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País já tem plano para pandemia de gripe
Objetivo principal desse conjunto de medidas é orientar ações para minimizar
impacto de chegada do vírus H5N1
O Brasil é o primeiro país da América Latina a ter um Plano de Preparação
contra Pandemia (epidemia generalizada) de Gripe. Esse plano, desenvolvido pelo
Ministério da Saúde, prevê, entre várias medidas, o fortalecimento da vigilância
epidemiológica, o aumento da capacidade de detecção do vírus na rede de
laboratórios, a aquisição de um estoque de antiviral, a produção de vacinas e o
fortalecimento da vigilância em portos e aeroportos.
“O objetivo principal desse documento é orientar as ações e atividades
necessárias para impedir ou, pelo menos, retardar a introdução da cepa (tipo de
vírus) pandêmica no Brasil e minimizar o impacto na saúde da população”, afirma
o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa.
O Ministério da Saúde prevê que, no pior cenário traçado para uma
eventual pandemia de gripe, o Brasil teria 10% da população infectada. O governo
estima que metade dos pacientes precisaria de atendimento ambulatorial e que
haveria até 25 mil mortes provocadas pelo vírus H5N1. Esse vírus é transmitido
das aves para os humanos e já provocou dezenas de mortes na Ásia. O que
assusta cientistas e autoridades do mundo inteiro é a possibilidade de o H5N1
sofrer uma mutação e passar a ser transmitido entre humanos. Nessas
circunstâncias, poderia ocorrer a temida pandemia de gripe.
Segundo o ministro Saraiva Felipe, o Plano, lançado na última semana,
durante o Seminário Internacional de Gripe, no Rio de Janeiro, representa o
“primeiro passo de uma jornada muito mais ampla”. A preparação para uma
pandemia exige o envolvimento e a participação de todos os setores organizados
da sociedade, dentro e fora do governo.
“Vale ressaltar a necessidade de
esforços coordenados das três esferas governamentais e das não-governamentais
no planejamento para que os objetivos sejam plenamente alcançados”, disse o
ministro no evento.
Sentinelas – Algumas medidas previstas no Plano Brasileiro de Preparação para
uma Pandemia de Gripe já foram implementadas. O fortalecimento da vigilância
epidemiológica da influenza, por exemplo, é uma das ações do ministério em
funcionamento. O Sistema de Vigilância da Influenza no Brasil existe em 20
estados e no Distrito Federal e conta com uma rede de 46 unidades-sentinela.
Elas têm capacidade laboratorial para o diagnóstico rápido da doença em
situações de surto e para identificação das cepas de influenza circulantes (tipos de
vírus presentes).
Inicialmente o governo destinou R$ 193 milhões para a compra de nove
milhões de doses do antiviral Tamiflu, considerado o mais eficaz para tratamento
da gripe. O governo também destinou R$ 62 milhões para o aperfeiçoamento dos
laboratórios brasileiros e R$ 3,1 milhões para o Instituto Butantan instalar uma
planta industrial e fabricar a vacina a partir do próximo semestre.
O Ministério da Saúde chama a atenção da população brasileira para que
não entre em pânico e que siga todas as orientações das autoridades. O ministério
alerta sobre perigos como a auto-medicação. O uso de remédios por conta própria
pode, ao invés de fortalecer, deixar o organismo mais vulnerável ao vírus H5N1.
Tomar medicamentos sem a prescrição de um profissional de saúde é arriscado e
pode causar sérios danos à saúde.
Seminário Internacional – Nos dias 16, 17 e 18 de novembro, o Ministério da
Saúde promoveu um evento no Rio de Janeiro para apresentar e discutir o Plano
Brasileiro. O Seminário Internacional de Gripe reuniu representantes de
ministérios brasileiros, dos estados e capitais de todo o país, além de técnicos de
outros países, como os Estados Unidos, Chile e Canadá, que apresentaram uma
síntese de seus respectivos planos e contribuíram mostrando as ações de
prevenção e controle que estão sendo colocadas em prática. Participaram também
representantes da Organização Mundial da Saúde (OMS), da Organização da
Saúde Animal (OIE) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
No evento foram discutidos pontos que seriam críticos no combate a uma
pandemia, como disponibilidade limitada de antivirais e vacinas, utilização
adequada de recursos assistenciais e comunicação transparente entre os países.
Otávio Oliva, representante da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e
um dos participantes do seminário, apresentou os aspectos históricos e falou da
situação atual da gripe aviária. Ele ressaltou a importância de os países estarem
preparados para uma possível pandemia. “A probabilidade de acontecimento de
uma epidemia como essa é maior agora do que há três anos”, alertou Oliva.
O Seminário também serviu para estimular os estados a criar comissões
próprias para o monitoramento da doença, considerando a demanda específica de
vigilância e assistência de cada um. Até agora, São Paulo, Pernambuco, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul formaram suas comissões.
As
secretarias
de
Saúde de todos os estados deverão entregar as versões locais do Plano nacional
até abril.
“Se, por acaso, não houver uma pandemia como a esperada, todo esse
investimento e direcionamento de recursos serão válidos para fortalecer a infraestrutura hospitalar do país e para que nosso aperfeiçoamento para lidar com
situações de emergência”, declarou o ministro Saraiva Felipe.
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