantas vasculares,
sendo estas realizadas com grafite e nanquim, somando 32 ilustrações. A técnica
de lápis de cor foi usada para ilustrar a morfologia das flores e da ilustração dos
frutos e sementes utilizou-se tinta guache, totalizando mais 32 ilustrações. Ao
todo, foram confeccionadas pranchas no papel A4 (32 ilustrações), papel vegetal
(32 ilustrações) e em papel Canson (32 ilustrações), total de 96 ilustrações
botânicas. No último dia do curso foi feita uma avaliação para diagnosticar a
aprendizagem, tendo como resultado a satisfação e a solicitação para novos
cursos sejam ofertados para aprimorar, ainda mais, as técnicas aprendidas.
Ainda, uma participante (professora do ensino fundamental), passou a
utilizar esses conhecimentos em suas aulas de educação artística, a qual
demonstrou ótima satisfação com os resultados alcançados.
Conclusões
Os resultados alcançados até o presente momento foram mais que os
esperados pelo projeto, uma vez que os participantes passaram a ter um olhar
diferenciado para as espécies vegetais, de modo a valorizar a botânica. Diante
disso, outros cursos de ilustração estão sendo programados para realizar em mais
duas escolas do município e, após isso, aprimoramento das técnicas aprendidas
em cursos de ilustrações das espécies mais representativas da flora local. Todas
as pranchas confeccionadas serão expostas para o público em evento local.
Referências Bibliográficas
ARAÚJO et al. Aplicações da ilustração cinetífica em Ciências Biológicas.
Campus Rio Claro – Instituto de Biociências – Ciências Biológicas. 2010.
LEITE, J. F. A Ilustração Botânica em defesa do Cerrado. Revista UFG, ano 12, n.
9, dez. 2010.
PAPP, C. S. Scientific Illustration – theory and practice. W. C. Brown Co. 1968.
35p.
PEREIRA, R. M. A. Ilustração Científica na UFMG: a experiência do curso em
Ilustração Botânica. Anais do 8º Encontro de extensão da UFMG. Belo
Horizonte: MG. 2005.
ZWEIFEL, Frances. A handbook of biological illustration. Chicago: Chicago
University P. 1988.
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