relatório do estágio curricular supervisionado em medicina

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO
GRANDE DO SUL
DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR
SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA
ÁREA DE CLÍNICA MÉDICA DE PEQUENOS ANIMAIS
ORIENTADORA: PROFa. MSc. CRISTIANE BECK
SUPERVISORA: MED. VET. PhD. PAULA CRISTINA BASSO
Linessa Daiane Ruaro
Ijuí, RS, Brasil
2014
1
RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR
SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA
Linessa Daiane Ruaro
Relatório do Estágio Curricular Supervisionado na área de Clínica
Médica de Pequenos Animais apresentado ao curso de Medicina
Veterinária, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio
Grande do Sul (UNIJUÍ, RS), como requisito parcial para obtenção do
grau de
Médica Veterinária
Orientadora: Profa. MSc. Cristiane Beck
Supervisora: Med. Vet. PhD. Paula Cristina Basso
Ijuí, RS, Brasil
2014
2
Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do
Sul
Departamento de Estudos Agrários
Curso de Medicina Veterinária
A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Relatório do
Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária
RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR
SUPERVISIONADO
elaborado por
Linessa Daiane Ruaro
como requisito parcial para obtenção do grau de
Médica Veterinária
COMISSÃO EXAMINADORA
_____________________________________
Cristiane Beck (Orientadora)
_____________________________________
Maria Andréia Inkelmann (UNIJUÍ)
Ijuí, 03 de dezembro de 2014
3
DEDICATÓRIA
A minha mãe e ao meu pai,
razões da minha vida, amores
maiores que tudo.
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por me conduzir nos momentos de incerteza
e dificuldade, por me dar conforto diante das derrotas e sobretudo pela conquista da
profissão por mim desejada desde a infância.
A minha mãe Inês, que sempre depositou muita confiança em mim, me
ensinado a lutar diante das adversidades da vida e me deu a oportunidade de ter
realizado este sonho que é ser Médica Veterinária.
Ao meu pai Lile, que apesar de não estar mais entre nós, é a minha inspiração,
e com certeza me guia e protege diante as dificuldades da vida.
Ao meu amigo, companheiro de todas as horas e namorado Cássio, pelo
carinho, apoio e compreensão dos momentos em que me ausentei para me dedicar
aos estudos.
As minhas amigas de fé, que sempre pude contar, tanto para realizar trabalhos,
quanto para as divertidíssimas manhas e tardes de estudos.
A todos os professores, que ao longo de cinco anos nos transmitiram
conhecimentos.
Ao Hospital Veterinário Universitário da Universidade Federal de Santa Maria
pela
oportunidade
de
colocar
em
prática
meus
conhecimentos
teóricos,
disponibilizando toda a sua estrutura ao aprendizado dos alunos de estágio curricular.
A minha supervisora, pessoa de grande conhecimento clínico, PhD. Paula
Cristina Basso, a qual me mostrou as faces da clínica médica veterinária, partilhando
conhecimentos clínicos com muita serenidade e segurança.
A minha orientadora, Prof. MSc. Cristiane Beck, pelos conhecimentos
transmitidos, pela paciência, competência e serenidade. Agradeço também aos 5
anos de convívio e amizade durante minha graduação.
De forma geral, a todos que passaram pela minha vida, e acreditaram em mim
e me apoiaram, o meu muito obrigada.
5
“Até onde vai o limite do ser
humano,
somos
humanos.
Depois disso, somos médicos
veterinários.”
Hideki
6
RESUMO
Relatório do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária
Curso de Medicina Veterinária
Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul
RELATÓRIO DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM
MEDICINA VETERINÁRIA – ÁREA DE CLÍNICA MÉDICA DE
PEQUENOS ANIMAIS
AUTORA: LINESSA DAIANE RUARO
ORIENTADORA: MSc. CRISTIANE BECK
Data e Local da Defesa: Ijuí, 03 de dezembro de 2014.
O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi realizado na
área de Clínica Médica de Pequenos Animais, no Hospital Veterinário Universitário da
Universidade Federal de Santa Maria, localizada na cidade de Santa Maria, RS. O
estágio teve supervisão interna da Médica Veterinária PhD. Paula Cristina Basso e
orientação da professora MSc. Cristiane Beck, durante o período de 15 de setembro
a 17 de outubro de 2014, totalizando 150 horas. Durante a realização do estágio foram
acompanhadas diversas atividades, como atendimentos clínicos, coleta de material
para exames complementares, auxílio na contenção de animais para realização de
ultrassonografia e raio-x. Estas atividades serão expressas em forma de tabelas, para
melhor explanação. Posteriormente serão descritos e discutidos dois casos clínicos
acompanhados durante a execução do estágio. O estágio é de suma importância e
nos faz ter uma base da rotina de atendimentos em um estabelecimento veterinário,
onde se destaca a real importância dos conhecimentos adquiridos em sala de aula,
aplicando-os na prática.
Palavras-chave: Medicina Veterinária. Hipertireoidismo. Adenite Sebácea.
7
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 –
Tabela 2 –
Tabela 3 –
Tabela 4 –
Tabela 5 –
Tabela 6 –
Tabela 7 –
Tabela 8 –
Atendimentos clínicos classificados por sistema orgânico e doenças
infectocontagiosas acompanhadas durante a realização do Estágio
Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica
Médica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário Universitário da
Universidade Federal de Santa Maria, no período de 15 de setembro a
17 de outubro de 2014......................................................................... 13
Diagnósticos estabelecidos das afecções envolvendo o sistema
cardiovascular e respiratório durante a realização do Estágio Curricular
Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de
Pequenos Animais no Hospital Veterinário Universitário da Universidade
Federal de Santa Maria, no período de 15 de setembro a 17 de outubro
de 2014................................................................................................ 13
Diagnósticos estabelecidos das afecções do sistema digestório e das
glândulas anexas durante a realização do Estágio Curricular
Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de
Pequenos Animais no Hospital Veterinário Universitário da Universidade
Federal de Santa Maria, no período de 15 de setembro a 17 de outubro
de 2014................................................................................................ 14
Diagnósticos estabelecidos das afecções do sistema endócrino durante
a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina
Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais no Hospital
Veterinário Universitário da Universidade Federal de Santa Maria, no
período
de
15
de
setembro
a
17
de
outubro
de
2014.................................................................................................... 14
Diagnósticos estabelecidos das afecções do sistema neurológico e
oftálmico durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em
Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais
no Hospital Veterinário Universitário da Universidade Federal de Santa
Maria, no período de 15 de setembro a 17 de outubro de 2014........... 14
Diagnósticos estabelecidos das afecções do sistema reprodutivo e
urinário durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em
Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais
no Hospital Veterinário Universitário da Universidade Federal de Santa
Maria, no período de 15 de setembro a 17 de outubro de 2014........... 15
Diagnósticos estabelecidos das afecções do sistema tegumentar e
anexos durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em
Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais
no Hospital Veterinário Universitário da Universidade Federal de Santa
Maria, no período de 15 de setembro a 17 de outubro de 2014........... 15
Diagnósticos estabelecidos das doenças infectocontagiosas durante a
realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina
Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais no Hospital
Veterinário Universitário da Universidade Federal de Santa Maria, no
8
Tabela 9 –
período
de
15
de
setembro
a
17
de
outubro
de
2014..................................................................................................... 15
Exames
complementares
solicitados,
acompanhados
e/ou
encaminhados durante a realização do Estágio Curricular
Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de
Pequenos Animais no Hospital Veterinário Universitário da Universidade
Federal de Santa Maria, no período de 15 de setembro a 17 de outubro
de 2014................................................................................................ 16
9
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
% = porcentagem
® = marca registrada
ALT = transaminase pirúvica
BID = bie in die
cm = centímetros
HVU – UFSM = Hospital Veterinário Universitário da Universidade Federal de Santa
Maria
kg = quilograma
mg = miligramas
MSc = Mestre em Ciência
RS = Rio Grande do Sul
SID = sie in die
SRD = sem raça definida
T3 = hormônio triiodotironina
T4 = hormônio tiroxina total
T4 L = hormônio tiroxina livre
TSH = hormônio tireoestimulante
UI ou U = unidade internacional
10
LISTA DE ANEXOS
Anexo A –
Anexo B –
Anexo C –
Anexo D –
Anexo E –
Anexo F –
Anexo G –
Anexo H –
Anexo I –
Anexo J –
Hemograma completo do paciente com hipertireoidismo.................... 34
Colesterol total, creatinina e fosfatase alcalina do paciente com
hipertireoidismo................................................................................... 35
Proteínas totais e frações, ALT do paciente com hipertireoidismo...... 36
Triglicerídeos, ureia e T4 do paciente com hipertireoidismo................ 37
T4 livre, TSH do paciente com hipertireoidismo................................... 38
Laudo ultrassonográfico do paciente com hipertireoidismo................. 39
Hemograma do paciente com adenite sebácea................................... 40
Bioquímica sérica do paciente com adenite sebácea........................... 41
Laudo histopatológico do paciente com adenite sebácea.................... 42
Certificado de conclusão de estágio..................................................... 44
11
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 12
1 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS .......................................................................... 14
2 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 18
2.1 Hipertireoidismo em um felino...................................................................... 18
2.2 Adenite sebácea em um Akita....................................................................... 25
3 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 30
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 31
ANEXOS ................................................................................................................... 33
12
INTRODUÇÃO
O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi efetuado na
área de Clínica Médica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário Universitário da
Universidade Federal de Santa Maria, no período de 15 de setembro de 2014 a 17 de
outubro de 2014, totalizando 150 horas, sob a supervisão interna da Médica
Veterinária PhD. Paula Cristina Basso e orientação da professora MSc. Cristiane
Beck. O estágio se mostrou um momento de grande aprendizado, permitindo aplicar
na prática, os conhecimentos adquiridos durante a graduação.
O
Hospital Veterinário Universitário está localizado no prédio 97, Cidade
Universitária, Bairro Camobi da cidade de Santa Maria, estado do Rio Grande do Sul.
Oferece atendimento clínico e serviços às clínicas veterinárias, como realização de
ultrassonografia e radiologia, realização de exames, como hemograma, urinálise e
provas bioquímicas, parasitológico de fezes, pele e ouvido, citológico de ouvido e
vagina, análise de líquidos cavitários e, na série bioquímica realiza análise de uréia,
creatina, ALT, AST, fosfatase alcalina, albumina, protéinas totais, amilase, lipase,
colesterol, glicose e pesquisa de hemocitozoários. Além do atendimento clínico,
também são realizadas atendimentos cirúrgicos e realização de procedimentos
cirúrgicos. Também são realizados atendimentos neurológicos e oftálmicos com
especialistas da área.
O HVU-UFSM oferece ainda a Residência Médica-Veterinária que constitui a
modalidade de ensino de Pós-Graduação, destinada a Médicos Veterinários, sob a
forma de Curso de Especialização.
A estrutura do HVU - UFSM consiste em uma recepção e sala de espera, seis
ambulatórios para os atendimentos clínicos, sendo dois deles ambulatórios didáticos,
mais o ambulatório de neurologia e o ambulatório de oftalmologia, bloco cirúrgico,
setor de internação, sendo esse dividido em gatil e canil, sala de emergência,
farmácia, laboratório de análises clínicas, sala de ultrassonografia e a sala da
radiologia, além das salas de funcionários, residentes e professores da instituição e
do escritório da administração.
Optou-se em realizar o Estágio Curricular Supervisionado no Hospital
Veterinário Universitário da Universidade Federal de Santa Maria em razão de ser um
hospital referência na região e pela grande e variada rotina que ele comporta. A área
13
de Clínica Médica de Pequenos Animais foi escolhida, tendo em vista o grande
aumento da procura por diagnósticos mais precisos, que se tornam um desafio diário,
para os médicos veterinários, que tendem desta forma, usufruir de um tratamento mais
adequado em relação aos pacientes, ganhando assim o respeito e a confiança do
proprietário.
Durante o estágio, foram acompanhadas diversas consultas de medicina
interna, as quais foram auxiliadas nos diferentes procedimentos, fazendo com que eu
pudesse integrar os conhecimentos adquiridos durante estes 5 anos na realidade
clínica, aprofundando conhecimentos teóricos, melhorando competências práticas e
capacidades de pesquisa bibliográfica.
14
1 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
As principais atividades desenvolvidas
durante
o Estágio
Curricular
Supervisionado em Medicina Veterinária no Hospital Veterinário Universitário
compreenderam ao acompanhamento de atendimentos clínicos, além destas, foram
assistidos e efetuados, coleta de material, encaminhamento para exames
complementares e auxílio em exames de diagnóstico por imagem. Os atendimentos
clínicos estão explanados a seguir em tabelas, divididos pelos sistemas orgânicos
correspondentes.
Tabela 1 – Atendimentos clínicos classificados por sistemas orgânicos e doenças
infectocontagiosas acompanhadas durante a realização do Estágio Curricular
Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos
Animais no Hospital Veterinário Universitário da Universidade Federal de Santa Maria,
no período de 15 de setembro a 17 de outubro de 2014.
Atendimentos por sistemas
Cardiovascular
Digestório/glândulas anexas
Doenças infectocontagiosas
Endócrino
Neurológico
Oftálmico
Reprodutivo
Respiratório
Tergumentar e anexos
Urinário
Total
Cães
6
8
7
4
3
10
10
3
25
5
81
Gatos
0
2
0
2
0
0
0
2
1
4
11
Total
6
10
7
6
3
10
10
5
26
9
92
%
6,52
10,86
7,60
6,52
3,26
10,86
10,86
5,43
28,26
9,78
100%
Tabela 2 – Diagnósticos estabelecidos das afecções dos sistemas cardiovascular e
respiratório durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina
Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário
Universitário da Universidade Federal de Santa Maria, no período de 15 de setembro
a 17 de outubro de 2014.
Diagnósticos
Asma
Insuficiência cardíaca
Nódulos pulmonares
Pneumonia bacteriana
Total
Cães
2
5
1
0
8
Gatos
1
0
0
1
2
Total
3
5
1
1
10
%
30
50
10
10
100%
15
Tabela 3 – Diagnósticos estabelecidos das afecções do sistema digestório e das
glândulas anexas durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em
Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais no Hospital
Veterinário Universitário da Universidade Federal de Santa Maria, no período de 15
de setembro a 17 de outubro de 2014.
Diagnósticos
Desvio portossistêmico
Doença inflamatória intestinal
Gastrite
Gastrite por anti-inflamatório não esteroidal
Gastroenterite
Megaesôfago
Verminose
Total
Cães
1
2
0
1
2
0
2
8
Gatos
0
0
1
0
0
1
0
2
Total
1
2
1
1
2
1
2
10
%
10
20
10
10
20
10
20
100%
Tabela 4 – Diagnósticos estabelecidos das afecções do sistema endócrino durante a
realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de
Clínica Médica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário Universitário da
Universidade Federal de Santa Maria, no período de 15 de setembro a 17 de outubro
de 2014.
Diagnósticos
Diabetes mellitus
Hiperadrenocorticismo
Hipertireoidismo
Total
Cães
2
2
0
4
Gatos
1
0
1
2
Total
3
2
1
6
%
50
33,33
16,66
100%
Tabela 5 – Diagnósticos estabelecidos das afecções dos sistemas neurológico e
oftálmico durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina
Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário
Universitário da Universidade Federal de Santa Maria, no período de 15 de setembro
a 17 de outubro de 2014.
Diagnósticos
Ceratite
Ceratoconjuntivite seca
Entrópio
Hérnia de disco intervertebral
Perfuração de globo ocular
Úlcera de córnea
Total
Cães
1
2
1
3
1
5
13
Gatos
0
0
0
0
0
0
0
Total
1
2
1
3
1
5
13
%
7,69
15,38
7,69
23,07
7,69
38,46
100%
Tabela 6 – Diagnósticos estabelecidos das afecções dos sistemas reprodutivo e
urinário durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina
16
Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário
Universitário da Universidade Federal de Santa Maria, no período de 15 de setembro
a 17 de outubro de 2014.
Diagnósticos
Cistite
Insuficiencia renal crônica
Obstrução uretral
Piometra
Tumor de mama
Tumor venéreo transmissível
Total
Cães
2
3
0
5
3
2
15
Gatos
1
1
3
0
0
0
5
Total
3
4
3
5
3
2
20
%
15
20
15
25
15
10
100%
Tabela 7 – Diagnósticos estabelecidos das afecções do sistema tegumentar e anexos
durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária
na área de Clínica Médica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário Universitário
da Universidade Federal de Santa Maria, no período de 15 de setembro a 17 de
outubro de 2014.
Diagnóstico
Adenite sebácea
Atopia
Dermatite alérgica a saliva de pulga
Dermatite úmida aguda
Otite parasitária
Piodermite Superficial
Queimadura por óleo diesel
Disqueratinização
Síndrome do piogranuloma estéril
Total
Cães
1
8
6
1
5
1
0
2
1
20
Gatos
0
0
0
0
0
0
1
0
0
1
Total
1
8
6
1
5
1
1
2
1
26
%
3,84
30,76
23,07
3,84
19,23
3,84
3,84
7,69
3,84
100%
Tabela 8 – Diagnósticos estabelecidos das doenças infectocontagiosas durante a
realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de
Clínica Médica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário Universitário da
Universidade Federal de Santa Maria, no período de 15 de setembro a 17 de outubro
de 2014.
Diagnósticos
Cinomose
Parvovirose
Total
Cães
7
2
7
Gatos
0
0
2
Total
7
2
9
%
77,77
22,22
100%
Tabela 9 – Exames complementares solicitados, acompanhados e/ou encaminhados
durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária
17
na área de Clínica Médica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário Universitário
da Universidade Federal de Santa Maria, no período de 15 de setembro a 17 de
outubro de 2014.
Exames
Alanina aminotransferase
Albumina
Análise de líquidos cavitários
Citologia aspirativa por agulha fina
Citologia de ouvido
Citologia de pele
Colesterol
Contagem de plaquetas
Creatinina
Eletrocardiograma
Fosfatase alcalina
Glicose
Hemograma
Histopatológico
Mielografia
Parasitológico de fezes
Parasitológico de pele
Proteínas totais
Radiografia
Teste de fluorosceína
Triglicerídeos
Ultrassonografia
Ureia
Urinálise
Total
Cães
30
20
5
10
5
10
3
45
30
3
30
15
45
3
3
12
15
10
10
10
4
20
30
5
373
Gatos
10
5
0
0
0
1
1
15
10
0
10
5
15
0
0
3
0
1
5
0
1
7
10
5
104
Total
40
25
5
10
5
11
4
60
40
3
40
20
60
3
3
15
15
11
15
10
5
27
40
10
477
%
8,38
5,24
1,04
2,09
1,04
2,30
0,83
12,57
8,38
0,62
8,38
4,19
12,57
0,62
0,62
3,14
3,14
2,30
3,14
2,09
1,04
5,66
8,38
2,09
100%
18
2 DISCUSSÃO
2.1 Hipertireoidismo em um felino
Resumo
O hipertireoidismo é uma endocrinopatia importante e comum em gatos idosos.
A síndrome se dá pelo excesso de produção de hormônios tiroidianos pela glândula
tireoide. A sintomatologia clínica se dá por perda de peso, polifagia, poliúria e
polidipsia, hiperatividade, taquicardia, vômito e diarreia. O diagnóstico se baseia nos
achados clínicos, juntamente com o histórico do paciente. Este trabalho teve como
objetivo relatar um caso de hipertireoidismo em um felino, sem raça definida de
quatorze anos.
Palavras-Chave: tireoide, gato, endocrinopatia.
Introdução
O hipertireoidismo é uma enfermidade multissistêmica que resulta da produção
e secreção excessivas de tiroxina (T4) e triiodotironina (T3) pela glândula tireoide e é
quase sempre um resultado de doença intrínseca crônica em um ou ambos os lobos
da tireoide (NELSON e COUTO, 2010). É a endocrinopatia mais comum em gatos de
meia idade a idosos (PANCIERA, 2008).
A glândula tireoide normal consiste de dois lobos adjacentes ao quarto ou sexto
anel traqueal, caudal a laringe. Também estão presentes pequenas quantidades de
tecido tireóideo ectópico na área cervical caudal e no mediastino. Em animal hígido a
tireoide não é palpável (CRYSTAL, 2004). Em gatos com hipertireoidismo, uma ou
mais massas tireoidianas, geralmente pequenas e discretas, são palpáveis na região
ventral do pescoço (NELSON e COUTO, 2010).
Na maioria dos casos, o hipertireoidismo é causada pelo adenoma tireóideo ou
pela hiperplasia adenomatosa multinodular, afetando um ou, mais comumente, ambos
os lobos da glândula tireoide. Menos de 2% dos casos ocorrem como resultado de
carcinoma tireóideo funcional (PANCIERA, 2008).
19
A patogenia das alterações hiperplásicas adenomatosas da glândula tireoide
permanece obscura. Já se pensou que fatores imunológicos, infecciosos, nutricionais,
ambientais ou genéticos pudessem interagir para causar as alterações patológicas.
Também já foi identificado através de estudos epidemiológicos que o consumo de
alimentos industrializados enlatados para gatos apresentou fator de risco para o
desenvolvimento de hipertireoidismo, sugerindo que um componente bociogênico
possa estar presente na dieta (NELSON e COUTO, 2010).
Os sinais clínicos comuns do hipertireoidismo incluem polifagia, polidipsia,
poliúria, perda de peso, hiperatividade, taquicardia, vômito e diarreia, sendo que essas
alterações clínicas são progressivas e mais da metade dos gatos apresentam essas
alterações em seis meses a um ano antes de serem encaminhados ao veterinário.
Isso ocorre devido à apresentação clínica inicial, aumento do apetite e hiperatividade,
ser confundida com um estado saudável (FELDMAN e NELSON, 1996).
Cunha (2008) relata a importância em se investigar a ocorrência de
hipertireoidismo em todos os felinos de meia idade ou idosos que apresentem histórico
de perda de peso, principalmente quando evidenciar polifagia. Peterson (2004) cita
que existem três formas de tratamento para o hipertireoidismo, sendo elas:
tireoidectomia cirúrgica, iodo radioativo e administração de fármacos antitireóideo.
Metodologia
Foi atendido no Hospital Veterinário Universitário da Universidade Federal de
Santa Maria (UFSM), no dia 17 de setembro de 2014, um felino, SRD de quatorze
anos de idade
Na anamnese a proprietária relatou que há seis meses o animal vinha
apresentando perda de peso, sendo que o mesmo já pesou 13Kg e hoje se encontra
com 6,7Kg. Há aproximadamente três meses apresenta diarreia, além de mudanças
comportamentais, como poligafia e ansiedade. A proprietária também relatou perda
de pêlos.
No exame físico apenas foi evidenciado um pequeno aumento do lado
esquerdo da glândula tireoide por palpação. Foram então solicitados exames de
sangue sendo eles: hemograma completo, colesterol total, proteínas totais e frações,
triglicerídeos, ureia, creatinina, fosfatase alcalina, transaminase pirúvica (ALT),
20
tiroxina (T4), tiroxina livre (T4 L), tireoestimulante (TSH) e ultrassonografia de glândula
tireoide.
Com os resultados dos exames de sangue e laudo ultrassonográfico, chegouse ao diagnóstico de hipertireoidismo felino, o qual recebeu como tratamento 5mg BID
de metimazol, um antitireoideano, por 14 dias e a troca da ração que o animal
consumia, pela Hill´s Feline Y/D®. Após os 14 dias de tratamento, foi pedido para que
o paciente retornasse, e fosse realizado novamente os testes de triagem sanguínea,
porém a proprietária não retornou com o animal.
Resultados e Discussão
Segundo Panciera (2008), em gatos o diagnóstico de hipertireoidismo baseiase nos sinais clínicos, na constatação da glândula tireoide palpável, nos testes
laboratoriais de triagem. O teor sérico de T3 é menos útil no diagnóstico de
hipertireoidismo em gatos.
A perda de peso e pelos do felino, relatado pela proprietária, são sinais bem
evidenciados no hipertireoidismo. Segundo Peterson (2004) a maioria dos gatos com
hipertireoidismo apresenta evidência de perda de peso e alguns têm pelagem
disforme, com queda excessiva e emaranhado de pêlos.
Mudanças
comportamentais
também
são
descritas
em
gatos
com
hipertireoidismo, pois concentrações circulantes aumentadas do hormônio tireóideo,
presumivelmente por um efeito direto sobre o sistema nervoso, podendo provocar
mudanças comportamentais nos gatos incluindo hiperatividade, inquietação,
irritabilidade ou agressão (PETERSON, 2004).
Nos gatos adultos, as glândulas tireoides têm 2cm de comprimento e 0,3cm de
largura e somente serão passíveis de palpação quando aumentadas de tamanho
(FERGUSON e FREEDMAN, 2006), sendo que no exame físico o animal do presente
relato se encontrava com o lado esquerdo da tireoide aumentado. De acordo com
Nelson e Couto (2010) uma massa discreta da tireoide é palpável em 90% dos gatos
com
hipertireoidismo,
contudo
essa
palpação
não
é
patognomônica
de
hipertireoidismo, sendo que alguns gatos com lobos tiroidianos palpáveis são
clinicamente normais, e algumas massas cervicais palpáveis não são de origem
tireoidiana.
21
Os resultados do hemograma do paciente (ANEXO A) se encontravam sem
alterações, o que de acordo com Vieira (2014) o hemograma geralmente se apresenta
normal, mas pode demonstrar eritrocitose e leucograma de stress.
Nos exames de sangue realizados houve alteração na ureia, globulinas, ALT e
TSH, estando essas diminuídas, colesterol e T4 livre aumentado. Nelson e Couto
(2010) relatam que as anormalidades comuns na bioquímica sérica incluem um
aumento das atividades séricas de alanina aminotransferase, fosfatase alcalina e
aspartato aminotranferase, sendo um aumento leve a moderado, e estão aumentadas
em aproximadamente 90% dos pacientes. As concentrações séricas de ureia e
creatinina estão aumentadas em aproximadamente 25% dos gatos, sendo que essas
alterações são importantes por terem implicações relacionadas ao tratamento
(NELSON e COUTO, 2010).
Thrall (2007) relata que as globulinas que participam do sistema imune são
sintetizadas nos tecidos linfoides e no fígado. A insuficiência hepática pode resultar
em menor síntese e, portanto, em menor concentrações séricas de globulinas. Neste
caso o paciente apresentou uma diminuição das globulinas (ANEXO C), e pode estar
relacionado com insuficiência hepática.
No exame bioquímico foi encontrado a ALT diminuído (ANEXO C), o qual não
possui significado clínico. Também houve uma diminuição da ureia sanguínea
(ANEXO D), a qual de acordo com Thrall (2007) pode estar relacionada com uma
doença hepática grave, porém essa diminuição não apresenta relação com o
hipertireoidismo.
Neste caso, foi observado um aumento do colesterol sanguíneo (ANEXO B),
entretanto em gatos com hipertireoidismo, geralmente se observa a diminuição do
colesterol sanguíneo, sendo que o aumento geralmente é observado em casos de
hipotireoidismo (THRALL, 2007).
De acordo com Peterson (2004) o que explica a baixa concentração de TSH
circulante (ANEXO E) é pelo fato de que quando se possui hipertireoidismo, a taxas
de TSH sanguíneo se encontra diminuída, devido à alta concentração sérica de T 3 e
T4, que acabam realizando um feedback negativo sobre o mesmo.
O diagnóstico de hipertireoidismo é confirmado pela constatação de aumento
da produção de hormônios tireoidianos. Em gatos, o T 4 é o principal produto secretado
pela tireoide, sendo que esse hormônio pode estar ligado a proteínas transportadoras
ou livres no plasma. Como apenas a fração livre do hormônio tireóideo está disponível
22
para entrar nas células, as determinações do T 4 livre podem fornecer uma avaliação
mais consistente do estado da tireoide do que as concentrações do T4 total
(PANCIERA, 2008; PETERSON, 2004). O paciente do caso relatado apresentava
valores de T4 total (ANEXO D) em concentrações normais, sendo que o T 4 livre
(ANEXO E) se mostrou aumentado na corrente circulatória, nos levando a acreditar
que o animal encontrava-se em estágio inicial da doença, pois de acordo com Greco
(2007) a medição do teor sérico de T4 livre tem sido mais utilizada para diagnóstico de
hipertireoidismo em estágio inicial ou subclínico.
No laudo ultrassonográfico (ANEXO F) foi evidenciado um aumento significativo
do lado esquerdo da glândula tireoide e um leve aumento do lado direito da glândula
tireoide. De acordo com Nelson e Couto (2010), o ultrassom cervical não dá
informações sobre o estado funcional da massa tireoidiana e não deve ser usado para
estabelecer o diagnóstico de hipertireoidismo, devendo ser usado apenas como uma
ferramenta adicional na localização do tecido tireoidiano cervical.
A terapia medicamentosa é uma opção de tratamento prática para muitos
gatos. O metimazol é atualmente o medicamento antitireoidiano de escolha, por
apresentar menor número de reações adversas comparado a outras medicações, o
qual atua inibindo a síntese de hormônios tireoidianos. É indicado a realização de
hemograma completo, incluindo a contagem de plaquetas e a dosagem sérica de T 4
a cada duas semanas nos primeiros três meses de terapia medicamentosa, sendo
necessária a adequação da dose, buscando a menor dose diária que seja capaz de
manter as concentrações séricas de T 4 no limite inferior de normalidade (NELSON e
COUTOU, 2010; PANCIERA, 2008). Por possuir baixo número de reações adversas,
e devido à idade do animal, é que a medicação de escolha para o tratamento foi o
metimazol, o qual foi prescrevido a dose inicial de 5mg BID e solicitado que o animal
retornasse em 14 dias para que se pudesse repetir os exames e adequar a dose,
porém o animal não retornou mais ao HVU – UFSM.
Também como tratamento foi prescrito a Hill´s Feline Y/D® a qual é uma dieta
deficiente em teores de iodo e busca alcançar a saúde da tireoide. As células da
tireoide necessitam de certa quantidade de iodo para produzir os hormônios T 3 e T4,
então uma dieta deficiente de iodo irá ajudar a baixar os níveis circulantes destes
(PETERSON, 2013). A alimentação citada foi indicada ao paciente como uma forma
adjuvante no tratamento do hipertireoidismo, então sendo que esta não coloca em
desuso a terapia medicamentosa.
23
Crystal (2004) relata que quase todos os gatos com hipertireoidismo tem
prognóstico excelente para tratamentos bem-sucedidos, e que o não tratamento pode
levar ao desenvolvimento de miocardiopatia tireotóxica e hipertensão.
Conclusão
A patologia relatada é uma endocrinopatia muito comum na clínica de felinos,
porém ainda é pouco diagnosticada, trazendo para nós médicos veterinários uma
atenção maior em relação a sintomatologia clínica, pois quanto mais cedo se realizar
o diagnóstico, maiores as chances de melhora do paciente.
Referências Bibliográficas
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24
THRALL, M.A.; BAKER, D.C.; CAMPBELL, T.W.; DeNICOLA, D.; FETTMAN, M.J.;
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25
2.2 Adenite sebácea em um Akita
Resumo
A adenite sebácea é uma dermatopatia de desordem inflamatória primária e
idiopática da glândula sebácea. Acomete principalmente cães das raças Poodle,
Vizlas, Akitas e Samoiedas, sendo que as manifestações clínicas variam de acordo
com a raça e tipo de pelagem. As lesões ocorrem de maneira razoável e generalizada
com envolvimento de nódulos cutâneos de forma eritromatosa e oleosa. Esse trabalho
teve como objetivo relatar um caso de adenite sebácea eu um canino de raça Akita,
acompanhado durante o estágio curricular supervisionado.
Palavras-Chave: canino, glândula sebácea, dermatopatia.
Introdução
Adenite sebácea é uma doença inflamatória destrutiva das glândulas sebáceas
pouco compreendida. É incomum em cães, com maior ocorrência nas raças Poodle
padrão, Hungarian Vizsla, Akita e Samoyeda, jovens ou de meia idade (STANNARD,
2004).
A fisiopatologia é desconhecida, mas pode envolver uma anomalia hereditária
de desenvolvimento da glândula sebácea, destruição imunomediada desta glândula,
defeito de ceratinização folicular primária com obstrução de ductos sebáceos e
inflamação, distúrbio no metabolismo lipídico influenciando a secreção sebácea e a
ceratinização (KWOCHKA, 2008).
As glândulas sebáceas estão ligadas a cada folículo piloso e presentes nos
mamíferos em toda a pele coberta por pêlos. Essas glândulas abrem através de um
ducto no infundíbulo do canal folicular, liberando uma secreção oleosa que forma uma
emulsão de superfície juntamente com a secreção sudorípara e os lipídeos
epidérmicos que difundem-se por toda a superfície do estrato córneo, sendo que as
principais funções desta emulsão são a manutenção da suavidade e flexibilidade da
pele, retenção da humidade e manutenção de uma hidratação adequada (LINEK,
2008)
26
Segundo Medleau (2009) ocorre descamação discreta a grave que atinge mais
frequentemente o dorso, pescoço, parte superior da cabeça, face, orelhas e cauda. A
dermatite pode ser localizada, multifocal ou se generalizar pelo tronco. Em geral não
há prurido, a menos que haja infecção secundária por bactérias ou por Malassezia,
uma ocorrência comum.
Em cães da raça Akita, o desenvolvimento das lesões ocorre de maneira
razoável e generalizada com envolvimento de nódulos cutâneos de forma
eritromatosa e oleosa. Esses nódulos envolvem emaranhados de pelos debris com
depósito sero-sebáceo oleoso, amarelo amarronzado com depósito folicular ao redor
da haste do pelo, caracterizando proeminente perda de pelagem (SCOTT et al., 2001).
O tratamento da adenite sebácea visa reduzir a descamação e reidratar a
epiderme (STANNARD, 2004).
Metodologia
Foi atendido no Hospital Veterinário Universitário da Universidade Federal de
Santa Maria (UFSM), no dia 25 de setembro de 2014, um canino, macho da raça Akita
de dois anos de idade. Na anamnese o proprietário relatou que o paciente apresenta
lesões de pele há seis meses, pouco prurido e estava com uma queda acentuada de
pêlos. Já havia sido tratado por outros médicos veterinários, os quais realizaram
raspado cutâneo e cultura fúngica, sendo os dois de resultado negativo.
O tratamento que já havia sido utilizado foi de ivermectina e antibiótico beta
lactâmico por 30 dias, antimicótico e banhos semanais com shampoo de clorexidine
por 60 dias e estava recebendo ração Pro Plan® Puppy Sensitive Skin com OptiDerma,
porém não houve evolução satisfatória do quadro clínico, levando o proprietário a
procurar o HVU – UFSM na tentativa de estabelecer diagnóstico definitivo.
No exame físico apresentou intensa descamação cutânea, hiperqueratinização
da pele em algumas regiões, principalmente no pescoço e região lombar,
escurecimento da pele e regiões alopécicas.
Foi então realizado hemograma completo, e bioquímico dosando albumina,
ALT e creatinina. Também foi realizado exame histopatológico de pele, no qual se
observou ausência completa de glândulas sebáceas, alguns folículos pilosos dilatados
e repletos de fragmentos de queratina, acentuado infiltrado inflamatório composto por
macrófagos epitelioides e neutrófilos, ao redor dos anexos cutâneos, e algumas
27
glândulas sebáceas obliteradas por macrófagos e neutrófilos. Com isso chegou-se ao
diagnóstico de adenite sebácea.
Como tratamento foi indicado ao proprietário dar banhos semanais com
shampoo anti – seborreico e óleo mineral, para reduzir a descamação e melhorar a
hidratação da pele.
Resultados e Discussão
De acordo com Nuttal (2010) cerca de 90% dos animais afetadas possuem
entre 1,5 a 5 anos de idade. As lesões começam na parte superior do pescoço, costas,
cabeça ou orelhas. O ataque inflamatório às glândulas sebáceas visto a histologia
levou à teoria de que a adenite sebácea é uma doença imunomediada. O paciente
relatado encontra-se na faixa etária dos animais afetados, sendo que as lesões
apresentadas estão situadas nos mesmos lugares descritos por Nuttal. O proprietário
do animal também relatou acentuada queda de pelos, o qual também é uma
característica da patologia, pois Stannard (2004) relata que o pelo se solta com
facilidade e retém uma cobertura oleosa de escamas em torno da base.
Os exames de sangue realizados, sendo eles hemograma completo (ANEXO
G), e bioquímico (ANEXO H) dosando albumina, ALT e creatinina, não mostraram
nenhuma alteração.
A realização de raspado cutâneo e cultura fúngica são exames de rotina nas
consultas dermatológica, para podermos chegar a um diagnóstico, ou então, excluir
suspeitas clínicas. Segundo Kwochka (2008) é importante a realização desse tipo de
exame, para que se chegue ao diagnóstico e tratamento de várias dermatoses que
vem se tornando mais evidente nessas últimas décadas. Neste caso foram realizados
os dois exames, sendo que os dois foram negativos.
O prognóstico varia entre bom e reservado, uma vez que a terapia é paliativa e
a resposta a vários medicamentos é variável (NUTTAL, 2010). Não existe indicação
científica para a utilização de ivermectina, cefalexina e cetoconazol. A ração Pro Plan®
Puppy Sensitive Skin ajuda a minimizar o risco da irritação da pele associada à
sensibilidade alimentar (PROPLAN, 2014).
Kwochka (2008) afirma que as raças de pelo longo como o Akita, apresentam
alopecia simétrica ou irregular não pruriginosa, com formação excessiva de escamas
e pelos quebradiços e opacos, sendo que áreas especificas incluem dorso do plano
28
nasal, parte superior da cabeça, região dorsal de pescoço e tronco, cauda e pavilhão
auricular. Neste caso o paciente relatado apresentava intensa descamação cutânea,
hiperqueratinização da pele em algumas regiões, principalmente pescoço e região
lombar, com escurecimento da pele e regiões alopécicas, sendo característico de
adenite sebácea.
O exame histopatológico geralmente mostra um infiltrado inflamatório multifocal
de linfócitos, neutrófilos e plasmócitos em torno de glândulas sebáceas e outras
estruturas anexas no início da doença. Em casos avançados há, acantose,
hiperqueratose folicular e ausência de glândulas sebáceas é observado. É comum
que múltiplas biópsias são necessárias para observar a imagem de diagnóstico
(NUTTAL, 2010). O ataque inflamatório às glândulas sebáceas visto a histologia levou
à teoria de que a adenite sebácea é uma doença imunomediada (STANNARD, 2004).
De acordo com o resultado do exame histopatológico (ANEXO I) do paciente relatado
chegou-se então o diagnóstico definitivo de adenite sebácea.
De acordo Goth (2011) os principais diagnósticos diferenciais da adenite
sebácea, se baseiam em seborreias primárias, seborreias secundárias a causas
diversas e dermatopatias queratosseboreicas, sendo importante ressaltar que a
leishmaniose é uma patologia que pode ser muito similar, tanto clínica quanto
histopatologicamente.
Bensignor (2013) relata que o tratamento deve ser sobretudo local e a utilização
de imunossupressores deve ser utilizada somente em caso de falha do tratamento
tópico. Neste caso foi indicado como tratamento banhos semanais com shampoo anti
– seborreico e óleo mineral, para que se reduza a descamação e melhore a hidratação
da pele, o qual se mostra correto, pois de acordo com Medleau (2009), casos discretos
podem ser efetivamente controlados mediante suplementação diária com ácidos
graxos essenciais e tratamento tópico com shampoo anti –seborreico, solução de
enxague emoliente e umectante, em intervalos de dois a quatro dias ou de acordo
com a necessidade. Em alguns cães, o tratamento sistêmico pode ser eficaz na
prevenção de destruição adicional da glândula sebácea, como os imunossupressores.
Os cães acometidos não devem ser acasalados.
Conclusão
29
A adenite sebácea é uma doença rara que de cães cujas raças predisponentes
desenvolvem anormalidades na composição da glândula sebácea, da pele e folículo
piloso. O achado histopatológico é a única opção para a confirmação do diagnóstico,
sendo que o prognóstico é variável. Por se tratar de uma patogenia imunomediada, o
tratamento deve ser realizado pelo resto da vida do animal, o qual desde que se
mantenha o tratamento correto, poderá usufruir de uma vida normal.
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30
3 CONCLUSÃO
O estágio curricular supervisionado serve de grande importância para fortalecer
ainda mais o amor por esta profissão. A vivência do dia a dia da clínica de pequenos
animais, traz não somente, mais experiência, mas também todo o ensinamento
passado durante estes anos de vida acadêmica.
Finalizada mais uma etapa, fica a certeza que hoje, existe mais segurança para
seguir esta caminhada. Pode se constatar as deficiências que existiram no decorrer
do curso, e durante este período foi dado a oportunidade de aprimorar os
conhecimentos.
A convivência com profissionais da área contribuiu de maneira inestimável para
a formação profissional, visto que os mesmos incentivaram muito para que fosse
possível o aperfeiçoamento e a aplicação dos conhecimentos de forma eficiente,
dedicando a vida aos animais.
Resta agradecer a oportunidade de poder ter acompanhado e vivenciado a
verdadeira clínica de pequenos animais junto ao pessoal do HVU – UFSM, não
deixando de agradecer também as oportunidades de aprendizado, errando e
corrigindo erros, para que estes não mais se repetissem.
Dos amigos, colegas e professores ficam as saudades de uma época que
jamais voltará e que foi maravilhosa, pelos momentos vivenciados e pelas lembranças
que deixaram.
31
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33
ANEXOS
34
Anexo A – Hemograma completo do paciente com hipertireoidismo.
35
Anexo B – Colesterol total, creatinina e fosfatase alcalina do paciente com
hipertireoidismo.
36
Anexo C – Proteínas totais e frações, ALT do paciente com hipertireoidismo.
37
Anexo D – Triglicerídeos, ureia e T4 do paciente com hipertireoidismo.
38
Anexo E – T4 livre, TSH do paciente com hipertireoidismo.
39
Anexo F – Laudo ultrassonográfico do paciente com hipertireoidismo.
40
Anexo G – Hemograma do paciente com adenite sebácea.
41
Laudo H – Bioquímica sérica do paciente com adenite sebácea.
42
Anexo I – Laudo histopatológico do paciente com adenite sebácea.
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TB 539/14
Identificação do paciente
Nome: Baruk
Espécie: canina
anos
Raça: Akita
Sexo: macho
Idade: 2
Identificação do proprietário
Proprietário: José Salamoni Filho
Identificação do médico veterinário
Nome: Dra. Claudete Schmidt
Consultório/clínica: Hospital Veterinário Universitário – UFSM
E-mail: [email protected]
Identificação da amostra
Data da coleta: 03/10/2014
Data de entrada: 03/10/2014
Data da emissão do laudo: 10/10/2014
Tempo entre a entrada da amostra e a emissão do laudo: 5 dias úteis.
História clínica
O paciente apresenta lesões de pele há seis meses, segundo o proprietário já recebeu cefalexina,
cetoconazol e ivermectina, sem melhora. Ao exame físico apresenta crostas aderidas e
ressecadas com cilindros foliculares em todo o dorso, cauda, borda das orelhas e cabeça.
Suspeita clínica
Adenite sebácea.
Descrição macroscópica
Material fixado em formol – duas amostras.
Amostra 1 (pelve) – fragmento de pele triangular com 1,5 x 1 cm com pelos.
Amostra 2 (tórax) – fragmento de pele com 1,5 x 1 x 1 cm.
Descrição histológica
Pele (Amostra 1 [pelve]) – há hiperqueratose ortoqueratótica. Na derme observa-se ausência
completa de glândulas sebáceas. Alguns folículos pilosos estão dilatados e repletos de
fragmentos de queratina.
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Pele (Amostra 2 [tórax]) – ao redor dos anexos cutâneos observa-se acentuado infiltrado
inflamatório composto por macrófagos epitelioides e neutrófilos. Há formação de células
gigantes e, em meio ao infiltrado, há fragmentos de queratina. Algumas glândulas sebáceas
estão obliteradas por macrófagos e neutrófilos.
Diagnóstico morfológico
Pele (Amostra 1), atrofia sebácea difusa acentuada.
Pele (Amostra 2), adenite piogranulomatosa multifocal crônica acentuada.
Pele (Amostra 2), perifoliculite, foliculite e furunculose piogranulomatosa crônica difusa
acentuada associada a fragmentos de queratina intralesionais.
Comentário
As lesões observadas são típicas de adenite sebácea. A furunculose observada neste caso é
secundária à ruptura de folículos pilosos adjacentes às glândulas sebáceas atrofiadas. Essa
furunculose deve ser interpretada como tendo origem bacteriana, mesmo que bactérias não
tenham sido visualizadas nos cortes histológicos.
Adenite sebácea é uma incomum dermatopatia idiopática, possivelmente genética (com
caráter autossômico recessivo), que ocorre principalmente em cães, mas comumente naqueles
das raças Akita, Samoieda, Vizla e Poodle Standard. Os cães afetados são adultos jovens e
desenvolvem pelagem baça e áreas de hipotricose ou alopecia, inicialmente no dorso, e
posteriormente em outras regiões da pele. Descamação e formação de cilindros foliculares são
achados frequentes. Complicações comuns incluem infecção bacteriana secundária e ocorrem
em 40% dos casos. Nesses casos, formação de pápulas e pústulas são comuns. Outras
apresentações clínicas incluem alopecia da cauda (“rabo de rato”), otite externa e formação de
nódulos ou placas alopécicas, multifocais a coalescentes e descamativas no tronco em cães das
raças Pastor Alemão, Pastor Belga e Vizla, respectivamente.
Tatiana Mello de Souza, Méd. Vet., Me., Dr.
Membro do Colégio Brasileiro de Patologia Animal
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Anexo J – Certificado de conclusão de estágio.
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