O que é Biologia da Conservação?

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O que é Biologia da Conservação?
Resumo de idéias e tradução do texto do biólogo Michael E. Soulé,
“What’s Conservation Biology?”, 1985
Autor: Daniel Ganzarolli Martins
Biologia da conservação é uma ciência que foi unificada muito recentemente
em relação a outras mais antigas, entretanto, tem raízes muito fortes em uma
impres sionante diversidade de áreas, desde a ecologia aplicada e genética de
populações até às ciências sociais e a filosofia. Ela trata de questões críticas na
atualidade, como a degradação e perda de espécies, populações e ecossistemas
naturais do planeta Terra por marcada ação inconsequente, destrutiva, da
humanidade. Sua meta é algo a ser bastante discutido, mas busca em sua forma
elementar, princípios , ferramentas e estratégias para reverter essas perdas.
Os biólogos cons ervacionistas lidam com uma situação muito diferente da
maioria dos cientistas e pesquisadores no seu trabalho do dia-a-dia, a biologia da
cons ervação é um estudo de urgência. Um estudo de urgência deve agir para como
mundo antes que seja possível conhecer todos os fatos, toma decisões antes que seja
possível estar completamente confortável no ato. Tolerar a incerteza é
frequentemente neces sário. Isso se deve tanto ao passo acelerado e crítico dos
problemas ambientais e de proteção de espécies quanto à complexidade dos mesmos
que requer conhecimento aprofundado, que neces sita de um tempo que normalmente
não é dado. O caráter cons iderado imodificável de uma extinção, por exemplo, torna
a situação ainda mais conflitante.
Essa categoria de biólogo está sendo procurada em busca de seus conselhos
por organizações estaduais e privadas em tópicos como os problemas ecológicos e
de saúde cons equentes de poluição química, a introdução de espécies exóticas
invasoras e transgênicos no ambiente, a localização e tamanho de unidades de
cons ervação, a definição de mínimas condições para populações viáveis de espécies
alvo, a frequência e tipo de práticas de manejo em refúgios naturais já existentes e os
efeitos do desenvolvimento econômico. Somente listando algumas das possíveis
situações de atuação para esse profissional.
A biologia da cons ervação é holística e multidisciplinar nos seus
procedimentos. Apropria-se de muitas das questões, técnicas e métodos de umvasto
campo de áreas, certamente não todas biológicas . Hoje, por exemplo, qualquer
recomendação sobre uma unidade de conservação deve considerar o impacto
cultural, s ocial e econômico nas populações locais, sejam indígenas ou não. O uso
do conhecimento holístico, integrador, na biologia da conservação é fundamental
para o entendimento de processos básicos na ecologia, como, por exemplo, a
sucessão ecológica ou a relação das espécies com seu ambiente. Também o trabalho
se torna muito mais enriquecedor e frutífero quando não se é ignorada
propositalmente as inúmeras relações essenciais entre os componentes de um
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sistema. Não abandona completamente, entretanto, a condução de es tudos científicos
e tecnológicos de partes.
Postulados da biologia da conservação
Por ser muito nova, a biologia da conservação ainda não sistematizou suas
ponderações sobre a estrutura e funcionamento de ecossistemas ou sobre o papeldos
humanos para com a natureza. Michael Soulé acaba por sugerir dois tipos básicos de
postulados , os funcionais e normativos . Os funcionais são baseados parte em
evidência, parte em teoria e parte em intuição. São em essência um conjunto de
verdades vindas da ecologia, biogeografia e genética populacional sobre a
manutenção de tanto a forma quanto a função de sistemas ecológicos. Os postulados
dados muito comumente se interconectam. Os normativos eu não entrarei aquinesse
resumão, mas são avaliações dos porquês da biologia da conservação, busca uma
base ética e filos ófica dos seres humanos em relação às outras formas de vida.
Postulados Funcionais:
As espécies que constituem comunidades naturais são produto de processos
coevolucionários – Espécies são uma parte muitíssimo significativa do ambiente de
umas das outras. Portanto toda a sua genética e comportamento foram lapidados pela
seleção natural para acomodar a existência e interações de uma biota particular. Esse
postulado alerta para as diferenças entre comunidades naturais e as não-naturais ou
as sintéticas . Espécies exóticas , que verdadeiramente não possuem um histórico com
o novíssimo habitat, tem potencial de causar perturbações e des equilíbrios gigantes.
Espécies são interdependentes – Relações mutualísticas são frequentes, assim
como qualquer tipo de relação entre os diferentes seres vivos será importante em
algum nível na saúde do todo. Parcialmente por essa razão, Aldo Leopold (1953)
invocava os cons ervacionistas a salvarem todas as partes (espécies) de uma
comunidade.
Muitas espécies são altamente especializadas – Um exemplo muito frequente
dessa situação na natureza são as interações inseto-planta durante a polinização,
muitas flores possuem toda a sua estrutura especialmente adaptada para um grupo
específico de dispersores . Muitas espécies animais fitófagas, parasitas e parasitóides
dependem de um hospedeiro particular em algum momento de seu ciclo de vida,
quando essa espécie desaparece, vão-se também vários des ses micro-consumidores.
Extinções de espécies-chave pode causar consequências desastrosas – A extinção
de, por exemplo, grandes predadores e herbívoros ou de plantas que são importantes
como pontos para a reprodução e alimentação de animais pode iniciar uma
sequência de eventos ligados causais que ultimamente levará a ainda mais extinções.
Espécies-chave são espécies de grande e desproporcional importância na
manutenção da diversidade dos seus ecossistemas.
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Introdução de generalistas pode reduzir a biodivers idade – A introdução de
espécies exóticas pode reduzir a diversidade, especialmente se são espécies
generalistas. Um generalista é extremamente adaptativo, pode ocupar muitos nichos
diferentes, e geralmente, por serem também exóticos, podem não possuir predadores
ou outros mecanismos que não os deixariam ir fora dos limites, acabam se
sobrepondo maleficamente sobre as espécies locais.
A continuidade temporal de um habitat ou estágio sucessional depende do
tamanho da área e A taxa de extinção de espécies é mais crítica em áreas
pequenas – O desaparecimento de recursos ou habitats devido a eventos naturais ou
ação humana terão seus efeitos de forma mais crítica para espécies em pequenos
territórios do que em maiores. Quanto maior a área, mais improvável que todos
territórios de um habitat es pecífico des apareçam num dado momento. Ilhas, sejamas
normalmente encontradas nos oceanos ou as feitas pelos homens na forma de
fragmentos de ecossistemas, tem normalmente muito menor capacidade de manter
alta biodiversidade que áreas maiores. Isso se deve, simplificando, por razão de ilhas
maiores terem taxas de extinção menores e, além disso, serem mais facilmente
localizadas por colonizadores . Pequenas áreas também são inviáveis para a
existência de determinados seres vivos , principalmente os maiores. Como será dito
mais adiante, populações pequenas típicas de fragmentos são também mais
vulneráveis ao aleatório. Fragmentos de ecossistemas são facilmente vitimados pelos
chamados “efeitos de borda”, que incluem séries cadenciadas de alterações
microclimáticas , da periferia para o interior.
Explosões demográficas podem reduzir a biodivers idade – Se a densidade
populacional de espécies dominantes sobe acima de níveis sustentáveis, elas podem
destruir populações de presas ou de outras espécies com qual compartilham
recursos . A excepcionalmente alta densidade populacional de alguns seres vivos que
muitas vezes ocorre em unidades de cons ervação pode aumentar a taxa de
transmissão de doenças , podendo levar a epidemias que afetarão por fim cada
indivíduo.
O estocástico, aleatório – Pequenas comunidades são mais frágeis ao aleatório e ao
imprevisível. Se, exemplificando, uma população de macacos isolada de pouco mais
que uma dezena de indivíduos passa por uma situação excepcional de grande
privação de alimentos e muitos de seus membros morrem, ela não conseguirá se
recuperar mesmo com a sobrevivência de alguns, por s erem tão poucos. Mesmo
fatos cons iderados menos dramáticos, como o nascimento de uma geração de
macaquinhos de um só sexo, podem levar ao desaparecimento duma população num
determinado ambiente.
Três postulados genéticos complementares – O primeiro afirma que populações
que se intercruzam demais perdem aptidão (fitness), como é demonstrado por
famílias humanas com muitos casamentos consanguíneos, em que doenças e vários
problemas genéticos normalmente raros se acentuam. O s egundo que populações
pequenas isoladas levam invariavelmente a uma perda progressiva de variação
genética intrapopulacional, e, finalmente, o terceiro diz que a seleção natural vai ser
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menos efetiva em populações pequenas por causa da perda de potencial variação
genética benéfica.
Reservas naturais são inerentemente desequilibradas para determinados
organis mos – Seres vivos que tem sua distribuição natural baseada em grandes
espaços, como normalmente ocorre com os grandes felinos , não conseguem manter
populações sus tentáveis em reservas naturais, frequentemente pequenas demais para
seus padrões territoriais e entremeadas dos perigos da civilização humana.
Estratégias cons ervacionistas como corredores ecológicos ajudam, assim como
outras maneiras de se estabelecer fluxos gênicos entre as populações.
Conclusão
Durante a história do ser humano, cada povo e geração de pessoas respondeu
diferentemente às forças que enfraqueciam a infraes trutura biológica da qual
dependiam para ter muito da sua vida espiritual, estética e intelectual. Nossos
problemas éticos e ambientais, no entanto, são gigantescos se comparados com a
realidade local de nossos antepassados. A atual fúria na degradação ambiental é
improcedente, com a destruição de biomas concorrendo em violência a grandes
catástrofes no registro fóssil. Nossa resposta, portanto, deverá ser incomparável. A
biologia da cons ervação e todos os passos dados pelo movimento ecológico e
cons ervacionista não tem o poder de nos fazer retornar no tempo e voltarmos para a
majestade do estágio original da biosfera antes de tanto prejuízo. Apesar de tudo,
pessoas estão a buscar respos tas concretas, razão da existência da biologia da
cons ervação exemplificada na sua simplicidade, como ideal legítimo de es perança.
*Observação: O texto que escrevi não é fielmente correspondente ao original,
adicionei conhecimentos de outras fontes e pensamentos próprios...
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