Capítulo 16: Equilíbrio geral e eficiência econômica PARTE IV INFORMAÇÃO, FALHAS DE MERCADO E O PAPEL DO GOVERNO CAPÍTULO 16 EQUILÍBRIO GERAL E EFICIÊNCIA ECONÔMICA OBSERVAÇÕES PARA O PROFESSOR Este capítulo apresenta extensões da análise de vários tópicos discutidos nos capítulos anteriores. A Seção 16.1 trata da análise de equilíbrio geral, estendendo a análise de oferta e demanda a situações que envolvam múltiplos mercados interrelacionados. As seções 16.2 e 16.4 utilizam a caixa de Edgeworth para discutir a questão da eficiência no consumo e na produção — estendendo, assim, a análise dos capítulos 4 e 7. A Seção 16.3 trata da relação entre eqüidade e eficiência; caso haja escassez de tempo, essa seção pode ser pulada. A Seção 16.5, que discute os ganhos obtidos do comércio, também pode ser pulada, se necessário. A Seção 16.6 apresenta um bom resumo das seções 16.2 e 16.4 e discute a eficiência nos mercados competitivos. A Seção 16.7 apresenta diversos tipos de falhas de mercado. A distinção entre as análises de equilíbrio parcial e geral é facilmente aceita pelos estudantes. Entretanto, a análise gráfica da Figura 16.1 pode assustá-los. Apesar do capítulo não discutir o equilíbrio geral em termos mais completos, espera-se que os estudantes sejam capazes de compreender as limitações da análise de equilíbrio parcial e a necessidade de levar em consideração as interações entre mercados. É importante ressaltar a relevância da análise de equilíbrio geral para a discussão de políticas que afetam a economia como um todo, tais como o aumento do salário mínimo. A discussão de uma economia de trocas pode ser apresentada a partir do exemplo de duas crianças que trocam biscoitos e batatas fritas entre si no horário do almoço na escola. Para um exemplo mais sério, veja Radford, “The economic organization of a POW camp”, Economica (novembro de 1945). A definição de eficiência de Pareto causa um pouco de confusão entre os estudantes, em parte devido à forma em que é usualmente formulada ("uma alocação é eficiente no sentido de Pareto se não for possível melhorar o bem-estar de algum indivíduo, através da realocação dos bens, sem piorar o bem-estar de algum outro indivíduo"). Pode ser interessante tentar expressar a mesma idéia de forma alternativa; por exemplo: “Uma alocação não é eficiente no sentido de Pareto se for possível realocar os bens de modo a melhorar o bem-estar de algum indivíduo, mantendo inalterado o bem-estar dos demais”. O conceito de eficiência de Pareto deve revelar-se particularmente importante na discussão subseqüente sobre externalidades. É fundamental que os estudantes entendam a razão pela qual movimentos na direção da curva de contrato causam uma melhora de Pareto, ao passo que movimentos ao longo da curva de contrato não o fazem. Deve-se ressaltar que todos os equilíbrios competitivos são eficientes no sentido de Pareto, mas nem todos os pontos eficientes no sentido de Pareto são alocações de equilíbrio. É importante observar, ainda, que o equilíbrio competitivo depende da alocação inicial, mostrando que a alocação final não será necessariamente eqüitativa. Pode-se utilizar a caixa de Edgeworth para ilustrar a diferença entre eficiência e eqüidade: por exemplo, um ponto sobre a curva de contrato próximo a um dos cantos poderia ser considerado pior, do ponto de vista da eqüidade, relativamente a um ponto fora da curva e localizado próximo ao meio da caixa. O conflito entre eficiência e eqüidade levanta o problema de definir adequadamente o conceito de eqüidade e incorporá-lo à análise econômica. A Tabela 16.2 apresenta 265 Capítulo 16: Equilíbrio geral e eficiência econômica quatro definições de eqüidade. Pode ser interessante realizar uma discussão e uma votação entre os alunos para escolher a definição de eqüidade que eles consideram mais adequada. A Seção 16.4, que é uma continuação natural da Seção 16.2, apresenta o problema da produção na caixa de Edgeworth. Algumas idéias importantes dessa seção referem-se à eficiência nos fatores de produção e à curva de contrato na produção, associadas à aplicação do conceito de eficiência de Pareto à produção. É importante que os estudantes compreendam os requisitos necessários para a eficiência na produção antes de passar à discussão da Figura 16.10, que apresenta uma análise geométrica possivelmente inédita para os estudantes (a menos que, no Capítulo 15, a fronteira de possibilidade de investimento tenha sido discutida em detalhe). Como alternativa à Figura 16.10, pode-se desenhar uma caixa de Edgeworth de trocas no interior da FPP, com um dos vértices no ponto C, mostrando que as taxas marginais de substituição de cada indivíduo devem ser iguais e idênticas à taxa marginal de transformação. A Seção 16.5 apresenta o conceito de vantagem comparativa e aplica a análise de equilíbrio geral aos ganhos do comércio internacional (entre dois países). A Seção 16.7 serve como uma ponte entre o Capítulo 16 e os dois capítulos seguintes. QUESTÕES PARA REVISÃO 1. Por que razão os efeitos de feedback tornam a análise de equilíbrio geral substancialmente diferente da análise de equilíbrio parcial? A análise de equilíbrio parcial trata da interação entre oferta e demanda em um mercado, ignorando os efeitos que as variações em determinado mercado possam causar nos mercados de produtos complementares ou substitutos. A análise de equilíbrio geral procura levar em consideração os efeitos de feedback, em que o preço ou quantidade em um mercado pode causar o ajuste de preço ou quantidade em mercados relacionados. Ignorar esses efeitos de feedback pode levar a previsões menos precisas dos efeitos de mudanças na oferta ou demanda em determinado mercado. Uma variação inicial em um mercado pode, por exemplo, causar uma variação na demanda de um mercado relacionado, que pode, então, causar uma segunda variação na demanda do primeiro mercado. A análise de equilíbrio parcial pararia na primeira mudança inicial, enquanto a análise de equilíbrio geral continuaria e observaria as possíveis mudanças na demanda dos mercados relacionados. Embora a análise devesse considerar todos os possíveis efeitos entre mercados, essa é uma tarefa muito complexa, cabendo ao economista identificar os mercados que estejam mais diretamente relacionados ao mercado de interesse. A atenção é direcionada a esses mercados, o que possibilita previsões mais precisas de mudanças no equilíbrio de preços e quantidades. 2. Explique, no diagrama da caixa de Edgeworth, de que forma determinado ponto pode simultaneamente representar as cestas de mercado de dois consumidores. O diagrama da caixa de Edgeworth permite representar a distribuição das quantidades disponíveis de dois bens entre dois indivíduos. A caixa é desenhada invertendo-se as curvas de indiferença de um indivíduo e sobrepondo-as às curvas de indiferença do outro indivíduo. Os lados da caixa representam as quantidades totais disponíveis dos dois bens. A distância entre o eixo horizontal e cada ponto ao longo do eixo vertical indica a quantidade do bem 1 alocada para cada consumidor. Para um dos consumidores, a distância é medida de cima para baixo, enquanto, para 266 Capítulo 16: Equilíbrio geral e eficiência econômica o outro consumidor, a distância é medida de baixo para cima. De forma análoga, os pontos ao longo do eixo horizontal representam as quantidades do bem 2 alocadas para cada consumidor. Cada ponto na caixa representa, assim, uma alocação diferente dos dois bens entre os consumidores. 3. Em uma análise de trocas utilizando um diagrama da caixa de Edgeworth, explique por que a taxa marginal de substituição dos dois consumidores é igual em cada um dos pontos da curva de contrato. A curva de contrato é o conjunto de pontos, numa caixa de Edgeworth, em que as curvas de indiferença dos dois indivíduos são tangentes. Sabemos que a taxa marginal de substituição é igual à inclinação (negativa) da curva de indiferença. Além disso, sabemos que, no ponto de tangência entre duas curvas, suas inclinações são iguais. Logo, supondo que as curvas de indiferença sejam convexas, podemos concluir que, ao longo da curva de contrato, as taxas marginais de substituição entre os dois bens devem ser iguais para os dois indivíduos. 4. “Uma vez que todos os pontos de uma curva de contrato são eficientes, tais pontos são igualmente desejáveis do ponto de vista social.” Você concorda com essa afirmação? Justifique. Se, do ponto de vista social, estivermos interessados apenas na questão da eficiência, e não da eqüidade, todos os pontos sobre a curva de contrato serão igualmente desejáveis. A ênfase da análise econômica concentra-se efetivamente na questão da eficiência, devido à impossibilidade de comparar adequadamente níveis de utilidade de diferentes indivíduos. Entretanto, se estivermos preocupados também com a questão da eqüidade (isto é, com o fato da alocação final ser ou não justa), a afirmação deixa de ser válida, e diferentes pontos da curva de contrato deixam de ser igualmente desejáveis. 5. De que forma a fronteira de possibilidades de utilidade se relaciona com a curva de contrato? Cada ponto da caixa de Edgeworth está associado a determinado nível de utilidade de cada indivíduo; logo, é possível estabelecer uma ordenação de todos os pontos de acordo com as preferências de cada indivíduo. Tal ordenação das preferências representa a função de utilidade do indivíduo. É possível apresentar em um gráfico os níveis de satisfação (utilidade) que cada indivíduo pode atingir, representando no eixo vertical os níveis de utilidade de um indivíduo e, no eixo horizontal, a utilidade do outro indivíduo. (Evidentemente, seria possível apresentar o caso em que houvesse mais de dois indivíduos utilizando número maior de eixos). A fronteira de possibilidades de utilidade mostra os níveis de satisfação obtidos por cada indivíduo em cada um dos pontos eficientes ao longo da curva de contrato. Os pontos que se encontram entre a origem e a fronteira de possibilidades de utilidade são factíveis mas ineficientes, pois através de trocas seria possível aumentar o bem-estar de um dos indivíduos mantendo inalterado o bem-estar do outro. Por sua vez, os pontos fora da fronteira não são factíveis dadas as quantidades dos dois bens disponíveis no mercado. 6. Em um diagrama da caixa de Edgeworth, quais condições devem ser satisfeitas para que determinada alocação esteja situada na curva de contrato de produção? Por que os equilíbrios competitivos estão situados na curva de contrato? 267 Capítulo 16: Equilíbrio geral e eficiência econômica No caso da produção de dois bens a partir de dois insumos, cada ponto da caixa de Edgeworth representa uma alocação dos dois insumos entre os dois processos produtivos e corresponde a um determinado nível de produção de cada bem – estando, portanto, localizado sobre duas isoquantas, uma para cada processo produtivo. A curva de contrato na produção representa todas as combinações de insumos que sejam eficientes do ponto de vista técnico, ou seja, combinações a partir das quais não seja possível aumentar a produção de um dos bens sem reduzir a produção do outro bem. O equilíbrio competitivo é um ponto sobre a curva de contrato da produção, correspondente à interseção dessa curva com uma reta que passa pela alocação inicial e apresenta inclinação igual à razão entre os preços dos insumos (a razão dos preços determina as taxas às quais os insumos podem ser trocados no mercado). Para que um equilíbrio competitivo se verifique, cada produtor deve utilizar quantidades dos insumos de modo que suas isoquantas tenham inclinações idênticas e iguais à razão dos preços dos dois insumos. Logo, o equilíbrio competitivo é eficiente na produção. (Observação: este equilíbrio supõe curvas de indiferença convexas). 7. De que forma a fronteira de possibilidades de produção se relaciona com a curva de contrato de produção? É possível apresentar, em um gráfico, os níveis de produção de cada bem correspondentes a cada ponto da caixa de Edgeworth, representando no eixo vertical os níveis de produção de um bem e, no eixo horizontal, a produção do outro bem. A fronteira de possibilidades de produção mostra os níveis de produção de cada bem para cada um dos pontos eficientes ao longo da curva de contrato. Os pontos que se encontram entre a origem e a fronteira de possibilidades de produção são factíveis mas ineficientes. Por sua vez, os pontos fora da fronteira não são factíveis e são atingíveis apenas quando mais insumos se tornam disponíveis ou quando o processo de produção se torna mais eficiente. Os pontos que se encontram na fronteira são os mesmos da curva de contrato. A diferença é que a curva de contrato de produção mede os insumos nos eixos e a fronteira mede as produções. 8. O que é a taxa marginal de transformação (TMT)? Explique por que a TMT de uma mercadoria por outra é igual à razão entre os custos marginais de produção dessas mercadorias. A taxa marginal de transformação, TMT, é dada pelo valor absoluto da inclinação da fronteira de possibilidades de produção, e mede quanto de uma produção deve ser realizada para produzir mais uma unidade de outra produção. O custo total de todos os insumos é o mesmo em cada ponto da fronteira de possibilidades de produção porque usamos a mesma quantidade total de insumos e dificilmente os alocamos de forma diferente ao longo da fronteira. Assim, quando descemos ao longo da fronteira, o custo de uma produção é reduzido na mesma quantidade que o custo de outra produção é aumentado. Suponhamos que a TMT seja 4 em termos de valor absoluto; assim, devemos ter 4 unidades de produção no eixo vertical para obter mais uma unidade de produção no eixo horizontal. Isso significa que o custo total de produzir 4 unidades é o mesmo que de produzir uma única unidade, ou que o custo 268 Capítulo 16: Equilíbrio geral e eficiência econômica marginal de um bem no eixo horizontal é 4 vezes o custo marginal de um bem no eixo vertical. 9. Explique por que as mercadorias não podem ser eficientemente distribuídas entre os consumidores se a TMT não for igual à taxa marginal de substituição dos consumidores. Se a taxa marginal de transformação, TMT, não for igual à taxa marginal de substituição, TMS, será possível realocar os insumos entre os processos produtivos de modo a aumentar o bem-estar dos consumidores e produtores. Se TMS for maior do que TMT, os consumidores estarão dispostos a pagar mais por uma unidade de um produto do que os produtores gastariam para produzi-la. Ambos, então, podem se beneficiar ao estabelecer um negócio entre o que os consumidores estão dispostos a pagar e o que os produtores precisam pagar pela produção da unidade extra. Note que, quando TMT TMS, a razão dos custos marginais é diferente da razão dos preços. Isso significa que um bem é vendido a um preço abaixo do custo marginal e o outro, a um preço acima. Devemos, então, aumentar a produção do bem cujo preço está abaixo do custo marginal e diminuir a do bem cujo preço está acima do custo marginal. 10. Por que o livre comércio entre dois países poder beneficiar os consumidores de ambos? O livre comércio entre dois países expande a fronteira de possibilidades de produção de cada país e permite que ambos consumam em um ponto acima de sua fronteira original. Se cada país possui uma vantagem comparativa na produção de um bem ou serviço, o comércio permite que ele se especialize em uma área em que possui essa vantagem. O país trocará a produção pelos bens produzidos em outros países a custos inferiores. Logo, o comércio pode beneficiar os consumidores de ambos os países. 11. Se o país A tem uma vantagem absoluta na produção de duas mercadorias em comparação com o país B, não vale a pena para ele fazer comércio com o país B. Verdadeiro ou falso? Explique. Essa afirmação é falsa. Um país pode ter vantagem absoluta na produção de todos os bens, mas eles terão apenas uma vantagem comparativa na produção de alguns bens. Suponha que o país A exija 4 unidades de trabalho para produzir o bem 1 e 8 unidades de trabalho para produzir o bem 2, enquanto o país B exige 8 e 12 unidades, respectivamente. O país A pode produzir ambos os produtos a custos mais baixos e, portanto, tem uma vantagem absoluta na produção de ambos. No entanto, o comércio é baseado na vantagem comparativa, que considera de quanto de um bem se deve abrir mão para obter mais uma unidade de outro bem. Neste caso, o país A deve abrir mão de 2 unidades do bem 1 por outra unidade do bem 2, enquanto o país B deve abrir mão de apenas 1,5 unidade do bem 1 por outra unidade do bem 2. O país B, portanto, tem uma vantagem comparativa ao produzir o bem 2. De forma análoga, o país A terá uma vantagem comparativa ao produzir o bem 1. 12. Você concorda com as afirmações a seguir? Explique. a. Se é possível trocar 3 libras de queijo por 2 garrafas de vinho, o preço do queijo equivale a 2/3 do preço do vinho. Sim, se 3 libras de queijo podem ser trocadas por 2 garrafas de vinho, então o queijo deve ter um custo equivalente a 2/3 do custo do vinho e, portanto, seu preço deve ser 2/3 do preço do vinho. 269 Capítulo 16: Equilíbrio geral e eficiência econômica b. c. d. Um país somente sairá ganhando com o comércio se puder produzir uma mercadoria a um custo absoluto mais baixo que o de seu parceiro comercial. Não, pois o comércio é baseado na vantagem comparativa, não na absoluta. Um país pode ser absolutamente pior na produção de todos os bens, mas ainda será comparativamente melhor na produção de algum bem. Se os custos de produção médio e marginal forem constantes, valerá a pena para determinado país se especializar totalmente na produção de algumas mercadorias e importar as demais. Sim, pois se o país A sempre tem de abrir mão de 2 unidades do bem 1 por outra do bem 2 e o país B sempre tem de abrir mão de 3 unidades do bem 1 por outra do bem 2, então o país A deve produzir o suficiente do bem 2 para satisfazer a demanda dos dois países. Da mesma forma, o país B deve produzir o suficiente do bem 1 para satisfazer a demanda dos dois países (seu custo é de 1/3 contra 1/2 para o país A). Note que, na realidade, os custos marginal e médio tendem a aumentar após algum tempo conforme mais recursos são destinados a um dado setor. Partindo do pressuposto de que o trabalho é o único insumo, se o custo de oportunidade de produzir um metro de tecido é de 3 bushels de trigo por metro, o trigo exige 3 vezes mais trabalho por unidade produzida que o tecido. Não, pois se um país precisa abrir mão de 3 buschels de trigo para produzir outro metro de tecido, então os mesmos recursos de trabalho para a produção de 3 buschels de trigo serão necessários para a produção de mais um metro. Logo, o metro de tecido requer três vezes mais trabalho (o único insumo). 13. Quais são as quatro principais fontes de falha no mercado? Explique resumidamente por que cada uma delas impede o mercado competitivo de operar com eficiência. As quatro principais fontes de falhas no mercado são: poder de mercado, informação incompleta, externalidades e bens públicos. Conforme vimos no estudo das estruturas de mercado, o poder de mercado gera situações em que o preço não é igual ao custo marginal, pois o nível de produção é inferior ao nível ótimo do ponto de vista social. Nessas condições, seria possível aumentar o bem-estar dos consumidores através do deslocamento dos insumos para a produção dos bens produzidos em mercados competitivos, de modo a reduzir o preço até igualá-lo ao custo marginal. A existência de informação incompleta implica que os preços não refletem necessariamente os custos marginais de produção ou as variações nos níveis de utilidade associados a mudanças no consumo, levando a equilíbrios com níveis de produção e consumo demasiadamente elevados ou baixos (sendo possível o caso extremo em que a produção é nula). As externalidades ocorrem quando as atividades de consumo ou de produção afetam outras atividades de consumo ou produção através de efeitos que não se refletem nos preços de mercado. Os bens públicos são bens que podem ser consumidos a preços inferiores ao custo marginal (sendo possível o caso extremo em que o preço é nulo), dada a impossibilidade de impedir o consumo por parte de consumidores que não tenham pago pelos bens. Em todos os quatro casos, os preços não fornecem os sinais adequados para orientar as atividades de produção e consumo por parte de produtores e consumidores, de modo que o mecanismo de mercado não é capaz de igualar os custos sociais marginais aos benefícios sociais marginais. 270 Capítulo 16: Equilíbrio geral e eficiência econômica EXERCÍCIOS 1. Suponhamos que o ouro (O) e a prata (P) sejam substitutos um do outro pelo fato de ambos servirem como garantia contra a inflação. Suponhamos também que a oferta de ambos seja fixa no curto prazo (QO = 75, e QP = 300) e que as demandas de ouro e prata sejam obtidas por meio das seguintes equações: PO = 975 – QO + 0,5PP a. e PP = 600 – QP + 0,5PO. Quais são os preços de equilíbrio do ouro e da prata? No curto prazo, a quantidade de ouro, QO, , é fixada em 75. Insira QO na equação de preços para ouro: PO = 975 - 75 + 0,5PP. No curto prazo, a quantidade de prata, QP, , é fixada em 300. Inserindo QP na equação de preços para a prata: PP = 600 - 300 + 0,5PO. Dado que temos, agora, duas equações e duas incógnitas, insira o preço do ouro na função de demanda da prata e resolva o preço da prata: PP = 600 - 300 + (0,5)(900 + 0,5PP ) = $1.000. Depois insira o preço da prata na função de demanda do ouro: PO = 975 - 75 + (0,5)(1.000) = $1.400. b. O que aconteceria se uma nova descoberta de ouro dobrasse a quantidade ofertada para 150? De que forma tal descoberta influenciaria os preços do ouro e da prata? Quando a quantidade de ouro aumenta em 75 unidades, de 75 para 150, devemos resolver nosso sistema de equações: PO = 975 - 150 + 0,5PP, ou PO = 825 + (0,5)(300 + 0,5PO ) = $1.300. O preço da prata é igual a: PP = 600 - 300 + (0,5)(1.300) = $950. 2. Usando a análise de equilíbrio geral e levando em conta os efeitos de feedback, analise as seguintes situações: a. Os prováveis efeitos da deflagração de uma doença em aviários sobre os mercados de frango e carne de porco. Se os consumidores estiverem preocupados com a qualidade do frango, devem optar pelo consumo da carne de porco. Isso deslocará a curva da demanda de porco para fora e para a direita, e a do frango, para baixo e para a esquerda. Os efeitos de feedback vão parcialmente contrabalançar esses deslocamentos em duas curvas de demanda. Quando o preço do porco aumentar, algumas pessoas poderão voltar a consumir frango. Isso deslocará um pouco a curva do frango de volta para a direita, e a curva do porco para a esquerda. No geral, esperaríamos que o preço 271 Capítulo 16: Equilíbrio geral e eficiência econômica do frango baixasse e o do porco aumentasse, mas não tanto quanto se não houvesse efeitos de feedback. b. Os efeitos de um aumento de impostos nos bilhetes aéreos para destinos turísticos importantes, como Flórida e Califórnia, sobre as vagas de hotel nesses destinos. Dado que o aumento de impostos nos bilhetes aéreos encarece a viagem, a curva da demanda por bilhetes se deslocará para baixo e para a esquerda, reduzindo o preço nos bilhetes. A redução na venda de bilhetes aéreos vai reduzir a demanda dos visitantes por quartos de hotéis, fazendo a curva da demanda por quartos se deslocar para baixo e apara a esquerda, reduzindo seu preço. Para efeitos de feedback, o preço mais baixo para bilhetes aéreos e quartos pode encorajar os consumidores a viajar mais, o que levaria ambas as curvas de demanda a se deslocar para cima e para a direita, contrabalançando o declínio inicial nos dois preços. Esperaríamos que ambos os preços também baixassem. 3. Jane possui 3 litros de refrigerante e 9 sanduíches. Por sua vez, Bob possui 8 litros de refrigerante e 4 sanduíches. Para tais posses, a taxa marginal de substituição (TMS) de Jane de sanduíches por refrigerante é 4 e a de Bob é 2. Desenhe um diagrama da caixa de Edgeworth para mostrar se essa alocação de recursos é eficiente. Em caso positivo, explique a razão. Em caso negativo, diga quais trocas poderiam ser vantajosas para ambos. Dado que TMSBob TMSJane, a atual alocação de recursos é ineficiente. Jane e Bob poderiam trocar entre si de modo a aumentar o bem-estar de um deles sem diminuir o bem-estar do outro. Apesar de não conhecermos o formato das curvas de indiferença de Jane e Bob, conhecemos a inclinação de ambas as curvas de indiferença na alocação atual: TMSJane = 4 e TMSBob = 2. Dada essa alocação, Jane está disposta a trocar 4 sanduíches por 1 refrigerante, ou abrir mão de 1 refrigerante em troca de 4 sanduíches, enquanto Bob está disposto a trocar 2 sanduíches por 1 refrigerante, ou abrir mão de 1 refrigerante em troca de 2 sanduíches. Jane dará 4 sanduíches por 1 refrigerante, enquanto Bob está disposto a aceitar apenas 2 sanduíches em troca de 1 refrigerante. Se Jane desse a Bob 3 sanduíches em troca de 1 refrigerante, seu bem-estar aumentaria, pois ela estaria disposta a dar até 4 sanduíches pelo refrigerante mas teria dado apenas 3. Bob também estaria em situação melhor que antes, pois estaria disposto a aceitar 2 sanduíches para abrir mão do refrigerante mas teria recebido 3. Jane terminaria com 4 refrigerantes e 6 sanduíches, e Bob, com 7 refrigerantes e 7 sanduíches. Se Jane quisesse dar refrigerantes em troca de sanduíches, ela estaria disposta a abrir mão de 1 refrigerante em troca de 4 sanduíches. Entretanto, Bob não estaria disposto a abrir mão de mais do que 2 sanduíches em troca de um refrigerante, de modo que não haveria nenhuma troca entre os dois. 4. Jennifer e Drew consomem suco de laranja e café. A TMS de Jennifer de café por suco é 1, e a de Drew é 3. Se o preço do suco é $2 e o do café é $3, qual mercado está com excesso de demanda? O que acontecerá com o preço dos dois bens? Jennifer está disposta a trocar 1 café por 1 suco de laranja, e Drew, 3 cafés por 1 suco. No mercado, é possível a troca de 2/3 de um café por 1 suco de laranja. Ambos acharão ótimo trocar o café por suco, pois eles estão dispostos a abrir mão de uma quantidade de suco maior do que aquela de que precisam desistir. Há um excesso de demanda de suco de laranja e um excesso de oferta de café. O preço do café cairá e o do suco subirá. Observe que, dadas as taxas de TMS e os preços, 272 Capítulo 16: Equilíbrio geral e eficiência econômica tanto Jennifer quanto Drew têm uma utilidade marginal maior por dólar para o suco de laranja se comparada ao café. 5. Complete as tabelas a seguir com as informações que faltam. Para cada uma, use as informações fornecidas para identificar um possível comércio. Em seguida, identifique a alocação final e um valor para a TMS na solução eficiente. (Observação: há mais de uma resposta correta.) Ilustre seus resultados com diagramas da caixa de Edgeworth. a. A TMS de Norman de alimento por vestuário é 1 e a de Gina é 4: Indivíduo Norman Gina Alocação inicial 6A, 2V 1A, 8V Comércio 1A por 3V 3V por 1A Alocação final 5A, 5V 2A, 5V Gina abrirá mão de 4 unidades de vestuário por 1 de alimento, enquanto Norman estaria disposto a aceitar 1 unidade de vestuário por 1 de alimento. Se eles concordam em 2 ou 3 unidades de vestuário por uma de alimento, ambos ficariam em uma situação melhor. Digamos que eles estabeleçam 3 unidades de vestuário por 1 de alimento. Gina abrirá mão de 3 unidades de vestuário e receberá 1 unidade de alimento, então sua alocação final será 2A e 5V. Norman estará disposto a abrir mão de 1 unidade de alimento e receber 3 de vestuário, logo, sua alocação final será 5A e 5V. A TMS de Gina diminuirá e a de Norman aumentará. Assim, dado que elas devem ser iguais no final, serão algo entre 1 e 4, em valores absolutos. b. A TMS de Michael de alimento por vestuário é ½ e a de Kelly é 3. Indivíduo Michael Kelly Alocação inicial 10A, 3V 5A, 15V Comércio 1A por 1V 1V por 1A Alocação final 9A, 4V 6A, 14V Michael abrirá mão de 2 unidades de alimento por 1 de vestuário, enquanto Kelly está disposta a aceitar apenas 1/3 de alimento por 1 unidade de vestuário. Se eles estabelecerem 1 unidade de alimento por 1 de vestuário, ambos ficarão em melhor situação. Michael abrirá mão de 1 unidade de alimento e receberá 1 unidade de vestuário, então sua alocação final será 9A e 4V. Kelly abrirá mão de 1 unidade de vestuário e receberá 1 de alimento, logo, sua alocação final será 6A e 14V. A TMS de Kelly diminuirá e a de Michael aumentará. Assim, dado que elas devem ser iguais no final, serão algo entre 3 e 1/2, em valores absolutos. 6. Em uma análise de trocas entre duas pessoas, suponhamos que ambas possuam preferências idênticas. A curva de contrato seria uma linha reta? Explique. (Você poderia pensar em algum contra-exemplo?) A curva de contrato intercepta os pontos de origem referentes a cada indivíduo; logo, uma curva de contrato reta seria uma linha diagonal unindo as duas origens. A inclinação dessa linha é Y X , onde Y é a quantidade total do bem medido no eixo vertical e X é a quantidade total do bem medido no eixo horizontal. x1 ,y1 são as quantidades dos dois bens alocadas para um indivíduo e x2 ,y 2 X x1, Y y1 273 Capítulo 16: Equilíbrio geral e eficiência econômica são as quantidades dos dois bens alocadas para o outro indivíduo; a curva de contrato pode ser representada pela equação Y y1 = x 1 . X Precisamos mostrar que, quando as taxas marginais de substituição dos dois 1 2 indivíduos são iguais (TMS = TMS ), a alocação se encontra sobre a curva de contrato. Por exemplo, considere a função de utilidade U x i2 yi . Logo, TMS i 1 UMg xi 2 xi yi 2 yi 2 UMg iy xi xi 2 Se a TMS é igual a TMS , 2y1 2y 2 . x1 x 2 Esse ponto está localizado na curva de contrato? Sim, porque x2 = X - x1 e y2 = Y - y1, y Y y1 2 1 2 . x1 X x1 Isso significa que y1 ( X x1 ) y X y1 x1 Y y1 , ou 1 Y y1 , e x1 x1 y1 X yX Y y1 Y y1 , ou 1 Y , ou y1 x1 x1 X 1 x1 2 Com essa função de utilidade descobrimos que TMS = TMS , e que a curva de contrato é uma linha reta. Entretanto, se os dois consumidores possuírem preferências idênticas mas rendas diferentes e um dos bens for um bem inferior, a curva de contrato não será uma linha reta. 7. Dê um exemplo de condições nas quais a fronteira de possibilidades da produção poderia não ter formato côncavo. A fronteira de possibilidades da produção será côncava se pelo menos uma das funções de produção mostrar rendimentos decrescentes de escala. Se ambas as funções de produção exibirem rendimentos constantes de escala, a fronteira de possibilidades de produção será uma linha reta. Se ambas as funções de produção mostrarem rendimentos crescentes de escala, a função de produção será convexa. Os exemplos numéricos a seguir podem ser usados para ilustrar esse conceito. Suponha que L seja o insumo trabalho, e X e Y sejam os dois bens. O primeiro exemplo é o caso dos rendimentos decrescentes de escala, o segundo exemplo é o caso dos rendimentos constantes de escala e o terceiro exemplo é o caso dos rendimentos crescentes de escala. Note, no entanto, que não é necessário que ambos os produtos tenham funções de produção idênticas. 274 Capítulo 16: Equilíbrio geral e eficiência econômica Produto X Produto Y FPP L X L Y X Y 0 0 0 0 0 30 1 10 1 10 10 28 2 18 2 18 18 24 3 24 3 24 24 18 4 28 4 28 28 10 5 30 5 30 30 0 Produto X Produto Y FPP L X L Y X Y 0 0 0 0 0 50 1 10 1 10 10 40 2 20 2 20 20 30 3 30 3 30 30 20 4 40 4 40 40 10 5 50 5 50 50 0 Produto X Produto Y FPP L X L Y X Y 0 0 0 0 0 80 1 10 1 10 10 58 2 22 2 22 22 38 3 38 3 38 38 22 4 58 4 58 58 10 5 80 5 80 80 0 Observe que não é necessário que ambos os produtos possuam funções de produção idênticas. 8. Um monopsonista adquire mão-de-obra por menos do que a remuneração competitiva. Qual o tipo de ineficiência causado por esse uso de poder de monopsônio? De que forma seria alterada sua resposta caso o monopsonista no mercado de trabalho fosse também um monopolista no mercado de produção? Na presença de poder de mercado, o mecanismo de mercado não é capaz de alocar os recursos eficientemente. Se o salário pago por um monopsonista estiver abaixo da remuneração competitiva, a quantidade de mão-de-obra usada no processo de 275 Capítulo 16: Equilíbrio geral e eficiência econômica produção será inferior ao nível eficiente. Entretanto, a produção poderá crescer porque os insumos são geralmente menos custosos. Se a empresa for um monopolista no mercado de produção, essa produção será tal que o preço estará acima do custo marginal e a produção, claramente, abaixo. Com o monopsônio, é possível que se produza além do nível eficiente; com o monopólio, o nível de produção será inferior ao nível eficiente. O incentivo para se produzir pouco pode ser menor, igual ou maior do que o incentivo para se produzir muito. Os dois incentivos só seriam iguais no caso de uma combinação particular de despesa marginal e receita marginal. 9. A empresa Acme Corporation produz x e y unidades de mercadorias Alfa e Beta, respectivamente. a. Use uma fronteira de possibilidades de produção para explicar por que o desejo de produzir maiores ou menores quantidades de Alfa depende da taxa marginal de transformação de Alfa ou Beta A fronteira de possibilidades de produção mostra todas as combinações eficientes de Alfa e Beta. A taxa marginal de transformação de Alfa por Beta é a inclinação da fronteira de possibilidades de produção e mede o custo marginal de produção de um dos bens relativamente ao custo marginal de produção do outro bem. O aumento da produção de Alfa requereria que a Acme retirasse insumos da produção de Beta e os redirecionasse para a produção de Alfa. A taxa à qual tal substituição pode ser feita de modo eficiente é dada pela taxa marginal de transformação. b. Considere os dois casos extremos de produção: (i) inicialmente a Acme produz zero unidades do produto Alfa, ou (ii) inicialmente a Acme produz zero unidades do produto Beta. Se a empresa procura sempre permanecer em sua fronteira de possibilidades da produção, descreva as posições iniciais nos casos (i) e (ii). O que ocorreria se a Acme Corporation começasse a produzir ambas as mercadorias? Os dois casos extremos correspondem a soluções de canto para o problema da determinação do nível ótimo de produção, dados os preços de mercado. Ambas as soluções são possíveis a partir de diferentes razões de preços, que poderiam gerar pontos de tangência com o lado da FPP correspondente à Acme. Suponhamos que a razão entre os preços mude de modo a tornar eficiente a produção de ambos os bens por determinada empresa, e que a fronteira de produção apresente o formato côncavo padrão. Nessas condições, é provável que a empresa seja capaz de reduzir um pouco a quantidade de seu produto principal em troca de ganhos mais expressivos na produção do segundo bem. A empresa deveria continuar a deslocar a produção até que a razão dos custos marginais (ou seja, a TMT) fosse igual à razão dos preços de mercado dos dois produtos. 10. No contexto da análise da caixa de produção de Edgeworth, suponhamos que uma nova invenção faça com que determinado processo produtivo de alimento, antes com rendimentos constantes de escala, passe a apresentar rendimentos acentuadamente crescentes de escala. De que forma essa modificação influenciaria a curva de contrato da produção? A curva de contrato de produção é o conjunto de pontos, numa caixa de Edgeworth, em que as isoquantas dos dois processos produtivos são tangentes. Uma modificação no grau de rendimentos de escala na produção não implica necessariamente uma mudança no formato das isoquantas, pois é possível que as 276 Capítulo 16: Equilíbrio geral e eficiência econômica quantidades associadas a cada isoquanta sejam simplesmente redefinidas de modo que aumentos proporcionais nos insumos gerem aumentos mais do que proporcionais na produção. Nesse caso, a taxa marginal de substituição técnica não se modificaria, e a curva de contrato de produção permaneceria inalterada. Por outro lado, se a mudança no grau de rendimentos de escala na produção estivesse associada a uma mudança nas possibilidades de substituição entre os dois insumos (e, portanto, a uma mudança no formato das isoquantas), a curva de contrato de produção também se modificaria. Supondo, por exemplo, que a função K de produção original fosse Q = LK, com TMgST , o formato das isoquantas L 2 2 K não se modificaria se a nova função de produção fosse Q = L K , com TMgST , L 2 mas se modificaria se a nova função de produção fosse Q = L K, com K TMST 2 . Observe que, nesse último caso, é provável que a fronteira de L possibilidades de produção se torne convexa. 11. Suponhamos que o país A e o país B produzam vinho e queijo. O país A tem 800 unidades de trabalho disponíveis, enquanto o país B tem 600 unidades. Antes do comércio, o país A consumia 40 libras de queijo e 8 garrafas de vinho, e o país B consumia 30 libras de queijo e 10 garrafas de vinho. País A 10 50 Trabalho por libra de queijo Trabalho por garrafa de vinho a. b. País B 10 30 Qual país tem uma vantagem comparativa na produção de cada bem? Explique. Para produzir outra garrafa de vinho, o país A precisa de 50 unidades de trabalho e deve, então, produzir cinco unidades a menos de queijo. O custo de oportunidade de uma garrafa de vinho é cinco libras de queijo. Para o país B, o custo de oportunidade de uma garrafa é de três libras de queijo. Dado que o país B tem um custo menor, ele deve produzir o vinho e o país A deve produzir o queijo. O custo de oportunidade do queijo no país A é 1/5 de uma garrafa de vinho e no país B, 1/3. Determine, tanto gráfica quanto algebricamente, a curva de possibilidades de produção para cada país. (Identifique o ponto da produção anterior ao comércio, AC, e o ponto da produção posterior ao comércio, P.) Para o país A, a fronteira de produção é dada por 10Q+50V=800, ou Q=80-5V; para o país B é dada por 10Q+30V=600, ou Q=60-3V. A inclinação da fronteira para o país A é de -5, que é o preço do vinho dividido pelo preço do queijo. Assim, no país A o preço do vinho é 5 e no país B é 3. Após o comércio, o preço ficará na metade em algum lugar. O ponto da produção posterior é em função da linha de comércio, que tem uma inclinação igual à razão do preço mundial, ou seja, -4 neste caso. O país A produzirá apenas queijo e o país B, apenas vinho. Cada um pode consumir em um ponto, em termos da linha de comércio, que fique acima e do lado de fora da fronteira de produção. 277 Capítulo 16: Equilíbrio geral e eficiência econômica Q P C 80 AC V 16 c. d. e. País A Considerando que 36 libras de queijo e 9 garrafas de vinho foram negociadas, identifique o ponto de consumo posterior ao comércio, C. Veja o gráfico para o país A no item anterior. Antes do comércio, o país consumia e produzia no ponto AC, que era dado por 40 libras de queijo e 8 garrafas de vinho. Após o comércio, o país A estaria completamente especializado na produção de queijo e produziria no ponto P. Dadas as quantidades comercializadas, o país A consumiria 80-36=44 libras de queijo e 0+9 garrafas de vinho. Este é o ponto C no gráfico. O gráfico para o país B seria semelhante, com a exceção de que B produziria apenas vinho e a linha de comércio interceptaria a fronteira de produção no eixo do vinho. Prove que os dois países saíram ganhando com o comércio. Ambos os países saíram ganhando porque eles podem agora consumir mais de ambos os produtos do que antes. Graficamente, podemos ver isso ao notar que a linha de comércio permanece à esquerda da fronteira de produção. Após o comércio, o país pode consumir na linha e ser capaz de consumir mais de ambos os produtos. Numericamente, o país A consome 4 libras de queijo e 1 garrafa de vinho a mais no pós-comércio, e o país B passa a consumir 6 libras de queijo e 1 garrafa de vinho a mais. Qual é a inclinação da linha de preço à qual o comércio se dá? Vamos supor que -4, que seria algo entre os preços antes do comércio. Tudo que podemos dizer a partir da informação dada é que será algo entre os preços antes do comércio, ou as inclinações de duas fronteiras de produção. Precisaríamos de mais informações sobre a demanda para os dois produtos em cada país para determinar os preços exatos no pós-comércio. 278