Processos de Construção da categoria juventude rural como ator político: participação, organização e identidade social1 Elisa Guaraná de Castro – Prof. UFRuralRJ, Rio de Janeiro/Brasil Dra. Antropologia social/ PPGAS/MN/UFRJ – [email protected] Resumo 'Movimentos sociais rurais, que se de finem como agricultura familiar, como trabalhadores ou como camponeses, estão hoje se organizando a partir da identidade juventude e se apresentando como ator político. Juventude rural está sendo acionada, nos movimentos sociais, no Brasil, para identificar formas organizativas que reivindicam questões gerais, mas, também, questões específicas. Por um lado, ser jovem nos movimentos sociais também carrega limitações quanto a espaço de participação, quanto a possibilidade de ser ouvido, a dificuldade de poder se colocar em um espaço de decisão. Por outro lado, outras questões se colocam para esse ator político. Essa identidade social surge no meio rural brasileiro de forma mais visível, e de forma organizada, nos anos 2000. Ou seja, em um contexto histórico muito específico. Para uma geração que viveu o Plano Nacional de Reforma Agrária (Incra), a pergunta é: o que vai acontecer daqui a 20 anos? Essa é uma identidade que tem aglutinado jovens que se apresentam como preocupados com a questão agrária. Ou seja, uma geração que se percebe como tal e que enfrenta esse mundo rural em conflito, desigual, ainda tão distante do acesso de bens e serviços e um mundo rural distante de uma reforma agrária. Esse trabalho propõe analisar os processos organizativos que se apresentam em alguns movimentos sociais rurais no Brasil hoje, à luz da concepção de geração e de processos de engajamento e participação política como rituais de construção da ação política coletiva. Palavras-chave: Juventude, engajamento político, identidade política. Introdução : Os Jovens que não vão embora.. Os movimentos sociais no Brasil hoje são palco do surgimento de novas organizações de juventude rural. Embora esse tipo de articulação não seja uma novidade – juventude rural ao longo da história e em muitos países foi uma categoria ordenadora de organizações de representação social – hoje estamos testemunhando uma reordenação desta categoria. Jovem da roça, juventude rural, jovem rural, jovem agricultor, camponês são categorias mobilizadoras de atuação política. Apesar dessa “movimentação” esse “novo ator” é pouco conhecido. Em comum, uma “juventude rural” que ainda se confronta, como “classe object” (Bourdieu, 1977), com preconceitos das imagens “urbanas” sobre o campo. Um dos repertórios de ação dos movimentos sociais tem sido a mobilização, daqueles identificados como juventude, em eventos nacionais e/ou regionais. Um formato recorrente é o acampamento. No ano de 2006 diversos eventos assumiram essa denominação ou se organizaram como acampamentos. No Brasil tivemos - II Acampamento da Juventude da Agricultura Familiar; II Congresso Nacional da Pastoral da Juventude Rural, dentre outros. Na Argentina ocorreu o VI Campamento Latino Americano de Jóvenes. Este artigo analisará o processo de mobilização das organizações dos movimentos sociais rurais a partir da categoria 1 “Trabalho apresentado na 26ª. Reunião Brasileira de Antropologia, realizada entre os dias 01 e 04 de junho, Porto Seguro, Bahia, Brasil.” No GT10. 1 juventude. Em especial trabalharemos o evento acampamento como parte de um repertório de ação política; como espaço onde se consolida a militância como identidade social; e como um momento de visibilidade e construção da própria categoria juventude nos movimentos sociais rurais. Esse trabalho é uma primeira ordenação dos resultados do projeto de pesquisa intitulado: “Os jovens estão indo embora?” – a construção da categoria juventude rural em movimentos sociais no Brasil”, (DLCS/UFRRJ/FAPERJ). O objetivo do projeto é analisar a construção e reordenação da categoria “juventude rural”, como representação social, em diferentes movimentos sociais, e sua luta pela visibilidade e reconhecimento político2. O ponto de partida foi a tese Entre Ficar e Sair: uma etnografia da construção social da categoria jovem rural (Castro, 2005), aonde apontei que a juventude rural é constantemente associada ao problema da “migração do campo para a cidade”. Contudo, “ficar” ou “sair” do meio rural envolve múltiplas questões, onde a categoria jovem é construída e seus significados disputados. A “saída” dos assentamentos rurais, do Plano Nacional de Reforma Agrária3, por exemplo, é diferenciada e varia de acordo com processos de socialização no meio rural, gerando os mais diversos arranjos dos filhos com o lote da família (Castro, 2005), principalmente quando olhamos a questão a partir do corte de gênero. Ao resgatar os processos de socialização que geraram os “laços com a terra”, observa-se que essa saída, mais freqüente entre as “jovens”, pode ser lida como parte da reprodução social da produção familiar e não como algo apartada dessa lógica. A experiência de assentamentos rurais aponta para a tensão entre novas formas de se relacionar com a terra e a reprodução da divisão sexual do trabalho amplamente analisada nos trabalhos sobre campesinato4. A própria imagem de um jovem desinteressado pelo meio rural contribui para a invisibilidade da categoria como formadora de identidades sociais e, portanto, de demandas sociais5. Podemos afirmar que a construção de identidades e “laços com a terra” vem se dando, também, em 2 Fazem parte desse projeto : o sub-projeto “As Jovens Rurais e a Reprodução Social das Hierarquias: Relações de Gênero na Construção da Categoria Juventude Rural em Movimentos Sociais no Brasil” (DLCS/UFRRJ/CNPq). Estudo sobre o perfil e a composição da juventude junto aos movimentos sociais rurais no Brasil DLCS/FAPUR/UFRRJ/NEAD/MDA - Participam desse projeto estudantes de graduação de diversos cursos da UFRRJ, Prof.Alberto Di Sabatto – UFF; Prof. Salomé Lima Ferreira – UFRRJ. 3 A principal expressão dessa política de reforma agrária é o Plano Nacional de Reforma Agrária, centrada em uma política de assentamentos rurais e regularização fundiária em áreas de conflitos. (ver site Ministério do Desenvolvimento Agrário). 4 A “queixa” recorrente entre adultos quanto à saída dos jovens, se refere aos filhos homens solteiros. Somente os “jovens” rapazes se “queixam” da saída das jovens e a dificuldade de namorar e casar com alguém do assentamento. (Castro,2005) 5 Nilson Wiesheimer (2005) realizou um levantamento dos trabalhos publicados sobre “jovem no meio rural” (entre 1990 a 2004). O autor identificou a pouca produção acadêmica sobre o tema e conclui que a “migração e a invisibilidade” são as questões mais marcantes nos estudos. 2 outros espaços. Os movimentos sociais no Brasil são palco do surgimento de novas organizações de “juventude rural” como ator político. Um caminho analítico que se mostrou revelador foi olhar para os jovens que se organizam nos movimentos sociais rurais hoje, no Brasil, tendo como bandeira de luta a permanência no campo. A análise deve considerar juventude sobretudo a partir dos processos de interação social e as configurações sociais em que está imersa. Neste sentido, “juventude” é, além de uma categoria que representa identidades sociais, uma forma de classificação social que pode ter múltiplos significados, mas que vem se desenhando em diferentes contextos como uma categoria marcada por relações de hierarquia social. Antes de apresentar as primeiras reflexões sobre esses espaços de mobilização é importante resgatar o debate das relações de poder nos espaços de decisão em estruturas organizativas de comunidades rurais, em especial em associações de pequenos produtores de assentamentos rurais e de acampamentos. Juventude e juventude rural : hierarquias, controle, e participação “O jovem acampado pra pegar terra no nome dele, tem mais moral de falar do que um jovem que é filho de assentado.”(Túlio, acampado, solteiro, 23 anos) Entrecruzadas pelo dilema “ficar e sair” do meio rural, mas principalmente pelo “peso” da autoridade paterna, as percepções sobre o juventude/jovem que observamos em diferentes áreas analisadas, em outro contexto etnográfico (Castro,2005) estão marcadas pela construção de que esse jovem deve ser vigiado e controlado. O peso da autoridade paterna no espaço doméstico é reproduzido nas relações de trabalho familiar e na organização do lote. Essa autoridade cria mecanismos de vigilância e controle sobre os jovens através das relações familiares e demais redes sociais, principalmente mulheres, que se estendem para os espaços que freqüentam. Mas essa relação de autoridade não se restringe ao âmbito doméstico, se estendendo para contextos coletivos do assentamento. Uma fala recorrente dos entrevistados é a afirmação de que são tratados com descaso por parte dos adultos em determinados espaços, principalmente nos espaços de decisão política do assentamento, como assembléias e reuniões de associação de produtores. Essa “queixa” não é localizada, pois a encontramos nos relatos dos jovens do acampamento pesquisado, e mesmo em relatos em outros contextos, como em eventos nacionais de juventude, e, ainda, na fala de lideranças reconhecidas de movimentos sociais rurais. A observação de espaços coletivos de organização de um assentamento rural e os relatos nos demais espaços pesquisados fortaleceu a leitura de serem esses também, espaços 3 para onde se estendem as relações familiares, principalmente a autoridade paterna. Os relatos dos jovens sobre suas participações em reuniões foram marcados pela desqualificação das suas intervenções pelos adultos. São exemplos falas que expressam a falta de espaço para se participar das decisões no âmbito familiar, como: “Ele [pai] não ouve ninguém.” Nessas falas a figura que representa a autoridade é sempre a figura masculina, principalmente o pai, mas podendo também ser representado pela figura do avô. Mas outras falas se referem aos espaços de organização de assentamentos e acampamentos, como em “Ninguém ouve os jovens”. Mesmo jovens lideranças de movimentos sociais reconhecidos nacionalmente afirmaram vivenciar essa relação de subordinação tanto no espaço doméstico, quanto nos espaços de organização dos assentamentos e acampamentos. Em comum, relatos de episódios em que se consideram desvalorizados, tratados com pilhéria. A falta de acesso daqueles que são percebidos como jovens aos espaços de decisão é expressão dessas relações de subordinação. Mas, também, da pouca confiança advinda da associação dos jovens rurais ao desinteresse pelo meio rural e à atração pela cidade. A observação em um acampamento organizado por um movimento social visando a conquista da terra, e, ainda, em eventos de juventude rural foi central para a percepção dos processos de hierarquia que marcam a construção da categoria jovem/juventude rural. E por isso passo a relatar mais detalhadamente essa fase da etnografia. Entrevistas e conversas informais, como a conversa com Waldemar6 (“adulto”, integrante da direção do acampamento), reforçaram questões e aprofundaram percepções sobre as relações de hierarquia. Na fala de Waldemar a categoria jovem aparece marcada pelo tensionamento jovem em oposição a velho, como podemos observar na seguinte passagem, “E – Uma liderança como o Vinícius [19 anos, participa da coordenação do acampamento], o pessoal mais velho respeita? Waldemar – Respeita, tem respeitado bastante. Embora ele está num processo de formação e comete alguns erros ainda e os velhos não perdoam né. [...] o fulano é uma liderança, enquanto está acertando eu estou com ele, ele errou já cai de pau porque ele é jovem. [...] se eu erro e um outro erra, o idoso [...] tem sempre uma saída. Mas se um jovem erra [...] cai em cima [...], só é disputa –“Eu tenho que provar pra ele que ele tem que me respeitar. Ele é jovem então ele tem que me respeitar. Mas enquanto ele está fazendo certo, eu não posso questionar porque ele está fazendo certo. Na hora que ele erra é aí é que eu vou entrar pra mostrar pra ele que ele tem que me respeitar.” 6 Os nomes dos informantes são fictícios. 4 Assim, a “disputa” envolve a legitimação da autoridade dos velhos reproduzindo a estrutura hierárquica da família nos espaços de decisão do acampamento. A participação dos jovens é tensa, como contou Túlio (23 anos)7, “E – Você sente que nas instâncias do acampamento tem espaço pros jovens? Vocês falam? São ouvidos?[...] Túlio – Não. [...] Ele acaba sendo batido pelo mais velho. Quando ele dá uma idéia, mesmo que a idéia dele seja certa, primeiro faz a errada do mais velho pra depois fazer a certa dele. [...]” Um elemento central é a diferença entre as percepções sobre os que são identificados como jovens que estão na posição de filho ou agregado de um integrante do movimento de ocupação, e de jovens que estão “por conta própria”. Ainda segundo Túlio, o fato de ser responsável pelo futuro lote faz diferença. Nesse caso, geralmente são homens e solteiros. Nessa posição a condição nos espaços de decisão parece mudar esse jovem é “ouvido”. Assim, nesse contexto, pretender o lote, isto é, participar do movimento sem a presença de uma autoridade paterna, diferencia o significado de ser jovem. A presença de pai e filho em espaços de decisão revela a posição de subalternidade do segundo. Como na seguinte fala de Túlio, “Túlio – É, mas quando a gente, pelo menos aqui no acampamento, o jovem acampado pra pegar terra no nome dele, ele tem mais uma moral de falar do que um jovem que é filho de acampado. E – Esse não tem espaço?[...] Túlio – Ah ele fala, até fala, mas começa a cortar no meio do caminho ou quando espera falar depois dá um esporro. Então o jovem acaba se escondendo. [...] E – [...] Você acha que o filho de acampado ele deixa de falar porque ele é jovem e aquele é um espaço de adulto ou porque os pais estão lá? Túlio – Porque os pais estão lá, muitas vezes porque os pais estão lá. O Zeca... o pai dele é coordenador do núcleo e trabalha fora, então ele fica indo pelo pai. Quando tem uma reunião e o pai dele não está presente ele fala, pouca coisa ele fica meio envergonhado, mas ele fala. Quando o pai está presente tá arriscado nem ver ele na reunião, ele se afasta.” A associação da categoria jovem ao desinteresse, preguiça, não querem trabalhar na roça, apareceu na fala de Vinícius como um preconceito dos camponeses, no sentido dos que têm origem rural e, ainda, associada ao estranhamento quanto à atuação política dos jovens. “O camponês, aquele que foi criado na roça, [...] ele acha que o jovem de hoje é, sei lá, mais preguiçosos. Então o próprio pai, o próprio acampado acaba discriminando o jovem porque acha que ele não é capaz de viver do campo, não é capaz de trabalhar. Então acaba criando até um certo preconceito também com os jovens. [...] Essa coisa com o pai é muito forte e podemos entender também que não é uma coisa 7 Aos 16 anos Túlio, que morava em um assentamento rural, entrou o Movimento Social, participou de um acampamento, de um Curso de Formação do movimento e integrou a sua direção regional. Ao entrar neste acampamento, aos 21 anos, logo ingressou em sua coordenação. 5 comum as pessoas falarem, o jovem falar o que pensa, se preocupar com a questão da política, se preocupar com as mudanças. [...] nós fomos feitos pra não pensar, não falar, apenas aceitar o que já veio aí é por isso que dá uma dificuldade das pessoas falarem o que pensam, questionarem, darem propostas.” A observação nesse acampamento e as falas lá recolhidas apresentaram uma complexa construção da categoria jovem. Mesmo quando o jovem ocupa um lugar de direção, a hierarquia e sua posição de subalternidade em relação aos adultos/pai continuam a ser reproduzidas. As “queixas” reforçaram a difícil participação em espaços de decisão e o acesso ainda mais limitado da participação das mulheres identificadas como jovens. A difícil participação das mulheres no acampamento foi outra questão ressaltada pelos entrevistados, como Yolanda, acampada (25 anos) e por Vinícius (da coordenação do acampamento, 23 anos), “Vinícius – Mulheres tem menos aqui, se tiver é menos de dez. [...] E – E participam? Yolanda – [...] As novas não, mas as mais velhas participam sim. [...] Vinícius – [...] Na coordenação do acampamento nós só somos homens. [...] Tinha uma mulher, não tem mais. [...] o homem acaba se enciumando, imagina a mulher na coordenação e ela tomando a decisão no acampamento, ajudando nas discussões e ele em casa, então ele não aceita isso. [...]” As diferentes inserções da pesquisadora contribuíram para a percepção do forte tensionamento da autoridade paterna nos assentamentos e acampamentos rurais, onde os que são identificados como jovens carregam uma imagem marcada pelo descompromisso e desinteresse, associada à falta de legitimação como produtor rural. Assim, recai sobre eles uma construção ainda mais complexa de “classe object”, isso é, das percepções dominantes sobre “ser rural” em um mundo urbano. Ou seja, são estigmatizados em espaços urbanos através de identificações como a de roceiro, e em casa são tratados como “muito urbanos” para terem interesse pela terra. Esse fator reforça a deslegitimação social da atuação dos que são identificados como jovem em espaços de representação e organização nos assentamentos e acampamentos. As jovens sofrem ainda mais com a forte presença da autoridade paterna, e se a atuação dos jovens em espaços de direção e/ou decisão é conflituosa para os homens, para as jovens é quase inexistente. Podemos afirmar que “não ouvir os jovens” em espaços de decisão nos assentamentos e acampamentos estaria calcado na percepção de pouca seriedade e deslegitimação dos filhos por serem jovens, expressa em falas dos adultos como eles não querem nada, e na prática de não considerarem a opinião dos que são identificados como jovens nos momentos decisão seja na família, seja nos espaços coletivos de organização. 6 Juventude/jovem tem representado, neste cenário atual, acima de tudo, relações de hierarquia social. Juventude definida, seja como “revolucionária/transformadora”, seja como “problema”, é, muitas vezes, tratada a partir de um olhar que define hierarquicamente o papel social de determinados indivíduos e mesmo organizações coletivas. Juventude/jovem associado à transitoriedade do ciclo-de-vida ou mesmo biológico, transfere para aqueles que assim são identificados, a imagem de pessoas em formação, incompletos, sem vivência, sem experiência, indivíduos, ou grupo de indivíduos que precisam ser regulados, encaminhados. Juventude rural é uma categoria particularmente reveladora dessa construção de relações de hierarquia. A análise dessa categoria permite percebermos como os processos de construção de categorias sociais configuram e reforçam relações de hierarquia social. Um espaço que vem reordenando e gerando novos processos de legitimação como ator político para aqueles que são identificados como jovens são as organizações de juventude, como veremos a seguir. Os Movimentos Rurais e a Juventude como organização e ator político Juventude rural é hoje uma categoria acionada para organizar aqueles que assim se identificam nos movimentos sociais no campo. A partir do ano 2000 observa-se uma movimentação que aciona a categoria juventude, como pode ser observado abaixo: Tabela 1 – Eventos organizados por Movimentos Sociais Rurais Data 2000 2002 2006 2003 2006 2006 2006 2006 2006 Movimento PJR,MST MST Evento I Congresso Nacional da Juventude Rural I Encontro da Juventude do Campo e da Cidade (em diferentes estados) FETRAF-Sul I Acampamento da Juventude da Agricultura Familiar FETRAF-Sul II Acampamento da Juventude da Agricultura Familiar CONTAG Seminário Jovem Saber – realizado durante o Grito da Terra Brasil PJR II Congresso Nacional da Pastoral da Juventude Rural Via Campesina/ VI Campamento Latino Americano de Jóvenes Frente Popular Dario Santillán (FPDS) e outros movimentos sociais urbanos Via Campesina I Seminário da Juventude da Via Campesina Em alguns casos essa organização como setor interno a movimentos sociais rurais ainda está em discussão, em outros já está formalizado. Nos principais movimentos sociais rurais brasileiros observamos processos organizativos, como na Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (FETRAF); na Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), no Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e na Via 7 Campesina Brasil. Essas organizações são fruto de mobilizações e espaços específicos de discussão que vêm ocorrendo nos últimos anos. Os resultados revelaram um cenário complexo de construções identitárias. Observamos a associação formal bastante expressiva de jovens ao movimento sindical, e a outros movimentos sociais, inclusive em instâncias de direção. Uma percepção importante é a intensa participação de jovens mulheres em cargos de direção e de coordenação das organizações nacionais de juventude. Uma das expressões desse processo organizativo é organização de espaços regionais e nacionais articulados a partir da identidade juventude. Esses espaços variam em tamanho e estrutura, mas como veremos mantém como elemento comum o fato de serem espaços com forte construção simbólica, de formação e articulação política. No caso dos eventos de maior porte também representam espaços de construção de visibilidade “interna” e “externa”. Neste sentido, os espaços de mobilizações podem ser percebidos como eventos, no sentido atribuído por Gluckman (1987), para além de acontecimentos singulares, que articula uma complexa rede de relações. Como evento ritual, esses espaços se apresentam como espaços privilegiados de construção de identidades sociais e ressignificação do quotidiano do chamado “mundo rural”. Recuperando DaMatta (1990) esses espaços são momentos singulares, “O momento extraordinário que permite [...] por em foco um aspecto da realidade e, por meio disso, mudar seu significado quotidiano ou mesmo dar-lhe um novo significado.” (p.31) A riqueza para uma análise etnográfica está em acompanhar o processo de construção, desenrolar e o “após evento”, aonde é possível observar o processo de construção simbólica da categoria juventude como um ator que deve intervir na sociedade. Ou seja, a identificação como jovem camponês, jovem agricultor familiar, jovem assentado desvela um processo identitário que ressignifica o campo a partir de perspectivas e percepções que disputam as próprias categorias juventude e ser do campo. O evento A dinâmica dos eventos organizados a partir da categoria juventude variaram em tamanho e dinâmica de estrutura8. Trata-se de um espaço performance, no sentido da 8 Em 2007 acompanhamos até o momento o V Congresso do MST com 17.000 participantes, aonde aplicamos 450 questionários e realizamos uma contagem de população por idade e sexo. Para acesso aos dados resumidos do perfil “Perfis dos jovens participantes de eventos dos movimentos sociais rurais: construções de um ator político” (Castro, Elisa et alli, 2007). A pesquisa acompanhou os eventos com uma perspectiva etnográfica 8 ritualização da política, construindo e reordenando identidades sociais. O evento gera um duplo movimento é um espaço de aproximação e consolidação individual de trajetórias de militância, e, de construção/consolidação da juventude como ator político. Esse é um espaço de legitimação e “demonstração de força política” tanto no campo dos próprios movimentos sociais, quanto para os atores das esferas com os quais pretendem negociar e reivindicar suas demandas. Como estrutura a organização varia, mas alguns elementos são recorrentes, como a alternância de momentos de atividades consideradas culturais (música, dança, teatro, exibição de filmes, etc.) com momentos percebidos como de formação e/ou articulação política no sentido de análises sobre a realidade, definição de demandas, propostas e ações políticas. Esses espaços podem ser “para dentro” no sentido de voltados exclusivamente para os participantes, ou “para fora”, como a mobilização de rua que permite a visibilidade do evento. Neste sentido, também se pode falar em uma ação “para dentro” dos movimentos, no sentido de dar visibilidade a própria categoria juventude n os movimentos sociais rurais, e “para fora” se fazendo visível para a sociedade através da presença física nas ruas e legitimando ações de negociação, demanda e pressão junto ao poder público. Os documentos formais produzidos nesses espaços são um bom exemplo. Reforçam questões consideradas específicas, como acesso à educação e à terra. Constroem essas demandas no contexto de transformação social da própria realidade do campo e o fazem tendo um interlocutor claro, em muitos casos a Presidência da República. Os documentos também expressam processos de construção de identidade social e representações simbólicas que são marcantes nesses eventos. Isto pode ser observado no documento “Carta da Juventude Camponesa”, entregue ao Presidente Luis Inácio Lula da Silva ao término do II Congresso da Pastoral da Juventude Rural, realizado em Brasília em julho de 2006, com a presença de mais de 1000 jovens. Neste documento as demandas tratam de questões específicas como, “3. b. ampliar os investimentos associando instrumentos de observação a métodos quantitativos. Como parte do processo de pesquisa realizou um perfil dos participantes nos seguintes eventos: Tabela 2 – Número de Inscritos nos eventos/responderam ao questionário Evento Total de Total de Jovens % % Delegações Inscritos Entrevistados Entrevistadas II Acampamento da Juventude 700 454 55 52 FETRAF-SUL O Encontro Nacional do 467 406 87 83 Programa Jovem Saber – CONTAG II Congresso da Pastoral da 900 717 80 94 Juventude Rural – PJR TOTAL Fonte: Castro, E. et alli, 2007 2067 1577 76,2 9 nas Escolas Agrotécnicas Federais e nas Universidades Rurais, bem como garantir acesso à juventude rural.”; e “4 – Crédito rural: Criar uma linha de crédito especial para a juventude no campo, em moldes diferentes do Pronaf Jovem, que ofereça condições de acesso à juventude.” Mas, também reivindicam questões mais amplas no que concerne à política de reforma agrária, como no trecho, “O modelo agropecuário centrado no agronegócio tem penalizado a população rural, especialmente a juventude. [...] Sem reforma agrária e sem uma política agrícola centrada na agricultura camponesa, será impossível manter a juventude no campo.” E questões que dizem respeito à esfera macro econômica, tais como “é necessário mudar a política econômica, alterando o modelo agropecuário, eliminando o superávit primário e adotando como prioridade investimentos na geração de emprego, distribuição de renda e fortalecimento do mercado interno.” A análise desses espaços permitiu alargar a reflexão sobre juventude como uma categoria disputada socialmente e que revela relações de hierarquia social. Os processos organizativos da juventude nos movimentos sociais rurais e questões geracionais O debate sobre juventude muitas vezes foi tratado a partir do corte geracioanl (Foracchi,1972 Bourdieu, 1983; Champange, 1979). Duas percepções aparecem nesse campo de análise. A primeira é a abordada por Bourdieu (1983) e Champange (1979) e que trata geração a partir de uma perspectiva relacional, em que “jovem” está em oposição à “adulto” ou “velho” devido à disputas por bens materiais e simbólicos. Bourdieu (1983) argumenta que a vivência geracional é construída a partir de, “Aspirações sucessivas de pais e filhos, constituídas em relação a estados diferentes da estrutura da distribuição de bens.” (p.118) No mesmo sentido, estaria associada a diferenças do acesso à formação. Ou seja, as relações geracionais sofreriam influência das mudanças no sistema de ensino que ampliaram o acesso à formação, ao mesmo tempo em que desvalorizaram os títulos que representam cada ciclo de formação9. Assim, a noção de geração seria construída relacionamente, por oposição, mais que por aproximação. Bourdieu questiona os usos de termos como “jovem”, “juventude” e “velho” como dados a priori, a identificação ou auto-identificação é relacional, “somos sempre o jovem ou o velho de alguém.” (op.cit.:113). 9 Bourdieu utiliza como exemplo o ensino secundário na França, que passou a ser acessível para filhos de todas as classes, ao mesmo tempo que passou a ser menos valorizado no mercado de trabalho. (1983:120) 10 Outra perspectiva de análise recupera Mannheim (Foracchi,1972 ) definindo geração a partir da convivência em dado contexto histórico de populações que constituem gerações distintas. Para Foracchi (1972) esta abordagem contribui para se problematizar a definição físico/biológica na medida em que, “[...] não sendo passível de delimitação etária, a juventude representa, histórica e socialmente, uma categoria social gerada pelas tensões inerentes à crise do sistema. Sociologicamente ela representa um modo de realização da pessoa, um projeto de criação institucional, uma alternativa nova da existência social.” (op.cit.:160). Contudo, podemos retomar Mannheim (1982) a partir de três construções conceituais de geração utilizadas pelo autor: 1) o corte biológico, 2) a construção identitária, 3) e o grupo geracional. Mannheim define geração em primeiro lugar como uma construção da modernidade e de sua definição de linearidade histórica. Isto é, a idéia de que a história é um sucedâneo de fatos em uma linha de tempo e nesse sentido, de que os homens se sucedem em gerações. Assim, para Mannheim geração é uma idéia eminentemente moderna e da qual os indivíduos fazem parte quer se identifiquem com essa perspectiva ou não. O que define um corte geracional é o nascimento. Ou seja,, populações convivem estando em momentos distintos do ciclo de suas vidas e compartilham e disputam a compreensão de um dado momento histórico. Mas essa é uma das definições utilizadas por Mannheim, e a mais divulgada nos estudos sobre juventude, o autor trabalha outras duas dimensões. Uma segunda definição pode ser classificada como identitária seria a percepção de uma dada população de que fazem parte de uma categoria social que se opõe a outra por uma identidade geracional, é o caso da categoria juventude. Ou seja, é o reconhecimento de indivíduos e/ou grupos de indivíduos de que configuram dada categoria identitária, ainda que suas percepções sobre essa categoria divirjam. O autor exemplifica com a juventude do partido comunista alemão e a juventude nazista. Embora as concepções de sociedade, as leituras históricas sobre aquele momento vivido pela Alemanha e a própria forma de se perceberem como jovens possam ser distintos, se identificam como parte de uma juventude. A terceira definição de Mannheim é a de grupo social geracional, que significa a identificação cotidiana e nativa de geração em um mesmo contexto local. Isso pode ser observado no cotidiano da família quando se auto-definem a partir de cortes geracionais.Resgatar essas outras duas percepções de Mannheim sobre geração é central para a análise de juventude como uma categoria identitária marcada por percepções e ordenações geracionais. Assim, não se trata de um corte etário a priori, e, sim observarmos de que forma geração contribui para entendermos a construção da identidade juventude nos movimentos 11 sociais rurais, e os seus processos de ordenação e engajamento político a partir da identidade política juventude. Uma primeira análise dos processos organizativos de juventude dos movimentos sociais rurais pode-se observar a apropriação do tema geração. Uma das primeiras formas de uso é associada à temática “renovação” e é recorrente em todos os movimentos estudados. No caso do movimento sindical contagiano esse tema é ainda mais presente, e não é apresentado como uma preocupação nova. A ocupação dos cargos de diretoria dos sindicatos e federações por sindicalistas, em sua maioria homens, e de uma geração mais antiga do movimento sindical tem preocupado a algum tempo a direção da CONTAG, como apareceu na entrevista com o atual diretor da Contag. Mas a temática também é apropriada na discussão dos próprios jovens sobre as dificuldades de ocupar espaços de poder e decisão no movimento sindical, especialmente nos sindicatos e federações. Essas duas questões, a preocupação da renovação dos quadros de direção dos sindicatos e federações de trabalhadores rurais, e, a disputa pela ampliação do acesso a espaços de decisão por parte dos identificados como jovens podem explicar a política de cota para a juventude10. No MST essa questão tem se apresentado de outra forma. Geração aparece no discurso dos próprios dirigentes na perspectiva que podemos analisar a partir de grupo social, em Mannheim. Para os dirigentes nacionais entrevistados pela pesquisa, MST é composto de três gerações de militantes: a geração fundadora, a geração que se forma a partir da constituição dos primeiro assentamentos e uma geração mais nova que surge mais recentemente e que é composta por filhos de militantes e/ou assentados, e jovens oriundos do meio urbano. O marco definidor, nesse caso, geracional não é a idade, mas, sim a entrada no movimento social. As primeiras duas gerações, em termos de faixa etária são equivalentes. Nas palavras de um dos dirigentes nacionais, o “MST foi formado por jovens”, se referindo ao fato de que tanto os denominados fundadores11, quanto os que começaram a militar a partir da experiência dos acampamentos e assentamentos do final da década de 1980 e início de 1990, pertenciam a uma mesma geração biológica, todos na faixa etária de 20 a 30 anos. No entanto, a categoria juventude não era acionada como classificação identitária nem pelos que hoje afirmam que eram jovens à época e nem pelos “adultos”, nas palavras do mesmo dirigente, 10 No 9º Congresso da CONTAG foi definida uma política de cota que obriga a garantia de participação de no mínimo 20% de jovens em delegações e diretorias sindicais. 11 O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, o MST, é fundado em janeiro de 1984, no seu primeiro encontro onde se reafirmou a necessidade da ocupação de terra como uma ferramenta legítima das trabalhadoras e trabalhadores rurais. Hoje, completando 24 anos de existência, o MST está organizado em todos os estados do Brasil na luta não só pela Reforma Agrária, mas pela construção de um projeto popular para o Brasil, baseado na justiça social e na dignidade humana. Ver http://www.mst.org.br 12 “Veja no campo embora eu era muito jovem havia uma responsabilidade muito grande desde o grupo jovem. Então, era uma coisa que acho que a gente envelhecia mais rápido. Eu não tinha uma juventude assim, ah, um monte de festas, faz o que quer e etc. A gente tinha que trabalhar. Então tinha uma responsabilidade, uma confiança, as pessoas me tratavam como adulto.” A idéia de juventude é associada por esse dirigente a um estilo de vida, freqüentar festas, fazer o que quer. Bem diferente da percepção utilizada nas falas e documentos das lideranças que hoje se identificam como jovens. Como vimos no documento da Pastoral da Juventude Rural (anexo 1), e na própria organização daqueles identificados como juventude no MST através do Coletivo Nacional de Juventude criado em 200612. Apesar dos processos distintos de organização da juventude nos movimentos analisados pode-se afirmar que temos dois eixos centrais: 1) juventude como uma identidade política que aglutina em torno de demandas sociais específicas e estruturais visando mudanças na realidade do campo brasileiro; 2) e juventude como identidade que é acionada relacionalmente, em oposição à “velhos” e “adultos”, nos processos de disputa pelos espaços de decisão nas organizações sociais. Nesse sentido, o enfoque geracional proposto por Mannheim contribui para a análise a partir da idéia de identificação e auto-identificaçào de grupos geracionais, bem como da identificação de determinada população que se percebe como compartilhando realidades similares num dado contexto histórico. Como proposto por Bourdieu, podemos observar processos de disputa por bens simbólicos, nesse caso, legitimidade política. Considerações finais 'Movimentos sociais rurais, que se de finem como agricultura familiar, como trabalhadores ou como camponeses, estão hoje se organizando a partir da identidade juventude e se apresentando como ator político. Juventude rural está sendo acionada, nos movimentos sociais, no Brasil, para identificar formas organizativas que reivindicam questões gerais, mas, também, questões específicas. Por um lado, ser jovem nos movimentos sociais também carrega limitações quanto a espaço de participação, quanto a possibilidade de ser ouvido, a dificuldade de poder se colocar em um espaço de decisão. Por outro lado, outras questões se colocam para esse ator político. Essa identidade social surge no meio rural brasileiro de forma mais visível, e de forma organizada, nos anos 2000. Ou seja, em um contexto histórico muito específico. Para uma geração que viveu o Plano Nacional de Reforma Agrária (Incra), a pergunta é: o que vai acontecer daqui a 20 anos? Essa é uma 12 Não será possível aprofundar a análise a partir da questão geracional, nos marcos desse trabalho. 13 identidade que tem aglutinado jovens que se apresentam como preocupados com a questão agrária. Ou seja, uma geração que se percebe como tal e que enfrenta esse mundo rural em conflito, desigual, ainda tão distante do acesso de bens e serviços, e de uma reforma agrária. A participação desses jovens em movimentos sociais e principalmente em organizações de juventude aponta para um processo de consolidação de um ator político: a juventude. O que, também, explica o número expressivo de eventos massivos, realizados por essas organizações, nos últimos anos e os espaços de negociação que este ator político vem conquistando, seja junto a gestores de políticas públicas, seja no âmbito dos próprios movimentos sociais. Assim, jovem da roça, juventude rural, jovem rural são categorias aglutinadoras de atuação política. Essa reordenação da categoria vai de encontro à imagem de desinteresse dos “jovens” pelo meio rural. Juventude rural também não se apresenta como foco prioritário para as políticas públicas de juventude. Pode-se afirmar que uma leitura possível para essa invisibilidade é o fato de ser percebida como “população minoritária”, mas, é possível afirmar que esse processo é parte da reprodução da hierarquia campo/cidade, que gera representações sociais sobre o campo e que fazem parte dos processos de reprodução das desigualdades sociais no campo. A consolidação desse ator político implica ressignificações do campo e da cidade e de identidades sociais como campesinato, em uma disputa por classificações, mas, também, pelo aumento do campo de probabilidades (Bourdieu, 1982) para o jovem que quer ficar no campo. Assim, como pelo espaço de ação dentro dos movimentos sociais. Um ator político que vive um processo de construção de identidades, mas que expressa angústias e demandas de uma massa de jovens que hoje, assim se percebem e são percebidos, e que experimentam, cotidianamente, a desigualdade do campo brasileiro, como resposta, se posicionam contrários ao “esvaziamento do campo”, se organizam na luta por mudanças sociais e na busca de novas utopias. BIBLIOGRAFIA ABRAMO, HelenaW.(1997): “Considerações sobre a tematização social da juventude no Brasil”. In Peralva, Angelina e Sposito, Marília (orgs.) Juventude e Contemporaneidade – Revista Brasileira de Educação, n.5/6, São Paulo: ANPED,25-36. ABRAMOVAY, Ricardo et alli (1998): Juventude e Agricultura Familiar: desafios dos novos padrões sucessórios. Brasília: UNESCO. AMIT-TALAI, Vered e Wulff, Helena (orgs.)(1995): “Youth Cultures” – a cross-cultural perspective. Londres e Nova York: Routledge. BOURDIEU, Pierre – “A Juventude é apenas uma palavra.”, in Questões de Sociologia. 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