Aula 23 - Economia Para Engenharia De Produção

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Aula 23 - TP002 - Economia - 19/05/2010 Bibliografia Básica: Cap. 30 MANKIW (2007)
Crescimento da moeda e inflação
Os preços tendem a aumentar com o passar do tempo em nossa economia. Isso é
bastante normal hoje em dia. Nos Estados unidos a inflação foi de cerca de 5% ao ano, nos
últimos 60 anos. Isso hoje parece inevitável, mas no século XIX, existiram 2 períodos em
que a maioria dos preços caiu. Ou seja, houve deflação. O nível de preços foi 23% menor
em 1896 do que em 1880!
Imagine um fazendeiro que se endividou para plantar. O que ele faria? Suas
colheitas baixavam de preço, e as dívidas aumentavam.
Na Alemanha, após a primeira guerra um jornal subiu de 0,30 centavos de marco
para 70 milhões de marcos em menos de 2 anos. Talvez por causa desse episódio, hoje em
dia a Alemanha tem apresentado taxas menores de inflação do que as americanas. Os
formuladores de política alemães são mais avessos à inflação.
Inflação é bom ou ruim? Faz bem ou mal? Por quê? – isso que queremos ver nessa
aula.
A TEORIA CLÁSSICA DA INFLAÇÃO (Teoria Quantitativa da Moeda)
O que faz uma casquinha de sorvete aumentar de 5 centavos? Será que todo mundo
começou a gostar mais de sorvetes? Será que alguém inventou uma fórmula nova de
sorvete com drogas e todo mundo viciou em tal iguaria?
Muito provavelmente, no longo prazo, o que ocorreu foi que o gosto por sorvete
continuou o mesmo, mas o valor do dinheiro reduziu.
Imagine que P é o nível de preços. P mede quanto custa para comprar uma
determinada cesta de bens. Se invertermos isso, temos que a Quantidade que pode ser
comprada com $1 é dada por 1/P, ou seja a renda total dividido pelo preço. Logo temos que
quando o nível de preços sobe, o valor da moeda cai.
Q=1/P – para aumentar Q, P tem de reduzir. Q é o valor da moeda!!
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OFERTA DE MOEDA, DEMANDA DE MOEDA E EQUILÍBRIO MONETÁRIO
O que determina o valor da moeda?? A OFERTA E DEMANDA!!
Fatores determinantes da oferta e demanda por moeda.
Primeiro pelo mais fácil:
Oferta de moeda. Quem controla? O Banco Central. Como? Como vimos na aula
passada. Relembrando:
Compra títulos – Aumenta moeda
Vende Títulos – Reduz moeda
Aumento da taxa de reserva – Reduz moeda
Redução da taxa de reserva – Aumenta moeda
Aumento da taxa de redesconto – Reduz moeda
Redução da taxa de redesconto – Aumenta moeda
Aqui vamos ignorar as complicações vistas na aula passada. É fundamental saber
que elas existem, mas aqui vamos supor que a quantidade de moeda é dada pelo BACEN. O
que faz sentido no longo prazo.
Já a demanda por moeda depende da riqueza que as pessoas desejam manter na
forma líquida. O nível de preços influencia a quantidade de moeda que as pessoas tem no
bolso. Quanto maior o nível de preços, mais moeda elas vão querer ter. No Longo prazo, a
demanda por moeda encaixa-se no equilíbrio com a oferta de moeda.
Se o nível de preços estiver acima do equilíbrio, as pessoas desejarão ter mais
moeda do que o FED criou, de modo que o nível de preços tem de cair para acomodar tudo.
Se o nível de preços estiver abaixo do equilíbrio, as pessoas desejarão ter menos moeda, de
modo que para manter o equilíbrio o nível de preços tem de aumentar.
Inclinações do gráfico:
Oferta de moeda. Como consideramos a oferta de moeda como determinada
exatamente pelo BACEN, ela é vertical
Demanda por moeda. Quanto menor for o valor da moeda, mais moeda as pessoas
vão demandar. Ou pelo contrário, quanto maior o nível de preços, maior quantidade de
moeda as pessoas desejarão.
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PG 649 - GRÁFICO
EFEITOS DE UMA INJEÇÃO DE MOEDA
O que acontece com o gráfico anterior se injetamos moeda na economia?
Explicação é dada pela teoria quantitativa da moeda. – Afirma que a quantidade de
moeda disponível determina o nível de preços e que a taxa de crescimento na quantidade de
moeda disponível determina a taxa de inflação.
Antes, no ponto A, a população possui exatamente a quantidade monetária que
gostaria de possuir. Depois da injeção monetária, as pessoas tem mais moeda do que
desejam. Agora a oferta excede a demanda. Direta ou indiretamente essa injeção monetária
aumentará a demanda por bens e serviços. Entretanto a capacidade da economia de
produzir bens e serviços não foi alterada. Logo dada a quantidade limitada de bens e
abundância de moeda, faz com que o valor da moeda se reduza.
Com o excesso de dinheiro pessoas podem comprar bens e serviços ou fazem
empréstimos a outras pessoas. Gastam mais. Como a moeda é um recurso escasso, os
preços sobem voltando a um novo equilíbrio.
PG 650 gráfico
A DICOTOMIA CLÁSSICA E A NEUTRALIDADE MONETÁRIA
Como as mudanças na oferta da moeda afetam outras variáveis, como produção,
emprego, salários reais e taxas de juros reais?
Variáveis Nominais – Medidas em termos de unidades monetárias.
Variáveis Reais – Medidas em termos de unidades físicas.
Exemplo: produtor de milho. O quanto recebe em dinheiro é nominal. O quanto
produz em sacas de milho é real.
Dicotomia clássica – Divisão em dois grupos. Nominais e reais.
Pra que serve? Para Hume existem fatores que afetam as variáveis nominais e não as
reais. E vice versa. Normalmente a economia monetária afeta o lado nominal. Quando
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aumenta a quantidade de moeda, não afetamos emprego, salário, taxa de juros, etc. isso é a
chamada neutralidade monetária.
Um exemplo pode ser o seguinte:
Imagine que o governo quisesse aumentar o país e decretasse que o quilômetro
agora passaria a valer 500 metros. O que aconteceria com os quilômetros nominais?
Dobrariam. A distância de Curitiba a são Paulo dobraria. Mas os quilômetros reais ficariam
os mesmos.
O que aconteceria no curto prazo? Muita confusão sem dúvida. Mas no LP, tudo
ficaria como anteriormente. No mercado monetário é a mesma coisa. O efeito no LP é
diferente do CP.
Velocidade e Equação quantitativa
Como descubro quão sujo é o dinheiro?
Quantas vezes por ano uma nota de dólar é usada para pagar por algo? Depende da
velocidade da moeda. Na mão de quantas pessoas ela passa antes de chegar em mim?
Podemos estimar a velocidade de circulação do dinheiro da seguinte forma:
V=(P*Y)/M
Onde:
V=Velocidade da moeda
P=Preço da produção (deflator do PIB)
Y= Total da produção (PIB REAL)
M=Quantidade de moeda
Exemplo: Imagine uma economia que só produza 100 pizzas por ano, e cada pizza
tenha preço de $10. A quantidade de moeda em circulação é $50. A velocidade da moeda é:
V=(10*100)/50 = 20.
As pessoas gastam $1000 em pizzas. Para isso, o dinheiro tem de mudar de mãos 20 vezes
por ano.
Reorganizando, temos que:
M*V=P*Y
É chamada de equação quantitativa.
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O que importa isso?
Um aumento na quantidade de moeda em uma economia deve se refletir em uma das
outras três variáveis: o nível de preços ou produto (PIB REAL) devem subir, ou a
velocidade da moeda deve cair, para que seja mantida a igualdade.
i)
a velocidade da moeda é relativamente estável, constatado empiricamente.
Gráfico pg 654
ii)
Como a velocidade é estável, quando o BACEN altera a quantidade de moeda
(M), ele causa alterações no valor nominal da produção (PxY).
iii)
Se a produção é determinada pela oferta de fatores de produção, como trabalho e
máquinas a moeda não afeta a produção, já que a emissão de simples papéis
coloridos com bichinhos não cria mais máquinas, mais recursos naturais ou mais
pessoas para produzir.
iv)
Assim, o que altera no PxY é o nível de preços.
v)
Assim, por essa teoria caso o BACEN aumente rapidamente a oferta de moeda,
o que ocorre é o aumento da inflação.
IMPOSTO INFLACIONÁRIO
O que se observa nas experiências hiper-inflacionárias, é que sempre quando a
autoridade monetária pára de emitir moeda, a inflação também cessa. Se isso é tão óbvio –
quanto mais moedas eu emitir, mais inflação eu tenho - por que os governos emitem mais
moedas?
Porque estão se financiando com a impressão de mais dinheiro. O governo deve
pagar as dívidas com dinheiro dos impostos. Se não tem dinheiro para tanto, pode imprimir
mais. O que acontece com o dinheiro que está na sua carteira caso o governo imprima mais
dinheiro? Desvaloriza, consoante com os gráficos anteriores. Na verdade o efeito é análogo
ao de um imposto, pois modifica o poder de compra real da população. É um imposto que
recai sobre todos que tem moeda nas mãos.
Estimativas dizem que nos EUA o imposto inflacionário é responsável por 3% da
renda do governo americano.
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O EFEITO FISCHER
Taxas de juros ligam a economia do presente ao futuro. É como se fosse um
Delorean do Doutor Emmett Brown, do filme de volta para o futuro. Quando a inflação
sobe, a taxa de juros nominal também sobe. Quando o BACEN emite mais moeda, não
afeta a taxa real, mas sim a nominal.
Teste: a taxa de crescimento da oferta da moeda sobe de 5% ao ano para 50% ao
ano. O que ocorre com os preços? O que ocorre com os juros nominais? Por quê muito
provavelmente o governo fez isso?
CUSTOS DA INFLAÇÃO
Queda no poder aquisitivo?
A inflação é o aumento geral do nível de preços. Todos os preços aumentam.
Inclusive os salários. A inflação por si não reduz o poder de compra. Um trabalhador ganha
aumento de 10% no ano que teve inflação de 6%, pode se sentir mais feliz do que quando
não ocorreu inflação e recebeu 6% de aumento, mas na verdade saiu mais prejudicado.
Assim, a inflação por si só não é responsável por uma queda no poder aquisitivo.
Custos de sola de sapato
Imagine a inflação como imposto. Todos tendem a pagar menos impostos O que
você faria para pagar menos impostos? Se existe inflação, temos incentivos a andar com a
menor quantidade de dinheiro possível. Como fazer isso? Indo ao banco com maior
freqüência. Ao invés de sacar 200 por mês, saca 50 pilas por semana. Isso é chamado de
custo de sola de sapato. A inflação faz com que moeda não seja mais uma boa reserva de
valor, que é uma das características da moeda vista anteriormente.
Custos de menu
Empresas não alteram os preços todos os dias. Empresa típica dos EUA altera os
preços uma vez ao ano. Empresas passam a ter custos maiores para remarcar produtos,
reimprimir catálogos de preços.
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Variabilidade dos preços relativos e alocação distorcida de recursos
Imagine que um restaurante reajuste os preços uma vez ao ano. Imaginando uma
inflação de 12%, temos que cada mês, os clientes do restaurante passam a ter um desconto
de 1% ao mês. O que pode acontecer? Em dezembro o movimento ser maior, pois o preço
real também é menor.
Distorções Tributárias Induzidas pela Inflação
Em diversos casos, os ganhos não são corrigidos pela inflação. Isso pode aumentar a
tributação sobre um ganho que efetivamente não ocorreu. Por exemplo, um investimento
feito em 1980 de $100, hoje vale hipoteticamente $1000. Se o governo resolver tributar os
ganhos, vai incidir o tributo sobre o ganho de 900. Se a lei não prever qualquer inflação,
seriamos injustamente tributados. Se a inflação no período foi de 1000%, deveríamos pagar
impostos e não auferimos nenhum lucro REAL.
Confusão e inconveniência
Esse ano o quilômetro tem mil metros. Quantos metros terá ano que vem? O que
isso é semelhante à moeda? Tanto o quilômetro e a moeda são unidades de medida. O
quilômetro não varia, ao contrário da moeda. A inflação dificulta saber qual empresa é bem
sucedida. Uma que lançou o balanço no meio do ano ou no começo? Como vou alocar os
meus recursos? Em qual empresa?
Redistribuições arbitrárias de riquezas
Se alguém empresta dinheiro com juros pré-fixados, tem de torcer para uma
hiperinflação. Essa inflação corroerá os juros nominais e diminuirá o montante a ser pago.
Uma Deflação colocaria o sujeito em maus lençóis. Ou seja, a riqueza não é redistribuída
por méritos, mas por acaso, e de forma arbitrária.
MÁGICO DE OZ
Explicado em sala de aula o sentido econômico da história da época do padrão-ouro.
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