flávia nayda magalhães nunes uso da radiografia

Propaganda
FLÁVIA NAYDA MAGALHÃES NUNES
USO DA RADIOGRAFIA PANORÂMICA PARA DETECÇÃO PRECOCE DE
ANOMALIAS DENTÁRIAS: RELATO DE CASO CLÍNICO.
Vitória da Conquista
2014
FLÁVIA NAYDA MAGALHÃES NUNES
USO DA RADIOGRAFIA PANORÂMICA PARA DETECÇÃO PRECOCE DE
ANOMALIAS DENTÁRIAS: RELATO DE CASO CLÍNICO.
Monografia
apresentada
como
requisito parcial para obtenção do
título de Especialista em Radiologia
Odontológica e Imaginologia.
Orientador: Prof. Ms. Júlio César Vaz
de Melo
Vitória da Conquista
2014
Monografia intitulada “Uso da Radiografia Panorâmica para Detecção
Precoce de Anomalias Dentárias: Relato de Caso Clínico” de autoria da
aluna Flávia Nayda Magalhães Nunes, aprovada pela banca examinadora
constituída pelos seguintes professores:
_______________________________________________________________
Júlio Cézar de Vaz Melo – Ciodonto - Orientador
_______________________________________________________________
Dr. Sisenando Itabaiana Sobrinho – Ciodonto – Examinador
_______________________________________________________________
Dr. Geraldo José Corrêa - Ciodonto - Convidado
Vitória da Conquista, 10 de janeiro de 2014.
AGRADECIMENTOS
A Deus, eixo da minha vida, principal responsável pelas minhas vitórias.
Ao meu esposo, Robério, pela paciência, compreensão e apoio para que este
projeto realiza-se.
Aos meus dois filhos lindos, Roberinho e Roger, por entender as inúmeras
separações, por me receberem sempre com aquele sorriso carinho e abraço
com tanto amor. A Felipe, meu enteado querido, que nas minhas ausências,
ajudou a cuidar dos irmãos com tanta paciência e carinho.
Ao meu orientador, mestre, Prof. Júlio César, pela confiança, compreensão dos
momentos onde precisei contar muito com ele, pelos ensinamentos e pela
amizade. Obrigada.
A todos os professores, que pelo curso passou, de uma forma ou de outra nos
transmitiu seus conhecimentos.
Aos colegas, pela família que formamos, pela amizade que espero que seja
para sempre.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 _ Hipodontia------------------------------------------------------------------------- 10
Figura 2 _ Hiperdontia------------------------------------------------------------------------ 11
Figura 3 _ Macrodontia----------------------------------------------------------------------- 12
Figura 4 _Microdontia------------------------------------------------------------------------- 13
Figura 5 _Dente Conóide-------------------------------------------------------------------- 14
Figura 6 _Geminação------------------------------------------------------------------------- 14
Figura 7 _Fusão-------------------------------------------------------------------------------- 15
Figura 8 _Dens in Dente--------------------------------------------------------------------- 15
Figura 9 _Taurodontismo-------------------------------------------------------------------- 16
Figura 10 –Concrescência------------------------------------------------------------------- 17
Figura 11 –Pérola de Esmalte-------------------------------------------------------------- 17
Figura 12 –Dilaceração---------------------------------------------------------------------- 18
Figura 13 _Agenesia Multipla--------------------------------------------------------------- 19
SUMÁRIO
RESUMO
ABSTRACT
1. INTRODUÇÃO................................................................................................09
2. REVISÃO DE LITERATURA.....................................................................................10
2.1 –Anomalias de número...........................................................................................10
2.1.1 – Hipodontia.............................................................................................................10
2.1.2 – Hiperdontia............................................................................................................11
2.2 –Anomalias de tamanho e forma............................................................................12
2.2.1- Macrodontia.............................................................................................................12
2.2.2- Microdontia.............................................................................................................13
2.2.3- Dentes conóides.....................................................................................................14
2.2.4-Geminação..............................................................................................................14
2.2.5- Fusão.....................................................................................................................15
2.2.6- Dens in dente.........................................................................................................15
2.2.7- Taurodontismo.......................................................................................................16
2.2.8 – Concrescência......................................................................................................17
2.2.9 – Pérola de esmalte................................................................................................17
2.2.10 - Dilaceração.........................................................................................................18
3. RELATO DE CASO CLÍNICO....................................................................................19
4. DISCUSSÃO................................................................................................................19
5. CONCLUSÃO...............................................................................................................23
6. REFERÊNCIAS............................................................................................................24
RESUMO
As anomalias dentárias são alterações comuns em crianças que podem originar
problemas graves, se não forem detectadas precocemente, algumas destas
anomalias pode alterar significativamente o prognóstico da dentição afectada. O
reconhecimento das anomalias nem sempre é possível apenas com o exame
clínico, sendo necessário recorrer ao exame radiográfico para diagnosticar ou
confirmar o diagnostico. Assim sendo, a radiografia panorâmica, é a técnica
radiográfica de escolha, por englobar o complexo maxilo-mandibular, fornecendo
um meio extenso para visualizar e analisa os dentes e as estruturas de suporte
em um único filme radiográfico. Neste contexto, o presente trabalho, uma revisão
de literatura e relato de caso clínico, buscou mostrar a importância da radiografia
panorâmica na dentição decídua e mista, para detecção precoce das anomalias
dentárias, fundamental para o sucesso do tratamento da criança.
PALAVRAS-CHAVE: Radiografia Panorâmica; Anomalias Dentárias;
Odontopediatria.
ABSTRACT
Dental anomalies are common alterations in child who can cause several
problems, if they are not detected early; some of that anomalies can cause
significative alterations to the prognosis of affected "dentition". Recognizing
these anomalies it’s sometimes not possible with physical exam lonely,
becoming necessary bring radiographic exam on to diagnosis or to confirm it.
This way, panoramic radiography is the radiographic method of joyce, for
"englobing" "maxilo-mandibular" complex, Beeing an extense way to analise
and visualization of the teeth and suport estructures in a lonely radiographic
film. In this cenary, the present paper, a literature review and clinical case
description, wanted to show the importance of panoramic radiography on
dentition "decidia e mista" to early detection of dental anomalies, essential to
sucessfull children treatment.
KEY-WORDS: Panoramic Radiography; Dental anomalies; odontopediatrics.
1. INTRODUÇÃO:
Na odontologia, entre as técnicas extra-bucais, a radiografia panorâmica se
destaca por permitir uma visualização de toda região maxilo-mandibular com
uma única incidência (ALVARES; TAVANO, 2002), além de ser uma técnica
radiográfica que se realiza fora da cavidade bucal, e por isso, segundo
ARAÚJO (1988), é a mais aceita por todos os grupos de crianças, além de
receber baixa dose de radiação recebida pelo paciente.
A radiografia panorâmica permite examinar a parte média-inferior da face, em
norma frontal e o uso rotineiro desta técnica radiográfica, por apresentar
imagem extensa, revela um grande número de elementos, os quais muitas
vezes não são detectados em radiografias periapicais. Por meio da imagem
panorâmica se pode visualizar os grupos de dentes de ambas as dentições, em
ambas os arcos, ao mesmo tempo as estruturas circunvizinhas, estágio de
desenvolvimento dos germes dentários permanentes, calcular o estágio de
reabsorção radicular dos dentes decíduos, avaliar a relação entre o dente
decíduo e o permanente correspondente e evidenciar as possíveis anomalias
dentárias (ARAÚJO, 1988; CECCHI, 2003; FREITAS, 1989; FREITAS;
TORRES, 2000).
As anomalias dentárias são alterações de frequência variável, dependendo do
tipo de anomalias em si e da população estudada. É possível a ocorrência de
diferentes desvios de desenvolvimento quer nos dentes temporários quer nos
permanentes. Embora as alterações da dentição permanente sejam as de
maior significado em longo prazo, as da dentição temporária também podem
ser responsáveis por complicações de grande repercussão (Van Waes;
Hubertus J.M, 2002).
É responsabilidade do odontopediatra, ao realizar o atendimento de um
paciente infantil, supervisionar não só as condições de toda a cavidade bucal,
como também o bem-estar geral, através da avaliação dos dados obtidos na
anamnese,
no
exame
clínico
e,
frequentemente,
pelas
radiografias
(McDONALD; AVERY, 1991). Assim, este trabalho tem como objetivo mostrar a
importância da radiografia panorâmica no diagnóstico e no tratamento precoce
das anomalias dentárias.
2. REVISÃO DE LITERATURA
A aquisição da imagem panorâmica com qualidade para diagnóstico, o técnico
deve preparar o paciente com cuidado e posicionar sua cabeça no plano de
corte. Deve-se remover qualquer objeto metálico na região de cabeça e
pescoço. A posição ântero-posterior do paciente é normalmente alcançada ao
posicionar os bordos incisais dos incisivos superiores e inferiores em um sulco
do posicionador. O plano médio sagital deve estar centrado no plano de corte
da unidade de raio-x. Para se obter o posicionamento adequado do queixo
deve-se colocar o paciente de modo que a linha tragus ao canto externo do
olho esteja paralela ao solo. Os pacientes são posicionados de forma ereta e
com o pescoço estendido. Por fim, após o paciente ser posicionado no
aparelho, instrua a engolir e manter a língua no palato.
A radiografia panorâmica tem sido cada vez mais utilizada nas diversas
espacialidades da odontologia. Em especial, esta técnica apresenta inúmeras
indicações no odontopediatria e ortodontia como complemento diagnóstico.
A radiografia panorâmica se caracteriza pela possibilidade da visão global de
todos os elementos dentários da maxila e mandíbula, assim como de seus
constituintes ósseos, além de ser, dentre os exames radiográficos, a mais
aceitas por todas as crianças, segundo ARAÚJO (1988).
As anomalias dentárias são alterações de frequência variável. É possível a
ocorrência de diferentes desvios de desenvolvimento quer nos dentes
temporários quer nos permanentes (VAN WAES; HUBERTUS, 2002).
2.1 Anomalias de número
2.1.1 Hipodontia
Figura 1 - Hipodontia dos elementos dentários: 1.5, 1.4, 1.3, 2.3, 2.4, 2.5, 3.5,
3.4, 4.4, 4.5 – Fonte - Arquivo próprio.
As expressões referentes ao não desenvolvimento dentário podem variar
desde a falta de um ou alguns dentes, como 3º molares, os segundos prémolares, os incisivos laterais superiores e os incisivos centrais inferiores
(hipodontia), à falta de vários elementos, de vários grupos diferentes
(oligodontia), como mostra a figura 1, e até mesmo na falha do
desenvolvimento e, consequentemente, ausência de todos os dentes
(anodontia) (WHITE; PHAROAH, 2004; PASLER; VISSER, 2001). Contudo não
existe uma definição clara na literatura no que se diz respeito aos limites desta
termologia (Pinho;Tavares; Pollmann, 2005).
Anodontia ou oligodontia frequentemente ocorrem em pacientes com displasia
ectodérmica, como na displasia ectodérmica anidrótica (Síndrome de ChristSiemens-Touraine) (WHITE; PHAROAH, 2004; PASLER; VISSER, 2001).
1.1.1 Hiperdontia
Figura 2 – Hiperdontia das unidades dentárias na região de pré-molares
superiores e inferiores – Fonte - site vidadedentista.com.br.
Hiperdontia ou dentes supranumerários, denominação dada aos dentes que se
desenvolvem além do número normal. Apesar da causa desconhecida, existe
uma tendência
familiar.
Quando a anomalia está
restrita a
dentes
supranumerários, é herdada como um traço autossômico recessivo, contudo
múltiplos dentes supranumerários (Fig. 2), podem estar associados a uma série
de síndrome, como a exemplo da displasia cleidocraniana e a síndrome de
Gardner ( WHITE; PHAROAH, 2004; PASLER; VISSER, 2001).
Os dentes supranumerários presentes entre os incisivos centrais superiores
são os mesiodentes, aqueles presentes na área de molares são chamados
paramolares. Aqueles que irrompem atrás de um terceiro molar são
denominados distodente e distomolar. Os que irrompem em posição ectópica,
tanto por vestibular quanto na lingual de um arco normal, são conhecidos como
peridentários (ESCOBAR, 1990; WHITE; PHARAH, 2004).
1.2 Anomalias de tamanho e forma
1.2.1 Macrodontia
Figura 3 - Macrodontia do elemento dentário, 2.1. Fonte - Arquivo próprio.
Tipo de anomalia de tamanho que se refere a dentes de tamanho superior ao
normal, observando aumento tanto de sua dimensão mesiodistal como
longitudinal (Fig. 3). Existem três tipos: macrodontia relativa, quando os dentes
têm tamanhos normais, mas estão localizados em ossos maxilares menores
que o normal; a macrodontia generalizada verdadeira, quando todos os dentes
das duas hemiarcadas são mensuravelmente maiores que o normal, esta é
pouco frequente e é observada em casos de gigantismo, e por último a
macrodontia localizada, é observada, por exemplo, em casos de hipertrofia
hemifacial unilateral, resultando num hiper desenvolvimento das coroas do lado
afetado (DUGMORE CR, 2001; WHITE; PHARAH, 2004).
1.2.2 Microdontia
Figura 4 - Microdontia da unidade dentária, 3.8. Fonte - Arquivo próprio.
Na microdontia os dentes envolvidos são menores que o normal (Fig. 4). Pode
afetar todos os dentes ou apenas alguns dentes ou mesmo um único dente.
Assim como na macrodontia pode-se apresentar de três formas: quando todos
os dentes das duas hemiarcadas são menores que do que o normal. Designase por microdontia generalizada; a microdontia generalizada relativa, quando
os dentes têm tamanhos normais, mas estão localizados em ossos maxilares
maiores que o normal, sendo observado em pacientes com nanismo pituitário,
e a microdontia localizada, envolve um dente ou grupo de dentes (DUGMORE ,
2001; WHITE; PHARAH, 2004).
2.2.3 Dentes Conóides
Figura 5 –Dente Conóide do elemento dentário, 1.2. Fonte - Arquivo próprio.
Refere-se a dentes que clinicamente têm uma forma cônica com a ponta afiada
e aguçada. São frequentemente associados com agenesia, podemos visualizar
na figura 5, elemento dentário, 1.2 conoíde associado a agenesia do elemento
dentário, 2.2. Na maioria dos casos são encontrados em pacientes com
desordens genéticas como no caso das síndromes de displasia ectodérmica,
dentoonicodermal e incontinência pigmentada (LASKARIS, 2004).
2.2.4 Geminação
Figura 6 – Geminação da unidade dentária, 3.8. Fonte – Radiologia Oral.
É uma anomalia definida como a tentativa falha de um germe dentário de
dividir, resultando na incompleta formação de dois dentes(Fig. 6), quando
ocorre à completa geminação resulta em um dente normal e um dente
supranumerário no arco (ESCOBAR, 1990; WHITE; PHARAH, 2004).
2.2.5 Fusão
Figura 7 – Fusão dos elementos dentários, 3.1 e 3.2. Fonte - Radiologia Oral.
A fusão de dentes é consequência da união de dois germes dentários
adjacentes (Fig. 7), resultando no desenvolvimento conjunto dos dentes
(WHITE; PHARAH, 2004).
2.2.6 Dens in Dente
Figura 8 – Dens in Dente da unidade dentária, 1.2. Fonte - site jcda. ca.
Dens in dente é consequência de uma invaginação da superfície externa do
dente (Fig. 8). Isto pode ocorrer tanto na coroa quanto na raiz, durante o
desenvolvimento dentário.
Quando ocorre na coroa e devido à invaginação das células do epitélio interno
do órgão do esmalte, podendo envolver a câmara pulpar. Ocorrendo na raiz,
aparece ser uma consequência de uma invaginação da bainha radicular
epitelial de Hertwig, podendo envolver o canal radicular (ESCOBAR, 1990;
WHITE; PHARAH, 2004).
2.2.7 Taurodontismo
Figura 9 – Taurodontismo das unidades dentárias: 2.6, 3.7, 4.7. Fonte Radiologia Oral.
È uma anomalia morfológica que se caracteriza por um aumento do corpo do
dente e um encurtamento das raízes, deslocando a furca para apical (Fig. 9),
constituindo assim uma alteração de desenvolvimento dos dentes na qual o
formato anatômico dentário se encontra alterado. A taurodontia pode acometer
tanto a dentição decídua quanto a permanente (ESCOBAR, 1990; WHITE;
PHARAH, 2004).
2.2.8 Concrescência
Figura 10 – Concrescência nos elementos dentários: 2.7 e 2.8. Fonte Radiologia Oral.
A concrescência ocorre quando raízes de dois ou mais dentes estão unidas
pelo cemento (Fig. 10). Se a condição ocorrer durante o desenvolvimento do
dente, ela é chamada de concrescência verdadeira; caso ocorra depois é
denominada concrescência adquirida (WHITE; PHARAH, 2004).
2.2.9 Pérola de Esmalte
Figura 11 – Pérola de Esmalte na unidade dentária, 4.6. Fonte - Arquivo
próprio.
Pérola de esmalte também conhecido como, gota de esmalte, nódulo de
esmalte e ameloma, são depósitos pequenos de glóbulos de esmalte que
ocorrem nas raízes dos molares (Fig.11). Têm formatos redondos que aderem
sobre as superfícies radiculares, geralmente sobre a furca ou próximo
(LASKARIS, 2004; WHITE; PHARAH, 2004).
2.2.10 Dilaceração
Figura 12 - Dilaceração nos elementos dentários: 3.8 e 4.8. Fonte – Arquivo
próprio.
A dilaceração é um distúrbio de formação que produz uma curvatura acentuada
ou suave no dente. A distorção angular pode ocorrer em qualquer lugar da
coroa ou da raiz (Fig. 12) (WHITE; PHARAH, 2004).
2. RELATO DE CASO CLÍNICO
Paciente do gênero feminino com 6 anos e 6 meses de idade, procurou
atendimento clínico, acompanhado da responsável, relatando desconforto pela
presença de diastema entre os incisivos centrais superiores.
Ao exame clínico, observou-se a ausência na cavidade dos incisivos laterais
superiores e diastema bem marcante entre os incisivos centrais superiores.
Realizou-se posteriormente o exame radiográfico panorâmico para verificação
da presença ou não dos germes dos incisivos laterais superiores.
Figura 13 – Agenesias Múltiplas das unidades dentárias: 1.5, 1.3, 1.2, 2.2, 2.3,
2.4, 3.5, 3.4, 4.5. Fonte – Arquivo próprio.
No exame radiográfico panorâmico, observamos ausência de vários elementos
dentários de vários grupos (oligodontia), as unidades dentárias ausêntes são:
1.5, 1.3, 1.2, 2.2, 2.3, 2.5, 3.5, 3.4, 4.5 (Fig. 13). A mãe e a criança foram
orientadas e encaminhadas para a ortodontista, para alinhar os incisivos
centrais
superiores
e
posteriormente
colocação
de
um
mantenedor
estético/funcional. Após tratamento ortodôntico, a paciente retonou e foi
confeccionado o mantenedor de espaço. Foi orientado o uso deste aparelho,
informando
que
a
paciente
deveria
retornar
periodicamente
para
o
acompanhamento do seu crescimento, trocando a medida da necessidade, até
a criança completar a idade adequada para a realização dos implantes.
3. DISCUSSÃO
Há na literatura a sugestão de que se faça um exame radiográfico no início da
dentição mista, combinando a radiografia panorâmica com radigrafias intrabucais, caso seja necessário, para que se possam detectar anomalias de
desenvolvimento como dentes supranumarários, anodontias e erupção
ectópica (MYERS,1984; PINKHAN, 1996).
De acordo com CECCHI (2003), o diagnóstico precoce das várias anomalias de
desenvolvimento que acometem os dentes se reveste de grande significado
clínico, pois elas são fatores intrínsecos das maloclusões. Essas alterações
muitas vezes passam despercebidas ao profissional até o momento do exame
radiográfico panorâmico e se manifestam principalmente por anomalias de
número, forma, tamanho e anomalia de erupção.
Dentes supranumerários com frequência causam desvio no padrão normal de
erupção, por bloquear ou retardar a erupção de outros dentes. A localização
precoce dos dentes adicionais na radiografia panorâmica permite a intervenção
profissional no tempo adequado, impedindo problemas futuros para os
pacientes. Os estágios de desenvolvimento radicular dos germes dentários
permanentes precisam ser analisados na imagem panorâmica, pois COZZA
(2002) e VAROLI; GUEDES-PINTO(2003), afirmam que a remoção cirúrgica
dos dentes supranumerários deve ocorrer de forma a não romper a sequência
de erupção normal.
A anadontia parcial tem grande relevância clínica se considerarmos as
alterações funcionais, estética e psicológica provocadas em seus portadores.
Por essa razão, é de grande interesse e importância para o cirurgião-dentista
identificar a anomalia, possibilitando um adequado plano de tratamento e
prevenção da maloclusão, restabelecendo a função, a estética, a fonética e a
mastigação, como também a auto-estima do paciente ( CARVALHO; RODINI,
2003).
As anomalias de número ligadas a anodontia têm como consequências
frequentes a formação de diastemas, inclinação dos eixos dos dentes e
migração dos dentes vizinhos que modificam a forma e diminuem o
comprimento do arco dentário. A imagem radiográfica panorâmica na
dentadura mista auxilia o diagnóstico, pois permite ao profissional diferenciar
precocemente os dentes permanentes não-irrompidos com atraso no processo
de calcificação e retidos, daquelas situações de agenesia dos elementos
(MERCADANTE, 2004; VAROLI,GUEDES-PINTO, 2003).
A presença das anomalias de tamanho representadas pelo macrodente e pelo
microdente modifica o comprimento do arco dentário, causando um distúrbio no
engrenamento com o arco antagonista. Tanto a microdontia quanto a
macrodontia podem ser interpretadas na radiografia panorâmica. As anomalias
de forma estão intimamente relacionadas às anomalias de tamanho. A mais
comum das anomalias de forma encontrada é a conóide, cujo formato
anatômico pode ser evidenciado na imagem panorâmica apresentando um
tamanho menor (CECCHI, 2003).
A geminação e a fusão são clinicamente muito semelhantes e somente o
exame radiográfico permite distinguir geminação de fusão. Se o dente mal
formado é contado como 1, indivíduos com geminação têm uma contagem de
dentes normal , enquanto aqueles com fusão têm 1 dente a menos (WHITE;
PHARAH, 2004). A geminação apresenta-se com uma câmara pulpar, podendo
estar parcialmente ou totalmente dividida, e uma única raiz, já no caso da fusão
apresenta-se duas coroas e duas raízes, a concrescência estará unidos
somente na raiz. O conhecimento precoce destas anomalias ajuda ao cirurgiãodentista, principalmente para o tratamento endodontico, para traçar o plano de
tratamento como: manter ou não o(s) dente(s) envolvido(s), fazer ou não o
tratamento de canal, assim como procedimento restaurador (LOPES, 1999;
WHITE; PHARAH, 2004).
O taurodontismo é bem definido radiográficamente, podendo se assemelhar
com um molar em desenvolvimento; entretanto, a identificação da foramina
apical larga e das raízes incompletas ajudam no diagnóstico diferencial
(WHITE; PHARAH, 2004).
A pérola de esmalte se diferencia radiograficamente de nódulo pulpar,
modificando a angulação da radiografia, se a imagem estiver fora da câmara
pulpar e pérola de esmalte (WHITE; PHARAH, 2004).
A dilaceração pode ocorrer tanto na coroa como na raiz, sendo o segundo com
incidência maior, no tracionamento ortodôntico, alguns cuidados devem ser
tomadas, como a utilização de forças suaves, para não comprometer a
vitalidade do dente e a perda do osso na região cervical obtendo no final do
processo, além do sucesso estético agradável (SANTOS; MELO; PANSANI;
BALAN; VERSIANNI, 1996). Na exodontia o conhecimento anatômico prévio
tem uma importância fundamento, para que não ocorram fraturas (DAUD;
DAUE; AIDAR, 2000).
Enfim, a avaliação na imagem radiográfica panorâmica feita pelo clínico geral,
odontopediatra e ortodontista, deve ser um procedimento de rotina para auxiliálo no diagnóstico preciso e no planejamento do tratamento ortodôntico
preventino, como objetivo de garantir um melhor desenvolvimento da oclusão
(VELLINI-FERREIRA, 2004), assim como todo planejamento clínico rotineiro.
4. CONCLUSÃO
Após a revisão de literatura podemos concluir que:
- A radiografia panorâmica está indicada na fase inicial da dentição mista,
mesmo
nas
ausências
clínicas
de
distúrbios
de
crescimento
e
desenvolvimento, pois possibilita o diagnóstico precoce de possíveis alterações
encontradas no paciente infantil.
- Com o conhecimento prematuro das anomalias dentárias, pelo profissional,
principalmente o odontopediatra e ortodontista, possibilita o diagnóstico
antecipado, possibilitando um planejamento prévio, evitando ou amenizando
problemas futuros.
- Por fim, diante o exposto, a prática do exame da radigrafia panorâmico deve
ser uma rotina dos consultórios odontológicos, para o conhecimento prévio das
anomalias dentárias.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVARES, L. C,; TAVANO, O. Curso de Radiologia em Odontologia. 4.ed.
Sã Paulo: Santos, 2002. 248p.
ARAÚJO, L. C. Radiografia Panorâmica e suas Aplicações em
Odontopadiatria. São Paulo, 1989. 101p, Dissertação (mestrado). Faculdade
de Odontologia de São Paulo, Universidade de São Paulo.
CECCHI, P. Prevalência de anomalias dentárias de desenvolvimento
através de radiografias panorâmicas para documentação ortodôntica de
pacientes na faixa etária de 8 a 20 anos na cidade do Rio de Janeiro. Rio
de Janeiro, 2003, 105p. dissertação (Mestrado em Ciências) – Faculdade de
Medicina, Universidade Federal do Rio de Janeiro.
COZZA, P.; LAGANA, G.; MUCEDERO, M. Early diagnosis and treatment of
supplemental mandibular tooth: report of a case. ASDC J Dent Child, v.
69, n. 2, p. 180-3, 125, may-aug. 2002.
CARVALHO, M. C.; RODINI, E. S. O. Estudo da prevalência de alterações
dentárias hipoplasiantes em uma amostra da população de Bauru.
Salusvita, Bauru, v. 22, n. 2, p. 191-199, 2003.
DUGMORE C. R. Bilateral macrodontia of mandibular second premolars: a
case report. Int J Paediatr Dent 2001; 11: 69-73.
DAUD E. H.; DAUE E.; AIDAR L. A. A. Tratamento multidiciplinar de um
incisive central superior central superior dilacerado – relato de caso
clínico. Ver. Dental Press Ortop Facial, 2000; 5(4); 77-81.
ESCOBAR V.T, Anodontia, parcial or complete. Mary Louise Buyse Birth
Defects Encyclopedia. Dover: Blackwell Scientific Publications; 1990.
FREITAS, C. Ortopantografia como método auxiliar no diagnóstico
ortodôntico: contribuição para o estuda da análise da dentição mista. São
Paulo, 1989. 77p. Dissertação (Mestrado em Radiologia) – Faculdade de
Odontologia, Universidade de São Paulo.
FREITAS, A.; TORRES, F. A. Radiografias Panorâmicas. In Freitas, A.; Rosa,
J. E.; Souza, I. F. Radiografia Odontológica. 5ª ed, São Paulo: Artes Médicas,
2000. 748p p.199-224.
LASKARIS, G. Color Atlas of Oral diseasis in children and adolescents.
Stuttgart: THIEME; 2000. PIRINEN S. A. S. hypodontia. Orplanet encyclopedia,
2004: 1-7.
LOPES, H. P.; SIQUEIRA JUNIOR; FREITAS, J. Endodontia e técnica. São
Paulo: Ed. Medsi. 1999.
MCDONALD, R. E.; AVERY, D. R. Odontopediatria. 5. Ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1991. 598p.
MYERS, D. R. ET AL. Radiografia Dental em Odontopediatria. In:___.
Simpósio de Odontopediatria – Clínicas Odontológicas da América do
Norte. São Paulo: Rocca, 1984. Cap. 3, p. 43-53.
MERCADANTE, M. M. Etiologia das más-oclusões. In VELLINI-FERREIRA, F.
Diagnóstico e planejamento clínico. 6 ed, São Paulo: Artes Médicas, 2004.
Cap. 12.
PASLER, F. A.; VISSER, H..Radiologia Odontológica, coleção atlas coloridos
de odonto/ thierre. 2ª ed, 2001, p. 195-208.
PINHO T.; TAVARES P.; MACIEL P.; POLLMANN C. Developmental absence
of maxillary lateral incisors in the Portuguese population. Eur J Orthod.
2005; 27: 443-9.
PINKIIAN, J. R. Exame, Diagnóstico e Plano de Tratamento. In:___.
Odontopediatria da Infância à Adolescência. 2. Ed. São Paulo: Artes
Médicas, 1996. Cap. 30, p. 452-478.
SANTOS-PINHO A.; MELO A. C. M.; PANSANI C. A.; BALAN F.; VERSIANNI
L. P., Comparação entre duas técnicas cirúrgica de tracionamento
dentário. R. Fac. São Paulo, 1996; 50(5): 415-7.
VAN WAES, HUBERTUS J. M. Odontopediatria. Porto Alegre: Artmed Editora;
2002.
VAROLI, O.; GUEDES-PINTO, A. C. Radiologia. In GUEDES-PINTO, A. C.
Odontopediatria. 7 ed, São Paulo: Santos, 2003. Cap. 19.
VELLINI-FERREIRA, F. Diagnóstico e planejamento clínico. 6 ed, São
Paulo: Artes Médicas, 2004. Cap.22.
WHITE, S. C.; PHAROAH J. M. Radiologia Oral. 5ª ed, Rio de Janeiro:
Elsevier, 2007. Cap. 18.
Download