MOBILE LEARNING: AULA DIGITAL “ARTE E DESENHOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL” Lígia de Assis Monteiro FONTANA, Universidade Aberta de Portugal [email protected] Lilian de Assis Monteiro LIZARDO, Universidade Presbiteriana Mackenzie [email protected] Eixo 08: Educação à distância na formação de professores 1. Introdução A educação 3.0 traz um novo conceito de aprendizado, o papel do professor muda de detentor do conhecimento e centralizador da atenção entre os alunos, sendo reconhecido como o instrumento que proporciona a circulação do conhecimento dentro da sala de aula. Nesta nova concepção, o aluno deixa de ser apenas um espectador da aula, sendo motivado a buscar conhecimento e desenvolvendo criatividade para sempre buscar soluções para novos problemas. Ele é protagonista da aprendizagem (FAVA, 2014). Para o referido autor, novas tecnologias estão cada vez mais presentes na vida desta nova geração de crianças e adolescentes e é necessário que as escolas e universidades estejam preparadas para utilizar tais recursos a favor do ensino e da educação. Essa tendência ganhou o nome de Educação 3.0, em que a tecnologia tem papel fundamental como facilitadora dos processos de ensino e aprendizado, trazendo o potencial para inovação dentro da educação do século XXI. Já para Belloni (2009) o ensino é capaz de levar os alunos a viverem de seu processo de aprendizado sendo auxiliados na construção de aprendizagem criativa e autônoma. O professor é um facilitador e mediador dos processos tecnológicos. Com domínio das tecnologias da informação, estes conhecimentos podem ser trabalhados a fim de promover um sentindo social, tanto para comunidade como em sala de aula. Neste aspecto o aluno deixa de ser apenas um espectador da aula, sendo motivado a buscar conhecimento e desenvolvendo criatividade para sempre buscar soluções para novos problemas. Ele é protagonista da aprendizagem. Não encontra respostas prontas. Não trabalha sozinho. Usa a tecnologia, defende suas ideias e trabalha na comunidade para complementar seu trabalho acadêmico. (FAVA, 2014) A relevância educacional da atividade se encontra na variedade que juntas se complementam, pois dentro de uma sala de aula temos vários seres pensantes que interpretam a temática de uma forma, cada um com sua particularidade e bagagem cultural e cientifica. Observar outros grupos, as diversas interpretações e colocações, promove um confronto educacional, novas hipóteses, construções de conceitos acomodando e gerando novos conhecimentos. 5170 O importante é fazer do momento da atividade e o período que a antecipa, interações prazerosas e dinâmicas. Esta postura motiva os participantes, futuras ações e gera expectativa como será esta comunicação e troca de saberes. A interação que antecede a atividade proporciona também, em argumentos inovadores e significativos, pois motiva o participante a estudar e estimula na elaboração dos argumentos que serão trocados. Contudo podemos observar como as novas tecnologias digitais ampliam a velocidade e o potencial da capacidade de registrar, estocar e representar a informação escrita, sonora e visual. (KENSKI, 2007) 2. Seções do trabalho Este trabalho foi estruturado como um relato de experiência, em que inicialmente foi contextualizado teoricamente o uso de recursos tecnológicos para a aprendizagem. Após foi dialogado a experiência de planejamento com diferentes recursos dentro do curso de Pedagogia, bem como o relato sobre um projeto especifico de artes na educação infantil, na qual utilizou o aplicativo Whatsapp como recurso de trocas de conhecimento. 3. M-learning e a construção da aprendizagem A aprendizagem através dos aplicativos está inserida neste ambiente tecnológico vem acompanhada da cooperação. Para Piaget (1999), a cooperação é imprescindível no desenvolvimento humano, pois favorece o equilíbrio através das trocas sociais. Vygotsky (1987) trabalha com o conceito de interação entre indivíduos para promover conhecimento, sendo assim, uma cooperação entre indivíduos, que contribui para a aprendizagem e de maneira colaborativa que são os frutos deste trabalho coletivo. Alguns aplicativos se transformam em ambientes digitais criando ambientes de aprendizagem virtuais. Desta forma as trocas de experiências, conteúdos, atividades e informações futuramente transformar-se-ão em conhecimento. Palloff e Pratt (2002) mostram que o processo colaborativo de aprendizagem é fundamental para que as atividades ocorram de forma positiva e com o sucesso satisfatório. As referidas autoras definem a aprendizagem colaborativa e/ou cooperativa como sendo um conjunto de processos no qual as pessoas focam na ideia de trabalho coletivo e na colaboração entre os participantes, mas sempre orientada por uma pessoa que neste caso pode ser o professor que se torna um mediador pedagógico. Neste tipo de aprendizagem, os envolvidos estão inseridos em um contexto de desenvolver habilidades como as formas de pensar, opinar e contribuir, além de trocarem experiências de aceitação, responsabilidade, realizações das tarefas e juntos atingirem as metas estabelecidas pelo o trabalho que será desenvolvido. Neste sentido, sobrepondo a idéia de aprendizagem defendida por Freire (1977) que o 5171 aluno é construtor de seu conhecimento, memorizar e reproduzir fará parte de uma transferência de informações e conteúdo. Para ele, o processo de ensino-aprendizagem só é trabalhado efetivamente se “aquele que se apropria do aprendido, transforma-o em apreendido” (FREIRE, 1977, p.28). Palloff e Pratt (2004) completa dizendo que a aprendizagem colaborativa é uma experiência da aprendizagem produzida on-line e afirma que os alunos se envolvem nestes processos no qual a tecnologia é utilizada, aprendem sobre o que é proposto, sobre o processo de aprendizagem e sobre si mesmos. O que permite a aprendizagem colaborativa é a proximidade dos sujeitos através de seus interesses comuns. A partir deste momento, os envolvidos neste processo não passam sozinhos, mas juntos com as interações que o ambiente virtual de aprendizagem promove. Ainda a partir da ideia das autoras, os alunos que trabalham coletivamente produzem um conhecimento mais profundo, deixam de ser independentes para se tornarem interdependentes e acrescenta a importância do processo de compartilhar nos diversos momentos, pois nesta interação todos e os envolvidos criam expectativas e estas, por sua vez, faz os participantes convergirem e como resultado tem o processo de aprendizagem colaborativo. 4. Relato de experiência: Projeto “Mobile Learning - Whatsapp na educação 3.0” Pensando na comunicação digital existente com o crescimento de aplicativos, esta prática de ensino surgiu ao pensar na importância de criar estratégias para a produção do conhecimento favorecendo a reflexão e interação digital. Os estudantes do curso de pedagogia irão receber alunos da era digital, como algumas pesquisas mostram, as crianças ficam grande parte de seu tempo diário utilizando tecnologia móvel, com: aplicativos, perfis em rede sociais, grupos, blogs e pesquisa sobre curiosidades na internet. O professor pode associar este uso da tecnologia com atividades educacionais, cujo tempo será transformado para o aprendizado, a navegação acontece com um objetivo educacional. Pensando desta forma os estudantes do curso de pedagogia utilizaram este aplicativo favorecendo novas possibilidades educacionais. Outro fator que movimenta esta atividade é o conteúdo, desenvolvido digital, mas de forma lúdica, que se torna uma ferramenta de avaliação e registro com o objetivo de acompanhar o crescimento e amadurecimento intelectual dos estudantes. Também é uma forma de mapear o conhecimento inicial da bagagem cultural da turma, assim criar novas estratégias de trabalho podem ser pensadas e desenvolvidas. O “Projeto Mobile Learning: Whatsapp na educação 3.0” é uma atividade educacional que gira em torno do uso das ferramentas de comunicação, como o aplicativo Whatsapp na educação. 5172 A implantação desta modalidade de ensino teve inicio no 2º trimestre de 2014 dando continuidade no ano letivo vigente, até o momento utilizamos de quatro formas diferentes de atuação no aplicativo, como: “avaliação na palma da mão”, “curso: design thinking para a educação”, “oficina: audiodescrição para literatura infantil” e neste estudo será relatado um momento específico, “aula digital: desenhos na educação infantil”. 4.1 Aula digital: desenhos na educação infantil Nesta atividade “Aula Digital: Desenhos na Educação Infantil” surgiu de uma necessidade pedagógica de repor uma aula devido os feriados nacionais. A disciplina “Formação Teórica do Educador Infantil” foi ministrada para os alunos do 5º/6º trimestre noturno. Foi criado um grupo pela professora no qual tratamos os slides da aula que estavam disponíveis no portal da faculdade, onde os alunos tem acesso. Cada slide havia a fundamentação sobre a temática do desenho na educação infantil, fases do desenho, tipos e simbologia, importância para identificar situações que necessitem de intervenção, visão de Luquet e Piaget e avaliação de alguns desenhos como parte prática e exercício desta aula. A troca de conhecimento e interação foi intenso, os alunos participaram ativamente, pois este conteúdo seria parte de curso que aconteceria subsequente de forma presencial sobre a arte da educação infantil. O professor da disciplina entrou como um mediador das discussões motivando a participação dos alunos. O diferencial deste grupo foi que convidamos a Prof.ª Lilian de Assis Monteiro Lizardo, especialista e atuante na área da educação infantil desde 2004, que ministraria o curso presencial para interagir com os alunos trazendo sua experiência acadêmica e prática pedagógica sobre a temática. No “I Workshop educacional: técnicas de arte para a educação infantil” a Prof.ª Lilian Lizardo abordou com os alunos a leitura e releitura de diferentes obras dialogadas com diferentes técnicas de pintura fáceis de serem aplicadas em qualquer contexto de sala de aula. A organização do curso se deu com o ensino das seguintes técnicas guache e cola; papel crepom com água e cola; dobradura do sapo; monotipia; bolinha sabão colorida; pintura coletiva; autorretrato com espelho; carvão com cola; pintura aquarelada; pintura com bucha; positivo e negativo com raspas de giz de cera; desenho mágico – giz de cera banco e anilina diluída e dobradura da casa; criação livre com objetos não estruturados. E a leitura e releitura foram a partir das obras dos seguintes artistas das seguintes obras: Van Gogh; Romero Brito. Poesia de Cecilia Meirelles “Bolhas” Body Art de Priscilla Davanzo; Piet Mondrian e Miró. Pensamos nesta proposta como sendo na modalidade presencial, pois os alunos vivenciariam a criação a partir do uso das diferentes materialidades já citadas. O debate digital faria parte do contexto presencial, quando as atividades do Workshop de artes dialogassem com 5173 as demais propostas de formação do educador infantil, levando os alunos a reflexão. As interações educacionais realizadas na aula digital produziram um efeito positivo, pois durante o processo de participação observamos que os alunos atuam e qualquer horário, sendo assim, o professor pode utilizar esta metodologia de trabalho digital com diferentes idades e tornar um aliado na educação. Os alunos aproveitaram este momento e enviaram vídeos, relatos de caso, desenhos e reportagens sobre as temáticas tratadas. Todas as dúvidas foram trabalhadas e as devolutivas eram fornecidas durante a interação no grupo. Ao finalizar o curso os alunos comentaram sobre o Workshop educacional e solicitaram mais dicas e técnicas que poderiam ser utilizadas, foi quando a professora Lilian contextualizou outras linguagens que poderiam ser utilizadas junto às artes visuais, com outras materialidades como utilizando o próprio corpo, pinturas com bolhas de sabão, impressão das mãos criando diferentes desenhos. A avaliação da aprendizagem ocorreu durante as interações no aplicativo, são fatores que contemplam esta ação: ressignificação do grupo educacional, etiqueta, atenção ao assunto tratado, qualidade do conteúdo exposto, interação com os participantes, sugestões de assuntos, instigar novos debates, produzir conteúdo, formação da opinião sobre a temática e outros pontos que podem surgir com alguma eventualidade. A avaliação do aplicativo por parte dos alunos sempre são fornecidas ao final de cada atividade. Para tanto o Whatsapp é uma ferramenta educacional que favorece o processo de ensino e aprendizagem, promove a imersão neste contexto digital e tecnológico, além de aproximar professores e alunos. Como os alunos são conectados nesta rede a tecnologia móvel cria um cenário diferenciado e atrativo na educação presencial. Referente à atividade foi realizada a distância, a turma é composta por 14 alunas e 1 aluno. A aula digital ocorreu nos dias 01 a 04 de Junho de 2015 com duração de 24 horas e foram certificado os alunos. Já o Workshop educacional de artes foi realizado na semana anterior a aula digital. 5. Conclusões Diante das transformações na nossa sociedade contemporânea, a comunicação é uma linguagem que também sofreu alterações, principalmente quando a evolução das tecnologias contribui para o exercício de tal linguagem. Atualmente, desde que bem orientados, os grupos no Whatsapp podem ser grande aliado no processo de ensino e aprendizagem. Ao pensar em um trabalho diferenciado com os alunos foi planejada a proposta de utilizar o celular para continuar os diálogos que efervescia a sala e diante da finalização da proposta podemos verificar o quanto os indivíduos são digitais e como se movimentam no espaço 5174 cibernético. O comportamento no momento de troca de opiniões no grupo foi civilizado, pois durante as aulas foi conscientizado sobre regras de ética e etiqueta, além de valores como respeito. Trabalhar com os alunos a ideia de que, discordar e ter outras opiniões, não é pessoal. São conceitos que vamos trabalhando e se for relevante formando novos conceitos ou reformulando os antigos, isto se chama aprendizado. Pensar na forma como será aplicada a atividade também é um fator relevante, como por exemplo se todos os alunos tem acesso no caso de atividades à distância e como poderia estar adequado a proposta. Para as atividades presenciais, na falta de equipamento podem ser divididos em grupos, mas para isto o professor deve fazer uma investigação deste processo e planejar a ação pedagógica. Ao pensar neste tipo de atividade é preciso pensar na interação antes do ambiente, caso seja necessário motivar os alunos como na primeira atividade, no qual é importante conscientizalos que será uma atividade diferenciada apesar de avaliada. O papel do professor é de mediador do conhecimento, é um momento de construção deste aprendizado e troca, onde professor e aluno interagem em prol do saber. A comunicação deve ser leve e interativa, as imagens devem ser coloridas, quando for enviados áudios devem ser claros. A facilidade é que a iteratividade de material e troca de conhecimento é maior devido às mídias trocadas como: áudio, fotos, imagens, reportagens e vídeos. No qual os participantes tem acesso na hora e na mão com muita facilidade. O ponto interessante que foi notado foi a ressignificação do equipamento, pois vai da comunicação que possuem no dia a dia para outros fins, transformar o grupo digital em atividade educacional e o aluno compreender que será para esta finalidade. Durante esta atuação, automaticamente por ser uma atividade educacional os alunos modificam a forma de comunicação, evitam abreviações e escrevem com o vocabulário acadêmico, por escolha dos participantes. Neste sentido podemos verificar que as tecnologias sociais auxiliam os alunos a criar, construir, compartilhar além de superar dificuldades juntos. Criam um sistema de suporte colaborativo entre participantes, esta integração facilita o processo de comunicação, apresentação de conteúdo, recursos diferenciados, argumentos significativos e a participação de todos. Outro ponto é aquele aluno não participa com opiniões no ensino presencial, neste modelo de atividade se coloca, se mostra, participa. Muitas são as descobertas em uma atividade como esta, professor e alunos, o crescimento e avanços são para todos os envolvidos. Diante da proposta de uma pessoa alheia a nossa convivência diária, como o caso da professora que ministrou o Workshop, não ocasionou timidez entre os alunos, ao contrário, levou a indagá-la sobre o processo de ensino de artes. No inicio a professora ficou surpresa ao utilizar esta ferramenta como parte de um projeto no ensino superior, buscando investigar se há cientificidade neste processo. Contudo, esta aula a distancia superou suas expectativas, nos motivando a consolidar este trabalho e divulgar 5175 esta aula como registro escrito e fundamentado dentro do ambiente acadêmico. Referências Bibliográficas BECKER, F. Educação e construção do conhecimento. Porto Alegre: Artmed, 2001. BELLONI, M. L. ABC da Educação à distância. São Paulo: Pearson Education do Brasil: 2009. BRANDÃO, C. R.O que é educação. São Paulo: Editora Brasiliense, 1994. CASTELLS, M. 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