consenso de hipertensão arterial

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PREFEITURA MUNCIPAL DE CAMPINAS
SECRETARIA DE SAÚDE
CONSENSO
DE
HIPERTENSÃO
ARTERIAL
2006
1
ÍNDICE
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Justificativa......................................................................
Conceito Classificação.....................................................
Avaliação e estratificação.................................................
Avaliação – clínico-laboratorial........................................
Lesões Órgãos Alvo..........................................................
Exames Laboratoriais/tratamento.....................................
Estratificação dos portadores............................................
Etapas de tratamento.........................................................
Medicamentos disponíveis na rede...................................
Causa de Falta de Resposta ao tratamento.......................
Rotina básica de atendimento..........................................
Consulta / Atendimento...................................................
Encaminhamento a cardiologia........................................
Emergência / Urgência.....................................................
O Grupo............................................................................
Programa de Educação com Pacientes Hipertensos.........
Programas de Aulas.........................................................
Aulas................................................................................
Atribuições e competência da equipe de Saúde...............
1º Questionário.................................................................
2º Questionário.................................................................
bibliografia.......................................................................
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CONSENSO DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMATICA
Justificativa
- Atinge 15% da população adulta mundial. Quando não corretamente
tratada leva a complicações letais.
- Grande incidência de complicações cardio-vasculares.
-
Aumento da mortalidade e expectativa de vida diminuída mesmo nas
hipertensões limítrofes.
-
Devido às características da patologia, a orientação e o controle do
paciente implicam em acompanhamento freqüente.
Apesar disso, dados da OMS revelam que 50% dos hipertensos desconhecem sêlo e 25% não seguem tratamento adequado.
A hipertensão Essencial é mais prevalente (90%). Não temos no Brasil dados
seguros da prevalência.
Objetivos Gerais
1-Diminuição das complicações cardio-vasculares.
2- Diminuição da mortalidade e aumento da expectativa de vida.
Objetivos Específicos
1- Manter em níveis pressóricos normais os pacientes atendidos.
2- Avaliar e controlar, se possível, os fatores desencadeantes e
agravantes da doença.
3
Classificação
Hipertensão arterial – HA
Conceito
Assim o limite escolhido para
definir HA é o de igual ou maior de
140/90 mmHg, quando encontrado em
pelo menos duas aferições, realizadas
em momentos diferentes.
Essa nova orientação da OMS
chama a atenção para o fato de que não
se deve apenas valorizar os níveis de
pressão arterial, fazendo-se também
necessária uma avaliação do risco
cardiovascular global.
A hipertensão arterial é,
portanto, definida como uma pressão
arterial sistólica ou igual a 140 mmHg e
uma pressão arterial diastólica maior ou
igual a 90 mmHg, em indivíduos que
não estão fazendo uso de medicação
anti-hipertensiva.
A tabela a seguir mostra a
classificação dos níveis de pressão arterial
no adulto acima de 18 anos.
CLASSIFICAÇÃO DIAGNÓSTICA DA
HIPERTENSÃO ARTERIAL EM MAIORES DE
18 ANOS
Pressão Arterial
Sistólica
PAS (mmHg)
Pressão
Arterial
Diastólica
PAD (mmHg)
< 130
130 – 139
< 85
85 – 89
140 – 159
90 – 99
160 – 179
100 – 109
≥ 180
≥ 110
≥ 140
< 90
Classificação
Normal
Normal
limítrofe
Hipertensão
leve (estágio 1)
Hipertensão
moderada
(estágio 2)
Hipertensão
grave
(estágio 3)
Hipertensão
sistólica
(isolada)
Admite-se como pressão arterial
ideal, condição em que o indivíduo
apresenta o menor risco cardiovascular,
PAS < 120 mmHg e PAD < 80 mmHg.
A pressão arterial de um indivíduo
adulto que não esteja em uso de medicação
anti-hipertensiva e sem co-morbidades
associadas é considerada normal quando a
PAS é <130 mmHg e a PAD < 85 mmHg.
Níveis de PAS entre 130 e 139 mmHg e/ou
de PAD entre 85 e 89 mmHg são
considerados limítrofes.
Este grupo, que aparece como o
mais prevalente, deve ser alvo de atenção
básica preventiva. É importante salientar
que a tabela usada para classificar o estágio
de um indivíduo hipertenso não estratifica
o risco do mesmo. Portanto, um hipertenso
classificado no estágio 1, se também for
diabético, pode ser estratificado como grau
de risco muito alto.
4
Avaliação e estratificação da HA
Anamnese
A anamnese do portador de hipertensão
deve ser orientada para os seguintes
pontos:
¾ Hábito de fumar, uso exagerado
de álcool, ingestão excessiva de
sal, aumento de peso,
sedentarismo, estresse,
antecedentes pessoais de diabetes,
gota, doença renal, doença cárdio
e cerebrovascular.
¾ Utilização de anticoncepcionais,
corticosteróides, antiinflamatórios
não-hormonais, estrógenos,
descongestionantes nasais,
anorexígenos (fórmula para
emagrecimento), ciclosporina,
eritropoetina, cocaína,
antidepressiva tricíclico e
inibidores da monoaminooxidase.
¾ Sinais ou sintomas sugestivos de
lesão em órgãos-alvo e/ou causas
secundárias de hipertensão
arterial.
¾ Tratamento medicamentoso
anteriormente realizado,
seguimento efetuado e reação às
drogas utilizadas.
¾ História familiar de hipertensão
arterial, doenças cárdio e
cerebrovasculares, morte súbita,
dislipidemia, diabetes e doença
renal.
¾ Atividades: trabalho, lazer,
comportamento.
¾ Estrutura familiar:
relacionamento, isenção.
Deve-se estar atento para algumas
possibilidades de causa secundária de
hipertensão arterial – para as quais um
exame clínico bem conduzido pode ser
decisivo, como por exemplo:
¾ Pacientes com relato de hipertensão
arterial de difícil controle e
apresentando picos tencionais
graves e freqüentes, acompanhados
de rubor facial, cefaléia intensa e
taquicardia, devem ser
encaminhados à unidade de
referência secundária, para pesquisa
de feocromocitoma.
¾ Pacientes nos quais a hipertensão
arterial surge antes dos 30 anos, ou
de aparecimento súbito após os 50
anos, sem história familiar para
hipertensão arterial, também devem
ser encaminhados para unidade de
referencia secundária, para
investigação das causas,
principalmente renovasculares.
Exame físico
O exame físico do portador de HA
deve avaliar:
¾ Os pulsos carotídeos (inclusive
com ausculta) e o pulso dos 4
membros.
¾ A pressão arterial – PA em
ambos os membros superiores,
com o paciente deitado, sentado
e em pé (ocorrência de doença
arterial oclusiva e de hipotensão
postural):
5
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•
O peso (atual, habitual e ideal) e a
altura, com estabelecimento do
Índice de Massa Corporal – IMC.
Fáceis, que podem sugerir doença
renal ou disfunção glandular
(tireóide, supra-renal, hipófise) –
lembrar o uso de corticosteróides.
O pescoço, para pesquisa de sopro
em carótidas, turgor de jugulares e
aumento da tireóide.
O precórdio, anotando-se o ictus (o
que pode sugerir aumento do
ventrículo esquerdo) e possível
presença de arritmias, 3ª ou 4ª
bulhas e sopro em foco mitral e/ou
aórtico.
O abdome, pela palpação (rins
policísticos, hidronefrose, tumores)
e ausculta (sopro sugestivo de
doença renovascular ou aórtica).
O estado neurológico e do fundode-olho.
Observação: Ao examinar uma
criança ou adolescente com
hipertensão arterial deve-se
sempre verificar os pulsos nos
membros inferiores, que, quando
ausentes, orientam o diagnóstico
para coarctação da aorta.
A OBESIDADE É GERALMENTE
DIAGNOSTICADA ATRAVÉS DO ÍNDICE DE
MASSA CORPÓREA.
IMC= peso (kg)
altura2 (m)
CLASSIFICAÇÃO
IMC (Kg/m2)
Normal
Sobrepeso
18,5 – 24,9
25,0 – 29,9
Obeso Classe I
Obeso Classe II
Obeso Classe III
30,0 – 34,9
35,0 – 39,9
≥ 40,0
RISCO DE COMORBIDADE
Baixo
Pouco
aumentado
Moderado
Grave
Muito grave
Avaliação clínico –
laboratorial
Os objetivos da investigação laboratorial
do portador de hipertensão arterial são:
a) Confirmar a elevação da pressão
arterial;
b) Avaliar lesões em órgãos-alvo
(LOA);
c) Identificar fatores de risco para
doença cardiovascular e comorbidades;
d) Diagnosticar
a
etilogia
da
hipertensão.
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Urina (bioquímica e sedimento);
Creatinina sérica;
Potássio sérico;
Glicemina sérica;
Colesterol total e frações;
Triglicérides;
Eletrocardiograma de repouso
convencional;
RX de tórax PA, se necessário para
avaliação pulmonar, o perfil.
6
DEVE-SE INCENTIVAR A MEDIDA DE PA EM TODOS OS SETORES DOS
CSs (odonto, GO, pediatria, sala de procedimentos etc.)
LESÕES EM ÓRGÃOS-ALVO
1. CARDÍACAS:
- Evidências clínicas, eletrocardiograficas e radiológica de doença coronária.
- Hipertrofia ventricular esquerda por eletrocardiograma ou ecocardiograma.
- Disfunção ventricular esquerda.
- Insuficiência cardíaca.
2. CEREBROVASCULARES:
- Ataques isquêmico transitório (AIT)
- Acidente vascular cerebral (AVC)
3. VASCULARES PERIFÉRICOS:
- Ausência de um ou mais pulsos em extremidades, com ou sem claudicação
intermitente.
- Aneurisma.
4. RENAIS:
- Creatinina sérica > ou = 1,5 mg/dl.
- Protenúria (uma ou mais +).
- Microalbuminúria.
7
5. RETINIANAS:
- Exsudatos ou hemorragias, com ou sem papiledema.
FATORES INDICATIVOS DE PROGNÓSTICO ADVERSO NA
HIPERTENSÃO ARTERIAL
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
Raça negra.
Juventude.
Sexo masculino.
PAD > 115 mmHg persistentemente.
Fumo.
Diabetes mellitus.
Hipercolesterolemia.
Obesidade.
Evidência de lesões em órgãos-alvo:
- aumento de área cardíaca;
- alterações isquêmicas ao eletrocardiograma (ECG);
- infarto do micárdio;
- insuficiência cardíaca congestiva;
- exsudados retinianos;
- hemorragias retinianas;
- papiledema;
- comprometimento de função renal;
- AVC.
8
Estratificação dos portadores
Grupo de risco médio
A decisão relativa à abordagem de
portadores de HA não deve ser baseada
apenas nos níveis de pressão arterial, mas
também na presença de outros fatores de
risco e doenças concomitantes, tais como
diabetes, lesão em órgãos-alvo, doenças
concomitantes, tais como diabetes, lesão em
órgãos-alvo, doenças renal e cardiovascular.
Deve-se também considerar os aspectos
familiares e socioeconômicos.
Inclui portadores de HA grau I ou II, com um
ou dois fatores de risco cardiovascular.
Alguns possuem baixos níveis de pressão
arterial e múltiplos fatores de risco, enquanto
outros possuem altos níveis de pressão
arterial e nenhum ou poucos fatores de risco.
Entre os indivíduos desse grupo, a
probabilidade de um evento cardiovascular
grave, nos próximos dez anos, situa-se entre
15 e 20%.
São definidas quatro categorias de
risco cardiovascular absoluto, mostrando que
mesmo os pacientes classificados nos
estágios 1,2 ou 3 podem pertencer a
categorias de maior ou menor risco na
dependência de co-morbidades ou fatores de
risco associados, conforme citados a seguir:
Grupo de risco alto
inclui portadores de HA grau I ou II que
possuem três ou mais fatores de risco e são
também portadores de hipertensão grau III,
sem fatores de risco. Nesses, a probabilidade
de um evento cardiovascular, em dez anos,
situa-se entre 20 e 30%.
Grupo de risco baixo
Grupo de risco muito alto
Inclui homens com idade menor de 55 anos e
mulheres com idade abaixo de 65 anos, com
hipertensão de grau I e sem fatores de risco.
Entre indivíduos dessa categoria, a
probabilidade de um evento cardiovascular
grave, nos próximos dez anos, é menor que
15%.
Inclui portadores de HA grau III, que
possuem um ou mais fatores de risco, com
doença cardiovascular ou renal manifesta. A
probabilidade de um evento cardiovascular,
em dez anos, é estimada em mais de 30%.
Para esse grupo, está indicada a instituição de
imediata e efetiva conduta terapêutica.
9
RISCO ESTRATIFICADO E QUANTIFICAÇÃO DE PROGNÓSTICO
PRESSÃO ARTERIAL (mmHg)
Outros fatores de risco
ou doenças associadas
Grau 1
Hipertensão leve
PAS 140 – 159 ou PAD
90 – 99
I – Sem outros fatores de
Risco baixo
risco
II – 1-2 fatores de risco
Risco médio
III – 3 ou mais fatores
de risco ou lesões nos
Risco alto
órgãos-alvo, ou diabetes.
IV – CCA*
Risco muito alto
Grau 2
Hipertensão moderada
PAS 160 – 179 ou PAD
100 – 109
Risco médio
Grau 3
Hipertensão grave
PAS ≥180 ou PAD ≥110
Risco médio
Risco muito alto
Risco alto
Risco muito alto
Risco muito alto
Risco muito alto
Risco alto
*CCA = Condições clínicas associadas, incluindo doença cardiovascular ou renal.
10
Tratamento medicamentoso da HA
Princípios gerais
Com base na estratificação do disco
individual associada não somente aos
níveis pressóricos mas também aos fatores
de risco e às co-morbidades, pode-se
decidir pelo uso de medicamentos.
ESTRARÉGIA DE TRATAMENTO
PA sistólica 140-180 mmHg ou PA diastólica
90-110 mmHg em várias ocasiões (hipertensão
de graus 1 e 2, como mostrado)
Avaliar outros fatores de risco, LOA – lesões em órgãos
e DCV – doenças cardiovasculares.
Iniciar mudança dos hábitos de vida.
Estratificar risco
MUITO ALTO
Começar
tratamento
medicamentoso
ALTO
Começar
tratamento
medicamentoso
PAS ≥ 140 ou PAD ≥ 90
começar tratamento
medicamentoso
PAS < 140 ou PAD < 90
continuar a monitorar
MÉDIO
Monitorar
PA e outros
fatores de
risco durante
3-6 meses
PAS ≥ 150 ou PAD ≥ 95
começar tratamento
medicamentoso
PAS < 150 ou PAD < 95
continuar a monitorar
BAIXO
Monitorar
PA e outros
fatores de
risco durante
6-12 meses
Quando da opção pelo uso de
drogas anti-hipertensivas, algumas
noções básicas devem ser lembradas:
9 Iniciar sempre com doses
menores do que as preconizadas;
9 Evitar os efeitos colaterais
associando novas drogas antes da
dose máxima estabelecida,
favorecendo associações de
baixas doses;
9 Estimular a medida da PA no
domicílio, sempre que possível;
9 Lembrar que determinadas
drogas anti-hipertensivas
demoram de quatro a seis
semanas para atingir seu efeito
máximo, devendo-se evitar
modificações do esquema
terapêutico, antes do término
desse período;
9 O paciente deve ser orientado
quanto ao uso do medicamento,
horário mais conveniente, relação
com alimentos, sono, diurese e
mecanismo de ação;
9 Antes de aumentar ou modificar
a dosagem se um antihipertensivo, monitorar a adesão
– que significa o paciente estar
com a pressão controlada e
aderente às recomendações de
mudança nos hábitos de vida. A
principal causa de hipertensão
arterial resistente é a
descontinuidade da prescrição
estabelecida.
11
Classes de anti-hipertensivos
Diuréticos
Estão disponíveis seis classes de
anti-hipertensivos: os diuréticos, os
inibidores adrenérgicos (os de ação central,
os alfa-1 bloqueadores e os
betabloqueadores), os vasodilatadores
diretos, os inibidores da enzima conversora
da angiotensina (IECA), os antagonistas
dos canais de cálcio e os antagonistas do
receptor da angiotensina II.
São as drogas mais usadas no
tratamento da HAS, em todo o mundo,
há mais de trinta anos. Têm papel vital
no controle dessa condição, seja isolado
ou em associação com outras drogas.
A cada dia, surgem novas classes,
porém vale ressaltar que estudos para a
redução da morbimortalidade somente
foram demonstrados com o uso de
diuréticos e betabloqueadores. Mais
recentemente, verificou-se os mesmos
resultados com o uso de nitrendipina
(antagonista dos canais de cálcio) em
idosos.
Este caderno detalhará apenas as
drogas padronizadas pelo Ministério da
Saúde, por razões científicas e de custoeficácia no âmbito populacional.
Recomenda-se iniciar com
diurético, na dose de 12,5mg (25mg – ½
comp.) ao dia, pela manhã. Caso não
alcance controle efetivo, sugere-se
aumentar a dose para 25mg/dia, pela
manhã. Não havendo controle só com
diurético, propõe-se introduzir Propranolol
40mg, duas vezes ao dia, podendo dobrar
esta dose para 80 mg, duas vezes ao dia.
Como terceira escolha, Captopril, na dose
de 25mg, duas ou três vezes ao dia.
Estas seqüências são convenientes
para grande maioria dos indivíduos,
incluindo aqueles portadores de comorbidades. Os casos resistentes deverão
ser encaminhados para referencia
secundária.
Essas drogas são, ainda, as mais
extensivamente estudadas e têm
demonstrado redução de morte e
complicações cardiovasculares.
Mecanismo de ação – o local
de ação dessas drogas é o nefron
(unidade morfofuncional do rim). O
mecanismo exato pelo qual os
diuréticos baixam a pressão ainda não
está devidamente esclarecido.
Inicialmente, produzem leve depleção
de sódio. Com a continuação da terapia,
ocorre também diminuição da
resistência vascular periferia.
Efeitos adversos – podem
depletar potássio com doses moderadas
ou elevadas.
Tipo de diurético
Hidroclorotiazida (HCT) – é o
diurético padronizado para uso
rotineiro. Deve ser usado, na maioria
das vezes, como droga inicial,
permitindo uma ação anti-hipertensiva
lenta, com reações compensatórias
reflexas menos intensas.
A prevenção dos efeitos
colaterais da HCT – como
dislipidemias, intolerância à glicose,
hipopotassemia, impotência sexual e
hiperuricemia – é alcançada com doses
cada vez menores, e vigilância dessas
alterações. Não se deve ultrapassar a
dose de 50mg/dia.
12
Estudos tem mostrado diminuição da
excreção urinária de cálcio. Este efeito tem
sido associado à baixa incidência de
fraturas em pacientes idosos que usam
HCT.
Pacientes com insuficiência
cardíaca e insuficiência renal crônica
(creatinina > que 3,0mg/dl) deverão usar a
furosemida, ao invés da hidroclorotiazida.
Em diabéticos, utilizar doses baixas
(12,5 a 25 mg/dia), o que minimiza os
efeitos adversos. Deve-se, ainda, monitorar
o potássio e a glicose sanguínea.
Inibidores simpáticos
O cérebro exerce grande controle
sobre a circulação. Portanto, atuar
farmacologicamente, nesta área, é
imprescindível para diminuir a pressão
arterial nos hipertensos – clonidina e
alfametildopa são as drogas preferenciais.
Mecanismo de ação – estas drogas
deprimem o tônus simpático do sistema
nervoso central.
Tipo de inibidor simpático
Alfametildopa – é a droga ideal
para tratamento da grávida hipertensa, pois
se mostrou mais efetiva na redução da
pressão arterial dessas pacientes, além de
não provocar malformação fetal.
Os efeitos colaterais, como
hipotensão postural e disfunção sexual,
sintomas freqüentes no paciente com
neuropatia autonômica diabética, limitam o
seu uso nessa população.
Betebloqueadores
São drogas que antagonizam as
respostas às catecolaminas, medidas
pelos receptores beta. São úteis em uma
serie de condições, tais como: arritmias
cardíacas, prolapso da valva mitral,
infarto do miocárdio, angina do peito e
hipertensão portal esquistossomótica.
Mecanismo de ação – ainda
não está bem esclarecido como estas
drogas produzem redução da pressão
arterial. Diminuição da freqüência e do
débito cardíaco são os resultados
encontrados após a administração das
mesmas. No seu uso constante, a
diminuição da pressão arterial
correlaciona-se melhor com alterações
na resistência vascular periférica que
com variações na freqüência cardíaca
ou alterações no débito cardíaco
induzidas por essas drogas.
Tipo de betabloqueador
Propranolol (PP) – foi o
primeiro betabloqueador sintetizado e
ainda é o mais usado.
Efeitos adversos – contraindicado em atópicos ou asmáticos,
pelo desencadeamento ou agravamento
do broncoespasmo, podendo levar à
insuficiência respiratória aguda.
Também, contra-indicado em bloqueios
cardíacos e insuficiência vascular
periférica.
Apesar da possível
deteriorização do controle glicemico e
do perfil lipídico, o UKPDS
demonstrou que o atenolol reduziu o
risco de doença macro e microvascular,
no paciente diabético. Importante
lembrar que, no paciente diabético,
além das suas clássicas contraindicações, como a insuficiência
arterial periférica, os betabloqueadores
podem mascarar e prolongar os
sintomas de hipoglicemia.
13
Vasodilatadores diretos
São drogas que têm efeito relaxador
direto no músculo liso vascular, sem
intermediação de receptores celulares.
Mecanismo de ação – leva à
vasodilatação da arteríola pré-capilar e
conseqüente queda da resistência vascular
periférica. Isto pode, por mecanismo de
compensação, levar ao aumento da
retenção de sódio e água. Esta é uma das
razões porque essas drogas só devem ser
usadas em associação prévia com
betabloqueadores e diuréticos em
hipertensão grave e resistente.
Tipo de vasodilatador direto
Minoxidil – deve ser usada como
quarta droga em HA grave.
Inibidores da enzima conversora
da angiotensina
(IECA)
Essas drogas representam grande
avanço no tratamento da HA.
Mecanismo de ação – essas
compostos inibem a formação de
angiotensina II, bloqueando a enzima
conversora de angiotensina (ECA).
A angiotensina II é um dos maiores
vasoconstrictores conhecidos e se origina
por uma clivagem seqüencial do
angiotensinogênio pela renina e enzima
conversora. Para a formação da
angiotensina II, vindo da angiotensina I,
faz-se necessária a presença da enzima
conversora (ECA). Essas drogas bloqueiam
essa enzima, que transforma a AI em AII
(converta-se). Possuem perfil
hemodinamico e metabólico favorável e
podem ser usadas em associação a outras
drogas.
Do ponto de vista terapêutico,
os inibidores da enzima de conversão
da angiotensina (ECA), além da
redução da pressão arterial sistêmica,
reduzem a pressão intraglomerular, que
tem como conseqüência proteção renal
específica.
Vale ressaltar que são drogas
contra-indicadas na gestão ou em
mulheres com risco de engravidar, pela
possibilidade de malformação fetal.
Tipo de IECA
Captopril – foi o primeiro
inibidor da conversão da angiotensina.
Tem indicação de diabetes, haja os
hipertensos portadores de diabetes, haja
vista o fato de provocar queda da
pressão intraglomerular, tão danosa
para a função renal, e evitar perda de
albumina pela urina (albuminúria).
Apresenta a vantagem de não
prejudicar a sensibilidade à insulina e o
perfil lipídico do plasma, e associa-se à
redução da Hipertrofia Ventricular
Esquerda – HVE. Na neuropatia
autonômica do diabetes, a possibilidade
de hipoaldosteronismo hiporreninêmico
com elevação de potássio pode limitar
o uso de IECA.
Cuidados devem ser tomados
em relação aos pacientes com estenose
de artéria renal, pela possibilidade de
hipoperfusão e, conseqüentemente,
queda da função de filtração renal.
Dosagem de potássio e de creatinina
auxiliam na avaliação da função renal.
14
PARÂMETROS FARMACOCINÉTICOS DAS DROGAS ANTI-HIPERTENSIVAS
DROGAS
DOSES
HABITUAIS
(mg/dia)
DURAÇÃO
DA AÇÃO
(em horas)
TEMPO DE
ELIMINAÇÃO (em
horas)
NÚMERO DE
TOMADAS (diárias)
APRESENTAÇÃO
(dosagem em mg)
DOSE MÁXIMA
(mg)
Hidroclorotiazida Alfametildopa Clonidina Propranolol Captopril Minoxidil
12,5 – 25
750
0,300
80
75
5
12
8
12
12
8
12
6 – 15
6 – 10
6 – 15
3–6
6 – 10
3–4
1 (manhã)
3
2
2
3
2
25
500
0,100
40
25
10
50
3000
0,900
320
150
50
Urgência e emergência em
hipertensão arterial
Crise hipertensiva
Os pacientes portadores de
alterações pressóricas importantes
acompanhadas de sintomatologia como
cefaléia, alterações visuais recentes, dor no
peito, dispnéia e obnubilacão devem ser
encaminhados para os serviços de urgência
e emergência. É importante diferenciar
dessas situações os quadros de alterações
pressóricas que ocorrem em situações de
estresse emocional. Também não
constituem urgências hipertensivas a
elevação da pressão arterial
desacompanhada de sintomas. Um simples
ajuste terapêutico poderá, nesses casos,
promover o adequado controle da pressão
arterial, mesmo que para tal finalidade se
façam necessários alguns dias de
observação.
É interessante lembrar o aumento
pressórico que surge como conseqüência
Da interrupção súbita do tratamento,
especialmente em usuários de clonidina
e betabloqueadores.
Classificação da crise
Urgência hipertensiva
Aumento súbito da pressão
arterial não associada a quadros
clínicos agudos, como obnubilacão,
vômitos, dispnéia e que, assim, não
apresentam risco imediato de vida ou
dano em órgão-alvo. Nessa situação, a
pressão arterial pode ser controlada em
24 horas e preconiza-se a
administração, por via oral, de um dos
seguintes medicamentos: diuréticos de
alça, betabloqueador, inibidor de ECA
ou antagonista dos canais de cálcio. O
uso da nifedipina sublingual, muito
difundido em passado recente, está no
momento proscrito. A razão principal
para o abandono desse tipo de
terapêutica centra-se na lógica de que
não necessitamos reduzir a pressão
15
Num período de tempo muito curto, mas,
sim, dentro das 24 horas.
Emergência hipertensiva
Aumento súbito da pressão arterial,
acompanhado de sinais e sintomas
indicativos de dano importante em órgãosalvo e risco de vida. Os exemplos mais
comuns dessas situações são presença de
edema agudo pulmonar, infarto agudo do
miocárdio, aneurisma dissecante da aorta,
acidente vascular encefálico e encefalopatia
hipertensiva. Nessas situações, indica-se
sempre a hospitalização e, se possível, o
tratamento inicial preconizado para os
diversos tipos de emergências
cardiológicas.
Cuidados especiais devem ser
adotados com os quadros de AVE, quando
a diminuição súbita da pressão arterial pode
tornar-se extremamente danosa para o
paciente.
16
Complicações
Complicações da HA
A PA elevada crônica leva à lesão
vascular. As artérias apresentam
modificações em sua geometria, desde a
diminuição da luz e espessamento das
paredes até rupturas. As lesões do coração,
rins e cérebro são decorrentes das lesões
vasculares desses órgãos.
Coração
A lesão característica da
hipertensão, no coração, apresenta-se como
hipertrofia do mesmo, ou seja,
espessamento das paredes do ventrículo
esquerdo, com aumento do peso e
diminuição da cavidade. Esse aumento da
massa ventricular esquerda não é
acompanhado pelo aumento da circulação
coronária, o que acarreta alteração entre o
gasto energético e oferta, levando à
isquemia miocárica. Isto pode ser medido
pelo ecocardiograma e, mais raramente,
pelo eletrocardiograma, avaliando-se o
Índice Sokolow e Lyon (SV1+RV5 ou V6
> 35mm).
Em fases avançadas da doença
cardiovascular hipertensiva ou outras
lesões associadas, podemos encontrar
desde aumento das cavidades com
disfunção ventricular até o clássico quadro
de insuficiência cardíaca congestiva.
Cérebro
O cérebro talvez seja o órgão
que mais sofra com a hipertensão
arterial crônica ou súbita.
A lesão típica caracteriza-se
pelo microneurisma de CharcotBouchard. Com o progredir da
condição, lesões de rarefação da
substância branca tornam-se presentes.
A trombose e a hemorragia são
episódios geralmente agudos. Podemos
encontrar microinfartos cerebrais que
cursam assintomáticos e que são
revelados pelo quadro clínico de
demência discreta, observados pela
tomografia computadorizada e outros
exames mais sofisticados.
Rins
Esses órgãos sofrem bastante
com o aumento da pressão arterial.
Sendo o glomérulo a unidade
morfofuncional do rim e caracterizado
como um tufo vascular, qualquer
aumento da pressão nesse território
(hipertensão intraglomerular) leva à
diminuição progressiva de sua função,
na maioria das vezes silenciosa.
O principal achado é o aumento
na excreção de albuminas, diminuindo
a função de filtração do mesmo,
levando à insuficiência renal franca.
Em cerca de 70% dos indivíduos em
programa de hemodiálise, a lesão renal
básica e primária foi causada por
hipertensão arterial não-tratada. Na
presença de DM, essas lesões são
precoces e mais intensas.
17
Tratamento das dislipidemias
O tratamento nutricional é
fundamental para o controle do DM e das
alterações lipídicas associadas. Caso não
sejam atingidos os valores desejáveis de
lípides séricos, recomenda-se utilizar uma
dieta mais restrita em lipídeos (gordura
saturada < 7% do valor energético total –
VET, ingestão de colesterol < 200 mg/dia),
preferencialmente queijos magros (frescos,
cottage, ricota), leite e iorgute desnatados,
peixe e carne de frango sem pele.
consecutivas e na presença de doença
cardiovascular, não se aguarda o efeito
da dieta, instituindo-se o tratamento
medicamentoso.
Especial atenção deve ser dada a
pacientes com hipergliceridemia grave
(triglicérides > 700 mg/dl), quando a
ingestão de gorduras deve ser mais
restritiva, isto é, menos de 10% a 20% do
VET.
A insulina tem sempre um efeito
corretor da dislipidemia, especialmente
diminuindo a trigliceridemia e
aumentando o HDL-c. As sulfoniluréias
e a metformina melhoram o perfil
lipídico em função do controle
glicêmico.
O estímulo ao aumento da atividade
física é importante, pois além de favorecer
a perda ponderal e aumentar a sensibilidade
à insulina potencializada os efeitos da dieta
no perfil lipídico, diminuindo os níveis de
triglicérides e elevando o de HDL-c.
Estas medidas devem ser
implementadas, de forma individualizada,
objetivando atingir o peso desejável pela
restrição calórica, combinada ao aumento
da atividade física e à normalização do
nível glicemico.
Deve ser lembrado que alguns
medicamentos utilizados para o
controle da glicemia podem interferir
no perfil lipídico, assim como alguns
agentes anti-hipertensivos em altas
doses.
Betabloqueadores e diuréticos
tiazídicos em altas doses podem elevar
a colesterolemia, embora isso não
ocorra em todos os pacientes. O uso
dessas medicações não está contraindicado, desde que se façam medidas
repetidas dos lípides séricos após seu
início.
Atingidos os dois objetivos acima e
persistindo as alterações lipídicas,
recomenda-se o emprego de medicamentos
hipolipemiantes.
Em determinadas situações clínicas,
como triglicérides >700 mg/dl, pelo risco
de pancreatite aguda, aumento isolado de
LDL-c (>200 mg/dl) em duas medidas
18
CAUSAS DE FALTA DE RESPOSTA AO TRATAMENTO
1. Não aderência ao tratamento
-instrução não claras e/ou não dadas por escrito aos pacientes;
-falta de envolvimento do paciente no plano de tratamento;
-custo da medicação;
-efeitos colaterais da medicação;
-síndrome orgânica cerebral (memória deficiente);
-dosagem inconveniente;
-administração (várias tomadas ao dia)
2. Causas droga-relacionadas:
-doses muito baixas;
-combinações inapropriadas;
-inativação rápida;
-interações de drogas:
antiinflamatórios não-hormonais;
corticoesteróides;
contraceptivos orais;
simpatomiméticos;
antidepressivos;
descongestionantes;
cocaína;
ciclosporina;
eritropoietina;
substâncias contendo alcaçuz (e.g.:chiclete de tabaco).
3. Condições associadas:
-aumento de peso;
-ingestão de álcool superior a 30 gramas/dia etanol.
4. Hipertensão secundária:
-insuficiência renal;
-hipertensão renovascular;
-feocromocitoma
-aldosteronismo primário.
19
5. Sobrecarga de volume:
-diureticoterapia inadequada;
-ingestão excessiva de sódio;
-dano renal progressivo.
6. Pseudo-hipertensão (HA do jaleco branco)
ROTINA BÁSICA DE ATENDIMENTO
Para facilitar a rotina básica de atendimento vamos classificar em baixo, médio e
alto risco. Lembrando que existem riscos em qualquer nível de hipertensão.
Portanto:
HA de cifras baixas > baixo risco
HA de cifras baixas complicadas
médio risco
HA de cifras altas
HA de cifras altas complicadas
alto risco
HA sistólica isolada > baixo risco
Primeira Consulta Médica
-avaliação do quadro clínico
anamnese
exame físico
-exames complementares padronizados
-orientação de conduta padronizada.
Segunda Consulta Médica
-avaliação do quadro clínico
-orientação de conduta padronizada
Caso o médico não considere o paciente com quadro estabilizado deverá solicitar
consultas mais freqüentes a seu critério.
20
Atendimento/ Consulta de Enfermagem (mensal)
-avaliar PA sentado e deitado e comparar com os níveis anteriores
-verificar peso e relatar perdas ou ganhos
-verificar pulsos radiais e carotidios
-observar edemas e rubor facial
-avaliar: palpitação, tontura, dor precordial, dispinéia, cefaléia, zumbidos nos
ouvidos, câimbras, escotomas cintilantes, parestesias, impotência sexual e alteração
no sono
-investigar efeitos colaterais dos medicamentos
-avaliar e reforçar as medidas higieno-dietéticas e orientar
-avaliar a medicação em uso
-reforçar alimentação e hábitos de vida
-reforçar a importância do exercício físico
-solicitar caso necessário consulta conjunta (clínica/saúde mental)
-fornecer medicação prescrita
-agendar retorno
-solicitar exames quando necessário, de acordo com a rotina do protocolo
Caso a enfermagem julgue necessário pode agendar novas consultas de
enfermagem a seu critério.
Estes dados deverão ser anotados em prontuário e confrontados com os da
consulta médica. Caso haja aumentos dos níveis pressóricos significativo, ganho
ponderal importante, edema, aumento da freqüência cardíaca, aparecimento de
dispnéia, náusea, cefaléia, impotência, lipotímia, remeter ao médico como consulta
conjunta, ou antecipando a próxima consulta.
Lembrar que a presença do médico vai depender do risco do paciente e grau
de treinamento da enfermagem.
Reavaliação do paciente hipertenso estabilizado no C.S.
Consulta médica
Baixo risco = 6 meses
Médio risco = 3 meses
Alto risco = mensal
Consulta enfermagem = mensal
21
Encaminhamento para Cardiologia
-quando nenhuma das opções terapêuticas adotadas surte efeito satisfatório
-quando o paciente apresenta reações colaterais importantes ou complicações
cardiovasculares não controláveis a nível primário
-para investigação de casos suspeitos de hipertensão arterial secundária.
Como encaminha: com impresso de referência e contra-referência, ECG, Rx de
tórax, glicemia, colesterol, urina I e receita de medicação em uso
Atendimento em Grupo
Deve-se incentivar a formação de grupos de pacientes hipertensos no Centro
de Saúde, visando causar mudanças de mentalidade do paciente frente ao trabalho.
Com o objetivo de conscientiza-lo sobre a doença, a necessidade de controle
permanente, bem como o seguimento das prescrições.
Sugerimos padronizar as reuniões de grupos de hipertensos (vide folha anexo)
1. Emergência / Urgência Hipertensiva
Emergência Hipertensiva: situação em que a PA deve ser reduzida rapidamente
(menos de 01 hora) Exemplos: ancefalopatia hipertensiva, hemorragia intracraniana,
insuficiência ventricular esquerda aguda com edema pulmonar eclampsia, angina
instável ou infarto agudo di miocárdio.
As emergências hipertensivas são acompanhadas de sinais e sintomas que
indicam lesões em órgãos-alvo em progressão, como: cefaléia intensa, escotomas,
tonturas, parestesias ou outros sinais de comprometimento neurológicos, podendo
chegar a convulsões e coma, dispnéia, taquicardia. No fundo de olho teremos
hemorragias, exsudatos, podendo chegar a edema de papila. Neste caso existe risco
iminente de vida ou de lesões irreversíveis em órgãos-alvo.
OBSERVAÇÃO: A SIMPLES ELEVAÇÃO DE PA NÃO CARACTERIZA A
CRISE HIPERTENSIVA.
No caso de emergência hipertensiva devemos encaminhar o paciente ao Pronto
Socorro.
22
Urgência Hipertensiva: situações em que a PA deve ser reduzidas em algumas
horas. Exemplos: hipertensão acelerada ou maligna sem complicações imediatas,
pico hipertensivo (por várias causas, estress, descontinuação da medicação etc.)
Esses últimos são de longe as causas mais comuns.
Nas Urgências Hipertensivas, que são a grande maioria das elevações de PA que
chegam ao Centro de Saúde, devemos seguir os seguintes critérios:
-colocar o paciente em posição confortável
-tranqüilizar o paciente
-perguntar sobre a medicação em uso (caso tenha parado, ministrar a medicação
usual)
-repetir medida de PA
-medicar com nifedipina gotas, furosemida (se for volume dependente),
diazepam (se o componente emocional for importante)
2. Critérios para encaminhamento para serviços de emergência
-caracterização de emergência logo na entrada do paciente
-piora do estado do paciente (pressão aumentando, sintomas piorando)
-não resposta à medicação e manutenção dos sintomas.
O GRUPO
Ao optar por um trabalho de grupo com pacientes portadores de doença
crônica (hipertensão), levamos em consideração que inserir um indivíduo num
grupo (não familiar) é uma forma de criar condições de independência,
autonomia, cooperação e desempenho de papeis sociais.
Através da interação dos elementos no grupo, o indivíduo se reconhece no
outro e assim critica a dele (sua) atuação. O processo de socialização desenvolve
no indivíduo formas de condutas positivas que o levam a um melhor
funcionamento social, visando em decorrência disso mudanças de mentalidade
do paciente frente ao tratamento, com objetivo de conscientiza-lo sobre a doença,
23
a necessidade do controle permanente, bem como o rigoroso seguimento das
prescrições médicas e da dieta a fim de mantê-lo compensado. O trabalho com
grupos deve ser compreendido como um instrumento de intervenção, uma
tecnologia a ser adotada para promover educação e saúde na área, não
constituindo portanto a totalidade do programa.
TÉCNICAS:
Para atingir o objetivo proposto, usaremos técnicas de orientação,
esclarecimento, apoio, troca de informações, dinâmica de grupo, jogos e
questionários.
OBJETIVOS:
Os objetivos do trabalho incluem:
-Proporcionar aos pacientes hipertensos maiores informações sobre a doença
e o tratamento. Visando um controle melhor e assim a diminuição das
complicações da hipertensão.
-Desenvolver autonomia responsável (autonomia compreende
desenvolvimento de: auto-observação, auto conhecimento, auto-cuidado,
compreensão dos sinais e sintomas de doença, capacidade de buscar ajuda
quando necessário), desenvolvimento de solidariedade dos seus pares,
capacidade de promover mudanças de valores, hábitos, etc... que auxiliem a lidar
com a doença melhorando a qualidade de vida.
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO COM PACIENTES HIPERTENSOS
PRÉ REQUISITOS PARA OS MEMBROS DA EQUIPE
10 – AVALIAR O PACIENTE
Educação (Nível de Escolaridade)
Raça
Idade
Sexo
História Pessoal
Motivação
Aceitação da Doença
24
Medos
2) – TEAM APROACH
Observação do outro(s) e discussão dos
pontos críticos de atuação de cada um.
3) – ASPECTOS PSICOLÓGICOS
Aceitação do paciente – Receptividade
Saber ouvir sem fazer julgamentos
morais ou de valor sobre o paciente.
Cuidar da linguagem não verbal.
Tranqüilizar realisticamente.
METODOLOGIA:
Os pacientes elegíveis para serem incluídos no programa serão selecionados a
partir de critérios técnicos discutidos pela equipe da área do adulto, e em seguida
encaminhados a pessoa responsável pelo cadastramento que aplicará um primeiro
questionário.
Os pacientes continuarão som seus retornos médicos segundo o critério
habitual.
As reuniões serão quinzenais, com duração de 2 horas. O número ideal de
pacientes é de 12 a 15.
No final do grupo será feita nova avaliação tomando como referencia taxa de
abandono, comparecimento aos retornos para consultas e em grupos, uso adequado
de medicamentos e dieta. Novo questionário será aplicado a todos os pacientes
visando detectar mudanças no comportamento frente a doença.
1º REUNIÃO
1) Identificar com crachás dos pacientes, acompanhantes e membros da equipe
de saúde.
2) Apresentação dos membros da equipe de saúde.
3) Auto apresentação dos pacientes, identificar com nome, idade, profissão.
Levantar as expectativas em relação ao trabalho a ser realizado. Levantar
experiências em grupos anteriores (igrejas, associações, etc.). levantar como
estão se sentindo no aqui e agora, como estão experimentando este momento.
25
4) Explicação do porque do grupo (frisar que o objetivo é o melhor controle da
doença), através do seu conhecimento e diminuição da freqüência e
intensidade das complicações.
5) Explicação da dinâmica do grupo:
Aprender juntos
Discutir dúvidas
Democratização do tempo
6) Realização das medidas de PA
O que sabe sobre Hipertensão
Tempo de doença, história breve da sua doença
Principais temores e expectativas em relação a doença e ao grupo.
7) Fazer contrato com grupo:
Números de encontros, temas a serem abordados, tempo de duração das
reuniões, faltas, etc.
PROGRAMAS DAS AULAS
- Procurar discutir o trabalho realizado com sua equipe, suas dúvidas,
dificuldades, propostas de modificação dos temas ou dinâmicas.
Dividir também as experiências bem sucedidas pois servem de estimulo aos
colegas. Iniciar sempre o trabalho utilizando técnicas (jogos) de aquecimento que
sirvam para descontrair e preparar o grupo para o trabalho com o tema do dia.
Evitar sempre que possível, o modelo de aulas expositivas (pessoas adultas
tem seu universo já amadurecido com vivências e conceitos bem particulares
sobre sua saúde e seu modo de adoecer), observar a linguagem que as pessoas
utilizam para fazer seus relatos, as explicações que dão para os fenômenos nas
quais estão envolvidas a partir do diálogo novos conhecimentos serão
introduzidos, as dúvidas serão esclarecidas. Poderão ser utilizados materiais
educativos como suporte. Observar sempre se existem no grupo pessoas
analfabetas ou com dificuldade para ler, escrever, ouvir, etc... criando no próprio
grupo redes de ajuda, reforçando assim laços de solidariedade.
- Reservar uma ou duas reuniões no conjunto dos dias programados para
estender um tema ou caso seja necessário. Evitar rigidez, é importante ter
sensibilidade para demandas do grupo. Caso apareça alguma pergunta sobre
um assunto que o coordenador do grupo não domine, não se sentir
constrangido em não responder, anotar e trazer a resposta no próximo
encontro.
26
- Incentivar a socialização fora dos limites do Centro de Saúde como estimulo
a auto-ajuda.
- Buscar se possível parcerias inter-setoriais que visem a promoção de espaços
de lazer e socialização com outras Secretarias (promoção Social, Cultura,
Esporte, etc.) ou com grupos da comunidade de forma a ter opções de
encaminhamento para os pacientes.
1° AULA
O que é Hipertensão?
-Sintomas
-O coração como bomba
-Os vasos sanguíneos
-Mecanismos que levam ao aumento da PA
2° AULA
Quem é Hipertenso?
-Herança
-Fatores predisponentes
-Fatores agravantes
3° AULA
Tratamento medicamentoso
-Drogas
-Efeitos Colaterais
-Drogas que aumentam a PA
4° AULA
Dieta
-Fumo
-Alcool
-O papel do sal
-As gorduras
-Os carbohidratos
5° AULA
Stress
-Como reconhecer
-Níveis de stress
-Técnicas de relaxamento
27
6° AULA
Exercícios
-Tipos adequados
-Freqüência
AVALIAÇÃO E CONTROLE
Será feita durante o desenvolvimento do programa através de:
1º - Comparecimento dos pacientes às reuniões grupas.
2° - Comportamento e participação dos membros no grupo.
3° - Ficha de controle.
ENFAIXAMENTO DA REUNIÃO
Pelo profissional de saúde.
Nomeando os temas abordados e resumindo-os, tentando citar os exemplos
dados pelos pacientes, chamando-os pelo nome, dificuldades e soluções
apresentadas pelo grupo; e eventualmente dando sugestões.
28
Atribuições e competências
da equipe de saúde
A equipe de Saúde da Família é
constituída por um médico, um enfermeiro,
um a dois auxiliares de enfermagem e
quatro a seis agentes de saúde, devendo
atuar, de forma integrada e com níveis de
competência bem estabelecidos, na
abordagem da hipertensão arterial e do
Diabetes mellitus.
Considerando que uma equipe
possua sob sua competência 800 famílias e
que uma família tenha em média cinco
integrantes, teremos uma população
estimada de 4.000 pessoas por equipe.
Dados do IBGE, de 1998 apontam que
49% da população brasileira são de adultos.
Assim, estima-se que 2.000 habitantes
merecerão uma atenção especial para o
risco dessas doenças.
Estimando-se que 20% dessa
população sofram de hipertensão e 8% de
diabetes, teremos, aproximadamente, 400
hipertensos e 160 diabéticos na população
adscrita. Deste contingente identificado,
podemos esperar que cerca de 280
apresentem hipertensão arterial leve; 60,
hipertensão arterial moderada; 32,
hipertensão arterial grave; e 28, hipertensão
sistólica isolada.
De acordo com esse exemplo, é
possível imaginar que pelo menos 340
indivíduos são hipertensos leves ou
moderados – que podem ser tratados pela
equipe de Saúde da Família, quando
devidamente capacitada para essa missão.
Do mesmo modo, podemos esperar que
128 indivíduos identificados como
diabéticos possam também ser tratados pela
equipe.
Agente Comunitário
de Saúde
1) Esclarecer a comunidade
sobre os fatores de risco para as
doenças cardiovasculares, orientando-a
sobre as medidas de prevenção.
2) Rastrear a hipertensão arterial
em indivíduos com mais de 20 anos,
pelo menos, uma vez ao ano, mesmo
naqueles sem queixa.
3) Identificar, na população em
geral pessoas com fatores de risco para
diabetes tipo 2, ou seja: idade igual ou
superior a 40 anos, vida sedentária,
obesidade, hipertensão, mulheres que
tiveram filhos com mais de 4 quilos ao
nascer e pessoas que tem ou tiveram
pais, irmãos e/ou outros parentes
diretos com diabetes.
4) Encaminhar à consulta de
enfermagem os indivíduos rastreados
como suspeitos de serem portadores de
hipertensão.
5) Encaminhar à unidade de
saúde, para exame de açúcar no sangue,
as pessoas com fatores de risco para
diabetes tipo 2.
6) Verificar o comparecimento
dos pacientes diabéticos e hipertensos
às consultas agendadas na unidade de
saúde.
7) Verificar a presença de
sintomas de elevação e/ou queda de
açúcar no sangue, e encaminhar para
29
referência.
Consulta extra.
8) Perguntar, sempre, ao paciente
hipertenso e ou diabético se o mesmo está
tomando, com regularidade, os
medicamentos e se está cumprindo as
orientações de dieta, atividades físicas,
controle de peso, cessação do hábito e
fumar e da ingestão de bebidas alcoólicas.
9) Registrar, em sua ficha de
acompanhamento, o diagnóstico de
hipertensão e diabetes de cada membro da
família.
8) Controlar o estoque de
medicamentos e solicitar reposição,
seguindo as orientações do enfermeiro
da unidade, no caso de impossibilidade
do farmacêutico.
9) Orientar pacientes sobre
automonitorização (glicosúria e
glicemia capilar) e técnica de aplicação
de insulina.
10) Fornecer medicamentos
para o paciente em tratamento, quando
da impossibilidade do farmacêutico.
30
Assistência de Enfermagem
O adulto deve ser considerado enquanto sujeito histórico, com uma vivência sóciocultural e psicológica própria que se refletem em suas condições de saúde somando-se a
uma herança biológica.
Por se tratar da fase mais produtiva do ponto de vista social, o adulto tende a não ter os
cuidados básicos com sua saúde, submetendo-se a “estilos de vida” prejudiciais. Portanto,
a assistência de enfermagem, voltada à prevenção de doenças, é de fundamental
importância; logo o atendimento da demanda espontânea deve ser organizado de tal forma
que possa ampliar a oferta de cuidados, criando ações de prevenção e promoção da saúde,
além das ações curativas de pronto atendimento, contextualizando o usuário na sua
realidade social, familiar e produtiva, ou seja, a ampliação da clínica.
Nesta fase do ciclo vital, todo adulto, independente do motivo do atendimento, necessita
de atenção preventiva à saúde. Apenas existem diferenças nessas ações relacionadas a
idade, gênero ou fatores de risco.
Neste trabalho propomos a readequação da assistência de enfermagem prevista nos
protocolos existentes (diabetes, hipertensão arterial e mulher)
Assistência de enfermagem
hipertensão arterial
ao
adulto
portador
de
Deve estar voltada à prevenção de complicações cardiovasculares, manutenção de níveis
pressóricos normais, avaliando e controlando os fatores de risco para complicações.
O serviço de saúde deve oferecer agendamento prévio para os atendimentos individuais
ou em grupo, para monitoramento das condições de saúde, segundo projeto terapêutico
individual e coletivo elaborado pela sua equipe de referência.
Ao enfermeiro:
•
-
Primeira consulta de enfermagem para o paciente hipertenso
Histórico de enfermagem
a. Identificação do cliente (dados sócio-econômicos, ocupação, moradia, lazer e
religião)
b. Antecedentes familiares e pessoais (agravos à saúde)
c. Medicações em uso (investigando efeitos colaterais)
d. Hábitos alimentares
31
e. Hábitos de vida (tabagismo, alcoolismo, drogadição, sono e repouso, higiene e
eliminações)
f. Queixas atuais (alergias, taquicardia, tontura, dor pré cordial, dispnéia, cefaléia,
câimbras, zumbido nos ouvidos, escotomas, parestesias, impotência sexual,
citologia oncótica e queixas ginecológicas para mulheres)
g. Percepção do cliente frente à patologia
h. Exame físico:
9 Dados antropométricos
9 PA sentado e deitado
9 Pulso radial e carotídeo
9 Rubor facial
9 Alterações de visão
9 Ingurgitamento jugular e tireóideo
9 Pele (integridade, turgor, coloração e manchas)
9 Tórax (ausculta cardiopulmonar)
9 Abdome
9 MMSS e MMII ( edema, pulso pedioso e lesões)
-
Levantamento de problemas/diagnósticos de enfermagem
-
Prescrição de enfermagem
-
Orientações higieno-dietéticas, hábitos de vida, medicações em uso e ao programa de
acompanhamento
-
Solicitação de exames previstos no protocolo (se necessário)
-
Fornecer a medicação em uso se necessário
•
Prescrição padrão de enfermagem para o paciente hipertenso de baixo e
médio risco
1. Promover um ambiente tranqüilo e estabelecer uma relação vínculo, respeitando a
privacidade do paciente.
2. Realizar a escuta ampliada e registrar no prontuário.
3. Verificar PA sentado, em pé e deitado, pulsos ( radial e pedioso ), freqüência
respiratória e peso.
4. Verificar presença de edema de pálpebras, MMSS e II e rubor facial.
32
5. Registrar o medicamento em uso (tipo, dosagem, quantidade, horários). Caso o paciente
refira alterações, adaptações, reações ao uso do medicamento, solicitar avaliação
médica ou do enfermeiro.
6. Verificar se o paciente mantém dieta prescrita pelo médico, enfermeiro e/ou
nutricionista.
7. Verificar o uso de bebidas alcóolicas e/ou tabagismo.
8. Checar e estimular a execução de atividades físicas, que tenham sido liberadas pelo
médico.
9. Inquirir sobre qualidade de vida do paciente e sintomas associados a hipertensão
(palpitação, tonturas, dor pré cordial, dispnéia, cefaléia, zumbidos nos ouvidos,
câimbras, escotomas, parestesias, impotência sexual, sangramentos e alterações do
sono).
10. Apresentar recursos disponíveis da comunidade, afim de melhorar a qualidade de vida
(teatro, aulas, grupos interativos).
11. Agendar grupos para orientação e discussão da patologia com o enfermeiro.
12. Solicitar avaliação conjunta do enfermeiro ou médico em casos de queixas ou sintomas.
Ao auxiliar de enfermagem:
•
Atendimento de enfermagem
-
Ouvir o relato do paciente (queixas e dúvidas)
-
Executar prescrições médicas e de enfermagem ( padrão ou individual, conforme
projeto terapêutico estabelecido).
33
Nome:
Idade:
Profissão:
1° QUESTIONÁRIO
Propor a participação no grupo como parte do “tratamento” oferecido pelas
unidades. Explicar em linhas gerais o trabalho a ser desenvolvido.
1) A quanto tempo tem pressão alta?
2) Acha que a pressão alta é doença grave?
3) O que usa de medicação? Dificuldades no uso da medicação.
4) Faz algum tipo de dieta? Qual? O que gosta de comer? Como se
alimenta?
5) Como sabe quando sua pressão está alta?
6) O que piora sua pressão?
7) O que melhora?
8) O que você acha que é pressão alta?
9) Como é a sua rotina?
10) O que acha do grupo?
34
Nome:
Idade:
Profissão:
2° QUESTIONÁRIO
1) O que está usando de medicação?
2) Faz algum tipo de dieta? Fez alguma mudança na dieta? O que foi difícil?
3) Acha que a HAS é doença grave?
4) O que piora sua pressão?
5) O que melhora?
6) O que você acha que é pressão alta?
7) Fez alguma mudança na rotina?
8) O que achou do grupo? O que pode melhorar?
35
Bibliografia
• IV Diretriz Brasileira de Hipertensão arterial
Sociedade Brasileira de Cardiologia
Sociedade Brasileira de Nefrologia
Sociedade Brasileira de Hipertensão
2002
• Atualização para atenção Básica
Hipertensão e Diabretes Milliuz
Ministério da Saúde
2002
• Manual de Hipertensão Arterial
Ministério da Saúde
2002
• Arquivo Brasileiro de Cardiologia
III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial
1998
36
CONSENSO
DE
HIPERTENSÃO
ARTERIAL
2006
37
Download