IMUNOLOGIA

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IMUNOLOGIA
Aula teórica 18- Imunoprofilaxia
Parte 1 : Thiara Jabor
Dia 25/10/2007
Bons Estudos!!!
Prof. Alessandra
Imunoprofilaxia
Consiste na profilaxia de doenças através de mecanismos imunológicos,isto é, é alguma
coisa que o sistema imune faz, que consegue notificar para justamente evitar essas doenças. A
imunoprofilaxia que é a mais recorrente no nosso meio é a vacinação.
O termo vacinação foi dado por Pasteur , mas na verdade o ato de vacinar surgiu com
Eduardo Gener(?) em 1796. Temos 2 séculos inteiros desde que começaram os experimentos de
vacinação. Quando a vacinação surgiu a varíola estava “comendo solta”, matando muita gente, todo
mundo tinha medo da varíola afinal essa era pandêmica. Eduardo notou que as mulheres que
ordenhavam vaca não pegavam varíola pois elas já possuíam uma varíola chamada varíola bovina,
que é uma variante da doença , só que é branda.
O que ele fez? Pegou as crostas das lesões de varíola das mulheres com varíola branda,
macerou estas crostas e contaminou um garoto com essas crostas ( na época era bom , afinal não
tinha comitê de ética!). A criança desenvolveu a varíola bovina, que é mais branda, e depois ela foi
contaminada com a varíola. E essa criança não desenvolveu a doença.
Aí começou então o estudo da vacinação. Se vc fazia alguma imunização prévia com algum
microorganismo atenuado ou diminuido de virulência , vc poderia não desenvolver a doença ,
estando imune a ela.
A vacinação induz uma imunidade ativa, ou seja, é uma imunidade onde somos estimulados
a montar uma resposta imune contra aquele antígeno. Já a imunidade passiva é adquirida por uma
transferência de soro ou de células para o novo hospedeiro. Isso é a soroterapia feita em alguns
casos de envenenamentos por cobras, tétano ou suspeita difteria. A imunidade passiva pode ser
artificial ou natural. A natural ocorre pela transferência de IgG pela placenta ou de IgA ou IgG pelo
leite materno, principalmente o colostro.
A memória imunológica ( o gráfico já foi visto na matéria passada!) advém de uma
imunização primária:num primeiro contato temos uma resposta ampla de IgM e um pouquinho
depois uma resposta curta de IgG , em um segundo contato com antígeno temos um pequenino
aumento de IgM e uma resposta enorme e rápida de Ig G. Este é o conceito básico de resposta
primária e secundária. Isso ocorre justamente por conta de células de memória. Estas vão fazer com
que a segunda resposta,feita por IgG, seja rápida afinal, já existem células estimuladas e circulantes
que produzem anticorpos mais rapidamente.
A vacinação ocorre à partir do momento que vc recebe estimulação do antígeno.
Naturalmente temos estímulos feitos pela própria flora intestinal, por microorganismos patogênicos
que estão transientemente no nosso corpo. Mas como vamos fazer isso artificialmente? Através das
vacinas.
Os critérios para uma vacina boa (que vale a pena o governo investir!) , que seja efetiva na
erradicação daquela doença são:
1. Segurança: a vacina precisa ser segura. Uma vacina que mata mais do que erradica a doença
não adianta nada. Existem vacinas que não tem uma taxa de eficiência muito grande , mas
em contrapartida tem uma taxa de 10% de morte e encefalite como efeitos adversos. Uma
vacina de vírus, onde estes podem ser revertidos e acabar provocando a doença, também não
valem a pena pois não são seguras.
As vacinas têm que proteger, têm que ter uma eficiência e estimular o corpo a fazer proteção
contra a doença. Neste aspecto se questiona muito a vacina de BCG, ela tem níveis
protetores muito pequenos.
2. Proteção: a vacina tem que conferir proteção contra nova exposição ao patógeno causador
da doença. Essa proteção te que durar por vários anos, pois não adiante a gente querer
imunizar as pessoas anualmente , pois promover campanhas de vacinação é complicado, até
mesmo devido aos gastos. Cabe lembrara que neste caso a gripe não entra, afinal a cada ano
temos um novo tipo de vírus e tb a vacinação não é para toda a população, só para a parte
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idosa.
Indução de anticorpos de neutralização: ou seja, primariamente IgG ou IgA.
Sistema de liberação da vacina: se eu tenho uma doença causada por vírus onde a primeira
porta de entrada é uma mucosa, não adianta eu ter uma resposta só por IgG pois este é
sistêmico , não fica nas mucosas, tem que ser então por IgA. Logo a vacinação para
poliomielite, a Sabin, é importante para produzir IgA pois esta será a primeira frente de
combate ao vírus.
Indução de células T: além de induzir anticorpos protetores as vacinas têm que induzir as
células T. Vamos lembrar: antígenos que induzem a ativação dos linfócitos T são proteicos,
agora se o antígeno for polissacarídeo como faço? Temos que conjugar a uma proteína
justamente para ativar os linfócitos T, se não terei uma resposta T independentes por
linfócitos B , sendo essa resposta não duradoura, não gera célula de memória.
Questões práticas:
Não precise ser estocada em refrigeração: ( muitas vacinas precisam ser mantidas sobre
refrigeração para se manterem efetivas) muitas vezes os locais onde devem ser levadas (
como em um cantão desses do Amazonas!!!) não há como manter sob refrigeração. Em
outros locais se quer tem energia, há tb aqueles postinhos de saúde onde a temperatura da
geladeira não é controlada de forma eficaz ( tá bom já entendemos!).
Devem ser sobre forma de gotinha, e se possível não injetáveis. Afinal em certos locais falta
infraestrutura e não tem seringas e agulhas descartáveis para todo mundo (um dos maiores
responsáveis pela disseminação de HIV na África foi o reaproveitamento de agulhas e
seringas nas vacinações).
Fases de desenvolvimento de uma vacina (olha Medicina Social de novo em nossa vida!!!):
Para vc validar uma vacin e poder vendê-las comercialmente, tem que passar por várias etapas.
1. Ensaios pré-clínicos: não utilizo humanos, uso primeiro cultura de células em laboratório e
depois animais de laboratório. Se nela encontrarmos segurança e eficiência vamos para a
fase 1do ensaio clínico.
2. Ensaios Clínicos:
-Fase 1 : começo a utilizar voluntários sãos para ver se essa vacina apresenta efeitos
adversos; se tem eficiência, se ela leva a produção de anticorpos, se sim quais são eles; mas
não infecto ninguém. Dura de meses a 2 anos no máximo.
-Fase 2 : aumento o número de voluntários e verifico efeitos secundários. Ela demora mais
tempo pois tenho que verificar ao logo dos anos qual é o comportamento das pessoas que
receberam essa vacina. Devemos tb avaliar a eficácia dessa vacina, isto é feito vendo estas
pessoas, que acabam sendo expostas naturalmente ao patógeno, se elas estão imunizadas ou
não.
-Fase 3: aumenta muito o quantitativo de voluntários. Tudo isso pode variar de 10 a 15 anos,
esse tempo é necessário para analisar efeitos secundários. Vc vai verificar a eficácia da
vacina ao longo do tempo , se o nível de Ig G permanece, se realmente fica em níveis basais
efetivos. Vai monitorar reações adversas durante longos períodos. Qualquer terapia, nova
droga ou vacina passa por essas fases.
Quais são as reações adversas que a gente pode verificar após a aplicação das vacinas?
Uma das complicações imunológicas que ocorria muito e hj não ocorre mais é a contaminação.
Historinha: pessoal do 1 mundo fazia muita sacanagem com os países subdesenvolvido,América do
Sul e Africa especialmente. Eles faziam qualquer tipo de droga/ vacinas virais lá e colocavam para
testar aqui. Vacinas virais são testadas em animais como camundongos , cérebro de macacos , ..., o
que eles fizeram na década de 60 e 70 foi vacinar os humanos para ver a efetividade dessas
vacinas. Cabe lembrar que cérebro de macacos estavam infectadas com outros vírus, essa é uma
das teorias do surgimento do HIV ( onde vírus presente em cérebro de macacos, evoluíram e deu
origem ao HIV).(Ps: A Luiza fez uma perguntinha sobre macacos verdes no contexto da origem do
HIV...e a professora falou que na verdade era células beta de rim de macacos verdes africanos,
onde eram inoculados vírus e depois pegavam o pobre macaco bebê e matavam para pegar o
vírus,mas na época não tinha como identificar se aquele material coletado estava ou não
contaminado com outros vírus.). Então para não colocar seus experimentos nos seus conterrâneos ,
eles vinham para os países pobres ou no caso do estudo da evolução da sífilis foi estudado em
negros presos, onde foram contaminados com o patógeno para avaliar a evolução da doença.
Então as reações adversas possíveis são contaminação, onde dependendo da forma de
preparo da vacina, se não foi tomado os cuidados devido vc pode contaminar a pessoa com alguma
coisa, e vc pode nem saber que está contaminando. Hoje em dia existe meios para vc descobrir até
príons ( mais singela partícula infectante!). Outra reação é falha no processo de aplicação,
principalmente vacinas intradérmica ou intramusculares, se ocorrer isso podemos alterar a o
resultado da vacina.
Devemos lembrar tb das reações imunológicas que podem ocorrer no caso daquelas vacinas
feitas com bacilos vivos ou vírus infectantes mas atenuados. Isso para pessoas imunocompetentes
não irá provocar alteraçõe. Em caso de imunossuprimidos /imunodeficientes e até mesmo idosos,
essas vacinas com microorganismos vivos atenuados podem provocar efeitos muito grandes. Logo
devemos sempre ter um pezinho atrás nestes casos.
No caso de imunodeficientes genéticos, a presença do microorganismo atenuado pode ser
um mecanismo para aumentar essa imunodeficiência mesmo se a pessoa ainda não tenha
desenvolvido a doença genética. Existe uma complicação imunológica, provocadas pela vacina que
é desestabilizar o sistema imune. Afinal estamos colocando algo artificial em contato com nosso
corpo e isso pode gerar ou aumentar uma doença autoimune pré -existentes. Isso aconteceu muito
na vacinação em massa para meningites e pneumococos na década de 90 aqui no Rio de Janeiro ,
onde logo após a vacinação muitas pessoas começaram a desenvolver doenças estranhas, muitas
delas autoimunes. Cabe lembrar que isso ocorre no casso de imunodeficiência genética e não a
infecciosa.
Porque não vacinamos pessoas contra raiva e febre amarela no Rio de Janeiro?Vacinar é
sempre uma complicação pois vc estará desestabilizando seu sistema imune ao colocar algo
estranho em seu corpo. Logo , vc só vacina pessoas que estão em situação de risco, pois são muitas
vacinas, muitas doses, como é intramuscular é dolorido, e o risco de uma pessoa morrer por conta
dessas doenças é pequeno , afinal não é comum aqui. Cabe lembrar, que a vacina é algo profilático
e que devemos vacinar apenas contra doenças que possamos entrar em contato no ambiente que
estamos expostos. Assim se não há uma certa doença no ambiente em que vivemos, não temos
necessidade de sermos vacinados contra ela. Ex: se não existe febre amarela no Rio para que eu vou
me vacinar né? Mas se formos viajar para Mato Grosso, Rondônia, Amazonas,..., como a doença é
presente nestas regiões temos que nos vacinar antes de ir ( e aí Vivian suas vacinas estão em dia?).
Outra reação adversa é a reação de hipersensibilidade em indivíduos alérgicos. Muitas
vacinas são produzidas em células , ovos embrionados .Assim se vc for alérgico a clara de ovo,
albumina pode ter um efeito adverso justamente por apresentar hipersensibilidade a estas
substâncias.
Como notar a efetividade de uma vacina?
Em linhas básicas vc apenas vai vacinar um animal com a vacina em questão e no outro com
um placebo( uma solução salina por exemplo).Espera um período para a produção de anticorpos, e
após essa etapa ( que dura de 10 a 15 dias) vc vai desafiar o animal com o patógeno contra o qual vc
vacinou. O animal que recebeu placebo vai desenvolver a doença pois não desenvolveu a
imunidade. Já o animal que recebeu a vacina vai ficar resistente a esta infecção, justamente pois ele
teve uma imunidade ativa contra a doença.
A imunidade ativa vem de um processo de vacinação, onde administra antígenos ( seja virais
, bacterianos , produzidos por protozoários) para justamente eles estimularem os linfócitos B
produzirem anticorpos e células de memória, os linfócitos T helper direcionarem o tipo de
imunidade,...
Quais os tipos de vacina que existem? São vários, dependendo da natureza do antígeno que é
usado para vacinar. Podemos ter vacinas utilizando microorganismos mortos ou inativados ( matam
os microorganismo por ultravioleta, formol, autoclavação , entre outros), microorganismos vivos
atenuado( que é um grande problema pois como vamos colocar um microorganismo vivo dentro de
uma pessoa?O risco de desenvolver doença é muito grande!-- Atenuação: diminuir a virulência do
microorganismo, vai promover uma infecção branda que irá mimetizar uma mais grave natural.), de
sub-unidades purificadas ( em casos de doenças causadas por subunidades do microorganismo
como exemplo o tétano.).
Podemos também fazer vacinas conjugadas, como exemplo com antígenos polissacarídeo ou
de antígenos muito pequenos que não tem natureza proteica que justamente eu preciso ter uma
proteína para poder estimular a resposta T dependente. Podemos ter vacinas produzidas pela
tecnologia do DNA recombinante, podemos modificar os genes desses antígenos. É o caso da
vacina contra a Hepatite B , onde pego o gene do antígeno e introduzo no plasmídeo e coloco para
reproduzir em outro sistema . Isso é bom pois eu não pego o vírus inteiro e não tenho nenhum
problema de infecção com este vírus como o que pode ocorrer com os atenuados.
Temos tb vacinas obtidas a partir de peptídeos sintéticos, onde é o de maior avanço. Depois
que os microorganismos foram sequênciados , o computador pega o gene transcreve para uma
proteína virtual e verifica a imunogeneicidade. Simplesmente faz um desenho 3D da proteína e vê
se ela é ou não imunogênica.
Tipos de antígenos:vivos( naturais ou atenuados) inteiros inativados ( ex vírus ou bactérias),
componentes subcelulares, toxinas (inativadas por processo físico ou químico que tire o potencial
citopático dessa toxina- uma toxina inativada é chamada de toxóide ), DNA recombinante ( onde
podemos mudar os genes!), vacina andiotípicas(confirmar nome!!!)- onde vc pega as células das
pessoas e faz com que elas sejam estimuladas a defender contra a doença que essa pessoas já
apresenta, por exemplo responder a um câncer. Vamos falar um pouquinho de cada uma!
1. Microorganismo inativados:
Podem ser inativados por formaldeídos, radiação gama, ultravioleta, autoclavação. Pode
matar ou inativá-lo.
Se matou , não terá replicação/proliferação no corpo do hospedeiro causando poucos
efeitos colaterais . Mas vai causar tb uma menor estimulação imunológica justamente pois
só o que vc injetou irá estimular o Sistema Imune. Acabou ali, acabou. Não teremos uma
mimetização de uma infecção natural. Isso traz muitas vezes a necessidade de diversas doses
para vc tentar aumentar as respostas secundárias e propiciar uma resposta melhorada.
A grande vantagem é que não revertem ao tipo selvagem que é uma grande desvantagem
das vacinas atenuadas. Exemplos: vacina anti-rábica ( desenvolvida ou melhorada por um
brasileiro!!!)feita por vírus atenuados em várias passadas por células de camundongos e
inativados por ultravioleta.
O vírus da raiva é um vírus dos mamíferos: cão, humano e morcegos. Se eu continuo
passando o vírus em cérebro humano ele vai continuar com alta virulência, mas se eu passo
em um hospedeiro quer não é natural dele , a tendência é que ele tenha que sofrer uma
mutação para se adaptar a esse novo hospedeiro.
Da forma que ele sofre mutações para essa adaptação, o vírus acaba se atenuando .Ou seja
, um vírus que era virulento para o humano, quando eu começo passar ele em células (
quando eu começo a replicá-lo em células) de um hospedeiro que não era dele , ele sofre
mutações tais que perde a habilidade de ser virulento para seu hospedeiro anterior. Nesse
processo de atenuação , ele perde a eficiência mas sua estrutura permanece quase a mesma.(
não será tão eficiente quanto um vírus selvage , mas eu tb não quero um vírus selvagem pois
esse matará todo mundo!).
(Gente as perguntas a seguir foram feitas muito baixinho, acho que foram essas aí:)
Fazem uma pergunta sobre anticorpos a serem produzidos( contra esse vírus atenuado) se
serão os mesmos (àqueles produzidos pelo vírus selvagem)? Os mesmos anticorpos eu não sei se
vão produzir, isso aí é uma coisa que a gente nunca vai saber. Se lembrarmos da aula de MHC , o
que vai ser mostrado para os antígenos variam de pessoa para pessoa, a variabilidade de anticorpos
é diferente de pessoa para pessoa. Então nunca uma pessoa terá os mesmos anticorpos da outra.
Na vacinação vc espera que os anticorpos produzidos sejam eficientes, mas se estes não
forem, teremos que fazer um estudo indivíduo por individuo. Tanto que tem pessoas que tomam
vacina para hepatite B mas não desenvolvem anticorpos contra essa doença. Podem tomar quantas
doses for que nunca terão anticorpos, pois não tem sistema de apresentação de antígenos para
aquele antígeno. Assim nunca vai estimular os linfócitos T , e nunca vai estimular os linfócitos B.
EXPLICANDO NOVAMENTE: toma a vacina para hepatite B , mas como a pessoa não
tem MHC que se encaixe em peptídeos. Lembra da aula de MHC que temos aquela variabilidade de
genes,só que essa variabilidade tem um mínimo ( limite) onde se não encaixou ali nunca vai
apresentar um peptídeo. Neste caso, como sabemos se conseguimos produzir anticorpos ou não?
Por contagem de IgG. Voltando à aula...
Então depois que esses vírus são atenuados eles ainda são inativados por ultravioleta. Só que
uma parte das pessoas que tomam essa vacina ( ex: vacina de raiva) podem sofrer acidentes
neuroparalíticos, desenvolvendo doenças parecidas com a raiva. ,associados ao número de doses
aplicadas e repetição do esquema. Isso pode ter ocorrido por que motivo? Certamente algum
problema na produção da vacina.
A vacina da raiva , não é dada a toda a população, somente para grupos de risco,
principalmente pessoas que trabalham com animais ( e que estão mais vulneráveis).
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