Ana Carolina de Moraes Cruz

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS
FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DR. HEITOR VIEIRA DOURADO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL
MESTRADO EM DOENÇAS TROPICAIS E INFECCIOSAS
MANIFESTAÇÕES MUCOCUTÂNEAS ASSOCIADAS Á SÍNDROME DE
RESTAURAÇÃO IMUNE EM PACIENTES COM AIDS ATENDIDOS NA
FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DR. HEITOR VIEIRA DOURADO
ANA CAROLINA DE MORAES CRUZ
MANAUS
2012
ANA CAROLINA DE MORAES CRUZ
MANIFESTAÇÕES MUCOCUTÂNEAS ASSOCIADAS Á SÍNDROME DE
RESTAURAÇÃO IMUNE EM PACIENTES COM AIDS ATENDIDOS NA
FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DR. HEITOR VIEIRA DOURADO
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Medicina Tropical da
Universidade do Estado do Amazonas em
Convênio com a Fundação de Medicina
Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, para
obtenção do grau de Mestre em Doenças
Tropicais e Infecciosas.
Orientadora: Profa. Dra. Carolina Chrusciak Talhari Cortez
Co-Orientadora: Profa. Dra. Angélica Espinosa-Miranda
MANAUS
2012
Ficha Catalográfica
C957mCruz, Ana Carolina de Moraes.
Manifestações mucocutâneas associadas à síndrome de
restauração imune em pacientes com AIDS atendidos na Fundação
de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado/Ana Carolina de
Moraes Cruz. -- Manaus: Universidade do Estado do Amazonas,
Fundação de Medicina Tropical, 2012.
Xiv,51 f. : il.
Dissertação (Mestrado) apresentada ao Programa de PósGraduação em Medicina Tropical da Universidade do Estado do
Amazonas – UEA/FMT, 2012.
Orientador: Profa. Dra Carolina Chrusciak Talhari Cortez
Co-Orientadora: Profa. Dra. Angélica Espinosa-Miranda
1.Síndrome da restauração imune2. HIV 3. AidsI. Título.
CDU: 616.9
Ficha Catalográfica elaborada pela Bibliotecária Maria Eliana N
Silva,lotada na Escola Superior de Ciências da Saúde - UEA
FOLHA DE JULGAMENTO
ESTUDO DAS MANIFESTAÇÕES MUCOCUTÂNEAS ASSOCIADAS À
SÍNDROME DA RESTAURAÇÃO IMUNE EM PACIENTES COM AIDS
ATENDIDOS NA FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DR. HEITOR
VIEIRA DOURADO
ANA CAROLINA DE MORAES CRUZ
“Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de Mestre em
Doenças Tropicais e Infecciosas, aprovada em sua forma final pelo Programa
de Pós-Graduação em Medicina Tropical da Universidade do Estado do
Amazonas em convênio com a Fundação de Medicina Tropical do Amazonas”.
Banca Julgadora:
______________________________________
Profª. Carolina Chrusciak Talhari Cortez, Dra.
Presidente
______________________________________
Profª. Mônica Nunes de Souza Santos, Dra.
Membro
______________________________________
Profª. Maria da Graça Souza Cunha, Dra.
Membro
AGRADECIMENTOS
Á Deus que sempre me abençoa para tudo aquilo que me destina.
Aos meus pais Frank George Guimarães Cruz e Ceris Regina de Moraes Cruz, que
por uma vida de amor, trabalho e dedicação sempre possibilitaram a seus filhos a
oportunidade de realizar sonhos e conquistas.
A meu esposo Ivan Batista Mannarino e meu filho Victor Cruz Mannarino , minha
família a qual amo muito, muito obrigada pelo carinho, incentivo e paciência.
Aos meus irmão Tatiana de Moraes Cruz e Gabriel de Moraes Cruz, exemplos de
amizade, carinho e compreensão.
À todos meus familiares pelo apoio.
Ao Dr Sinésio pelo incentivo em fazer o Mestrado, contribuindo profissionalmente.
A minha orientadora Dra Carolina Talhari, meu eterno obrigada pela exigência de
método e rigor, paciência, opiniões, sugestões e orientação ao longo do
desenvolvimento desta tese.
Aos doutores colaboradores Dra Anette, Dr. Leandro e Dra Monica, pela atenção
disposta, prontidão, orientação com que sempre me auxiliaram para o
desenvolvimento deste trabalho.
Aos queridos amigos do Setor de Acolhimento e Ambulatório (DIP) ,Enfermeiro
Nivaldo, Enfermeira Maria Almada e Enfermeiro Marcel não só pela amizade e
carinho, mais principalmente pela compreensão nos momentos em que tive que me
ausentar.
A Aline Campelo e Marcelo Souza, pela grande ajuda durante a realização do
projeto.
Aos estagiários do Setor de Acolhimento, obrigado pelo apoio.
Á Conceição Tufic pela amizade e auxilio nas vezes que necessitei.
Ao Dr Luis Ferreira pelas contribuições neste projeto.
A Universidade do Estado do Amazonas (UEA),Fundação de Medicina Tropical Dr.
Heitor Vieira Dourado, SUFRAMA, CAPES e FAPEAM.
Esta dissertação de Mestrado foi possível graças á colaboração e ao contributo de
forma direta e indireta de algumas pessoas e da Fundação de Medicina Tropical Dr.
Heitor Vieira Dourado, as quais gostaria de agradecer por contribuírem para
concretização desta Dissertação.
RESUMO
Introdução: A introdução da terapia anti-retroviral ocasiona, na maioria dos
pacientes com aids, restauração do sistema imune, com aumento da contagem de
células T-CD4+ e diminuição da carga viral. No entanto, a recuperação da
capacidade de resposta imune pode induzir o aparecimento de manifestações
clínicas previamente inexistentes ou piora de doença oportunista pré-existente. Ao
conjunto dessas alterações clinicas e laboratoriais denomina-se Síndrome da
Restauração Imune. Estima-se que 10% a 40% dos pacientes com grave
imunodeficiência secundária à Aids, submetidos a terapia antirretroviral, apresentem
manifestações mucocutâneas associadas à Síndrome da Restauração Imune.
Objetivos: Descrever as manifestações mucocutâneas causadas pela Síndrome da
Restauração Imune em pacientes HIV/Aids sob acompanhamento na Fundação de
Medicina Tropical.
Métodos: Trata-se de estudo de coorte, prospectivo, de pacientes com Aids, em uso
de terapia anti-retroviral, atendidos na Fundação de Medicina Tropical do Amazonas.
Estes pacientes foram acompanhados por período de nove meses, durante o qual
eventuais manifestações clínicas e laboratoriais relacionadas à Síndrome da
Restauração Imune foram avaliadas. Os pacientes foram examinados por médico
dermatologista e enfermeiro no início do estudo (mês zero), aos três, seis e nove
meses. A contagem de células T-CD4+, carga viral e outros parâmetros relacionados
a AIDS foram avaliadas no decorrer do estudo. Quando quadros dermatológicos
cutâneos ou mucosos sugestivos de Síndrome da Restauração Imune foram
diagnosticados, os pacientes foram submetidos à biópsia cutânea e/ou outros
exames necessários para o diagnóstico e tratamento adequado.
Palavras-chaves: Síndrome da restauração imune; manifestações mucocutâneas;
HIV; Aids.
ABSTRACT
Introduction: The introduction of antiretroviral therapy in AIDS patients leads, in
most cases, restoration of the immune system, increasing the count of CD4 + T-cells
and decrease viral load. However, the recovery of immune responsiveness can
cause the onset of clinical symptoms or worsening of pre-existent pre-existing
opportunistic infection. The combination of these clinical and laboratory called
Immune Restoration Syndrome. It is estimated that 10% to 40% of patients with
severe immunodeficiency secondary to AIDS, undergoing antiretroviral therapy
(HAART) have mucocutaneous manifestations associated with immune restoration
syndrome (IRS).
Objectives: To describe the mucocutaneous manifestations caused by SRI in Aids
monitoring
in
the
Foundation
of
Tropical
Medicine.
Will be conducted of prospective cohort of patients with AIDS on ART were seen at
the Tropical Medicine Foundation of Amazonas. These patients will be followed for a
period of 9 nine months, during which any clinical and laboratory manifestations
related to the SRI will be evaluated. Patients will be examined by a dermatologist and
nurse at baseline (month zero), at three, six and nine months. The count of CD4 + Tcells, viral load and other parameters related to AIDS will be evaluated during the
study. Methods: This cohort study is prospective, sick with Aids, treated at the
outpatient clinic of the Tropical Medicine Foundation of Amazonas. When there
dermatological skin or mucous suggestive of SRI patients will undergo biopsies and
other tests that are necessary for the proper diagnosis and treatment.
Keywords: Immune restoration syndrome, mucocutaneous manifestations, HIV,
AIDS.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: Taxa de incidência de Aids/100.000 habitantes, segundo região do Brasil
em 2009 ..................................................................................................................... 2
FIGURA 2: Casos acumulados de Aids por região no Brasil, de 1980 a junho de
2010 ........................................................................................................................... 2
FIGURA 3 : Critérios para início da terapia em pacientes HIV-positivos .................... 9
FIGURA 4: Fluxo dos pacientes arrolados no estudo .............................................. 28
FIGURA 5: Variação da carga viral de acordo com o mês de acompanhamento .... 30
FIGURA 6: Variação do cd4 de acordo com o mês de acompanhamento ............... 30
FIGURA 7: Paciente com herpes genital 1 mês após uso de TARV ......................... 32
FIGURA 8:Paciente com hanseníase, com piora do quadro após TARV,
apresentando inúmeras lesões hipocrômicas e acometimento periférico ............... 33
FIGURA 9: Paciente HIV , com dermatite seborreica em face após 3 meses de uso
de TARV.....................................................................................................................33
FIGURA 10: Paciente apresentando herpes zoster 2 meses após uso de TARV..... 34
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Evolução da Síndrome da Restauração Imune ........................................ 29
LISTA DE ABREVIATURAS, SÍMBOLOS E UNIDADES DE MEDIDA
3TC
Lamivudina
Aids
Síndrome de imunodeficiência adquirida
ARV
Anti-retroviral
ATP
Adenosina trifosfato
ASC
Área sob a curva
CDC
Centers for Disease Control
CYP450
Citocromo P450
DNA
Ácido Desoxirribonucléico
EFZ
Efavirenz
FDA
Food and Drug Administration
FMT-HVD
Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado
FPV
Fosamprenavir
FTC
Emtricitabina
HAART
Terapia anti-retroviral altamente eficaz
HIV
Vírus da imunodeficiência Humana
INTR
Inibidores da trancriptase reversa análogos de nucleosídeos
INNTR
Inibidores
nucleosídeos
da
transcriptase
reversa
não
LAV
Vírus da Linfadenopatia Associada
LCR
LÍquido cefalorraquidiano
LGP
Linfadenopatia generalizada persistente
LT
Linfócitos T
LTR
Long terminal repeats
MAC
Mycobacterium avium complex
MACS
Multicenter Aids Cohort Study
OMS
Organização mundial de saúde
RNA
Ácido Ribonucléico
SIRI
Síndrome Inflamatória de Reconstituição Imune
SRI
Síndrome de Restauração Imune
<L.MIN
Abaixo do limite mínimo
análogos
de
SNC
Sistema nervoso Central
TARV
Terapia Anti-retroviral
TDF
Tenofovir disoproxil fumarato
TR
Trascriptase reversa
Treg
Linfócitos T reguladores
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1
1.1 Aids .................................................................................................................... 1
1.2 Aids – Epidemiologia .......................................................................................... 2
1.2.1 Situação da Aids no Brasil.................................................................................. 2
1.2.2 Situação da Aids no Estado do Amazonas......................................................... 3
1.3 Aids - Quadro clínico ............................................................................................ 3
1.3.1 Síndrome Retroviral Aguda ............................................................................... 3
1.3.2 Fase crônica assintomática ............................................................................... 5
1.3.3 Fase crônica sintomática ................................................................................... 5
1.3.4 Critérios definidores de Aids.............................................................................. 6
1.4 Aids – Tratamento ................................................................................................ 7
1.5 Síndrome de Reconstituição Imune .................................................................... 10
1.5.1 Critérios definidores de SRI.............................................................................. 11
1.5.2 Imunopatogenia da SRI ................................................................................... 12
2 JUSTIFICATIVA..................................................................................................... 15
3 OBJETIVOS ........................................................................................................... 16
3.1 Objetivo geral ..................................................................................................... 16
3.2 Objetivos específicos ......................................................................................... 16
4 MÉTODOS ............................................................................................................. 17
4.1 Tipo de estudo .................................................................................................... 17
4.2 Local do estudo .................................................................................................. 17
4.3 Tamanho da amostra ......................................................................................... 17
4.4 Procedimentos do estudo ................................................................................... 17
4.4.1 Coleta dos dados clínicos e laboratoriais ........................................................ 17
4.4.2 Avaliação dermatológica ................................................................................. 18
4.4.3 Critérios para definição de casos SRI ............................................................. 18
4.5 Critérios de elegibilidade .................................................................................... 18
4.5.1 Critérios de inclusão ........................................................................................ 19
4.5.2 Critérios de não-inclusão ................................................................................. 19
4.6 Aspectos éticos .................................................................................................. 19
4.7 Análise estatística .............................................................................................. 19
5 RESULTADOS ....................................................................................................... 21
6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 38
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 39
8 ANEXOS ................................................................................................................ 46
ANEXO A (FICHA DE ACOMPANHAMENTO) ......................................................... 47
ANEXO B (TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO) .................. 48
ANEXO C (CARTA DE APROVAÇÃO DO CEP) ...................................................... 50
ANEXO D (RECURSOS HUMANOS) ....................................................................... 51
1
1. INTRODUÇÃO
1.1 Aspectos gerais da Aids
Os primeiros casos da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids – acquired
immunedeficiency syndrome) foram observados nos Estados Unidos, em 1981: cinco
pacientes jovens, homossexuais masculinos, apresentaram um tipo raro de
pneumonia por Pneumocystis jirovecii associado a imunodepressão celular. 1
A associação de P. jirovecii, sarcoma de Kaposi e imunodepressão passou a ser
1
caracterizada como síndrome. Em 1983, duas equipes distintas, uma liderada por
Luc Montaigner, no Instituto Pasteur (França), e outra, por Robert Gallo, no National
Institute of Health (Estados Unidos), isolaram o agente causal da Aids. Este recebeu,
inicialmente, a denominação de Vírus Associado a Linfadenomegalia (LAV), e mais
tarde, Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV).
2
O HIV é um retrovírus da família Retroviridae, gênero Lentivirus. Apresenta dois
tipos biológicos, geneticamente diferentes, HIV-1 e HIV-2. Ambos causam doença de
evolução crônica, com longo período de latência clínica e replicação viral persistente
nas células T-CD4+.
3
O HIV é constituído por duas cópias de RNA, que são parte do complexo
proteico e ácido nucleico. As partículas virais do HIV-1 apresentam diâmetro de
aproximadamente 100 nm, sendo envolvidas por membrana lipoproteica. Cada
partícula viral contém 72 complexos de glicoproteínas, os quais são integrados à
membrana lipídica; são compostas de trímeros de glicoproteína externa, a gp120, e
proteína transmembrana, a gp41. As partículas virais apresentam todos os
mecanismos enzimáticos necessários para a sua replicação intracelular, ou seja: a
transcriptase reversa, protease e integrase.
4
Cada partícula viral depende da expressão de determinados genes para a sua
correta replicação. Os principais genes encontrados no HIV-1 são: gag (grupo
antígeno), pol (polimerase), e env (envelope). O HIV-1 apresenta, ainda, os genes
2
tat e rev, que codificam proteínas regulatórias essenciais à replicação, e os genes
vif, vpr, vpu e nef, que expressam diversos constituintes da partícula viral.
4
1.2 Epidemiologia da Aids/HIV+
Atualmente, a Aids é considerada um dos mais importantes problemas
mundiais de saúde pública. De acordo com o Programa Conjunto das Nações
Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS), em 2011 havia, em todo o mundo, 34,2 milhões
de pessoas com Aids ou HIV+; destes, 30,7 milhões eram adultos e 3,4 milhões
tinham menos de 15 anos.5
De acordo com o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da
Saúde do Brasil, entre 1980 e junho de 2011 foram notificados 608.230 pessoas
infectadas com o vírus da Aids no país. 5
No Brasil, entre 1999 e 2009, a taxa de incidência na região Sudeste diminuiu
(de 24,9 para 20,4 casos por 100 mil habitantes). Porém, nas outras regiões
observou-se aumento dessas taxas: de 22,6 para 32,4, no Sul; 11,6 para 18,0, no
Centro-Oeste; 6,4 para 13,9, no Nordeste e de 6,7 para 20,1, no Norte. Nas regiões
Sul e Sudeste concentram-se o maior número de casos acumulados (77,5%)
A
B
(Fig1A).6
Fig. 1 A. Taxa de incidência de AIDS e HIV+/100.000 habitantes, segundo as
regiões brasileiras, em 2009. (B) Casos acumulados de HIV+/AIDS, por região, no
Brasil, de 1980 a junho de 2010.Fonte: MS/SVS/Departamento de DST/AIDS e
Hepatites Virais. Boletim Epidemiológico, Jan-Jun, 2010.
3
Ainda são registrados mais casos de Aids entre os homens; porém, a
diferença vem diminuindo ao longo dos anos. A prevalência na população masculina
é de 0,59% e nas mulheres, 0,41%. A faixa etária de maior incidência, em ambos os
sexos, está entre 20 e 59 anos. A faixa etária de 13 a 19 anos é a única em que o
número de casos HIV+/Aids é maior entre as mulheres.6
Em relação à forma de transmissão em maiores de 13 anos de idade,
prevalecem as de relação sexual. Entre as mulheres, 94,9% dos casos registrados
em 2009 decorreram de relações heterossexuais. Em 42,9% dos homens, a
transmissão foi heterossexual; 19,7%, a homossexual e 7,8%, bissexual. No
restante, a transmissão foi através de transfusões sanguíneas ou vertical. 6
A partir de 1998, o coeficiente de mortalidade vem se mantendo estável no
país: em torno de seis óbitos por 100 mil habitantes. Observa-se redução no
Sudeste, estabilização no Centro-Oeste e Sul. As regiões Norte e Nordeste também
apresentam queda do número de óbitos.7
1.2. Situação da Aids/HIV+ no estado do Amazonas
De 1980 a junho de 2011, o Ministério da Saúde registrou 28.248 casos de
Aids na região Norte, que corresponde a 4,7% dos casos brasileiros. 7
No estado do Amazonas, entre 2010 e 2012 foram diagnosticados 2.212
casos de HIV+/Aids em adultos. 7
1.3 Aids – Quadro clínico
A evolução da infecção pelo HIV pode ser dividida em quatro fases: infecção
aguda; fase crônica, assintomática; fase sintomática, inicial ou precoce, e Aids. 8
1.3.1 Síndrome retroviral aguda
A síndrome retroviral aguda, também denominada infecção aguda ou infecção
primária, é inespecífica. É observada em 50% a 90% dos pacientes infectados pelo
4
HIV. O tempo entre a contaminação e o aparecimento dos sintomas varia de cinco a
30 dias. Este período depende das características individuais, via de contaminação,
quantidade de vírus inoculado, e virulência do vírus. 9
A história natural da infecção aguda é caracterizada pelo rápido aumento da
viremia (acima de um milhão de cópias/mm3), rápida diminuição dos linfócitos TCD4+, aumento do número absoluto de linfócitos T-CD8+ circulantes e inversão da
razão CD4/CD8. O aumento das células T-CD8+ reflete, provavelmente, intensa
resposta T-citotóxica, a qual ocorre antes do aparecimento de anticorpos
neutralizantes. 9
Os sintomas da infecção aguda pelo HIV, quando presentes, são semelhantes
aos da fase aguda de outras viroses, tais como a mononucleose e enteroviroses.
Febre, linfadenomegalia, faringite, mialgia, artralgia, adinamia, cefaléia, fotofobia,
hepatoesplenomegalia, perda de peso, náuseas e vômitos são freqüentemente
observados. Também podem ocorrer exantema maculopapular ou rubeoliforme,
urticária, descamação das regiões palmo-plantares e alopecia, dentre outras. (Zetola
e Pilcher, 2007). Ulcerações mucocutâneas envolvendo a mucosa oral, esôfago e
genitália
também
podem
surgir.
Candidíase
oral,
neuropatia
periférica,
meningoencefalite asséptica e síndrome de Guillain-Barré ocorrem com relativa
freqüência. 10
As manifestações clínicas duram, em média, 14 dias, sendo o quadro clínico
autolimitado. No entanto, em mais de 80% dos casos há necessidade de
atendimento médico.11
No diagnóstico diferencial da síndrome retroviral aguda incluem-se a
mononucleose (vírus Epstein-Barr), mononucleose por citomegalovírus, sífilis
secundária, gonorréia disseminada, toxoplasmose, infecção primária por herpesvírus simples, rubéola, hepatite viral, farmacodermia, tuberculose ganglionar,
linfomas e paracoccidioidomicos. 9-11
Após a regressão das manifestações clínicas da infecção aguda, ocorre
estabilização da viremia em níveis variáveis (set point viral), definidos pela
5
velocidade da replicação e capacidade de clareamento viral. O set point constitui
fator prognóstico de evolução da doença. A queda da contagem de linfócitos TCD4+, de 30 a 90 células por ano, está diretamente relacionada à velocidade da
replicação viral e à progressão para Aids. 10
1.3.2 Fase crônica assintomática
A fase crônica assintomática, também conhecida como fase de latência
clínica, é caracterizada pela ausência ou manifestações clínicas mínimas e intensa
atividade biológica viral. Após a resolução das manifestações clínicas iniciais, ocorre
elevação das taxas de anticorpos, diminuição do número de partículas virais no
sangue e intensa multiplicação viral no tecido linfóide, o qual tem papel de
reservatório do HIV. 11
Clinicamente, pode ocorrer linfadenomegalia generalizada, persistente e
indolor. O aumento da carga viral plasmática de RNA do HIV e a diminuição da
relação CD4/CD8/mm3 são parâmetros que indicam progressão para a fase
sintomática.11
1.3.3 Fase sintomática
Na maioria dos pacientes infectados pelo HIV, as infecções oportunistas,
assim como as manifestações sistêmicas não definidoras de Aids, ocorrem anos
após a infecção. Durante a fase sintomática são importantes: febre elevada, com ou
sem calafrios, diária e com evolução superior a 60 dias; anorexia e emagrecimento
progressivo, com perda igual ou superior a 10% da superfície corporal;
hepatoesplenomegalia; ansiedade; depressão; astenia e outros sintomas. 12
À medida que a infecção progride, os pacientes podem, ainda, apresentar
diarréia prolongada, com vários episódios, quase sempre sem tenesmo e não
responsiva às medicações habituais; cefaléia e alterações neurológicas também são
frequentes. Piodermites, micoses, exacerbação quadros dermatológicos, novos ou
pré-existentes, principalmente psoríase e dermatite seborréica, podem ocorrer.
6
Neste período, a contagen de linfócitos T-CD4+ está entre 200 e 300 células/mm3.
12,13
Nesta fase, infecções de repetição, tais como pneumonias bacterianas,
herpes-zoster, herpes simples, furúnculos, abscessos e outras doenças infecciosas
são frequentemente encontradas. A candidíase oral é marcador clínico precoce da
progressão para Aids. No estudo Multicenter AIDS Cohort Study (MACS), esta
condição foi associada ao subsequente desenvolvimento de pneumonia por
Pneumocystis jirovecii. A presença de diarreia crônica, febre de origem
indeterminada e leucoplasia pilosa oral também indicam evolução para Aids. 12
Em média, 50 a 70% dos pacientes infectados por HIV podem desenvolver
linfadenomegalia generalizada persistente (LGP), que pode ter-se iniciado durante a
fase retroviral aguda. A LGP é caracterizada pela presença de gânglios linfáticos
aumentados de volume, em duas ou mais cadeias ganglionares extra-inguinais por
período superior a 90 dias. Este quadro clínico pode ser encontrado em qualquer
fase da evolução da imunodeficiência, sendo ocasionado pela rápida infecção dos
linfócitos T-CD4+ ganglionares. Febre intermitente ou contínua, perda de peso,
diarréia, fadiga e sudorese noturna também podem ocorrer. 12,13
1.3.4 Critérios definidores de Aids
No Brasil, a Secretaria Nacional de Vigilância em Saúde do Ministério da
Saúde adota dois critérios para a definição de casos de Aids em indivíduos com
idade igual ou superior a 13 anos: o critério do CDC (Centers for Disease Control) e
o critério Rio de Janeiro/Caracas. 14
De acordo com o CDC, são condições definidoras de Aids: presença de
contagem de linfócitos T-CD4+ inferior a 200 células/mm3 ou porcentagem do
número total de células T-CD4+ inferior a 14 ou condição definidora de Aids.
14
Dentre as doenças oportunistas, infecciosas, definidoras de Aids encontramse: infecções bacterianas múltiplas e recorrentes; candidíase de esôfago, traquéia,
brônquios ou pulmão; coccidioidomicose disseminada ou extra-pulmonar; retinite por
7
citomegalovírus;
citomegalovirose;
tuberculose
(Mycobacterium
tuberculosis)
pulmonar, extra-pulmonar ou disseminada; pneumonias bacterianas recorrentes,
com mais de dois episódios em 12 meses; pneumonia por Pneumocystis jirovecii;
neurotoxoplasmose; isosporíase, com diarréia persistente por mais de 30 dias;
sepse recorrente por Salmonella não-tifóide; micobacteriose (não-tuberculosa);
histoplasmose
disseminada
ou
extra-pulmonar;
criptococose
extra-pulmonar;
criptosporidiose com diarréia persistente por mais de 30 dias e herpes simples
mucocutâneo, por mais de 30 dias, ou de brônquios, pulmão ou trato gastrintestinal.
14,15
Dentre as neoplasias definidoras, temos: sarcoma de Kaposi em pacientes
com idade inferior a 60 anos, linfoma de Burkitt, linfoma imunoblástico, linfoma
primário do cérebro e câncer cervical invasivo. De acordo com o CDC, são
condições definidoras de Aids, a encefalopatia relacionada ao HIV; pneumonia
intersticial linfóide ou complexo pulmonar de hiperplasia linfóide; leucoencefalopatia
multifocal e progressiva; e síndrome consumptiva, com emagrecimento de 10 Kg. 15
O critério Rio de Janeiro/Caracas define como caso de Aids, indivíduos com
positividade sorológica para o HIV e pontuação na somatória de enfermidades, igual
ou superior a dez. As doenças que equivalem a dez pontos são: sarcoma de Kaposi
e tuberculose disseminada, extrapulmonar ou pulmonar não-cavitária. Recebem
cinco pontos, cada uma, a candidíase oral ou leucoplasia pilosa oral; tuberculose
pulmonar cavitária ou não-especificada; herpes-zoster, em indivíduos com até 60
anos de idade; disfunção do sistema nervoso central e diarréia, por período igual ou
superior a um mês. 16
Equivalem a dois pontos: febre igual ou superior a 38 oC, por período igual ou
superior a um mês; caquexia ou perda de peso ponderal superior a 10%; astenia,
por período igual ou superior a um mês; dermatite persistente; anemia e/ou
linfopenia e/ou plaquetopenia; tosse persistente ou qualquer pneumonia (exceto
tuberculose) e linfadenomegalia igual ou superior a um cm., em duas ou mais
localizações extra-inguinais, por período igual ou superior a um mês. 16
8
1.4. Tratamento
Desde 1996, o Ministério da Saúde (Lei 9.313) fornece, gratuitamente, o
Tratamento Antirretroviral de Alta Potência (TARV) aos indivíduos HIV+. As
recomendações
do
“Grupo
de
Consenso
de
Terapia
Antirretroviral”,
do
Departamento de DST/ Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde são baseado
nas recomendações do MACS. 16
De acordo com o mais recente Consenso Brasileiro de TARV, publicado em
2012, deve-se tratar todos os pacientes com contagem de linfócitos menor ou igual
que 500 células/mm3, bem como pacientes com contagem de linfócitos acima de 500
células/mm3 que apresentem co-infecção com hepatite B, doença cardiovascular ou
renal atribuída ao HIV e tumores. 16
A escolha do esquema de TARV deve ser baseada nos aspectos individuais
do paciente (sexo, história pregressa de tabagismo e etilismo; histórico familiar);
existência de co-infecções como hepatite B e/ou C; contagens de linfócitos T-CD4+;
níveis de carga viral; presença de co-morbidades (hipertensão arterial, diabetes),
gestação ou risco gestacional. 16,17
Os antirretrovirais disponíveis para o ínício da TARV são agrupados em três
classes: inibidores nucleosídeos da transcriptase reversa – INTR (abacavir,
didanosina, didanosina de liberação entérica, emtricitabina, estavudina, lamivudina,
lavimivudina/zidovudina, tenofovir, zalcitabina e zidovudina); inibidores nãonucleosídeos da transcriptase reversa – INNTR (delavirdina, efavirenz, nevirapina) e
inibidores da protease – IP (amprenavir, atazanavir, darunavir, fosamprenavir,
indinavir, lopinavir/ritonavir, nelfinavir, ritonavir, saquinavir e tipranavir). A enfuvirtida
faz parte de um quarto grupo, os inibidores de fusão do vírus com a membrana das
células. 16,17,18
De acordo com as orientações do Ministério da Saúde, o esquema inicial
preferencial deve sempre consistir na combinação de duas drogas da classe INTR
associadas, preferencialmente, a um INNTR. Como terapia inicial alternativa, podese empregar duas drogas da classe INTR associadas a um IP reforçado com
9
ritonavir. A associação de lamivudina e zidovudina é a combinação de INTR mais
empregada.15 Em casos de intolerância a zidovudina, a didanosina ou tenofovir
podem ser utilizados. Caso ocorra intolerância a estas últimas drogas, o abacavir
pode ser empregado, sempre em combinação com a lamivudina. 16
O maraviroque, inibidor do coreceptor CCR5, foi incorporado no último
Consenso Brasileiro da TARV para tratamento de pacientes com multirresistência
viral já aprovado na Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS
(CONITEC). O medicamento estará disponível a partir de 2013.16
No quadro 1 são apresentados os critérios para início da terapia em pacientes
infectados pelo HIV. 16
Figura 3: Critérios para início da terapia em pacientes HIV-positivos. Fonte:
(BRASIL, 2012)
A
presença
de
sintomas
ou
manifestações
clinicas
associadas
a
imunodeficiência relacionada ao HIV, mesmo quando não definidoras de Aids,
10
sugere a necessidade de se iniciar a TARV, independentemente dos parâmetros
imunológicos, devendo esta decisão ser considerada individualmente. 16
1.5 Síndrome da Reconstituição Imune
A introdução da TARV no tratamento da Aids, em meados da década de 90,
constituiu importante marco na redução da morbidade e mortalidade causada pelo
HIV. Este esquema medicamentoso produz reconstituição parcial da resposta imune
e o controle da replicação viral, com diminuição expressiva da frequência de
doenças oportunistas. 19
No início da TARV, em alguns pacientes, a rápida restauração da resposta
imune, consequente ao aumento da contagem de linfócitos T-CD4+ e diminuição da
carga viral, pode ocasionar aparente piora clinica do enfermo, com a reativação de
doenças oportunistas, previamente existentes e tratadas, ou surgirem doenças
inexistentes antes do inicio da TARV. As doenças mencionadas podem ser de
origem infecciosa ou de outras etiologias. Estas manifestações clínicas foram
inicialmente descritas na literatura internacional como Immune Reconstitution
Inflammatory Syndrome
(IRIS); em nosso meio, são denominadas Síndrome da
Restauração Imune (SRI), Síndrome Inflamatória de Reconstituição Imune (SIRI) ou
Doenças Associadas à Reconstituição da Imunidade (DARI). 20
French e cols. (2000) observaram que desde a introdução da zidovudina (AZT)
para o tratamento da Aids, nos anos 90, surgiram relatos de pacientes apresentando
reações paradoxais, com piora clínica de quadros infecciosos e graves reações
inflamatórias, em alguns casos. Essas manifestações estavam associadas à
recuperação parcial do sistema imune, e existência de processos infecciosos préexistentes, com quadros clínicos que variavam de acordo com o patógeno, podendo
ser autolimitados ou disseminados, com riscos de sequelas e morte. Posteriormente,
o mesmo grupo verificou que, após a introdução das associações de antirretrovirais
de alta potência (HAART ou TARV), houve aumento significativo no registro dessas
reações paradoxais. 21
11
Em 1998, Race e cols. descreveram um grupo de pacientes com Aids que,
apesar do aumento da contagem de linfócitos T-CD4+ e diminuição da carga viral,
após o início da TARV, apresentavam quadro de linfadenite por micobactéria. Este,
provavelmente, foi o primeiro relato em que a SRI foi adequadamente caracterizada.
22
A SRI tem sido frequentemente associada ao Mycobacterium avium complex
(MAC). Também, tem sido relatada em associação com herpes simples, herpes
zoster, HPV, Cryptococcus neoformans, citomegalovírus, Toxoplasma gondii,
Leishmania major, Leishmania braziliensis, Leishmania guyanensis, Mycobacterium
tuberculosis, Mycobacterium leprae, vírus das hepatites B e C, entre outros. 23
De acordo com Lehloenya e Meintjes, a SRI pode ser dividida em dois grupos:
o primeiro, caracterizado por piora de doença oportunista pré-existente, na vigência
da TARV; e o segundo grupo, caracterizado pelo surgimento de doença infecciosa
ou não infecciosa, inexistente antes da TARV, com características de SRI - esse
quadro é denominado unmasking type. 24
Segundo Meys e cols., as doenças associadas à SRI compreendem quatro
subtipos: 1) síndromes inflamatórias associadas à reconstituição da imunidade, tais
como as micobacterioses, micoses profundas, uveítes associadas a citomegalovírus
e outras; 2) doenças que ocorrem durante a reconstituição da imunidade, com
patogênese não relacionada a inflamação; dentre essas, o sarcoma de Kaposi; 3)
doenças autoimunes, tais como a doença de Graves, lupus e enfermidades de
etiologia desconhecida; por exemplo, a sarcoidose; 4) doenças frequentemente
observadas em pacientes sob TARV, como o herpes simples, herpes zoster,
molusco contagioso e papiloma vírus humano. 25
A SRI ocorre em 10-40% dos pacientes sob TARV.
24
. As manifestações
dermatológicas estão presentes em 52-78% dos casos. 25
1.5.1 Critérios definidores de SRI
A maioria dos pacientes desenvolve SRI entre um e terceiro mês após o início
da TARV. De acordo com meta análise recentemente publicada, dentre os principais
12
fatores de risco para o desenvolvimento de SRI estão a contagem de linfócitos TCD4-positivos inferior a 50 células/mm3 e elevada carga viral, antes do inicio da
TARV.
25
A ocorrência de doença infecciosas nas proximidades do início da TARV
também tem sido considerado fator de risco para a SRI. 24
Apesar de não haver unanimidade em relação aos aspectos necessários para
se estabelecer o diagnóstico de SRI, são importantes os seguintes critérios:
1. Baixa contagem de linfócitos T-CD4+ antes do início do tratamento,
geralmente abaixo de 50 células/mm 3. A tuberculose é uma exceção a esta
regra; pode ocorrer SRI em pacientes com contagem de linfócitos T-CD4+
acima de 200 células/mm3 ; 26,27
2. Redução da carga viral, de um a dois logs, e aumento da contagem de
linfócitos T-CD4+ em duas a quatro vezes ao seu valor basal, nas primeiras
oito semanas de tratamento; 28
3. Correlação temporal entre o início da TARV e o aparecimento da SRI.
Aproximadamente, 66% dos casos ocorrem um a terceiro mês após o início
da TARV. Entretanto, o surgimento da SRI pode ser tardio ou precoce – há
casos com inicio depois de poucos dias ou semanas após a TARV; 21,27,29
4. Ausência de parâmetros que indiquem resistência ao tratamento prévio da
doença oportunista, superinfecção bacteriana, reação medicamentosa ou
efeitos adversos a drogas ou redução do nível sérico das drogas
antirretrovirais, consequente a problemas de interação medicamentosa ou má
absorção.25
1.5.2 Imunopatogenia da SRI
A progressão da infecção pelo HIV afeta o sistema imune qualitativa e
quantitativamente. De acordo com explanações anteriores, a probabilidade de
ocorrência
e
gravidade
da
SRI
depende,
basicamente,
de
dois
fatores
interdependentes: 1) níveis de linfócitos T-CD4+ antes do início da TARV e, 2) grau
13
de supressão da replicação viral e recuperação da resposta imune após o início do
tratamento, que se associa com a diminuição da carga viral. 23,30
Pelo fato de a meia vida do HIV variar, em média, um a quatro dias, a TARV
geralmente ocasiona a redução da carga viral em mais de 90% nas primeiras duas
semanas de tratamento. Esta redução continua nas 8-12 semanas subsequentes,
estabilizando-se a seguir. Classicamente, a recuperação dos linfócitos T-CD4+
ocorre de forma bifásica.
31
. Nos primeiros três a seis meses verifica-se aumento
rápido do número destas células, principalmente na sub-população das células de
memória T-CD45RO+.23,30,32. Este aumento seria consequente à diminuição do ritmo
de apoptose de linfócitos T e à redistribuição de células T para a circulação, a partir
de tecidos linfóides periféricos. 31-34
Nesta primeira fase, também ocorre rápido aumento de células T-CD8+, que
ao atingirem o ápice, são, em sua maioria, células de memória, gradativamente
substituídas por linfócitos T-CD8+ não ativados.
31,35
. Após esta primeira fase de
expansão, ocorre aumento lento e gradual de células T-CD4+, em sua maioria não
ativadas (CD45RA+ e CD62L negativos), provavelmente por expansão de clones de
células T pré-existentes no timo, consequente à timopoiese.
34,36
In vitro, a consequência deste incremento na população de células T será o
aumento na resposta proliferativa destes linfócitos frente a antígenos de diferentes
patógenos. 34,35,36. A presença de anergia cutânea em pacientes com Aids, antes do
início da TARV e a recuperação dessa resposta, aos três meses depois do
tratamento, poderia ser consequente à insuficiência inicial do sistema imune. 36 Esta
resposta, observada in vitro, correlaciona-se com o que se observa in vivo, e
depende do tipo de patógeno envolvido na SRI. 23,37
O infiltrado inflamatório celular em pacientes apresentando SRI, em geral, tem
predomínio de linfócitos TCD8+ quando o patógeno envolvido é um vírus
(citomegalovírus ou John Cunningham’ vírus).
38
. Por outro lado, há predomínio de
inflamação granulomatosa quando a infecção é ocasionada por fungos (H.
capsulatum e Cryptococcus spp.), protozoários (Leishmania spp.) ou micobactérias
(M. leprae e M. tuberculosis). 23,39-43
14
Os distúrbios qualitativos causados pelo HIV no sistema imune são
responsáveis por outra característica marcante nos pacientes com SRI: a
intensidade exacerbada da resposta inflamatória. Este desequilíbrio é consequente
a falhas nos mecanismos de feedback e modulação da resposta inflamatória imune.
23,37,44
. As células responsáveis por esta modulação são as células T regulatórias
(Treg) que , entre outras funções, controlam a proliferação das células próinflamatórias TH17. 47
Inicialmente, achava-se que, à medida que a infecção pelo HIV progredia,
haveria diminuição na população de células Treg/TH17, cuja proporção em
indivíduos normais é de 2/1,5. Ao contrário do que se pensava, alguns estudos
mostraram que o número de células Treg expande-se em relação aos indivíduoscontrole. Entretanto, experimentos de avaliação funcional in vitro destas células
mostraram que, em pacientes com SRI, a disfunção das células Treg interfere na
inibição da produção de citocinas pró-inflamatórias, especialmente a IL17, que induz
resposta tecidual inflamatória e está envolvida na patogênese de várias doenças
autoimunes. 47
Seddikie e cols., estudando pacientes em estágios tardios da infecção pelo
HIV que desenvolveram SRI associada a micobacterioses, concluíram que a
desregulação da resposta imune observada nesses pacientes parece ser
exacerbada pela falta de supressão imune efetiva
das células Treg, apesar de
estarem aumentadas em número, ou seja, alterações qualitativas dessas células.
45
Em estudo recente, Zaid e cols. acompanharam 71 pacientes com Aids,
durante seis meses, após a introdução da TARV. Destes, 20 apresentaram SRI. Em
todos os pacientes, realizou-se citometria de fluxo, contagem de células Treg e
dosagem de citocinas pró-inflamatórias (interleucina -IL-2, IL-6, IFN-c, TNF-a, MIP1b, IL-1, IL-12, IL-13 e IL-10), no ínicio do acompanhamento e nas visitas ao longo
dos seis meses do estudo. Os autores concluíram que o aparecimento da SRI não
estava associado a diferenças entre os níveis basais e de seguimento das células
Treg e citocinas pró-inflamatórias. 46
15
2 JUSTIFICATIVA
De acordo com a literatura, a Síndrome da Restauração Imune (SRI) é
relativamente frequente em pacientes com Aids que fazem uso de TARV. Apesar de
as informações atuais indicarem a ocorrência da SRI em 25-50% dos pacientes sob
tratamento, as manifestações mucocutâneas associadas à SRI são pouco
conhecidas nas regiões tropicais. Devido diagnóstico precoce da Aids , há uma
diminuição na frequência da Síndrome da Reconstituição Imune.
A Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD) é
centro de referência para o diagnóstico e tratamento de Aids e, também, doenças
dermatológicas.
O presente estudo tem por finalidade identificar a freqüência e caracterizar,
clínica e, se necessário, laboratorialmente, as dermatoses associadas à SRI em
pacientes com Aids em acompanhamento na referida instituição. Este conhecimento
é importante para o correto diagnóstico e tratamento precoce das manifestações
cutâneas e/ou mucosas, muitas vezes graves, associadas à SRI.
16
3 OBJETIVOS
3.1 Geral
Identificar, prospectivamente, a frequência das manifestações mucocutâneas
associadas à SRI em pacientes com Aids que iniciaram TARV na FMT-HVD.
3.2 Específicos

Caracterizar,
clínica
e
histologicamente,
as
manifestações
dermatológicas e/ou mucosas associadas a SRI;

Correlacionar as manifestações dermatológicas e/ou mucosas da SRI
com o tempo de sintomatologia de Aids.

Correlacionar
as
manifestações
dermatológicas
e/ou
mucosas
associadas a SRI com o tempo de tratamento antirretroviral, contagem
de linfócitos T-CD4+ e carga viral.
17
4 METODOLOGIA
4.1. Tipo de estudo
Foi realizado estudo de coorte, prospectivo, de pacientes com Aids que
iniciaram TARV. Os pacientes incluídos no estudo, após assinatura do Termo de
consentimento livre e esclarecido (TCLE), foram acompanhados durante nove
meses. Nesse período foram avaliados parâmetros clínicos e laboratoriais. Os
pacientes foram examinados por médico dermatologista e enfermeiro, no início do
estudo (mês zero), e nos meses três, seis e nove. A contagem de células T-CD4+ e
carga viral foram avaliadas no decorrer do estudo.
4.2. Local do Estudo
O estudo foi realizado no Ambulatório de DST/Aids da FMT-HVD, centro de
referência no diagnóstico e tratamento de pacientes Aids.
4.3 Tamanho da Amostra
Até setembro de 2011, 7.342 pacientes com Aids faziam acompanhamento no
Ambulatório de DST/Aids da FMT-HVD. Dentre estes, 4.479 encontravam-se sob
TARV. O Ambulatório de DST/Aids, atende, em média, 1.500 pacientes com Aids,
anualmente. 48
A metodologia de amostragem utilizada no estudo foi baseada no número
total de novos pacientes com Aids que foram tratados e acompanhados no
Ambulatório de DST/AIDS da FMT-HVD durante o período do estudo. Foram
atendidos, em média, 10 novos pacientes por mês e solicitados CD4 e carga viral no
mês zero, três , seis e nove.
4.4 Procedimentos do estudo
4.4.1 Coleta dos dados clínicos e laboratoriais
18
Os pacientes foram convidados a participar do estudo, os que aceitaram
assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foi preenchido
questionário (Anexo A) com informações relativas ao número do prontuário, sexo,
idade, data de início da TARV, início da manifestação dermatológica associada à
SRI, duração dos sintomas, exame histopatológico, contagem de células T-CD4+ e
carga viral. Esses dados foram compilados do prontuário eletrônico IDoctor,
atualmente em funcionamento na FMT-HVD.
A contagem de células T-CD4+ e carga viral foram solicitadas no início do
estudo (mês zero), ao terceiro, sexto e nono mês de seguimento.
4.4.2 Avaliação dermatológica
Durante a realização do estudo, os pacientes incluídos no projeto foram
examinados por médico dermatologista e enfermeiro, no início do estudo (mês 0),
meses três, seis e nove. Os pacientes que apresentavam manifestações cutâneas
associadas ou não à SRI foram avaliados mais de uma vez, de acordo com a
necessidade de cada caso.
No início do estudo, os pacientes foram submetidos a exame dermatológico
que incluiu inspeção de todo o tegumento cutâneo, bem como das mucosas oral, da
genital e anal, em luz natural ou artificial, em consultório médico do Ambulatório de
Dermatologia da FMT-HVD. Não foi realizado exame por ginecologista ou
proctologista. Os diferentes tipos de lesões elementares ou mucosas, foram
descritas no prontuário do paciente. Esse exame sistemático foi repetido nos meses
três, seis e nove.
4.4.3 Critérios para definição de casos de SRI
Os pacientes incluídos no estudo foram classificados como casos de SRI de
acordo com os critérios de Meys et al.
4.5 Critérios de elegibilidade
19
4.5.1. Critérios de inclusão
Foram incluídos pacientes com critérios clínicos e/ou laboratoriais definidores
de Aids, maiores de 18 anos de idade, de ambos os sexos, em acompanhamento
para Aids na FMT-HVD, que iniciaram TARV entre 30-90 dias, e que aceitaram
participar do estudo, através da assinatura do termo de consentimento livre e
esclarecido (TCLE).
4.5.2 Critérios de não-inclusão

Não comparecimento a dois ou mais retornos agendados no período de
três meses;

Abandono da TARV por período superior a um mês;

Óbito durante o período do estudo;
4.6 Aspectos éticos
O estudo foi realizado de acordo com a resolução 196/96. Todas as
informações relatadas pelos pacientes e coletadas a partir do prontuário dos
mesmos foram utilizadas exclusivamente para o estudo proposto. Nomes e outras
informações que possam facilitar a identificação dos usuários foram anotados
somente no questionário da pesquisa e de forma codificada.
Os participantes do estudo foram informados sobre os objetivos da pesquisa e
assinaram termo de consentimento escrito (Anexo B). O estudo foi submetido ao
Comitê de Ética em Pesquisa da FMT-HVD – número 834-11 (Anexo C).
4.7 Análise estatística
Após a coleta e armazenagem dos dados em um banco criado no Excel da
MICROSOFT® OFFICE Excel 2007, estudos descritivos iniciais foram realizados
através de tabelas e das medidas de posição (média, mediana e etc.) e de
variabilidade.
20
Para a análise das variáveis qualitativas foram o Teste Exato de Fisher para
diferença entre as proporções, e entre as variáveis quantitativas foi usado intervalos
de 95% de confiança para as médias de CD4, Log da Carga e em comparações de,
foi realizado o Teste não paramétrico de Mann-Whitney, considerando que os que os
testes paramétricos não puderam ser realizados por não satisfazerem os présupostos de normalidade. Os softwares estatísticos utilizados foram o SPSS
(Statistical Package for the Social Sciences) versão 16.0. e o programa R 2.11.
Para todas a análise foi fixado um nível de significância alpha de 0,05 e um
coeficiente de confiança de 95%.
21
5. ARTIGO
MANIFESTAÇÕES MUCOCUTÂNEAS ASSOCIADAS Á SÍNDROME
RESTAURAÇÃO IMUNE EM PACIENTES COM AIDS ATENDIDOS
FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DR. HEITOR VIEIRA DOURADO
DE
NA
Ana Carolina de Moraes Cruz 1 - Cruz ACM
Sinésio Talhari 2 - Talhari S
Leandro Ourives Neves 3 - Neves LO
Anette Chrusciak Talhari 4 - Chrusciak Talhari A
Mônica Nunes de Souza Santos5 – de Souza Santos MN
Ellen Priscilla Nunes Gadelha6 – Gadelha EPN
Carolina Chrusciak Talhari Cortez 7 – Talhari C
1
MSc, Pós Graduação em Medicina Tropical. Fundação de Medicina Tropical do
Amazonas Dr. Heitor Vieira Dourado e Universidade do Estado do Amazonas.
Manaus, AM, Brasil
2
PhD. Fundação de Medicina Tropical do Amazonas Dr. Heitor Vieira Dourado.
Manaus, AM, Brasil
3
MSc, Pós Graduação em Medicina Tropical. Fundação de Medicina Tropical do
Amazonas Dr. Heitor Vieira Dourado e Universidade do Estado do Amazonas.
Manaus, AM, Brasil
4
PhD. Fundação de Medicina Tropical do Amazonas Dr. Heitor Vieira Dourado.
Manaus, AM, Brasil
5
PhD. Fundação de Medicina Tropical do Amazonas Dr. Heitor Vieira Dourado.
Manaus, AM, Brasil
6
MSc, Pós Graduação em Medicina Tropical. Fundação de Medicina Tropical do
Amazonas Dr. Heitor Vieira Dourado e Universidade do Estado do Amazonas.
Manaus, AM, Brasil
7
PhD. Fundação de Medicina Tropical do Amazonas Dr. Heitor Vieira Dourado.
Manaus, AM, Brasil
22
RESUMO
Introdução: De acordo com a literatura, a Síndrome da Restauração Imune (SRI) é
relativamente frequente em pacientes com Aids que fazem uso de TARV. Apesar de
as informações atuais indicarem a ocorrência da SRI em 25-50% dos pacientes sob
tratamento, as manifestações mucocutâneas associadas à SRI são pouco
conhecidas nas regiões tropicais. O objetivo do presente estudo é identificar,
prospectivamente, a frequência das manifestações mucocutâneas associadas à SRI
em pacientes com Aids que iniciaram TARV na FMT-HVD.
Metodologia: Foi realizado estudo de coorte, prospectivo, de pacientes com Aids
que iniciaram TARV. Os pacientes incluídos no estudo, após assinatura do Termo de
consentimento livre e esclarecido (TCLE), foram acompanhados durante nove
meses. Nesse período foram avaliados parâmetros clínicos e laboratoriais. Os
pacientes foram examinados por médico dermatologista e enfermeiro, no início do
estudo (mês zero), e nos meses três, seis e nove. A contagem de células T-CD4+ e
carga viral foram avaliadas no decorrer do estudo.
Resultados: Ao todo, 109 pacientes foram incluídos, destes 86 completaram 9
meses de seguimento, 22 foram diagnosticados com SRI, sendo 12 homens e 10
mulheres . A idade dos pacientes variou de 25 a 59 anos e a média foi 34,25 anos.
As principais doenças diagnosticadas foram a dermatite seborreica, herpes zoster e
herpes simples.
Conclusão: A maioria dos pacientes desenvolveu doenças dermatológicas que,
freqüentemente, são encontrados em doentes HIV-positivos, apresentando queda da
contagem de linfócitos T-CD4+, sem definir Aids (dermatite seborréica) ou estágios
de imunossupressão como o herpes zoster. A divulgação desses dados é importante
para alertar os profissionais da área da saúde que, mesmo sob tratamento
adequado e melhora imunológica, os pacientes com Aids podem desenvolver
doenças que eventualmente levariam a interpretações
irregular ou falha terapêutica relacionada aos antirretrovirais
errôneas de tratamento
23
INTRODUÇÃO
Atualmente, a Aids é considerada um dos mais importantes problemas
mundiais de saúde pública. De acordo com o Programa Conjunto das Nações
Unidas sobre HIV/Aids, em 2011 havia, em todo o mundo, 34,2 milhões de pessoas
com Aids ou HIV+; destes, 30,7 milhões eram adultos e 3,4 milhões tinham menos
de 15 anos. ¹
De acordo com o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério
da Saúde do Brasil, entre 1980 e junho de 2011 foram notificados 608.230 pessoas
infectadas com o vírus da Aids no país. ¹
No Brasil, entre 1999 e 2009, a taxa de incidência na região Sudeste diminuiu
(de 24,9 para 20,4 casos por 100 mil habitantes). Porém, nas outras regiões
observou-se aumento dessas taxas: de 22,6 para 32,4, no Sul; 11,6 para 18,0, no
Centro-Oeste; 6,4 para 13,9, no Nordeste e de 6,7 para 20,1, no Norte. Nas regiões
Sul e Sudeste concentram-se o maior número de casos acumulados (77,5%).2
(Figura 1A)
A
B
Fig. 1 A. Taxa de incidência de AIDS e HIV+/100.000 habitantes, segundo as
regiões brasileiras, em 2009. (B) Casos acumulados de HIV+/AIDS, por região, no
Brasil, de 1980 a junho de 2010.Fonte: MS/SVS/Departamento de DST/AIDS e
Hepatites Virais. Boletim Epidemiológico, Jan-Jun, 2010.
De 1980 a junho de 2011, o Ministério da Saúde registrou 28.248 casos de
Aids na região Norte, que corresponde a 4,7% dos casos brasileiros. 3
No estado do Amazonas, entre 2010 e 2012 foram diagnosticados 2.212
casos de HIV+/Aids em adultos. 3
A introdução da TARV no tratamento da Aids, em meados da década de 90,
constituiu importante marco na redução da morbidade e mortalidade causada pelo
HIV. Este esquema medicamentoso produz reconstituição parcial da resposta imune
24
e o controle da replicação viral, com diminuição expressiva da frequência de
doenças oportunistas. 4
No início da TARV, em alguns pacientes, a rápida restauração da resposta
imune, consequente ao aumento da contagem de linfócitos T-CD4+ e diminuição da
carga viral, pode ocasionar aparente piora clinica do enfermo, com a reativação de
doenças oportunistas, previamente existentes e tratadas, ou surgirem doenças
inexistentes antes do inicio da TARV. As doenças mencionadas podem ser de
origem infecciosa ou de outras etiologias. Estas manifestações clínicas foram
inicialmente descritas na literatura internacional como Immune Reconstitution
Inflammatory Syndrome
(IRIS); em nosso meio, são denominadas Síndrome da
Restauração Imune (SRI), Síndrome Inflamatória de Reconstituição Imune (SIRI) ou
Doenças Associadas à Reconstituição da Imunidade (DARI).
5
De acordo com Lehloenya e Meintjes, a SRI pode ser dividida em dois grupos:
o primeiro, caracterizado por piora de doença oportunista pré-existente, na vigência
da TARV; e o segundo grupo, caracterizado pelo surgimento de doença infecciosa
ou não infecciosa, inexistente antes da TARV, com características de SRI - esse
quadro é denominado unmasking type.. 6
Segundo Meys e cols., as doenças associadas à SRI compreendem quatro
subtipos: 1) síndromes inflamatórias associadas à reconstituição da imunidade, tais
como as micobacterioses, micoses profundas, uveítes associadas a citomegalovírus
e outras; 2) doenças que ocorrem durante a reconstituição da imunidade, com
patogênese não relacionada a inflamação; dentre essas, o sarcoma de Kaposi; 3)
doenças autoimunes, tais como a doença de Graves, lupus e enfermidades de
etiologia desconhecida; por exemplo, a sarcoidose; 4) doenças frequentemente
observadas em pacientes sob TARV, como o herpes simples, herpes zoster,
molusco contagioso e papiloma vírus humano.7
A SRI ocorre em 10-40% dos pacientes sob TARV.
7
As manifestações
dermatológicas estão presentes em 52-78% dos casos. 8
De acordo com a literatura, a Síndrome da Restauração Imune (SRI) é
relativamente frequente em pacientes com Aids que fazem uso de TARV. Apesar de
as informações atuais indicarem a ocorrência da SRI em 25-50% dos pacientes sob
tratamento, as manifestações mucocutâneas associadas à SRI são pouco
conhecidas nas regiões tropicais. 9
25
A Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD) é
centro de referência para o diagnóstico e tratamento de Aids e, também, doenças
dermatológicas.
O presente estudo teve por finalidade identificar a frequência e caracterizar,
clínica e, se necessário, laboratorialmente, as dermatoses associadas à SRI em
pacientes com Aids em acompanhamento na referida instituição. Este conhecimento
é importante para o correto diagnóstico e tratamento precoce das manifestações
cutâneas e/ou mucosas, muitas vezes graves, associadas à SRI.
MÉTODOS
TIPO DE ESTUDO
Foi realizado estudo de coorte, prospectivo, de pacientes com Aids que
iniciaram TARV. Os pacientes incluídos no estudo, após assinatura do Termo de
consentimento livre e esclarecido (TCLE), foram acompanhados durante nove
meses. Nesse período foram avaliados parâmetros clínicos e laboratoriais. Os
pacientes foram examinados por médico dermatologista e enfermeiro, no início do
estudo (mês zero), e nos meses três, seis e nove. A contagem de células T-CD4+ e
carga viral foram avaliadas no decorrer do estudo.
LOCAL DO ESTUDO
O estudo foi realizado no Ambulatório de DST/Aids da FMT-HVD, centro de
referência no diagnóstico e tratamento de pacientes com Aids.
TAMANHO DA AMOSTRA
Até setembro de 2011, 7.342 pacientes com Aids faziam acompanhamento no
Ambulatório de DST/Aids da FMT-HVD. Dentre estes, 4.479 encontravam-se sob
TARV. O Ambulatório de DST/Aids, atende, em média, 1.500 pacientes com Aids,
anualmente. 10
A metodologia de amostragem utilizada no estudo foi baseada no número
total de novos pacientes com Aids que foram tratados e acompanhados no
Ambulatório de DST/AIDS da FMT-HVD durante o período do estudo. Foram
atendidos, em média, 10 novos pacientes por mês e solicitados CD4 e carga viral no
mês zero, três , seis e nove.
26
PROCEDIMENTOS DO ESTUDO
COLETA DOS DADOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS
Os pacientes foram convidados a participar do estudo, sendo que os que
aceitaram assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foi preenchido
um questionário com informações relativas ao número do prontuário, sexo, idade,
data de início da TARV, início da manifestação dermatológica associada à SRI,
duração dos sintomas, exame histopatológico, contagem de células T-CD4+ e carga
viral. Esses dados foram retirados do prontuário eletrônico IDoctor, atualmente em
funcionamento na FMT-HVD.
A contagem de células T-CD4+ e carga viral foram solicitadas no início do
estudo (mês zero), ao terceiro, sexto e nono mês de seguimento.
AVALIAÇÃO DERMATOLÓGICA
Durante a realização do estudo, os pacientes incluídos no projeto foram
examinados no início do estudo, três, seis e nove meses após a primeira avaliação.
Os pacientes que apresentavam manifestações cutâneas associadas ou não à SRI
foram avaliados mais de uma vez, de acordo com a necessidade de cada caso.
No início do estudo, os pacientes foram submetidos a exame dermatológico
que incluiu inspeção de todo o tegumento cutâneo, bem como das mucosas oral, da
genital e anal, em luz natural ou artificial, em consultório médico do Ambulatório de
Dermatologia da FMT-HVD. Não foi realizado exame por ginecologista ou
proctologista. Os diferentes tipos de lesões elementares ou mucosas, foram
descritas no prontuário do paciente. Esse exame sistemático foi repetido nos meses
três, seis e nove.
CRITÉRIOS PARA DEFINIÇÃO DE CASOS DE SRI
Os pacientes incluídos no estudo foram classificados como casos de SRI de
acordo com os critérios de Meys et al. 7
CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE
CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
27
Foram incluídos pacientes com critérios clínicos e/ou laboratoriais definidores
de Aids, maiores de 18 anos de idade, de ambos os sexos, em acompanhamento
para Aids na FMT-HVD, que iniciaram TARV entre 30-90 dias, e que aceitaram
participar do estudo, através da assinatura do termo de consentimento livre e
esclarecido (TCLE).
CRITÉRIOS DE NÃO-INCLUSÃO

Não comparecimento a dois ou mais retornos agendados no período de
três meses;

Abandono da TARV por período superior a um mês;

Óbito durante o período do estudo;
ASPECTOS ÉTICOS
O estudo foi realizado de acordo com a resolução 196/96. Todas as
informações relatadas pelos pacientes e coletadas a partir do prontuário dos
mesmos foram utilizadas exclusivamente para o estudo proposto. Nomes e outras
informações que possam facilitar a identificação dos usuários foram anotados
somente no questionário da pesquisa e de forma codificada.
Os participantes do estudo foram informados sobre os objetivos da pesquisa e
assinaram termo de consentimento escrito. O estudo foi aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa da própria fundação.
ANÁLISE ESTATÍSTICA
Após a coleta e armazenagem dos dados em um banco criado no Excel da
MICROSOFT® OFFICE Excel 2007, estudos descritivos iniciais foram realizados
através de tabelas e das medidas de posição (média, mediana e etc.) e de
variabilidade.
Para a análise das variáveis qualitativas foram o Teste Exato de Fisher para
diferença entre as proporções, e entre as variáveis quantitativas foi usado intervalos
de 95% de confiança para as médias de CD4, Log da Carga e em comparações de,
foi realizado o Teste não paramétrico de Mann-Whitney, considerando que os que os
testes paramétricos não puderam ser realizados por não satisfazerem os présupostos de normalidade. Os softwares estatísticos utilizados foram o SPSS
(Statistical Package for the Social Sciences) versão 16.0. e o programa R 2.11.
28
Para todas a análise foi fixado um nível de significância alpha de 0,05 e um
coeficiente de confiança de 95%.
RESULTADOS
Ao todo, 109 pacientes foram incluídos, destes 86 completaram 9 meses de
seguimento, 22 foram diagnosticados com SRI, sendo 12 homens e 10 mulheres. A
idade dos pacientes variou de 25 a 59 anos e a média foi 34,25 anos. (Figura 1):
Figura 2: Fluxo dos pacientes arrolados no estudo
29
As principais doenças diagnosticadas foram a dermatite seborreica, herpes
zoster e herpes simples (Tabela 1).
Tabela 1: Evolução da Síndrome da Restauração Imune
TEMPO
DE QUANTO
TARV ATÉ A TEMPO
SRI
DUROU A SRI
2 meses
2 meses
1 mês e 20 dias
1mês e 12 dias
2 meses
2 meses
7 meses
2 meses
1 mês
2 meses
2 meses
3 meses
7 meses
9 meses
8 meses
6 meses
10 meses
9 meses
9 meses
10 meses
1 ano
3 meses
20 dias
12 dias
5 dias
11 dias
8 dias
21 dias
2 meses
20 dias
2 meses
15 dias
2 meses
7 dias
20 dias
2 semanas
2 semanas
3 semanas
13 dias
15 dias
10 dias
8dias
5 dias
2 meses
CARGA
MANIFESTAÇÃO
DIFERENÇA VIRAL NO
DERMATOLOGICA DO CD4
MOMENTO
DA SRI
Herpes Zoster
12
93.450
Herpes Zoster
258
74.585
Herpes Simples
100
<L.MIN
Herpes Simples
41
1424
Herpes Simples
140
238
Dermatite Seborréica 103
<L.MIN
Dermatite Seborréica 210
<L.MIN
Dermatite Seborréica 38
<L.MIN
Dermatite Seborréica 158
5406
Herpes Simples
327
2093
Reação Hansenica
78
<L.MIN
Herpes simples
288
<L.MIN
Herpes Zoster
291
<L.MIN
Dermatite Seborréica 190
<L.min
Herpes Simples
31
<L.min
Herpes simples
69
<L.min
Herpes Zoster
50
<L.min
Herpes Zoster
195
13087
Herpes zoster
15
437
Herpes Simples
45
<L.min
Herpes Simples
60
<L.min
Dermatite Seborreica 200
<L.min
A contagem de linfócitos T-CD4+ dos pacientes que desenvolveram SRI
variou de 256,5 células/mm3a 335,8 células/mm3e a média foi 293,7 células/mm3,
a carga viral variou de 121,66 cópias a 350,20 cópias e a média foi de 235,93
cópias.
30
Figura 3: Variação da carga viral de acordo com o mês de acompanhamento
Figura 4: Variação do cd4 de acordo com o mês de acompanhamento
Nos gráficos 1 e 2, visualiza-se o intervalo de confiança entre os quatro períodos
observados. O gráfico 1 mostra que em ambos os grupos (pacientes com SRI e
pacientes não-SRI) houve gradativa diminuição da carga viral. O gráfico 2 demonstra
o aumento da contagem de células T-CD4-positivas em ambos os grupos.
31
DISCUSSÃO
Desde o início da epidemia HIV/Aids, entre os principais agravos à saúde dos
pacientes sempre se destacou nas informações aos profissionais da área da saúde
a importância das doenças dermatológicas, definidoras de Aids ou que levam à
indicação de sorologia para HIV.
Em geral, nestas situações, os pacientes
apresentam quadros clínicos graves ou desenvolvem enfermidades cutâneas sem
manifestações sistêmicas importantes. De acordo com o quadro clínico geral e/ou
exames laboratoriais, são orientados para TARV ou acompanhamento e exames
periódicos. 10
Um aspecto pouco discutido em nosso meio, relacionado aos pacientes com
Aids sob TARV, é a possibilidade de estes enfermos desenvolverem enfermidades
graves, dermatológicas ou não, mesmo com terapia adequada e melhora da
capacidade imunológica.
Estes quadros são conhecidos como Síndrome de
Restauração Imune (SRI).
Segundo Meys e cols a Síndrome da Restauração Imune ocorre em 10 a 40%
dos pacientes em uso de TARV, no estudo 25,58 % dos pacientes avaliados
apresentaram SRI. 7
De acordo com Meys e cols., as doenças associadas a SRI compreendem
quatro subtipos: 1) Síndromes inflamatórias associadas à reconstituição da
imunidade, tais como as micobacterioses, micoses profundas, uveítes associadas ao
Citomegalovírus e outras; 2) Doenças que ocorrem durante a reconstituição da
imunidade, com patogênese não relacionada a inflamação; dentre essas, o sarcoma
de Kaposi; 3) Doenças autoimunes, tais como a doença de Graves, lupus e
enfermidades de etiologia desconhecida; por exemplo, a sarcoidose; 4) Doenças
frequentemente observadas em pacientes sob TARV, como o herpes simples,
herpes zoster, molusco contagioso e HPV. 7 (Figura 3)
32
Figura 5: Paciente com herpes genital 1 mês após uso de TARV
Até o momento são poucas as investigações relacionadas à SRI nas regiões
tropicais. Entre as SRI com manifestações dermatológicas de origem infecciosa, já
observadas na região amazônica, destacam-se a hanseníase e a leishmaniose. Em
trabalho recente, no período de 1996 a 2009, foram estudados 25 casos de
hanseníase associados à Aids ou HIV+; destes, 7 foram caracterizados como SRI.
A maioria dos enfermos com SRI procedia de Manaus, sendo diagnosticadas três
pacientes com formas multibacilares (dois casos de hanseníase borderline
virchowiana e um casos de hanseníase borderline-borderline) e18 paucibacilares(10
borderline-tuberculóides, dois tuberculóides-tuberculóides e dois indeterminados).
Todos estes casos de SRI são do tipo “unmasking”, ou seja, surgiram de novo,
durante a TARV.11-15
No presente trabalho foi diagnosticado um caso de hanseníase borderlineborderline. Este enfermo provavelmente já era infectado pelo hiv, mas ainda não
fazia uso da TARV quando desenvolveu a hanseníase. Portanto, não poderia ser
classificado como SRI. A razão de este paciente ter sido incluído no estudo foi o
múltiplo acometimento de nervos periféricos que apresentou após a introdução da
TARV, o que configura uma piora paradoxal do quadro clínico mesmo com a
melhora dos parâmetros laboratoriais. É possível que as manifestações neurais
possam ser mais graves ou surgir como quadros de SRI. Isto é importante para os
profissionais que atendem casos de coinfecção Aids/Hanseníase. (Figura 4)
33
Figura 6: Paciente com hanseníase, com piora do quadro após TARV,
apresentando inúmeras lesões hipocrômicas e acometimento periférico.
As demais enfermidades dermatológicas diagnosticadas neste trabalho
enquadram-se no 4.0 Grupo da classificação de Meys e cols., isto é, doenças
frequentemente observadas em doentes de Aids sob TARV.
7
Verificou-se
predomínio da dermatite seborreica, herpes zoster e herpes simples. (Figura 5)
Figura 7: Paciente HIV , com dermatite seborreica em face após 3 meses de
uso de TARV
Apesar de os dados obtidos no presente trabalho não terem significado
estatístico, o presente trabalho, em nosso meio, é um dos primeiros a investigar os
principais eventos dermatológicos diagnosticados ao longo do tratamento de
pacientes com Aids.
34
As informações obtidas são também importantes para alertar os profissionais
da área da saúde sobre o fato de os doentes com Aids, mesmo sob tratamento
adequado,
poderem
desenvolver
doenças
que
são
comuns
durante
a
imunodepressão. O herpes zoster e a dermatite seborréica constituem exemplos
dessa situação. Eventualmente, o diagnóstico dessas enfermidades poderia levar a
suspeita de tratamento irregular com a TARV ou falha terapêutica. (Figura 6)
Figura 8: Paciente apresentando herpes zoster 2 meses após uso de TARV
Conclusão
Dentre os casos de SRI diagnosticados chama a atenção um paciente que
desenvolveu múltiplo acometimento de troncos nervosos. A hanseníase é endêmica
em nosso meio e outros casos já haviam sido anteriormente diagnosticados. O
conhecimento desse aspecto da co infecção é particularmente importante, pois estes
pacientes correm sério risco de desenvolverem deformidades se não forem
adequadamente tratados;
A maioria dos pacientes desenvolveu doenças dermatológicas que,
frequentemente, são encontrados em doentes HIV-positivos, apresentando queda da
contagem de linfócitos T-CD4+, sem definir Aids (dermatite seborréica) ou estágios
de imunossupressão como o herpes zoster;
A divulgação desses dados é importante para alertar os profissionais da área
da saúde que, mesmo sob tratamento adequado e melhora imunológica, os
35
pacientes com Aids podem desenvolver doenças que eventualmente levariam a
interpretações errôneas de tratamento irregular ou falha terapêutica relacionada aos
antirretrovirais;
Novos estudos são necessários para que se conheça melhor a real magnitude
da Síndrome de Restauração Imune em nosso meio.
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Conclusão
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48.
Coordenação Estadual de DST/Aids. Número total de pacientes
HIV/Aids atendidos na Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira
Dourado. 2012.
46
8. ANEXOS
47
ANEXO A: Ficha de Acompanhamento
ESTUDO DAS MANIFESTAÇÕES MUCOCUTÂNEAS ASSOCIADAS Á
SÍNDROME DE RESTAURAÇÃO IMUNE EM PACIENTES COM AIDS
ATENDIDOS NA FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DR. HEITOR VIEIRA
DOURADO
2.Nome do paciente:
_________________________________________________________________
3.Nome da mãe:
_____________________________________________________________________
4.Data de nascimento: _____/_____/_____ 5.Idade em anos: ____________
6.Sexo: ( )Masculino ( )Feminino
7.Número do prontuário: ________________
8.Data de entrada no serviço: _____/_____/____
9.Data de diagnóstico de HIV: _____ /_____ /_____
10. Data diagnóstico da AIDS: _____/_____/_____
11.Data de início da ARV:
12.Município de residência: ______________________
13.Naturalidade: _______________________________
14.Raça/cor: ( )Branca ( )Preta ( )Amarela ( )Parda ( )Indígena
15. MÊS ZERO:
16.Dermatoses identificadas:
17.Contagem de CD4+:
18.Carga viral:
19. MÊS TRÊS:
20.Dermatoses identificadas como SRI:
21.Contagem de CD4+:
22.Carga viral:
23.MÊS 6:
24.Dermatoses identificadas como SRI:
25.Contagem de CD4+:
26.Carga viral:
27. MÊS 9:
28.Dermatoses identificadas como SRI:
29.Contagem de CD4+:
30.Carga viral:
48
ANEXO B: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pesquisa médica
Ao assinar este documento, você está concordando em participar de uma pesquisa médica chamada: “Estudo das
manifestações mucocutâneas causadas pela Síndrome da Restauração Imune em pacientes HIV/AIDS atendidos na Fundação
de Medicina Tropical do Amazonas”.O objetivo deste estudo é avaliar as manifestações mucocutâneas decorrentes da
Síndrome da Restauração Imune.
O conjunto dos parâmetros clínicos e laboratoriais resultantes dessa resposta inflamatória exacerbada tem sido denominada
Síndrome da Restauração Imune, causando acentuadas inflamações teciduais em alguns paciente submetidos ao uso dos
ARVS.Na maioria dos casos o curso da doença é benigno, raramente pode ocorrer evolução para o óbito.
Explicação do Termo de Consentimento
Título do estudo: “Estudo das manifestações mucocutâneas causadas pela Síndrome da Restauração Imune em
pacientes HIV/AIDS atendidos na Fundação de Medicina Tropical do Amazonas”.
Investigadores principais: Dra. Carolina Talhari Cortez.
INFORMAÇÃO SOBRE A PARTICIPAÇÃOVocê foi convidado a participar de uma pesquisa médica. É importante
que você entenda os princípios gerais que se seguem e que serão aplicados a todos os participantes deste estudo: (1) Sua
participação é totalmente voluntária - você decide se quer participar ou não (2) Você poderá interromper sua participação antes
ou em qualquer momento do estudo. Sua recusa em participar não envolverá punição ou perda de seus direitos constituídos.
(3) Depois de lidas as explicações, você pode fazer qualquer pergunta necessária para o claro entendimento da natureza do
estudo.
PROCEDIMENTOS A SEREM SEGUIDOS: Se você concordar em participar deste estudo, uma história médica e um exame
físico serão realizados.Poderá ser colhido sangue, urina/fezes e material da lesão de pele para ajuda no diagnóstico de sua
doença. Estes exames são importantes para sua inclusão no estudo.
Durante e após o término do tratamento você será examinado por um médico que fará exame físico em busca de
infecções mucocutâneas. Se por acaso você não for diagnosticado com SRI seu acompanhamento com o dermatologista
continuará normalmente.
Em três diferentes ocasiões ao longo de 3, 6 e 9 meses, serão realizados exame físico para verificar se apresenta
resposta mucocutânea decorrente da SRI,devido o uso do ARVS. Você fará uma consulta médica no terceiro,sexto e nono
mês. Isso é necessário para que se possa ficar acompanhando. Depois da última visita (sexto mês), a sua participação no
estudo estará encerrada. Se caso você tiver necessidade de reagendar seu retorno, pela impossibilidade de vir na data
marcada, entre em contato conosco.
DURAÇÃO DA SUA PARTICIPAÇÃO: 9 meses
RISCOS, DANOS E DESCONFORTOS Não há riscos, danos ou desconfortos para o paciente.
BENEFÍCIOSA síndrome acomete preferencialmente aqueles com contagens dos linfócitos T CD4 inferiores a 100
/mm3 e carga viral muito alta, antes do início do HAART, a pesquisa acompanhará o possível aparecimento das manifestações
mucocutâneas.
A não ser pelo atendimento médico, você não receberá nenhum benefício financeiro pela sua participação neste estudo. Você
também não terá gastos decorrentes de sua participação no estudo.
COMPROMISSO DE CONFIDENCIALlDADE DA IDENTIDADE DO VOLUNTÁRIO. Os registros de sua participação
como sujeito do estudo serão mantidos confidenciais. Seu nome nunca será usado em nenhum relatório deste estudo.
SUA PARTICIPAÇÃO PODE SER SUSPENSA SEM SUA PERMISSÃO. Sua participação neste estudo poderá ser
interrompida se você apresentar condições de saúde que representem riscos para você na opinião dos médico do estudo.
NOVOS ACHADOS SIGNIFICATIVOS. Qualquer informação importante que surgir durante sua participação no
estudo e que possa afetar a sua saúde será levada ao seu conhecimento.
NÚMERO DE VOLUNTÁRIOS ENVOLVIDOS NO ESTUDO. 300 pacientes serão admitidos neste estudo.
INDENIZAÇÕES E RESSARCIMENTOS. Caso fique comprovado que você foi prejudicado devido a sua
participação no estudo, você terá direito a tratamento médico e à indenização conforme previsto no item V.6 da
Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde sobre pesquisas médicas envolvendo
seres humanos que estabelece: "Os sujeitos da pesquisa que vierem a sofrer qualquer tipo de dano previsto ou não
no termo de consentimento e resultante de sua participação, além do direito á assistência integral, tem direito à
indenização"
PESSOAS E LOCAIS PARA RESPOSTAS A PERGUNTAS E MAIORES INFORMAÇÓES RELACIONADAS COM O ESTUDO.
Por favor, entre em contato com uma das pessoas abaixo caso você tenha perguntas relacionadas com esta pesquisa médica:
Em Manaus: Dra. Carolina Talhari (2127-3426).
Enfermeira Carolina (2127-3421).
49
Se você apresentar alguma manifestação mucocutânea (lesão na pele)antes da data do retorno para sua consulta por favor
entre em contato conosco pelo telefone acima, SE VOCE NÃO ENTENDEU ALGUMA PARTE DESTE
DOCUMENTO/EXPLICAÇÃO, PERGUNTE AO INVESTIGADOR ANTES DE ASSINAR.
__________________________
Nome do voluntário
__________________________
Data e hora da assinatura
__________________________
Nome da testemunha
__________________________
Assinatura ou impressão digital
__________________________
Data e hora da assinatura
__________________________
Assinatura ou impressão digital
50
ANEXO C: CARTA DE APROVAÇÃO DO CEP
51
ANEXO D: Recursos humanos
Nome
Formação
Instituição de
(Titulação)
trabalho
Dra. Carolina Talhari Médica
Cortez
Plano de
Dissertação
do
Dermatologista Estado do Amazonas
Médico
Dr. Sinésio Talhari
Dra.
Dermatologista
Angélica Médica
Espinosa Miranda
Ana
Universidade
Atividades no
Carolina
de
Moraes Cruz
Dra.
Dr. Leandro Ourives
Federal Pesquisadora
do Espírito Santo
Enfermeira
FMT-HVD
Dermatologista
Dra. Mônica Nunes Médica
dos Santos
Responsável
Ginecologista
Anette Médica
Chrusciak Talhari
Pesquisador
FMT- HVD
Universidade
Dermatologista
Médico
Dermatologista
Orientadora
Responsável
Pesquisadora
Responsável
FMT- HVD
Colaboradora
FMT- HVD
Colaboradora
FMT- HVD
Colaborador
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