TH3 – Teoria, História e Crítica da Arquitetura e Urbanismo III Neoclássico e Arquitetura do Ferro Pontifícia Universidade Católica de Goiás Escola de Artes e Arquitetura Curso de Arquitetura e Urbanismo Prof. Ana Paula Zimmermann O Neoclássico • Início nas artes: 1770-1830 França • Retoma o Academicismo • Retoma princípios grecoromanos • Natureza é deixada como pano de fundo • Busca expressar conceitos: justiça, honra, patriotismo • Temas: Retratos, mitologia, historia. • Propõe um retorno à arte e arquitetura GrecoRomana. • Ornamento, equilíbrio, proporção dos volumes. • Arquitetura – forma atende a função. • Na arquitetura pode-se destacar três posturas principais: • Retorno ao classicismo através de um conhecimento mais profundo da Antiguidade; • Racionalização da forma; • Tendência romântica, pouca rigidez formal, forte atração pela cultura medieval e oriental. • Num primeiro momento: forte influência dos Tratadistas do Renascimento. • O crescente interesse dos artistas os fazem buscar as origens daquela arquitetura: resgate arqueológico das ruínas. • Interesse por uma arquitetura genuinamente fiel à Grécia e Roma. • Importância da tipologia dos Templos. • Na busca pela pureza da arte clássica, evitavam algumas inovações da Renascença, como a sobreposição de ordens. • Ideal da “nobre simplicidade” – aplicação racional dos elementos clássicos. • Arquitetura internacional. • Os edifícios passam a ser grandiosos – o desejo de transmitir poder dá lugar à construção de edifícios de grandes dimensões. • Caráter monumental dos elementos clássicos: grandiosidade caminha ao lado da autoridade – uso do estilo por muitas monarquias e governos totalitários. Igreja da Madeleine, Paris, 1806. • Em termos formais podemos caracterizar: • As linhas dominantes são as horizontais; • Desaparecem elementos isolados, como campanários que rompem os limites das figuras rígidas; • Formas compactas, tendência à coesão, em contraposição à expansividade barroca; • Plantas quadradas, retangulares ou centradas; • Autonomia dos elementos decorativos, tudo tem seu lugar definido, não se mesclam à estrutura. Igreja S. Andrea al Quirinale, Bernini • No Neoclássico o rigor compositivo predomina, agora com um interesse mais arqueológico – procura recuperar na essência do classicisimo (arquitetura grega) as formas compositivas e elementos construtivos. • Em contraposição aos exteriores, que tinham a necessidade de comunicar sensações de grandiosidade e força, nos interiores buscava-se a comodidade e o bem-estar. Boudoir de Maria Antonieta. • Verdade construtiva, simplificação racional e uso das ordens com rigor primitivo. • A École de Beaux-Arts de Paris foi o principal centro de formação arquitetônica européia de 1819 a 1914, promoveu uma filosofia que se difundiu por todo o mundo, a filosofia da planta. • A projeção horizontal de um edifício era considerada não apenas como caminho para alcançar um desempenho eficiente, mas a geratriz para seu efeito artístico global. • Cientificidade traz as classificações: • Tipo – religiosa, civil, militar, publica, privada • Introduz o conceito de metodologia do projeto e composição arquitetônica • Método – composição como momento-chave no qual a razão age sem interferências nem limitações construtivas • Processo de composição elementos da arquitetura: volume, comunicações (portas/janelas), recintos primários e suas interrelações • Reinterpretação dos conceitos vitruvianos: • Utilitas – entendida como o fim da arquitetura • “A firmitas é um meio para conseguir a utilitas, enquanto a venustas é simplesmente o resultado da composição” (Pereira, 2010, p.190) Neoclássico Alemão • Carl Friedrich Schinkel • Via a arquitetura como um meio de fomentar a consciência cívica, como linguagem simbólica • Utilizou mais elementos gregos (centrado na polis) • Teatro, Berlim, 1818-21 • A escada monumental exterior faz parte do espaço interno inicial (vestíbulo) • Pórtico jônico • Planta: distribuição simétrica, moderna, articulando os espaços internos. • Museu, Berlim, 1823-28 • Circunda a praça, em oposição ao palácio e ao arsenal, com uma muralha arborizada a leste – agora • Tipologia de templo: sobre uma base alta ergue-se uma colunata jônica Neoclássico Inglês • Sir John Soane (1753-1837) • Utiliza elementos clássicos com um toque romântico, efeitos de luz Neoclássico Norte-americano • • • • Benjamin Henry Latrobe Capitólio EUA Catedral de Baltimore, 1810 Baseado em elementos romanos, apresenta uma cúpula de 20m de diâmetro sobre o cruzeiro • Thomas Jefferson (redigiu a Declaração da Independência e foi o 3º presidente) • Projetou o Capitólio do Estado da Virgínia • Plenário possui uma cúpula circular e colunas jônicas. • Residência Monticello: bloco central com 2 pavimentos que aparenta ser apenas 1 Arquitetura do Ferro • Concreto é conhecido desde Roma antiga – misturava cimento com entulho ou pedras • Utiliza-se o ferro forjado desde a Idade Média • Ferro forjado ou ferro batido: é ferro com uma pequena quantidade de carbono. É resistente, maleável, dúctil e facilmente soldável. Deve ser conformado a quente (forja) e depois pode ser martelado numa bigorna ou em prensa. • Desenvolvimento econômico determina novas necessidades: transporte eficiente (estradas de ferro → carvão → mistura acidental leva ao aço), pontes e viadutos • Aço: liga de ferro e carbono, mais leve e mais resistente • Desenvolvimento da engenharia, do cálculo, das escolas especializadas • Séc. XIX – ferro forjado, ferro fundido, aço Ponte sobre o Firth of Forth Escócia – 1880-90 • Usada nas obras de engenharia: pontes, viadutos, ferrovia, edificações. • Cimento associado ao aço: concreto armado. • Séc. XIX e início XX – edificações funcionais • Forma segue a função: o critério para a determinação da forma do edifício era a função a ser desenvolvida nele, o espaço era pensado apenas em relação à sua praticidade. • Domínio da engenharia, visão funcionalista, materiais modernos expostos. • 1º uso de elementos pré-fabricados – transporte facilitado, produção em grande quantidade e baixo custo • Menor tempo de construção • Volume grande, peso aparente pequeno • Espaço interno/externo integrados visualmente • Luminosidade natural • 1853 – ELISHA OTIS CRIA O ELEVADOR • 1857 – primeiro elevador para pessoas é instalado no edifício Haughwout Emporium (5 andares) em New York, estando em funcionamento ainda hoje. • 1858 – Henri Labrouste – projeta reforma e ampliação da Biblioteca Nacional de Paris, aplicando o ferro em todos os seus elementos de composição arquitetônica • novos problemas de construção, novas soluções • No Século XIX começam a aparecer edifícios que não tinham nada a ver com o passado. Suas novas linhas surgem de necessidades novas, criadas pelas grandes cidades, múltiplos meios de comunicação e uma indústria sempre em crescimento. • Todos esses edifícios tem uma coisa em comum: são concebidos para a mera função de organizar a distribuição de grandes quantidades de mercadorias. OS MERCADOS • Os grandes mercados centrais foram um dos problemas que primeiro apareceram e que encontraram sua adequada solução. Os aspectos sanitários de uma construção amplamente aberta, tanto estruturalmente com grandes vãos, quanto ambientalmente com grande ventilação e iluminação natural, fizeram da opção pela estrutura de ferro mais do que uma escolha econômica, uma decisão funcional. • Antes mesmo de 1840, em Boston, Saint Louis e New York ergueram-se edifícios comerciais de vários pavimentos, que reuniam várias lojas sob um mesmo teto e combinadas de tal maneira que dois ou mais corpos edificados poderiam unir-se formando um conjunto somente. • Foi o Magasin au bom marché em Paris, de Eiffel e Boileau, que revolucionou esse tipo de edifício, rasgando o seu interior em todos os pavimentos permitindo o livre fluxo de luz natural em todos os sentidos influenciando profundamente os demais que se seguiram. • Na linha do Magasin au Bom Marché surge a loja Printemps de Sédille em Paris (1881-1889) e a Carson, Pirie e Scot de Louis Sullivan em Chicago (1900). PRINTEMPS • A Galeria Orleans (1840) é a primeira galeria comercial a criar uma rua coberta. A esta se seguiram as galerias Saint-Hubert em Bruxelas (1846) de Cluysenaer, Passage em São Petersburg em 1848, e, Vittorio Emanuelle II em Milão (18651877). GALERIA SAINT-HUBERT GALERIA ORLEANS • VITTORIO EMANUELLE II PASSAGE As grandes exposições internacionais • Na segunda metade do Século XIX, à medida que a indústria ia realizando sua maior expansão, as exposições da produção industrial proporcionaram àquela arquitetura mais criadora, as melhores oportunidades de se realizar. • A história das grandes exposições está dividida em dois períodos. O primeiro se inicia e termina em Paris, indo de 1798 a 1849. • Iniciam-se como celebração da proclamação da liberdade de trabalho da Revolução Francesa sobre as corporações de ofício e possuiam carater exclusivamente nacional. • O segundo período ocupa a segunda metade do Século XIX, marcado sobretudo por uma concepção econômica liberal: pelo livre comércio, livre comunicação e melhoramento na produção através da livre concorrência. • Toma um caráter internacional. A história das grandes exposições constitui ao mesmo tempo a história das construções em ferro. Os dois edifícios que sintetizam melhor este período são o Palácio de Cristal de 1851, em Londres, e a Galeria das Máquinas de 1889 em Paris. • Palácio de Cristal – Joseph Paxton. Construído no Hyde Park para a Exposição Internacional (feira do progresso industrial). • Foi a 1ª grande estrutura toda em ferro e vidro (tipo casa de vegetação) com grandes vãos livres. Próxima aula • Ecletismo • Arts and Crafts