TCC Bruno M Cardoso

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FACULDADE MARIA MILZA
BACHARELADO EM FARMÁCIA
BRUNO MACEDO CARDOSO
LEVANTAMENTO ETNOBOTÂNICO NO BAIRRO CENTRO DA CIDADE DE
GOVERNADOR MANGABEIRA-BA
GOVERNADOR MANGABEIRA- BA
2016
BRUNO MACEDO CARDOSO
LEVANTAMENTO ETNOBOTÂNICO NO BAIRRO CENTRO DA CIDADE DE
GOVERNADOR MANGABEIRA-BA
Monografia apresentada ao Curso de Bacharelado
em Farmácia da Faculdade Maria Milza, como
requisito parcial para obtenção do título de
Bacharel em Farmácia.
Professora Drª Vânia Jesus Dos Santos de Oliveira
Orientadora
GOVERNADOR MANGABEIRA- BA
2016
Dados Internacionais de Catalogação
Cardoso, Bruno Macedo
C268l
Levantamento etnobotânico no bairro Centro da cidade de
Governador Mangabeira - Ba / Bruno Macedo Cardoso. – 2016.
69 f.
Orientadora: Profª. Drª. Vânia Jesus Dos Santos de Oliveira
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Farmácia) –
Faculdade Maria Milza, 2016.
1. Planta medicinal - uso popular 2. Etnobotânica. I. Oliveira,
Vânia Jesus Dos Santos de. II. Título.
CDD 581.634
PRISCILA DOS SANTOS DIAS
BRUNO MACEDO CARDOSO
LEVANTAMENTO ETNOBOTÂNICO NO BAIRRO CENTRO DA CIDADE DE
GOVERNADOR MANGABEIRA-BA
Aprovado em: 20/06/2016
BANCA DE APRESENTAÇÃO
________________________________________
Prof. Drª Vânia Jesus dos Santos Oliveira
Orientador/FAMAM
_________________________________________
Prof. Drª Catiane Sacramento Souza
Avaliador/UEFS
_________________________________________
Prof. MSc Paulo Roberto Ribeiro De Mesquita
Avaliador/FAMAM
GOVERNADOR MANGABEIRA-BA
2016
AGRADECIMENTOS
À DEUS pela direção e força concedida em cada momento, pela suprema orientação
nesta jornada. Afinal, “o objetivo foi alcançado”.
À Minha mãe Djanira, meu pai Ailton, minha avó Nair, meu avô Manoel (in
memoriam), meu irmão Osmar, minha sogra Elizete, meu sobrinho Isaque, Rafael
Farias, Marlu, meus tios, tias, primos, Padrinho e Madrinha, sem o incentivo de
vocês não conseguiria. Obrigada!
À minha esposa Amanda, cada dia vivido sempre é motivado pelo seu amor,
cuidados e dedicação. Muito obrigado por tudo!
Ao meu filho Mailon, você é minha grande benção. Papai te ama.
À Professora Dra. Vânia Jesus, pelo profissionalismo nas orientações dos trabalhos
desde a iniciação científica, pelo apoio, confiança e por todas as palavras de
incentivo. Obrigada!
A todos os professores e funcionários da FAMAM em especial, Endrigo Sampaio,
Antonio Anderson, Paulo Mesquita, Noelma, Catiane e José Jeraldo, a colaboração
de vocês foram fundamental.
À UFRB e aos Professores Marcio Lacerda e Fábio Oliveira, muito obrigado!
Aos amigos da Sociedade Filarmônica Amantes da Lyra também sou muito grato.
A toda equipe da Natulab, muito obrigado pela oportunidade de ter feito parte dessa
grande escola. Agradeço em especial às turmas do P&D Pharma e Food, a Dielli,
Janai e Buzeu por viabilizarem o início de tudo.
A todos os preceptores de estágios, em especial a Leonan, Roberto, Lara, Eldo e
Beto. Obrigado pelo incentivo.
Aos amigos da Agilent Technologies, Valter e Jonevaldo, obrigado pela confiança e
oportunidade.
Aos amigos Luis Lima (Lula), Wedson Carvalho, Hebert Correia, André Correia, Jó,
Dyana Verena, Maiana Sarmento, Aloísio Oliveira, Samylla Barreto, Jai motorista e
ao meu primo Diego, obrigado pelo incentivo e colaboração.
A toda população e aos Agentes Comunitários de Saúde de G. Mangabeira-BA,
obrigado pelo acolhimento.
Ao Programa Universidade Para Todos, Governo Federal, Gestão da Presidente
Dilma Rousseff, o qual viabilizou esta formação.
RESUMO
A etnobotânica consiste no estudo do conhecimento e das definições adquiridas por
qualquer cultura vivente em relação aos seres vivos e fenômenos biológicos. O
objetivo deste estudo foi realizar um levantamento etnobotânico das plantas de uso
terapêutico no bairro Centro do Município Governador Mangabeira-BA. A pesquisa foi
realizada entre os meses de julho de 2015 a janeiro de 2016. As visitas aconteceram
nos turnos matutino e vespertino e apenas participaram da pesquisa pessoas maiores
de 18 anos de idade. Para a coleta dos dados foram utilizados 50 questionários
semiestruturado. O processo de coleta e identificação das espécies foi realizado
conforme Fidalgo e Bononi (1989), realizada no Herbário do Recôncavo-UFRB.
Quanto aos resultados destacam-se que 88% dos entrevistados fazem uso de plantas
medicinais para tratar doenças e apenas 12% disseram que não utilizam plantas com
este intuito. A folha é parte da planta mais utilizada, sendo o chá a forma de preparo
predominante. Além disso, foram citadas 55 diferentes espécies de plantas, as quais
pertencem a 34 famílias. As espécies Lippia alba, Plecthantus barbatus, Pneumus
boldus e Vernônia condensata foram as mais citadas no levantamento. O estudo
demonstrou a existência de um amplo saber popular em relação à utilização empírica
de plantas para tratar doenças. As quatro espécies que foram identificadas
demonstram estudos farmacológicos que reafirmam a importância do saber popular
sobre as propriedades farmacológicas.
Palavras chave: Planta medicinal. Uso popular. Etnobotânica.
ABSTRACT
Ethnobotany is the study of knowledge and the settings acquired by any living culture
in relation to living beings and biological phenomena. The aim of this study was to
conduct an ethnobotanical survey of therapeutic use plants in the Central district of the
City Governador Mangabeira-BA. The survey was conducted between the months of
July 2015 to January 2016. The visits took place in the morning and afternoon shifts
and only participated in the survey people over 18 years old. For data collection were
used 50 semi-structured questionnaires. The process of collection and species
identification was performed according Fidalgo and Bononi (1989), held at the
Herbarium of the Reconcavo-UFRB. As for the results highlight that 88% of
respondents make use of medicinal plants to treat do encase only 12% said they do
not use plants for this purpose. The sheet is most used part of the plant, the tea being
the predominant form of preparation. Moreover, they were cited 55 different plant
species, which belong to 34 families. The species Lippia alba, Plecthantus barbatus,
Pneumus boldus and Vernonia condensata were the most cited in the survey. The
study demonstrated the existence of a broad popular knowledge in relation to the
empirical use of plants to treat diseases. The four species were identified demonstrate
pharmacological studies reaffirm the importance of popular knowledge about the
pharmacological properties.
Key words: Medicinal plant. Popular use. Ethnobotany.
LISTA DE TABELAS
Tabela 01. Alguns estudos etnobotânicos realizados recentemente no Brasil, com
ênfase na Região Nordeste e estado da Bahia............................................................16
Tabela 02. Tamanho da população, margem de erro e quantidade de amostra
suficiente para o estudo..............................................................................................29
Tabela 03. Representação das espécies citadas no estudo, com suas respectivas
famílias
e
indicação
terapêutica
pela
população...................................................................................................................34
LISTA DE FIGURAS
Figura 01. Mapa referente à localização da área de estudo...................................... 28
Figura 02. Representação das espécies mais citadas no levantamento etnobotânico
em Governador Mangabeira-BA.................................................................................. 37
Figura 03. Espécies que foram coletadas para serem identificadas no Herbário da
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).............................................. 38
Figura 04. Exsicatas das espécies que foram identificadas no Herbário da
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia............................................................39
Figura 05. Representação das famílias com número de citações ≥ 02, no
levantamento............................................................................................................... 40
LISTA DE ABREVIATURAS
SUS - Sistema Único de Saúde
OMS - Organização Mundial de Saúde
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
DATASUS - Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde
ACS - Agentes Comunitários de Saúde
UFRB - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
HURB - Herbário do Recôncavo da Bahia
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12
2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................ 15
2.1 ESTUDOS ETNOBOTÂNICOS ........................................................................... 15
2.2 ESTUDOS ETNOBOTÂNICOS NO BRASIL ...................................................... 16
2.2. APLICAÇÕES DAS PLANTAS MEDICINAIS ................................................... 19
2.2.1 Conhecimento Popular x Conhecimento Científico .......................................... 25
3. METODOLOGIA ................................................................................................... 28
3.1 CARACTERIZAÇÕES DA ÁREA DE ESTUDO ................................................. 28
3.2 DETERMINAÇÃO ESTATÍSTICA DO TAMANHO DA AMOSTRA .................... 28
3.3 PESQUISAS DE CAMPO ................................................................................... 30
3.3.1 Coleta e identificação das espécies ................................................................. 31
3.3.2 Materiais utilizados na coleta e herborização do material botânico .................. 31
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 32
4.1 ETNOBOTÂNICA ............................................................................................... 32
4.2 ETNOFARMACOLOGIA ..................................................................................... 41
4.2.1 Propriedades farmacológicas ........................................................................... 41
4.2.1.1 Lippia alba (Mill) N. E. Brown. ....................................................................... 41
4.2.1.2 Plectranthus barbatus Andrews. .................................................................... 42
4.2.1.3 Pneumus boldus Molina ................................................................................ 43
4.2.1.4 Vernonia condensata Baker .......................................................................... 43
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 45
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 46
Apêndice I – Questionário diagonístico ............................................................... 65
Anexo I - Parecer Comitê de Ética ......................................................................... 67
Apêndice II - TCLE ................................................................................................... 68
12
1. INTRODUÇÃO
O
conhecimento
tradicional
que
foi
herdado
dos
nossos ancestrais
reconhecidos como especialistas nas práticas culturais da utilização de plantas
medicinais como recurso terapêutico pode ser evidenciado em todo o mundo. E na
contemporaneidade esse conhecimento, às vezes, pode ser visto com certa
desconfiança por alguns segmentos da sociedade, entretanto, na maioria das vezes,
esta tradição é legitimada socialmente, e mesmo que venha passado por
modificações, se confirma e não é esquecida (SILVA, 2014).
Importantes aspectos sobre os saberes das populações tradicionais vêm sendo
estudados pela etnobiologia, a qual aborda estudos que visam perceber o papel da
natureza sob os olhares das populações locais dentro de um sistema de crenças e
adaptações do homem com o meio (ALBUQUERQUE; LUCENA, 2004). Entretanto, A
etnobotânica objetiva entender a relação dos seres humanos com as plantas
medicinais (COSTA; MAYWORM, 2011).
A etnobotânica consiste no estudo do conhecimento e das definições
adquiridas por qualquer cultura vivente em relação aos seres vivos e fenômenos
biológicos. Ela estuda a relação que há entre os seres humanos e as plantas e como
as populações utilizam os recursos vegetais (DE LUCENA et al., 2012). Além disso,
informações importantes, muitas vezes de sua própria cultura são transmitidas entre
grupos populacionais através do hábito de se utilizar plantas como recurso medicinal
(FREITAS et al., 2012). Para De Freitas et al., (2013), o conhecimento sobre plantas
medicinais simboliza muitas vezes o único recurso terapêutico de muitas
comunidades e grupos étnicos. Além disso, o uso de plantas no tratamento e na cura
de enfermidades é tão antigo quanto à espécie humana.
É considerada como planta medicinal aquela planta administrada sob qualquer
forma e por alguma via ao homem, exercendo algum tipo de ação farmacológica. As
plantas medicinais têm sido utilizadas tradicionalmente para o tratamento de várias
enfermidades. Sua aplicação é vasta e abrange desde o combate ao câncer até os
microrganismos patogênicos (SILVA; CARVALHO, 2004).
O Brasil detém a maior diversidade biológica do mundo, contando com uma
rica flora, despertando interesses de comunidades científicas internacionais para o
estudo, conservação e utilização racional destes recursos, contando com mais de
55.000 espécies catalogadas (SOUZA; FELFILI, 2006). Segundo SAMPAIO et al.
13
(2006) são 341 espécies utilizadas como medicinais no nordeste. Em estudos
realizados nas cidades circunvizinhas a Governador Mangabeira, no recôncavo da
Bahia, foi evidenciado que em Muritiba, por Santos; Brito; Oliveira (2012), Cruz das
Almas por Teixeira; Brito; Oliveira (2012) e por Menezes (2014), em Santo Amaro,
que mais de 127 espécies de plantas são utilizadas como recursos terapêuticos para
tratar vários tipos de doenças.
De forma semelhante em todo o Brasil, cerca de 82% da população brasileira
utiliza produtos a base de plantas medicinais nos seus cuidados com a saúde, seja
pelo conhecimento popular na medicina tradicional indígena, quilombola, entre outros
povos e comunidades tradicionais, seja pelo uso popular na medicina caseira, de
transmissão oral entre gerações, ou nos sistemas oficiais de saúde, como prática de
cunho científico, orientada pelos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde
(SUS) uma prática que incentiva o desenvolvimento comunitário, a solidariedade e a
participação social (RODRIGUES; DE SIMONI, 2011).
A OMS tem sido forte aliada no fortalecimento das práticas culturais e destacou
no ano de 2008, na China, que o conhecimento da medicina tradicional, os
tratamentos e práticas devem ser respeitados, preservados e amplamente divulgados
e que cabe aos governos a responsabilidade pela saúde de sua população e
formulação das políticas nacionais, regulamentos e normas dos sistemas de saúde
que sejam abrangentes, e garantam a adequada, segura e efetiva utilização da
medicina tradicional (BRASIL, 2012).
Grande parte das plantas nativas brasileiras ainda não tem estudos para
permitir a elaboração de monografias completas e modernas. Muitas espécies são
usadas empiricamente, sem respaldo cientifico quanto à eficácia e segurança, o que
demonstra que em um país como o Brasil, com enorme biodiversidade, existe uma
grande lacuna entre a oferta de plantas e as poucas pesquisas (FOGLIO et al., 2007).
As principais justificativas para elaboração deste estudo estão pautadas
primariamente no encurtamento da distância entre os saberes populares e científicos,
seguido pela produção científica do estudante de Farmácia no campo da etnobotânica
e no fortalecimento das práticas acadêmicas representadas pelos projetos executados
em comunidades. Desenvolver este trabalho como de conclusão do curso de
Bacharelado em farmácia me instigou devido às inúmeras práticas medicamentosas
envolvendo a utilização de plantas para curar doenças que já foram desenvolvidas em
outras partes do mundo, as quais incitaram profissionais farmacêuticos a
14
aprofundarem nos estudos envolvendo plantas medicinais. Além disso, estudos como
este traz a tona o conhecimento repassado de geração a geração nas comunidades,
deixando em evidência a importância dos recursos terapêuticos das plantas
encontradas em seu ambiente natural e que tal sabedoria popular pode ser um
instrumento importante, como por exemplo, para indústria farmacêutica na elaboração
de novos medicamentos, no qual farmacêuticos e estudantes de farmácia estão
inseridos.
Assim, os objetivos deste estudo foram realizar um levantamento etnobotânico
das plantas de uso terapêutico no bairro Central do Município Governador
Mangabeira-BA, identificar as espécies mais citadas no levantamento e buscar
informações sobre as aplicações farmacológicas das espécies mais citadas em
literaturas especializadas.
15
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 ESTUDOS ETNOBOTÂNICOS
A história da etnobotânica se inicia com os trabalhos do renomado botânico
Carl Linnaeus, no século XVIII, porque seus diários de viagens continham dados
referentes às culturas visitadas, os costumes de seus habitantes e o modo de
utilização das plantas (PRANCE, 1991). Entretanto, a íntima relação entre a
humanidade com o cultivo de plantas existe desde as suas primeiras organizações
sociais, quando os quintais passaram a ser uma estratégia de cultivo do seu próprio
alimento e remédios (FRANCO; FERREIRA, FERREIRA, 2011).
Conceitualmente o termo “etnobotânica” foi empregado pela primeira vez em
1895, por Harshberger, botânico norte americano, para descrever o estudo de
“plantas usadas pelos povos aborígenes”, contribuindo na elucidação da posição
cultural das tribos indígenas (ALBUQUERQUE, 1997). Um dos pioneiros nos estudos
etnobotânico no Brasil foi Richard Evans Schultes, botânico sistemata, que
trabalhando com índios do noroeste da Amazônia descreveu o preparo e a utilização
de
inúmeras
plantas
empregadas
como
medicamentos,
alucinógenos,
anticoncepcionais (AMOROZO, 1996).
O uso popular de plantas é uma arte muito antiga fundamentada no acúmulo
de
informações
repassadas
oralmente
através
de
sucessivas
gerações
(NASCIMENTO, 2008). Para Davis, (1995), outros exploradores, missionários,
naturalistas e botânicos, ao estudarem o uso de plantas por comunidades de todo o
mundo também contribuíram para a sistematização da etnobotânica ao longo do
tempo.
A etnobotânica representa a área da pesquisa destinada à investigação das
relações entre povos e plantas, destacando-se, dentre essas relações, o estudo das
práticas medicinais, envolvendo vegetais utilizados na medicina popular, sendo
estudos envolvendo comunidades. (LIMA et al., 2007, NETO, 2014).
Estudar e analisar as informações populares que o homem tem sobre o uso
das plantas constitui um dos principais objetivos da etnobotânica. Ao entender o perfil
de uma comunidade e seus usos em relação às plantas, estudos etnobotânico, visam
extrair informações que possam ser benéficas sobre usos medicinais de plantas,
16
preservando os costumes e particularidades de cada comunidade (RICARDO, 2010).
De acordo com Cardoso e Silva (2012), a etnobotânica preserva os conhecimentos
populares sobre o uso de plantas medicinais de uma região, por uma comunidade,
tornando assim um ato antropológico, que mostra o quanto o homem é capaz de
interagir e adapta-se ao meio ambiente, construindo e preservando sua cultura.
Muitas comunidades tradicionais possuem um vasto conhecimento relacionado
ao uso dos recursos vegetais encontrados nos ambientes onde as mesmas estão
inseridas, sendo que esse conhecimento é adquirido empiricamente e transmitido de
geração em geração (OLIVEIRA, 2015).
Atrelado a etnobotânica, fatores culturais são fortemente evidenciados no que
diz respeito à relação homem natureza. O Pluriculturalismo é fortemente evidenciado
entre as comunidades brasileiras e acaba tendo seu papel bastante relevante na
disseminação do conhecimento popular sobre as plantas medicinais (NETO, 2014).
Logo,
hábitos
cotidianos
de
determinadas
comunidades
estão
diretamente
submetidos aos ciclos naturais e a forma como apreendem a realidade e a natureza é
baseada não só em experiência e racionalidade, mas em valores, símbolos, crenças e
mitos (MONTELES; PINHEIRO, 2007).
2.2 ESTUDOS ETNOBOTÂNICOS NO BRASIL
A maior biodiversidade do planeta certamente é encontrada em território
brasileiro. Isso inclui as plantas medicinais que são insumos para a fabricação de
fitoterápicos e outros medicamentos (MACEDO, 2009). O uso das espécies vegetais
com fins de tratamento e cura de doenças e sintomas se perpetuaram na história da
civilização humana e chegou até os dias atuais, sendo amplamente utilizada por
grande parte da população mundial como eficaz fonte terapêutica (MADALENO,
2011).
No Brasil, o uso de plantas medicinais está muito ligado à cultura indígena, mas
a influência europeia é inegável, visto a grande quantidade de plantas introduzidas em
nossas hortas são largamente utilizadas não somente como medicamento, mas
também como ervas aromática (GRANDI, 1989).
17
A herança cultural africana na medicina popular do Brasil e que os quilombolas
carregam consigo e ainda praticam os costumes de seus antepassados dessem ser
levado em consideração, pois, visam promover o resgate do conhecimento tradicional
sobre plantas medicinais em comunidades afrodescentes, e apresenta-se como uma
ferramenta para a promoção da valorização do saber tradicional que estas
comunidades carregam. Além disso, fornece importantes informações que poderão
contribuir no processo de desenvolvimento de programas e projetos de pesquisa de
plantas medicinais (OLIVEIRA, 2015).
No Nordeste do Brasil, apesar da grande influência dos meios de comunicação e
do número crescente de farmácias na região, estudos etnobotânico têm demonstrado
que o uso de plantas medicinais ainda é frequente, tanto no meio rural quanto urbano,
sendo comum principalmente neste último, a presença de raizeiros em pontos
estratégicos de algumas cidades (MOSCA; LOIOLA, 2009).
Muitos estudos foram e ainda estão sendo desenvolvidos no Brasil inteiro, a
exemplo disso, na tabela 01, encontram-se alguns desses trabalhos. Araújo e Lemos,
(2015), destaca estudos com plantas medicinais e seus usos em estados da região
Nordeste.
Tabela 01. Alguns estudos etnobotânicos realizados recentemente no Brasil, com
ênfase na Região Nordeste e estado da Bahia.
Cidade do estudoEstado
São Paulo-SP
Madureira-RJ
Ouro Preto-MG
Goiânia-GO
Santa Catarina-SC
Manacapuru-AM
Cuiabá-MT
Ponta Grossa-PR
Moreilândia-PE
Recife-PE
Nova Olinda-PB
Pombal-PB
Autores
DE QUEIROZ; DO
NASCIMENTO.
BOCHNER et al.,
MESSIAS et al.,
DOS SANTOS; FARIA
VILHALVA.,
DE LUCA et al.,
VÁSQUEZ; MENDONÇA;
NODA.
GONÇALVEZ; PASA.
STANISKI; RACHULSKI.
REGIÃO NORDESTE
MACÊDO et al.,
GOMES
SILVA
BANDEIRA et al.,
Ano da
Publicação
2014
2012
2015
2015
2014
2014
2015
2014
2015
2015
2014
2014
Continua...
18
...Continuação
Itaporanga d’Ajuda-SE
Milagres-CE
Quixerê-CE
São Luiz-MA
São Luiz-MA
Apodi-RN
Luís Correia-PI
Serra do Passa Tempo-PI
Arapiraca-Al
Tanhaçu-BA
Vitória da Conquista-BA
Teofilândia-BA
Juazeiro-BA
Lapão-BA
Cruz das Almas-BA
Mutuipe-BA
Santo Amaro-BA
Muritiba-BA
Cruz das Almas e Muritiba
Conceição do Almeida, Feira
de Santana, Santo Amaro e
Itaberaba-BA
SANTOS
SILVA et al.,
FREITAS SOUZA; DA SILVA.
FIRMO; GOMES; VILANOVA.
LINHARES et al.,
PAULINO et al.,
LEMOS; ARAUJO
DE ALMEIDA NETO; DE
BARROS; SILVA.,
DA SILVA LOS; DE BARROS;
DAS NEVES.
BAHIA
CUNHA, et al.,
OLIVEIRA
OLIVEIRA
SILVA
MELO-BATISTA
RODRIGUES; GUEDES
SILVA, et al.,
MENEZES
SANTOS; BRITO; OLIVEIRA.
TEIXEIRA; BRITO; OLIVEIRA.
2013
2015
2015
2014
2014
2012
2015
2015
REBOUÇAS, et al.,
2015
2012
2012
2015
2012
2014
2014
2006
2008
2013
2012
2012
As cidades de Cruz das Almas, Santa Amaro e Conceição do Almeida Também
fazem parte do recôncavo da Bahia. Entretanto, o estudo supracitado desenvolvido na
cidade de Cruz das Almas, apesar de não ter sido publicado tão recentemente quanto
à maioria dos listados na Tabela 01, é de grade relevância comparativa, pois foi
desenvolvido a menos de 15 Km de distância da cidade de Governador Mangabeira.
Segundo Rebouças et al., (2015), o saber popular no uso de plantas medicinais
sempre foi bastante disseminado e tem se tornado cada vez mais comum. Entretanto,
a maioria dos usuários não possui informações suficientes acerca da nomenclatura,
usos e aplicações das espécies, podendo acarretar riscos à saúde da população.
No que diz respeito às características em comum diagnosticadas nos estudos
etnobotânicos, Silva, 2014, p. 89 afirma que:
“Os estudos vêm revelando características do conhecimento
tradicional, atribuídas às potencialidades das plantas medicinais
indicadas, são aquelas relacionadas às facilidades de acesso como a
primeira escolha de tratamento de muitas pessoas, antes de procurar a
Unidade Básica de Saúde. Acrescidas ao entendimento do baixo custo
e do baixo risco, por ser produto natural. Assim, estas práticas
19
terapêuticas possibilitam não só a intervenção no processo
saúde/doença, mas também, a constituição das identidades territoriais
e o estabelecimento das relações de sociabilidades que sinalizam a
necessidade permanente do diálogo popular e científico a respeito dos
usos seguros para as pessoas e da conservação para os recursos
ambientais”.
Aspectos éticos devem ser considerados, envolvendo questões como a
necessidade de proteção dos conhecimentos e tradições das comunidades locais e
povos indígenas, e o retorno para a comunidade das pesquisas feitas, incluindo o que
existe na literatura sobre as plantas utilizadas por eles (VENDRUSCOLO, 2004).
Os instrumentos legais relacionados com as plantas medicinais se encontram
incluídos em legislações gerais e não permitem um controle adequado para as
atividades de extração, uso e comércio das mesmas. Isto se deve, em parte, à falta
de maior claridade e especificidade em determinados instrumentos legais, nos
sistemas de registro, seja de atividades relacionadas ou de categorias para os
recursos utilizados e, principalmente, à falta de difusão e conhecimento sobre as
normas existentes e de monitoria e fiscalização sobre sua aplicação. As causas
destes problemas também obedecem a outros fatores como a carência de pessoal
especializado e de infraestrutura, assim como a falta de coordenação entre os
diversos órgãos de controle (SILVA; AGUIAR; MEDEIROS, 2001).
As pesquisas envolvendo plantas medicinais devem receber apoio total do poder
público, pois, além do fator econômico, tem que se destacar a atenção para a
segurança nacional e preservação dos ecossistemas onde existam tais espécies
(ALBUQUERQUE, 1989).
2.2. APLICAÇÕES DAS PLANTAS MEDICINAIS
A população mundial, mantém em voga a prática do consumo de plantas
medicinais, tornando válidas informações terapêuticas que foram sendo acumuladas
durante séculos (COSTA; SILVA, 2014). Planta medicinal pode ser definida como
todo e qualquer vegetal que possui, em um ou mais órgãos, substâncias que podem
ser utilizadas com fins terapêuticos ou que sejam precursores de fármacos semisintéticos (VEIGA JUNIOR et al., 2005).
20
O uso das plantas medicinais e de seus subprodutos iniciou-se há milhares de
anos por populações de vários países com o intuito de tratar diversas enfermidades.
Eram utilizados pela população como forma alternativa ou complementar aos
medicamentos sintéticos, assim como, para diversos usos. (SOUZA et al, 2008). No
Brasil, o uso das plantas medicinais é fruto de várias tradições diferentes, proveniente
do acúmulo de conhecimentos disseminados por várias culturas, como: africana,
indígena, europeia, oriental, amazônica, nordestina dentre outras (NUNES; DANTAS,
2007), principalmente como uma rica fonte de produtos terapêuticos e de grande
potencial para a descoberta de plantas como fonte de novas drogas e de fácil uso
pela população em geral (SOUZA et al., 2008).
Sabe-se que a medicina através dos tempos, sempre lançou mão das plantas
medicinais como recurso natural. As práticas indígenas brasileiras, aliadas aos
conhecimentos orientais, são responsáveis, hoje, pela forte medicina popular
brasileira. Muito inspirada nos rituais sobrenaturais, esta medicina é, com certeza, a
alternativa de muitos brasileiros, principalmente, em regiões com infra-estrutura
deficitária. Segundo a OMS, 80% da população mundial fazem uso das plantas
medicinais (NUNES; DANTAS, 2007). O uso popular das plantas medicinais
comprova que há uma gama quase imensurável de aplicações curativas e preventivas
e que o conhecimento popular e científico é imprescindível para se obtenha os
resultados desejados (DE LUCA et al., 2014).
Segundo Veiga Junior; Pinto (2005), autores de vários trabalhos na área da
etnobotânica:
“Ao longo do tempo têm sido registrados variados procedimentos
clínicos tradicionais utilizando plantas medicinais. Apesar da grande
evolução da medicina alopática a partir da segunda metade do século
XX, existem obstáculos básicos na sua utilização pelas populações
carentes, que vão desde o acesso aos centros de atendimento
hospitalares à obtenção de exames e medicamentos. Estes motivos,
associados com a fácil obtenção e a grande tradição do uso de plantas
medicinais, contribuem para sua utilização pelas populações dos
países em desenvolvimento”.
“Atualmente, grande parte da comercialização de plantas medicinais é
feita em farmácias e lojas de produtos naturais, onde preparações
vegetais são comercializadas com rotulação industrializada. Em geral,
essas preparações não possuem certificado de qualidade e é
produzidas a partir de plantas cultivadas, o que descaracteriza a
medicina tradicional que utiliza, quase sempre, plantas da flora nativa”
[...].
As plantas medicinais têm sido uma rica fonte para obtenção de moléculas
para serem exploradas terapeuticamente. Muitas substâncias isoladas de plantas
21
continuam sendo fontes de medicamentos como, por exemplo, os glicosídeos
cardiotônicos obtidos da Digitalis, usados para insuficiência cardíaca. Países como
China e Índia têm encontrado meios de legalizar e reconhecer o uso tradicional das
plantas. A cultura chinesa utiliza o conhecimento popular das ervas há cinco séculos,
com mais de cinco mil espécies utilizadas (FOGLIO et al., 2007).
Diversos estudos apontam que entre as espécies brasileiras mais valiosas para
fins medicinais podem ser citados o Curare indígena ou Dedaleira (Digitalis purpurea),
utilizada na preparação do chá contra a hidropisia provocada pela insuficiência
cardíaca. Antes de ser descoberta a ação da Digitalina sobre o músculo cardíaco, a
Casca d’anta (Drimys brasiliensis) com propriedades estomáquicas, a Quina
(Cinchona calisaya) utilizada na cura da malária, a Ipecacuanha (Cephaelis
ipecacuanha) utilizada para tratar diarréias, disenteria amebiana, catarros crônicos,
hemorragias e asmas, e a Sapucainha (Carpotroche brasiliensis) com efeitos antiinflamatórios comprovados cientificamente e cujo óleo extraído da semente é
empregado no tratamento da lepra, já tinham suas propriedades medicinais
exploradas (CARRARA, 1995).
A busca da população por plantas medicinais e por produtos ecologicamente
corretos incentivou os pesquisadores e a indústria farmacêutica a investirem mais nas
pesquisas de novos fármacos. A utilização de plantas medicinais nos programas de
prevenção e tratamentos de pequenas enfermidades de saúde pode se constituir
numa alternativa terapêutica muito útil devido a sua eficácia aliada a um baixo custo
operacional, a relativa facilidade para aquisição das plantas e a compatibilidade
cultural do programa com a população atendida (TORRES ET al., 2005). Ainda para o
autor esta situação estimulou o estudo das propriedades medicinais de vegetais com
potencial fitoterapêutico no Brasil e mundo. Dados do Ministério da Saúde (BRASIL,
2006), revelaram que as plantas medicinais, as preparações fitofarmacêuticas e os
produtos naturais isolados representam um mercado que movimenta bilhões de
dólares, tanto em países industrializados como em desenvolvimento.
O uso de fitoterápicos com finalidade profilática, curativa, paliativa ou com fins
de diagnóstico passou a ser oficialmente reconhecido pela Organização Mundial de
Saúde (OMS) em 1978, quando foi recomendada a difusão mundial dos
conhecimentos necessários para o seu uso. Por conta disso, as plantas medicinais
foram consideradas importantes instrumentos da Assistência Farmacêutica, e vários
comunicados e resoluções da OMS expressam a posição do organismo a respeito da
22
necessidade de valorizar o uso desses medicamentos no âmbito sanitário. A OMS,
afirma que as práticas da medicina tradicional expandiram-se globalmente e
ganharam popularidade. Essas práticas são incentivadas tanto por profissionais que
atuam na rede básica de saúde dos países em desenvolvimento, como por aqueles
que trabalham onde a medicina convencional é predominante no sistema de saúde
local. Com o compromisso de estimular o desenvolvimento de políticas públicas a fim
de inseri-las no sistema oficial de saúde de seus Estados-membros (BRASIL, 2006).
Nesse sentido, foi estabelecido no Brasil, pelo decreto Federal nº 5.813 de 22 de
junho de 2006 a Politica Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Dentre os
objetivos dessa política constam o incentivo a estudos e pesquisas a respeito das
plantas medicinais e seu uso na fitoterapia, tentando melhorar o acesso da população
as plantas medicinais de forma adequada, visando garantir a população brasileira o
acesso seguro e o uso racional de plantas medicinal e fitoterápico, de forma
sustentável, que não comprometa o desenvolvimento da cadeia produtiva e da
indústria nacional (BRASIL, 2006). Assim como as demais políticas públicas, esta
orientam decisões de caráter geral que apontam rumos e linhas estratégicas de
atuação governamental, reduzindo os efeitos da descontinuidade administrativa e
potencializando os recursos disponíveis ao tornarem públicas, expressas e acessíveis
à população e aos formadores de opinião, as intenções do Governo no planejamento
de programas, projetos e atividades (BRASIL, 2009).
A fitoterapia, como é chamada o emprego das plantas na cura das doenças, é
uma prática milenar, fato conhecido pelo estudo das tradições populares e investigado
pela etnobotânica. Esses conhecimentos têm sido transmitidos de geração a geração
(LEITE; EMERY, 2013). E contribuído, não só para a fabricação de medicamentos,
como também para o conhecimento das práticas empregadas por diferentes
comunidades e que vem sendo transmitidas para as gerações subsequentes. Isto
vem contribuindo para a expansão do uso destas plantas ao longo da construção da
história das comunidades que fazem uso destas ervas, para amenizar seus males e
até mesmo para garantir a sua sobrevivência.
As plantas podem ser classificadas de acordo com sua ordem de importância,
iniciando-se pelas plantas empregadas diretamente na terapêutica, seguidas
daquelas que constituem matéria-prima para manipulação e, por último, as
empregadas na indústria para obtenção de princípios ativos ou como precursores em
semi-sínteses (SILVA; CARVALHO, 2004).
23
Os benefícios demonstrados por inúmeras espécies de plantas foram adquiridos,
provavelmente na experimentação empírica baseadas na tentativa de erros e acertos,
e tem sido transmitido de geração em geração. A construção do conhecimento
relacionado às plantas medicinais pelas famílias é predominantemente oral, realizada
através do convívio diário entre seus membros e compartilhada com os demais
membros da comunidade na qual estão inseridos. Outra maneira de utilização das
plantas medicinais são os alimentos funcionais, com o consumo de vegetais ricos em
ferro, em casos de anemia, ou alimentos ricos em vitamina C, quando há uma
necessidade de fortalecimento do sistema imunológico (VEIGA-JUNIOR, 2005).
Por conta do uso das plantas medicinais desde o início dos tempos, muitas
pesquisas científicas já comprovaram as propriedades medicinais de várias plantas,
indicando (ou não) o uso popular destas plantas. É importante ressaltar que, ao
contrário do que muitos imaginam, algumas plantas fazem mal à saúde e por isso não
se deve fazer uso indiscriminado desta terapia. Sempre que possível, procurar
orientação de profissionais da área e não tomar qualquer tipo de chá encontrado no
campo, pois algumas espécies são muito parecidas quanto ao aspecto botânico,
assim como o nome comum, podendo tratar-se de uma espécie perigosa e acabar
consumindo-a por engano (VEIGA-JÚNIOR, 2005).
Até então, sabe-se que, das 250 mil espécies da flora mundial, 75 mil são
terapêuticas, cujas propriedades químicas são desconhecidas na grande maioria
(IBAMA, 2006 apud DE SOUZA, 2007 p.12), o que também sugere o fortalecimento
das pesquisas nessa área.
O interesse da pesquisa nesta área tem aumentado nos últimos anos onde
estão sendo instituídos projetos financiados por órgãos públicos e privados. Nos anos
70 do século passado, nenhuma das grandes companhias farmacêuticas mundiais
mantinha programas nesta linha e atualmente isto tem sido prioridade na maioria
delas. Dentre os fatores que têm contribuído para um aumento nas pesquisas está à
comprovada eficácia de substâncias originadas de espécies vegetais como os
alcalóides da vinca, com atividade antileucêmica, ou do jaborandi, com atividade
antiglaucoma, ambos ainda considerados indispensáveis para o tratamento e por
muitas plantas serem matéria-prima para a síntese de fármacos (FOGLIO et al.,
2007).
Sendo fontes potenciais de compostos terapêuticos, as plantas medicinais
necessitam de mais estudos aprofundados já que, somente 10% de toda espécie
24
vegetal do planeta tenham sido estudadas do seu ponto de vista farmacológico
(MASSAROTO, 2009). Apesar dos poucos estudos farmacológicos o que mais se
observa é o interesse da população pelas plantas medicinais, por seu baixo custo, e
pela facilidade de cultivo (FLORENTINO; ARAUJO; ALBUQUERQUE, 2007).
A utilização de plantas medicinais como alternativa terapêutica vem atingindo
um público cada vez maior, influenciando a comunidade acadêmica a discutir sobre o
tema sobre o uso de plantas em hortas, fichários, herbários, dentre outras propostas
na comunidade em geral (CAVAGLIER, 2011). A necessidade exige e a ciência busca
nos dias atuais, pesquisas com as plantas medicinais, os seus usos, princípios ativos,
comercialização que confirma cientificamente os conhecimentos populares sobre
estas plantas (LORENZI; MATOS, 2008).
Na cidade de Muritiba na Bahia, Santos; Brito; Oliveira, (2012), realizaram um
levantamento etnobotânico das espécies de plantas medicinais de uso popular que
são comercializadas em farmácias, supermercados, casas de produtos naturais,
registrando 60 espécies, distribuídas em 27 famílias. Os dados obtidos neste trabalho
evidenciam um considerável número de espécies vegetais utilizadas na cura de
afecções, principalmente das vias respiratórias, circulatórias e digestivas, e com ação
expectorante, analgésica, depurativa, antisséptica, calmante, emagrecedor e
diurético. Os autores concluíram que a população muritibana, faz uso de uma grande
variedade de espécies de plantas medicinais como paliativo ou cura para os males
que lhes acometem e enfatizando a necessidade de pesquisas para preservação das
espécies vegetais e a sua importância na melhoria da qualidade de vida das pessoas,
assim como, na manutenção do consumo dessas drogas pela população.
Nesse sentido, Teixeira; Brito; Oliveira, (2012), ao realizar um levantamento das
plantas medicinais comercializadas em feiras livres dos municípios de Cruz das Almas
e Muritiba, registrou, em Muritiba, as seguintes espécies: alecrim (Rosmarinus
officinalis L.), boldo (Plectranthus barbatus Andrews), camomila (Chamomilla recutita
L.), erva doce (Pimpinella anisum L.), espinheira santa (Maytenus ilicifolia Mart.), noz
moscada (Myristica fragrans Houtt), sene (Cassia angustifólia L.), semente de girassol
(Helianthus annuus L.), umburana de cheiro (Amburana cearensis (Allemão) A.C.
Sm.). Tais plantas são utilizadas principalmente para afecções dos rins, reumatismo,
dores estomacais, calmantes, afecções do aparelho respiratório, anti-séptico,
cicatrizante e distúrbios circulatórios. As principais formas de utilização das plantas no
município são na forma de chá, decocto ou infuso.
25
2.2.1 Conhecimento Popular x Conhecimento Científico
A necessidade de se resgatar o conhecimento empírico a respeito da utilização
das plantas medicinais para cura de inúmeras doenças se tornou imprescindível, já
que essa prática representa um dos principais recursos terapêuticos de muitas
comunidades e grupos étnicos (LEITE; EMERY, 2013).
O uso de forma empírica das plantas e as informações transmitidas de forma
cultural encontra-se em momento delicado o que torna o registro do saber tradicional
indispensável. Esse fator é agravado pelo risco iminente de desaparecimento que
muitas das espécies utilizadas nas práticas de cura sofrem na atualidade (DUTRA,
2009). Logo, estes conhecimentos precisam ser resgatados, valorizados e
preservados.
Segundo Brasil (2009), algumas ações são necessárias em relação à
validação/reconhecimento que levem em conta os diferentes sistemas de
conhecimento (tradicional/popular x técnico-científico). Tais ações são sugeridas
por Brasil, (2006) e são elas:

Criar sublinha de ação denominada “Saberes e práticas relacionados às plantas
medicinais e remédios caseiros”.

Realizar inventário/mapeamento dos saberes e práticas relacionadas ao cultivo,
manejo, uso e manipulação de plantas medicinais nos seis biomas brasileiros:
Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal, Pampa e Ecossistemas
costeiros e marinhos.

Realizar o diagnóstico nacional, por biomas, por meio das redes socioambientais
já existentes, em parceria com o governo.

Realizar seminários regionais, por bioma, para identificar demandas e definir
prioridades.

Apresentar e divulgar para as comunidades envolvidas, as ações de salvaguarda
do Departamento de Patrimônio Imaterial/Iphan: inventário de práticas e saberes;
a política de registro de bens culturais imateriais como Patrimônio Cultural do
Brasil e as políticas de apoio e fomento a bens culturais imateriais.

Realizar estudos prévios de impacto cultural e socioeconômico em projetos e
programas que envolvam povos e comunidades tradicionais.
26
Esse pacote de ações supracitado é pertinente que seja citado, sobretudo para
que a valorização dos saberes popular e científico seja constante.
Apesar de ter a essência constituída de forma empírica, o conhecimento popular
sobre as plantas medicinais é perpassado por informações advindas do conhecimento
científico, de propagandas, e aquelas obtidas no dia a dia através do contato com
outras pessoas os vizinhos, amigos, conhecidos, em diferentes circunstâncias e
espaços dentre eles, centro de saúde, igreja, farmácia, filas, entre outras (RICARDO;
STOTZ, 2009).
Segundo Pilla et al., (2006), outra forma de interação entre conhecimento popular
e científico sobre plantas medicinais relaciona-se à utilização de nomes de
®
medicamentos alopáticos para designação de ervas a exemplo de, Vick é o nome
dado à família Acanthaceae, Antibiótico à espécie Alternanthera brasiliana,
®
Novalgina à Achilleamillefoliume Insulina à Cissus cf. tinctoria. Sob outra perspectiva,
Franco et al., (2011), enfatiza que as pesquisas com plantas medicinais envolvem
investigações da medicina tradicional e popular (etnobotânica) e investigação
farmacológica de extratos e dos constituintes químicos isolados.
Em vários estudos realizados no Brasil ficou comprovado que o incentivo às
práticas do uso de plantas como recurso terapêutico parte dos avós, pais ou outras
pessoas da família (OLIVEIRA, 2015).
Nesse sentido, desde o final do século
passado que Oliveira (1985) já ressaltava que a medicina popular continua se
abrindo, se propagando e que a relação entre o saber popular e científico necessita
ser estreitada. Além disso, o autor reforça seu argumento dizendo que os
procedimentos adotados para tratar as doenças são transmitidos a cada geração,
fazendo com que os recursos usados variem conforme a região e a comunidade, em
especial as plantas medicinais.
O conhecimento científico sistematizado e propagado por profissionais de saúde
entre as comunidades que fazem uso de práticas populares de cuidado tem sido
levado em consideração, entretanto, os usuários de plantas medicinais continuam a
utilizar o saber popular, assim demonstrando que o saber popular não é residual, mas
permanente, mesmo com a valorização atual do saber técnico-científico (TEIXEIRA;
NOGUEIRA, 2005).
Estudos como o realizado por De Oliveira (2015), relata uma parceria sem
ambuiguidade, pois demonstra que a partir da análise das informações obtidas em
27
seu levantamento etnobotânico permitiu-se verificar que o uso popular das espécies
está de acordo com a literatura científica. E ainda ressalta que diversos estudos já
comprovam a presença de moléculas potencialmente terapêuticas nas plantas citadas
pela população, o que nos leva a sugerir que estas substâncias possam estar
relacionadas, de maneira benéfica, com o uso popular das espécies vegetais pela
comunidade.
Contudo, um exemplo de desarmonia entre os saberes popular e científico foi
descrito por Lorenzi; Matos (2008), relatando que, antes da disseminação de
medicamentos sintéticos, farmacêuticos, buscavam trabalhar com produtos da flora
local avaliando as propriedades terapêuticas das plantas medicinais. Esse início da
fitoterapia, muito marcado pelas experiências populares sobre o uso de ervas,
influenciou o distanciamento dessa área do conhecimento do restante da ciência
durante um longo período.
Outro relato de confronto entre os saberes em questão foi constatado por Viveros;
Goulart; Alvim, (2004), colaborando com essa discussão diz que, no Brasil,
especialmente a partir das décadas de 80 e 90 do século XX, a nação brasileira,
sobrevivendo ao momento delicado na política, na organização social e econômica, o
uso das plantas medicinais, começou a ser resgatado, com o intuito de atuar
complementarmente às práticas de saúde alicerçadas pela alopatia e drogas
sintéticas vigentes. Segundo a autora, as razões apontadas como motivadoras desse
resgate foram: falhas do modelo médico biologicista no tratamento de doenças,
efeitos iatrogênicos associados ao alto custo de determinados medicamentos, eficácia
de alguns recursos naturais, especialmente plantas medicinais.
Embora as pesquisas etnobotânicas realizadas no decorrer dos últimos 100
anos têm provado que de forma geral exista uma diminuição no número de espécies
medicinais a ser explorado, cabe um discurso científico norteando uma direção na
qual se possibilite tomar medidas concretas com mecanismos práticos que vissem
sanar esse problema (FRANCO, 2011).
Na perspectiva de promoção do fortalecimento da união dos saberes, é muito
pertinente a percepção dos autores Teixeira; Nogueira (2005), que observam que
muitos pesquisadores tomam como início de seus estudos o saber popular para
realizar, posteriormente, pesquisas experimentais e clínicas, construindo um elo
positivo entre saber popular e científico para a humanidade.
28
3. METODOLOGIA
3.1 CARACTERIZAÇÕES DA ÁREA DE ESTUDO
De acordo com a síntese de informações disponível nos portais do IBGE e
DATASUS, até o mês de novembro de 2015, o município de Governador MangabeiraBA apresentava uma área territorial de 106,32 Km², com uma população de 21.417
habitantes, agrupada em 6.511 famílias. A população da zona urbana foi contabilizada
em aproximadamente 9.939 e da zona rural 11.478 pessoas. O município pertence à
mesorregião Metropolitana de Salvador e Micro região de Santo Antônio de Jesus,
ficando distante da Capital 119 km. Faz divisa com os seguintes municípios: Muritiba,
Cabaceiras do Paraguaçu, Conceição da Feira, Cachoeira e São Félix, conforme
figura 01, cujo as coordenadas geográficas são 12º 36’ 7’’ S, 39º 2’ 34’’ W.
Figura 01: Mapa referente à localização da área de estudo.
Fonte: maps.google.com.br, 2015.
3.2 DETERMINAÇÃO ESTATÍSTICA DO TAMANHO DA AMOSTRA
Levantamentos etnobotânico, em muitos casos são realizados em cidades de
distintos quantitativos populacionais, e para ter certeza do quanto a amostra é
29
representativa é preciso recorrer a análise estatística. Segundo Arkin; Colton (1976),
trabalhar com uma amostra, ou seja, com uma parte representativa dos elementos
que compõem o universo é um método bastante confiável. Ainda para os mesmos
autores, quando essa amostra é rigorosamente selecionada, os resultados obtidos
nos levantamentos tendem a aproximar-se daqueles que seriam obtidos caso fosse
possível pesquisar todos os elementos do universo.
De acordo com o registro dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) do
município de Governador Mangabeira-BA, até o mês de junho de 2015, a população
do Bairro central da cidade de Governador Mangabeira-Ba era de aproximadamente
2619 pessoas e a média familiar era de 04 pessoas. Aplicando 50 questionários no
levantamento e adotando a média de 04 pessoas por família, logo temos uma
amostragem de 200 pessoas. A tabela 02 fornece o tamanho da amostra adequada
para um nível de confiança de 90%, ou 10% de margem de erro, com seu respectivo
tamanho amostral.
Tabela 02: Tamanho da população, margem de erro e quantidade de amostra
suficiente para o estudo.
Fonte: H. Arkin e R. Colton, Tables for Statistics (Tagiacarne, 1978).
De acordo com a tabela 02 e o número amostral adquirido neste levantamento
etnobotânico a margem de erro foi de aproximadamente 10 %, visto que o número
que engloba os informantes e seus familiares é de aproximadamente 200 pessoas, e
30
o número de pessoas que residem no bairro central onde foi aplicado o estudo é de
aproximadamente 2619 pessoas.
3.3 PESQUISAS DE CAMPO
O levantamento etnobotânico das espécies vegetais utilizadas como recurso
terapêutico foi realizado entre os meses de julho a setembro de 2015, na comunidade
do bairro Centro do município de Governador Mangabeira-BA. Para a coleta dos
dados foram utilizados 50 questionários semi-estruturado (Apêndice I), composto de
perguntas fechadas e abertas distribuídas em duas partes distintas: a primeira
referente aos dados sociodemográficos dos moradores (idade, sexo, origem,
escolaridade); a segunda é referente ao uso de plantas medicinais (quais espécies
são utilizadas, frequência e influência do uso, efeito terapêutico, parte da planta mais
utilizada, doença tratada e onde conseguem as espécies). As visitas aconteceram nos
turnos matutino e vespertino e apenas participaram da pesquisa pessoas maiores de
18 anos de idade. Para escolha das residências adotou-se a metodologia de visita
aleatória, partindo da residência inicial de cada rua no bairro Centro. As ruas
envolvidas no estudo foram: José Martins, 2 de Julho, Eunice, Oscar Fonseca, Adalto
João Mamona, Travessas Padre Pedro e Pedro Maia.
Para realização da pesquisa de campo seguiu-se o que está previsto na
Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), a qual define diretrizes
para a realização de pesquisa envolvendo seres humanos. O projeto deste trabalho
foi submetido e aprovado pelo comitê de Ética da Universidade Federal do Recôncavo
da Bahia, número do parecer (865.692), (anexo I). Seguindo as recomendações da
legislação, antes de questionar os participantes foi explicado o objetivo do trabalho e
lido o Termo de Consentimento livre e esclarecido (TCLE - Apêndice II), estando de
acordo com a finalidade da pesquisa os informantes então colaboraram com a
pesquisa.
Após realização do levantamento etnobotânico, os dados foram analisados por
estatística descritiva utilizando-se distribuição de frequências absolutas e relativas. O
Software utilizado para tabulação dos dados foi o Microsoft Excel, versão 2010.
31
3.3.1 Coleta e identificação das espécies
As espécies foram organizadas de acordo o nome popular citado, e foi atribuído
o nome científico de acordo com as literaturas especializadas, os quais constam na
tabela 02. As espécies com maior número de citações foram coletadas para
identificação, no mês de Janeiro de 2016, que aconteceu no Herbário do Recôncavo
da Bahia.
3.3.2 Materiais utilizados na coleta e herborização do material botânico
Para coleta das espécies e elaboração das exsicatas utilizou-se tesoura de
poda, papelão, jornal, fita adesiva, marcador de texto, câmera fotográfica, prensa de
madeira, estufa, papel cartolina, caneta, agenda e GPS. O processo de coleta,
elaboração de exsicatas e herborização do material botânico coletado ocorreu de
acordo com Fidalgo e Bononi (1989). As espécies foram coletadas na presença dos
informantes que possuíam em sua residência. Cada espécie teve 5 exemplares
coletados, devidamente identificados com numerações, alocados nas prensas de
madeira revestidos por jornais e papelão. No laboratório, a exsicata foi confinada em
estufa industrial sob temperatura de 60º C, onde permaneceu por 05 dias até que as
espécies atingisse o estágio de desidratação adequado para ser fixado em papel
cartolina.
A identificação foi realizada por comparação com as espécies armazenadas no
acervo do Herbário do Recôncavo da Bahia e literaturas especializadas, orientada
pelo Doutor em botânica, Professor Marcio Lacerda Lopes Martins.
32
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 ETNOBOTÂNICA
Dos 50 informantes que participaram das entrevistas 66% destes são do sexo
feminino e 34% do sexo masculino. Segundo Cunha et al., (2012), em seu
levantamento etnobotânico realizado na cidade de Tanhaçu-BA, as mulheres também
foram maioria, e isso se justifica, sobretudo pelo horário da visita que foi no turno
diurno no qual as mulheres ainda são as principais responsáveis pelos trabalhos
domésticos. Liporacci e Simão, (2013), corrobora dizendo que as mulheres são as
principais fomentadoras da utilização das plantas medicinais, sendo maioria entre
participantes em estudos recentes, tanto em núcleos urbanos como rurais. Outros
estudos etnobotânicos anteriores realizados no estado da Bahia, na cidade de Catu
por Neto et al., (2011), na cidade de Teofilândia por Silva, (2008) e na cidade de
Santo Amaro por Menezes (2013), também destacam a figura da mulher, pois são
elas as principais responsáveis pelo preparo dos alimentos e chás à base de plantas
utilizadas como medicamentos pelas famílias. No Brasil, outros estudos também
diagnosticaram situação similar referente às mulheres serem maioria entre os
participantes de estudos etnobotânicos (SOUZA et al., 2007; CRUZ et al., 2011;
CAJAIBA et al., 2016).
Quando questionados sobre a idade, 72% dos informantes relataram estar na
faixa dos 18 aos 50 anos, e 28% tinham acima de 50 anos. Situação parecida foi
evidenciada por Neto (2014), na cidade de Catu-BA e por Silva et al., (2012) na
comunidade Barra II-BA. Entretanto, Silva (2013); Liporacci e Simão (2013); Silva et
al., (2015), identificaram que a grande maioria das pessoas que utilizam plantas
medicinais e propagam o conhecimento tem idade superior aos 60 anos. Todavia,
Leite et al., (2015) relataram em seu levantamento que informantes a partir dos 16
anos responderam os questionamentos e demonstraram propriedades sobre o
assunto.
Outro ponto questionado foi referente ao grau de escolaridade dos
participantes e 36% deles afirmaram possuir o ensino médio completo, 24% disseram
ter o ensino fundamental incompleto, outros 14% disseram possuir o ensino superior
completo. E pessoas declaradas analfabetas, com ensino fundamental completo,
33
ensino médio incompleto ou cursando o ensino superior, somaram 26%. Pessoas de
diversos níveis educacionais também participaram de estudos realizados em várias
partes do Brasil (PILLA et al., 2006, ALBERTASSE et al., 2010; LIPORACCI; SIMÃO,
2013; SILVA et al., 2012).
Neste estudo, 54% dos participantes que utilizam plantas medicinais com a
finalidade de tratar doenças responderam que o conhecimento sobre as plantas
medicinais é transmitido principalmente pelos pais, e 12% responderam que são os
avós os responsáveis pela propagação dos conhecimentos sobre o uso de plantas
medicinais. Outros 34% dos entrevistados foram influenciados a utilizar plantas
medicinais através de meios de comunicação, livros, amigos ou internet. Segundo
Silva et al., (2008), em estudo realizado na zona rural de Mutuípe-BA, e De Azevedo
et al., (2015) em outro levantamento concluído na Paraíba, os pais também são os
principais responsáveis pelo incentivo e transmissão dos conhecimentos sobre a
utilização das plantas medicinais. Para Melo-Batista; Oliveira, (2014), os principais
responsáveis pela propagação do conhecimento sobre utilização de plantas
medicinais também são os pais ou avós.
Quanto à utilização de plantas medicinais como recurso terapêutico, 88% dos
entrevistados responderam fazer uso e apenas 12% disseram que não utilizam. No
levantamento etnobotânico realizado por Silva et al., (2008), na cidade de MutuípeBA, também foi identificado que a maioria dos entrevistados fazem uso de plantas
medicinais como recursos terapêuticos. Outra situação bastante parecida foi
identificada por Pinto; Amorozo; Furlan, (2006), nas comunidades da Marambaia e
Camboinha, na cidade de Itacaré-BA, na qual centenas de moradores residentes em
26 de 107 dos sítios que compõem o assentamento fazem uso das plantas medicinais
como recurso principal para o tratamento das doenças. No estudo realizado por
Teixeira; Melo, (2006) na cidade de Jupi-PE, todos os informantes relataram ter
espécies medicinais em casa e fazer uso destas para curar moléstias. Outros autores
de trabalhos executados no recôncavo da Bahia entre eles: Santos; Brito; Oliveira,
(2012), Teixeira; Brito; Oliveira (2012) e Rebouças et al., (2015), também demonstram
resultados análogos ao encontrado neste levantamento. Quanto à origem, 96% dos
informantes são oriundos da própria zona urbana e apenas 4% da zona rural.
Neste levantamento, todos os informantes que utilizam plantas medicinais
citaram a folha como a parte da planta mais utilizada, e o chá (infusão ou decocção)
são as formas predominantes de preparos das aplicações. Em trabalhos realizados
34
por Neto et al., (2011), Menezes (2013), Silva et al., (2008) e muitos outros feitos em
território baiano os relatos são consonantes ao deste levantamento.
Quando questionados sobre a eficácia das espécies para alívio das doenças
95% dos entrevistados que utilizam plantas como recurso terapêutico de Governador
Mangabeira-BA afirmaram sentir alívio de sinais e sintomas após o uso e apenas 5%
relataram não perceber benefício fisiológico algum. Entretanto, 6% destes usuários de
plantas medicinais relataram sentir alguma alteração indesejada no organismo após o
uso das espécies, e outros 94% relataram que se sentem “absolutamente normal”
após o uso. A população estudada por Menezes (2013), na cidade de Santo Amaro
também relatou em grande maioria haver êxito na cura das moléstias após utilizar
plantas medicinais. Porém, em outro estudo, Silva et al., (2008) identificou na Zona
Rural de Mutuípe–BA, que inúmeras pessoas tinham grande potencial de sofrerem
intoxicação após utilizar indiscriminadamente as espécies como recurso terapêutico,
sendo um forte indicativo de efeito colateral. Além disso, o mesmo autor enfatiza
citando que mais da metade dos entrevistados em seu estudo têm como
automedicação o uso das plantas medicinais ao sentirem os primeiros sintomas de
doenças. Esse tipo de prática também foi observado neste levantamento.
A população deste estudo citou fazer uso como recurso terapêutico de 55
diferentes espécies de plantas, as quais pertencem a 34 famílias. Os resultados
referentes às espécies com as respectivas famílias estão expostos na tabela 03,
demonstrados após a etapa de identificação.
Tabela 03: Representação das espécies citadas no estudo, com suas respectivas
famílias e indicação terapêutica pela população.
Nome popular
Indicação
Popular
Nome científico
Família
Abacate
Persea americana Mill.
Lauraceae
Acerola
Malphighia glabra L.
Malpighiaceae
Agrião
Nasturtium officinale R. Br.
Alecrim
Rosmarinus officinalis L.
Lamiaceae
Gripe
Perperomia pelúcida (L.) kunth
Piperaceae
Ansiedade
Algodão
Gossypium hirsutum L.
Malvaceae
Tosse
Alho
Allium sativum L.
Alliaceae
Parasitose
Continua...
Alfavaca de
cobra
Brassicaceae
Tosse e
hipercolesterolemia
Gripe
Gripe e tosse
35
...Continuação
Vernonia condensata Baker
Asteraceae
Anador
Justicia pectoralis Leon
Acanthaceae
Dores
Arnica
Solidago chilensis Meyen
Asteraceae
Ferimentos
Inflamação
Gástricas
e da garganta
Alumã
Aroeira
Dores estomacais
Schinustere binthifolius Raddi
Anacardiaceae
Assa peixe
Vernonia polyanthes Less.
Asteraceae
Babosa
Aloe vera (L.) Burm. F.
Asphodelaceae
Boldo Baiano
Pneumus boldus Molina
Monimiaceae
Boldo do
Gripe e tosse
Neoplasias e
impinge
Doenças
gastrointestinais
Desconforto
Gastrointestinal
e
cólicas
Plecthantus barbatus Andr.
Lamiaceae
Zea mays L.
Poaceae
Diurético
Café
Coffea arábica L.
Rubiaceae
Rugas
Camomila
Matricaria chamomilla L.
Asteraceae
Capeba
Pothomorphe umbellata (L.) Miq.
Piperace
Capim Santo
Cymbopogon citratus (DC) Stapf
Poaceae
Ansiedade
Rugas
Dor de cabeça e
hipertensão
Carambola
Averrhoa carambola sp.
Oxalidaceae
Hipertensão e cólicas
Caju
Anacardium occidentale L.
Anacardiaceae
Carqueja
Baccharistrimera (Less.) DC.
Asteraceae
Chapéu de Couro
Echinodorus grandiflorus Mitch.
Alismataceae
Dor de garganta
Hipercolesterolemia
Reumatismo
Catinga de porco
Caesalpinia pyramidalis Tul
Fabaceae
Coentro bravo
Eryngium foetidum L.
Apiaceae
Confrei
Symphytum officinale L.
Boraginaceae
Reumatismo
Copaíba
Copaifera langsdorffu Desf.
Fabaceae
Multiaplicações
Erva de São João
Ageratum conyzoides L.
Asterace
Hipertensão
Erva doce
Foeniculum vulgare Mill.
Apiaceae
Desconforto gastrointestinal
Romã
Punica granatum L.
Lythraceae
Gastrite e dores
Eva Cidreira
Lippia alba
Verbenace
Desconforto gastrointestinal
Crassulaceae
Cicratrizante
Chile
Cabelo de
milho
Folha da costa
Diarreia
Desconforto gastrointestinal
Bryophyllum pinnatum (Lam.)
Okem.
Folha de chuchu
Sechium edule (Jacq.) Sw
Cucurbitaceae
Hipertensão
Guaco
Mikania glomerata Spreng.
Asteraceae
Falta de ar e gripe
Guiné
Petiveria alliaceae L.
Plytolaccaceae
Inflamação na garganta
Continua...
36
Continuação...
Hotelã
Mentha spicata L.
Lamiaceae
Jaboticaba
Plinia cauliflora Mart.
Mytaceae
Hipercolesterolemia,cólicas,
gripe.
Hipercolesterolemia
Jurubeba
Solanum paniculatum L.
Solanaceae
Hipercolesterolemia
laranja
Citrus aurantium L.
Rutaceae
Gripe e tosse
limão
Citrus limom (L.) Burm. F.
Rutaceae
Gripe e tosse
Maracujá
Passiflora edulis Sims
Passifloraceae
Ansiedade
Mastruz
Chenopodium ambrosioides L.
Amaranthaceae
Inflamações articulares
Novalgina
Achilleamille folium L.
Asteraceae
Dores e febre
Gases,
reumatismos,problemas
vasculares e dores.
Noz moscada
Virola surinamensis (Rol.
exRouttb.) Warb.
Myristicaceae
Pata de vaca
Bauhinia forficata Link
Fabaceae
Picão
Bidens pilosa L.
Asteraceae
Diabetes
Pitanga
Eugenia uniflora L.
Myrtaceae
Gripe
Poejo
Mentha pulegium L.
Lamiaceae
Gripe
Puestemeira
Pfaffia spicata (Mart.) Kuntze
Amaranthaceae
Tosse
Quebra Pedra
Ecliptaalba (L.) Hassk
Asteraceae
Romã
Punica granatum L.
Lythraceae
Cálculos renais
Inflamação na
garganta
Sabugueiro
Hiperglicemia
Sambucus
australis Cham e Schlt
Adoxaceae
Tansagem
Plantago major L.
Plantaginaceae
Urucum
Bixa orellana L.
Bixaceae
Gripe ou resfriados
Inflamação na
garganta
Hiperglicemia
Fonte: Própria
Foram 195 citações, nas quais a Erva cidreira obteve 23 citações, o “boldo” 17
citações e o alumã 14 citações. As demais espécies somaram 141 citações. As
espécies citadas cinco vezes ou mais estão na figura 02.
37
Figura 02: Representação das espécies mais citadas no levantamento etnobotânico
em Governador Mangabeira-BA.
Fonte: Própria
Totalizando aproximadamente 25% das citações, Erva cidreira, “Boldo” e
Alumã, foram submetidas ao processo de identificação, conforme descrito na
metodologia, item (3.3.2) desta monografia. Na etapa do levantamento os informantes
citaram o nome genérico para o boldo. Entretanto, durante a coleta, foi percebido que
havia mais de uma espécie denominada “boldo” por apresentarem morfologias
diferentes. Tais espécies foram devidamente coletadas e levadas para identificação. A
figura 03 demonstra o material antes herborização.
Muitos estudos etnobotânicos procedem com a identificação de todas as
espécies citadas, entretanto, os autores De Oliveira et al., (2011), Da Cruz et al.,
(2011) e De Farias; Borges; Pereira, (2015), não relatam processo de identificação
para as espécies em seus trabalhos.
38
Figura 03: Espécies que foram coletadas para serem identificadas no Herbário da
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).
FONTE: Própria
A espécie registrada pelo nome popular erva cidreira foi identificada como
Lippia alba (Mill) pertencente à família Verbenaceae. A espécie apontada no
levantamento como boldo foi identificada como Plectranthus barbatus Andr.
pertencente a família Lamiaceae e também é popularmente conhecida como boldo
brasileiro ou falso boldo. O boldo do chile, também conhecido popularmente como
boldo verdadeiro foi identificado como a espécie Pneumus boldus Molina, pertencente
a família Monimiaceae. A espécie denominada popularmente como Alumã, também
conhecida como boldo baiano ou tapete de oxalá foi identificada como Vernonia
condensata Baker, representando a família Asteraceae (figura 04).
39
Figura 04: Exsicatas das espécies que foram identificadas no Herbário da
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).
Fonte: Própria
Apesar da ausência de partes reprodutivas em três espécies que foram
submetidas à identificação, os especialistas não tiveram dúvidas em identificar por se
tratar de espécies bastante conhecidas na região.
Em estudos realizados nas Cidades de Santo Amaro - BA, por Menezes
(2013), e em Cruz das Almas por Rodrigues; Guedes (2006) identificou-se que a
espécies Lippia alba (Mill), também foi a mais citada pelos informantes, e o tratamento
estatístico do seu estudo revelou que esta espécie é uma das mais importantes para
a comunidade devido à diversidade de aplicações terapêuticas. Outros estudos
também identificaram esta espécie como uma das mais utilizadas pelas comunidades,
inclusive em outras cidades baianas (PINTO, AMOROZO, FURLAN, 2006; MARTINS,
2012; SILVA, 2014; CAETANO, DE SOUZA; FEITOZA, 2014; VÀSQUEZ, 2014;
OLIVEIRA, 2015).
Referente à espécie denominada genericamente pela população como “boldo”,
Plectranthus barbatus Andrews, esta constitui uma das principais fontes de aplicações
medicinais por diversas comunidades do recôncavo da Bahia (MENEZES, 2013;
40
REBOUÇAS et al., 2015). O boldo do Chile, Pneumus boldus Molina, é relatado como
uma das espécies mais relevantes nos levantamentos realizados por Lopes et al.,
(2012), na região Nordeste, e por Da Cruz (2015), e Bezerra, (2013) em outras
regiões do Brasil.
A espécie Vernonia condensata Baker, segundo Menezes, (2013), é destaque
entre as mais utilizadas também pela população de Santo Amaro, além desta,
Conceição do Almeida e Feira de Santana, cidades circunvizinhas, tais espécies
também são amplamente utilizadas (REBOUÇAS et al., 2015).
As famílias mais representativas com número de espécies ≥ 02 estão
demonstradas na figura 05.
Figura 05: Representação das famílias com número de citações ≥ 02, no
levantamento.
FONTE: Própria
Em estudos etnobotânicos realizados no recôncavo da Bahia, em diversos
estados da região nordeste e em outras regiões do Brasil, as famílias Asteraceae e
Lamiaceae também estão entre as mais representadas (PASA et al., 2005; PINTO,
2006; MENEZES, 2010; DA SILVA LÓS, 2012; NETO et al., 2014; CAETANO et al.,
2014; LÖBLER et al., 2014; STANISKI et al., 2015, BRASILEIRO et al., 2015;
SCHIAVON, 2015).
41
No capítulo a seguir serão discutidas as principais propriedades farmacológicas
das 04 espécies identificadas, objetivando reforçar os saberes trazendo o
conhecimento científico obtido por pesquisadores destas espécies para dialogar com
o saber popular.
4.2 ETNOFARMACOLOGIA
Com intuito de fortalecer as pesquisas com plantas medicinais e disseminar
estas informações, o Ministério da Saúde, lançou em 2009, a Relação Nacional de
Plantas Medicinais de interesse ao Sistema único de Saúde (SUS).
Essa lista é
composta por 71 espécies e prioriza estudar as plantas nativas (BRASIL, 2009). As
espécies Plectranthus barbatus Andrews e Vernonia condensata Baker, duas das
espécies de maior relevância neste estudo, fazem parte da relação do Ministério da
Saúde.
4.2.1 Propriedades farmacológicas
4.2.1.1 Lippia alba (Mill) N. E. Brown.
Pertencente a Família Verbenaceae, conhecida popularmente como erva
cidreira ou falsa-melissa é uma espécie nativa da América do Sul (BIASE; COSTA,
2003; LORENZI; MATOS, 2008).
Segundo (BIASE; COSTA, 2003; SILVA, 2006, LORENZI; MATOS, 2008;
TAVARES, et al., 2012) em revisões de literaturas referentes a experimentos desta
espécie
identificaram os constituintes químicos: saponinas,
taninos iridóides,
flavonóides e alcalóides. O óleo essencial contém geraniol, neral, b-cariofileno,
metilheptenona, citronelol, geranial, borneol, cânfora, óxido de cariofileno, alloaromadendreno, cis-a-bisaboleno, germacreno D, nerol, linalol, citronelal, limoneno,
isobutilato de geranilo, cubenol, trans-ocimeno; butirato de geranilo, eugenol, I-octen3-ol, copaeno, lipiona, alcanfor, dihidrocarvona, 1,8-cineol, citral, acetato de citronelol,
p-cimeno, metildecilcetona, mirceno, metiloctil-cetona, a e b-pineno, piperitona,
sabineno, a-terpineol, cimol, ácidos fenólicos, a-cubebeno. Além da identificação dos
42
compostos os autores citam também a eficácia dessas moléculas sendo
comprovando em estudos pré-clínicos ou clínicos.
Os informantes que participaram do levantamento em Governador MangabeiraBA indicaram fazer uso dessa espécie para curar mal estar estomacal provocado pela
ingestão de alimentos; dor de barriga, cólicas e gripe. Sendo a parte mais utilizada foi
à folha, preparado como infusão.
As atividades farmacológicas descritas nas literaturas fornecem indícios que
podem explicar, pelo menos em parte, alguns dos usos terapêuticos de Lippia alba na
medicina popular. Segundo Aguiar; Costa, (2005) Base; Costa, (2003); Silva, (2006) e
Lorenzi; Matos, (2008), estudos farmacológicos comprovaram atividades analgésicas,
espasmolítica, antibacteriana e a ausência de efeitos tóxicos em animais.
4.2.1.2 Plectranthus barbatus Andrews.
Representante da Família Lamiaceae, conhecido popularmente como boldo
brasileiro ou falso boldo, provavelmente originário da África, é amplamente cultivado
em todo o Brasil e utilizado como planta medicinal (CORRICONDE et al., 1996).
Segundo ABDEL-MOGIB et al., (2002), esta espécie pode ser considerada um das
mais ricas em óleos essenciais, tendo como principais constituintes os mono e
sesquiterpenos (ABDEL-MOGIB et al., 2002). A ocorrência de cariofileno, um
composto sesquiterpeno sintetizado pelas plantas na rota metabólica dos terpenos,
como principal componente do óleo essencial pode estar relacionada ao uso
tradicional destas espécies vegetais contra as dores estomacais (BOCARDI, 2008).
Os informantes deste levantamento relataram utilizar esta espécie para tratar
de problemas relacionados ao mal estar estomacal provocado pela ingestão de
alimentos, dor de barriga e cólicas, sendo a folha a parte utilizada em infusão. A
Infusão é comumente encontrada em levantamentos etnobotânicos, e possuem
grande número de sinonímias (BANDEIRA et al., 2011). Segundo LORENZI e MATOS
(2008), em todo país esta espécie é utilizada para tratar afecções do fígado e de
problemas digestivos. Corroborando com os relatos desta pesquisa.
43
4.2.1.3 Pneumus boldus Molina
Peumus boldus Molina pertence à família Monimiaceae e originou-se de
regiões montanhosas do Chile, sendo conhecido no Brasil como “boldo” ou “boldo-doChile” (MATOS, 1998). Variados extratos de folhas desta espécie têm sido
tradicionalmente empregadas para o tratamento de uma variedade de sintomas e
doenças como reumatismo, dores de cabeça, distúrbios menstruais, problemas
hepatobiliar, inflamações do trato urinário, dispepsia, cólicas e sedativo. Entretanto, o
autor chama atenção para o potencial de efeitos tóxicos e abortivos que esta espécie
possui (O’BRIEN et al., 2006).
Indicação pelos informantes de Governador Mangabeira: mal estar estomacal
provocado pela ingestão de alimentos; dor de barriga e cólicas. A parte da planta
utilizada são as folhas, e a forma de preparo predominante é a Infusão.
As folhas de Pneumus boldus contêm percentuais consideráveis de alcalóides
pertencentes à classe dos benzoquinolínicos, e a boldina é o principal alcaloide
presente (QUEZADA et al., 2004). Em estudos realizados por Schwanz et al., (2008),
foi identificado à eficácia da boldina como anticolinérgico e antioxidante. Esses relatos
podem explicar as propriedades de atuação da boldina frente aos distúrbios
gastrointestinais citados neste levantamento.
4.2.1.4 Vernonia condensata Baker
Espécie provavelmente nativa da parte Tropical da África, pertence à família
Asteraceae também é popularmente conhecida na Bahia como Alumã e bom pra tudo.
É empregada tradicionalmente para a suspensão de gases intestinais, insuficiência
hepática e inflamação da vesícula (LORENZI ; MATOS, 2008, apud BOORHEM,
1999). A população de Governador Mangabeira-BA, citou utilizar esta espécie para
combater mal estar estomacal provocado pela ingestão de alimentos; dor de barriga e
cólicas, preparando chás com as folhas.
Na sua composição química é documentada a presença de saponinas, o
glicosídeo cardiotônico “vernonina,” flavanóides, óleos essências e substancias
amarga (lactonasesquiterpênicas) (LORENZI; MATOS, 2008). Outras aplicações tem
sido descrita para esta espécie incluído como diurético, hipotensor, anti-hemorragico,
44
sedativo, abortivo, anti-helmíntico, antiulcerogênica, anti-reumático, cicatrizante e
antiinflamatório (SILVEIRA, 2003; ALVES, 2003). Além disso,
propriedades
analgésicas de proteção gástrica já tem comprovação científica (VALVERDE, 2001;
SILVA, 2011).
45
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar de ainda incipiente os estudos etnobotânicos na cidade de Governador
Mangabeira - BA, os resultados encontrados neste estudo apontam para a existência
de um uso frequente de plantas medicinais como recurso terapêutico na cidade.
Ao identificar que as espécies Lippia alba, Plecthantus barbatus, Pneumus
boldus e Vernônia condensata, as quais foram as mais citadas neste estudo possuem
eficiência terapêutica já discutidas positivamente pelas pesquisas científicas, reforça a
importância da valorização do saber popular frente à ao desenvolvimento de novas
práticas de cuidados à saúde. Além disso, reafirmam o que foi discutido aqui sobre a
importância de se harmonizar os saberes populares com os científicos para o
desenvolvimento da sociedade.
Todos os dados aqui reportados servirão para reforçar o quão grandioso é o
saber desta população estudada sobre o uso de plantas medicinais. A valorização
cultural também fica evidenciada no sentido da transmissão do conhecimento
recebido dos antepassados para as gerações futuras sobre todas as etapas do
consumo de ervas medicinais. Fruto desse processo cultural, pessoas relativamente
jovens demonstraram conhecimento sobre as ervas medicinais.
Cabe ressaltar ainda que grau de escolaridade não teve correlação com o uso
ou desuso da pratica de curar doenças utilizando plantas medicinais, não só em
Governador Mangabeira, mas também em diversas outras partes do Brasil.
Contudo, apesar da comunidade estudada possuir um saber empírico relevante
sobre as plantas, esse conhecimento necessita ser lapidado. É necessária a
ampliação de políticas públicas que tragam para o cotidiano das pessoas,
efetivamente o uso racional das plantas medicinais. Proceder com estudos de
identificação de todas as espécies citadas, inclusive, por uma tomada de amostra em
outros bairros e na Zona Rural, certamente trará resultados complementares positivos
para a comunidade popular e científica da cidade de Governador Mangabeira e
Recôncavo da Bahia.
46
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65
Apêndice I –
Questionário diagnóstico
N°: _________ DATA____/____/____
Rua:
nº
• Dados Pessoais:
Idade: ________ Sexo: ( ) M ( ) F Origem: ( ) Rural ( ) Urbana
Escolaridade:
a) ( ) Analfabeto e) ( ) Apenas Alfabetizado
b) ( ) Ens. Fundamental Incompleto f) ( ) Ens. Fundamental Completo
c) ( ) Ens. Médio Incompleto g) ( ) Ens. Médio Completo
d) ( ) Superior Incompleto h) ( ) Superior Completo
• Dados sobre o uso de plantas medicinais:
1) Utiliza regularmente plantas medicinais para tratamento de alguma doença?
( ) Sim ( ) Não
2) Quem mais lhe influenciou a usar plantas medicinais?
a) ( ) Pai b) ( ) Mãe c) ( ) Avós d) ( ) Tios e) ( ) Cônjuge f) ( ) Amigos g) ( ) Outros
6) Já sentiu algum mal estar (efeito adverso) após o uso de alguma planta medicinal?
( ) Sim: Planta________________ Efeito___________________ ( ) Não
Planta________________ Efeito___________________
7) Você já se sentiu melhor após consumir plantas medicinais?
(
) sempre
(
) nunca
(
) às vezes
8) Através de quem (ou como) aprendeu a usar plantas medicinais?
(
) pais;
(
) avós;
(
) vizinhos;
(
) profissionais de saúde; (
) livros;
(
) televisão
(
) rádio
9) Nome da planta utilizada e doença tratada (Exemplo: gripe, febre)
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
________________________________________________________
66
10) Partes usadas como Remédio
( ) Folhas ( ) Casca ( ) Raízes ( ) Sementes ( ) Frutos ( ) Outros
11) Formas de uso
Uso ( ) Coletivo ( ) Individual ( ) Apenas adultos
67
Anexo I – Parecer Comitê de Ética
68
Apêndice II -
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
APLICAÇÕES DE PLANTAS MEDICINAIS COMO RECURSOS
TERAPÊUTICOS
É com imensa estima que viemos convida-lo a participar do projeto de pesquisa
denominado Aplicações de plantas medicinais como recursos terapêuticos. O objetivo
é realizar um levantamento etnobotânico das plantas de uso medicinal no Município
Governador Mangabeira identificando na literatura científica informações sobre seus
usos populares, características químicas, farmacológicas e toxicológicas referentes às
plantas citadas pelos entrevistados. Os entrevistados receberão duas vias deste
termo de compromisso, que deverão assinar, ficando com uma cópia e entregando
outra ao pesquisador. A pesquisa apresenta baixo risco ergonômico caracterizado
pela possível postura inadequada dos voluntários da pesquisa durante a aplicação do
questionário, pois se trata de um levantamento das plantas utilizadas pelos mesmos.
Os riscos podem ser minimizados baseados na observação postural dos
entrevistados por parte dos pesquisadores, corrigindo se necessário a postura física
dos participantes. O objetivo desse projeto é promover o esclarecimento e a
sensibilização sobre os problemas associados à utilização de plantas medicinais, com
a finalidade de reduzir e/ou acabar com o uso incorreto das plantas medicinais, além
de informar que as plantas medicinais podem causar danos a saúde e não pode ser
utilizada a todo momento ou situação que envolva as questões de saúde,
promovendo o acesso a estas informações através da distribuição de uma cartilha
educativa aos participantes para que se possa proceder com orientações sobre o uso
correto dos vegetais, à prevenção de intoxicações, assim como a divulgação da forma
adequada de seu emprego. Os nomes ou qualquer outro dado ou elemento que
possa, de qualquer forma, lhes identificar, será mantido em sigilo. Vocês podem se
recusar a participar do estudo, ou retirar seu consentimento em qualquer ocasião,
sem precisar justificar e não sofrerão qualquer prejuízo à assistência em relação as
informações que vinham recebendo. Não haverá nenhum valor econômico, a receber
ou a pagar, pela sua participação. No entanto, caso tenham qualquer despesa
decorrente da participação na pesquisa, haverá ressarcimento na forma de dinheiro,
69
mediante depósito em conta-corrente. Caso ocorra algum dano decorrente da
participação no estudo, terá indenização, conforme determina a lei. Os pesquisadores
envolvidos com o referido projeto são Vania Jesus dos Santos de Oliveira, Noelma
Miranda de Brito e Bruno Macedo Cardoso e com eles poderão manter contato, além
do numero da Faculdade Maria Milza, instituição a qual esse projeto esta relacionado
pelos telefones (075) 9191- 9974, (075) 8804-6993, (75) 8837- 2578, (75) 36382119
(respectivamente), Os dados gerados pela pesquisa serão tabulados no programa
computacional Microsoft Excel 2010 e arquivados em um banco de dados particular
dos pesquisadores. Os resultados serão publicados em forma de artigo, resumos e
Trabalho de Conclusão de Curso, sempre mantendo o sigilo quanto à identidade dos
participantes. Este projeto foi avaliado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB, localizado na Rua Rui
Barbosa, 710, Centro, Cruz das Almas – BA, CEP: 44.380-000, telefone: (75)
36216850, e-mail: [email protected].
_______________________, ____/________________/_____
Nome:__________________________________
Assinatura:______________________________
_________________________________________
Vania Jesus dos Santos de Oliveira
Endereço: Rua Leonídeo Melo Sacramento, s/n.
Loteamento Primavera, Cruz das Almas-BA.
Endereço eletrônico: [email protected].
70
_________________________________________
Noelma Miranda de Brito
Endereço: Rua Inácio Batista Souza s/n. Centro, Muritiba - BA.
Endereço eletrônico: [email protected]
_____________________________________
Bruno Macedo Cardoso
Endereço: Rua Bela Vista - 76, Centro, Santo Antonio de Jesus
Endereço eletrônico: [email protected]
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