Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra – Introdução à Medicina – Centro de Saúde de Celas Introdução Como aluno de Introdução à Medicina, cadeira do primeiro ano do curso de Medicina, tive oportunidade de visitar o Centro de Saúde de Celas, nos dias 02 de Março e 09 de Março, possibilitando-me um melhor conhecimento das suas rotinas. Eu fui gentilmente recebido pela Dra. Maria Lurdes Silva, que me acompanhou nesta experiência inédita e que me ajudou a cumprir os meus objectivos. Foi uma experiência enriquecedora, através de um inédito e surpreendente contacto com a realidade num centro de saúde, que será certamente muito importante para a minha vida estudantil, assim como, para a minha futura vida profissional na área da Medicina. O Centro de Saúde é, provavelmente, o estabelecimento de saúde onde se pratica um tipo de Medicina mais comunitário. Não só se resolvem patologias do âmbito da Clínica Geral, como também se implementa uma série de campanhas de prevenção que visam sensibilizar a população para a aquisição de cuidados preventivos. A Medicina praticada no Centro de Saúde é, possivelmente, aquela em que se estabelece uma relação médico/doente mais forte, devido ao acompanhamento contínuo de um mesmo médico e à frequência com que os doentes o procuram. O clínico geral, para muitos pacientes, não é só um médico mas também alguém em quem se confia muito e a quem se contam os seus problemas pessoais. A base da relação médico/doente é a confiança que se vai estabelecendo ao longo das consultas, devida, em grande parte, ao sigilo profissional a que o médico está obrigado. Esta situação pode porém trazer inconvenientes, já que algumas vezes o paciente esquece a necessária barreira entre o utente e o profissional, dificultando o serviço prestado pelo médico. No Centro de Saúde de Celas, contactei com vários casos clínicos, que descreverei a seguir, sendo que desenvolverei um que a meu ver teve uma maior relevância nesta minha visita (hipertensão). Atendendo ao facto de que ainda estou a iniciar o curso de medicina, considero os casos presenciados algo complexos para o meu nível, pelo que é possível que não proceda a uma análise de todo completa de cada um deles, sendo o resultado, contudo fruto da pesquisa e tratamento mais elaborado que me foi possível. -1- Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra – Introdução à Medicina – Centro de Saúde de Celas Resumo dos casos clínicos observados Caso 1 – paciente do sexo feminino com 23 anos. Veio à consulta para pedir um anticoncepcional. Caso 2 – paciente do sexo feminino com 21 anos. Consulta devido a varizes e foi medicada. Caso 3 – paciente do sexo feminino com 82 anos. Realizou uma ecografia ao ombro que foi pedida devido a uma dor no ombro, e foi-lhe diagnosticada uma rotura completa da coifa do rotadores. Foi medicada. Caso 4 e 5 – pacientes do sexo feminino mãe de 43 anos e sua filha de 17anos, vieram a uma consulta de rotina e ambas tinham excesso de peso: 107 e 96 quilos respectivamente. Foi-lhes aconselhado fazer dieta acompanhado de exercício físico. A senhora de 43 anos tinha ainda a tensão um pouco elevada, e a sua filha apresentava muitas borbulhas na cara pelo que vai tomar a pílula para controlar melhor essa situação. Caso 6 – paciente do sexo masculino com 55 anos. Este paciente acusou dependência ao seu medicamento anterior pelo que o novo medicamento não teve o efeito esperado, voltando agora a tomar o seu medicamento antigo. Caso 7 – paciente do sexo feminino com 58 anos. Foi a uma consulta para vigilância de hipertensão. E verificou-se também através de uma radiografia ao tórax que teve uma pneumonia (em ambas as bases havia um reforço do retículo bronco-vascular). Esta é também uma paciente com tenesmo (já teve hemorróides), e foi pedida uma colonoscopia. Vai também tomar um reforço de magnésio, pois queixou-se de cãibras durante a noite. Caso 8 – paciente do sexo feminino com 83 anos. Esta paciente veio para vigilância da hipertensão e verificou-se também que tinha edemas nos membros inferiores. Esta senhora tem que evitar grandes esforços pois o seu coração já está fraco e as suas pernas também. Caso 9 – paciente do sexo masculino com 67 anos. Veio à consulta para vigilância da hipertensão, que estava muito elevada. No período final de cada consulta foi passado receituário crónico para os pacientes. -2- Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra – Introdução à Medicina – Centro de Saúde de Celas Apresentação de caso clínico observado “caso problema” (especificar os conhecimentos anátomo – fisiológicos necessários para a sua compreensão e referir eventuais problemas na comunicação médico-doente ou ético-deontológicos) Hipertensão Em Portugal, existem cerca de dois milhões de hipertensos. Destes, apenas metade tem conhecimento de que têm pressão arterial elevada, apenas um quarto está medicado e apenas 16 por cento estão controlados. Hoje sabe-se que a adopção de um estilo de vida saudável pode prevenir o aparecimento da doença e que a sua detecção e acompanhamento precoces podem reduzir o risco de incidência de doença cardiovascular. Como se define a hipertensão arterial? Designam-se de hipertensão arterial todas as situações em que se verificam valores de tensão arterial aumentados. O coração na sua actividade contráctil, rítmica e involuntária, bombeia o sangue para as artérias (vasos que transportam o sangue do coração para todos os órgãos). Durante a sístole ventricular (contracção dos ventrículos), o sangue sai do coração com uma pressão máxima sobre as paredes das artérias, que o recebem. A pressão sanguínea pode, então, ser definida como a força que o sangue exerce sobre qualquer área da parede vascular, em cada pulsação. É a pressão sanguínea que faz com que o sangue circule pelas artérias e chegue a todos os tecidos. Para esta caracterização, consideram-se valores de tensão arterial sistólica superiores ou iguais a 140 mm Hg (milímetros de mercúrio) e/ou valores de tensão arterial diastólica superiores a 90 mm Hg. Com frequência, apenas um dos valores surge alterado. Quando os valores da “máxima” estão alterados, diz-se que o doente sofre de hipertensão arterial sistólica; quando apenas os valores da “mínima” se encontram elevados, o doente sofre de hipertensão arterial diastólica. A primeira é mais frequente em idades avançadas. A pressão ou tensão arterial de cada indivíduo varia de momento a momento, em resposta às diferentes actividades e emoções. A tensão arterial aumenta durante o exercício, quando nos excitamos ou em caso de stress fisiológico (devido à libertação de adrenalina pelas glândulas supra-renais). Por outro lado a tensão arterial diminui durante o repouso e quando nós estamos relaxados. Até mesmo a postura, sentada ou de pé, pode influenciar a tensão arterial. É importante referir que, em alguns indivíduos, a pressão arterial se eleva no acto da medição só pela presença do médico. Tal facto foi possível observar durante a consulta. Por este motivo, é por vezes difícil ao médico decidir, numa única consulta, se o doente é hipertenso ou não. No entanto, a pressão arterial tem tendência a baixar para valores habituais do indivíduo à medida que ele se habituar às manobras de medição e ao médico, em visitas sucessivas. -3- Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra – Introdução à Medicina – Centro de Saúde de Celas Quais os mecanismos que controlam a pressão arterial? Um sistema complexo controla o fluxo de sangue e regula a pressão arterial. Se o corpo não possuísse esse sistema, o sangue iria para os pés quando a pessoa estivesse em pé, a pressão desceria e a pessoa desmaiaria. Existem ainda outros factores que podem afectar a pressão arterial: a força e capacidade do seu músculo cardíaco bombear sangue; a quantidade total de sangue que circula no corpo; e o estado geral das artérias. Como se mede a tensão arterial? O aparelho utilizado por médicos e enfermeiros para medir a tensão arterial dos pacientes é o esfigmomanómetro (fig.1). A pessoa deve descansar, na posição sentada, pelo menos durante 5 minutos; o membro superior deve estar relaxado, com o antebraço apoiado numa superfície plana; A braçadeira deve ter dimensões adequadas. 1- Uma vez ajustada no braço a braçadeira é insuflada com a bomba a uma pressão alta, para Fig.1-esfingmomanómetro comprimir a artéria umeral e impedir a passagem do sangue. O estetoscópio não detecta qualquer som. 2- Pouco a pouco, deixa-se sair o ar. A artéria abre-se e deixa passar um jorro de sangue, que se ouve no estetoscópio. Nesse instante, regista-se a pressão sistólica ou máxima. Quando a pressão sistólica e diastólica de uma pessoa caem em categorias diferentes, opta-se pela mais elevada para classificar a pressão arterial. Por exemplo, 160/92 mmHg classifica-se como hipertensão fase 2 e 180/120 mmHg como hipertensão fase 4. A pressão arterial óptima para minimizar o risco de perturbações cardiovasculares situa-se abaixo de 120/80 mmHg. Devem avaliar-se, no entanto, as medições demasiado baixas. Pressão arterial Pressão arterial Categoria sistólica diastólica Pressão arterial normal Inferior a 130 mmHg Inferior a 85 mmHg Pressão arterial nomal-alta 130-139 85-89 Hipertensão (ligeira) fase 1 140-159 90-99 Hipertensão (moderada) fase 2 160-179 100-109 Hipertensão (grave) fase 3 180-209 110-119 Hipertensão (muito grave) fase 4 Igual ou superior a 210 Igual ou superior a 120 -4- Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra – Introdução à Medicina – Centro de Saúde de Celas Quais as causas da hipertensão arterial? Na maior parte dos casos (90 por cento), não há uma causa conhecida para a hipertensão arterial, embora em algumas situações seja possível encontrar uma doença associada que é a verdadeira causa da hipertensão arterial. Por exemplo: a apneia do sono, a doença renal crónica, o hiperaldosteronismo primário, a hipertensão renovascular, a síndroma de Cushing ou terapêutica esteróide, a feocromocitoma, a coarctação da aorta ou a doença tiroideia e paratiroideia. A hereditariedade e a idade são dois factores a ter também em atenção. Em geral, quanto mais idosa for a pessoa, maior a probabilidade de desenvolver hipertensão arterial. Cerca de dois terços das pessoas com idade superior a 65 anos são hipertensas, sendo este o grupo em que a hipertensão sistólica isolada é mais frequente. A hipertensão pode ser classificada como primária (ou essencial) e secundária. Em 95% dos casos a hipertensão enquadra-se no primeiro grupo – primária, e abrange todos aquelas situações em que não é possível determinar uma causa concreta. Na hipertensão secundária existe uma causa determinada, normalmente devida a uma anomalia orgânica. Hipertensão essencial ou primária Embora, como dissemos, sem uma causa determinada, existem certas características comuns nestas situações: uma delas é ingestão diária de sal superior a 5,8 gramas por dia, que é um factor muito comum nos hipertensos, juntamente com outros como a idade (maior nos idosos) obesidade, doença renal, susceptibilidade genética e hereditária, raça (maior nos negros), e determinados hábitos de consumo. Embora não se tenham ainda descoberto os genes responsáveis pela hipertensão, pensa-se que em pelo menos cerca de 30% dos casos eles são determinantes no aparecimento e evolução da doença, provavelmente afectando o chamado sistema renina-angiotensina, que controla o balanço de sal e a elasticidade das artérias. O consumo excessivo de álcool (mais de duas bebidas por dia) aumenta em cerca de duas vezes a possibilidade de ter hipertensão, sendo essa correlação ainda maior nos casos de consumo mais elevado. No que respeita ao café, não existe evidência de ser causador de hipertensão. Apenas se sabe que a ingestão de 5 ou mais chávenas por dia pode aumentar ligeiramente a tensão nas pessoas que já anteriormente eram hipertensas. O tabaco, embora não directamente associado com o aumento de tensão, agrava enormemente os riscos cardiovasculares nos doentes hipertensos. -5- Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra – Introdução à Medicina – Centro de Saúde de Celas Hipertensão arterial secundária As causas da hipertensão secundária, embora relativamente raras, têm grande importância por serem potencialmente curáveis. Referimos em seguida as causas mais importantes: Doenças do rim: Nem todas as doenças renais se associam a HTA mas, por outro lado, elas são a principal causa de HTA secundária conhecida, sobretudo as doenças do parênquima renal. A estenose (estreitamento) da artéria renal é uma causa relativamente rara, mas que se diagnosticada, pode, em muitos casos, ser curada cirurgicamente ou, mais recentemente, por angioplastia (dilatação da artéria estreitada, com um catéter que tem um balão insuflável na ponta, ao jeito do que se faz para a doença coronária). Doenças endócrinas: São muito raramente causa de hipertensão. As mais frequentes actuam através de uma produção hormonal aumentada pelas supra-renais, geralmente por um tumor, que pode ser removido cirurgicamente como, por exemplo, o hiperaldosteronismo primário, o feocromocitoma ou mesmo o síndroma de Cushing. Doença iatrogénica: Anticonceptivos orais. Quase todas as mulheres que tomam a pílula sofrem uma elevação, mesmo que ligeira, da pressão arterial. Num pequeno número de casos, essa elevação pode ser considerável e levar a HTA. Coarctação da aorta É uma situação de que se deve suspeitar quando aparece subida de tensão numa criança. Consiste num estreitamento de parte da aorta, a principal artéria do organismo. Como esse estreitamento se dá geralmente acima da zona dos rins, ficando estes com o fluxo sanguíneo diminuído, estes reagem provocando o aumento da tensão através do sistema renina-angiotensina de que atrás se falou. O tratamento é cirúrgico ou através da angioplastia (dilatação da artéria através da introdução de uma sonda com um balão na extremidade, que se insufla ao chegar à zona estreitada). Factores de risco - Diabetes; -Obesidade; -Consumo exagerado de sal e de álcool; -Sedentarismo; -Má alimentação; -Tabagismo; -Stress. -Herança e factores genéticos; -Idade (é mais frequente a partir dos 45-55 anos); -Raça (na raça negra é mais frequente e grave); -Sexo (comparativamente, é mais frequente nas mulheres de raça negra e a partir dos 55 anos na raça branca); -6- Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra – Introdução à Medicina – Centro de Saúde de Celas Como prevenir a hipertensão arterial A adopção de um estilo de vida saudável constitui a melhor forma de prevenir a ocorrência de hipertensão arterial. Entre os hábitos de vida saudável sublinha-se a importância de: -Redução da ingestão de sal na alimentação; -Preferência por uma dieta rica em frutos, vegetais e com baixo teor de gorduras saturadas; -Prática regular de exercício físico; -Consumo moderado do álcool (um máximo de 30 ml etanol/dia nos homens e 15 ml/dia para as mulheres); -Cessação do hábito de fumar; -No caso dos indivíduos obesos é aconselhável uma redução de peso. -A ausência de quaisquer sintomas durante a fase inicial da doença faz da medição regular da tensão arterial um hábito a seguir. Todos os adultos, em particular os obesos, os diabéticos e os fumadores ou com história de doença cardiovascular na família, devem medir a sua pressão arterial pelo menos uma vez por ano. Sintomas associados à doença Regra geral, nos primeiros anos, a hipertensão arterial não provoca quaisquer sintomas, à excepção de valores tensionais elevados, os quais se detectam através da medição da pressão arterial. Em alguns casos, a hipertensão arterial pode, contudo, manifestar-se através de sinais como a ocorrência de cefaleias, tonturas ou um mal-estar vago e difuso, que são comuns a muitas outras doenças. Com o decorrer dos anos, a pressão arterial acaba por lesar os vasos sanguíneos e os órgãos vitais (o cérebro, o coração e os rins), provocando sintomas e sinais de alerta vários: Cérebro- cefaleias e vertigens; enfarte cerebral; demências vasculares. Retina- hemorragias, edema da papila; esclerose arterial. Coração- arritmia e hipertrofia ventricular; insuficiência cardíaca; morte súbita; isquémia miocárdica. Artéria aorta- dilatação; dissecção aórtica. Rins- insuficiência renal ligeira ou grave (insuficiência circulatória). Diagnóstico da doença O diagnóstico é feito através da medição da pressão arterial e pela verificação de que os seus níveis estão acima do limite normal. Contudo, um valor elevado isolado não é sinónimo de doença. Só é considerado hipertenso um indivíduo que tenha valores elevados em, pelo menos, três avaliações seriadas. Compete ao médico fazer o diagnóstico da doença, uma vez que a pressão arterial num adulto pode variar devido a factores como o esforço físico ou o stress, sem que tal signifique que o indivíduo sofre de hipertensão arterial. -7- Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra – Introdução à Medicina – Centro de Saúde de Celas Consequências da hipertensão A existência de uma hipertensão crónica vai afectar diversos órgãos e sectores do organismo, provocando nomeadamente aumento do volume do coração, eventualmente enfartes, falência renal, lesões cerebrais (AVC), lesões da retina que podem levar a compromisso da visão. O aumento do esforço a que o coração está sujeito devido à hipertensão faz com que haja uma dilatação do seu volume, que por sua vez pode levar a insuficiência cardíaca (incapacidade de bombear o sangue de forma adequada ao esforço), doença das coronárias (angina de peito ou enfarte do miocárdio), e anomalias do ritmo (arritmias). A nível cerebral podem desencadear-se acidentes vasculares cerebrais (AVC) que são devidos a hemorragia (por rompimento de um vaso e consequente défice de irrigação na zona a jusante) ou por trombose (em que um coágulo proveniente da parede de um vaso - normalmente onde existe acumulação de gordura - vai causar o entupimento dos vasos mais finos a jusante, como impedimento da circulação em zonas mais ou menos extensas). Dependendo da extensão da zona que ficou com a irrigação comprometida (isquémia), o AVC pode causar danos mais ou menos graves, como paralisia dos membros, dificuldades da fala, da visão, ou mesmo coma e morte. Formas de tratamento Não há uma cura para a hipertensão arterial. Contudo, apesar de ser uma doença crónica, na maioria dos casos é controlável. A adopção de um estilo de vida saudável proporciona geralmente uma descida significativa da pressão arterial. A diminuição do consumo do sal reduz a pressão arterial em grande número de hipertensos. A prática regular de exercício físico pode reduzir significativamente a pressão arterial. O exercício escolhido deve compreender movimentos cíclicos (marcha, corrida, natação ou dança são boas escolhas). Mas os hipertensos devem evitar actividades que aumentem a pressão arterial durante o esforço, como levantar pesos, por exemplo. Se algum tempo depois de ter posto em prática estas medidas não tiver registado uma descida adequada da pressão arterial, torna-se necessário recorrer ao tratamento farmacológico. Convém sublinhar que os medicamentos não curam a hipertensão arterial, apenas ajudam a controlar a doença. Por isso, uma vez iniciado o tratamento, ele deverá ser, em princípio, mantido ao longo de toda a vida. -8- Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra – Introdução à Medicina – Centro de Saúde de Celas Finalmente, convém não esquecer que nem todos os doentes reagem da mesma maneira aos diferentes fármacos anti-hipertensos. Um mesmo fármaco, que controla facilmente um doente, pode causar efeitos secundários intoleráveis noutro. Em alguns casos, não basta apenas um fármaco, sendo necessária uma medicação combinada. No entanto, dispomos, hoje em dia, de um arsenal terapêutico em constante progresso que, quando criteriosamente utilizado, permite controlar a hipertensão na esmagadora maioria dos casos, sem interferir com o bem-estar do doente. Conclusão A título de conclusão, eu escolhi a hipertensão como caso problema pois na minha visita ao centro de saúde foi a doença que maior relevância teve (na maior parte dos pacientes a consulta era para supervisionar a hipertensão, entre outros problemas…), e também porque é uma doença que afecta uma grande percentagem de população, como tal achei melhor desenvolver o estudo desta doença que é uma constante na sociedade onde vivemos, e também porque é uma doença na qual, embora a motivação do paciente seja, como sempre, preponderante, o Médico tem que prestar um acompanhamento constante, dependendo dele as diferentes fases do tratamento. Desta forma o paciente pode reduzir o grau de incapacidade que a doença lhe pode provocar. Assim sendo, só me resta agradecer toda a atenção e disponibilidade que foi dispensada pela Dra. Maria Lurdes Silva, que me fez sentir à vontade e me ajudou bastante na realização da minha tarefa, e pela oportunidade de contactar com a realidade num Centro de Saúde que será relevante na minha formação futura, não tanto em termos científicos mas, principalmente, em termos humanos, uma vez que constatei que a boa relação médico-doente e entre profissionais de saúde é muito importante para uma terapêutica eficaz e bem sucedida. Bibliografia FALCÃO, L. M. e outros; Clínica e Terapêutica da Hipertensão Arterial; Edições Lidel; Portugal; 1997. HARRISON, Medicina Interna-Vol.1, 15ª edição, MacGraw Hill, pg.2044-2054. http://www.pfizer.pt/saude/cardio_hip_hipert.php http://www.manualmerck.net/?url=/artigos/%3Fid%3D51 http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?244 http://www.sespa.pa.gov.br/Educa%C3%A7%C3%A3o/hipertensao.htm http://jpn.icicom.up.pt/2004/05/05/primeiro_estudo_sobre_hipertensao_arterial_ .html -9-