ISSN 1517-6418 apoio: IDF / SACA Diabetes Clínica JORNAL MULTIDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS ANAD MARÇO / ABRIL 2002 2 o VOL. 6, N 2 DIAGNÓSTICO Editorial: A volta do pré-diabetes (pg. 79) EPIDEMIOLOGIA Porque um consenso internacional sobre o pé diabético ? (pg. 135) NUTRIÇÃO Diabetes e vitamina A (pg. 123) PSICOLOGIA Os grupos de sala de espera (pg. 129) PRODUTOS E NOVIDADES Accu-Chek Active (Roche Diagnostics), Groselha e Guaraná Diet Lowçucar (Lightsweet), Manuel de Educação em Diabetes (IEDE), doces e sorvetes dietéticos (Ofner e Day by Diet) (pg. 104) www.atlanticaeditora.com.br ISSN 1517-6418 apoio: IDF / SACA Diabetes Clínica JORNAL MULTIDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS ANAD MAIO / JUNHO 2002 3 o VOL. 6, N 3 OFTALMOLOGIA Detecção das alterações oculares (pg. 201) AMERICAN DIABETES ASSOCIATION ANO 2002 Dislipidemia em adultos com diabetes (pg. 213) INTERNATIONAL DIABETES FEDERATION Posição sobre as complicações do diabetes (pg. 217) PRODUTOS E NOVIDADES NovoRapid (NovoNordisk), Glucovance (Merck), Ketchup Light, Mostarda Light e Refresco (Lowçucar), Coberturas Diet (Blend) (pg. 179) www.atlanticaeditora.com.br ISSN 1517-6418 apoio: ) 7 s 9 IDF / SACA ro ete . 2 i ile iab pg s a D 2( r B m 00 o s le 2 s e na de r ng ssio lho o C ofi ju 7º i p r d e t ul 28 M a 26 de Diabetes Clínica JORNAL MULTIDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS ANAD JULHO AGOSTO 2002 4 o VOL. 6, N 4 EDUCAÇÃO O diabetes na vida de crianças e adolescentes (pg. 274) ODONTOLOGIA Atendimento odontológico e transplantes de órgãos (pg.269) INTERNATIONAL DIABETES FEDERATION Posição sobre a nutrição em diabetes (pg. 286) FICHA PRÁTICA Screening do pé diabético (pg. 293) PRODUTOS E NOVIDADES Gelatinas Stevia Plus, Pó para leito condensado light, Pó para preparo de bolo light (Lowcucar), A1cNow (Metrika) Precision Link e SofTact (Abbott), CardioChek (Polymer Technologies) (pg. 259) www.atlanticaeditora.com.br ISSN 1517-6418 apoio: IDF / SACA Diabetes Clínica JORNAL MULTIDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS ANAD SETEMBRO / OUTUBRO 2002 5 o VOL. 6, N 5 DIA MUNDIAL DE DIABETES 2002 Prevenção das complicações oculares (pg. 307) NEUROPATIA PERIFÉRICA DIABÉTICA Tratamentos recentes (pg. 346) ESTRESSE OXIDATIVO Radicais livres e diabetes (pg. 355) SÍNDROME PLURIMETABÓLICA Análise comparativa entre grupos de São Leopoldo e Canoas (pg. 362) EDUCAÇÃO FÍSICA Diabetes mellitus tipo 2 e exercício físico aeróbico (pg. 375) www.atlanticaeditora.com.br ISSN 1517-6418 apoio: IDF / SACA Diabetes Clínica JORNAL MULTIDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS ANAD NOVEMBRO / DEZEMBRO 2002 6 o VOL. 6, N 6 ILOTROPINA Nova esperança na cura do diabetes (pg. 387) NUTRIÇÃO Terapia nutricional enteral em pacientes diabéticos (pg. 429) FITOTERAPIA Avaliação do efeito hipoglicemiante da pata-de-vaca (pg. 435) ODONTOLOGIA Diabetes mellitus e doença periodontal (pg. 440) ESTUDOS DE CASO • Programa educacionaal em mães e crianças diabéticas (pg. 445) • Auto-monitoração em paciente diabética obesa (pg. 452) www.atlanticaeditora.com.br Diabetes Clínica Diabetes Clínica 04 (2000) JORNAL MULDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS Índice (vol. 6 nº 1 - 2002) 1~76 EDITORIAL Dia mundial da saúde 2002 – Agita Mundo, Fadlo Fraige Filho ......................................... 3 INFORMES DO DIABETES NO MUNDO .................................................................................................... 5 O DIABETES NA IMPRENSA ....................................................................................................................... 15 AVANÇOS TERAPÊUTICOS E TECNOLÓGICOS .................................................................................. 18 PRODUTOS E NOVIDADES Vaxigrip (Aventis Pasteur), Fitas Reagentes One Touch (Johnson & Johnson), Coelhos e Ovos de Páscoa (Bom Regime), balas e sucos de frutas naturais Halter ......................................... 27 RESUMOS DE TRABALHOS E CONGRESSOS ....................................................................................... 30 ARTIGOS ORIGINAIS Outros aspectos do diabetes tipo 2: crianças e adolescentes, Adolfo Perez-Comas .......................................... 42 Avaliação da qualidade da assistência ao paciente diabético na América Latina, Juan José Gagliardino, Marcelo de la Hera, Fernando Siri e grupo de investigação da Rede Qualidiab ..... 50 Diabetes mellitus, glicemia de jejum alterada e hipotiroidismo em idosos, Iraci Lúcia Costa Oliveira, Leila Maria Batista Araújo, Ana Claúdia Couto-Silva, Maria Zenaide Gonzaga, Maria Marcílio Rabelo ............................................................................................. 55 ATUALIZAÇÃO Imunização: a importância da vacinação para o portador de diabetes, Fadlo Fraige Filho, João Toniolo Neto, Rodrigo Gonçalves dos Reis ............................................................. 60 Resumo das III Diretrizes Brasileiras sobre Dislipidemias e Diretriz de Prevenção da Aterosclerose do Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia ........................ 62 NOTÍCIAS DAS ASSOCIAÇÕES Agita Mundo – Agitando para a saúde ............................................................................................................... 68 FICHAS PRÁTICAS Os adoçantes ........................................................................................................................................................ 70 CALENDÁRIO DE EVENTOS ...................................................................................................................... 72 NORMAS DE PUBLICAÇÃO. ....................................................................................................................... 74 Aproveite e se inscreva no curso 2º Curso de capacitação e acompanhamento da atividade física em diabetes - página 71 1 2 Diabetes Clínica Diabetes Clínica 04 (2000) JORNAL MULDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS Diabetes Clínica é um jornal multidisciplinar sobre os aspectos médicos, psicológicos e sociais do diabetes e dos distúrbios associados. Para os especialistas Diabetes Clínica é um veículo de informação e formação continuada sobre o conhecimento científico da doença, a atualidade da prática clínica no tratamento do diabetes e das patologias associadas. Diabetes Clínica edita artigos científicos selecionados pelo editor científico, o conselho consultivo e profissionais de reconhecido saber na área. O objetivo do jornal é favorecer a discussão interdisciplinar em todas as questões relativas à diabetologia, bem como através de suas diferentes sessões idealizadas pelo editor científico, informar de uma maneira rápida, atual e sintética os múltiplos aspectos dos estudos em diabetes. Diabetes Clínica Editor científico : Dr. Fadlo Fraige Filho, presidente da FENAD e ANAD, Professor Titular de Endocrinologia Faculdade de Medicina ABC Diretora comercial: Lilian Fanny de Castilho Editor: Dr. Jean-Louis Peytavin, faculdade de Medicina de Lyon (França) Administração: Claudiane Benavenuto Conselho Consultivo Psicóloga Ada Verônica da Silva Maciel (SP) Dr. Adolpho Milech (RJ) Dr. Airton Golberg (RS) Dra. Alcina Vinhais (BA) Dra. Ana Míriam G. Carboni (SP) Dr. Antônio Carlos Lerário (SP) Dr. Arual Augusto da Costa (SP) Dr. Balduíno Tschiedel (RS) Nutricionista Celeste Elvira Viggiano (SP) Educador Cláudio Cancelliéri (SP) Dr. Edgard d’Ávila Niclewicz (PR) Dr. Freddy Goldberg Eliaschewitz (SP) Dra. Geisa Macedo (PE) Dra. Hermelinda Pedrosa (DF) Dr. João Roberto de Sá (SP) Dr. José Egídio Paulo de Oliveira (RJ) Dr. Leão Zagury (RJ) Dr. Marcos Tambascia (SP) Enfermeria Mônica Antar Gamba (SP) Dr. Nelson Rassi (GO) Dr. Orsine Valente (SP) Enfermeira Paula Pascali (SP) Dra. Reine Marie Chaves (BA) Dr. Saulo Cavalcanti da Silva (MG) Dr. Sérgio Atala Dib (SP) Apoios IDF - SACA - International Diabetes Federation South America Central America SBD - Sociedade Brasileira de Diabetes FENAD - Federação Nacional de Associações de Diabéticos ANAD - Associação Nacional de Assistência ao Diabético COREN-SP - Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo COSEMS-SP - Cons. de Secretarías Municipais de Saúde ATLANTICA EDITORA Redação Jean-Louis Peytavin Av. Atlântica, 604 - 1102 22010-000 Rio de Janeiro - RJ tel/fax: (21) 2244-6471 [email protected] ISSN 1517-6428 © ATMC - Atlântica Editora Ltda Av. São João, 56 sala 7 12940-000 Atibaia – SP Assinatura 6 números ao ano: R$ 75,00 www.atlanticaeditora.com.br tel: (21) 2221-4164 Federação Nacional de Associações de Diabéticos (FENAD) Associação Nacional de Assistência ao Diabético (ANAD) Rua Eça de Queiroz, 198 04011- 031 São Paulo - SP tel: (11) 5572-6559 fax: (11) 5549-6704 http://www.anad.org.br [email protected] I.P. (Informação publicitária) As informações são de responsabilidade dos anunciantes Copyright © ATMC – Atlantica Editora Ltda Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida, arquivada ou distribuída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprietário do copyright, Atlântica Editora. O editor não assume qualquer responsabilidade por eventual prejuízo a pessoas ou propriedades ligado à confiabilidade dos produtos, métodos, instruções ou idéias expostos no material publicado. Em razão do avanço rápido das ciências médicas, o Editor recomenda que uma verificação independente do diagnóstico e doses dos medicamentos seja realizada. Apesar de todo o material publicitário estar em conformidade com os padrões de ética médica, sua inserção na revista não é uma garantia ou endosso da qualidade ou do valor do produto ou das asserções de seu fabricante. Diabetes Clínica 3 Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas EDITORIAL Dia mundial da saúde 2002 – Agita Mundo Prof. Dr. Fadlo Fraige Filho Prof. Dr. Fadlo Fraige Filho, Coordenador e Editor Científico, Diabetes Clínica Durante a 54ª Assembléia Mundial da Saúde, a diretoria geral da Organização Mundial de Saúde decidiu que o tema do Dia Mundial de Saúde 2002 será a promoção da atividade física e a nutrição saudável, sendo que o slogan escolhido para a Campanha -Agita Mundo - será em homenagem ao “Agita São Paulo”, programa que inspirou o tema do Dia Mundial de Saúde deste ano. Dia 07 de abril na cidade de São Paulo, ocorrerão as ações desse evento mundial tendo sido escolhida como cidade foco das comemorações mundiais pela Organização Mundial de Saúde. Como sabemos o objetivo e a essência do programa “Agita São Paulo” é promover a Saúde através da atividade física combatendo o sedentarismo implicado no mundo moderno em que vivemos e nas principais doenças tais como cardiovasculares e diabetes. Esse maravilhoso programa, simples, objetivo e de baixíssimo custo promove a saúde, incentivando a mudança nos hábitos diários através de atividades musculares dentro do cotidiano de cada pessoa, para que o exercício, mesmo que na sua mais simples forma, que é o caminhar, possa estar presente no mínimo em 30 minutos diários, ainda que fracionados. Assim também a pratica de trabalhos domésticos, como subir e descer escadas, dançar e outros hábitos que envolvam atividade física muscular são altamente benéficos para a saúde. O programa “Agita São Paulo” instituído há 5 anos foi reconhecido pela Organização Mundial de Saúde como de referência na promoção da atividade física para a saúde, em todo o mundo, que decidiu adotar o tema “promoção da atividade física” para o Dia Mundial de Saúde / 2002. Desta maneira a Organização Mundial de Saúde busca promover um debate mundial de saúde sobre a mudança epidemiológica observada na evolução de nível mundial de morbidade e sobre os fatores que fomentam esta tendência. Em muitas partes do mundo as doenças não transmissíveis, como o diabetes, se tornaram uma importante epidemia. Isto se deve ao sedentarismo, alimentação errônea e inadequada, e conseqüente obesidade, fator este preponderante no desencadear do diabetes e piora das condições cardiovasculares. Os países mais modernos e de melhores condições sócio econômicas estão hoje com quase 40% da população com obesidade. 4 Continuação Editorial - Diabetes Clínica 01 (2002) A Organização Mundial de Saúde estima que a inatividade física leva a mais de 2 milhões de mortes por ano. 80% das cardiopatias coronarianas prematuras se devem à falta de atividade física aliada à alimentação inadequada e somada ao tabagismo. Diversos estudos têm demonstrado que pequenas mudanças no estilo de vida são suficientes para prevenir o desenvolvimento de quase 60% dos casos de diabetes tipo 2. A atividade física é uma maneira prática de se conseguir numerosas vantagens para a saúde, além de diminuir e prevenir as doenças cardiovasculares, diabetes e obesidade, favorece estilo de vida saudável, sem tabagismo, melhorando a integração social do indivíduo na Comunidade, pois conhecemos sobejamente a melhoria na sociabilidade, com o indivíduo ocupando seu tempo e direcionando-o para hábitos saudáveis de vida ao invés de atos ilícitos, criminalidade e uso de drogas. A ANAD e a FENAD que são parceiras do Agita São Paulo desde o início do programa homenageiam seus criadores: Prof. Dr. José da Silva Guedes, D.D. Secretario de Estado da Saúde de São Paulo, e Dr. Victor K.R. Matsudo pela dimensão e importância desse trabalho. Conclamamos todos os federados da FENAD a realizarem ações de atividade física e divulgação pelo Dia Mundial de Saúde e do Agita Mundo em 07 de abril, pois o Brasil será o foco central desse movimento. Sabemos todos nós, que trabalhamos com diabetes, da importância do exercício físico no controle metabólico da doença, bem como na redução de peso, revertendo também em benefício da saúde de nossos pacientes, e por esse motivo devemos incluir em nossas programações de atividades educativas, ações de incentivo ao exercício físico marcando o Dia Mundial de Saúde neste ano de 2002 – Agita Mundo – Movie for Health. Diabetes Clínica 01 (2002) 5 Informes do Diabetes no Mundo Andres Mellén et al., American Diabetes Association, 61st Scientific Sessions, Philadelphia, Pennsylvania, 22 a 26 de junho 2001 Farmacocinética e variabilidade intra-individual da insulina inalada em fumantes saudáveis e não-fumantes Este estudo avaliou a farmacocinética (PK) da insulina inalada usando o Insulin Diabetes Management System (IDMS) AERx em fumantes saudáveis e não-fumantes. O IDMS AERx produz um aerossol de partículas de insulina humana líquida. Em 2 dias consecutivos, 27 fumantes e 16 não-fumantes (18 homens/ 25 mulheres, idade média 26 anos, IMC 23 kg/m2) receberam doses únicas de insulina inalada (33,75 U). Os resultados de PK para 36 pacientes foram obtidos dos perfis da insulina plasmática exógena corrigidos pelo peptídeo-C inicial. A absorção total de insulina (AUC 0-6h ) foi significativamente maior no grupo fumantes, enquanto que o pico de concentração foi maior e mais precoce neste grupo. PK variável Não-fumantes (n=13) Fumantes (n=23) AUC0-6h (um/l*h) Cmax (mU/l) Tmax (min) 40,0 13,9 53,9 Ratio médio 63,2 42,0 31,5 1,58 3,02 -22,4 IC 95% Valor de p 1,20; 2,08 0,0017 1,94; 4,70 < 0,0001 -34,2; -10,6 0,0003 Médias estimadas, ratios, intervalos de confiança (IC) e valores de p baseadas em ANOVA, com resposta ajustada pelo sexo e período; tmax baseado em diferença média. A variabilidade estimada intra-sujeito de AUC0-6h foi 13,5% e 16,5% para não-fumantes e fumantes, respectivamente; as condições de teste foram similares durante os dois dias para os não-fumantes. Coeficiente de variação intra-individual (CV) (%) Não-fumantes Fumantes N AUC0-6h IC 95% Cmax IC 95% 13 23 13,5 16,5 9,8; 22,6 12,7; 23,6 26,0 23,8 18,6; 42,9 18,3; 34,1 Nenhum problema de segurança foi reportado; os eventos adversos foram mínimos. Nenhuma alteração ou diferença entre os grupos foi observada durante o estudo na função pulmonar, sinais vitais ou valores laboratoriais. A absorção da insulina inalada foi significativamente maior em fumantes, com AUC0-6h e Cmax maiores e tmax menor. A variabilidade intra-individual de AUC0-6h foi baixa em ambos não-fumantes e fumantes, em comparação com dados anteriores. 6 Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 01 (2002) Earl S. Ford et al., American Journal of Epidemiology 2002;155:57-71, janeiro de 2002 Novos dados sobre a relação entre inflamação e diabetes Elbert S. Huang et al., Am J Med 2001;111:633-642, dezembro de 2001 A diminuição da pressão sanguínea e dos lípides beneficia o diabetes Novos estudos comprovam a hipótese da relação entre marcadores da inflamação, tais como proteína C-reativa, e desenvolvimento do diabetes tipo 2. Este estudo avaliou 8.352 pacientes que participaram do National Health and Nutrition Examination Survey Epidemiologic Follow-up Study. Durante os 20 anos de acompanhamento, 878 pacientes desenvolveram um diabetes. Os pesquisadores mostraram que os homens e mulheres com taxas de leucócitos ³ 91.000 tinham respectivamente 33% e 68% mais riscos de desenvolver diabetes do que os indivíduos com taxas de leucócitos ≤ 57.000. Homens e mulheres com taxa de sedimentação de eritrócitos ≥ 26 mm/ hora apresentavam respectivamente 85 e 83% mais riscos de desenvolver diabetes do que os indivíduos com velocidade de sedimentação ≤ 5 mm/hora. Entretanto, após ajustes, a velocidade de sedimentação não foi significativamente relacionada à incidência do diabetes. Os resultados deste estudo utilizando leucócitos e taxa de sedimentação, que são os indicadores de inflamação os menos específicos, fornecem uma prova limitada aos dados que sugerem que a inflamação poderia ter uma influência na patogênese do diabetes, segundo os pesquisadores. Outro grupo de pesquisa, dirigido por Tiejian Wu, da State University of New York, Buffalo, estudou a associação entre os níveis de proteína C-reativa e as taxas sangüíneas de jejum de insulina, glicose e HbA1c. Este estudo incluiu 2466 homens e 2876 mulheres que participaram do Third National Health and Nutrition Examination Survey. Todos os indivíduos eram nãodiabéticos, com idade ≥ 17 anos. Em homens e mulheres, os níveis elevados de proteína C-reativa foram associados com taxas elevadas de insulina e HbA1c. Níveis elevados de proteína C- reativa foi relacionada à glicose elevada só em mulheres. Em razão da natureza trandsversal do estudo, é impossível concluir que os níveis elevados de proteína C-reativa sejam responsáveis da resistência à insulina e intolerância à glicose, segundo os autores. É preciso estudos prospectivos e randomizados. Os resultados de uma recente meta-análise sugerem que a diminuição dos níveis de lípides e pressão sanguínea em pacientes portadores de diabetes tipo 2 resultam em benefícios cardiovasculares significativos. Para quantificar os benefícios cardiovasculares da diminuição do colesterol, pressão sanguínea e níveis de glicose em pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2, os pesquisadores efetuaram um meta-análise sobre 18 estudos randomizados e controlados em diabetes tipo 2 ou sub-grupos de diabetes. Os estudos compararam os efeitos cardiovasculares de tratamento intensivo dos níveis de fatores de risco em terapia padrão ou placebo. A diminuição do colesterol (RR = 0,75) e da pressão sanguínea (RR = 0,73) produziram diminuições significativas das taxas de eventos cardíacos, inclusive morte por doença arterial coronariana e infarto do miocárdio não fatal. A diminuição da glicemia foi responsável de diminuições menores e não significativas de eventos adversos (RR = 0,87). Este modelo foi verificado em todos os estudos, segundo os pesquisadores. Para o tratamento do colesterol e da pressão sanguínea, de 69 até 300 pessoa- Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 01 (2002) 7 ano de tratamento são necessários para a prevenção de um evento cardiovascular, segundo os resultados desta meta-análise, que recomenda que o manejo dos fatores de risco cardiovasculares seja rigorosamente apoiado. EFA Sciences LLC, Norwood, Massachusetts, USA, Nutrition 2001;17(11-12):953-66, dezembro de 2001 A obesidade é uma doença inflamatória ? Gregoire FM, Metabolex, Hayward, California 94549, USA, Exp Biol Med (Maywood) 2001;226(11):997-1002, dezembro de 2001 Diferenciação do adipócito: de fibroblasto à célula endócrina Obesidade poderia ser uma doença sistêmica inflamatória de baixo grau. Crianças e adultos obesos ou com sobrepeso apresentam níveis elevados de proteína C-reativa, interleucina 6, fator de necrose tumoral-α, leptina, que são também conhecidos como marcadores de inflamação associados a fatores de risco cardiovascular e responsáveis de morte cardiovascular e nãocardiovascular. Isso pode explicar o risco aumentado de diabetes, doença cardíaca, e várias outras doenças no obeso. A interação complexa entre vários neurotransmissores tais como dopamina, serotonina, neuropeptídeo Y, leptina, acetilcolina, melanin-concentrating hormônio, ghrelin, óxido nítrico e citocinas, insulina e receptores de insulina no cérebro determina e regula a ingestão de alimentos. O aleitamento maternal de mais de 12 meses é associado à diminuição da incidência da obesidade. O leite materno é uma rica fonte de ácidos graxos poli-insaturados (LCPUFAs) e o cérebro é especialmente rico nestes ácidos graxos. Os LCPUFAs inibem a produção de citocinas pró-inflamatórias e aumentam o número de receptores de insulina em vários tecidos, a ação da insulina e de vários neurotransmissores. LCPUFAs podem aumentar as proteínas morfogenéticas dos ossos, que participam na neurogenêse, e por isso poderiam ter um papel importante no desenvolvimento e função do cérebro. Isso resulta em um desequilíbrio na estrutura, função e feedback loops entre vários neurotransmissores e os seus receptores, que a final são responsáveis da diminuição do número de receptores de insulina e dopamina no cérebro. A amamentação prolongada pode diminuir a prevalência da obesidade. O exercício aumenta o tônus parasimpatetico, promove a antiinflamação, e aumenta os níveis de acetilcolina e dopamina no cérebro, eventos que suprimem o apetite. Acetilcolina e insulina inibem a produção de citocinas pro-inflamatórias e alimenta o feedback loop negativo pela inibição pósprandial da ingestão de alimentos, e em parte, pela regulação da ação da leptina. Estatinas, agentes de ligação PPAR-γ, drogas anti-inflamatórias nãoesteróides, formulas por crianças suplementadas em LCPUFAs, bem como os LCPUFAs, que suprimem a inflamação, podem ser úteis na obesidade. Recentes avanços na biologia do tecido adiposo têm demonstrado que o tecido adiposo branco (White adipose tissue – WAT), tem um papel central na regulação do balanço energético e age como um órgão secretório/endócrino que participe em vários processos fisiológicos e patológicos. A desregulação da massa do WAT causa obesidade e lipoatrofia, duas condições associadas com patologias ameaçadas pela vida, inclusos doenças cardiovasculares e diabetes. Alterações na massa WAT resultam de alterações no tamanho e/ou do número dos adipócitos. Alteração do número de adipócitos é obtida após uma interação complexa entre proliferação e diferenciação dos pré-adipócitos. A diferenciação do adipócito ou adipogênese é um processo bem controlado que foi bem estudado nos últimos 25 anos. Os sistemas de cultura de préadipócitos in vitro que recapitulam a maioria dos aspectos críticos da formação da célula adiposa permitiram uma dissecção meticulosa dos eventos celulares 8 Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 01 (2002) Continuação e moleculares envolvidos no processo de adipogênese. Os fatores de transcrição PPAR-γ e CCAAT/enhancer binding protein-α têm um papel chave na cascata transcricional complexa que ocorre durante a adipogênese. Sinais hormonais e nutricionais afetam a diferenciação do adipócito de uma maneira positiva ou negativa, e os componentes envolvidos nas interações célulacélula ou célula-matriz são também essencial na regulação do processo de diferenciação. Este conhecimento fornece a base para entender os mecanismos fisiológicos e fisiopatológicos que explicam a formação do tecido adiposo e para o desenvolvimento de novas terapias para o tratamento da obesidade e das doenças associadas. Longnecker MP et al., Environ Health Perspect 2001;109 Suppl 6:871-6, dezembro de 2001 Contaminantes do meio ambiente como fatores etiológicos para o diabetes Para ambos diabetes mellitus tipo 1 e tipo 2, as taxas têm aumentado nos Estados-Unidos e em qualquer parte do mundo; as taxas são muito variáveis em função do pais, e os fatores genéticos participam em menos da metade do novos casos. Essas observações sugerem que fatores do meio ambiente são responsáveis do diabetes tipo 1 e tipo 2. Exposições ocupacionais foram associadas com maior risco de desenvolvimento de diabetes. Em mais, dados recentes sugerem que produtos tóxicos, outros que agentes infecciosos ou exposições que estimulam a resposta imunológica, são associados à ocorrência destas doenças. Revisamos os dados epidemiológicos sobre a relação entre contaminantes do meio ambiente e diabetes tipo 1 e 2. Para o diabetes tipo 1, ingestão elevada de nitratos, nitritos e produtos N-nitroso, bem como as concentrações levadas de bifenilas policlorinatos têm sido associadas com risco maior. Entretanto, os dados são limitados ou inconsistentes. No que diz respeito ao diabetes tipo 2, dados sobre arsênico e 2,3,7,8-tetrachlorodibenzodioxine sugere uma relação direta mais são conclusivos. Os dados ocupacionais sugerem que mais dados sobre exposição a compostos tipo N-nitroso, arsênico, dioxinas, talco a óleos de maquinas estariam úteis. Apesar do que os fatores do meio ambiente outros do que os contaminantes são determinantes no diabetes tipo 1 e 2, o papel etiológico de vários contaminantes e exposições ocupacionais deve ser ainda estudado. Brown RA, Walsh MF, Ren J Department of Biology, Morgan State University, Baltimore, Endocr Res 2001;27(4):399-408, novembro de 2001 Sexo e diabetes, influência sobre a função contrátil vascular e miocárdica Mulheres em pré-menopausa têm risco cardiovascular menor do que homens ou mulheres em pós-menopausa. Entretanto, essa “vantagem” da mulher é perdido em caso de diabetes, condição caracterizada por disfunção contrátil cardíaca e vascular. Este estudo foi desenhado para comparar a influência do diabetes sobre a função contrátil cardíaca e vascular entre os sexos. Foram utilizados ratos adultos machos e fêmeas diabéticos após administração de streptozotocina (55 mg/kg) durante 8 semanas. O desenvolvimento da tensão foi examinado em anéis aórticos torácicos e músculos papilares do ventrículo esquerdo. Vasoconstrição induzido por KCl, vasorelaxação dependente do endotélio induzida por acetilcolina (Ach) ou independente do endotélio induzida por nitroprussiato de sódio (SNP), duração e velocidade máxima da contração miocárdica e duração da relaxação (TPT/RT90 e ± VT) foram similares entre machos e fêmeas. Diabetes aumentou a vasoconstrição induzida por KCl com doses baixas, diminuiu a vasorelaxação induzida por SNP e tinha pouco efeito sobre a vaso-relaxação induzida por Ach em anéis aórticos nos dois sexos. Diabetes prolongou TPT e RT90 nos dois sexos, e diminuiu ± VT em machos más não em fêmeas. O aumento agudo em Ca++ extracelular (2,7 mM para 5,4 10 Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 01 (2002) mM) diminuiu TPT em miocárdio diabético nos dois sexos, mas não teve efeito em outros índices miocárdicos mecânicos em grupos normais ou diabéticos, qualquer seja o sexo. Em mais, a exposição aguda ao inibidor da ouabaína Na+/K(+)-ATPase diminuiu TPT/RT90 e aumentou ± VT em miocárdio de fêmeas normais, mas foi sem efeito no miocárdio do macho ou do diabético. Em conclusão, os dados sugerem que, na vasculatura, não existe diferença entre os sexos na disfunção contrátil induzida pelo diabetes, apesar do que existem evidentes diferenças ligadas ao sexo no miocárdio. Kljai K, Runje R. Medical Faculty, University of Zagreb, Croatia.Biol Trace Elem Res 2001 Dec;83(3):223-9, dezembro de 2001 Níveis de selênio e glicogênio em pacientes diabéticos Adamson DJ et al., Imperial Cancer Research Fund Molecular Pharmacology Unit, Biomedical Research Centre, Ninewells Hospital, Dundee, Scotland, United Kingdom, Mol Pharmacol 2002;61(1):7-12, janeiro de 2002 Diclofenac antagoniza sinal do PPAR-γγ Selênio no plasma e glicogênio nos eritrócitos foram determinados em pacientes diabéticos divididos em 2 grupos, tipo 2 (n = 50) e tipo 1 (n = 31), em função da etiopatogenia de seu diabetes. O selênio foi medido pelo método de spectrometria de absorção atômica. Nível plasmática de selênio foi estatística e significativamente diferente em pacientes portadores de diabetes tipo 2 (59,23 ± 12.,2 microg/l) ou tipo 1 (58,23 ± 16,7 microg/l) em comparação com o grupo controle de 62 indivíduos (64,2 ± 11,5 microg/l; p < 0,05). Não foi observada diferença significativa nos níveis plasmáticos de selênio entre os grupos de pacientes diabéticos tipo 1 e 2. Os níveis de glicogênio eritrocitário foram de 2,0580 ± 1,326, 2,0380 ± 1,735, e 2,0036 ± 1,3537 microg/g Hb nos grupos placebo, diabetes tipo 2 e diabetes tipo 1, respectivamente, sem diferenças significativas entre os grupos. A diminuição dos níveis de selênio no plasma e eritrócitos de pacientes diabéticos sugere o papel possível da glutationa peroxidase. Apesar do que drogas antiinflamatórias não esteróides (AINS) sejam usadas como agentes quimiopreventivos do câncer, o mecanismo de ação é pouco conhecido porque os AINS têm ações independentes da ciclooxigenase. Pesquisamos um objetivo alternativo para os AINS, o peroxisome proliferatoractivated receptor-γ (PPAR-γ), do qual a ativação diminui a proliferação da célula neoplásica. Foi demonstrado que os AINS ativam este receptor, mas só com concentrações elevadas. Neste estudo, investigamos a relação entre diclofenac e PPAR-γ, usando um ensaio sobre o ácido cisparinarico e estudamos o efeito do diclofenac sobre a trans-ativação de PPAR-γ em um ensaio celular sobre COS-1. Inesperadamente, diclofenac ligou PPAR-γ nas concentrações terapêuticas (K(i) = 700 nM), mas induziu uma ativação dupla na concentração de 25 microM e antagonizou a trans-ativação do PPAR-γ pela rosiglitazona. Este antagonismo foi vencido com o aumento das concentrações de rosiglitazona, indicando que diclofenac é um agonista parcial. Nenhum efeito do diclofenac foi observado sem receptor exógeno, confirmando que ele está agindo através de um mecanismo específico do PPAR-γ. Isso é a primeira descrição que um AINS pode antagonizar o PPAR-γ. Em mais, isto é a primeira vez que foi demonstrado que um AINS pode estabelecer uma ligação com este receptor em concentrações clinicamente significativas. O papel fisiológico desses achados foi testado usando ensaios de diferenciação do adipócito e proliferação de célula cancerosa. Diclofenac diminuiu a diferenciação celular mediada pelo PPAR-γ em 60% e inibiu a ação da rosiglitazona sobre uma linha de células de câncer da próstata, DU145, permitindo uma aumento em 3 vezes da proliferação. Este estudo mostra que doses padrão de diclofenac podem ter interações farmacodinámicas com a rosiglitazona e isso tem implicações terapêuticas, ambos no manuseio do diabetes tipo 2 e no tratamento do câncer. Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 01 (2002) Linda S. Geiss et al., American Journal of Preventive Medicine, janeiro de 2002 11 Hipertensão afeta 71% dos diabéticos mas poucos deles recebem tratamento adequado Dentre as pessoas portadoras de diabetes e hipertensão, 71% são conscientes de seu pressão sanguínea elevada e 57% estão usando tratamento. Esses 2 números são mais elevados do que na população geral, mas os esforços de tratamento e de prevenção não resultam em melhor controle, segundo este estudo dos Centers for Disease Control and Prevention. Dentre os pacientes portadores de diabetes usando medicamentos para o controle da pressão sanguínea, 43% apresentam uma pressão inferior ao limite recomendado pela pressão saudável. Isso é um pouco menos do que os 45% dos não-diabéticos que têm a pressão sanguínea controlado por medicação. 20% dos portadores de diabetes e hipertensão não sabem ou não concordam em baixar a pressão sanguínea. Esta discrepância entre tratamento e controle da pressão sanguínea em ambos as populações é o resultado de vários fatores, segundo o estudo, incluso acesso inadequado aos cuidados médicos e remédios, tratamentos inapropriados ou ineficazes e falta de aderência do paciente ao tratamento e às alterações no estilo de vida. O estudo utilizou dados de 1507 indivíduos diabéticos do Third National Health and Nutrition Examination Survey. A meta para a pressão sanguínea saudável foi estabelecida em < 130/85 mm Hg, segundo as recomendações específicas para diabéticos no relatório Joint National Commission on the Detection, Evaluation and Treatment of High Blood Pressure. Pressão sanguínea acima de 130/85 mm Hg é considerada como um fator de risco para a doença cardíaca dentre os diabéticos. Estudos anteriores têm mostrado que a diminuição da pressão sanguínea diminui também o risco de morte por doença cardiovascular. Andreas Plagemann et al., Diabetes Care 2002;25:16-22, Janeiro de 2002 Amamentação maternal por mães diabéticas pode aumentar o risco de obesidade Dentre as crianças de mães diabéticas, os que foram alimentos por leite materno durante a primeira semana de vida apresentam mais risco de sobrepeso e de desenvolvimento de intolerância a glicose na infância. Este achado foi observado em crianças de mães que apresentaram diabetes gestacional ou de mães portadoras de diabetes tipo 1. Estudos anteriores têm demonstrado que “programação intra-uterina” aumenta o risco de obesidade e de tolerância à glicose alterada em crianças de mães diabéticas. Mas o papel da amamentação nunca foi avaliado, segundo os autores. Para a pesquisa, foram coletados os detalhes da alimentação de 112 crianças de mães diabéticas durante os 7 primeiros dias de vida. No total, 83 mães tinham diabetes tipo 1 e 29 diabetes gestacional, das quais 15 receberam insulina. Todas as mães foram encorajadas pela amamentação, mas leite materno de doadores foi também distribuído, quando necessário. O volume de leite materno diabético ingerido no período neonatal foi positivamente correlacionado com o risco de sobrepeso na infância (p < 0,001). Também, o volume de leite materno diabético ingerido no período neonatal foi positivamente correlacionado com o risco de tolerância à glicose alterada (p = 0,03). Em comparação, o volume de consumo neonatal de leite de doadores foi invertemente correlacionado com o sobrepeso e o risco de tolerância à glicose alterada (p = 0,001 e p = 0,02, respectivamente). Estudos a longo prazo são necessárias para observar o efeito de diferentes tipos de nutrição neonatal em crianças de mães diabéticas. Entretanto, segundo os autores, a alimentação através do leite materno deveria ser o tipo preferido de nutrição, mesmo nesta população particular. 14 Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 01 (2002) David Edelman et al., Journal of General Internal Medicine 2002; 17:23-28, janeiro de 2002 Rastreamento oportunístico detecta um número significativo de casos de diabetes desconhecidos O rastreamento oportunístico de pacientes para o diabetes, durante consulta médica de rotina, pode ser um método eficaz e de baixo custo par descobrir diabetes em pacientes que não têm a oportunidade de ser detectados. Os autores deste estudo rastrearam 1253 pacientes que não foram diagnosticados como diabéticos. No início, eles usaram HbA1c e a glicose plasmática de jejum dos pacientes que apresentaram HbA1c ≥ 6,0%. Dentre estes pacientes, 56 (4,5%) tinham um diabetes desconhecido. O diagnóstico de diabetes foi associado com hipertensão (odds ratio 2,5, p = 0,004), peso > 120% ao peso ideal (odds ratio 2,2, p = 0,02) e um parente ou gêmeo portador de diabetes (odds ratio 1,7, p = 0,06). Os autores concluem que o teste em condições normais (não de jejum) é importante no rastreamento oportunístico. “O lado negativo do teste de jejum é que o paciente não é sempre de jejum. Mas existem benefícios significativos deste situação. O teste em condições normais dá informação importante sobre o grau do diabetes, e sabemos imediatamente o grau de emergência de intervenção”, segundo os autores. “O estudo não comprova que o rastreamento para o diabetes é uma intervenção eficaz e de baixo custo, mas nossos resultados mostram que existe um espaço para a detecção do diabetes nos centros médicos.” Claudio Maffeis et al., Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, janeiro 2002 Estudo mostra que crianças obesas têm risco de ser adultos obesos Pesquisadores italianos mostraram que as crianças com sobrepeso têm mais riscos de ser adultos com sobrepeso. Este novo estudo descobriu uma relação protetiva entre a resistência à insulina e peso em meninas com sobrepeso que têm peso normal na idade adulta. Participaram do estudo 215 crianças obesas (120 meninos e 95 meninas), idade 8-12 anos, nas quais foi estudada a relação entre obesidade da criança, resistência à insulina e ganho de peso a longo prazo. 103 pacientes foram examinados após 14 anos por exames de acompanhamento. O estudo mostrou que 43% dos indivíduos obesos na infância eram ainda obesos na idade adulta. Em mais, outros 29% dos indivíduos eram com sobrepeso. “Podemos concluir que crianças obesas e com sobrepeso têm mais riscos de ser adultos obesos”, disse Dr. Maffeis. “Estudos anteriores já mostraram que adultos com sobrepeso têm risco aumentado de diabetes e doenças cardiovasculares. Devemos encontrar meios para diminuir a obesidade em crianças, se quisermos diminuir obesidade no futuro, bem como as doenças associadas”. Os pesquisadores descobriram também novas informações sobre a relação entre a obesidade da criança, resistência à insulina e peso adulto em meninas. Nas mulheres que participaram no estudo, a severidade da obesidade de criança aumentou o risco de sobrepeso no adulto. Em mais, o estudo demonstrou que a resistência à insulina, condição na qual o corpo não responde adequadamente à insulina, era um fator de proteção contra a obesidade do adulto em meninas com sobrepeso, mas não em meninos. “Um aumento de uma unidade no índice da resistência à insulina diminui o risco de obesidade em 42% na idade adulta. Esta relação deveria ser estudada em estudos maiores”, disse Dr. Maffeis. Diabetes Clínica 01 (2002) 15 O Diabetes na Imprensa O ESTADO DE SÃO PAULO Diabetes entre crianças obesas já preocupa 27 de dezembro de 2001 Os efeitos do crescimento da obesidade entre crianças já começam a ser notados nos serviços de saúde do País. Levantamento feito pelo Ambulatório de Obesidade Infantil do Hospital das Clínicas de São Paulo revela que, das 49 crianças atendidas regularmente no serviço, 42 já apresentavam os primeiros sinais para o desenvolvimento do diabetes tipo 2. “Corremos o risco de ter um crescimento expressivo do número de diabéticos jovens, e, com isso, também do número de enfartes ou outros problemas relacionados à doença em pacientes cada vez mais moços”, alerta o chefe do Grupo de Obesidade e Doenças metabólicas do HC, Alfredo Halpern. (...) Além da maior propensão ao diabetes, em crianças obesas também é notado o aparecimento de outros fatores de risco para problemas cardiovasculares. Em um estudo feito com 103 crianças estudantes de escolas particulares de São Paulo, constatou-se que 53% das obesas ou com sobrepeso apresentavam taxas elevadas de colesterol. O aumento da obesidade infantil é atribuído principalmente à mudança da alimentação. “Diminuímos a ingestão de carboidratos e aumentamos o consumo de gorduras”, diz Afredo Halpern. “Se voltássemos ao cardápio do brasileiro, com arroz e feijão, bife e salada e abandonássemos os pratos gordurosos, certamente esse quadro poderia ser modificado”. JAHH= 21 de janeiro de 2002 Obesos protestam por maior acesso à saúde pública A luta contra a discriminação e pelo direito de receber tratamento médico adequado marcou um protesto promovido pela Associação dos Obesos Mórbidos do Brasil, na Praia de Ipanema, no Rio. Segundo os organizadores, cerca de 500 obesos - com Índice de Massa Corporal (IMC), que é a relação entre o peso e a altura, acima de 30 - juntaram-se para reivindicar a ampliação do número de cirurgias de redução de estômago realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Mais de 3 mil pessoas aguardam na fila no Rio para se submeter à operação. A associação calcula que existam 500 mil obesos mórbidos no Brasil. Segundo a presidente da entidade, Márcia Brandão, são poucos os hospitais municipais que realizam a cirurgia, apesar de uma lei municipal sancionada pelo prefeito César Maia (PFL) em 2001 ter acrescido cinco unidades à rede autorizada pelo SUS a operar os obesos. Outra reclamação da associação é o fato de somente três seguradoras de saúde cobrirem os custos da operação, que ficam em torno de R$ 25 mil em clínicas particulares e R$ 3.200,00 quando pago pelo governo, segundo Márcia. “É preciso cuidar também dos problemas decorrentes da obesidade, como dificuldades cardíacas, articulares e circulatórias, hipertensão e diabetes, fora o preconceito do dia-a-dia. Queremos o acompanhamento de endocrinologistas e nutricionistas”, defende ela, ressaltando ainda que o acompanhamento psicológico dos obesos deve ser contínuo. Em 2001, aos 35 anos, Márcia teve o estômago reduzido em cirurgia paga pelo SUS, e conseguiu reduzir o peso de 170 para 100 quilos - ela tem 1,66 metro. A 16 O Diabetes na Imprensa – Diabetes Clínica 01 (2002) Continuação presidente da associação foi uma das doze pessoas beneficiadas pela operação em 2001 no Rio. “Esse número é muito pequeno. A rede pública não está preparada para tratar do problema. Havia 15 anos que não ia ao cinema porque não cabia na poltrona e cheguei a ficar dois anos sem sair de casa, por vergonha do meu corpo. Agora, minha vida mudou por completo”, contou. Reuters Health Brasil faz doações de insulina à Argentina para aliviar a emergência diabética 10 de janeiro de 2002 Duas cargas, contendo cada uma 275.000 doses de insulina, doadas prelo governo do Brasil chegaram na Argentina para aliviar a crise do sistema de saúde que afeta principalmente os 200.000 pacientes diabéticos do País. O presidente Eduardo Duhalde declaro o estado de emergência de saúde em razão das severa ruptura no fornecimento de várias drogas vitais e equipamentos descartáveis. Fora do diabetes, o risco é também importante para os pacientes tratados por câncer, AIDS ou transplante. “O sistema de saúde da Argentina está agonizando” disse Dr. Ginés Gonzalez García, ex-ministro da Saúde de Buenos-Aires. “O que está faltando é o dinheiro, não as drogas. Nosso país tem a melhor industria farmacêutica da América Latina. O problema é que o Estado e as companhias de seguro social devem aproximadamente US$ 700 milhões à industria”. Pacientes portadores de câncer ou de transplante reclamam que as farmácias não querem aplicar o desconto de 100% acordado aos pensionistas e afiliados aos sistemas de seguro privado. Os farmacêuticos, do outro lado, dizem que os atacadistas estão atrasando a entrega dos remédios porque não podem mais suportar a dívida de U$ 500 milhões de sistema de previdência social. “A maioria das farmácias argentinas são perto da falência e têm perdido todo credito”, explica Daniel Alvarado, presidente da Confederação Farmacêutica Argentina. “Precisamos receber pelo menos U$ 100 milhões para relançar a maquina”. Reuters Health Regime e exercício são melhores que remédios contra diabetes 6 de fevereiro de 2002 Um estudo divulgado na revista The New England Journal of Medicine afirma que uma combinação de regime alimentar e exercícios físicos é mais eficaz que os medicamentos no tratamento da forma mais comum de diabetes na população norte-americana. Os autores do estudo compararam o efeito de dois tratamentos do diabetes tipo 2 em 3.234 pessoas - de 25 a 85 anos - sujeitas à hiperglicemia: uma modificação de seu modo de vida e um tratamento com metformina. Uma combinação de regime com exercícios físicos, que cause uma perda de peso de 5 a 7%, permitiu reduzir em 58% a incidência do diabetes nos participantes do estudo. O exercício se limitava a uma marcha de 30 minutos, cinco dias por semana. Os voluntários que seguiram um tratamento com metformina, um medicamento que diminui o excesso de açúcar no sangue, viram diminuir a incidência do diabetes em 31%. “Este estudo representa uma mensagem de esperança para as pessoas que correm o risco de desenvolver diabetes do tipo 2”, estimou o secretário de Saúde americano Tommy Thompson, que financiou o estudo realizado pelo Grupo de Pesquisa do Programa de Prevenção do Diabetes. “Seguindo um regime moderado e duradouro e um programa de exercícios, muitas pessoas com um ou vários fatores de risco de diabete do tipo 2 podem deter a doença antes que se torne irreversível”, acrescentou Thompson. Cerca de 20 milhões de norte-americanos sofrem de hiperglicemia, tornando-se sujeitos a diabete e a enfermidades cardiovasculares. 18 Diabetes Clínica 01 (2002) Avanços terapêuticos e tecnológicos Philip Raskin et al., American Diabetes Association, 61st Scientific Sessions, Philadelphia, Pennesylvania, 22 a 26 de junho 2001 Insulina aspart é tão efetiva em infusão subcutânea continua como em aplicações diárias múltiplas em pacientes diabéticos tipo 2 A segurança e eficácia da administração do análogo da insulina de ação rápida, insulina aspart (IAsp), em aplicação continua subcutânea (CSII) foi comparada à aplicações diárias múltiplas (MDI) em um estudo multicêntrico, aberto, randomizado, com grupo paralelo e duração de 24 semanas. 127 pacientes diabéticos tipo 2 tratados por insulina, sem experiência anterior da bomba de insulina, foram randomizados para receber IAsp por CSII com uma bomba externa ou por aplicação em tratamento MDI com NPH. Todos os agentes hipoglicemiantes orais foram interrompidos. As doses de IAsp foram aplicadas imediatamente antes das refeições. As características iniciais foram similares entre os grupos (HbA1c 8,2 ± 1,4% para CSII e 8,0 1,2% para MDI). No final do estudo, os dois grupos de tratamento mostraram controle glicêmico similar (7,6 ± 1,2% para CSII, 7,5 ± 1,2 para MDI), representando uma diminuição da HbA1c em relação ao início de 0,6 e 0,5%, respectivamente. Os perfis da glicose sanguínea melhoraram a partir dos valores iniciais nos dois grupos. Através deste estudo, o grupo CSII mostrou uma tendência em direção de níveis menores de glicose sanguínea, especialmente antes do café da manhã (139 ± 46 vs. 151 ± 43 mg/dl para CSII e MDI, respectivamente, p = 0,058), e 90 minutos após o café da manhã (167 ± 48 vs. 65 mg/dl para CSII e MDI, respectivamente, p = 0,019). A avaliação da segurança (hipoglicemia e eventos adversos) foi comparável nos dois grupos. O número médio de episódios hipoglicêmicos por indivíduo e por mês foi similar nos dois grupos, 0,8 e 1,2 para CSII e MDI, respectivamente. A incidência de obstruções foi baixa no grupo CSII e não foi associada com hiperglicemia. Pacientes (82%) tratados no grupo CSII reportaram uma ou menos obstrução durante as 4 semanas do ensaio. Em conclusão, o diabetes tipo 2 pode ser tratado com segurança com bombas de insulina externas. Em mais, IAsp foi seguro e eficaz em ambos tratamentos MDI e CSII e foi compatível para o uso em bombas de infusão externas. Philip Raskin et al., American Diabetes Association, 61st Scientific Sessions, Philadelphia, Pennsylvania, 22 a 26 de junho 2001 Terapia combinada repaglinida/rosiglitazona em diabetes tipo 2 Este estudo clínico randomizado, multicêntrico, com grupo paralelo, aberto, com pacientes diabéticos tipo 2 comparou a eficácia e segurança da terapia combinada repaglinida/rosiglitazona com as monoterapias repaglinida e rosiglitazona, durante um periodo de tratamento de 24 semanas. Pacientes tinham duração de diabetes ≥ 1 ano, idade > 18 anos e controle glicêmico Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 01 (2002) Continuação 19 inadequado (HbA1c > 7,0%) com tratamento anterior com metformina ou sulfoniluréias (pelo menos com 50% da dose máxima). Após rastreamento, a terapia anterior foi interrupta por 2 semanas, seguida por um período de 12 semanas de optimização e um período de 12 semanas de tratamento com as dosagens ajustadas, medidas pela resposta glicêmica, nas doses especificadas pelo fabricante. O primeiro resultado de eficácia foi a alteração da HbA1c do início até a semana 24. A tabela seguinte mostra os resultados dos 124 primeiros pacientes. Pacientes tratados, n HbA1c inicial Total D/C, n (%) D/C para AEs, n (%) D/C para terapia ineficaz, n (%) REPG ROSI REPG + ROSI 31 9,4% 12 (39) 2 (6) 8 (26) 33 9,1% 16 (48) 3 (9) 9 (27) 60 9,2% 8 (13) 0 2 (3) D/C descontinuado As alterações médias dos valores de HbA1c no fim do tratamento foram 0,25% para a repaglinida em monoterapia, -0,41% para o rosiglitazona e 1,3% para a terapia combinada repaglinida/rosiglitazona. A terapia conjugada produziu efeitos glicêmicos significativamente maiores (p 0,01) do que os agentes em monoterapia. Estes achados concordam com estudos anteriores sobre a repaglinida usada com sensibilizadores à insulina como metformina ou troglitazona, que mostraram melhor controle glicêmico do que as monoterapias. Lois Jovanovic et al., American Diabetes Association, 61st Scientific Sessions, Philadelphia, Pennsylvania, 22 a 26 de junho 2001 Terapia combinada repaglinida/pioglitazona em diabetes tipo 2 Este estudo clínico randomizado, multicêntrico, com grupo paralelo, aberto, com pacientes diabéticos tipo 2, comparou a eficácia e segurança da terapia combinada repaglinida/pioglitazona com as monoterapias repaglinida e pioglitazona, durante um período de tratamento de 24 semanas. Pacientes tinham duração de diabetes ³ 1 ano, idade > 18 anos e controle glicêmico inadequado (HbA1c > 7,0%) com tratamento anterior com metformina ou sulfoniluréias (pelo menos com 50% da dose máxima). Após rastreamento, a terapia anterior foi interrupta por 2 semanas, seguida por um período de 12 semanas de optimização e um período de 12 semanas de tratamento com as dosagens ajustadas, medidas pela resposta glicêmica, nas doses especificadas pelo fabricante. O primeiro resultado de eficácia foi a alteração da HbA1c do início até a semana 24. A tabela seguinte mostra os resultados dos 131 primeiros pacientes. Pacientes tratados, n HbA1c inicial Total D/C, n (%) D/C para AEs, n (%) D/C para terapia ineficaz, n (%) REPG PIO REPG + PIO 36 9,3% 13 (36) 2 (6) 8 (22) 36 9,2% 19 (53) 0 17 (47) 59 9,6% 8 (14) 2 (3) 3 (5) D/C discontinuado As alterações médias dos valores de HbA1c no fim do tratamento foram 1,7% para a terapia combinada repaglinida/pioglitazona, -0,11% para a repaglinida em monoterapia, +0,25% para o pioglitazona. A terapia conjugada produziu efeitos glicêmicos significativamente maiores (p < 0,01) do que os 20 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 01 (2002) Continuação agentes em monoterapia. Estes achados concordam com estudos anteriores sobre a repaglinida usada com sensibilizadores à insulina como metformina ou troglitazona, que mostraram melhor controle glicêmico do que as monoterapias. Kahn SE et al., J Clin Endocrinol Metab 2001;86(12):5824-9, dezembro de 2001 Nateglinida e glyburide - Importância da fase de secreção precoce de insulina para a tolerância à glicose endovenosa em portadores de diabetes tipo 2 A secreção de insulina é alterada em diabetes tipo 2 porque a resposta precoce é essencialmente ausenta. A hipótese é que a perda da secreção precoce de insulina é importante na deterioração da tolerância à glicose. Para determinar se a estimulação da resposta insulínica precoce pode melhorar a tolerância à glicose, foi administrado 1) 120 mg de nateglinida, agente insulinotrôpico que estimula a secreção precoce de insulina; 2) 10 mg de glyburide, que estimula as fases mas tardias da secreção de insulina; ou 3) placebo em 21 indivíduos portadores de diabetes tipo 2 e randomizados (14 homens e 7 mulheres; idade 59,2 ± 2,1 anos; IMC 29,7 ± 1,0 kg/m2; glicose plasmática de jejum 8,1 ± 0,1 mM). A função da célula b foi quantificada como a área sob a curva (AUC) incremental para diferentes períodos de tempo durante as 5 horas após a administração de glicose endovenosa, e a tolerância à glicose como a eliminação constante de glicose (Kg) de 10 até 60 minutos. A liberação de insulina começou imediatamente após a administração de nateglinida, até mesmo antes a infusão de glicose, mas isso não foi observado com a glyburide. Ambos nateglinida e glyburide estimularam a liberação de insulina induzida pela glicose, quando comparada com placebo (AUC -15300 min: nateglinida 23,595 ± 11,212 pM/min, glyburide 54,556 ± 15,253 pM/min, placebo 10,242 ± 2,414 pM/min). Os perfis de liberação da insulina demonstraram estimulação específica da liberação entre -15 e 30 min para nateglinida, comparada com glyburide e entre 60 e 300 min para glyburide comparada com nateglinida. Kg aumentou em 15% com nateglinida (0,87 ± 0,04%/min), mas não aumentou significativamente com glyburide (0,79 ± 0,04%/min), comparada com placebo (0,76 ± 0,04%/min). A estimulação da liberação da insulina pela glyburide resultou em uma concentração mínima de glicose menor com glyburide (3,8 ± 0,2 mM), comparada com nateglinida (5,0 ± 0,2 mM) e placebo (5,9 ± 0,2 mM). Em conclusão, a estimulação da fase precoce da secreção de insulina melhora a tolerância à glicose endovenosa, enquanto que atrasá-la em 30 minutos resulta em uma taxa menor de eliminação da glicose durante as primeiras duas horas após administração de glicose endovenosa. A diferença na cinética da ação da nateglinida e da glyburide é uma liberação continua de insulina com glyburide, apesar do que os níveis de glicose tenham retornado ao nível inicial, resultando em uma diminuição adicional dos níveis de glicose e um nadir menor. Pratley RE, Foley JE, Dunning BE, Novartis Pharmaceuticals Corporation, Curr Pharm Des 2001;7(14):1375-97, setembro de 2001 Nateglinida, repaglinida e outros agentes insulinotrôpicos de ação rápida: restauração da secreção precoce de insulina como modelo fisiológico de melhora do controle glicêmico A perda da secreção precoce da insulina aparece ser o evento crítico na deterioração da tolerância à glicose durante o desenvolvimento do diabetes tipo 2. Existe então uma razão forte para desenvolver novos agentes antidiabéticos pelos quais o objetivo é a restauração ou a substituição da secreção prandial precoce da insulina para diminuir as excursões da glicose durante as refeições em pacientes diabéticos tipo 2. Estes novos agentes estão 22 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 01 (2002) Continuação agora disponíveis (repaglinida e nateglinida) ou em desenvolvimento clínico (KAD-1229 e BTS 67 582). Estudos pré-clínicos sugerem que cada um destes novos agentes insulinotrôpicos dividem um mecanismo receptor/efetor comum com as sulfoniluréias (SUs), mas que cada um pode ter características distintas para diferenciá-los dos SUs e entre eles mesmo. Nateglinida e KAD-1229 estimulam claramente a secreção insulínica bifásica in vitro e in vivo e seus efeitos são rapidamente reversíveis, enquanto que os efeitos da repaglinida e BTS 67 582 são prolongados após a remoção dos meios de infusão in vitro ou a clearance in vivo. Dados disponíveis de estudos em humanos indicam que a farmacocinética da repaglinida e nateglinida são similares (são ambas rapidamente absorvidas e eliminadas), mas, consistentemente com achados em estudos animais, os efeitos insulinotrôpico e sobre a glicose da repaglinida são mais lentos no início e mais prolongados do que a nateglinida. Foi demonstrado que repaglinida e nateglinida são seguros e bem tolerados em pacientes portadores de diabetes tipo 2 e produzem diminuições significativas da HbA1c, em monoterapias ou combinadas com agentes de modo de ação complementar (metformina e tiazolidinedionas). Estes novos agentes têm o potencial de atingir a normoglicemia sem risco de hipoglicemia e por isso são elementos importantes do armário terapêutico. Reuters, 10 de janeiro de 2002 Nova molécula pode ajudar no tratamento de úlceras de pressão e úlceras diabéticas Uma equipe de pesquisa da Escócia está iniciando estudos clínicos com uma nova molécula que tem o potencial para tratar as lesões tipo úlceras diabéticas e lesões de pressão. Esta molécula, chamada migration stimulating factor (MSF) tem a capacidade de iniciar o processo de cicatrização, segundo os pesquisadores, Prof Seth Scor e Ana Schor. Os estudos clínicos poderiam começar no prazo de 18 meses. O produto poderia ser usado na forma de gel aplicado nas lesões sob um curativo ou em conjunto com um transplante de pele artificial. MSF estimula a angiogênese. A molécula é secreta por células fetais, o que explicaria porque as crianças cicatrizam rapidamente, sem cicatriz residual. Em adultos, esta molécula é presente só durante o processos de cicatrização e, nas lesões com irrigação sangüínea alterada – como as úlceras diabéticas – ela é geralmente ausenta. “No fundo da úlcera, não encontramos o MSF. Por qualquer razão, ele não é presente nestas feridas que não cicatrizam. A idéia é colocá-lo na lesão para iniciar o processo de cicatrização”, explicou Seth Schor. Diabetes Care 2002;25:89-94, janeiro de 2002 Metformina é adequada para crianças diabéticas tipo 2 Crianças portadoras de diabetes tipo 2 podem ser tratados com eficácia e segurança com metformina. Metformina tem sido o medicamento o mais prescrito para a tratamento do diabetes tipo 2 nos Estados Unidos. Entretanto, apesar do que a incidência do diabetes tipo 2 tenha muito aumentado na última década, a metformina nunca foi avaliada neste grupo. Conseqüentemente, pesquisadores de San Diego (Califórnia), Pittsburgh (Pensilvánia), Princeton (New Jersey) e Moscou (Rússia) desenharam um estudo controlado duplocego e randomizado. Avaliaram eficácia e segurança da metformina na dose de 1000 mg duas vezes/dia em 82 crianças com idade 10-16 anos durante 16 semanas de setembro 1998 e novembro 1999. Participaram do estudo crianças diabéticos tipo 2 com glicose plasmática de jejum ≥ 7,00 mmol e ≤ 13,3 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 01 (2002) 23 Continuação mmol/l (HbA1c ≥ 7% peptídeo-C ≥ 0,5 µmol% (1,5 ng/ml)) e IMC > 50o percentil para a idade. O controle glicêmico mostrou uma melhora significativa com metformina. A alteração media ajustada da glicose plasmático de jejum no início foi –2,4 mmol/l (-42,9 mg/dl) para metformina, comparada com + 1,2 mmol/l (+21,4 mg/dl) para o placebo (P < 0,001). O estudo mostrou também uma diminuição significativa dos níveis de HbA1c entre os grupos metformina e placebo (7,5 vs. 8,6% respectivamente, P < 0,001). Melhora da glicose plasmática de jejum ocorreu em todas as crianças qualquer que seja o sexo ou a raça. Não foram observados impactos negativos sobre o peso corporal ou o perfil lipídico, nem nenhum dos efeitos adversos reportados em adultos tratados com metformina. Janeiro de 2002 Comunicado de GlaxoSmithKline: A prescrição de rosiglitazona (Avandia) não precisa mais de receituário especial nem retenção da receita na farmácia A rosiglitazona (Avandia) foi excluída da Portaria 344 do Ministério da Saúde, conforme decisão da Agência nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), não mais havendo a necessidade de receituário especial carbonato, nem retenção da receita na farmácia. A resolução da ANVISA ratifica a segurança do produto (hoje utilizado por mais de 2,6 milhões de pacientes em todo o mundo), e está também em consonância com as autoridades regulatórias norte-americanas e européias. Avandia passa a ser o único antidiabetogênico da classe das glitazonas a ser prescrito em receituário comum. Avandia ganhou recentemente o Prêmio da Society for Medicines Research 2001 (SMR), um dos mais consagrados e cobiçados prêmios de pesquisa de medicamentos. A equipe de GlaxoSmithKline recebeu o reconhecimento pela pesquisa que realizou, tendo esta conduzido ao descobrimento de Avandia. O prêmio SMR é outorgado há cada dois anos e reconhece avanços no campo das descobertas de novos medicamentos. Avandia é diferente dos outros medicamentos, pois enfoca a resistência à insulina, que é uma causa subjacente da enfermidade e um defeito fundamental do diabetes tipo 2. Uto Y, Teno S, Iwamoto Y, Omori Y, Takizawa T. Metabolism 2002;51(1):20-24, janeiro de 2002 Melhora da tolerância à glicose pela nateglinida ocorre através da estimulação da fase precoce da secreção da insulina Nateglinida é um novo agente hipoglicemiante de ação curta, que aumenta a secreção precoce de insulina e o total de insulina secretada. Entretanto, não é claro o qual desses efeitos contribui mais para a diminuição da glicose plasmática pós-prandial. Para esclarecer as ações farmacológicas da nateglinida, investigamos as alterações dos níveis da glicose pós-prandial e da insulina durante testes de refeições com ou sem nateglinida. Os indivíduos eram 10 pacientes recentemente diagnosticados ou não-tratados, todos portadores de diabetes tipo 2. Após tratamento por dieta e exercício durante uma semana, a nateglinida foi administrada (270 mg divididos em três doses por dia). Testes de tolerância a refeição foram realizados no início, após a primeira dose (dia 1), após 7 dias de tratamento (dia 7), e depois do fim do tratamento (dia 8). A glicose pós-prandial média de jejum era 146 ± 6 mg/dl (média ± DP) no início e 130 ± 6 mg/dl no dia 7 (P = 0,0004). O nível de glicose pós-prandial de 2 horas era 226 ± 10 mg/dl no início, 145 ± 11 mg/dl no dia 1 (P = 0,0008), e 190 ± 15 mg/dl no dia 8 (P = 0,08, início; P = 0,01, dia 7). O nível médio de insulina de jejum era 5,4 ± 1,0 µU/ml no início e não se alterou significativamente 24 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 01 (2002) Continuação durante o estudo. O nível de insulina pós-prandial a 30 minutos era 14,4 ± 1,9 µU/ml no início, 39,5 ± 4,5 µU/ml no dia 1 (P = 0,0004), e 23,6 ± 3,6 µU/ml no dia 8 (P = 0,045, início; P = 0,010, dia 7). A insulina total, em termos de área sob a curva (AUC.IRI), era 3,99 ± 0,7 x 10(3) µU/ml. min no início, 5,47 ± 0,8 µU/ml. min no dia 1 (P = 0,029), e 6,01 ± 1,9 µU/ml. min no dia 8 (P = 0,047 vs. início). A secreção da fase precoce da insulina, baseada na relação entre delta IRI e delta PG (glicose pós-prandial), da fase de jejum até 30 minutos após uma refeição era 0,15 ± 0,13 no início, 1,44 ± 0,26 no dia 1 (P = 0,0009) e 0,26 ± 0,06 no dia 8 (P = 0,05 vs. dia 1). Após a interrupção da nateglinida, o nível de glicose pós-prandial aumentou imediatamente. Apesar do que a secreção precoce de insulina voltou ao nível do início, a secreção total de insulina ficou em um nível elevado. Esses resultados sugerem que a secreção da insulina da fase precoce contribui mais do que a secreção total de insulina para a melhora da hiperglicemia pós-prandial em diabetes tipo 2. Fevereiro de 2002 Comitê da FDA não aprova a terapia combinada pravastatina/ aspirina Um comitê consultivo da Food and Drug Administration (FDA) votou contra a aprovação do terapia combinada Pravachol (pravastatina) e aspirina para o tratamento de pacientes com hipercolesterolemia que já apresentaram uma ataque cardíaca ou outro evento cardíaco. O laboratório Bristol-Myers pretende que a combinação pravastatina 40 mg e 81 mg de aspirina ou pravastatina 40 mg e aspirina 325 mg poderia aumentar o número de pacientes tratados pelas duas terapias separadamente. Para pacientes com colesterol elevado e evento cardíaco anterior, a American Heart Association e o American College of Cardiology já recomendaram o uso de uma estatina, como pravastatina, e aspirina para prevenir futuros eventos. Mas o comitê considerou que a adição de uma droga anti-plaquetária poderia apresentar problemas de segurança. Alguns membros do comitê estimaram que a aspirina ou qualquer outro agente anti-plaquetário, como clopidogrel, não podem ser associados com outra droga. A conveniência da associação não compensa os riscos (sangramentos) da aspirina. O laboratório não fiz estudos prospectivos mas apresentou uma metanálise de 5 estudos feitos para comprovar a eficácia da pravastatina. Os especialistas concordam geralmente em aprovar que a associação é superior para a prevenção de eventos futuros e da morte, mas estimam que não existe meio para determinar a dose de aspirina usada ou outras informações sobre os efeitos da aspirina. O comitê acrescentou que os pacientes geralmente param o tratamento com aspirina antes uma cirurgia cardíaca. Os que usam uma terapia combinada deveriam trocar para outra estatina, o que pode ser uma dificuldade suplementaria pelo paciente. Fevereiro de 2002 Comitê da FDA nega indicação do irbesartan para a prevenção da doença renal em pacientes diabéticos tipo 2 Um comitê consultivo da Food and Drug Administration (FDA) não autorizou o uso adicional da droga antihipertensiva Avapro (irbesartan) de Sanofi-Synthelabo, já autorizada para o tratamento da hipertensão, para a prevenção da doença renal em pacientes diabéticos tipo 2. Segundo membros do comitê, o laboratório mostro claramente o efeito da 26 Continuação Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 01 (2002) droga em um estudo, mas o período de seguimento foi curto demais, e os dois estudos efetuados não foram significativos o suficiente para a aprovação. Aproximadamente 40% do pacientes americanos diabéticos sofrem de uma doença do rim, causada pela microangiopatia diabética. Irbesartan não previna a doença renal ou a morte, mais diminui o risco de doença em 20% no estudo submisso a FDA. Se a FDA não aprova esta indicação adicional, o irbesartan ficará no mesmo ponto do que as outras drogas da classe, conhecida como a dos bloqueadores do receptor da angiotensina 2. Um estudo publicado no New England Journal of Medicine, setembro de 2001, mostrou que os pacientes diabéticos tratados com losartan (Hyzaar ou Cozaar de Merck & Co) tinham uma risco de doença renal diminuído em 28%. As drogas da angiotensina 2 estão em competição com os inibidores da enzima de conversão da angiotensina (ACE), remédios antihipertensivos, que já foram aprovados para a redução da lesão renal em diabéticos tipo 1 e são usados no tratamento do diabético tipo 2. Diabetes Clínica 01 (2002) 27 Produtos e novidades Vaxigrip: proteção contra gripe para os portadores de diabetes A Aventis Pasteur, empresa líder mundial na produção de vacinas, já tem à disposição a vacina contra gripe, Vaxigrip, adequada à realidade brasileira para o ano de 2002. Primeiramente licenciada em 1968, hoje em dia Vaxigrip possui registro em mais de 60 países. Sua experiência já ultrapassa 30 anos, sendo aplicada anualmente em mais de 10 milhões de pessoas. No Brasil, é a vacina pioneira contra gripe. Sua composição é atualizada anualmente, com base nos dados epidemiológicos coletados ao redor do mundo pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A formulação específica para o ano 2002 já está nas clínicas de vacinação. É muito importante lembrar que todos os portadores de diabetes devem receber uma dose anual da vacina contra a gripe. Fitas reagentes One Touch de Johnson & Johnson A Johnson & Johnson Produtos Profissionais está trazendo para o Brasil as fitas One Touch, que além de compatíveis com os monitores One Touch Basic Plus, também são compatíveis com os aparelhos One Touch Basic, One Touch II e One Touch Profile. As fitas One Touch trazidas pela Johnson & Johnson Produtos Profissionais para leitura em sangue total já são calibradas para leitura em plasma, informando o resultado comparável ao resultado do laboratório. Caso o consumidor possua um monitor One Touch de qualquer modelo com algum tipo de defeito poderá estar contactando o Serviço de Apoio ao Cliente da Johnson & Johnson Produtos Profissionais pelo telefone 0800 701 1389. Leite Condensado Diet e Ovos de Páscoa de Bom Regime A indústria alimentícia Bom Regime, sediada em Pinhais, região de Curitiba, com a experiência de quem está há 13 anos produzindo alimentos diet, dirigidos especialmente ao consumidor diabético, apresenta sua linha de produtos, composta por geléias, biscoitos, chocolates e leite condensado. As geléias são elaboradas com frutas de excelente qualidade, somadas a um blend de adoçantes, que lhes garante sabor 100% natural, nas variedades de pêssego, damasco e ameixa. Os chocolates, na forma de barra, bombons e ovos de Páscoa, são oferecidos com recheio de nozes, castanhas de caju, crocante, amendoim e banana, diferenciando-se no mercado por não conter sabor residual de gordura nem de adoçante, fato alcançado pelo emprego dos melhores ingredientes em sua formulação, como é o caso da sucralose como edulcorante. O leite condensado pronto para consumo, pioneiro no mercado nacional, destaca-se pela redução calórica de 65% em relação ao normal, sem perder o gosto e a consistência. Pode ser utilizado em sobremesas, recheios, doces, sorvetes, 28 Continuação Produtos e Novidades – Diabetes Clínica 01 (2002) coberturas e salada de frutas. Produtos aprovados pela ANAD. Todos os produtos são preparados sob os mais rigorosos padrões de qualidade, sob supervisão de uma farmacêutica e aprovados pelo Ministério da Saúde. O Leite Condensado Diet Bom Regime (com selo de aprovação aa ANAD) já vem pronto para o consumo, podendo ser utilizado em várias sobremesas, docinhos de aniversário, sorvetes, coberturas ou mesmo consumido puro. As tradicionais Balas Halter para o público diabético A bala Halter é conhecida internacionalmente pela confiabilidade e tradição de nosso produto. O uso de suco de frutas naturais e adoçante isomalte garante a alta qualidade de seu sabor e isenção de açucares prejudiciais aos diabéticos. Vendida em mais de 143 países e líder em vendas na categoria, a bala Halter seguramente preenche todos os requisitos para satisfazer o consumidor portador de diabetes. As balas Halter estão disponíveis em 10 sabores: Café, Menta, Ervas, Pêssego, Cereja, Melância, Morango, Maça Verde, Limão e Abacaxi. As informações sobre as balas halter são disponíveis por e-mail, [email protected], ou por telefone no (11) 3078-6844. 30 Diabetes Clínica 01 (2002) Resumos de trabalhos e congressos Simon Heller et al., American Diabetes Association, 61st Scientific Sessions, Philadelphia, Pennsylvania, 22 a 26 de junho 2001 Diminuição da hipoglicemia com insulina aspart: estudo duplocego, randomizado e transversal em pacientes diabéticos tipo 1 Introdução: Estudos com análogos de insulina de ação curta oferecem geralmente diminuições modestas da hipoglicemia. Entretanto, a maioria dos estudos tem usado um desenho aberto e estudos cegos anteriores não mostraram benefícios. Este estudo duplo-cego, randomizado, transversal, comparou a insulina análoga aspart (IAsp) de ação rápida e a insulina humana solúvel (HI), tendo em vista as taxas de eventos hipoglicêmicos em um tratamento intensivo por infusão endovenosa. Métodos: Após de um período de 6 semanas de observação, 155 pacientes portadores de diabetes tipo 1 (38,7 ± 11,3 anos, IMC 24,9 ± 3,1 kg/m2, HbA1c 7,8 ± 0,8%) foram randomizados simetricamente para 2 períodos de tratamento de 16 semanas com IAsp ou HI, as duas sendo aplicadas 0-5 minutos antes as refeições. A insulina NPH foi dada como insulina basal uma ou duas vezes/dia quando necessária, e as dosagens de insulina foram regularmente ajustadas usando algoritmos predefinidos para manter um controle glicêmico rigoroso. Os períodos de tratamento foram separadas por um período de 4 semanas de eliminação. Resultados: As taxas totais de eventos de hipoglicemia severa (requerendo a intervenção de familiares), não foram significativamente diferentes entre Iasp e HI (0,071 vs. 0,093 eventos/mês), mas episódios noturnos de hipoglicemia grave (24h00-6h00) foram inferiores com IAsp (0,017 vs. 0,056 eventos/mês, p < 0,005). Em mais, a taxa de episódios de hipoglicemia leve foi reduzida com IAsp (2,98 vs. 3,19 eventos/mês, p < 0,005). HbA1c média no fim do tratamento era 7,7 ± 0,8% e 7,7 ± 0,9%, para IAsp e HI, respectivamente. Conclusões: Uma diminuição de 72% no risco de hipoglicemia noturna severa foi observada com IAsp comparada com HI em pacientes portadores de diabetes tipo 1 recebendo um tratamento intensivo de insulina. Essa diminuição foi realizada com controle glicêmico mantido. A maior redução da hipoglicemia noturna severa em pacientes bem controlados é uma forte indicação para o uso de insulina aspart. Kjeld Ermansen et al., American Diabetes Association, 61st Scientific Sessions, Philadelphia, Pennsylvania, 22 a 26 de junho 2001 Insulina Aspart 30 bifásica melhora o controle glicêmico pósprandial Introdução: Insulina aspart bifásica 30 (BIAsp 30) é uma nova formulação lowmix consistindo em insulina aspart (IAsp) 30% solúvel e 70% cristalizada em protamina. O controle glicêmico pós-prandial obtido com IAsp 30 e com insulina humana padrão bifásica (BHI 30) foi comparado, usando testes de refeições estritamente controlados. Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 06 (2001) 31 Métodos: Neste estudo randomizado 50 pacientes portadores de diabetes tipo 1 (35,7 ± 9,4 anos, IMC 24,0 ± 2,6 kg/m2, HbA1c 8,6 ± 1,1%) foram observados durante 3 dias distintos, durante os quais os tratamentos seguintes foram administrados em ordem randomizada: BIAsp 30 aplicada imediatamente antes de um café da manhã padrão, BHI 30 aplicada 30 minutos antes do café da manhã (BHI 30t-30), e BHI 30 aplicada imediatamente antes do café da manhã (BHI 30t0). A dose foi 0,40 U/kg para os três tratamentos. Nenhuma insulina intermediara ou de longa ação foi permitida nos 24 horas antes do teste, e os níveis de glicose sanguínea pré-aplicação foram estabilizados entre 5 e 8 mM por aplicação endovenosa noturna de insulina. Resultados: Área sob a curva de glicose plasmática pós-prandial 4 horas (AUC0-4h) ajustada foi reduzida por BIASp 30 em 23% em comparação com BHI30t0 e em 9% em comparação com BHI 30t-30 (p = 0,013). A concentração máxima de glicose plasmática (C max ) foi maior com BHI30 t0 quando comparada com BIAsp 30 (16,5 ± 2,8 vs. 14,0 ± 2,4 mM, p < 0,0001), e o tempo para atingir a concentração máxima de glicose plasmática (tmax) foi aproximadamente 20 minutos menor com BIASp 30, independentemente do momento das aplicação de BHI 30 (p 0,0001). Os níveis pré-teste médios de glicose plasmáticos foram similares entre os grupos (6,7 para 6,9 mM). Os resultados farmacocinéticos foram consistentes com os resultados acima: AUC0-4h da insulina significativamente maior, Cmax maior e tmax menor foram observados com BIAsp 30 quando comparada com BHI 30, independentemente do período das aplicações de BHI 30. Conclusões: Como efeito de uma infusão mais rápida de insulina no corrente sanguíneo, o controle glicêmico pós-prandial foi mais efetivo com BIAsp 30 do que com BHI 30, sem consideração para o período das aplicações de BHI 30. Rosenblatt S; Miskin B; Glazer NB; Prince MJ; Robertson KE, Irvine Clinical Research Center, California, USA; Collective Name: Pioglitazone 026 Study Group Coron Artery Dis 2001;12(5):413-23, agosto de 2001 O impacto da pioglitazona sobre o controle glicêmico e a dislipidemia aterogênica em pacientes portadores de diabetes tipo 2 Introdução: Avaliar o controle glicêmico, efeitos sobre os lípides, e segurança da pioglitazona em pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2. Desenho e métodos: Pacientes (n = 197) portadores de diabetes tipo 2, com HbA1c ³ 8,0%. glicose plasmática de jejum (FGP) > 7,7 mmol/l (140 mg/dl), e peptídeo-C > 0,331 nmol/l (1 ng/ml) foram randomizados para participar em um estudo multicêntrico duplo-cego de 23 semanas (27 sites) e receberam placebo ou pioglitazona 30 mg, administrado uma vez ao dia em monoterapia. Foi requerido a interrupção de todos as drogas antidiabéticos 6 semanas antes de iniciar o estudo. Os parâmetros de eficácia incluíram HbA1c, glicose plasmática de jejum (FPG), peptídeo-C, insulina, triglicérides (Tg), e colesterol total (TC), HDL-colesterol e LDL-colesterol. As taxas de eventos adversos, os resultados laboratoriais e os exames físicos foram registrados. Resultados: Comparada com placebo, pioglitazona diminuiu significativamente (P = 0,0001) HbA1c (-1,37%), FPG (-3,19 mmol/l; -57.5 mg/dl), peptídeo-C de jejum (-0,076 ± 0,022 nmol/l) e insulina de jejum (11,88 ± 4,70 pmol/l). Pioglitazona diminuiu significativamente (P < 0,001) a resistência à insulina (HOMA-IR; -12,4 ± 7,46%) e melhorou a função da célula b (Homeostasis Model Assessment (HOMA-BCF); + 47,7 ± 11,58%). Comparadas com placebo, as concentrações de Tg plasmáticos de jejum diminuíram (-16,6%; P = 0,0178) e as concentrações de HDL-C aumentaram (+12,6%; P = 0,0065) com pioglitazona em monoterapia. Alterações do colesterol total e LDL-C não foram diferentes entre pioglitazona e placebo, e 32 Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 01 (2002) Continuação não foi observado hepatotoxicidade ou aumento induzido pela droga das concentrações de ALT. Conclusões: Pioglitazona melhora a resistência à insulina e o controle glicêmico, bem com as triglicérides e HDL-colesterol, o que sugere que pioglitazona pode diminuir o risco cardiovascular em pacientes portadores de diabetes tipo 2. Berber A et al., Servicio de Endocrinologia del Hospital General de Mexico, Organo Descentralizado, Mexico City, Mexico, Int J Obes Relat Metab Disord 2001;25(12):1794-9, dezembro de 2001 Índices antropométricos no prognóstico do diabetes mellitus tipo 2, hipertensão e dislipidemia em uma população mexicana Objetivo: Determinar os valores de medidas antropométricas simples associadas à presença do diabetes tipo 2, hipertensão e dislipidemias e avaliar os valores limites para o prognóstico desses doenças crônicas em uma população mexicana. Desenho: Dados foram obtidos de estudos PRIT (Prevalence of Cardiovascular Risk Factors in General Hospital Workers) de 1994 até 2000 ajustados para a estrutura da população mexicana global. Material e métodos: Participaram 2426 homens e 5939 mulheres com idade 38,99 ± 7,11 e 39,11 ± 14,25 anos, respectivamente. A sensibilidade ajustada e a especificidade de vários valores limites de IMC (índice de massa corporal), WHR (relação cintura/quadril), WC (cintura) e WTH (relação cintura/altura) para o prognóstico de diabetes mellitus tipo 2 (DM), hipertensão (HT) ou dislipidemia foram avaliadas por análise ROC (receiver operating characteristic curve). As relações para diabetes, hipertensão e dislipidemias em indivíduos com vários valores de IMC, WHR, WC e WTH foram calculadas. A análise de regressão logística múltipla foi utilizada para observar a relação independente entre os índices antropométricos, idade e tabagismo, e os odds ratio para essas condições crônicas. Resultados: O IMC limite para o prognostico de DM, HT ou dislipidemia variou de 25,2 para 26,6 kg/m2 em homens e mulheres. Os limites de WC foram 90 cm em homens e 85 cm em mulheres. O limite de WHR foi aproximadamente 0,90 em homens e 0,85 em mulheres, e o limite de WTH foi 52,5 em homens e variou de 53 para 53,5 em mulheres. Os níveis de limite para WC, WHR e WTH corresponderam aos pontos de inflexão das gráficos de relações. No caso do IMC, foi encontrado um aumento significativo do risco de doenças crônicas com níveis de IMC entre 22 e 23 em ambos os sexos. As análises de regressão logística mostraram que só IMC e idade foram inclusas em todos os modelos bem como a influência do tabagismo em DM e a dislipidemia em homens. Conclusão: Apesar do que esses resultados não podem ser aplicados em toda a população mexicana ou em outras populações hispânicas, eles demonstram a necessidade de estudos similares com grandes amostras randomizadas para determinar os níveis limites dessas doenças crônicas em populações diferentes. Leila MB Araújo, Rosalita Gusmão, Maria Zenaide Gonzaga, Ivanise Silva, Hospital Universitário da Universidade Federal da Bahia, Salvador, Bahia, XIo Congresso ALAD, Montevidéu, Uruguai, 13 de novembro de 2001. Dislipidemia em mulheres obesas diabéticas, com glicemia de jejum alterada e não diabéticas Introdução: É freqüente a associação de obesidade, diabetes tipo 2, dislipidemia, e maior morbi-mortalidade por doença cardiovascular. Diversos estudos sugerem que a hiperglicemia pós-prandial e/ou intolerância a glicose também contribuam. Neste estudo, comparamos a freqüência de distúrbios lipídicos de 624 mulheres, consecutivamente admitidas em um ambulatório de obesidade, antes de iniciar o tratamento. 34 Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 01 (2002) Continuação Material e métodos: As pacientes foram classificadas quanto à tolerância a glicose pelo critério da American Diabetes Association (ADA) e para dislipidemia pelo III National Cholesterol Education Program, para diabéticas. Foram excluídas as pacientes com doenças crônicas, exceto as relacionadas com a síndrome metabólica. A distribuição racial foi de 38% brancos, 38% mulatos e 24% negros. Os níveis de glicose, colesterol total, HDL-colesterol e triglicérides após jejum de 12h, foram determinados por método enzimático e o LDL-colesterol foi calculado pela fórmula de Friedewald, excetuando uma paciente com triglicérides de 410 mg%. Os grupos foram comparados aplicando-se o teste de proporções do programa Epi-info, versão 6.0. Resultados (médias ± DP e freqüências): Obesas diabéticas n=55 Idade (anos) IMC (kg/m2) % colesterol total (≥ 200 mg%) % HDL-colesterol (< 50 mg%) % LDL-colesterol (≥ 100 mg%) % Triglicérides (≥ 150 mg%) 41 ± 8 43 ± 7 53 * 67 74 44 # Glicose de jejum Obesas não alterada diabéticas N = 46 N = 523 39 ± 13 42 ± 6 56** 54 74 33 35 ± 10 40 ± 6 37 * / ** 67 70 23 # P 0,0002 0,001 0,003 NS NS 0,002 * OD vs. ObN p = 0,02 ; **GJA vs ObN p < 0,01; # OD vs ObN p < 0,001 Observamos que as freqüências de alterações lipídicas nas obesas com glicemia de jejum alterada (GJA) foram similares às das obesas diabéticas (OD). As freqüências de colesterol total e de triglicérides acima do desejado foram significativamente maiores nas obesas diabéticas em relação às obesas com glicemias normais (ObN). Estas freqüências elevadas de alterações lipídicas contribuem para a maior morbi-mortalidade por doença cardiovascular em obesos, devendo-se intervir precocemente, mesmo nos obesos com GJA e não diabéticos. Ma L, Zhao S, Li J, Zhou Q, Gao M Chin, Department of Cardiology, Second Affiliated Hospital, Hunan Medical University, Changsha 410011, China Med J (Engl) 2001;114(6):563-7, junho de 2001 Interação da hipertensão e do diabetes na alteração da função endotelial Objetivo: Investigar se a interação da hipertensão e do diabetes altera a função endotelial e causa uma disfunção do músculo liso. Métodos: Métodos não-invasivos foram usados para investigar pacientes portadores de diabetes tipo 2 (DM2) (grupo 1), pacientes hipertensos (grupo 2), pacientes com diabetes e hipertensão (grupo 3), e grupo controle normal (grupo 4), pelo estudo da artéria braquial sem evidência de formação de placa de aterosclerose. Resultados: Resultados mostraram que a vasodilatação dependente do endotélio diminuiu significativamente no grupo 1 (5,74% ± 3,32%, P < 0,05), grupo 2 (4,14% ± 2,93%, P < 0,01), e grupo 3 (2,78% ± 2,08%, P < 0,001) quando comparados com o controle (9,45% ± 3,88%). A vasodilatação induzida pela nitroglicerina (função músculo liso) no grupo 3 diminuiu significativamente em comparação com o grupo controle (14,11% ± 4,63% vs. 23,53% ± 6,77%, P < 0,001), más não foram observadas diferenças significativas na vasodilatação induzida pela nitroglicerina entre os grupos 1, 2 e 4. Na análise univariate, a resposta reduzida de vasodilatação à nitroglicerina foi associada com a vasodilatação dependente do endotélio (r = 0,54, P < 0,001). Conclusão: Nossos resultados indicam que a interação do DM2 e da hipertensão agravam a disfunção endotelial e diminuem a função do músculo liso. Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 01 (2002) Anderson PJ et al., Division of Clinical Pharmacology, The Department of Medicine and Therapeutics, The Chinese University of Hong Kong, The Prince of Wales Hospital, New Territories, Hong Kong SAR Int J Obes Relat Metab Disord 2001;25(12):1782-8, dezembro de 2001 35 Análise de fator da síndrome metabólica: obesidade vs. resistência à insulina como anormalidade central Objetivos: Avaliar se existe uma anormalidade central contribuindo às condições associadas à síndrome metabólica (MS), ou se uma anormalidade está contribuindo em vários níveis. Métodos: Foram recrutados 145 indivíduos chineses com idade 17-68 anos apresentando vários graus de sensibilidade à insulina (IS): 33 saudáveis, 59 portadores de diabetes mellitus tipo 2, 32 com hipertensão essencial e 21 com dislipidemia. IS foi avaliada pelo teste de sensibilidade à insulina usando uma aplicação endovenosa de 0,1 U/kg de insulina. Pressão sanguínea, medidas antropométricas e parâmetros bioquímicos associados à IS foram também medidos. Análises de fatores (EFA) foram efetuadas no grupo total de 145 indivíduos e nos 76 com tolerância normal à glicose. Resultados: Em todos os 145 indivíduos, EFA definiu três fatores distintos e independentes. Fator 1 foi interpretado com adiposidade geral e central, IS alterada e intolerância à glicose. Fator 2 foi associado com hipertensão e obesidade geral e central, embora que fator 3 foi significativamente relacionado às concentrações baixas de HDL-colesterol e elevadas de triglicérides, em menor proporção com cintura. Em pacientes com tolerância à glicose diminuída, só 2 fatores foram identificados; fator 1 relacionado à IS alterada, tolerância à glicose alterada, dislipidemia e adiposidade central e geral, e o fator 2 relacionado à pressão sanguínea e adiposidade central e geral. Conclusões: Esses modelos sugerem que o agrupamento de variáveis no MS é o resultado de múltiplos fatores ligados pela adiposidade e não uma etiologia única. Em mais, aumentos da pressão sanguínea são ligados à obesidade em esses indivíduos chineses mais do que a IS alterada per se. Flechtner-Mors M, Jenkinson CP, Alt A, Adler G, Ditschuneit HH, Department of Internal Medicine, University of Ulm, Germany, Diabetes Metab Res Rev 2001;17(5):387-90, setembro de 2001 Efeitos do acipimox sobre a taxa de lipólise no tecido adiposo subcutâneo de indivíduos obesos Introdução: Acipimox é um agente hipolipemiante que diminui as concentrações plasmáticas de triglicérides e de ácidos graxos não-esterificados. Acipimox pode diminuir a síntese de triglicérides pela diminuição da disponibilidade do ácido graxo não esterificado dos adipócitos, mas este efeito não foi ainda demonstrado in vivo. A lipólise após tratamento de acipimox foi examinada em tecido adiposo subcutâneo de indivíduos obesos mórbidos com síndromes metabólicos associados. Métodos: A técnica da microdiálise foi utilizada em tecido adiposo subcutâneo de oito indivíduos hiperinsulínicos. Após tratamento com acipimox, a concentração de glicerol foi determinada como índice de taxa de lipólise. O fluxo sanguíneo foi avaliado pelo técnica de escapamento de etanol. As taxas de liberação de glicerol a partir do tecido adiposo humano estimulado por epinefrina foram também investigadas na presença de acipimox. Oito indivíduos com idade e peso correspondentes foram escolhidos como grupo controle. Resultados: Com tratamento de acipimox, a liberação de glicerol diminuiu no tecido adiposo subcutâneo e nenhum efeito foi observado no fluxo sanguíneo. No tecido adiposo estimulado, acipimox não demonstrou efeito . Conclusão: Neste estudo a liberação de glicerol do tecido adiposo foi inibida pelo acipimox. A ação anti-lipolítica do agente pode diminuir as concentrações plasmáticas elevadas de ácidos graxos livres em indivíduos portadores de obesidade severa. 36 Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 01` (2002) Richard S. Surwit et al., Duke University Medical Center, Durham, North Carolina Diabetes Care 2002;25:30-34, janeiro de 2002 O tratamento do estresse melhora o controle glicêmico a longo prazo em diabéticos tipo 2 Objetivo: Existe uma evidência de conflito no que diz respeito a utilidade do manejo do estresse no tratamento do diabetes. Os estudos que mostraram o efeito terapêutico do manejo do estresse usaram uma terapia individual dispendiosa em tempo. Infelizmente, o uso em larga escala desse tipo de intervenção não é prático. O objetivo da pesquisa foi de determinar se um programe de treinamento de grupo, de baixo custo, pode melhorar o metabolismo da glicose em pacientes portadores de diabetes tipo 2 e determinar se existe um grupo de pacientes que pode apresentar resultados positivos. Desenho e métodos: Pacientes diabéticos tipo 2 foram randomizados para participar de um programa de educação em diabetes de 5 sessões, com ou sem manejo de estresse. Os participantes (n = 108) foram acompanhados durante um ano, no qual testes de HbA1c e questionários avaliando estresse, ansiedade e saúde psicológica foram realizados para avaliar os efeitos do tratamento. Resultados: O manejo do estresse foi associado à pequena (0,5%), más significativa diminuição em HbA1c. A complacência com o tratamento diminuiu com o tempo, mas de modo similar as tratamentos de manejo do estresse administrados por outras razões. O caractere ansiedade (como medida de diferenciação individual estável em pré-disposição à ansiedade) não prognosticou uma resposta ao tratamento, mostrando que os pacientes muito ansiosos não recebem mais benefício do treinamento. Conclusões: Os resultados atuais indicam que um programa de manejo grupal do estresse, com custo baixo, pode resultar em benefícios clinicamente significativos para pacientes portadores de diabetes tipo 2. Alice S. Ryan et al., Department of Medicine, Division of Gerontology at the University of Maryland School of Medicine, Baltimore, Maryland Diabetes Care 2002, 25:127-133, janeiro de 2002 Terapia de reposição hormonal, sensibilidade à insulina e obesidade abdominal em mulheres pós-menopausa Objetivo: O objetivo deste estudo foi determinar se a sensibilidade à insulina difere entre mulheres pós-menopausa tratadas com estradiol, mulheres tratadas com reposição hormonal (TRH) com estrogênio e progesterona e mulheres sem TRH e se as diferenças podem ser explicadas pelas diferenças na adiposidade total e/ou abdominal e a gordura depositado no músculo. Desenho e métodos: Estudamos 28 mulheres caucasianas, obesas, sedentárias e na pós-menopausa. Mulheres tratadas com estrogênio oral (n = 6) foram agrupadas pela idade (57 ± 3 vs. 58 ± 2 anos), peso (87,9 ± 6,0 vs. 83,0 ± 3,9 kg), e IMC (33,9 ± 1,7 vs. 33,9 ± 1,9 kg/m2) com mulheres sem TRH (n = 6). Oito mulheres tratadas com estrogênio mais progesterona foram agrupadas com 8 outras mulheres sem TRH para idade (59 ± 2 vs. 60 ± 2 anos), peso (82,8 ± 3,7 vs. 83,7 ± 4,1 kg), e IMC (30,7 ± 1,0 vs. 29,9 ± 1,3 kg/m2). Resultados: VO 2max (capacidade aeróbica máxima), percentagem de gordura, massa adiposa corporal total, e massa magra (fat-free mass – FFM) foram similares entre os grupos. A gordura visceral, subcutânea abdominal, diâmetro sagital e tecido magro não diferiram em função do status hormonal. Uso basal de carboidratos e de gordura não foi diferente entre os grupos. Glicose plasmática de jejum e insulina não foram alteradas pelo uso de hormônio. Utilização de glicose (M) foi medida durante as últimas 30 minutos de um clamp hiperglicêmico-euglicêmico de 3h (40 mU · m2 · min-1). As mulheres pós-menopausa tratadas com estrogênio oral mostraram um M menor do que as mulheres sem TRH (42,7 ± 4,0 vs. 61,7 ± 4,7 µmol · kgFFM · min-1, 38 Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 01 (2002) Continuação P < 0,05). M foi 26% menor em mulheres tratadas com estrogênio mais progesterona (44,0 ± 3,5 vs. 59,7 ± 6,2 µmol · kgFFM · min-1, P < 0,05) do que em mulheres sem TRH. M/I, quantidade de glicose metabolizada por unidade de insulina plasmática (I), índice de sensibilidade à insulina, foi 36% menor em mulheres tratadas com estrogênio em comparação com mulheres sem TRH (P < 0,05) e 28% menor do que em mulheres tratadas com estrogênio mais progesterona quando comparadas com mulheres sem TRH (P < 0,05). Conclusões: Mulheres pós-menopaúsicas tratadas com estrogênio oral ou combinação de estrogênio e TRH são mais insulino-resistentes do que as mulheres sem TRH, mesmo quando as mulheres apresentam uma adiposidade total e abdominal comparável. Miyazaki Y et al., University of Texas Health Science Center, Diabetes Division, San Antonio, Texas, Diabetologia 2001;44: 2210-2219, dezembro de 2001 Efeito da rosiglitazona sobre o metabolismo da glicose e ácidos graxos não esterificados em pacientes diabéticos tipo 2 Objetivos: Estudar os mecanismos pelos quais a rosiglitazona melhora o controle glicêmico em pacientes portadores de diabetes tipo 2. Métodos: 29 pacientes tratados por dieta foram randomizados para receber rosiglitazona, 8 mg/dia (n = 15), ou placebo (n = 14) durante 12 semanas. Pacientes receberam 75 g OGTT e um clamp euglicêmico de insulina em 2 etapas (40 e 160 mU/m2.min) com glicose 3-3H. 14C palmitato e calorimetria indireta. Resultados: Após 12 semanas, a rosiglitazona diminuiu a glicose plasmática de jejum (195 ± 11 to 150 ± 7 mg/dl, p < 0,01), a glicose plasmática média durante OGTT (293 ± 12 para 236 ± 9 mg/dl, p < 0,01), e HbA1c (8,7 ± 0,4 para 7,4 ± 0,3 %, p < 0,01), sem alterações na concentração de insulina plasmática. A produção endógena basal de glicose (EGP) diminuiu (3,3 ± 0,1 para 2,9 ± 0,1 mg/kg FFM. min, p < 0,05) e a taxa de clearance metabólica da glicose do corpo total aumentou após rosiglitazona (primeira etapa do clamp: 2,8 ± 0,2 para 3.5 ± 0.2 ml/kg FFM. min, p < 0.01; segunda etapa do clamp: 6,7 ± 0,6 para 9,2 ± 0,8, p < 0,05), apesar do aumento do peso corporal (86 +/- 4 para 90 +/- 4 kg, p < 0,01) e da massa adiposa (33 ± 3 para 37 ± 3 kg, p < 0,01). Ácidos graxos não-esterificados plasmáticos de jejum (NEFA) (735 ± 52 para 579 ± 49 mEq/l, p < 0,01), média de NEFA durante OGTT (561 ± 33 para 424 ± 35, p < 0,01), e turnover NEFA basal (18,3 ± 1,5 para 15,5 ± 1,2 mEq/kg FM. min, p < 0,05) diminuíram após rosiglitazona. Alterações em EPG e glicose plasmática de jejum durante OGTT correlatas com alterações em EGP basal (r = 0,54; r = 0,58), primeiro EGP (r = 0,36; r = 0,41), primeiro MCR (r = -0,66; r = -0,68), segundo MCR (r = -0,49; r = -0,54), NEFA plasmática de jejum (r = 0,53; r = 0,49), e NEFA durante OGTT (r = 0,66; r = 0,66). Conclusão: Rosiglitazona aumenta a sensibilidade à insulina nos tecidos hepáticos e periféricos (músculo) e diminui o turnover dos NEFA apesar do aumento da massa adiposa corporal total. Esses resultados sugerem que os benefícios da rosiglitazona sobre o controle glicêmico são mediados, em parte, pelo efeito da droga sobre o metabolismo dos NEFA. Jee-Young Oh et al., Division of Epidemiology, Department of Family and Preventive Medicine, University of California, San Diego, California Diabetes Care 2002;25:55-60, Janeiro de 2002 Hormônios sexuais endogênicos e desenvolvimento de diabetes tipo 2 em homens e mulheres idosos: Rancho Bernardo Study Objetivo: Determinar a associação prospectiva entre hormônios sexuais endogênicos e desenvolvimento do diabetes tipo 2 em homens e mulheres idosos. Desenho e métodos: Um histórico medical padronizado, teste de tolerância oral à glicose e medições plasmáticas de hormônios sexuais foram coletados Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 01 (2002) Continuação 39 em um grupo de homens e mulheres de 1984 até 1987. Após aproximadamente 8 anos (1992-1996), foi obtido e avaliado novo histórico medical dos participantes, bem como teste de tolerância à glicose oral, níveis de insulina de jejum e 2h e HOMA-IR (homeostasis model assessment for insulin resistance). Este relatório foi baseado em 294 homens e 233 mulheres, idade 55-89 anos, que participaram das duas consultas e que não tinham diabetes, como foi comprovado pelo histórico e pelo teste inicial de tolerância à glicose. As mulheres não eram tratadas por reposição hormonal. Resultados: Nas análises de correlação ajustadas com a idade, a testosterona total foi e inverte e significativamente relacionada aos níveis da glicose de jejum e pós-carga e insulina em homens, enquanto que testosterona e estradiol biodisponíveis foram positiva e significativamente relacionadas à glicose de jejum e pós-carga e insulina em mulheres (P < 0,05). Foi observada uma associação significativa similar com a resistência à insulina (HOMA-IR) em análises nãoajustadas e ajustadas (P < 0,05). 26 homens e 17 mulheres apresentaram um diabetes novo. O odds ratio para os novos diabetes era 2,7 (95% IC 1,1–6,6) para os homens no quartil mais baixo da testosterona total e 2,9 (1,1–8,4) para as mulheres no quartil o mais elevado da testosterona biodisponível. Conclusões: Níveis baixos de testosterona em homens e níveis elevados de testosterona em mulheres prognosticam resistência à insulina e diabetes tipo 2 em adultos idosos. Nancy C. Dolan et al., Diabetes Care 2002;25:113-120, janeiro de 2002 Doença arterial periférica, diabetes e função alterada das extremidades inferiores Objetivo: Caracterizar função e disfunção das extremidades dos membros inferiores na doença arterial periférica (PAD) em pacientes portadores ou não de diabetes. Desenho e métodos: Neste estudo, 460 homens e mulheres portadores de PAD (147 diabéticos) foram recrutados em três centros médicos. A avaliação incluiu índice tornozelo braquial (ABI), escore de neuropatia, distância de marcha de 6 minutos, velocidade de marcha, questionário de alteração de marcha (escala 0-100 com 100 o melhor), e escore de performance resumido (SPS) (escala 0-12, 12 o melhor). Resultados: o ABI médio foi similar em pacientes PAD portadores ou não de diabetes. Os pacientes PAD diabéticos eram mais jovens, com IMC maior, e um escore de neuropatia pior, e tinham um número maior de comorbidades cardiovasculares quando comparados com os indivíduos não diabéticos. Participantes diabéticos tinham menos riscos de sintomas clássicos de claudicação intermitente e mais riscos de dor da perna, começando as vezes no repouso. Após ajuste para idade, os diabéticos tinham uma distância de marcha média de 6 minutos menor (319 m vs. 358 m, P < 0,001), velocidade de marcha menor (0,83 vs. 0,90 m/sec, P < 0,001), e SPS menor (7,3 vs. 8,6, P < 0,001) que os indivíduos não diabéticos. Os pacientes com diabetes controlado por dieta apresentaram resultados melhores do que os pacientes tratados com drogas. Diferenças na função das extremidades inferiores entre pacientes diabéticos e não diabéticos foram bastante diminuídas mais não abolidas para SPS e velocidade de marcha após ajuste para o tipo de dor da perna, escore neuropático e número de comorbidades cardiovasculares. Conclusões: Pacientes portadores de PAD e diabetes apresentam função das extremidades inferiores pior do que os que têm só PAD. Este diferença está explicada pela neuropatia associada ao diabetes, diferenças em sintomas da perna durante o exercício, e maior números de doença cardiovascular em pacientes diabéticos. 40 Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 01 (2002) Ron Y et al., J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2002 Feb 1;57(2):M111-114 Efeito da acarbose sobre o tempo de transito colônico em pacientes diabéticos tipo 2 Introdução: Constipação é comum em pacientes idosos portadores de diabetes; sua prevalência é estimada em 60% entre pacientes com neuropatia diabética. Acarbose, inibidor da a-glicosidase, tem um papel benéfico no controle do diabetes, mas um de seus efeitos adversos é a diarréia. Este estudo avaliou a eficácia da acarbose na melhora da constipação usando estudos de tempo de transito (TT) em pacientes idosos. Métodos: 28 pacientes portadores de diabetes tipo 2 e constipação foram recrutados para o estudo. TT foi medido por marcadores radioopacos e foi calculado separadamente para os 4 segmentos do cólon (ascendente, transverso, descendente e retossigmóide) e para o tempo de transito colônico total (CTT). TT segmental e CTT foram avaliados em cada paciente antes e após de uma semana e de novo após 4 semanas de tratamento com acarbose. Resultados: O CTT inicial médio medido em pacientes era 202 ± 136 horas. Após 4 semanas de tratamento com acarbose, o CTT inicial diminuiu significativamente para 149 ± 107 horas e 161 ± 97 horas, respectivamente (p < 0,002). Para cada segmento estudado, o TT foi menor, mas de modo significativo só no cólon ascendente e transverso (p < 0,02 e p < 0,03, respectivamente). O efeito da composição da dieta foi também examinado. Resumos de Trabalhos e Congressos – Diabetes Clínica 01 (2002) 41 A quantidade de fibras consumidas foi correlato com o TT menor, enquanto que a gordura tenha uma correlação negativa com TT. Conclusões: Acarbose diminui o tempo de transito colônico extremamente prolongado em diabéticos com constipação. O remédio pode ser útil para aliviar a constipação nestes pacientes, em adição a seus efeitos benéficos no controle do diabetes. Diamantopoulos EJ et al., Int Angiol 2001;20(4):337-44, dezembro 2001 Efeitos clínicos e hemoreológicos da buflomedil em pacientes diabéticos com claudicação intermitente Introdução: Alterações na reologia sangüínea já foram descritas em diabetes mellitus. Buflomedil, substancia vaso-ativa com propriedades hemoreológicas, foi muito utilizado no tratamento da claudicação intermitente. O objetivo deste estudo foi de avaliar o efeito do buflomedil nos parâmetros clínicos e hemoreológicos em indivíduos portadores de diabetes tipo 2 e claudicação intermitente. Métodos: 40 pacientes foram randomizados para receber buflomedil via oral ou placebo durante 6 meses em duplo-cego. Distancias de andamento do início e absolutas foram avaliadas segundo um teste padrão. A deformidade do eritrócito foi estimada usando uma técnica de filtração do sangue total. Agregação plaquetária induzida por ADP e colágeno foi avaliada com um registro de agregação. b-tromboglobulina e fator 4 plaquetário foram medidos por radioimunoensaios. Todos os testes foram efetuados no início, três e seis meses após o fim do tratamento. Resultados: O aumento significativo da distância média de marcha inicial ou absoluta foi atingido somente no grupo buflomedil. A agregação plaquetária induzida por ADP ou colágeno foi significativamente diminuída no grupo buflomedil, sem alterações significativas da deformidade eritrocitária e níveis de b-tromboglobulina e fator 4 plaquetário. Entretanto, os níveis de btromboglobulina aumentaram significativamente no grupo placebo. Conclusões: Esses achados sugerem a eficácia do buflomedil em pacientes diabéticos com claudicação intermitente. A inibição da agregação plaquetária e a influência exercida pela droga sobre a atividade plaquetária poderia ter um papel importante no efeito clínico em pacientes diabéticos. 42 Pérez-Comas A / Diabetes Clínica 01 (2002) 42~45 Diabetes Clínica Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 05 (2002) 42~45 PALESTRA E ENTREVISTA Outros aspectos do diabetes tipo 2: crianças e adolescentes Adolfo Pérez-Comas* *Presidente da Internacional Diabetes Federation (IDF) – Região SACA (South America – Central America), endocrinologista e educador da Faculdade de Medicina da Universidad de Ponde em Porto Rico, Assessor do Nacional Institute of Health dos Estados Unidos, assessor do Control Disease Center (Atlanta - USA). Diabetes tipo 2 em crianças e adolescentes Fomos considerados como loucos, mas é um assunto que começamos investigar já há muitos anos na América latina. Hoje em dia, vivem no mundo 151 milhões portadores de diabetes. Este número vai crescer drasticamente no próximo quarto de século. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a população de diabéticos será de 300 milhões em 2025. Mas esta previsão não toma em conta o fenômeno do diabetes tipo 2 em crianças e adolescentes. O diabetes na população jovem Crianças e adolescentes podem desenvolver diabetes desde o nascimento e em qualquer período da vida. As pesquisas mostram que existe um aumento mundial do diabetes nesta população. Não só do diabetes tipo 1, que é característico dessa idade, mas também do diabetes tipo 2. No final dos anos sessenta e no início dos anos setenta, a idéia comum era que isso não pode acontecer, mas já existia alguns casos isolados. Em 1963, um grupo de científicos do Venezuela, entre eles o Dr. León Colina Bracho, publicou o resultado de uma pesquisa sobre a presença do diabetes tipo 2 em crianças. Este trabalho não recebeu atenção, até que o assunto começou preocupar os Estados Unidos em 1995. Um estudo realizado em Arizona recolheu uma serie de casos. Na Declaração das Américas de 1996, foi editado um documento especial com o Consenso da Associação Latino-americana de Diabetes (ALAD) sobre o manejo do diabetes tipo 2, no qual foram incorporados dois capítulos: um sobre este tema e outro com o trabalho da Dr a. Carmen Sáenz, endocrinologista de Porto Rico formada em Filadélfia, que alertava sobre os números de prevalência do diabetes tipo 2 em crianças. Os tipos de diabetes que podemos encontrar na população jovem são os seguintes: - Diabetes gestacional em adolescentes. - Diabetes autossômico dominante, transmitido à crianças pela mãe. Existe em percentagem baixa e somente em pessoas caucasianas. - Diabetes tipo 2 presente em uma minoria. - Outros tipos de diabetes não auto-imunes, presentes em populações distintas. Existe em algumas crianças de raça afro-americana, mas não são tipicos. Esses tipos de diabetes estão aumentando e particularmente o diabetes tipo 2. Agora, doenças comuns em crianças são o câncer, diabetes e doenças fibroquísticas do pâncreas. Em Porto Rico, temos uma taxa de 18,4%, o que é o maior índice da Caribe e provavelmente do continente americano. Na população de jovens, o período de início o mais característico para o diabetes tipo 1 é a idade de 10 a 14 anos. Existe um pico no período do nascimento, com um diabetes transitório ou continuo, e esse pico vai diminuindo com a idade. Os especialistas conhecem bem o problema do ponto de vista epidemiológico, mas no que diz respeito a outras idades, não existem dados específicos porque não há registros (a maioria dos estudos são realizados pela Universidade de Pittsburg). O Terceiro Estudo Nacional de Saúde e Nutrição dos Estados Unidos foi baseado em pesquisa realizada em jovens. Mostrou um índice nacional de diabetes de 4,1 Pérez-Comas A / Diabetes Clínica 01 (2002) 42~45 por mil, em uma população com idade 12-19 anos. Se comparemos este número com o da fibrose quística do pâncreas, que é de 0,3 por mil, o resultado é uma diferença drástica para o diabetes. Para o período 1993-1994, existem dados sobre a incidência do diabetes em jovens. Em Porto Rico era de 8,5%, e 3,8% em Bogotá, Colombia. Em inúmeros paises se desconhece o que está acontecendo. Neste momento, a maioria dos registros que eram financiados em grande parte por instituições dos Estados Unidos para o diabetes tipo 1 tem perdido os seus recursos de financiamento, porque agora, na América do Norte, o interesse se centraliza no diabetes tipo 2. Entretanto, o Grupo de Estudo Latino Americano sobre o Diabetes na Criança e adolescente (GELADNA), membro da Associação Latino Americana de Diabetes (ALAD) e com representação em países como Equador, Paraguai, Costa Rico, Colômbia, entre outros, está coletando dados para conhecer o que está ocorrendo na América Latina. Apesar deste esforço, é muito difícil obter dados científicos concretos de todas as Nações de forma organizada. Sem dúvida nenhuma, a situações é hoje consideravelmente melhor do que 10 ou 12 anos atrás. Se não existia este grupo, não teria nenhum dado desse tipo. Como se manifesta o diabetes tipo 1 em crianças? Se trata de fator ambiental produzido por um vírus. Também pela alteração da dieta na infância como por exemplo o tipo de leite, a contaminação com nitrito ou nitrato, incluso distintas substancias farmacêuticas que podem ser nocivas, e que podem ser responsáveis de uma resposta auto-imune. Existem marcadores genéticos de tipo HLA que podem identificar as pessoas suscetíveis de desenvolver o diabetes. Muitas pessoas não vão ser afetadas, porque não vai aparecer uma diminuição das células β de forma estável. Em algumas pessoas pode ocorrer que a perda das células β seja uma consequência de uma resposta auto-imune, mas por que o diabetes aparece, tem que ter um déficit de função de pelo menos 70 a 80% dessas células. Neste quadro já se manifeste a sintomatologia clínica, até chegar em uma estado de perda total, que chamamos diabetes tipo 1. Nos Estados Unidos há 123 mil jovens de menos de 20 anos portadores de diabetes. 15 a 45% dos novos casos não são de diabetes tipo 1. São crianças com uma classe de diabetes que anteriormente era considerado do adulto: o do tipo 2. O diabetes da criança e adolescente compreende 30% de novos casos nos Índios Americanos a partir dos 10 anos de idade. De 1988 a 1996, o Serviço Nacional Indígena dos Estados Unidos, (Instituição que possui um grande número de estudos realizados em crianças com Diabetes nesta Nação) informou um incremento de 54% na prevalência do Diabetes em jovens entre 15 e 19 anos. 43 Sabemos que as chamadas “minorias” nos Estados Unidos (os brancos caucasianos não hispanos, os africanos-americanos, os cubano-americanos, os méxicoamericanos e os portorriquenhos), são as pessoas que têm mais risco de desenvolver um diabetes tipo 2. Os portorriquenhos e latino-americanos em geral estão mais propensos a desenvolver a condição que chamamos diabetes em crianças. Com relação ao diabetes tipo 2, está ocorrendo a fase clínica na qual uma pessoa pode estar cinco, seis ou sete anos com a condição sem perceber que os níveis de glicemia estão aumentando. A resistência à insulina (hiperinsulinemia) aparece muitos meses antes de ser diagnosticada. Isso influi nas futuras complicações do diabetes em todos os níveis. O que anteriormente ocorria na idade de 40 ou 50 anos, agora manifesta-se em adolescentes, incluso em crianças de 8 e 9 anos, associado a algumas características clínicas. Se estudamos a existência do diabetes em Chiapas, México, observamos que a incidência é de 2 ou 3%. Quando chegamos à fronteira, há uma incidência de 9 ou 10% e quando estas pessoas cruzam a fronteira e vivem nos Estados Unidos por 2 ou 3 anos, já a incidência está em 13 ou 14%. É uma experiência natural pelo novo tipo de ambiente, a nova qualidade de vida, que os Índios Pima de México, primos dos Índios Pima de Arizona também apresentam uma taxa muito baixa de 3 ou 4% em México, mas com uma taxa de mais do que 50% em certas faixas etárias em Índios Pima de Arizona. Muitos estudos e pouca informação Há múltiplos investigações sobre retinopatia, nefropatia, estudos cientificamente bem preparados para chegar a conclusão que o diabetes pode ser controlado. Se gasta muito dinheiro nesses estudos, mas a mensagem não está chegando onde ela deve: até a pessoa portador de diabetes. Incluso em muitas Faculdades de Medicina, os estudantes desconhecem ainda os resultados destes estudos. Com estes trabalhos, os pesquisadores estão convencidos que é necessário o tratamento precoce adequado da pessoa com diabetes. Temos os melhores medicamentos, os melhores estudos científicos, os melhores instrumentos, mas não conseguimos levar todo isso até a prática diária. Como se origina o diabetes tipo 2 em crianças? Existem várias hipóteses sobre a etiologia do Diabetes tipo 2 em crianças e adolescentes. Uma delas é o fator ambiental que poderia ter influência na etapa intrauterina. Já há estudos que demonstram que crianças mal nutridas, de baixo peso de nascimento, apresentam alterações do conteúdo do ADN. A consequência é que, a longo prazo, eles apresentam uma deficiência das 44 Pérez-Comas A / Diabetes Clínica 01 (2002) 42~45 células β, processo que pode se adicionar à inatividade física, má alimentação, além da presença no meio ambiente de tóxicos químicos, como o famoso agente laranja que se utilizou no Vietnã. No que diz respeito a este produto que foi criado, aprovado e produzido em Porto Rico, o governo dos Estados Unidos determinou no ano passado que ele foi a causa de diabetes em muitos veteranos durante a Guerra do Vietnã. A herança joga indiscutivelmente um papel fundamental nos dois tipos de diabetes, os marcadores genéticos que conhecemos no tipo 1 e a frequência de familiares afetados nas pessoas com diabetes tipo 2. No tipo 1 muitas vezes não encontramos nenhum familiar. No tipo 2, encontramos pais, avós e primos. Isto indica uma herança que é poligénica. Estas pessoas são caracterizadas especificamente pela hiperinsulinemia, vão apresentar também um processo de insulino-resistência: o nível da insulina é bem mais elevado porque ela não está utilizada nos tecidos periféricos. Mais investigações sobre o diabetes tipo 2 na população jovem “Os aspectos diferentes do Diabetes tipo 2 em pessoas de distintas raças”, é uma palestra das VI Jornadas de FENADIABETES. Este é o título de um livro escrito em Porto Rico e preparado para os Estados Unidos. A pesquisa utilizada no texto postula que no âmbito mundial se encontra um incremento na apresentação do Diabetes tipo 2 em pessoas menores de 20 anos. Isso é agora a grande preocupação nos centros de pesquisa. O Diabetes tipo 2 é um problema de saúde pública nos Estados Unidos, Canadá, Hong Kong, Japão, Nova Zelândia, Austrália, Bangladesh e Líbia. Nos Índios Pima de Arizona, entre 1992 e 1996 a prevalência era de 22,3 por mil nas crianças e jovens de 10 a 14 anos de idade e de 50,9 por mil na população com idade entre 15 e 19 anos. Em um estudo realizado no território dos Estados Unidos se demonstrou a existência do diabetes em 4,1% o que, em comparação com outras doenças hereditárias, exige de pesquisar o que está ocorrendo na realidade com as crianças e adolescentes afetados. Por exemplo, no Japão, subiu de 7,3 (1976-1980) até 12,1 por mil (1981 -1985) e até 13,9 (1991-1995). Neste país há uma proporção de 7 a 1 do diabetes tipo 2 em relação ao tipo 1 (este último é extremamente raro nas crianças japoneses). Líbia, Bangladesh, aborígenes de Austrália e de Canadá mostram incrementos significativos, em uma forma semelhante à doença observada nos Índios Pima. Atualmente, nos Estados Unidos, de 8 a 45% das crianças e jovens diabéticos recentemente diagnosticados não são do tipo 1. Os resultados variam de uma população a outra. Muitas vezes, estes números são subestimados porque estamos falando de estudos isolados e não de um registro como na realidade foi feito com o diabetes tipo 1. Fig.2 - Aumento da prevalência do diabetes Tipo 2 em crianças e adolescentes em Cincinatti, Ohio Em distintas investigações realizadas em diferentes populações dos Estados Unidos, se encontrou que há variações na prevalência do Diabetes nos Índios Pima, nos Hispanos e em várias cidades. Por exemplo, observamos aproximadamente 40% dos novos casos de crianças portadoras de diabetes tipo 2 na Carolina do Sul. Estes números coincidem com o incremento do sobrepeso e da inatividade física no mundo. Há estudos demonstrativos sobre a relação do sobrepeso e a manifestação do diabetes, não só nos adultos mas também nas crianças com diabetes tipo 2. A revista New England Journal of Medicine publicou um estudo realizado na Finlândia com dois grupos de pacientes obesos. A pesquisa se baseava no seguimento destas pessoas durante um período de 4 anos: um grupo com educação em Diabetes e exercícios e outro sem nenhum tipo de atenção. O resultado foi que no grupo que no se controlou, 23% desenvolveu diabetes tipo 2 em 4 anos. No grupo que recebeu alguma educação e um programa de exercícios, 11 % apresentou diabetes. São fatos que todos conhecemos e todos suspeitamos, mas nada foi documentado cientificamente. A idade média do diabetes tipo 2 nos Estados Unidos está também entre 12 e 14 anos; o tipo 1 entre 10 e 14 anos. Durante a adolescência, se sabe que há um aumento da secreção de hormônios sexuais e de crescimento que estão relacionados com a insulino-resistência, que diminui um pouco após este período de desenvolvimento. Isso demonstra que os fatores hormonais durante o desenvolvimento estão favorecendo um dos mecanismos (a insulino-resistência) para que ocorre o diabetes tipo 2. Pérez-Comas A / Diabetes Clínica 01 (2002) 42~45 Há uma predominância de os que os Norte-americanos chamam “Não em Europeus” (para não chamá-los de minorias) que são os Africano-americanos, os Asiáticos, os Hispanos e os Índios nativos americanos que vivem nos Estados Unidos. Um número significativo deles apresentam problemas lipídicos, albuminúria, apnéia do sono, depressão, obesidade (em 85% das pessoas), inatividade física, antecedentes familiares de diabetes tipo 2 (de 45 a 80% têm um dos pais com diabetes e pode apresentar historia de diabetes em varias gerações). Isso é um marcador a buscar nas crianças, mas na circunstancia de diagnostico do diabetes tipo 2 em crianças, devemos verificar se existe diabetes também nos pais, que geralmente não têm conhecimento da doença. De 70 a 100% dos pacientes têm um familiar de primeiro ou segundo grau com diabetes tipo 2. Frequentemente ocorre que o diabetes é diagnosticado nos pais após ser encontrado na criança afetada. Existe a exposição ao diabetes durante a vida intrauterina. As mães portadoras de diabetes gestacional poderiam transmitir a condição aa filho. Esta pessoa poderia desenvolver o diabetes tipo 2 durante a adolescência. Os signos de insulino-resistência nos fazem prestar mais atenção a procurar doenças como a acantose, que parece ser um marcador importante para identificar a hiperinsulinemia e os ovários poliquísticos. 33 % dos adolescentes com diabetes tipo 1 podem ter diagnóstico de cetonúria e de 5 a 25% dos tipo 2 apresentarão cetoacidose no início. Estes pacientes podem ter cetoacidose sem necessidade de associação com estresse, outra doença ou infecção. Como identificar um adolescente com diabetes tipo 1 e tipo 2? Há ampla diferença geográfica na incidência do Diabetes tipo 1 e tipo 2. Há um pico de aparição entre 10 e 14 anos para o tipo 1 e entre os 12 e 14 anos para o tipo 2. Há uma variação estacional no tipo 1 (inverno, outono, etc), que não existe no tipo 2. Há uma suscetibilidade genética, mas não é a mesma para todos os tipos de diabetes. Diagnóstico precoce para evitar as complicações do diabetes tipo 2 É muito importante que a população seja alerta para o diagnóstico precoce do diabetes tipo 2 em crianças. Também para o tratamento adequado e imediato que permita evitar as conseqüências. Estudos têm demonstrado que o diabetes pode prevenir-se de uma forma muito significativa. É importante que seja avaliado o comportamento diagnóstico e terapêutico quando o diabetes é detectado em idades precoces. Existem múltiplos estudos que o 45 Fig.4 - Diabetes tipo 2 em adolescentes nos Estados Unidos. Jovens de 12 a 19 anos Jovens Pima de 15 a 19 anos demonstra: é preciso passar à fase de intervenção, à de um diagnóstico precoce e de tratamento adequado. Como tratar o diabetes tipo 2 em crianças e adolescentes? Conhecemos as complicações do diabetes a longo prazo, mas se o especialista passa mais tempo para buscalas, as percentagens de portadores de complicações em crianças e adolescentes cão aumentar drasticamente em um futuro próximo. O tratamento, infelizmente, ainda é inadequado. O protocolo varia consideravelmente de um lugar a outro. A maior parte dos medicamentos disponíveis para o tratamento do diabetes tipo 2 não estão aprovados para o uso nas crianças. Nos Estados Unidos, se um especialista usa um medicamento que não foi certificado adequado pelo FDA (Food and Drug Administration) ele pode ser processado. Se o paciente apresenta complicações, o especialista automaticamente perde o processo porque não respeitou as normas de aprovação do medicamento. Não só os remédios para a glicose, mas também os antilipídicos (incluso os medicamentos para a tensão arterial) não foram aprovados em estudos científicos para o uso em crianças. Às vezes, o tratamento é incorreto por desconhecimento dos especialistas da presença do diabetes nas crianças. 46 Gagliardino JJ et al. / Diabetes Clínica 01 (2002) 46~54 Diabetes Clínica Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 01 (2002) 46~54 Avaliação da qualidade da assistência ao paciente diabético na América Latina Juan José Gagliardino*, Marcelo da Hera*, Fernando Siri* e grupo de investigação da rede QUALIDIAB *Centro de Endocrinologia experimental e aplicada (Cenexa), Universidade nacional da Plata – Conselho nacional de investigações científicas e técnicas (UNLP-CONICET), Centrro colaborador da organização Panamericana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPS/OMS), La Plata, Argentina A Rede QUALIDIAB é formada pela Argentina (Juan José Gagliardino, CENEXA, UNLP-CONICET; Silvia Lapertosa, Corrientes; Astrid Libman, Rosario, Santa Fé; Luis Olivares, Santa Rosa, La Pampa; Martin Rodriguez, Mendonza; Isaac Sinay, Buenos Aires); Brasil (Adriana Costa e Forti, Cristina F Sampaio Façanha, Fortaleza); Chile (M. Cristina Escobar, programa Saúde do Adulto, Ministério da Saúde, Santiago, e Glória Lopez, Santiago); Colômbia (Iván Dario Escobar Duque, Santa Fé de Bogotá); França (Line Kleinebeil, Paris); Paraguai (Felicia Cañete e Gilda Benitez Rolandi, Asunção); Uruguai (Ramiro Draper, Pando, Depto Canelones; Ladislao Baptista, Trinidad, Depto Flores, e Maria del Pilar Serra, Montevideo). Resumo Objetivo: Estabelecer um diagnóstico inicial da qualidade da assistência recebida por pacientes portadores de diabetes mellitus (DM), em centros participantes da rede QUALIDIAB na América latina e no Caribe, e avaliar o uso potencial dessa informação bem como a importância da expansão da rede QUALIDIAB. Métodos: Foram analisados 13.513 registros fornecidos por entidades de atenção de setores públicos e privados de saúde e previdência Social de Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Paraguai e Uruguai (rede QUALIDIAB). Foram utilizados indicadores da qualidade da atenção baseados em valores de referência internacionais, planilha de registro de parâmetros clínicos, bioquímicos e terapêuticos e taxa de uso de elementos diagnósticos e terapêuticos, um programa para tratar os dados e outro para a análise estatística. Resultados: O diabetes tinha uma duração < 5 anos em aproximadamente a metade das pessoas portadores de diabetes tipo 1 (DM1) e tipo 2 (DM2). 24% dos pacientes DM1 e 15% dos pacientes DM2 apresentavam glicemia < 4,4 mmol/l, e 41% dos DM1 e 57% dos DM2 tinham glicemia > 7,7 mmol/l. A freqüência da associação do DM2 com outros fatores de risco cardiovasculares (FRCV) foi a seguinte: sobrepeso/ obesidade, 59%; hipertensão, 60%, colesterol total > 5,5 mmol/L, 53%; colesterol das lipoproteínas de alta densidade < 1 mmol/L, 32%; triglicérides > 1,7 mmol/L, 45%; tabagismo 13%. 20% dos portadores de DM1 tinham um índice de massa corporal < 19 kg/m2 que provavelmente reflete um controle metabólico deficiente e hipoinsulinização. A verificação sistemática dos indicadores do controle metabólico e a detecção de FRCV e de complicações crônicas do DM foram deficientes em 3 até 75% dos casos. Segundo indicadores de educação terapêutica, só a metade ou um quarto dos participantes poderia desempenhar um papel ativo e eficaz no controle e tratamento de seu DM. 50% dos portadores de DM1 são tratados com combinação de insulinas (NPH + ação curta), administrada em dois aplicações diárias em 43% dos casos. 5 a 9% dos pacientes recebem, respectivamente, 1 e > 3 aplicações diárias de insulina. 13% dos portadores de DM2 tratam seu enfermidade só com dieta e 14% só com insulina. Entre os pacientes tratados com medicamentos, os hipoglicemiantes orais os mais utilizados em monoterapia foram as Agradecemos o Prof. Dr. Juan José Gagliardino pela autorização de tradução e publicação deste artigo, já publicado na Rev Panam Salud Publica 2001;10(5). Endereço para correspondência: Juan José Gagliardino, CENEXA (UNLP-CONICET), Facultad de Cinecias Médicas, UNLP, Calles 60 y 120, 1900 La Plata, Argentina, Tel: +54 221 423 6712, Fax: +54 221 422 2081, E-mail: [email protected] Gagliardino JJ et al. / Diabetes Clínica 01 (2002) 46~54 47 sulfoniluréias (33%), seguidas pelas biguanidas (9%) e a administração combinada (14%). Menos da metade dos pacientes diabéticos recebem uma farmacoterapia para tratar os FRCV associados. A frequência das complicações microangiopáticas e microangiopáticas aumenta com a duração da doença, verificando-se os incrementos máximos na insuficiência renal e nas amputações (aproximadamente 7 vezes) e os menores na neuropatia periférica (2 vezes) e os acidentes cérebro-vasculares (1,6 vez). Conclusões: Estes resultados demonstram a necessidade de melhorar a qualidade da atenção aos pacientes diabéticos e que QUALIDIAB pode ser o instrumento idôneo por isso na América Latina e Caribe. A ampliação da Rede QUALIDIAB contribuirá a estabelecer um diagnóstico mais preciso da qualidade da atenção na Região e facilitará a implementação de intervenções destinadas a otimizá-la, melhorando assim a qualidade de vida dos pacientes e diminuindo simultaneamente o custo socioeconômico da doença. Palavras-chave: Diabetes, qualidade da atenção, sistemas de avaliação, rede QUALIDIAB, Declaração das Américas (DOTA), América Latina. Abstract Objective: To make a preliminary diagnosis of the quality of care that individuals with diabetes mellitus (DM) received in participating centers of the QUALIDIAB net-work in Latin America and the Caribbean, and to assess the potential usefulness of this information as well as the importance of expanding the QUALIDIAB network. Methods: A total of 13 513 patient records from the QUALIDIAB network were analyzed, from public and private health care entities and from the Social Security systems of Argentina, Brazil, Chile, Colombia, Paraguay, and Uruguay. The study utilized: 1) quality-of-care indicators based on international reference values, 2) patient information on clinical, biochemical, and therapeutic parameters and on the rate of use of diagnostic and therapeutic materials, 3) a computer database program, and 4) a software program for statistical analysis. Results: Among the patients studied, about half of them had suffered from diabetes for 5 years or less; this was true both for persons with type 1 diabetes (DM1) and for those with type 2 diabetes (DM2). Of the persons with DM1, 24% of them had a blood glucose level of < 4.4 mmol/ L; this was true for 15% of those with DM2. The pro-portion of persons with a blood glucose level of > 7.7 mmol/L was 41% among those with DM1 and 57% among those with DM2. The frequencies of association between DM2 and other cardiovascular risk factors were: overweight/ obesity, 59%; hypertension, 60%; total cholesterol > 5.5 mmol/L, 53%; high-density lipoprotein cholesterol < 1 mmol/L, 32%; triglycerides > 1.7 mmol/L, 45%; and smoking, 13%. Of the people with DM1, 20% of them had a body mass index < 19 kg/m 2 , probably reflecting deficient metabolic controle and inadequate insulin intake. The systematic checking of metabolic controle, other cardiovascular risk factors, and chronic DM complications was inadequate in from 3% to 75% of the cases, depending on the specific aspect considered. According to various patienttherapy-education indicators, only some one-quarter to one-half of the studied patients could play an active, effective role in DM controle and treatment. Of the persons with DM1, 50% of them were treated with a mixed dose of insulin (NPH + regular insulin), administered in two daily injections in 43% of the cases. Among the patients, 5% of them received one daily insulin injection, and 9% of them received three daily insulin injections. Of the people with DM2, 13% of them treated it only with diet and 14% just with insulin. Among the patients receiving drug treatment, the oral hypoglycemics most used in monotherapy were sulfonylureas (33%), biguanides (9%), and a combination of these two (14%). Fewer than half of the people with diabetes received drug therapy for the associated cardiovascular risk factors. The frequency of patients’ macroangiopathic and microangiopathic complications increased with the duration of their disease. Comparing patients who had had diabetes for 5 years or less with those who had had the illness for more than 20 years, the frequency of renal insufficiency and of amputations was around 7 times as great in the latter group; for peripheral neuropathy, it was 2 times as great, and for stroke 1.6 times as great. Conclusions: These results show the need to improve the quality of care for diabetic patients in Latin America and the Caribbean, and that QUALIDIAB could help do this. Expanding the QUALIDIAB network will help to more accurately diagnose the quality of that care in the Americas, and it will facilitate interventions aimed at opti-mizing the care. This, in turn, will improve the quality of life of persons who suffer from diabetes as well as diminish the socioeconomic costs of the disease. Key-words: Diabetes, quality of care, assessment systems, QUALIDIAB network, Declaration of Americas (DOTA), Latin America. 48 Gagliardino JJ et al. / Diabetes Clínica 01 (2002) 46~54 O diabetes mellitus (DM) é uma doença de prevalência crescente que, frequentemente, é responsável de complicações de caractere invalidante, constituindo assim um problema de saúde serio e uma carga socioeconômica pesada para a sociedade [1]. O DM afeta aproximadamente 130 milhões de pessoas em todo o mundo e estima-se que este número chegará aproximadamente a 300 milhões no ano 2025 [2]. Este aumento será significativo nos países da América Latina, já que 80% dos anos perdidos de vida por incapacidade causada pelo diabetes correspondem aos países em desenvolvimento [3]. Existem vários fatores que aumentam a morbimortalidade desta doença: 1) Na maioria dos países, aproximadamente 50% dos pacientes desconhecem sua doença, e, por isso, não se tratam; 2) 20 a 30% dos pacientes que conhecem sua doença não fazem nenhum tipo de tratamento [4,5], e 3) 68% dos casos de DM se diagnosticam de forma casual, geralmente após a manifestação clínica de alguma de suas complicações crônicas [5]. Portanto, aproximadamente dois terços da população de portadores de DM têm o risco de apresentar complicações crônicas. As complicações crônicas que constituem a causa a mais importante da morbi-mortalidade e dos custos do DM, podem diminuir de maneira significativa mediante o controle adequado da glicemia e dos fatores de risco cardiovascular (FRCV) associados [6, 7]. Convém mostrar que o custo do tratamento das complicações crônicas representa a metade dos custos de atenção do DM, e que a outra metade se destina ao tratamento do DM per se [8–10]. A eficácia das estratégias de prevenção depende, pelo menos em parte, da qualidade da atenção dispensada às pessoas portadoras de DM. Portanto, a avaliação da qualidade desta atenção preocupa os pacientes e seus familiares, os profissionais da saúde, as entidades de financiamento e as autoridades de saúde pública. O conceito de qualidade da atenção referido às pessoas portadoras de DM inclui três princípios básicos: 1. Conhecimentos, capacidades e prática clínica para o controle do DM, e suficiente motivação dos integrantes da equipe de saúde. 2. Acesso do paciente à atenção, insulina, remédios específicos, tiras reativas e outros elementos necessários para controle e tratamento. 3. Motivação, aderência e participação ativa dos pacientes no controle e tratamento de seu doença. Qualquer intento de melhorar a qualidade da atenção implica uma planificação adequada e um processo de avaliação objetiva capaz de medir o grau de êxito e estabelecer uma retroalimentação eficaz que sustente os logros e corrija possíveis erros. A avaliação da qualidade da atenção foi efetuada a partir de estatísticas vitais, registros médicos dos pacientes, informes dos profissionais da saúde e relatórios sobre os pacientes [11, 12]. O Programa de Ação Europeu da Declaração de São Vicente [13], cujo objetivo é melhorar tanto as condições clínicas como sociais dos pacientes portadores de DM, desenvolveu e implementou um modelo de controle da qualidade da atenção (DiabCare) [14]. A experiência lograda mediante sua implementação em vários países da Europa e América Latina levou o Comitê Executivo da DOTA (Declaration of the Americas) [15] a implementar na América Latina e Caribe um programa piloto de controle da qualidade da atenção às pessoas portadoras de DM (QUALIDIAB) similar ao DiabCare europeu. Sua estratégia foi promover o desenvolvimento de uma rede de controle de qualidade (rede QUALIDIAB) entre vários centros de diferentes países, tratando de demonstrar a utilidade do uso de um registro coletivo e de compartir a informação e sua análise. A implementação de QUALIDIAB iniciou-se com um seminário teórico-prático intensivo em abril de 1999 (La Plata, Argentina) para o treinamento dos representantes dos países (futuras unidades), seguido da organização de uma rede de recoleção dos dados. Atualmente, a rede QUALIDIAB tem na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Paraguai e Uruguai unidades que coletam informação de entidades de atenção de seus sub-setores públicos e privados; dos centros subsidiários (Caribe [Bogotá, Colômbia] e Sul [La Plata, Argentina]) e que concentram a informação de seus unidades tributarias; um centro coordenador (Centro de Endocrinologia Experimental e Aplicada; CENEXA, La Plata, Argentina) que proporciona apoio técnico, registra e analisa a informação proveniente dos centros subsidiários, difunde os dados da Região e promove o funcionamento da rede; e um centro Euro-Lat (Paris, França) que proporciona inovações técnicas, atuando também como assessor externo e ligação entre América Latina e Europa [16]. Neste trabalho, apresentamos uma análise descritiva preliminar e discutimos alguns dos resultados obtidos pela rede QUALIDIAB. Seus objetivos foram: a) Definir as características de uma mostra de pessoas portadoras de DM atendidas em centros de saúde da rede; b) Estabelecer um diagnóstico preliminar da qualidade da atenção que recebem essas pessoas, utilizando a informação registrada e o uso dos indicadores QUALIDIAB para definir estratégias, priorizar a adjudicação de recursos e avaliar o impacto de qualquer intervenção futura, e c) Analisar o potencial desta informação, e também a importância da expansão da rede QUALIDIAB na América Latina e Caribe. Material e métodos QUALIDIAB é um processo de avaliação dinâmico baseado no monitoramento e comparação regular e periódica de indicadores que incluem: • Indicadores de processos, como a porcentagem de Gagliardino JJ et al. / Diabetes Clínica 01 (2002) 46~54 pacientes nos quais se verifica a proteinúria ou o automonitoramento da glicemia. • Indicadores de resultados de aparição precoce: episódios de cetoacidose e hipoglicemia. • Indicadores de resultados de aparição intermediária: glicemia de jejum, hemoglobina glicosilada (HbA1c), lipidemia, proteinúria. • Indicadores de resultados de aparição tardia: cegueira, neuropatia, amputação, enfarto de miocárdio. Os principais instrumentos empregados na rede QUALIDIAB são: • Os indicadores da qualidade da atenção, baseados em valores de referência propostos pela Associação Europeu para o Estudo do Diabetes (European Association for the study of Diabetes: EASD) [17, 18] e a Associação Americana de Diabetes (American Diabetes Association: ADA) [19]. • A planilha de informação básica, na qual se registram os parâmetros clínicos, bioquímicos, terapêuticos e a taxa de uso de elementos diagnósticos e terapêuticos (prescrições anuais ou qualquer outra assistência médica, análise laboratorial, tratamento farmacológico e internações). • O programa informático (programa de integração de dados e detecção de erros de procedimento). • O programa de análise estatística descentralizado (StatQualidiab), recentemente incorporado. • A rede QUALIDIAB de controle de qualidade. A utilização destes elementos permite, mediante estudos transversais (independentes ou prospectivos), determinar a qualidade da atenção (absoluta ou comparativa) que oferecem um ou mais centros de atenção a pacientes portadores de DM em uma área determinada. Desta maneira, QUALIDIAB contribui ao desenvolvimento de instrumentos e métodos para o melhoramento continuo da qualidade da atenção ao DM e permite identificar também os melhores centros, seus estratégias e enfoques. Nesta etapa inicial foram incluídos seis países (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Paraguai e Uruguai) que foram eleitos tomando em conta elementos tais como o número de habitantes, a experiência previa em registros clínico-metabólicos sistemáticos, a possibilidade de incorporar entidades ministeriais no projeto, capacidade em recrutar e recolher informação de vários centros, e conhecimento da prevalência do DM no país. Em cada país, as unidades registraram informação de pacientes portadores de DM tipo 1 (DM1) e 2 (DM2) atendidos em centros especializados e não especializados em DM. Desta maneira, pretende-se obter uma amostra a mais representativa possível da qualidade da atenção oferecida aos pacientes portadores de DM em cada sub-setor dos países participantes. Nesta oportunidade, apresentamos a primeira análise 49 descritiva dos dados correspondentes a 13.513 registros de pacientes portadores de DM1 e DM2 provenientes das unidades QUALIDIAB de Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Paraguai e Uruguai. Para esta análise, utilizou-se o StatQualidiab, programa desenvolvido em conjunto pelos centros colaboradores da OMS de La Plata e Paris. StatQualidiab é um conjunto de macros o rotinas programadas em Visual Basic for Applications para Excel, que permite realizar uma análise estatística dos dados registrados, reunir uma grande quantidade de indicadores de tipos diversos, calcular parâmetros gerais de caracterização, estabelecer referências cruzadas e desenhar gráficos. Para analisar o aumento da freqüência das complicações em função da duração do diabetes utilizou-se o teste chi quadrado (c2) para tendências. Respeitando o principio essencial pré-estabelecido de QUALIDIAB da confidencialidade do manejo público da informação, os resultados se apresentam como a média dos valores em percentagens médios de todos os países participantes, acompanhada do intervalo das médias de cada país, sem identificação da origem. Resultados A Tabela 1 mostra as características da população analisada. Os valores extremos dos países mostram amplas diferenças entre eles. A maioria dos pacientes portadores de DM1 estão na faixa etária de 16–35 anos, aqueles com DM2 estão na faixa 36–45 anos. Em ambos os grupos, a duração do diabetes é, na maioria, inferior a 5 anos. Como pode se ver na Tabela 2, as pessoas portadoras de DM1 têm em geral um melhor nível de controle metabólico segundo a glicemia de jejum do que aqueles com DM2. De qualquer forma, a maioria dos pacientes de ambos os grupos apresenta valores > 7,7 mmol/L. Não tinha um estrito paralelismo entre os valores da glicemia de jejum e da HbA1c, fato atribuído em parte ao elevado número de “dados ausentes” registrado neste parâmetro. Tabela 1 – Características da população. Rede QUALIDIAB 2001* Diabetes tipo 1 Diabetes tipo 2 (n = 1 229) (n = 12 284) Idade (anos) Dados ausentes 3 (0–5) < 16 18 (3–44) 16–35 37(16–41) 36–55 20 (9–30) 56–75 19 (3–47) < 75 2 (0–7) Mulheres 49 (36–64) Duração do diabetes (anos) 0–5 46(26–71) 6–10 18 (7–24) 11–20 21(13–30) > 20 12 (1–29) 3 (1–6) 0,3 (0–0,6) 2 (1–4) 28 (20–33) 56 (53–59) 10 (8–16) 61 (51–71) 49 (36–70) 21 (15–25) 20 (12–29) 7 (2–12) * Os números de cada coluna representam a média dos valores médios em percentagem nos diferentes países e, entre parênteses, os valores extremes encontrados nos países da rede QUALIDIAB. 50 Gagliardino JJ et al. / Diabetes Clínica 01 (2002) 46~54 Tabela 2 – Grau de controle e metabólico (glicídios) - Rede QUALIDIAB 2001* Diabetes tipo 1 Diabetes tipo 2 (n = 1 229) (n = 12 284) Glicemia (mmol/L) 1–4,4 4,4–6,0 6,0–7,7 > 7,7 HbA1c (%) Dados ausentes < 6,5 6,5–8,0 8,0–9,5 > 9,5 26 14 12 42 (0–61) (0–21) (0–16) (1–64) 15 (6–42) 11 (0–26) 17 (0–25) 57 (28–83) 30 (17–68) 12 (5–26) 16 (8–24) 14 (5–20) 28 (13–43) 43 (0–83) 7 (2–46) 16 (4–27) 11 (4–20) 13 (6–29) * Os números de cada coluna representam a média dos valores médios em percentagem nos diferentes países e, entre parênteses, os valores extremes encontrados nos países da rede QUALIDIAB. Tabela 3 – Associação com outros fatores de riso cardiovascular Rede QUALIDIAB 2001* Diabetes tipo 1 Diabetes tipo 2 (n = 1 229) (n = 12 284) Idade (anos) Índice de massa corporal (kg/m2) Dados ausentes 6 (0–13) < 19 20 (4–43) 19–24 35 (19–45) 24–26 13 (3–29) 26–30 11 (7–21) > 30 14 (3–46) Hipertensão (mm Hg) Dados ausentes 6 (0–11) > 140/90 25 (7–47) Colesterol total (mmol/L) Dados ausentes 23 (0–62) < 1,0 47 (22–66) > 5,5 30 (7–57) HDL-Colesterol (mmol/L) Dados ausentes 36 (0–83) > 1,1 19 (3–31) < 1,0 34 (9–74) Triglicérides (mmol/L) Dados ausentes 19 (0–67) < 1,7 63 (50–84) > 1,7 19 (11–50) Tabagismo 8 (5–14) 4 (0–8) 2 (1–3) 19 (9–27) 16 (10–20) 27 (24–30) 32 (19–54) 2 (0–4) 60 (52–64) 14 (0–35) 33 (25–40) 53 (34–77) 33 (0–86) 19 (2–45) 32 (8–63) 13 (0–40) 42 (25–66) 45 (35–68) 13 (7–17) * Os números de cada coluna representam a média dos valores médios em percentagem nos diferentes países e, entre parênteses, os valores extremes encontrados nos países da rede QUALIDIAB. A associação com outros FRCV é freqüente no DM2 (Tabela 3). É de destacar a ausência de dados em muitos casos, mesmo em aqueles fatores cuja detecção não requere mais que sua avaliação clínica. Embora que em grau muito menor, também se registrou a presença de outros FRCV nos pacientes DM1, nos quais se destaca o elevado número de casos com índice de massa corporal < 19 kg/m 2 , que provavelmente reflete controle metabólico deficiente e hipoinsulinização. Tabela 4 – Verificação do grau de controlee metabólico e da presença de faotresde risco cardiovascular e de complicações Rede QUALIDIAB 2001* Diabetes tipo 1 Diabetes tipo 2 (n = 1 229) (n = 12 284) HbA1c Colesterol HDL-Colesterol Triglicérides Creatinina Tensão arterial Microalbuminuria/proteinúria Retina Pés 55 (17–81) 70 (38–83) 50 (17–71) 71 (33–100) 58 (49–72) 89 (79–94) 32 (18–66) 39 (7–76) 72 (49–90) 56 (11–81) 80 (65–90) 60 (14–84) 77 (58–100) 58 (7–73) 97 (96–99) 25 (17–49) 37 (4–71) 79 (65–91) * Os números de cada coluna representam a média dos valores médios em percentagem nos diferentes países e, entre parênteses, os valores extremes encontrados nos países da rede QUALIDIAB. A verificação sistemática de indicadores do grau de controle metabólico e a detecção de FRCV e de complicações crônicas do DM (Tabela 4) em nenhum caso chega a 100% da população. O déficit de sua realização, representado pelo inverso (1 – x) do valor expresso na Tabela 4, oscila entre 3% (controle da tensão arterial em pacientes com DM2) e 75% (determinação da microalbuminuria no grupo com DM2). Importa destacar também que em mais do que a metade da população com DM1 o DM2 não se investigou a presença de lesões retinianas. A avaliação da educação terapêutica dos pacientes portadores de DM se efetuou através de indicadores que mostram sua participação e sua capacidade de tomar decisões no que se refere ao controle e tratamento de sua enfermidade (Tabela 5). Segundo o indicador considerado, só a metade ou o quarto dos participantes estariam em condições de desempenhar um papel ativo e eficaz no controle e tratamento de sua doença, fato que mostra a deficiência de sua educação diabetológica. Também se verifica que muito poucos deles têm relação com alguma associação de grupo de pacientes diabéticos. Tabela 5 - Indicadores de educação terapêutica - Rede QUALIDIAB 2001* Diabetes tipo 1 Diabetes tipo 2 (n = 1 229) (n = 12 284) Automonitoração glicemia/glicosuria 53 (21–72) Interpretação automonitoração 58 (19–78) Cuidados dos pés 69 (51–84) Prevenção/tratamento hipoglicemia 68 (53–76) Membro de Associação de Diabéticos 29 (5–94) 20 (1–39) 25 (4–46) 67 (48–89) 45 (30–65) 21 (1–94) * Os números de cada coluna representam a média dos valores médios em percentagem nos diferentes países e, entre parênteses, os valores extremes encontrados nos países da rede QUALIDIAB. A Tabela 6 mostra as formas de tratamento vigentes na população QUALIDIAB. Novamente se registra um número relativamente elevado de casos (13 a 15%) pelos quais falta informação. A metade dos pacientes é tratada Gagliardino JJ et al. / Diabetes Clínica 01 (2002) 46~54 com combinação de insulinas (NPH + ação curta), administradas em duas aplicações diárias em 43% dos casos. De outro lado, o emprego de insulinas misturadas é baixo (4%). 5 a 9% dos pacientes recebem, respectivamente, 1 ou mais de 3 aplicações diárias de insulina, sendo praticamente nula a utilização de bombas de infusão. Em comparação com as bombas de infusão, o uso de canetas é relativamente freqüente (12%). Só 13% dos pacientes DM2 tratam sua doença com dieta em tratamento único, e 14% só com insulina. Os hipoglicemiantes orais os mais utilizados em monoterapia são as sulfoniluréias (33%), seguidas em menor proporção pelas biguanidas (9%); 14% dos pacientes utilizam combinações de ambos os tipos de fármacos. Tabela 6 – Formas de tratamento - Rede QUALIDIAB 2001* Diabetes tipo 1 Diabetes tipo 2 (n = 1 229) (n = 12 284) dieta — Sulfoniluréias — Biguanidas — Associação de hipoglicemiantes — Insulina 14 (6–25) NPH 22 (9–42) Rápida 0,3 (0–1,2) Associação de insulinas 50 (9–79) Solo mezclas fijas 4 (0–16) Número de aplicações de insulina 1/dia 5 (0–14) 2/ dia 43 (9–79) 3/ dia 16 (1–30) > 3/ dia 9 (0–26) Bomba 0,1 (0–0,4) Caneta 12 (0–47) 13 (4–29) 33 (17–72) 9 (5–20) 14 (0–33) 14 (3–23) 0,4 (0–2) 7 (1–20) 1 (0–5) 5 (2–7) 12 (3–23) 1 (0–4) 1 (0–1,4) — 2 (0–8) * Os números de cada coluna representam a média dos valores médios em percentagem nos diferentes países e, entre parênteses, os valores extremes encontrados nos países da rede QUALIDIAB. A Tabela 7 mostra que só uma baixa proporção de pessoas com hipertensão (14% dos 25% de hipertensos DM1, e 42% dos 60% hipertensos DM2) recebem um tratamento específico. Algo similar ocorre com as dislipidemias. A Tabela 8 mostra a relação entre a frequência das complicações microangiopáticas e macroangiopáticas o os anos de duração do diabetes. Em todos os casos, esta frequência aumentou significativamente em função da duração da doença, verificando-se os incrementos máximos na insuficiência renal e as amputações (aproximadamente 7 vezes). Estes incrementos foram menores no caso da neuropatia periférica (2 vezes) e dos acidentes cerebrovasculares (1,6 vez). Discussão Embora que na última década muitas organizações tenham medido a qualidade da atenção aos pacientes 51 Tabela 7. Tratamento de outros fatores de risco cardiovascular Rede QUALIDIAB 2001* Diabetes tipo 1 Diabetes tipo 2 (n = 1 229) Hipertensão 14 (10–22) [25] Dislipidemia 5 (4–11) [49] (colesterol ou triglicérides) (n = 12 284) 42 (20–48) [60] 16 (4–28) [66] * Os números de cada coluna representam a média dos valores médios em percentagem nos diferentes países e, entre parênteses, os valores extremes encontrados nos países da rede QUALIDIAB. Entre colchetes, prevalência do fator de risco tratado na população estudada. Tabela 8. Frequência de complicações crônicas em função da duração do diabetes. Rede QUALIDIAB. 2001* Duração do DM (anos) 0–5 6–10 11–20 > 20 P Retinopatía 10 (proliferativa e não proliferativa) Cegueira 1,7 Neuropatia periférica 21 Insuficiência renal 0,2 IAM (anterior + último ano) 1,5 ACV (anterior + último ano) 2,1 Amputações 1,0 (anterior + último ano) 20 38 48 < 0,001 2,8 29 0,4 1,8 3,5 1,4 3,2 37 0,7 4,3 2,9 3,6 6,7 42 1,5 6,7 3,3 7,3 < 0,001 < 0,001 < 0,001 < 0,001 < 0,001 < 0,001 *Os números de cada coluna representam os valores médios em percentagem. IAM: infarto agudo de miocardio. ACV: acidente cerebrovascular. diabéticos [20–25], QUALIDIAB é o primeiro projeto de medição de forma cooperativa e simultânea implementado em seis países da América Latina. Nesta etapa inicial, QUALIDIAB privilegiou a promoção do registro estruturado de variáveis clínicas, metabólicas e terapêuticas para avaliar a qualidade da atenção aos pacientes portadores de DM Portanto, a amostra obtida - a maior (13.513 pessoas) e a mais uniforme registrada na Região - não é necessariamente representativa. Entretanto, por seu tamanho, pela homogeneidade dos critérios e registro de variáveis, e pelo modelo de avaliação dos dados, seus resultados oferecem una visão preliminar e objetiva da qualidade da atenção dada aos diabéticos em nossa Região. Os dados, expressos como a média dos valores percentuais médios de cada país participante, mostram em cada parâmetro registrado una amplia variação. Entretanto, não todos os valores máximos ou mínimos pertencem sistematicamente aos mesmos países, o que indica que em todos eles há aspectos que deveriam melhorar e que é possível identificar estratégias de atenção, analisá-las e transferi-las com relativa facilidade de um país para outro, aproveitando a vizinhança e o proximidade dos idiomas. De acordo com observações feitas em uma população geral adulta [1, 26, 27], a maior proporção de casos de 52 Gagliardino JJ et al. / Diabetes Clínica 01 (2002) 46~54 nossa amostra corresponde a pessoas portadoras de DM2. Também se confirma a freqüente associação de FRCV com o DM2, pelos quais os sistemas de saúde estão e estarão afrontando na Região um aumento quase “epidêmico” do DM [3] e da síndrome metabólicovascular [28]. Nossos resultados mostram uma população diabética com um controle metabólico e dos FRCV deficiente, com frequentes complicações microangiopáticas e macroangiopáticas. Comparando nossos dados com os obtidos em outras Regiões com um modelo de registro similar ao de QUALIDIAB, a percentagem de pacientes com bom nível de controle metabólico e dos FRCV logrado nesta mostra é maior que o descrito na Ásia [26] e semelhante ao da França [29], embora que a aplicação de técnicas de avaliação do grau de controle metabólico e dos FRCV e a detecção de complicações sejam maiores que na Ásia [26] e menores que na França [29]. Sendo dado que aproximadamente 50% de nossa população tem DM de duração < 5 anos, o simples envelhecimento deste grupo será responsável de um aumento do número de pacientes portadores de complicações que exigirá uma maior e mais dispendiosa atenção médica [25, 30]. O subdiagnóstico do DM e o nível deficiente de controle glicêmico – aproximadamente a metade dos pacientes tem glicemias > 7,7 mmol/L, por cima do valor limite para as complicações microvasculares e macrovasculares [31)] – e dos FRCV associados, potenciaram o incremento das complicações crônicas e a demanda de atenção [8– 10, 22, 23]. É então razoável prognosticar um incremento dos custos diretos ligados à aparição de complicações, o que agravará a situação de aqueles países que já têm dificuldades para cobrir a atenção de sua população diabética. Frente a esta situação, de pouco serviria a avaliação de QUALIDIAB se não promove a implementação de intervenções e de ajustes capazes de modificá-la. Melhorar o cenário descrito não é uma utopia si se considera que as complicações crônicas do DM podem ser prevenidas eficazmente mediante um controle adequado da hiperglicemia e dos FRCV associados à doença [6, 7]. Em nosso caso, isto implicaria corrigir as deficiências registradas melhorando o grau de controle glicêmico e dos FRCV (Tabelas 2 e 3), a realização dos procedimentos de diagnóstico (Tabela 4), os conhecimentos dos pacientes a cerca de sua enfermidade (Tabela 5) e a qualidade e intensidade dos tratamentos administrados (Tabelas 6 e 7). No que diz respeito a este último, cabe consignar que só una pequena proporção de diabéticos controlam sua doença com dieta em tratamento único (Tabela 6), contrastando com números mais elevados descritos na literatura [32–35]. Isto indica que os médicos envolvidos em este estudo – e provavelmente seus pacientes - aderiram com mais facilidade ao uso de remédios do que às mudanças no estilo de vida (dieta e atividade física), aumentando assim o custo do tratamento e submetendo o paciente ao risco desnecessário dos efeitos secundários dos remédios [36]. Também é chamativa a baixa porcentagem de portadores de DM2 tratados con metformina e com insulina, apesar dos benefícios demonstrados de seu emprego, em particular a primeira delas [37]. Pela implementação das medidas preventivas enunciadas neste artigo, podemos esperar que a curto prazo as autoridades da saúde pública e privada esquecerão seus preconceitos no tratamento e a recuperação das seqüelas invalidantes do DM, melhorando assim a eficácia de seus intervenções. Cabe agregar que inúmeros ajustes reclamados implicam baixa inversão econômica e que existem provas objetivas de que as estratégias preventivas têm uma melhor relação custo-beneficio que as de recuperação e reabilitação [38]. Existem em nossa Região provas de que a educação dos médicos generalistas [39] e dos pacientes diabéticos [40] é uma estratégia apropriada e eficaz para corrigir os erros detectados, diminuir os custos socioeconômicos da doença e melhorar a qualidade de vida. Portanto, seria possível e esperado que as autoridades responsáveis da saúde pública e privada da Região, com o apoio de organizações internacionais, promovem a educação diabetológica em todos os níveis, na qual deverá associar se a promoção da acessibilidade da população diabética à atenção e aos medicamentos e insumos necessários para seu controle e tratamento. Neste contexto, seria razoável promover e incrementar a educação diabetológica ao nível da graduação e das residências médicas. A implementação de qualquer estratégia de prevenção e tratamento do DM requere um instrumento de avaliação que permita verificar seus resultados e introduzir os ajustes necessários para sustentar sus logros e corrigir suas deficiências. Tal como está concebido, QUALIDIAB é um processo interdisciplinar e intersetorial que propõe unificar critérios para esta avaliação e empregar um sistema de registro de indicadores que permite fazer diagnósticos de situação apropriados para a tomada de decisões. Portanto, QUALIDIAB pode assumir o papel de instrumento idôneo para verificar a qualidade da atenção aos portadores de DM na América Latina e Caribe. A implementação de QUALIDIAB em grande escala permitiria aumentar e precisar os conhecimentos apresentados neste trabalho á cerca da situação real das pessoas diabéticas em nossa Região, definir a magnitude do problema e sua importância para a saúde pública e privada, conscientizando assim os responsáveis dos poderes de decisão nos ditos subsetores. A detecção de problemas permitiria: a) Sua identificação precoce e a implementação de medidas para corrigi-los, planificar e tomar decisões adequadas; Gagliardino JJ et al. / Diabetes Clínica 01 (2002) 46~54 b) Otimizar o uso de recursos, tanto humanos como econômicos, e sua distribuição equilibrada em função das necessidades detectadas; c) Elaborar hipótese de trabalho sobre os problemas reais, tanto ao nível dos países como da Região. Aplicando a recoleção de dados em amostras mais representativas e incorporando peritos em diferentes disciplinas relacionadas com a atenção e investigação no campo do DM, QUALIDIAB facilitaria o desenvolvimento de projetos de investigação e promoveria o trabalho em equipe e a cooperação entre grupos locais, nacionais e latino-americanos. A análise dos dados atuais e as conclusões obtidas apoiam estas propostas. A implementação amplia da rede QUALIDIAB requere: a) Eliminar o temor do sistema de registro, reafirmando que seu objetivo primeiro e primordial é analisar a problemática das pessoas diabéticas e não sancionar ou castigar o prestador; b) Garantir a confidencialidade permanente do manejo da informação; c) Inseri-la na rotina da atividade médica no setor público (Ministérios e Secretarias de Saúde) e privado (entidades de financiamento); d) Proporcionar estímulos e recompensas (promoção acadêmica ou científica e compensação econômica); e) Analisar periodicamente a informação recolhida e comunicá-la aos que efetuarão a tarefa de registro individual, estabelecendo um mecanismo eficiente de retroalimentação e auto-ajuste. A incorporação de QUALIDIAB às “Guías ALAD de diagnóstico, controle e tratamento do Diabetes Mellitus tipo 2” [40] contribuirá seguramente a promover esta implementação. Os resultados deste estudo indicam que a implementação desta primeira etapa foi um sucesso, e que, com os esforços de todos os integrantes da rede QUALIDIAB e de outros diabetólogos e o apoio da DOTA, é possível identificar defeitos na qualidade da atenção aos pacientes diabéticos e implementar intervenções adequadas para melhorá-la. Ele permitirá melhorar a qualidade de vida dos pacientes, otimizar o uso dos recursos e diminuir o custo sócio-econômico da doença na Região. Agradecimentos. O projeto Qualidiab está patrocinado pela DOTA com fundos fornecidos por Becton Dickinson and Company, Eli Lilly and Company, LifeScan Inc, Novo Nordisk, e Roche Diagnostics. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. Referências 1. Gruber W, Lander T, Leese B, Songer T, Williams R. (eds.). The economics of diabetes and diabetes care. A report of the Diabetes Health Economics Study Group. Bruselas: International Diabetes Federation-World Health Organization; 18. 19. 53 1997. McCarty D, Zimmet P. Diabetes 1994 to 2010. Global estimates and projections. Melbourne: International Diabetes Institute; 1994. The World Bank. World Development Report 1993: Investing in Health. Cambridge: Oxford University Press; 1993. Gagliardino JJ, Olivera E. The regions and their health care systems: Latin America. In: Gruber W, Lander T, Leese B, Songer T, Williams H (eds.). Economics of diabetes and diabetes care. A report of the Diabetes Health Economics Study Group. Bruselas: International Diabetes FederationWorld Health Organization; 1997. p 51–59 Gagliardino JJ, Olivera EM, Barragán HL, Hernández RE. Diabetes mellitus e hipertensão arterial: aspectos clínicos e epidemiológicos en la poblação da Plata. Medicina (B Aires);1995;55: 421–430. The Diabetes Controle and Complications Trial Research Group: intensive diabetes treatment and complications in IDDM. N Engl J Med 1993; 329:977–986. UK Prospective Diabetes Study Group: Intensive bloodglucose controle with sulphonilureas or in-sulin compared with conventional treatment and risk of complications in patients with type 2 diabetes (UKPDS 33). Lancet 1998;352:837–853. Selby JV, Ray GT, Zhang D, Colby CJ. Excess costs of medical care for patients with diabetes in a managed care population. Diabetes Care 1997;20:1396–1402. Herman WH, Eastman RC. The effects of treatment on the direct costs of diabetes. Diabetes Care 1998;21(Supl. 3):C19– C24. Rubin RJ, Altman WM, Mendelson DN. Health care expenditures for people with diabetes mellitus, 1992. J Clin Endocrinol Metab 1994;78: 809A–809F. Donabedian A. The definition of quality and approaches to its assessment. Ann Arbor, MI: Health Administration Press; 1980. Kenny SJ, Smith PJ, Goldschmid MG, Newman JM, Herman WH. Survey of physician practice behaviors related to diabetes mellitus in the U.S. Physician adherence to consensus recommendations. Diabetes Care 1993;16:1507– 1510. Krans HMJ, Porta M, Keen H (eds.). Diabetes care and research in Europe: the St. Vincent Declaration action programme. Copenhagen: World Health OrganizationInternational Diabetes Federation Europe, 1992 (document EUR/ICP/CLR055/3). Piwernetz K, Home PD, Staehr Johansen K, Kleinebreil L, Vermeij D, Storms GEMG, et al. DIABCARE Quality Network in Europe. TELEMAT-ICS Project within the St. Vincent Declaration. Consensus Meeting. Diab Nutr Metab 1995;8: 243–249. Declaração de las Américas sobre la diabetes. Re-vista da Associação Latinoamericana de Diabetes 1997;5:8–10. Gagliardino JJ. Una iniciativa da DOTA para implementar el controle de qualidade de atenção (QUALIDIAB) en América Latina e el Caribe. Revista da Associação Latinoamericana de Dia-betes 2000,8:26–35. Alberti KGMM, Gries FA, Jervell J, Krans HMJ for the European NIDDM Policy Group. A desktop guide for the management of non-insulin- dependent diabetes mellitus (NIDDM) 2a. ed. Bruselas: International Diabetes Federation; 1993. European Diabetes Policy Group 1998. A desktop guide to type 1 (insulin-dependent) diabetes mellitus. Bruselas: International Diabetes Federation European Region; 1998. American Diabetes Association: Clinical Practice 54 Gagliardino JJ et al. / Diabetes Clínica 01 (2002) 46~54 Recommendations 1998. Diabetes Care 1998;21 (Supl. 1):51–590. 20. Ho M, Marger M, Beart J, Yip I, Shekelle P. Is the quality of diabetes care better in a diabetic clinic or in a general medicine clinic? Diabetes Care 1997;20:472–475. 21. Nicolucci A, Scorpiglione N, Belfiglio M, Carinci F, Cavaliere D, El-Shazly M, et al. Patterns of care of an Italian diabetic population. Diabetic Med 1997;14:158–166. 22. Engelgau MM, Geiss LS, Manninen DL, Orians CE, Wagner EH, Friedman NM, et al. Use of services by diabetes patients in managed care organizations. Development of a diabetes surveillance system. CDC Diabetes in Managed Care Work Group. Diabetes Care. 1998;21:2062–8. 23. Jonsson PM, Nyström L, Rosenqvist U, Sterky G, Wall S, Östman J. Diabetes mellitus and health service utilization: a case-controle study of outpatient visits 8 years after diagnosis. Diabetic Med 1996;13:1056–1063. 24. Williams DRR, Munroe C, Hospedales CJ, Green-wood RH. A three-year evaluation of the quality of diabetes care in the Norwich community care scheme. Diabetic Med 1990;7:74– 79. 25. Gagliardino JJ, Olivera EM, Etchegoyen GS, González C, Guidi ML. Evaluação e costos del proceso de atenção de pacientes diabéticos. Medicina (B Aires) 2000,60:880–888. 26. Cockram C, on behalf of the DiabCare-Asia 1997 Study Group. International Diabetes Monitor 1999; (Special Issue):11–16. 27. Mohan V, Deepa R, Rema M, Natarajan A, Devanathan S. Diabetes electronic medical record system. Experience at the M.V. Diabetes Specialities Centre, Chennai, India. International Diabetes Monitor 2000;(Special Issue):35–39. 28. De Fronzo RA, Ferranini E. Insulin resistance: a multifacetic syndrome responsible for NIDDM, obesity, hypertension, dyslipidemia, and atheroesclerotic cardiovascular disease. Diabetes Care 1991;14:173–194. 29. Kleinebreil L, Attali JR, Beuscart R, van Hoecke MP, Brezac P, on behalf of DiabCare France. IFDOR, un menu a la francaise. International Diabetes Monitor 1999;(Special Issue):4–6. 30. Vijan S, Hofer TP, Hayward RA. Estimated benefits of 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. glycemic controle in microvascular complications in type 2 diabetes. Ann Internal Med 1997; 127:788–795. U.K. Prospective Diabetes Study Group. U.K. Prospective Diabetes Study 16. Overview of 6 years therapy of type II diabetes: a progresive dis-ease. Diabetes 1995;44:1249–1258. Olivera EM, Regueiro F, Gagliardino JJ, Tognoni G. Análisis metodológico de un estudio epidemiológico a partir del PRAMUDIA. Revista da Sociedad Argentina de Diabetes 1992;26:41–52. Domenech MI, Assad D, Mazzei ME, Kronsbein P, Gagliardino JJ. Evaluation of the effectiveness of an ambulatory teaching/treatment programme for non-insulindependent (type II) diabetic pa-tients. Acta Diabetol 1995;32:143–147. Mazze R, Deeb L, Palumbo PJ. Altering physicians’ practice patterns. A nationwide educational experiment: evaluation of the clinical education programme of the American Diabetes Association. Diabetes Care 1986;9:420–425. The PEDNID-LA Research Group. A model educational program for people with type 2 diabetes: a cooperative Latin American implementation study (PEDNID-LA). Diabetes Care 2001;24:1001–1007. The Expert Committee on the diagnosis and clasification of diabetes mellitus. Report of the Expert Committee on the diagnosis and classification of diabetes mellitus. Diabetes Care 1997;20:1783–1797. Clarke P, Gray A, Adler A, Stevens R, Raikou M, Cull C, et al. Cost-effectiveness analysis of intensive blood-glucose controle with metformin in overweight patients with type II diabetes (UKPDS No 51). Diabetologia 2001;44:298–304. Gagliardino JJ, Olivera EM, Barragán H, Puppo RA. A simple economic evaluation model for selecting diabetes health care strategies. Diabetic Medicine 1993;10:351–354. Programa de capacitação de médicos generalistas (PROCAMEG). Revista da Sociedad Argentina de Diabetes 1998;32:205–210. Guias ALAD de diagnóstico, controle e tratamiento da diabetes mellitus tipo 2. Revista da Associação Latinoamericana de Diabetes 2000; Supl. 1:101–167. Oliveira ILC / Diabetes Clínica 01 (2002) 55~59 Diabetes Clínica 55 Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 01 (2002) 55~59 ARTIGO ORIGINAL Diabetes mellitus, glicemia de jejum alterada e hipotiroidismo em indivíduos idosos Iraci Lúcia Costa Oliveira*, Leila Maria Batista Araújo*, Ana Claúdia Couto-Silva**, Maria Zenaide Gonzaga***, Maria Marcílio Rabelo**** *Professora Adjunto de Endocrinologia da Universidade Federal da Bahia, **Mestre em Medicina pela Universidade Federal da Bahia, ***Professora Assistente de Endocrinologia da Universidade Federal da Bahia, ****Professora Livre Docente de Endocrinologia da Universidade Federal da Bahia Resumo A prevalência de diabetes mellitus em indivíduos idosos varia de 10 a 28%. Em Salvador, Bahia, avaliamos a freqüência de diabetes, glicemia de jejum alterada e a associação com hipotiroidismo em 170 idosos voluntários, moradores de 3 asilos. A idade média ± DP dos idosos foi de 78,3 ± 6,8 anos (65 a 96 anos), 84,2% eram mulheres e nenhum deles era obeso. Observou-se que 22/170 (12,9%) eram diabéticos e 8 (4,7%) tinham glicemia de jejum alterada. A glicemia de jejum dos diabéticos variou de 72 a 518 mg%: 54,5% < 140 mg%, 13,6% > 140 mg% e < 200 mg% e 31,9% >300 mg%. Quatre eram tratados apenas com dieta, dezesseis com sulfoniluréias e em dois, o hipoglicemiante não foi especificado. Dezoito (82%) eram hipertensos. Hipotiroidismo primário foi observado em cinco (22%) dos diabéticos, três deles apresentavam hipotiroidismo subclínico. Sugerimos que além da glicemia, investigação da função tiroidiana seja incluída na avaliação do idoso, mesmo assintomático. Palavras-chave: diabetes mellitus; glicemia de jejum alterada; hipotiroidismo; idoso. Abstract The prevalence of diabetes mellitus in older individuals has been referred as 10 to 28%. In this workw We have studied the frequency of diabetes mellitus, impaired fasting glucose and the association with hypothyroidism in 171170 old individuals who lived in three institutions for elderly in Salvador, Bahia, who spontaneously agreed to be included. The mean age ± SD of this patients was 78,3 ± 6,8 years (65 to 96 years), 84.2% of women, and none of them were obese. Twenty seven (17.9%) had disturbance of carbohydrate metabolism: Fasting glycemia was determined: 22/171170 (12.9%) were diabetics and 8 (4.7%) had impaired fasting glucose Only in two (9%) of them, diabetes diagnostic was unknown. Eighty two percent were women. The fasting glycemia of the diabetic patients ranged from 72 to 518 mg%: 54.5% had glicemia level < than 140 mg%, 13.6 % > then 140 and < then 200mg% and 31.9% > than 300mg%. Four (18%) of them were not on medication had diabetes control on diet, 14 were using glybenclamide, 2 clorpropamide and in 2 the drug was not specified. Eighteen (82.5%) of them had arterial hypertension. Primary hypothyroidism was observed in five (5/22 (22%)) diabetics and two three of them had franc hypothyroidism and 3 subclinical hypothyroidism. In the group of impaired fasting glucose none subclinical hypothyroidism was observed. We suggestthat besides not only gliycemia, but also investigation of thyroid function should be included in the evaluation of older individuals, even in non symptomatic patients. Key words: diabetes mellitus; impaired fasting glucose; hypothyroidism; older. Artigo recebido em 2 de fevereiro de 2002 – Aprovado em 15 de fevereiro de 2002 Endereço para correspondência: Profa. Dra. Leila Maria Batista Araújo, Av. Sete de Setembro 2417, apto 601, 40080-003 Salvador BA, Fax: (71) 247-8492, E-mail: [email protected] 56 Oliveira ILC / Diabetes Clínica 01 (2002) 55~59 Introdução A Organização das Nações Unidas define o período de 1975 a 2025 como a “Era do Envelhecimento”, considerando que o crescimento do grupo etário acima de 65 anos é maior do que dos demais grupos. O Brasil deverá ocupar o 6o. lugar de gerontes no mundo até 2025. Pelo último censo do IBGE, 9% da população brasileira tem mais de 60 anos. A freqüência de diabetes mellitus em indivíduos idosos no mundo varia de 10 a 28% e vem aumentando nas últimas décadas, dado atribuindo-se em parte ao aumento da expectativa da vida média [1-8]. A freqüência de intolerância à glicose varia de 17,8 a 39,2% em homens com mais de 65 anos e de 19,1 a 22,7% em mulheres da mesma idade [2,3,6,8]. Cerca de 50 a 93% dos pacientes submetidos à pesquisa de diabetes desconheciam ser portadores desta condição [6,7]. Esta prevalência também varia com o critério diagnóstico de diabetes utilizado, características dos grupos estudados quanto ao sexo, idade, freqüência de obesidade, e esta prevalência é ainda maior nos grupos étnicos de risco, ou sejam afro-americanos, méxicoamericanos, hispânicos entre outros e em idosos hipertensos [9,10]. Num estudo multicêntrico sobre prevalência de diabetes no Brasil, em indivíduos de 60 a 69 anos de ambos os sexos, foi observado uma prevalência de 17,4%, sendo que cerca de 46% desconheciam ter diabetes [11]. A freqüência de obesidade neste estudo foi de 11,5%. Em Salvador, Bahia, não encontramos nenhum registro da prevalência de diabetes em idosos,. o que é o objetivo do presente trabalho. Assim, neste estudo avaliamos a freqüência de diabetes em idosos de asilos de Salvador. Casuística e métodos Foram avaliados 171170 idosos, que espontaneamente concordaram em participar dea uma pesquisa sobre disfunções metabólicas e tiroidianas em idosos. Estes indivíduos eram moradores de três asilos de SalvadorBahia: Lar Franciscano, 11% dos pacientes, de nível sócio econômico bom Abrigo Salvador, 62% da amostra, de nível sócio econômico regular e Abrigo D. Pedro II, 27% da amostra, de diferentes níveis nível sócioeconômicos pobre. Os idosos foram submetidos a uma avaliação clinica com um dos autores (ILCO), a qual incluiundo um questionário para identificar sinais e sintomas de disfunção tiroidiana, de doenças presentes e uso de medicações. Cerca de 50% dos idosos eram hipertensos e 20% vinham em uso de diurético, 13,5% de bloqueadores deos canais de cálcio, 7% de inibidor dea enzima de conversão dea angiotensina, 6,4% de alfametildopa. Todos eles assinaram um consentimento com informações sobre o estudo. Foi colhida uma amostra de soro em jejum e determinou-se a glicemia por método enzimático, em auto-analizsador. Foi também avaliada a função tiroidiana com determinações de T3, T4, T4 livre e TSH por radioimunoensaio com kits comerciais da Maiaclone. Os idosos foram classificados, pelo critério da American Diabetes Association (ADA), [12] em diabéticos, quando a glicemia de jejum foi maior ou igual do que a 126mg% (ou quando já sabiam ser diabéticos) e em glicemia de jejum alterada, quando a glicemia em jejum foi maior ou igual igual ou maior do que 110 mg% e menor do que 126 mg%. Foi considerado hipotiroidismo primário franco (por falência da produção de hormônio tiroidiano pela glândula) quando o TSH foi maior ou igual ou maior do que 5 mUI/ml com níveis de T3, T4, T4 livre baixos e hipotiroidismo subclínico quando o TSH maior ou igual ou maior do a 5mUI /ml com níveis de T3, T4 e/ou T4 livre normais [13]. As médias, os cálculos de percentuais de freqüência e teste de proporções foiram feitos com auxílio do programa Epi info, versão 6.0 Resultados Características clínicas dos pacientes A idade média ± DP destes idosos foi de 78,3 ± 6,8 anos, variou de 65 a 96 anos. Vinte e sete (15,8%) deles eram homens e 144 (84,2%) eram mulheres. Todos foram avaliados clinicamente por uma mesma endocrinologista (ILCO) e e nenhum deles era obeso. As queixas clínicas mais comuns foram diminuição da memória (67%), humor depressivo (60%), diminuição da audição (49%), constipação (47%) e pele seca (44%). Nenhum deles vinha em uso de hormônio tiroidiano. Diabetes mellitus e glicemia de jejum alterada Trinta (17,9%) idosos tinham alteração do metabolismo dos carboidratos: 22/171170 (12,9%) eram diabéticos e 8 (4,7%) tinham glicemia de jejum alterada. Dos vinte e dois diabéticos, em apenas 2 (9%) este diagnóstico era desconhecido. Dos diabéticos, 4/22 (18%) foram do sexo masculino e 18/22 (82%) do sexo feminino. A distribuição da faixa etária foi de quatro (18%) pacientes com menos de 70 anos, onze (50%) de 70 a 80 anos e sete (32%) com mais de 80 anos (Tabela 1). Tabela 1. Distribuição das freqüências de diabetes mellitus e glicemia de jejum alterada nos idosos estudados em relação a faixa etária. Anos 65 < 70 70< 75 75< 80 80* Total (%) Diabético 4 GJA* 1 Normal 22 Total 27 (15,9%) 8 3 7 22 (12,9%) 2 2 3 08 (4,7%) 24 35 59 140 (82,4%) 34 (20%) 40 (23,5%) 69 (40,5%) 170 (100%) * GJA= glicemia de jejum alterada Oliveira ILC / Diabetes Clínica 01 (2002) 55~59 A glicemia dos pacientes diabéticos variou de 72 a 518 mg%, sendo que 12/22 (54,5%) tinham glicemia menor do que 140 mg%, 3/22 (13,6%) tinham glicemia maior do que 140 mg% e menor do que 200 mg% e 7/22 (31,9%) tinham glicemia maior do que 300 mg%. Quatro deles (18%) não estavam em uso de medicação, dois dos quais porque desconheciam o diagnóstico de diabetes, dois faziam porque controlavam a doença apenas com dieta para diabéticos. e oOs demais faziam uso de hipoglicemiantes orais (quatorze em uso de glibenclamida, dois em clorpropamida e em dois, o hipoglicemiante não foi especificado). Dezoito deles (82%) eram hipertensos: 07 deles não faziam uso de medicação hipotensora, três estavam em uso de diurético, sendo um em associação com bloqueadores dos canais de cálcio, um com captopril e um com a alfa-metildopa. Dos oito idosos com glicemia de jejum alterada, cinco (62%) eram hipertensos: três dos quais em uso de diurético, um deles em uso de associação de diurético com alfa-metildopa e outro em uso de alfa-metildopa isoladamente. Todas eram do sexo feminino. Associação de diabetes mellitus, glicemia de jejum alterada e hipotiroidismo primário Foi observado hipotiroidismo primário em 28/112 (25%) dos idosos com glicemia de jejum normais, seis dos quais já tinham o diagnóstico prévio de disfunção tiroidiana, sendo que um tinha hipotiroidismo franco e vinte e sete hipotiroidismo subclínico. Cinco dos vinte e dois (22,7%) diabéticos apresentavam hipotiroidismo primário, sendo que dois com apresentavam hipotiroidismo franco e três com 3/15 (20%) hipotiroidismo subclínico. Das oito idosas com glicemia de jejum alterada, nenhuma apresentou hipotiroidismo subclínico. A freqüência de hipotiroidismo primário nos pacientes sem diabetes ou glicemia de jejum alterada foi de 20,1%, sendo que, com exceção de um paciente com hipotiroidismo, todos apresentavam hipotiroidismo subclínico. O teste de proporções não mostrou diferença significativa nestas freqüências.entre diabéticos e não diabéticos. O nível de TSH nos pacientes com glicemia de jejum normal e hipotiroidismo variou de 5 a 27,2 mUI/ml, enquanto que nos idosos com diabetes tipo 2 e hipotiroidismo variou de 5 a 12,5 mUI/ml. Discussão Pelo critério da Organização Mundial da Saúde (OMS) [134], a prevalência de diabetes mellitus tem sido estimada deentre 10 a 30% e de intolerância a glicose de entre 13,8 a 39,2% [2-8]. Em estudos baseados em registros ou entrevistas, a freqüência de diabetes mellitus em homens de 60 anos ou mais foi de 7,2 a 8,4%, e para 57 mulheres na mesma idade de 5,1 a 18,2% [135]. Na Finlândia, num estudo apenas em homens [3], submetidos ao teste de tolerância a à glicose oral mostrou que 30% dos homens deles eram diabéticos e 30% apresentavam intolerância à glicose. Num outro estudo, também finlandês, em 483 indivíduos de ambos os sexos, nos quais os que desconheciam ser diabéticos foram submetidos ao teste de tolerância à glicose oral, e a prevalência de diabetes mellitus pelo critério da WHO foi de 22% em homens e de 28% em mulheres, mas a proporção maior de mulheres em relação aos homens só foi significativa na faixa etária de 80 anos ou mais [5]. Para Hiltunen et al. [5], o risco das mulheres acima de 80 anos de desenvolver diabetes mellitus foi de 11,3 (95% IC 1,6-79,5) comparado aos homens da mesma idade. Num estudo de 1300 finlandeses de 65 a 74 anos [8], baseado na história clínica e no teste de tolerância a glicose, a prevalência de diabetes recém-diagnosticado, de intoleranteância à glicose e de diabetes mellitus pelo critério da OMS foram de 8,7%, 7% e 17,8%, respectivamente,em homens e 11,7%, 7,1% e 19,1% em mulheres, enquanto que a freqüência de intolerância a glicose foi de 33,8% nos homens e de 37,9% em mulheres. Neste estudo, 38 a 90%% dos pacientes apresentaram excesso de peso, com índice de massa corpórea maior do que 27 kg/m2. Observou-se que a presença de obesidade duplicou a prevalência de diabetes mellitus e quando associada também à história familiar de diabetes, aumentou em três vezes estsa prevalência. No presente estudo, mostramos freqüência de diabetes mellitus foi de 12,9%, e de glicemia de jejum alterada de 4,7%. Este resultado pode estar relacionado aà inexistência de obesos na amostra. Num estudo multicêntrico em 2.196 idosos (65 a 95 anos) em ambulatórios de cardiologia e geriatria de instituições brasileiras, a freqüência de diabetes foi de 13% [16], semelhante ao nosso resultado. Cabrera e Jacob Filho [17] num estudo em 847 idosos ambulatoriais, com 60 anos ou mais, de ambos os sexos (66,8% eram homens), observaram que, nos idosos não obesos, a freqüência de diabetes mellitus foi de 13,6% nos homens e 11,6% nas mulheres e, nos idosos obesos, foi de 18,2 % nos homens e 26,9% nas mulheres. A freqüência de obesidade neste estudo foi de 9,3% em homens e 23,8% em mulheres, A maioria dos estudosrefere mostra que a freqüência de diabetes mellitus aumenta e a tolerância à glicose diminui com o avançar da idade. Estima-se que a glicemia de jejum aumente 1 mg% e a glicemia na segunda hora do teste de tolerância a glicose aumente de 9 a 10 mg% por década [187], entretanto o critério para diagnóstico de diabetes pela OMS ou ADA é o mesmo para indivíduos de qualquer faixa etáriaidosos e não idosos. Num estudo recente, Resnick et al. [198], compararam os critérios de diagnóstico de diabetes (OMS e ADA) 58 Oliveira ILC / Diabetes Clínica 01 (2002) 55~59 em 2.844 indivíduos com 40 a 74 anos e observaram que alguns pacientes diagnosticados como diabeétes icos pelo critério da OMS foram considerados normais pelo critério do ADA e também o oposto. Sugeriram que embora o critério do ADA subestime as alterações da hiperglicemia pós sobrecarga de glicose, parece ser efetivao em identificar indivíduos com perfis de risco de doença cardiovascular desfavoráveis e expostos a hiperglicemia a longo prazo. Observamos no presente estudo que ocorreu associação de diabetes com hipotiroidismo primário em 22% dos idosos. Existem poucas descrições a este respeito.A associação de diabetes e hipotiroidismo em idosos foi descrita por Flatau et al. [1920], que avaliaram 1096 idosos de ambos os sexos, com idade de 65 a 92 anos, em 11 kibbutz do norte de Israel. Observaram prevalência de 12% de diabetes (critério da OMS) e de 14% de hipotiroidismo, sendo que em 38% deles foi considerado subclínico. Num estudo de 293 diabéticos tipo 2, hospitalizados pelo diabetes descontrolado ou recém-diagnosticado, de ambos os sexos, com idade variando de 40 a 93 anos, a freqüência de TSH ultrasensível alterado foi de 31,4%, dos quais 24,2% tinham hipotiroidismo primário, 48,3% hipotiroidismo subclínico (níveis de TSH alto, com T4 livre normal) e os demais foram considerados como hipertiroidismo [21]. Interessante neste estudo, é que cerca de um terço dos pacientes com hipo ou hipertiroidismo subclínico foram reavaliados dois meses após melhora do controle metabólico e observou-se normalização das alterações em quase todos. Num outro estudo, em 1310 diabéticos ambulatoriais da Escócia, foi observado prevalência de disfunção tiroidiana em 13,4% dos pacientes, sendo o risco maior nos pacientes mulheres com diabetes tipo 1 [22]. A prevalência de diabetes e intolerância a glicose em hipertensos é maior do que em normotensos. Em 805 idosos hipertensos acima de 65 anos na Finlândia [9], segundo o critério da OMS foi observado um risco aumentado de DM de 1,56 nos hipertensos quando comparado aos normotensos, ajustado para idade, sexo, relação cintura/quadril, níveis de glicose e insulina. A freqüência de diabetes nos hipertensos em uso de betabloqueador ou diuréticos foi de 12,9%, enquanto que nos indivíduos normotensos foi de 4,3%. Num estudo em 95 idosos hipertensos submetidos ao teste de tolerância à glicose, a freqüência de diabetes não diagnosticado foi de 11,6% e de intolerância a glicose de 43,2% [10]. A prevalência de diabetes também aumenta em determinados grupos étnicos. Num estudo comparativo entre europeus e asiáticos do sul com mais de 65 anos, nos quais foi determinada glicemia de jejum, e se acima de 108 mg% submetidos ao teste de tolerância a à glicose, foi observada nos homens asiáticos do sul prevalência de 30,7% versus 7,7% em ingleses e em mulheres asiáticas do sul de 24,0% versus 12,5% em inglesas [13]. A prevalência de diabetes não diagnosticado varia de 60 a 93% [3,8,10]. No estudo de Simmons [13], 93% dos asiáticos e 70% dos europeus desconheciam ser portador de diabetes antes de se submeterem a triagem com glicemia. No estudo de Tuomilehto [3], esta freqüência foi de 85%. Em contraste, no estudo de Malerbi et al. [11], que incluiu indivíduos de 30 a 69 anos, esta freqüência foi de 46%. No nosso estudo, inexplicavelmente observamos baixa freqüência de diabetes desconhecido (13%). Considerando a freqüente associação de diabetes e hipotiroidismo em idosos, sugerimos que além da glicemia de jejum, a investigação da função tiroidiana seja incluída na avaliação do idoso, mesmo assintomático. Agradecimentos: A Aldenice V de Carvalho, Ivanise Santana Silva e Eduardo Faustino de Oliveira, funcionários do Laboratório de Endocrinologia do HUPES, pelo auxílio na coleta das amostras, organização dos resultados e dosagens hormonais. Referências 1. Meneilly GS, Tessier D. Diabetes in elderly. In Morley JE, Vanden Berg L. Contemporary eEndocrinology: Endocrinology of aging. Humana Press Inc., Totowa, NJ, 2000:181-204. 2. Agner E, Thorsteinsson P, Eriksen M. Impaired glucose tolerance and diabetes mellitus in elderly subjects. Diabetes Care 1982;5:600-604. 3. Tuomilehto J, Nissinen A, Kivelä S-L. Pekkanen J, Kaarsalo E, Wolf E et al. Prevalence of diabetes mellitus in elderly men aged 65 to 84 years in eastern and western Finland. Diabetologia 1986;29:611-615. 4. Ohlson LO, Larsson B, Erikson H et al. Diabetes mellitus in Swedish middle-aged men: athe study of men born in 1913 and 1923. Diabetologia 1987;30:386-93. 5. Hiltunen L, Luukinene H, Koski K, Kivelä SL. Prevalence of diabetes mellitus in an elderly finnish population. Diabetic Medicine 1993;11:241-49. 6. Harris MI, Flegal KM, Cowie CC, Eberhardt MS, Goldstein DE, Little RR, Wiedmeyer HM, Byrd-Holt DD. Prevalence of diabetes, impaired fasting glucose and impaired glucose tolerance in US adults. Diabetes Care 1998;21:518-24. 7. Harris MI. Undiagnosed NIDDM: clinical and public health issues. Diabetes Care 1998;21:518-24. 8. Mykkänen L, Laakso M, Uusitupa, Pyörälä K. Prevalence of diabetes and glucose tolerance in elderly subjects and their association with obesity and family history of diabetes. Diabetes Care 1990;13:1099. 9. Mykkänen L, Kuusisto J, Pyöräla, Laakso M, Haffner SM. Increased risk of non-insulin-dependent diabetes mellitus in elderly hypertensive subjects. Journal of Hypertension 1994;12:1425-32. 10. Johnson KC, Graney MJ, Applegate WB, Kitabichi AE, Runyan JW, Shorr RI. Prevalence of undiagnosed noninsulin-dependent diabetes mellitus and impaired glucose Oliveira ILC / Diabetes Clínica 01 (2002) 55~59 11. 12. 13. 14. 15. 16. tolerance in a cohort of older persons with hypertension. J Am Geriatr Soc 1997;45:695-700. Malerbi DA, Franco LJ. Multicenter study of the prevalence of diabetes mellitus and impaired glucose tolerance in the urban Brazilian population aged 30-69 yr. Diabetes Care 1992;15:1509-16. Expert Committee on the Diagnosis and Classification of Diabetes Mellitus. Report of the Expert Committee on the Diagnosis and Classification of Diabetes Mellitus. Diabetes Care 1997;20:1183. Levy EG. Thyroid disease in the elderly. Med Clin North Am 1991;75: 151-67. WHO Study Group: Diabetes Mellitus. Geneva, World Health Org. Tech. Rep. Ser. nº727,1985. Simmons D & Williams DRR. Diabetes in the elderly: an under-diagnosed condition. Diabetic Medicine 1992;10:26466. Taddei CFG, Ramos L R, Moraes JC, Wajngarten M, Libberman A, sSantos SC, Savioli F, Dioguardi G, Franken R. Estudo multicêntrico de idosos em ambulatório de cardiologia e geriatria de instituições brasileiras. Arq Bras Cardiol 1997;69:327-33. 59 17. Cabrera MAS, Jacob Filho W. Obesidade em idosos: prevalência, distribuição e associação com hábitos e comorbidades. Arq Bras Endocrinol Metab 2001;45: 494-501. 18. Shimokata H, Muller DC et al. Age as independent determinant of glucose tolerance. Diabetes 1991;40:44. 19. Resnick HE, Harris Mi, Brock DB, Harris TB. American Diabetes Association dDiabetes diagnostic criteria, advancing age, and cardiovascular disease risk profiles: results from the Third National Health and Nutrition Examination Survey. Diabetes Care 2000;23:176-80. 20. 19Flatau E, Trougouboff P, Kaufman N, Reichman N, Luboshitzky R. Prevalence of hypothyroidism and diabetes mellitus in elderly kibbutz members. Eur J Epidemiol 2000;16: 43-6. 21. Celani MF, Bonati ME, Stucci N. Prevalence of abnormal thyrotrophin concentration measured by a sensitive assay in patients with type 2 diabetes mellitus. Diabetes Res 1994;27:15-25. 22. Perros P, McCrimmon RJ, Shaw G, Frier BM. Frequency of thyroid dysfunction in diabetic patients: value of annual screening. Diabet Med 1995;12: 622-7. 60 Fraige Filho F et al. / Diabetes Clínica 01 (2002) 60~61 Diabetes Clínica Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 01 (2002) 60~61 ATUALIZAÇÃO Imunização: a importância da vacinação para o portador de diabetes Fadlo Fraige Filho*, João Toniolo Neto**, Rodrigo Gonçalves dos Reis*** *Endocrinologista, Presidente da FENAD e da ANAD e Professor Titular de Endocrinologia da Faculdade de Medicina ABC, **Geriatra, Professor adjunto da disciplina de Geriatria da Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, ***Farmacêutico, Gerente de Produtos Linha Adulto da Aventis Pasteur. A prevenção é de fundamental importância para a manutenção da qualidade de vida da população em geral, e para os portadores de doenças crônicas, em particular. Para os portadores de diabetes, por exemplo, evitar a ocorrência das enfermidades, além de poupar o indivíduo de sofrimento e desconforto inerentes às doenças, significa prevenir possíveis complicações e reduzir substancialmente o risco de óbito [1,2]. Infecções por vírus e bactérias descompensam o diabetes e comprometem o tratamento, por isso, medidas preventivas devem ser tomadas para evitar as conseqüências de infecções [3-5]. Ainda, além de todos os benefícios para a saúde e para a qualidade de vida das pessoas, a prevenção possibilita reduzir as despesas com tratamento, visitas médicas, hospitalizações. Dentre as medidas preventivas, destacam-se a alimentação equilibrada, exercícios físicos monitorados, cuidados básicos com a saúde e com a higiene, o uso adequado dos medicamentos, sem abusos e com o devido acompanhamento, e o uso de agentes imunobiológicos contra doenças infecto-contagiosas, como as vacinas. A vacinação é um dos grandes avanços da área médica nos últimos tempos e é o meio mais eficaz e custo-efetivo de prevenir doenças infecciosas. O grande impacto no controle de várias infecções por meio de campanhas de imunização está mais do que comprovado por exemplos como a erradicação da varíola, a eliminação da poliomielite do continente americano, entre outros. A vacinação é uma importante intervenção de saúde pública para a redução da morbidade e da mortalidade em decorrência de infecção especialmente entre indivíduos com diabetes [6]. Entretanto, apesar de todo o conhecimento científico acumulado durante anos de experiência com o uso das vacinas, muitas vezes estas são pouco utilizadas ou esquecidas por parte da população, inclusive pelos indivíduos com diabetes, e – o mais preocupante – por boa parte dos profissionais da saúde [6,7]. Estudos realizados nos EUA mostram que a cobertura vacinal contra gripe entre portadores de diabetes é de apenas 40% e contra o pneumococo, somente 21% [6]. Neste ponto, é importante ressaltar que a vacinação contra gripe e contra o pneumococo é oficialmente recomendada para portadores de diabetes, tanto por órgãos brasileiros como internacionais [3,8,9]. Em função da necessidade e da importância da imunização desses pacientes, o governo dos EUA realiza anualmente campanhas de prevenção e conscientização dos diabéticos a respeito da necessidade da vacinação contra influenza e contra o pneumococo, entre outros cuidados com a saúde [10]. Este exemplo poderia ser seguido pelas autoridades brasileiras, a fim de evitar as conseqüências do próprio diabetes e da associação com a ocorrência de infecções. Os portadores de diabetes representam cerca de 10% da população do Brasil, algo próximo a 1,6 milhões de pessoas, sendo que no grupo de pessoas com mais de 60 Endereço para correspondência: Rodrigo Gonçalves dos Reis, Rua do Rócio, 351, 10º andar – Vila Olímpia 04552-905 – São Paulo SP, Tel: (11) 3048-0443, E-mail: [email protected], Dr. João Toniolo Neto, Rua Helena, 218, cj. 96 – 9º andar – Vila Olímpia 04552-050 – São Paulo SP, Tel: (11) 38425144, E-mail: [email protected]. Fraige Filho F et al. / Diabetes Clínica 01 (2002) 60~61 anos o índice de portadores de diabetes aumenta para expressivos 14% [7]. Essas pessoas, além das vacinas comuns ao calendário corrente de vacinação, devem receber também as vacinas contra gripe e contra o pneumococo [3,8,9]. Os números explicam claramente a necessidade de prevenção dessas infecções. Os pacientes com diabetes mellitus têm seis vezes maior risco de hospitalização e três vezes maior risco de morte em decorrência de gripe e de pneumonia [3,10]. Calcula-se que anualmente nos Estados Unidos entre 10 mil e 30 mil diabéticos morram em decorrência de complicações causadas por gripe ou pneumonia [5]. Além disso, durante as epidemias de gripe, a taxa de morte de diabéticos aumenta de 5% a 15% [10]. Os índices totais de mortalidade deste grupo é de aproximadamente 12% em decorrência da gripe e pode chegar até 36% em função de infecções pneumocócicas (como pneumonia e septicemia) [11]. Além das vacinas contra gripe e pneumocócica, os portadores de diabetes devem manter-se em dia com a imunização contra outras infecções. Todos os indivíduos devem estar regularmente vacinados contra a poliomielite; a hepatite B; o sarampo, a caxumba, a rubéola e a varicela (caso nunca tenham apresentado essas infecções); o tétano e a difteria; entre outras vacinas consagradas e que estão à disposição para a prevenção de doenças infecto-contagiosas. O portador de diabetes é um indivíduo que necessita de cuidados e atenção e todos os profissionais envolvidos com seu tratamento devem estar devidamente informados sobre as atuais recomendações. Assim, é imprescindível que o profissional da saúde assuma seu papel de educador e exerça sua principal vocação que é preservar vidas, indicando as vacinas e incentivando seus pacientes a manterem-se devidamente imunizados. 61 Referências 1. Colquhoun AJ et al. Effectiveness of influenza vaccine in reducing hospital admissions in people with diabetes. Epidemiol Infect 1997;119:335-41. 2. Sociedade Brasileira de Diabetes. Consenso Brasileiro sobre Diabetes. Diagnóstico e Classificação do Diabetes Mellitus e Tratamento do Diabetes Mellitus Tipo 2. Versão Final e Definitiva. Recomendações da Sociedade Brasileira de Diabetes, Maio de 2000. 3. CDC. Prevention and Control of Influenza: recommendations of the Advisory Committee on Immunization Practices (ACIP). MMWR 2001;50(RR-4). 4. CDC. National Diabetes Fact Sheets. National estimates and general information on diabetes in the United States. 1998. http://www.cdc.gov 5. CDC. Flu shots can be a life preserver for people with diabetes, CDC says. 1998. www.cdc.gov 6. CDC. Influenza and Pneumococcal Vaccination Rates among Persons with Diabetes Mellitus – United States, 1997. MMWR 1999;48(42):961-7. 7. Dados não publicados. Pesquisa realizada pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, pela Aventis Pasteur e pelo Instituto DataFolha sobre a Campanha de Vacinação do Idoso, 2001. 8. CDC. Prevention of Pneumococcal Disease: recommendations of the Advisory Committee on Immunization Practices (ACIP). MMWR 1997;46(RR-8). 9. Centro de Vigilância Epidemiológica de São Paulo (CVESP). Informe técnico. Campanha Nacional de Vacinação para o Idoso 2000. Na Internet: ftp://ftp.cve.saude.sp.gov.br/ doc_tec/idoso%202000.pdf. 10. CDC. Diabetes Projects. Diabetes and Flu/Pneumococal Campaign. Diabetes Public Health Resource 2001. http:// www.cdc.gov/diabetes/projects/aboutcampaign.htm. 11. National Coalition for Adult Immunization. Improving Influenza and Pneumococcal Immunization rates among highrisk Adults. A Call to Action. Summary of a Roundtable Hosted by The National Coalition for Adult Immunization 1998. http://www.nfid.org/ncai/publications/roundtable/ 62 Santos RD et al. / Diabetes Clínica 01 (2002) 62~67 Diabetes Clínica Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 01 (2002) 62~67 ATUALIZAÇÃO Resumo das III Diretrizes Brasileiras sobre Dislipidemias e Diretriz de Prevenção da Aterosclerose do Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia Coordenador geral: Raul D. Santos, Vice Presidente do Departamento de Aterosclerose da SBC 20002001, Coordenador das III Diretrizes Brasileiras Sobre Dislipidemias - Diretriz de Prevenção da Aterosclerose; Comissão de Redação e de Divulgação: Sérgio D. Giannini (SP), Raul D. Santos (SP), Francisco H. Fonseca (SP), Emílio H. Moriguchi (RS); Coordenadores I - Metabolismo lipídico: Raul C. Maranhão (SP): II – Aterogênese: Protásio Lemos da Luz (SP); III – Determinações laboratoriais: José Carlos Lima (BA); IV - Classificação das dislipidemias: Wilson Salgado Filho (SP); V - Lípides e aterosclerose: aspectos epidemiológicos, clínicos e preventivos: Álvaro Avezum (SP) e Bruce Duncan (RS); VI - Estratificação de risco e metas lipídicas para a prevenção da aterosclerose: Andréia A. LouresVale (MG); VII - Mudança do estilo de vida: José Ernesto dos Santos (SP); VIII -Tratamento medicamentoso das dislipidemias: Marcelo C. Bertolami (SP); IX - Dislipidemias em grupos especiais: André A. Faludi (SP); X - Genética e dislipidemias: Francisco H. Fonseca (SP). Agradecemos o Prof. Dr. Raul D. Santos pela autorização de reprodução dessas diretrizes, já publicadas em Arquivos Brasileiros de Cardiologia, volume 77, sup 3, novembro de 2001. O texto completo das diretrizes é disponível no site da Sociedade Brasileira de Cardiologia: www.cardiol.br Data final de elaboração da versão: 23 de agosto de 2001. Participantes: Abel Pereira (SP), Abrahão Afiúne Neto (GO), Agnaldo David de Souza (BA), Alváro Avezum (SP), André A. Faludi (SP), Andrei C. Spósito (SP), Andréia A. Loures-Vale (MG), Ana Maria Lottenberg (SP), Antonio Carlos P. Chagas (SP), Antônio de Pádua Mansur (SP), Armênio Guimarães (BA), Bruce Duncan (RS), Bruno Caramelli (SP), Cleonice Carvalho Coelho Mota (MG), Carisi Polanczyk (RS), Carlos Scherr (RJ), Dikran Armaganijan (SP), Dante M. Giorgi (SP), Éder Quintão (SP), Edgar P. de Mello (PE), Edna Nakandakare (SP), Egle Opie (SP), Eliane Cotta de Faria (SP), Eloisa Janovich (SP), Emílio Moriguchi (RS), Francisco H. Fonseca (SP), Geraldo Picheth (PR), Giuseppe Dioguardi (SP), Guido Rosito (RS), Hermes Toros Xavier (SP), Ieda L. Lopes (SP), Ivana da Cruz (RS), Jaqueline S. Issa (SP), Jayme Diament (SP), José Antônio F. Ramires (SP), José Carlos Basques (MG), José Carlos Lima (BA), José Carlos Nicolau (SP), José Eduardo Krieger (SP), José Ernesto dos Santos (SP), José Jayme Galvão (SP), José Mendes Aldrighi (SP), José Paulo Novazzi (SP), Leonor Pinto de Almeida (SP), Liliana Paula Bricarello (SP), Lísia Rabelo (BA), Luciana Uint (SP), Luiz Antônio Machado César (SP), Luis Carlos Bodanese (RS), Luiz Introcaso (DF), Maria Cristina Izar (SP), Maria Eliane C. Magalhães (RJ), Maria Helena Catelli (MG), Mariléia Scartezini (PR), Marcelo C. Bertolami (SP), Marcus V. B. Malachias (MG), Michel Batlouni (SP), Nabil Ghorayeb (SP), Nadine Clausell (RS), Neusa A. Forti (SP), Olavo Garcia F. Silva (PR), Otávio C. E. Gebara (SP), Otávio R. Coelho (SP), Protásio Lemos da Luz (SP), Raul C. Maranhão (SP), Raul D. Santos (SP), Ricardo Stein (SC), Rosana Perim Costa (SP), Sérgio D. Giannini (SP), Sérgio Kaiser (RJ), Sérgio Timerman (SP), Sílvia Ihara (SP), Tania Martinez (SP), Thales de Carvalho (SC), Wilson Salgado Filho (SP). Descrição do método de coleta de evidências: Levantamento bibliográfico no MEDLINE e INDEX MEDICUS Latino Americano, Consulta às Diretrizes Européias 1998 e Americanas 2001 e a Documentos de Consenso sobre Excesso de Peso e Tabagismo. Santos RD et al. / Diabetes Clínica 01 (2002) 62~67 As recomendações deste documento seguem os seguintes critérios de evidência adotados pela Sociedade Brasileira de Cardiologia: Graus de recomendações A) Conclusiva e/ou unanimemente recomendado (sempre usar): conduta terapêutica conclusivamente útil e segura; eficácia e segurança comprovadas (quase sempre se requer níveis de evidência excelentes 1 ou 2). B) Recomendado como aceitável, mas com ressalvas (deve-se geralmente indicar): conduta aceitável e segura, grande potencial de utilidade, mas ainda sem comprovação conclusiva (evidência menos sólida). C) Recomendação indefinida (é inteiramente a critério individual, usar ou não): conduta para a qual não há evidência segura, nem favorável, nem desfavorável, quanto à eficácia e segurança (pode ser conduta terapêutica tradicionalmente utilizada, sem comprovação científica). D) Conduta terapêutica não recomendada, embora possa, em alguns contextos de excepcionalidade ser adotada (opção muito fraca, geralmente não indicar): evidência minimamente sugestiva de eficácia e segurança, embora se divise algum potencial de utilidade em algumas circunstâncias. E) Conclusiva e/ou unanimemente não-recomendado (nunca usar): (Comissão de Cardiologia Baseada em Evidências da Sociedade Brasileira de Cardiologia e Associação Médica Brasileira – no prelo). Níveis de evidência Nível 1 - Evidência baseada em múltiplos estudos randomizados, controlados, amplos, concordantes e com poder estatístico adequado; preferencialmente com revisão sistemática conclusiva. Nível 2 - Evidência baseada em poucos estudos randomizados, controlados, concordantes, de médio porte ou metanálise de vários estudos dessa natureza, pequenos (equivalendo a estudo de moderado porte). Nível 3 - > 1 estudo randomizado, controlado, de ótima qualidade. Nível 4 - > 1 estudo de coorte de alta qualidade Nível 5 - > 1 estudo de caso-controle de alta qualidade Nível 6 - > 1 série de casos de alta qualidade - inclui registros. Nível 7 - Evidência apenas baseada em: extrapolações de resultados coletados para outros propósitos (testar outras hipóteses); conjecturas racionais, experimentos com animais, ou baseados em modelos mecanísticos de fisiopatologia; conduta antiga, adotada em prática comum; opiniões sem referência a estudos anteriores. (Comissão de Cardiologia Baseada em Evidências da Sociedade Brasileira de Cardiologia e Associação Médica Brasileira). 63 Nota: as recomendações emitidas neste documento de forma geral refletem as evidências de efetividade das intervenções. Portanto, não incorpora, de forma sistemática, análises de custo-efetividade. Desta forma, este documento não deve ser encarado como um guia global absoluto para ser-viços preventivos em nível de saúde pública. I - Classificação das dislipidemias A) Classificação laboratorial Hipercolesterolemia isolada (aumento do colesterol total-CT e ou LDL-colesterol LDL-C) Hipertrigliceridemia isolada (aumento dos triglicérides-TG) Hiperlipidemia mista (aumento do CT e dos TG) Diminuição isolada do HDL-colesterol (HDL-C) ou associada a aumento dos TG ou LDL -C. Valores de referencia dos lípides para indivíduos >20 anos de idade Lípides Valores Categoria CT LDL-C HDL-C TG <200 200-239 ≥240 <100 100-129 130-159 160-189 ≥190 < 40 >60 < 150 150-200 200-499 ≥500 Ótimo Limítrofe Alto Ótimo Desejável Limítrofe Alto Muito alto Baixo Alto Ótimo Limítrofe Alto Muito alto B) Classificação etiológica Dislipidemias primárias - origem genética Dislipidemias secundárias - Causadas por outras doenças ou uso de medicamentos: hipotireoidismo, diabetes mellitus (DM), síndrome nefrótica, insuficiência renal crônica, obesidade, alcoolismo, icterícia obstrutiva, uso de doses altas de diuréticos, betabloqueadores, corticosteróides, anabolizantes. II - Avaliação laboratorial das dislipidemias O perfil lipídico é definido pelas determinações do CT, HDL-C, TG e, quando possível, do LDL-C* após jejum de 12h a 14h. * Fórmula de Friedewald: LDL-C = CT – HDL-C – TG/5 (válida se TG <400mg/dL). O perfil lipídico deverá ser realizado em indivíduos com um estado metabólico estável, dieta habitual e peso devem ser mantidos por pelo menos duas semanas antes da realização do exame. Levar em consideração que após qualquer doença ou cirurgia em geral, o perfil lipídico do paciente poderá estar temporariamente 64 Santos RD et al. / Diabetes Clínica 01 (2002) 62~67 comprometido. Recomenda-se, portanto, aguardar pelo menos oito semanas para a determinação dos lípides sangüíneos. Nenhuma atividade física vigorosa deve ser realizada nas 24h que antecedem o exame. Realizar as dosagens seriadas sempre que possível no mesmo laboratório para tentar minimizar o efeito da variabilidade analítica. Evitar a ingesta de álcool nas 72h que antecederem a coleta do sangue. Grau de recomendação: B. Nível de evidência: 4. Dosagem da homocisteína, Lp(a) e fatores hemostáticos Não é recomendada a determinação rotineira da homocisteína, Lp(a), fibrinogênio e outros fatores hemostáticos. Grau de recomendação: C. Nível de evidência: 3. Proteína C reativa de alta sensibilidade (PCR-as) Recomendação A proteína C reativa de alta sensibilidade (PCR-as) poderá ser determinada no auxílio da estratificação do risco de aterosclerose clínica. Indivíduos acima do 3 o percentil de distribuição encontram-se sob risco relativo maior de eventos do que os nos percentis 1 e 2. Nesses indivíduos deve ser considerada mudança agressiva do estilo de vida e controle dos fatores de risco presentes. Grau de recomendação: B. Nível de evidência: 2. III - Estratificação de risco e metas lipídicas de tratamento para a aterosclerose Estratificação de risco O LDL-C é fator causal e independente de aterosclerose sobre o qual devemos agir para diminuir a morbi-mortalidade. A prevenção deve ser baseada no risco absoluto de eventos coronarianos. Todos os indivíduos devem ser submetidos à mudança do estilo de vida (MEV) - dieta, exercício, abstenção do fumo, perda de peso. Fatores de risco para aterosclerose que modificam as metas de LDL-C: • Fumo • Hipertensão arterial sistêmica (PA =ð140/ 90mmHg) • HDL-C* <40mg/dL • Diabetes mellitus (diabéticos são considerados como portadores de aterosclerose) • Idade (≥45 anos para homens e ≥55 anos para mulheres) • História familiar precoce de aterosclerose (parentes de primeiro grau <55 anos para homens e <65 anos para mulheres) • *HDL-C >60mg/dL são considerados um fator protetor devendo serdescontado um fator de risco da soma. A) Baixo risco: Risco absoluto de eventos < que 10% em 10 anos. Indivíduos com 1 FR (excetuando DM) além do colesterol (LDL-C >160mg/dL). Não é necessário o uso de escores de risco. Recomendação: Meta LDL-C <130mg/dL, entretanto, tolera-se LDL-C até 160mg/dL. Perfil desejado: CT <200mg/dL, HDL-C >40mg/dL e TG <150mg/dL. Grau de recomendação: B. Nível de evidência: 2. Recomendação Nível de LDL-C (mg/dL) Orientação Verificações Até 159 MEV 6 meses* 160 - 190 MEV 3 meses* >190 tratamento medicamentoso *O tratamento medicamentoso nessa faixa de risco é opcional e deverá ser iniciado dependendo da intensidade dos FR: tabagismo importante (>40 cigarros dia), história familiar importante, HDL-C muito baixo. B) Médio risco: risco de evento >10% porém menor do que 20% em 10 anos. Indivíduos com 2 FR (excetuando DM) além do colesterol (LDL-C >160mg/dL). Recomendação: Meta LDL <130mg/dL Grau de recomendação para o LDL-C: A. Nível de evidência: 1. Perfil desejado: CT <200 mg/dL, HDL-C > 40 mg/ dL e TG< 150 mg/dL. Grau de recomendação para os TG e HDL-C: B. Nível de evidência: 2. O cálculo do risco absoluto de eventos poderá ser feito pelo uso do escore de risco de Framingham (ERF) que avalia o risco de eventos coronarianos em 10 anos. Recomendação Nível de LDL-C (mg/dL) Orientação Verificações Até 160 MEV 3 meses >160 tratamento medicamentoso C) Alto risco: risco de evento >20% em 10 anos ou >20% extrapolando-se a idade para os 60 anos de vida. Indivíduos com > de 2 FR (excetuando DM) além do colesterol (LDL-C >160mg/dL), principalmente homens com idade acima dos 55 anos e outros FR associados, diabéticos e portadores de doença aterosclerótica coronariana ou não (aneurisma de aorta, insuficiência vascular periférica ou doença cerebrovascular sintomática). Portadores de síndromes genéticas, como Santos RD et al. / Diabetes Clínica 01 (2002) 62~67 a hipercolesterolemia familiar e a hiperlipidemia familiar combinada, também se encontram nesse grupo. O cálculo do risco absoluto de eventos poderá ser feito pelo uso do escore de risco de Framingham. O ERF dá uma idéia do risco de eventos coronarianos em diabéticos, entretanto, não é recomendado para se estabelecer a meta lipídica, já que a mesma nesses indivíduos é LDL-C <100mg/dL. Da mesma forma, o ERF não é indicado para os indivíduos portadores de manifestações clínicas da aterosclerose ou dislipidemias de origem genética. Recomendação: prevenção primária de alto risco e prevenção secundária - meta: LDL <100mg/dl Grau de recomendação para o LDL-C: A. Nível de evidência: 1. Perfil desejado: CT <200mg/dL, HDL-C >40mg/dL (HDL-C >45mg/dL em diabéticos) e TG <150mg/dL. Recomendação para o CT: A. Nível de evidência: 2. Grau de recomendação para o HDL-C e TG: B. Nível de evidência: 2. Recomendação Nível de LDL-C (mg/dL) Orientação Verificações 100-129* MEV 3 meses ≥130 tratamento medicamentoso imediato *Recomendação: LDL-C entre 100 e 129mg/dL, nesses casos, não é obrigatório o início do tratamento medicamentoso imediato já nesses níveis. Se após três meses as metas não forem atingidas, recomenda-se iniciar o tratamento medicamentoso. 65 240-279 ≥280 2 3 1 3 Homens 2 1 0 0 -1 Mulheres 5 2 1 0 -3 Passo 3 HDL-C <35 35-44 45-49 50-59 ≥60 Passo 4 PAS < 120 120-129 130-139 140-159 ≥160 PAD < 80 80-84 85-89 90-99 ≥100 Homens 0 0 1 2 3 Mulheres -3 0 0 2 3 Quando os valores da PAS e PAD discordarem usar o mais alto. Passos 5 e 6 Diabetes Sim Não Fumo Sim Não Homens 2 0 Mulheres 4 0 2 0 2 0 Passo 7 somar os pontos Idade+ CT+ HDL-C+ PAS ou PAD + DM + Fumo = total de pontos Passo 8 veja o risco absoluto nas tabelas Uso de escores de risco de Framingham como ferramenta de auxílio na estratificação do risco de eventos clínicos coronarianos O ERF calcula o risco absoluto de eventos coronarianos (morte, IAM e angina de peito) em 10 anos. São atribuídos pontos para idade, pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD), CT, HDL-C, fumo (qualquer cigarro no último mês) e presença ou não de DM. Após o cálculo dos pontos deve-se consultar a tabela anexa para ambos os sexos. Passo 1 Idade 30-34 35-39 40-44 45-49 50-54 55-59 60-64 65-69 70-74 Homens -1 0 1 2 3 4 5 6 7 Mulheres -9 -4 0 3 6 7 8 8 8 Homens -3 0 1 Mulheres -2 0 1 Passo 2 Colesterol Total < 160 160-199 200-239 Homens Pontos <-1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 ≥14 Homens Risco de DAC em 10 anos % 2 3 3 4 5 7 8 10 13 16 20 25 31 37 45 53 Mulheres Mulheres Risco de Pontos DAC em 10 anos % ≤-2 1 -1 2 0 2 1 2 2 3 3 3 4 4 5 4 6 5 7 6 8 7 9 8 10 10 11 11 12 13 13 15 14 18 15 20 16 24 17 ≥27 Excesso de peso, obesidade e síndrome plurimetabólica O excesso de peso (índice de massa corpórea – IMC > 25kg/m2), principalmente acúmulo de gordura na região abdominal, está associado a um maior risco de doença aterosclerótica. 66 Santos RD et al. / Diabetes Clínica 01 (2002) 62~67 A medida da circunferência da cintura permite-nos identificar portadores de obesidade androgênica. Risco muito aumentado: medida de cintura >88cm mulheres e >102cm nos homens. Recomendação: Nesses indivíduos, enfatizamos que a MEV que levem à perda de peso, tais como exercício, dieta e, em casos específicos, farmacoterapia é de extrema importância . Grau de recomendação: B. Nível de evidência: 2. utilizando-se as doses necessárias (lovastatina 20mg80mg, sinvastatina 10mg-80mg, pravastatina 20mg40mg, fluvastatina 10mg-80mg, atorvastatina 10mg80mg, cerivastatina 0,2mg-0,8mg-retirada do mercado em agosto de 2001 para avaliação de segurança). Uma vez estabelecido o tratamento este deverá ser seguido por tempo indeterminado. As vastatinas devem ser suspensas caso haja aumento das aminotransferases >3 vezes os valores normais, ou se houver dor muscular ou aumento da creatinoquinase >10 vezes o valor normal. Grau de recomendação: A. Nível de evidência: 1. IV - Mudanças do estilo de vida (MEV) A) Tratamento dietético Para a hipercolesterolemia recomenda-se dieta pobre em colesterol e gorduras saturadas. Para a hipertrigliceridemia, os que apresentam quilomicronemia, devem reduzir a in-gestão de gordura total da dieta. Na hipertrigliceridemia secundária à obesidade ou diabetes, recomenda-se, respectivamente, dieta hipocalórica, restrição de carboidratos e compensação do DM. Abstenção do consumo de álcool é recomendada em todos os casos de dislipidemias. Grau de recomendação: A. Nível de evidência: 2. Antioxidantes e álcool Não se recomenda o uso destes alimentos para o tratamento das dislipidemias nem para a prevenção da aterosclerose. Grau de recomendação: D. Nível de evidência: 1 para suplementação com os antioxidantes e 4 para o álcool. B) Exercício físico Devem ser adotadas, com freqüência de três a seis vezes por semana, sessões de em média, 40min de atividade física aeróbia. A zona alvo do exercício aeróbio deve ficar na faixa de 60% a 80% da freqüência cardíaca máxima, observada em teste ergométrico, realizado na vigência dos medicamentos de uso corrente. Grau de recomendação: B. Nível de evidência: 2. C) Tabagismo O tabagismo deve ser combatido de forma agressiva. O tratamento do tabagismo passa por duas etapas: abordagem cognitivo comportamental e farmacoterapia. Grau de recomendação: A. Nível de evidência: 2. B) Resinas de troca A colestiramina nas doses 16g-24g/dia reduz o LDLC (15%-30%) e o risco de eventos coronarianos. É fármaco de escolha em crianças e como adjuvante às vastatinas. Não deve ser usada na hipertrigliceridemia. Grau de recomendação: A. Nível de evidência: 2. C) Fibratos São indicados no tratamento da hipertrigliceridemia endógena quando houver falha das MEV ou quando esta for muito elevada (>500mg/dL). Doses dos fibratos (genfibrosila 600mg-1200mg, bezafibrato 600 mg/dia e 400mg da forma de subtração lenta, etofibrato 500mg/ dia, fenofibrato micronisado- 200mg/dia, fenofibrato 250mg/dia, ciprofibrato 100mg/dia). Têm papel na prevenção da aterosclerose clínica em indivíduos com as características dos estudos de Helsinki e VA-HIT. Grau de Recomendação: A. Nível de evidência: 2. D) Ácido nicotínico Na forma tradicional, utiliza-se a dose de 2g a 6g/dia ajustada conforme o efeito ou a tolerância. O acipimox dose 250mg até 3 vezes ao dia. Grau de recomendação: B. Nível de evidência: 2. E) Ômega-3 Os ômega-3 reduzem os TG. A dose mínima recomendada é de 4g/dia. Grau de recomendação: B. Nível de evidência: 2. F) Ácido acetil salicílico (AAS) O AAS nas doses acima de 100mg/dia deve ser prescrito para indivíduos que se encontrem sob alto risco de eventos cardiovasculares sem contra-indicação. Indivíduos hipertensos devem ter a pressão controlada. Grau de recomendação: A. Nível de evidência: 1. V - Tratamento medicamentoso das dislipidemias A) Vastatinas ou estatinas ou inibidores da HMGCoA redutase São os medicamentos de escolha para se reduzir o LDL-C em adultos. Assim, para o tratamento adequado devem ser atingidas as metas de LDL-C propostas, G) Inibidores da enzima de conversão (IECA) Os IECA devem ser prescritos para indivíduos em prevenção secundária principalmente os que apresentem disfunção ventricular esquerda ou para diabéticos que apresentem algum outro FR associado ou nefropatia. Grau de recomendação: B. Nível de evidência: 1. Santos RD et al. / Diabetes Clínica 01 (2002) 62~67 H) Betabloqueadores (BB) Os BB devem ser prescritos para indivíduos que sofreram IAM principalmente os que apresentam disfunção ventricular. Grau de recomendação: A. Nível de evidência: 1. 67 B) Idosos (>70 anos) Nessa faixa etária, deve ser dada especial atenção ao afastamento de causas secundárias de dislipidemias. Os estudos de prevenção secundária com vastatinas mostram alta eficácia nessa faixa etária. Grau de recomendação: B. Nível de evidência: 2. VI - Dislipidemias em grupos especiais A) Síndromes isquêmicas agudas (SIA) O perfil lipídico deverá ser determinado em todos os portadores de SIA preferencialmente nas primeiras 24h após o evento. Após esse período o LDL-C diminui. As vastatinas estão indicadas para os indivíduos no IAM ou angina instável se o LDL-C =ð130mg/dL. Para os com LDL-C 100mg/dL-129mg/dL o uso fica a critério do médico e se LDL-C <100mg/dL não há indicação nesse momento. O LDL-C deverá ser reavaliado 2 meses após o evento agudo e seguidas as recomendações da prevenção secundária. Grau de recomendação: B. Nível de evidência: 2. C) Mulheres no período climatérico pósmenopausal Embora os estrogênios melhorem o perfil lipídico não há indicação da terapia de reposição hormonal para a prevenção da aterosclerose. Grau de recomendação C na prevenção primária. Nível de evidência: 4. Grau de recomendação D na prevenção secundária. Nível de evidência: 2. D) Mulheres 20-45 anos e homens 20-35 anos A MEV devem ser enfatizadas em adultos jovens com LDL =130. Entretanto, deve se considerar terapia hipolipemiante para indivíduos com LDL-C entre 160mg/dL-189mg/dL, principalmente em fumantes. Aqueles com LDL-C >190mg/dL devem receber terapia hipolipemiante como os adultos mais velhos. Grau de recomendação: B. Nível de evidência: 2. 68 Diabetes Clínica Diabetes Clínica 01 (2002) 68~69 Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Noticias das associações Dia mundial da Saúde 7 de abril de 2002 Agita Mundo – Agitando para a saúde O sedentarismo está presente em mais de 70% da população brasileira e do mundo. Recentes estudos apontam que o sedentarismo mata mais que a obesidade, a hipertensão, o tabagismo, o diabetes e o colesterol alto. O estilo de vida (falta de atividade física e alimentação não balanceada) é responsável por 54% do risco de morte por infarto e 50% do risco de morte por derrame cerebral que são as principais causas de morte na população mundial. Mas além de levar a morte o sedentarismo custa caro: sabe-se que não só nos países ricos, mas mesmo nós do terceiro mundo 70% dos gastos com saúde são para cobrir custos das doenças originadas pelo sedentarismo como diabetes, osteoporose, depressão, entre outras. O custo com o tratamento médico devido a inatividade física pode variar entre 2,4% e 9% do total dos custos médicos do setor da saúde. Com este preocupante panorama e considerando que a mudança para um estilo de vida ativo reduz em 40% o risco de morte por problemas cardiovasculares, foi lançado oficialmente pela Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo, o programa Agita São Paulo, coordenado pelo Centre de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul – CELAFISCS, com os objetivos de aumentar o nível de conhecimento sobre os benefícios da atividade física para saúde e aumentar o nível de atividade física da população. O Agita São Paulo, que envolve 170 instituições parceiras governamentais e não governamentais, adotou a nova mensagem de promoção da saúde que preconiza que “todo cidadão deve realizar pelo menos 30 minutos de atividade física, na maior parte dos dias da semana (se possível todos), de intensidade moderada, realizada de forma contínua ou acumulada”, no cotidiano em três ambientes básicos: nas atividades domésticas; no transporte (ao trabalho ou à escola); e no lazer. Após 5 anos de sucesso, o programa Agita São Paulo passou os limites do Estado chegando a uma estratégia nacional com o Programa Agita Brasil, com o apoio do Ministério da Saúde, e as fronteiras nacionais com o Agita América. Por causa do sucesso do modelo do programa (reconhecido pela Organização Mundial da Saúde como um modelo de promoção da saúde), foi decidido pela diretora geral da OMS, Dr. Gro Harlem Brundtland, durante a 54a Assembléia da Saúde, que o tema do Dia Mundial da Saúde de 2002 será a promoção da atividade física e a nutrição saudável, e que para tanto o slogan da campanha será, inspirado no Agita São Paulo, “Agita Mundo”. O foco do evento mundial do dia 7 de abril será a cidade de São Paulo. Noticias das associações – Diabetes Clínica 01 (2002) 68~69 Continuação 69 O objetivo de Agita Mundo será mobilizar no dia 7 de abril de 2002 de forma global a população em uma grande caminhada para sensibilizar a adoção de um estilo de vida ativo e de hábitos nutricionais saudáveis como forma de manter a saúde. É esperado que cada país organize seu próprio evento no maior número de cidades possíveis respeitando e aproveitando as diferenças culturais como forma de promoção da mensagem de uma vida saudável. Cada País será estimulado a enviar o relatório de atividades on-line no dia do evento em um site específico do evento na Internet para termos simultaneamente o impacto deste Dia no mundo todo. Por tanto você e sua cidade podem e devem participar deste evento mundial já que as ações serão mundialmente reconhecidas e incorporadas na home page do Agita Mundo: www.agitamundo.org.br Na cidade de São Paulo, cidade sede do evento que receberá os representantes da organização Mundial da Saúde, será organizada uma caminhada pelo programa Agita São Paulo no Parque do Ibirapuera com uma grande concentração e realização de apresentações atísticas, culturais e realização de atividades físicas e recreativas. Informação – Agita Mundo Tel/Fax: (11) 4229-8980/4229-9643 www.agitasp.com.br www.agitamundo.org.br E-mail: [email protected] Secretário de Estado da Saúde de São Paulo: José da Silva Guedes Centro de Estudos do laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul (CELAFISCS): Victor K.R. Matsudo, Douglas Roque Andrade, Sandra M.M. Marsudo. Reginaldo Andrade, Timóteo Araújo. Luís carlos Oliveira, Glaucia F. Braggion FICHA PRÁTICA Diabetes Clínica 11 Os adoçantes Os adoçantes dietéticos são produzidos a partir de edulcorantes, substâncias naturais ou artificiais responsáveis pelo sabor doce. Eles possuem um poder de adoçamento geralmente muito maior que o açúcar de cana (açúcar comum) e são recomendados para dietas especiais como as de restrição (principalmente no diabetes) e de emagrecimento. Sacarina Primeira substância adoçante sintética a ser descoberta (1878), extraída de um derivado do petróleo, o ácido ciclo hexano sulfâmico, tem poder adoçante 500 vezes maior do que a sacarose e é usada desde 1900. Em altas concentrações deixa sabor residual amargo e metálico, e não é metabolizada pelo organismo. É de fácil solubilidade e estável em altas temperaturas, podendo ser utilizado em preparações quentes. IDA (Ingestão Diária Aceitável): 5 mg/kg de peso corporal. Ciclamato Descoberto em 1939, entrou no mercado a partir da década de 50. Como a sacarina, é edulcorante artificial largamente usado no setor alimentício, sendo aplicado em adoçantes de mesa, bebidas dietéticas, geléias, sorvetes, gelatinas, etc. Com o menor poder adoçante, é 40 vezes mais doce que a sacarose, não calórico e possui sabor agradável e semelhante ao açúcar refinado (apresentando um leve gosto residual). Absorve-se parcialmente no intestino, é eliminada pelos rins. Alguns indivíduos metabolizam uma pequena quantidade no intestino, pela ação da flora intestinal. Não perde a doçura quando submetido a altas/ baixas temperaturas e meios ácidos. Sinergético quando combinado com outros adoçantes de baixas calorias como acesulfame K, aspartame, neoesperidina, sacarina e sucralose. IDA (Ingestão Diária Aceitável): 11 mg/kg de peso corporal. Aspartame Edulcorante artificial descoberto em 1965, É uma proteína adocicada produzida a partir de dois aminoácidos encontrados normalmente nos alimentos: fenilalanina e ácido aspártico. Possui sabor agradável e semelhante ao açúcar branco, só que com potencial adoçante 200 vezes maior, permitindo o uso de pequenas quantidades. Seu valor energético corresponde a 4 cal/g. Muito usado pela indústria alimentícia, principalmente nos refrigerantes diet. Sensível ao calor, perde o seu poder de adoçamento em altas temperaturas. A doçura também poderá diminuir quando muito tempo armazenado. É contra-indicado a portadores de fenilcetonúria, uma doença genética rara que provoca o acúmulo da fenilalanina no organismo, causando retardo mental. IDA: 40 mg/kg de peso corporal. Acesulfame-k Criado em 1960, é o adoçante sintético de maior resistência ao armazenamento prolongado e a diferentes temperaturas. O Acesulfame-K é um sal de potássio sintético produzido a partir de um ácido da família do ácido acético Adoça 130-200 vezes mais que a sacarose, seu gosto doce é percebido de imediato e em grandes doses deixa um leve sabor residual amargo. Pode ir ao fogo por ser estável a altas temperaturas Não é calórico e nem metabolizado pelo organismo. Pode ser usado como adoçante de mesa e numa infinidade de produtos. Embora seja rapidamente absorvida, 99 % da substância é eliminada em 24 horas pela urina, de forma inalterada. IDA: 15 mg/kg de peso corporal. Steviosídeo Descoberto em 1905 e muito difundida no Japão, extraído da Stevia rebaudiana, planta originária da Serra do Amambaí, na fronteira do Brasil com o Paraguai. Das suas folhas se extrai o steviosídeo, edulcorante natural de sabor doce retardado com poder adoçante 300 vezes maior do que a sacarose. Tem boa estabilidade em altas ou baixas temperaturas. Pode ser consumida sem nenhuma contraindicação por qualquer pessoa. Não produz cáries, nem é calórica, tóxica, fermentável ou metabolizada pelo organismo. IDA: 5,5 mg/kg de peso corporal. Sucralose Descoberta em 1976. Trata-se de um edulcorante sintético com poder adoçante 600 vezes maior do que a sacarose. Não é calórico e possui sabor agradável. Não é metabolizada pelo organismo, sendo eliminada por completo em 24 horas pela urina. Estável a temperaturas altas e baixas e em longos períodos de armazenamento. Pode ser usada como adoçante de mesa, em formulações secas (como refrescos e sobremesas instantâneas), em aromatizantes, conservantes, temperos, molhos prontos, compotas, etc. Não produz cáries, além de reduzir a produção de ácidos, responsáveis pela sua formação. IDA: 15 mg/kg de peso corporal. Sorbitol Substância natural presente em algumas frutas, algas marinhas etc. Tem o poder edulcorante igual ao da sacarose e similar ao da glicose, não sendo aconselhável a pacientes obesos e diabéticos mal controlados. Calórico, fornece 4 cal/g e ao ser absorvido se transforma em frutose no organismo. A frutose é transformada em glicose no fígado, mas como o processo é lento, não altera significativamente a glicemia. Não provoca cáries, não é tóxico e apresenta boa estabilidade. Resiste, sem perder seu potencial adoçante, a processos de aquecimento, evaporação e cozimento. Doses acima de 20 a 30 g/dia produzem efeito diurético e acima de 30 a 70 g/dia causam diarréia. Em algumas pessoas esses efeitos ocorrem mesmo em doses baixas, como 10 g/dia. O sorbitol (assim como o manitol e o xilitol) aumentam a perda de minerais pelo organismo, principalmente o cálcio, podendo também provocar a formação de cálculos. Manitol Tem valor calórico equivalente ao da sacarose (4 cal/g), poder edulcorante 70% superior e um sabor levemente adocicado e refrescante. Não produz fermentação no organismo, mas provoca um significativo efeito laxativo quando ingerido em doses elevadas. Quando absorvido pelo organismo estimula a secreção de insulina ao ser parcialmente convertido em glicose, porém não causa hiperglicemia. IDA: 50 a 150 mg/kg de peso corporal. Xilitol Fornece 4 cal/g e sabor semelhante ao da sacarose, apresentando uma sensação refrescante na saliva, que aumenta quando associado ao aroma de menta. É considerado um dos melhores preventivos contra cáries. Precaução: doses acima de 30 g/dia podem provocar diarréia quando consumido pela primeira vez. A OMS não estabeleceu um limite para a IDA e o FDA (USA) indica o consumo na quantidade necessária para o adoçamento desejado. Frutose É um edulcorante natural, de sabor agradável e extraído das frutas e do mel. Contém 4 cal/g. Estudos recentes comprovam que a frutose, quando ingerida junto das refeições não altera a glicemia. Quando submetida ao calor a frutose derrete, porém mantém o seu sabor. É uma vez e meia mais doce que a sacarose, com poder de adoçamento 173 vezes maior. Excesso de frutose pode causar aumento de triglicerídeos e pessoas com problemas no metabolismo de llpipides e gorduras devem evitar o consumo desse edulcorante. Estudos comprovam que o uso por tempo prolongado dificulta a absorção do cobre, mineral importante na síntese da hemoglobina (responsável pela pigmentação dos glóbulos vermelhos). Lactose Açúcar extraído do leite muito usado como diluente nos adoçantes de mesa. Fornece 4 cal/g e precisa da presença de insulina para ser metabolizado no organismo. Seu potencial edulcorante é cerca de 15 % maior que a sacarose. Malto dextrina Açúcar extraído do milho, também muito usado como diluente nos adoçantes artificiais. Como a lactose, é insulino-dependente e tem 4 cal/g, sendo cerca de 50% mais doce que a sacarose. Dextrose Outro açúcar derivado do milho com ampla aplicação na indústria alimentícia. Sua doçura é cerca de 70% maior que a da sacarose. Possui 4 cal/g e também necessita insulina para sua metabolização. Neohesperidina É aproximadamente 400 ~ 600 vezes mais doce que a sacarose. Com relação ao aspartame e ao acesulfame-K, se misturados a neohesperidina, é muitas vezes (de 7 a 20 vezes) mais doce, dependendo do alimento em que se emprega essas misturas. A neohesperidina é um flavonoide deidrochalcone. Enquanto a neohesperidina não é encontrado em nenhuma substancia natural, estruturas relacionadas com os flavonoides e seus deidrochalcones correspondentes se encontram de forma natural em muitas plantas. É metabolizada pela flora intestinal. A neohesperidina é tipicamente usado em combinação com outros adoçantes. A neohesperidina também tem propriedades redutoras dos sabores amargos.É estável ao calor e pode ser usado então em alimentos que requerem pasteurização ou processos de UHT. Não provoca caries e pode ser usada em produtos para diabéticos. IDA: 0,5 mg/kg de peso corporal. Cepafidia 2º Curso de capacitação para a prescrição e acompanhamento da atividade física em diabetes março a junho de 2002 (Datas 23 e 24 de março, 27 e 28 de abril, 25 e 26 de maio e 22 e 23 de junho) Este curso tem o objetivo específico de fornecer informações e construir o conhecimento com respeito aos métodos de aplicação da Atividade Física na prevenção e tratamento do Diabetes, onde serão abordados os seguintes temas: Epidemiologia, etiologia e fisiopatologia; Complicações agudas, micro e macro-vasculares; Terapêutica medicamentosa e nutricional; Avanços terapêuticos no tratamento; Aspectos psicodinâmicos; Fisiologia do exercício; Acompanhamento de adaptação do exercício frente às complicações concomitantes; Noções de Educação terapêutica. O curso tem carga horária de 48 horas, distribuídos em 4 finais de semana, um encontro por mês e dividido em 02 módulos: 1º) Diabetes, da conceituação à atualização: aberto a todos os profissionais e estudantes da saúde interessados no tema. 2º) Prescrição e acompanhamento da atividade física em Diabetes: exclusivo para médicos e profissionais da Educação Física condicionado à audiência do primeiro módulo. Duração: 48h (1 final de semana por mês durante 4 meses): sábado (8-12h/13-17h), domingo (8-12h) Valor: R$ 120,00 (1º e 2º módulos); R$ 60,00 (1º módulo) Pagamento: Os pagamentos deverão ser efetuados através de depósito, em nome da ANAD, Associação Nacional de Assistência ao Diabético para o Banco Real / Agência 0985 / Conta: 636-3 Informações: ANAD (11) 5572-6559/5572-6704 ou diretamente com o Prof. Cláudio Cancellieri (11) 4816-2596, E-mail [email protected] ou [email protected] Ficha de Inscrição Nome ................................................................................................................... Endereço .............................................................................................................. Bairro ................................................................................................................... CEP .............. Cidade ......................................................... Estado ....................... Profissão .............................................................................................................. Estudante ............................................................................................................. Preencher ou copiar esta ficha de inscrição e enviá-la junto com o comprovante de depósito para: ANAD Associação Naional de Qssistência ao Diabético Rua Eça de Queiroz, 198 Vila Mariana - 04011-031 São Paulo SP Tel/Fax: (11) 5549-6704/5572-6559 - E-mail: [email protected] Diabetes Clínica 06 (2001) 72 Calendário de Eventos Março de 2002 6 a 9 de março 5th International Symposium on Clinical Advances in Osteoporosis Hawaii Convention Center, Honolulu, Hawaii Informações: National osteoporosis Foundation Tel: +1 202 223 2226 E-mail: [email protected] 7 a 10 de março 8th International Conference - Diabetes & Obesity Ocho Rios, Jamaica Informações: Thornia Smith, University of the West Indies 1-876-977-1749, Fax: 1-876-977-5233 E-mail: [email protected] 15 e 16 de março Congresso da 3ª Idade “Saber Viver” Hospital da Lagoa, Rio de Janeiro Informações e inscrições: (21) 2286-7798 / 2535-4903 / 2537-6380 20 a 22 de março 5º Congresso Português de Diabetes Vilamoura-Mariontel, Portugal Informações: K.I.T., a/c Sociedade Portuguesa de Diabetologia Tel: +351-213-504064 Fax: + 351-213-504024 E-mail: [email protected] 22 a 24 de março XIo SINE - Simpósio Internacional de Neuroendocrinologia Hotel Glória, Rio de Janeiro Informações: JZ Congressos Tel: (21) 2286-2846, Fax: (21) 2537-9134 www.jz.com.br E-mail: [email protected] 26 a 29 de março Conferência panarábica sobre diabetes Cairo, Egito Informações: Dr. A.M. Mohamed Tel: +20 122 131868, Fax: +20 122 723693 E-mail: [email protected] Abril de 2002 8 a 11 de abril XXIo Reunion of British Endocrine Societies Harrogate, Inglaterra Informações: +44 1454 619 347 E-mail: [email protected] www.endocrinology.org 11 a 13 de abril XXIIIo Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo Local: Preventório Santa Clara Av. Matheus da Costa Pinto, 2001 - Vl. Santa Cruz Campos do Jordão - SP Informações: Ascon Congressos Tel: (17) 224.0507, Fax: (17) 224.4681 26 de abril – 1 de maio Transplant 2002 Washington, DC Tel: (888) 990 2787 E-mail: [email protected] www.transplant2001.org Maio de 2002 4 a 7 de maio 5th International Diabetes Federation Western Pacific Region Congress Pequim, China Tel: +86 10 6527-8803 Fax: +86 10 6512-3754 E-mail: [email protected] Junho de 2002 12 a 15 de junho 6th International Symposium on Global Risk of Coronary Heart Disease and Stroke Florence, Itália www.lorenzinifoundation.org Tel/Fax: +39 02 2900 7018 14 a 18 de junho 62th Annual Scientific Sessions of the American Diabetes Association San Francisco, Califórnia Informações: +1 800 232 3472 E-mail: [email protected] www.diabetes.org 19 a 22 de junho ENDO 2000: LXXXIV Reunião Anual Informações: Beverly Glover, Endocrine Society Tel: +1 301 941 0220 Fax: +1 301 941 0259 Diabetes Clínica 06 (2001) 27 a 29 de junho ENDORECIFE 2002 Summerville Beach Resort - Porto de Galinhas - PE Tel/Fax: (081) 3423-1300 E-mail: [email protected] Julho de 2002 3 a 6 de julho 2º Congreso Internacional de Salud reproductiva em Diabetes Mellitus SAREDIA 2002 Centro de convenciones de Guanajuato, México Informações: Dr Jacinto Lang E-mail: [email protected] Agosto de 2002 7 a 11 de agosto 29th Annual Meeting e Educational Program American Association of Diabetes Educators Pennsylvania Convention Center, Philadelphia, Pennsylvania Tel: (312) 424-2426 www.aadenet.org/annual.htm 18 a 23 de agosto XIXo International Congress of the Transplantation Society Buenos Aires, Argentina Tel: 54 11 4381 1777 Fax: 54 11 4382 6703 E-mail: [email protected] 24 a 29 de agosto 9th International Congress on Obesity São Paulo, SP Informações: www.abeso.org.br Tel: (11) 3079-2298 Fax: (11) 3079-4232 Setembro de 2002 1 a 5 de setembro 38th Annual Meeting European Association for the Study of Diabetes / EASD 2002 Budapest, Hungria Informações: Blaguss-Volánbusz Congress Bureau, POB 706, 1365 Budapest 5 - Hungria Tel: +36 1 374 7030, 331 5627, Fax: 312 1582 E-mail: [email protected] 73 17 a 21 de setembro 52nd Annual Obesity and Associated Conditions Symposium Westin Copley Place, Boston, Massachusetts Informações: The American Society of Bariatric Physicians Tel: (303) 770 2526 Fax: (303) 779 4834 E-mail: [email protected] www.asbp.org 21 a 25 de setembro 25º Congresso Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia Blue Tree Towers Brasília - DF Informações: SBEM Tel: (21) 2507-5189 Fax: (21) 2221-7577 ramal 1193 E-mail: [email protected] Outubro de 2002 4 a 6 de outubro XXIV Congress of Endocrinology and metabolic diseases of Turkey Istambul, Turquia Informações: +90 312 310 5350 E-mail: [email protected] www.semt.org.tr 5 a 9 de outubro VIo International Congress on Endocrine Diseases Teheran, Irã Informações: +98 21 241 6282 E-mail: [email protected] www.erc-iran.com/iced Fevereiro de 2003 3th International Symposium on Diabetes & Pregnancy Geneva, Switzerland Informações: PO Box 50006 Tel Aviv 61500 Israel Tel: 972 3 514 0014 E-mail: [email protected] Junho de 2003 14 a 17 de junho 63th Annual Scientific Sessions of the American Diabetes Association New Orleans, Louisiana Informações: +1 800 232 3472 E-mail: [email protected] www.diabetes.org 74 Normas de publicação Diabetes Clínica A revista Diabetes Clínica é uma publicação com periodicidade bimestral e está aberta para a publicação e divulgação de artigos científicos das áreas relacionadas ao diabetes. Os artigos publicados em Diabetes Clínica poderão também ser publicados na versão eletrônica da revista (Internet) assim como em outros meios eletrônicos (CDROM) ou outros que surjam no futuro, sendo que pela publicação na revista os autores já aceitem estas condições. A revista Diabetes Clínica assume o “estilo Vancouver” (Uniform requirements for manuscripts submitted to biomedical journals, N Engl J Med 1997;336(4):309315) preconizado pelo Comitê Internacional de Diretores de Revistas Médicas, com as especificações que são detalhadas a seguir. Ver o texto completo desses Requisitos Uniformes em nosso site www.atlanticaeditora.com.br (“Apresentação de artigo científico”) Os autores que desejarem colaborar em alguma das seções da revista podem enviar sua contribuição (em arquivo eletrônico/e-mail) para nossa redação, sendo que fica entendido que isto não implica na aceitação do mesmo, que será notificado ao autor. O Comitê Editorial poderá devolver, sugerir trocas ou retorno de acordo com a circunstância, realizar modificações nos textos recebidos; neste último caso não se alterará o conteúdo científico, limitando-se unicamente ao estilo literário. 1. Editorial Trabalhos escritos por sugestão do Comitê Científico, ou por um de seus membros. Extensão: Não devem ultrapassar três páginas formato A4 em corpo (tamanho) 12 com a fonte English Times (Times Roman) com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobrescrito, etc; a bibliografia não deve conter mais que dez referências. 2. Artigos originais Serão considerados para publicação, aqueles não publicados anteriormente, tampouco remetidos a outras publicações, que versem sobre investigação, clínica, diagnóstico, terapêutica e tratamento dentro das áreas definidas anteriormente. Texto: Recomendamos que não seja superior a 12 páginas, formato A4, fonte English Times (Times Roman) tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobre-escrito, etc. Tabelas: Considerar no máximo seis tabelas, no formato Excel/Word. Figuras: Considerar no máximo 8 figuras, digitalizadas (formato .tif ou .gif) ou que possam ser editados em Power-Point, Excel, etc. Bibliografia: É aconselhável no máximo 50 referências bibliográficas. Os critérios que valorizarão a aceitação dos trabalhos serão o de rigor metodológico científico, novidade, originalidade, concisão da exposição, assim como a qualidade literária do texto. 3. Revisão Serão os trabalhos que versem sobre alguma das áreas relacionadas ao Diabetes, ao encargo do Comitê Científico, bem como remetida espontaneamente pelo autor, cujo interesse e atualidade interessem a publicação na revista. Quanto aos limites do trabalho, aconselha-se o mesmo dos artigos originais. 4. Comunicação breve Esta seção permitirá a publicação de artigos curtos, com maior rapidez. Isto facilita que os autores apresentem observações, resultados iniciais de estudos em curso, e inclusive realizar comentários a trabalhos já editados na revista, com condições de argumentação mais extensa que na seção de cartas do leitor. Texto: Recomendamos que não seja superior a três páginas, formato A4, fonte English Times (Times Roman) tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobre-escrito, etc. Tabelas e figuras: No máximo quatro tabelas em Excel e figuras digitalizadas (formato .tif ou .gif) ou que possam ser editados em Power Point, Excel, etc Bibliografia: São aconselháveis no máximo 15 referências bibliográficas. 5. Resumos Nesta seção serão publicados resumos de trabalhos e artigos inéditos ou já publicados em outras revistas, ao cargo do Comitê Científico, inclusive traduções de trabalhos de outros idiomas. 6. Correspondência Esta seção publicará correspondência recebida, sem que necessariamente haja relação com artigos publicados, porém relacionados à linha editorial da revista. Caso estejam relacionados a artigos anteriormente publicados, será enviada ao autor do artigo ou trabalho antes de se publicar a carta. Texto: Com no máximo duas páginas A4, com as especificações anteriores, bibliografia incluída, sem tabelas ou figuras. 75 PREPARAÇÃO DO ORIGINAL 1. Normas gerais 1.1 Os artigos enviados deverão estar digitados em processador de texto (Word, Wordperfect, etc), em página de formato A4, formatado da seguinte maneira: fonte Times Roman (English Times) tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobrescrito, etc. 1.2 Numere as tabelas em romano, com as legendas para cada tabela junto a mesma. 1.3 Numere as figuras em arábico, e envie de acordo com as especificações anteriores. As imagens devem estar em tons de cinza, jamais coloridas, e com qualidade ótima (qualidade gráfica – 300 dpi). Fotos e desenhos devem estar digitalizados e nos formatos .tif ou .gif. 1.4 As seções dos os artigos originais são estas: resumo, introdução, material e métodos, resultados, discussão, conclusão e bibliografia. O autor deve ser o responsável pela tradução do resumo para o inglês e também das palavras-chave (key-words). O envio deve ser efetuado em arquivo, por meio de disquete, zip-drive, CD-ROM ou e-mail. Para os artigos enviados por correio em mídia magnética (disquetes, etc) anexar uma cópia impressa e identificar com etiqueta no disquete ou CD-ROM o nome do artigo, data e autor, incluir informação dos arquivos, tais como o processador de texto utilizado e outros programas e sistemas. 2. Página de apresentação A primeira página do artigo apresentará as seguintes informações: - Título em português e inglês. - Nome completo dos autores, com a qualificação curricular e títulos acadêmicos. - Local de trabalho dos autores. - Autor que se responsabiliza pela correspondência, com o respectivo endereço, Telefone e E-mail. - Título abreviado do artigo, com não mais de 40 toques, para paginação. - As fontes de contribuição ao artigo, tais como equipe, aparelhos, etc. 3. Autoria Todas as pessoas consignadas como autores devem ter participado do trabalho o suficiente para assumir a responsabilidade pública do seu conteúdo. O crédito como autor se baseará unicamente nas contribuições essenciais que são: a) a concepção e desenvolvimento, a análise e interpretação dos dados; b) a redação do artigo ou a revisão crítica de uma parte importante de seu conteúdo intelectual; c) a aprovação definitiva da versão que será publicada. Deverão ser cumpridas simultaneamente as condições a), b) e c). A participação exclusivamente na obtenção de recursos ou na coleta de dados não justifica a participação como autor. A supervisão geral do grupo de pesquisa também não é suficiente. 4. Resumo e palavras-chave (Abstract, Key-words) Na segunda página deverá conter um resumo (com no máximo 150 palavras para resumos não estruturados e 200 palavras para os estruturados), seguido da versão em inglês. O conteúdo do resumo deve conter as seguintes informações: - Objetivos do estudo. - Procedimentos básicos empregados (amostragem, metodologia, análise) - Descobertas principais do estudo (dados concretos e estatísticos) - Conclusão do estudo, destacando os aspectos de maior novidade. Em seguida os autores deverão indicar quatro palavras-chave (ou unitermos) para facilitar a indexação do artigo. Para tanto deverão utilizar os termos utilizados na lista de cabeçalhos de matérias médicas (Medical Subject Headings – MeSH do Index Medicus ou, no caso de termos recentes que não figurem no MeSH, os termos atuais). 5. Referências As referências bibliográficas devem ser numeradas e relacionadas em ordem na qual aparecem no texto, seguindo as seguintes normas: Livros - Número de ordem, sobrenome do autor, letras iniciais de seu nome, ponto, título do capítulo, ponto, In: autor do livro (se diferente do capítulo), ponto, título do livro (em grifo - itálico), ponto, local da edição, dois pontos, editora, ponto e vírgula, ano da impressão, ponto, páginas inicial e final, ponto. Exemplo: 1. Phillips SJ, Hypertension and Stroke. In: Laragh JH, editor. Hypertension: pathophysiology, diagnosis and management. 2nd ed. New-York: Raven press; 1995. p.465-78. Artigos – Número de ordem, sobrenome do(s) autor(es), letras iniciais de seus nomes (sem pontos nem espaço), ponto. Título do trabalha, ponto. Título da revista ano de publicação seguido de ponto e vírgula, número do volume seguido de dois pontos, páginas inicial e final, ponto. Não utilizar maiúsculas ou itálicos. Zavala AV, Braver D. Semiologia do Pé – Prevenção e tratamento do pé diabético. Diabetes Clínica 2000; 4:137-144. Os artigos, cartas e resumos devem ser enviados para: Jean-Louis Peytavin Atlantica Editora Avenida Atlântica, 604/1102 22010-000 Rio de Janeiro RJ Tel: (21) 2244 6471, Cel: (21) 9366 7088 E-mail: [email protected] Assine Diabetes Clínica Assine Diabetes Clínica por R$ 75,00 (6 edições + 1 CD-ROM) e mantenha-se bem informado sobre o que acontece de mais importante em sua área. Preencha o pedido abaixo, e envie por correio ou fax. Você receberá em seu endereço um boleto de cobrança, e, após uma semana, sua publicação. Nome: ___________________________________________________________ Profissão: _________________________________________________________ Especialidade: _____________________________________________________ Endereço: _________________________________________________________ CEP: ____________________________________________________________ Cidade: __________________________________________________________ Estado: ___________________________________________________________ E-Mail ___________________________________________________________ Se preferir fazer um depósito bancario, use os dados seguintes: Banco Itaú - agência 0030 - conta 45696-6 - titular: ATMC e mande o comprovante por fax com seu endereço para (21) 2244-6471 Qualquer informação: Tel: (21) 2221-4164, E-mail: [email protected] Atlântica Editora Rua Conde de Lages, 27 - Glória - Rio de Janeiro - RJ - CEP 20241-080 Telefax: (21) 2221-4164 - www.atlanticaeditora.com.br Diabetes Clínica Diabetes Clínica 02 (2002) 77 JORNAL MULDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS Índice (vol. 6 nº 2 - 2002) 77~152 Editorial A volta do pré-diabetes, Fadlo Fraige Filho ............................................................................................................. 79 Informes do diabetes no mundo ................................................................................................................................. 81 O diabetes na imprensa ............................................................................................................................................... 92 Avanços terapêuticos e tecnológicos .......................................................................................................................... 96 PRODUTOS E NOVIDADES. .............................................................................................................................. 104 Accu-Chek Active (Roche Diagnostics), Groselha Diet e Guaraná Diet Lowçucar (Lightsweet), Manuel de Educação em Diabetes (IEDE), doces e sorvetes dietéticos (Ofner), confeitaria sem açúcar (Day by Diet) RESUMOS DE TRABALHOS E CONGRESSOS. ............................................................................................ 108 ARTIGOS ORIGINAIS E REVISÕES A pirâmide alimentar e as porções alimentares em uma alimentação saudável, Sonia Tucunduva Philippi ........ 119 Relação entre estado de vitamina A e diabetes mellitus, Cristiane Barbosa Silva, Rejane Andréa Ramalho, Cláudia Saunders ............................................................................................................ 123 Grupos de sala de espera com pacientes diabéticos, Miriam Burd, Márcia Rebelo Maia ..................................... 129 ATUALIZAÇÃO Por que um consenso internacional sobre o pé diabético ? Hermelinda Cordeiro Pedrosa .................................. 135 Campanha de vacinação do idoso contra gripe e pneumococo e envolvimento dos profissionais da saúde, Clélia Maria S. de S. Aranda*, Mírian M. de Moura**, Rodrigo G. dos Reis***, Glaucia N. R. Vespa**** ...................... 139 American Diabetes Association Ano 2002: Implicações do United Kingdom Prospective Diabetes Study – UKPDS ............................................................... 143 FICHAS PRÁTICAS Rastreamento e identificação do pé diabético .......................................................................................................... 147 CALENDÁRIO DE EVENTOS. ........................................................................................................................... 149 NORMAS DE PUBLICAÇÕES. ........................................................................................................................... 151 78 Diabetes Clínica Diabetes Clínica 02 (2002) JORNAL MULDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS Diabetes Clínica é um jornal multidisciplinar sobre os aspectos médicos, psicológicos e sociais do diabetes e dos distúrbios associados. Para os especialistas Diabetes Clínica é um veículo de informação e formação continuada sobre o conhecimento científico da doença, a atualidade da prática clínica no tratamento do diabetes e das patologias associadas. Diabetes Clínica edita artigos científicos selecionados pelo editor científico, o conselho consultivo e profissionais de reconhecido saber na área. O objetivo do jornal é favorecer a discussão interdisciplinar em todas as questões relativas à diabetologia, bem como através de suas diferentes sessões idealizadas pelo editor científico, informar de uma maneira rápida, atual e sintética os múltiplos aspectos dos estudos em diabetes. Diabetes Clínica Editor científico : Dr. Fadlo Fraige Filho, presidente da FENAD e ANAD, Professor Titular de Endocrinologia Faculdade de Medicina ABC Diretora comercial: Lilian Fanny de Castilho Editor: Dr. Jean-Louis Peytavin, faculdade de Medicina de Lyon (França) Administração: Claudiane Benavenuto Conselho Consultivo Psicóloga Ada Verônica da Silva Maciel (SP) Dr. Adolpho Milech (RJ) Dr. Airton Golberg (RS) Dra. Alcina Vinhais (BA) Dra. Ana Míriam G. Carboni (SP) Dr. Antônio Carlos Lerário (SP) Dr. Arual Augusto da Costa (SP) Dr. Balduíno Tschiedel (RS) Nutricionista Celeste Elvira Viggiano (SP) Educador Cláudio Cancelliéri (SP) Dr. Edgard d’Ávila Niclewicz (PR) Dr. Freddy Goldberg Eliaschewitz (SP) Dra. Geisa Macedo (PE) Dra. Hermelinda Pedrosa (DF) Dr. João Roberto de Sá (SP) Dr. José Egídio Paulo de Oliveira (RJ) Dr. Leão Zagury (RJ) Dr. Marcos Tambascia (SP) Enfermeria Mônica Antar Gamba (SP) Dr. Nelson Rassi (GO) Dr. Orsine Valente (SP) Enfermeira Paula Pascali (SP) Dra. Reine Marie Chaves (BA) Dr. Saulo Cavalcanti da Silva (MG) Dr. Sérgio Atala Dib (SP) Apoios IDF - SACA - International Diabetes Federation South America Central America SBD - Sociedade Brasileira de Diabetes FENAD - Federação Nacional de Associações de Diabéticos ANAD - Associação Nacional de Assistência ao Diabético COREN-SP - Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo COSEMS-SP - Cons. de Secretarías Municipais de Saúde ATLANTICA EDITORA Redação Jean-Louis Peytavin Av. Atlântica, 604 - 1102 22010-000 Rio de Janeiro - RJ tel/fax: (21) 2244-6471 [email protected] ISSN 1517-6428 © ATMC - Atlântica Editora Ltda Av. São João, 56 sala 7 12940-000 Atibaia – SP Assinatura 6 números ao ano: R$ 75,00 www.atlanticaeditora.com.br tel: (21) 2221-4164 Federação Nacional de Associações de Diabéticos (FENAD) Associação Nacional de Assistência ao Diabético (ANAD) Rua Eça de Queiroz, 198 04011- 031 São Paulo - SP tel: (11) 5572-6559 fax: (11) 5549-6704 http://www.anad.org.br [email protected] I.P. (Informação publicitária) As informações são de responsabilidade dos anunciantes Copyright © ATMC – Atlantica Editora Ltda Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida, arquivada ou distribuída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprietário do copyright, Atlântica Editora. O editor não assume qualquer responsabilidade por eventual prejuízo a pessoas ou propriedades ligado à confiabilidade dos produtos, métodos, instruções ou idéias expostos no material publicado. Em razão do avanço rápido das ciências médicas, o Editor recomenda que uma verificação independente do diagnóstico e doses dos medicamentos seja realizada. Apesar de todo o material publicitário estar em conformidade com os padrões de ética médica, sua inserção na revista não é uma garantia ou endosso da qualidade ou do valor do produto ou das asserções de seu fabricante. Diabetes Clínica 79 Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Editorial A volta do pré-diabetes Prof. Dr. Fadlo Fraige Filho Prof. Dr. Fadlo Fraige Filho, Coordenador e Editor Científico, Diabetes Clínica O termo “pré-diabetes” foi abolido, quando da reclassificação do Diabetes Mellitus e também após os novos critérios diagnósticos em 1997, pela American Diabetes Association (ADA) e pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A amplitude de intervalo de diagnostico permitia que muitos classificados como Pré desenvolvessem as complicações do Diabetes Mellitus, mostrando assim não ser uma pré condição, porém fazendo parte da mesma. A ADA acaba de publicar declaração da “Prevenção e Retardo do Diabetes Mellitus tipo 2”, que reintroduz o termo “pré-diabetes” e é um guia para os profissionais de saúde tratar os seus pacientes com pré-diabetes. Ao meu ver aí está a diferença, pois estes pacientes não eram tratados ou negligenciados. Quanto aos critérios de diagnostico a figura abaixo nos mostra que apenas foi substituído a palavra “intolerante a glicose” por “pré-diabetes”, termo que melhor define a alteração metabólica, inclusive para melhor compreensão por parte dos portadores. De acordo com o exposto, os 2 critérios diagnósticos servem igualmente para definir a condição do pré-diabetes. Deverão ser feitos em todas as condições de suspeita e fatores de risco para o desenvolvimentos do Diabetes Mellitus tipo 2. Os exames normais em suspeitos, deverão ser repetidos a cada 3 anos. Segundo pesquisas da ADA, pessoas com pré-diabetes serão beneficiadas com a alimentação GJP TTOG adequada e atividade física. Glicemia Teste tolerância plasm.jejum oral a glicose O estudo recentemente terminado Diabetes Prevention Program, conclusivamente mostrou que pessoas com pré-diabetes podem prevenir o desenvolvimento do Diabetes Mellitus tipo 2, fazendo modificações em suas alimentações e aumentando o nível de atividade física, podendo retornar seus níveis glicêmicos alterados para a faixa do normal. O Diabetes Prevention Program (DPP), também mostrou que alguns medicamentos podem retardar o desenvolvimento do diabetes, porém dietas e exercícios são mais eficazes. 80 Continuação Editorial - Diabetes Clínica 02 (2002) Tal qual o programa Agita São Paulo, de sucesso no Brasil, América Latina, e no mundo todo, adotado pelo OMS, o DPP recomenda 30 minutos por dia de atividade física moderada, que, associada a perda de 5 a 10% do peso corpóreo, produz cerca de 58% de redução do aparecimento do Diabetes Mellitus tipo 2 – DM2. Ressalte-se que, no grupo controle, em 3 anos de seguimento, cerca de 11% ao ano de pessoas com pré-diabetes desenvolveram DM 2. Outros estudos mostraram que a grande maioria deste grupo desenvolve também o DM 2 após 10 anos de evolução . O portador de pré-diabetes tem maior risco de 50% de doença cardiovascular comparado a pessoas normais, sendo este risco aumentado de 2 a 4 vezes para o portador de DM 2. Lembramos que estes riscos são piorados por outros fatores de risco como: tabagismo, hipertensão arterial, hipercolesterolemia, que deverão ser corrigidos também no pré-diabético. Embora não se recomendasse os testes para crianças com suspeitas de Diabetes Mellitus tipo 2, parece que isto mudará após a publicação, no New England Journal of Medicine, do estudo que mostra que 25% das crianças e 21% dos adolescentes com obesidade severa têm pré-diabetes. Aos que pensam que tais observações ou recomendações não são tão importantes, enganam-se, pois os Estudos de Prevalência de Diabetes Mellitus do Ministério da Saúde feitos em 1988 e 1989, infelizmente desatualizados, mostraram que para o igual número de diabéticos previstos no Brasil, tínhamos igual número de intolerantes à glicose ou pré-diabéticos, como se redefine o termo agora. Do imenso universo desta condição, depreendemos a importância da busca do diagnóstico e da modificação do estilo de vida daquele grupo de pacientes. Diabetes Clínica 02 (2002) 81 Informes do Diabetes no Mundo Metabolism Clinical & Experimental 2002;50(12), janeiro de 2002 Consumo adequado de magnésio diminui o risco de doença cardiovascular em diabéticos tipo 1 A deficiência em magnésio (Mg) encontrada em pacientes diabéticos tipo 1 aparece ligada à dieta, segundo pesquisas efetuadas na Dinamarca e nos Estados-Unidos. Foi também encontrada nesta pesquisa uma associação entre o aumento da taxa de magnésio e a diminuição das frações lipídicas aterogênicas e absorção de glicose estimulada por diminuição de insulina. Anteriormente, o déficit em magnésio em diabéticos tipo 1 tinha sido relacionado ao desenvolvimento de doença cardiovascular. No estudo, os pesquisadores testaram a hipótese de que os pacientes sofrem um déficit dietético em magnésio. Foi também estudado se os fatores de risco para doença cardiovascular poderiam diminuir com uma suplementação via oral de magnésio a longo prazo. Os participantes incluíram 10 pacientes portadores de diabetes tipo 1 e 5 indivíduos controle, que receberam uma suplementação em magnésio (Mg). O conteúdo do músculo em Mg, que diminuiu em 7% em pacientes portadores de diabetes tipo 1, aumentou em 5% após 24 semanas de tratamento via oral. Foi observada diminuição do colesterol plasmático total, LDLcolesterol e apolipoproteína B após a suplementação em Mg. Depois de 24 semanas de tratamento, foi observada também diminuição da absorção de insulina estimulada por glicose. Os pesquisadores estabeleceram que 80% dos pacientes diabéticos recebem uma dose diária de Mg de menos de 90% da dose recomendada. Antti Jula et al., JAMA 2002; 287:598-605, fevereiro de 2002 A redução dos lípides após tratamento com sinvastatina melhora com dieta mediterrânea alterada Dentre os homens com hipercolesterolemia, uma dieta tipo mediterrânea melhora o tratamento com sinvastatina e controla o aumento dos níveis de insulina de jejum, freqüente durante o uso da sinvastatina. Durante este estudo randomizado, após um período de 4 a 6 semanas de uso de placebo, 120 homens portadores de hipercolesterolemia, idade 35-64 anos, nunca tratados, receberam uma dieta normal ou um tratamento dietético. Cada período de tratamento foi de 12 semanas. Os participantes de cada grupo foram randomizados para receber 20 mg/dia de sinvastatina ou placebo. O tratamento dietético diminuiu a ingestão de gorduras saturadas ou transsaturadas em 10%. Estas gorduras foram substituídas por gorduras mono e 82 Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 02 (2002) Continuação poli-insaturadas, ricas em ácidos graxos Omega-3. A dieta incluiu também uma ingestão aumentada de frutas, legumes e fibras. A alteração da dieta e a sinvastatina causou o efeito esperado sobre os lípides plasmáticos e outros fatores. Por exemplo, com o tratamento dietético, o colesterol total foi reduzido em 7,6% (p < 0,001), LDL colesterol em 10,8% (p < 0,001), e insulina plasmática em 14,0% (p = 0,02). A sinvastatina em tratamento único diminui o colesterol total em 20,8% e o LDL-colesterol em 29,7%, e aumenta a insulina plasmática em 13,2% (p = 0,005). Os efeitos da dieta e da sinvastatina foram independentes e complementares, segundo o estudo, concluindo que o tratamento dietético deveria ser enfatizado em caso de tratamento por sinvastatina. Nicholas L. Smith et al., Arch Intern Med 2002;162:209-216, janeiro de 2002 Eventos cardiovasculares em adultos idosos prognosticados pelo teste de carga em glicose Comparados com os níveis de glicose de jejum, o nível de glicose póscarga de 2 horas é melhor para identificar os pacientes idosos que apresentam um risco de evento cardiovascular. Este estudo foi realizado com uma coorte de 4.014 adultos, idade de 65 anos, que participaram do Cardiovascular Health Study. No início, estes adultos não eram tratados por diabetes e não tinham histórico de infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral. Durante um período médio de 8,5 anos de seguimento, foram observados 764 eventos cardiovasculares, dos quais 359 infartos, 348 casos de incidentes cerebrovasculares, e 117 óbitos por doença arterial coronariana (60 indivíduos apresentaram ambos AVC e doença arterial coronariana). Na análise dos resultados, o estudo mostrou que o nível de glicose de jejum de 115 mg/dl era ligada a risco maior de evento cardiovascular (hazard ratio 1,66), em comparação com níveis < 115 mg/dl. A análise dos níveis de glicose pós-carga de 2 horas ajustada para idade, sexo e raça revelou que cada aumento de 10 mg/dl correspondia a um aumento de 2% do risco de evento cardiovascular (hazard ratio 1,02). Com um nível de glicose de 154 mg/dl 2h após carga, o hazard ratio para evento cardiovascular foi de 1,54. Em conclusão, a medição da glicose de 2h é pesada na rotina da prática clínica, mas pode ter um papel para identificar adultos idosos com risco de eventos cardiovasculares. Nora Sarvetnick et al., J Clin Invest 2002;109:79-87, fevereiro de 2002 Papel do Coxsackie vírus B4 em diabetes descrito em modelo de rato Em experiências com ratos, os pesquisadores descobriram que coxsackie vírus B4 (CB4) altera os tecidos, o que causa a liberação de antígenos de ilhota seqüestrado. Este estimula as células T auto-reativas e resulta o início do diabetes mellitus insulino-dependente. Já foi anteriormente demonstrado, que CB4 é responsável por diabetes mellitus insulino-dependente em ratos, e que isso é semelhante à última etapa da progressão da doença em humanos. A resposta imune após a agressão viral precipita o diabetes mellitus. Todavia, não se sabe ainda, se essa resposta resulta da resposta imune aos antígenos liberados peles células alteradas do pâncreas, ou se as células T respondem à resposta inflamatória. A equipe tratou ratos que tinham um repertório de células T diabetogênicas com streptozotocina (agente que altera as ilhotas) ou com poly IC (ácido nucléico que ativa as células T, não especificamente). Só o tratamento com streptozotocina resultou em diabetes mellitus, Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 02 (2002) Continuação Frank B. Hu et al., Ann Intern Med 2002;136:201-209, fevereiro de 2002 83 aproximando-se dos efeitos observados em infecção com CB4, Também, em ratos tratados com streptozotocina, as células com antígenos ativaram diretamente as células T auto-reativas, que induziram o diabetes. O papel primário do CB4 na aparição do diabetes mellitus é a alteração tissular, responsável da liberação e da apresentação do antígeno de ilhota seqüestrado. Esses eventos estimulam as células T reativas e então inicia-se a doença. Dieta ocidental ligada ao aumento de risco de diabetes tipo 2 em homens nos Estados Unidos Os homens que consumem dieta ocidental apresentam risco significativamente elevado de desenvolvimento de diabetes tipo 2, segundo estudo baseado em dados coletados em 42.504 homens, que participaram do Health Professionals Follow-up Study. No início estes homens, idade 40-75 anos, não apresentavam diabetes, doença cardiovascular ou câncer. Usando questionários de hábitos alimentares, os pesquisadores identificaram dois modelos principais nos participantes. O primeiro era a dieta ocidental com carne vermelha processada, batatas fritas, taxa elevada de gordura, cereais refinadas, doces e sobremesas, e o segundo baseado em legumes, frutas, peixes, frango e cereais integrais. Foram documentados 1321 casos de diabetes tipo 2 durante os 12 anos de estudos. A dieta ocidental foi associada com o risco aumentado de diabetes tipo 2 (risco relativo 1,59, p < 0,001), enquanto que a segunda dieta foi associada com um risco menor de diabetes tipo 2 (risco relativo para quintiles maiores vs. menores 0,84). O risco de diabetes tipo 2 é ainda significativamente mais elevado quando a dieta ocidental é associada à inatividade física ou obesidade. O risco relativo de desenvolvimento de diabetes foi de 1,96 para os indivíduos que apresentam taxas baixas de atividade física e elevadas de dieta ocidental. Para homens obesos (IMC > 30kg/m2 vs. IMC < 25 kg/m2), com taxa elevada de dieta ocidental, o risco relativo de diabetes é de 11,2. Obesidade é um fator de risco importante para o diabetes, mas, no balanço energético para prevenir o ganho de peso, a supressão do modelo de dieta ocidental pode diminuir significativamente o risco de diabetes tipo 2 em homens. Catherine M. Alfano et al., Prev Med 2002;34:82-89. Risco de obesidade menor em mulheres que praticaram esportes na infância As mulheres que participaram de equipes desportivas na infância ou adolescência são mais ativas quando adultas, e apresentam menor risco de se tornar obesas, segundo este estudo que entrevistou 209 mulheres afroamericanas e 277 mulheres brancas, sobre as suas atividades desportivas na infância como na idade adulta, e avaliou o IMC das participantes. Os resultados mostram que as mulheres que têm um passado esportivo apresentam IMC. As mesmas mulheres não têm dietas mais saudáveis de que as que tinham uma infância menos ativa. Segundo o pesquisadores, a promoção da atividade esportiva e atlética em meninas – não necessariamente em esportes de competição tradicionais - pode ser uma via para prevenir a obesidade. 84 Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 02 (2002) American Journal of Preventive Medicine 2002; 22(1):42-48 Pressão sanguínea elevada em adultos portadores de diabetes Três quartos dos adultos diabéticos nos Estados Unidos, apresentam hipertensão arterial, e, qualquer for idade, sexo, raça ou origem étnica, todos podem beneficiar dos esforços de prevenção. Mas o controle, nos EUA, é geralmente inadequado, segundo o National Center for Chronic Disease Prevention and Health Promotion, Centers for Disease Control and Prevention, Atlanta, Georgia. Esse estudo, realizado entre 1988 e 1994, consistiu em entrevistas e exame físico, com aferição da pressão arterial. Os participantes eram 1.507 adultos, idade 18 anos, portadores de diabetes. Os pesquisadores estimaram a pressão sanguínea elevada dos participantes (média ≥130/85 mmHg ou uso de tratamento antihipertensivo), sua conscientização (diagnóstico anterior de hipertensão), o uso de drogas antihipertensivas e o controle da pressão arterial (pressão sanguínea média < 130/85 mmHg). A partir desses dados, concluíram que 71% de todos os adultos diabéticos americanos têm hipertensão arterial. A prevalência aumenta com a idade nos dois sexos em mexicanos americanos, negros não-hispánicos e brancos não-hispanicos. 71% das pessoas portadores de hipertensão eram conscientes da sua condição e 57% eram tratados. Todavia, só 12% apresentavam uma pressão sanguínea média < 130/85 mmHg e 45% < 140/ 90 mmHg. O controle adequado da pressão sanguínea é mais comum em pessoas idosas. Relação entre doenças periodontais e diabetes Soskolne WA, Klinger A, Department of Periodontics, Hebrew UniversityHadassah, Faculty of Dental Medicine, Jerusalem, Israel, Ann Periodontol 2001;6(1):91-8, dezembro de 2001 As doenças periodontais são infecções do periodonto resultando na perda do suporte dos dentes. A associação entre diabetes mellitus e periodontite já foi muito discutida com conclusões conflitantes. Ambas as doenças têm incidência elevada na população geral (diabetes 1 a 6% e periodontite 14%), bem como vários fatores comuns na patogênese (ambas as doenças são desordens polígenicas com grau de disfunção imune). De um lado, vários relatórios reportam uma incidência maior de periodontite em diabéticos, quando comparados com população saudável, embora que outros estudos não conseguem demonstrar essa relação. Os estudos atuais observam uma maior incidência e severidade da periodontite em pacientes diabéticos. A análise dos dados do National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES) III confirma a incidência maior da periodontite em diabéticos de que em não-diabéticos (17,3% versus 9%). A análise dos dados mostra também que a prevalência do diabetes em pacientes com periodontite é o dobro, de que em pacientes não portadores de periodontite (12,5% vs. 6,3%). Essa diferença é estatisticamente significativa. A patogênese das duas doenças é revisada com ênfase sobre os mecanismos comuns genéticos e imunes. Duas hipóteses são discutidas. A primeira propõe uma relação causal direta, na qual a hiperglicemia e hiperlipidemia do diabetes resultam em alterações metabólicas, que podem exacerbar numa periodontite inflamatória induzida por bactérias. A segunda hipótese propõe que uma combinação fortuita de genes poderia resultar em um indivíduo que, sob influência de vários fatores de stress do meio ambiente, poderia desenvolver periodontite, diabetes ou os dois. 86 Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 02 (2002) Rahmouni K et al., Curr Hypertens Rep 2002;4(2):119-25, abril de 2002 Efeitos cardiovasculares e simpáticos da leptina Vários estudos mostraram a associação entre obesidade e hipertensão. Os mecanismos fisiopatológicos da hipertensão relacionada à obesidade são desconhecidos. Estudos clínicos e experimentais demonstraram que obesidade é associada com atividade nervosa simpática aumentada. Além disso, a ativação simpática nervosa parece ter uma participação substancial na hipertensão associada à obesidade. Todavia, os fatores responsáveis para essa ativação simpática não foram ainda identificados. A leptina é um hormônio do adipócito, que promove a perda de peso pela diminuição do apetite e da ingestão alimentar, e por aumento da despesa de energia através da estimulação simpática do tecido adiposo marrom. A leptina também promove uma ativação simpática no rim e glândulas adrenais, indicando que o aumento da atividade nervosa simpática associada à obesidade, poderia ser uma consequência dos efeitos simpáticos da leptina. Todavia, obesidade é associada com resistência à leptina, desde que foram observados concentrações elevadas de leptina circulante em indivíduos obesos. Evidências recentes indicam que essa resistência à leptina poderia ser seletiva, com preservação dos efeitos simpáticos, apesar da perda da ação metabólica da leptina. Isso sugere que existem vias centrais divergentes nos efeitos metabólicos e simpáticos da leptina. Vários neuropeptídeos apareceram como candidatos poderosos à mediação da ação da leptina no sistema nervosos central, incluso o sistema da melanocortina, neuropeptídeo Y e cortico-trophin releasing factor. Uma compreensão detalhada da variedade e da complexidade dos circuitos neuronais integrados e dos caminhos neuropeptidicos na ação da leptina, ajudaria na compreensão da patogênese da obesidade e das patologias associadas. Soliman A.T. et al., Metabolism 2002 ;51(3):292-6, março de 2002 Concentrações de leptina plasmática em crianças diabéticas tipo 1: relação com IMC, dose de insulina e controle glicêmico Apesar da obesidade ser uma característica freqüente do diabetes mellitus tipo 2 (DM), inúmeros pacientes portadores de diabetes tipo 1 são predispostos a IMC elevado. Foram coletadas as concentrações de leptina plasmática em uma coorte de crianças (n = 55) portadores de diabetes tipo 1, bem como os parâmetros antropométricos inclusos IMC, espessura da dobra de pele em vários locais e circunferência do braço. Controle glicêmico foi avaliado pela monitorização da glicose sanguínea antes das refeições. Foram também coletadas HbA1c e as doses de insulina/kg/dia. Dieta e ingestão calórica (kg/ dia) foram avaliadas por nutricionista. Em crianças recentemente diagnosticadas (n = 10), antes do início do tratamento por insulina, a concentração de leptina circulante foi significativamente menor (1,1 ± 0,8 ng/dl) vs. 5 dias após tratamento por insulina (1,45 ± 0,7 ng/dl). A diminuição do nível de leptina aparece relacionada a insulinopenia nesses pacientes. Em 45 crianças portadores de diabetes tipo 1 com 2 doses de insulina mista (NPH e regular) subcutânea antes do café da manhã e jantar durante mais de 2 anos, a concentração de leptina plasmática foi significativamente mais elevada (2,15 ± 1 ng/dl), quando comparada às crianças saudáveis da mesma idade (1,3 ± 1 ng/dl). Crianças diabéticas foram separadas em 2 grupos em função do nível de HbA1c; grupo 1 com HbA1c < 7,5% (menos de que 2 DP acima da média da população saudável) (n = 29), e grupo 2 com HbA1c > 7,5% (n = 16). Pacientes com nível de HbA1c maior (grupo 2) apresentaram concentrações de leptina maiores (2,3 ± 0,8 ng/dl), IMC maior (17,8 ± 1,7) e receberam doses/kg maiores de insulina (0,92 ± 0,2 U/kg/dia) Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 02 (2002) 87 Continuação quando comparados com grupo 1 (1,78 ± 0,8 ng/dl, 16,7 ± 1,5, e 0,59 ± 0,2 U/ kg/dia, respectivamente). Os pacientes do grupo 2 tinham uma maior incidência de hipoglicemia tardia de manhã (9/29 vs. pacientes do grupo 1 (2/16). A análise da ingestão alimentar mostrou que pacientes com HbA1c maior consumiram mais calorias (73,5 ± 10.5 kcal/kg/dia) vs. pacientes com HbA1c menor (64,2 ± 8,7 kcal/kg/dia). Esses achados demonstram a natureza não-fisiológica da aplicação de insulina mista duas vezes/dia. Para controlar o almoço (40 a 50% da ingestão calórica total nos paises árabes) e prevenir a hiperglicemia da tarde, existe uma tendência de aumentar as doses de NPH antes do café da manhã. Isso induz uma hipoglicemia tardia de manhã, aumenta o apetite e a ingestão calórica. Análise de regressão múltipla mostrou que as concentrações de leptina circulante (variável dependente) foram melhor correlatas com a espessura média da dobra de pele, IMC, e ingestão calórica/kg/dia (eles explicam juntos 65% da variabilidade das concentrações em leptina). Aparece que a sobre-compensação por insulina e aumento da ingestão calórica estimulam a síntese de gordura e, conseqüentemente, o IMC. O aumento do apetite e do IMC contribui para aumentar a secreção de leptina e explica as concentrações elevadas de leptina em crianças diabéticas não-controladas (HbA1c elevada), que são sobrecompensadas por insulina. Rankinen T et al., Obes Res 2002 Mar;10(3):196-243, março de 2002 Mapa genético da obesidade humana: atualização 2001 Este relatório constitui a oitava edição do mapa genético da obesidade humana, incorporando os resultados publicados desde outubro de 2001. Foram revisados evidências de casos de obesidade em ratos e humanos causados por mutações gênicas únicas, desordens mendelianas com obesidade nas características clínicas, quantitative trait loci (QTLs) descobertos em scans de genoma humano e em experiências de cruzamentos em vários modelos animais, estudos de associação e ligação com genes candidatos e outros marcadores. Os casos humanos de obesidade ligados a mutações de gene único em 6 genes diferentes foram incorporados. 25 desordens mendelianas com obesidade nas características clínicas foram mapeadas. O número de QTLs diferentes reportados de modelos animais é de 165 atualmente. Ensaios para relacionar variação seqüencial de DNA em genes específicos de fenótipos de obesidade continuam crescer, com 174 estudos reportando associações positivas em 58 genes candidatos. Finalmente, 59 loci foram relacionados a indicadores de obesidade em scans genômicos e outros desenhos de ligação. O mapa dos genes da obesidade mostra que os loci putativos relacionados com fenótipos de obesidade, podem ser encontrados em todos os cromossomos, exceto o cromossomo Y. Um total de 54 novos loci foi acrescido nos últimos 12 meses, e o número de genes, marcadores e regiões cromossômicas associados ou relacionados à obesidade, é agora superior a 250. Snyder RJ et al., Ostomy Wound Manage 2001;47(3):24-30, 32-41, março de 2002 Osteomielite em paciente diabético Na população diabética, ferimentos e infecções do pé são combinados, com 3 a 6 micro-organismos em média. Isso é um problema significativo no que diz respeito ao protocolo de tratamento antibiótico. Inúmeros episódios resultam em infecções dos ossos com conseqüentes alterações erosivas. Uma estratégia multidisciplinar é requerida. Estudos mostraram que um protocolo de 6 semanas de tratamento com antibióticos por via endovenosa, pode ser apropriado para osteomielite; todavia, isso é controverso e nem sempre definitivo. Osteomielite é uma doença que necessita de tratamento cirúrgico. Um equilíbrio sutil entre 90 Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 02 (2002) Continuação tratamento medical e cirúrgico deve ser encontrado quando o necessita. A duração do tratamento antibiótico pode ser reduzida consideravelmente após intervenção cirúrgica. Em caso de infecção combinada com doença vascular periférica severa, doença renal em estágio terminal, diabetes ou outros problemas nos quais a cirurgia não é uma boa opção, os antibióticos a longo prazo podem ser usados em complemento de tratamentos locais. Armstrong D.G. Ostomy Wound Manage 2001;47(4):28-32, abril de 2001 Eficiência da cura do pé diabético Maiorana A., O’Driscoll G., Goodman C., Taylor R., Green D. Diabetes Res Clin Pract 2002 May;56(2):115-23 Exercícios combinados aeróbicos e de resistência melhoram controle glicêmico e fitness em diabetes tipo 2 A incidência das amputações das extremidades inferiores relacionadas ao diabetes continua aumentar em todos os países. Só nos Estados Unidos o custo do pé diabético é de US$ 2 bilhões e representa 2600 anos/pacientes de hospitalização por ano. O governo e os planos de saúde falharam na implementação de medidas preventivas. Apesar da literatura sobre o assunto ainda ser rara, pesquisas recentes estabeleceram que um programa de cuidados agressivos e ativos pode reduzir amputações das extremidades e melhorar a qualidade e quantidade de vida dos pacientes portadores de diabetes. Foi investigado o efeito de um programa de treinamento de 8 semanas, combinando exercícios de resistência e aeróbicos, sobre os índices de controle glicêmico, fitness cardiorrespiratório, força muscular e composição corporal em 16 pacientes (idade 52 ± 2 anos), portadores de diabetes tipo 2, utilizando um protocolo prospectivo e randomizado. Frequência cardíaca de exercício sub-máxima e foram significativamente menores após treinamento (P < 0,05), embora o limiar ventilatório tenha aumentado (11,8 ± 0,7 vs 13,8 ± 0,6 ml.kg1min-1, P < 0,001). A força muscular aumentou com o treinamento (403 ± 30 para 456 ± 31 kg, P < 0,001), dobra de pele (148,7 ± 11,5 vs 141,1 ± 10,7 mm, P < 0,05), porcentagem de gordura corporal (29,5 ± 1,0 vs 28,7 ± 1,1%, P < 0,05) e razão cintura/quadril (99,2 ± 1,5 vs. 97,9 ± 1,4%, P < 0,05) diminuíram significativamente. Ao contrário, a captação de pico de oxigênio (P < 0,05) e teste de duração de exercício (P < 0,001) aumentaram após treinamento, embora aHbA1c (P < 0,05) e glicose sanguínea de jejum (P < 0,05) tenham diminuído. O programa de exercício é um método efetivo de treinamento que melhora a capacidade funcional, a massa corporal magra, a força e o controle glicêmico em indivíduos portadores de diabetes tipo 2. Wael K. Al-Delaimy et al., Harvard School of Public Health, Boston, Massachusetts American Journal of Epidemiology 2002;155:387-393, março de 2002. O ronco pode desenvolver diabetes As pessoas que roncam apresentam um risco aumentado de desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 2, de acordo com um estudo que analisou os dados de 69.852 indivíduos do Nurses’ Health. As mulheres participantes eram livres de diabetes, doença cardiovascular ou câncer. Elas completaram questionário sobre os modelos de ronco. Os pesquisadores acharam que 1957 mulheres desenvolveram diabetes tipo 2 durante os 10 anos de acompanhamento. Após ajuste para idade e IMC, eles acharam que, quando comparados com não-roncadores, as pessoas que roncam esporadicamente ou regularmente apresentam um risco maior de diabetes, com risco relativo de 1,48 e 2,25, respectivamente (p < 0,0001). Quando os dados foram ajustados em função do IMC, histórico de tabagismo, historia familiar de diabetes, foi encontrada uma associação consistente entre Informes do Diabetes no Mundo – Diabetes Clínica 02 (2002) 91 ronco e diabetes. Ajustes para outros fatores de risco de diabetes ou relacionados ao sono só alteraram um pouco o risco. Alterações do estilo de vida, que diminui os risco de ronco e diabetes, como atividade física, para de fumar, e perda de peso, são recomendadas às pessoas que roncam,.O estudo, não descarta a necessidade de intervenções cirúrgicas ou tratamentos locais. Prof. Dr. Amélio F. de Godoy Matos, Presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, 23 de março de 2002 Comunicado da SBEM sobre a sibutramina A SBEM, cumprindo seu papel de entidade que congrega os endocrinologistas brasileiros, com o intuito de evitar más informações e alarmismo e contribuir para tranqüilizar a classe médica e seus pacientes, quer anticipar o que vem ocorrendo em relação às notícias sobre a sibutramina. O Ministério da Saúde da Itália resolveu suspender temporariamente a comercialização, e não o registro, da sibutramina, para reavaliação mais detalhada do medicamento. O FDA e EMEA (entidade que regulamenta os medicamentos em todos os países da Comunidade Européia) estão também revisando os estudos da sibutramina, porém declaram que até o momento não há nada contra este medicamento, desde que seguidas as recomendações médicas para o seu uso. Os números que dispomos mostram que foram comunicados ao Ministério da Saúde italiano dois casos fatais de pacientes que fizeram uso de sibutramina, sem, entretanto haver nenhuma prova de que este medicamento tenha contribuído direta ou indiretamente para estes eventos. Em todo o mondo, até o momento, foram relatados 32 eventos fatais, num universo de 8,5 milhões de pacientes que usaram ou usam a sibutramina desde seu lançamento em 199. A obesidade, como todos sabem, está associada a doenças potencialmente letais que, por si só, conduzem a um risco maior de mortalidade, como diabetes, hipertensão, dislipidemia, etc. Julgamos, portanto, que não há motivos para privarmos nossos pacientes dos benefícios trazidos por uma perda de peso saudável, obtida com o auxílio de medicamentos éticos. Nossa maior preocupação ainda é a incorrigível indústria do emagrecimento inadequado, com suas fórmulas pretensamente milagrosas – estas, sim, impossíveis de obtermos uma real avaliação de seus riscos. 92 Diabetes Clínica 02 (2002) O Diabetes na Imprensa The Wall Street Journal Américas 11 de abril de 2002 Cirurgia dá nova esperança aos diabéticos de livrar-se das injeções de insulina O primeiro grande avanço em décadas no tratamento da forma mais grave de diabetes está bem próximo. Dois anos depois que pesquisadores revelaram uma nova técnica para transplantar células de ilhotas de pâncreas, cerca de 80 diabéticos de longa data receberam transplantes em todo o mundo. O resultado foi que mais de 70% deles estão hoje livres das inconveniências clássicas da doença: não precisam mais de injeções ou bombas de insulina, nem perfurar o dedo para testes. Embora o transplante seja o avanço mais promissor no tratamento do diabetes desde a insulina, há alguns riscos. Como em qualquer transplante de órgão, o paciente depende de remédios anti-rejeição o resto da vida. Essa supressão pode torná-lo incapaz de defender-se de infecções ou câncer. A cirurgia, depois de anos de tentativas, foi feita com sucesso pela primeira vez dois anos atrás. Na ocasião, sete pacientes foram operados pelo Prof. Dr. James Shapiro, pesquisador britânico da Universidade de Edmonton, Alberta, Canadá. Desde então, dezenas de transplantes de ilhotas foram feitos. Rodolfo Alejandro, diretor do instituto de pesquisa do Diabetes da Universidade de Miami, calcula que um transplante de ilhotas custaria entre US$ 150.000 e 175.000. Segundo um estudo do Prof. Dr. Fadlo Fraige Filho, presidente da FENAD, cerca de 13 milhões de brasileiros sofrem de diabetes e até 1,3 milhão de pessoas têm o tipo 1. Segundo Fraige, médicos brasileiros pesquisam o transplante, mas não há previsão de quando ele seja experimentado no País. O Hospital Italiano de Buenos Aires faz três transplantes de ilhotas por ano desde 1995 e recentemente adotou o protocolo criado em Alberta, diz o diretor do programa, Pablo Argibay. GAZETA MERCANTIL 25 de janeiro de 2002 O vinho tinto em alta conta A reputação do vinho tinto de ser um elixir para boa saúde pode ter origem em sua capacidade de descomprimir os vasos sanguíneos. Um componente do vinho tinto é capaz de bloquear o efeito da proteína que contrai os vasos, chamada endotelina-1, relacionada aos distúrbios do coração e ao endurecimento das artérias. Outros vinhos não demonstraram o mesmo efeito. A experiência poderá levar os pesquisadores a entender melhor o “paradoxo da França”. Os franceses possuem índices de doenças cardíacas mais baixos do que pessoas de outros países industrializados do Ocidente, embora tenham hábitos alimentares semelhantes. Os franceses bebem em média cinco vezes mais vinho do que os britânicos e nove vezes mais do que os norte-americanos (...). Os efeitos do vinho tinto sobre a endotelina parecem estar relacionados a enzimas chamadas polifenol. Vinhos com a mais elevada quantidade de 94 O Diabetes na Imprensa - Diabetes Clínica 02 (2002) polifenol, em geral, trabalham melhor para inibir a proteína vasoconstritiva endotelina. Há uma significativa variação entre vinhos, mesmo entre os produzidos com a mesma variedade de uvas em diferentes vinícolas. Uma equipe de pesquisadores testou 23 tintos, 4 brancos, 1 rosado e 1 suco de uvas vermelhas. Vinhos de uvas Cabernet Sauvignon parecem ter o mais potente efeito. Suco de uvas vermelhas possui pequeno efeito e vinhos rosados e brancos não inibem totalmente a endotelina. Companhias farmacêuticas já vêem na endotelina uma meta para novos medicamentos. GAZETA MERCANTIL 25 de janeiro de 2002 Os triglicerídeos entram na berlinda Não apenas o colesterol, agora também os triglicerídeos são apontados como um novo fator de risco para os acidentes vasculares cerebrais, os derrames, segunda pesquisa realizada Pelo Prof. David Tanne, do Centro Médico de Sheba, Israel. Esta é a primeira vez que a alta concentração de triglicerídeos é apresentada, de forma isolada, como um fator de risco para os acidentes vasculares cerebrais. No Brasil, há divergências em relação ao estudo. Para Aram Hamparsum Mordjikian, cardiologista do Hospital Sírio Libanês, “o estudo é importante porque mostra que os triglicerídeos isolados são fatores de risco de devem ser tratados com os demais”. De acordo com Mordjikian, não adianta o paciente só deixar de fumar, controlar a obesidade, o HDL e LDL colesterol. É preciso prestar atenção no índice de triglicerídeos, pois está provado que ele sozinho é um fator de risco independente. Já para o cardiologista Marcelo Chiara Bertolami, do instituto Dante Pazzanese, embora o estudo seja uma novidade, ele é previsível porque a doença é a mesma: as doenças das artérias coronarianas e cerebrais são patologias da aterosclerose. Bertolami revela seu ceticismo quanto ao estudo de Tanne: “Ao mesmo tempo que a pesquisa é a primeira mostrando os triglicerídeos como fator de risco independente para o acidente vascular cerebral, podem aparecer outros estudos que não mostram mais isso”. (...) Ele acrescenta que é muito difícil afirmar que os triglicerídeos sejam um fator isolado de risco porque ainda hoje há duvidas em relação a este tipo de gordura para doença do coração. Estudos anteriores tentaram fazer ainda a relação do colesterol com o acidente vascular cerebral, mas não tiveram sucesso. (...) As pessoas com taxa elevada de triglicerídeos têm pressão alta, obesidade, resistência à insulina. Ou seja, são pacientes que sofrem de síndrome metabólica, tipo de anomalia que compõe outros fatores como tendência ao diabetes, problemas de coagulação, HDL baixo. Por esse motivo Bertolami reforça a tese do que é difícil considerar os triglicerídeos como fatores de risco independentes porque outras alterações também ocorrem neste processo. Estatinas, uma bênção para o coração 21 de novembro de 2001 Os médicos aderiram em massa, na última década, ao uso de certas proteínas chamadas estatinas na prevenção de doenças cardíacas. Em todo o mundo, mais de 70 milhões de pessoas usam remédios com essas substancias. Sabiase que as estatinas eram as mais potentes armas disponíveis para baixar o nível do LDL-colesterol, porque atuam diretamente no fígado, órgão que produz 70% de nosso colesterol. Também se mostram eficazes, em alta doses, na diminuição das placas de gorduras das artérias, a aterosclerose. Um estudo inglêsa realizado em 20 536 pacientes, durante 5 anos, concluiu que também podem diminuir em 30% os riscos de infarto de derrame em quem não tem O Diabetes na Imprensa - Diabetes Clínica 02 (2002) Continuação 95 colesterol alto, mas faz parte de outros grupos de risco, como diabéticos, idosos e hipertensos. Com estas descobertas, 200 milhões de pessoas podem passar a usar estatinas, segundo Rory Collins, principal coordenador do estudo. É a aspirina do futuro. De acorda com suas estimativas, o uso regular do medicamento por 10 milhões de diabéticos, idosos e hipertensos evitaria 50.000 mortes por ano. Essa proteína foi primeiro usada como antibiótico de baixo impacto, para combater fungos, até que os médicos perceberam que entre seus efeitos colaterais havia a diminuição do colesterol. Quantidade de açúcar no sangue muda cor da íris JAHH= 14 de março de 2002 Pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) descobriram que as alterações na taxa de açúcar no sangue se refletem na íris, causando diferenças de cor. O estudo abre espaço para o desenvolvimento de um sistema de medição de glicemia pela região “colorida” do olho, o que evitaria a perfuração do dedo feita pelos diabéticos para coleta de sangue. O novo método surgiu de observações do professor Armando Albertazzi do Departamento de Engenharia Mecânica e coordenador do Laboratório de Metrologia Científica e Industrial da UFSC, que tem uma filha com a doença. Agita Mundo reúne 5 mil pessoas em São Paulo O ESTADO DE SÃO PAULO 8 de abril de 2002 Mais de 750 eventos em todo o mundo ressaltando a importância da prática regular de atividade física foram realizados o dia 7 de abril para comemorar o Dia Mundial da Saúde. O tema deste ano, Agita Mundo/Move for Health, foi inspirado em um programa iniciado em 1996 em São Caetano do Sul e no ano seguinte adotado pela Secretaria de Saúde de São Paulo, “O lema é: faça pelo menos 30 minutos de atividade física. Não precisa ser tudo de uma vez. Divida em até 3 sesões de 10 minutos e em pouco tempo os resultados irão aparecer”, ensina Victor Matsudo, um dos criadores do programa. Em São Paulo, a celebração concentrou-se no parque Ibirapuera, ponto final de 5 caminhadas e local escolhido para diversas apresentações sobre sos benefícios dos exercícios. O diretor da organização Mundial da Saúde (OMS), Derek Yach, que estava em São Paulo acompanhando o evento, afirmou que pelo menos 2 milhões de mortes por ano estão relacionadas ao sedentarismo segundo Yach, “ao favorecer a criação de programas, ajudamos não só a melhorar o desempenho físico, mas também a saúde mental, o que pode refletir até mesmo nos índices de violência das cidades”. O secretário de Saúde do Estado, José da Silva Guedes, está convicto de que a lista de benefícios é extensa. Guedes defende a criação de um programa permanente na OMS para combate ao sedentarismo e afirma: “Além da redução dos gastos com tratamento de doenças, teremos pessoas mais produtivas e bem-dispostas.” 96 Diabetes Clínica 02 (2002) Avanços terapêuticos e tecnológicos Christoph Hasslacher et al., American Diabetes Association 61st Scientific Sessions, Philadelphia, Pennsylvania, 22 a 26 de junho de 2001 Segurança e eficácia da repaglinida em 281 pacientes diabéticos tipo 2 com ou sem disfunção renal A segurança e eficácia do regulador da glicose prandial excretada pelo fígado repaglinida foram avaliadas em 281 pacientes com diabetes tipo 2, portadores ou não de diminuição da função renal, em um estudo multicêntrico, aberto. Após um período de 6 semanas de testes, durante o qual os participantes continuaram o tratamento antidiabético anterior, foi instaurado um período de tratamento por repaglinida; nas semanas de 1 a 4 para titulação e 3 meses de tratamento. Os pacientes foram classificados pela função renal baseada na clearance da creatinina (CLcr): 151 com função renal normal (CLcr > 80 ml/ min), 64 com leve (CLcr: 60-80 ml/min), 44 com moderada (CLcr: 40-60 ml/ min), 12 com severa (CLcr: 30-40 ml/min) e 10 com extrema diminuição da função renal (CLcr: 20-30 ml/min). 80% dos pacientes completaram o estudo. O efeito da repaglinida sobre HbA1c, glicose plasmática de jejum, colesterol total, HDL-colesterol e triglicérides não foi significativamente diferente entre os grupos de disfunção renal. O controle glicêmico durante o tratamento por repaglinida foi tão eficaz quanto o resultado dos tratamentos anteriores: HbA1c não foi alterada nos grupos controle ou com diminuição leve ou moderada da função renal, HbA1c aumentou (0,3 ± 0,1%) e diminuiu em 0,6 ± 0,5% nos grupos com diminuição severa ou extrema da função renal, respectivamente. Variações mínimas foram observadas nos perfis lipídicos. A dose final de repaglinida foi menor em pacientes com diminuição severa ou extreme da função renal, quando comparados a pacientes com função normal ou moderadamente diminuída. O perfil de segurança da repaglinida foi bom, independentemente da função renal. O tipo e severidade dos eventos adversos foram semelhantes durante o período de observação e os períodos de tratamento por repaglinida. O número de pacientes com eventos adversos não foi significativamente relacionado ao status renal. Durante o período de observação inicial, a porcentagem de pacientes com episódios de hipoglicemia foi significativamente correlato com a severidade da diminuição da função renal (p = 0,007), mas este modelo não foi observado durante o tratamento por repaglinida (p = 0,074). Concluímos que a repaglinida tem um bom perfil de segurança e eficácia em pacientes diabéticos tipo 2 portadores de diminuição da função renal, e é uma escolha de tratamento apropriada, mesmo para os pacientes com graus severos de insuficiência renal. 98 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 02 (2002) Sujata Jinagouda et al., American Diabetes Association 61st Scientific Sessions, Philadelphia, Pennsylvania, 22 a 26 de junho de 2001 Terapia combinada em diabetes tipo 2: repaglinida/metformina vs. gliburida/metformina Bruce Bode et al., American Diabetes Association 61st Scientific Sessions, Philadelphia, Pennsylvania, 22 a 26 de junho de 2001 Eficácia e segurança da insulina Aspart comparada com insulina regular tamponada (velosulin) e insulina Lispro No tratamento do diabetes mellitus tipo 2, é cada vez mais comum utilizar combinações de um secretagogo de insulina e de um sensibilizador à insulina. Os dados que se refere à segurança relativa de vários secretagogos durante esse tipo de combinação são limitados. Um estudo multicêntrico, aberto, com grupo paralelo de tratamento de 20 semanas, comparou a eficácia e segurança de uma terapia combinada, utilizando repaglinida/metformina (n = 119) ou gliburida/metformina (n = 129). Valores de HbA1c foram comparáveis no rastreamento (7,9% em ambos os grupos), e no fim do estudo (6,7% para repaglinida/metformina vs. 6,8% para gliburida/metformina), indicando que os dois tratamentos conjugados têm uma eficácia comparável. Eventos sintomáticos de hipoglicemia ocorreram com níveis maiores de glicose sanguínea no grupo repaglinida/metformina (65 mg/dl), do que no grupo gliburida/metformina (59 mg/dl). Quando os pacientes reportaram sintomas de hipoglicemia, existia uma tendência em direção de uma porcentagem menor de episódios (23%) com níveis de glicose sanguínea < 55 mg/dl no grupo repaglinida/metformina (vs. 36% no grupo gliburida/metformina). Esses dados sugerem que pacientes usando repaglinida podem adaptar-se a uma incidência menor de glicose. Como a terapia combinada deve resultar em níveis de glicose sanguínea inferiores aos da monoterapia, os sintomas de hipoglicemia, ocorrendo com níveis de glicose maiores, podem representar uma vantagem de segurança para repaglinida sobre os sulfoniluréias, quando esses secretagogos são combinados com metformina. A conveniência do análogo de insulina de ação rápida, insulina Aspart (Iasp) em injeção de insulina subcutânea continua (CSII) foi avaliada em um estudo multicêntrico, aberto, randomizado, com grupo paralelo, no qual 146 indivíduos adultos portadores de diabetes tipo 1 receberam Iasp, insulina regular tamponada (BR), ou insulina lispro a partir de uma bomba externa durante 16 semanas. Antes da randomização, todos os participantes receberam 4 semanas de tratamento com BR. Durante o período de tratamento os participantes receberam bolo intravenoso, ou medicação do estudo, 30 minutos antes as refeições (BR) ou imediatamente antes das refeições (Iasp ou lispro). No início, HbA1c foi semelhante entre os grupos de tratamento (7,34% ± 0,71 para Iasp, 7,47% ± 0,78 para BR, 7,29% ± 0,66 para lispro). No fim do estudo, o grupo tratado por Iasp manteve o controle glicêmico (HbA1c 7,36% ± 0,85) embora os grupos BR e lispro apresentassem uma leve deterioração (não significativa) do controle glicêmico (HbA1c 7,63% ± 0,86 e 7,47% ± 0,90, respectivamente). A dose de insulina diária (total, bolo e basal) durante o estudo não foi alterada em todos os grupo. No fim do estudo, os valores do BG pós-prandial do grupo Iasp eram menores de que os do grupo BR e semelhantes aos do grupo lispro. Todavia, eles foram significativamente menores 90 minutos após o jantar no grupo Iasp do que nos grupos BR e lispro (136 ± 56, 171 ± 63 e 164 ± 57 mg/dl, respectivamente; p = 0,019). A incidência de obstruções nas bombas ou sets de infusão foi baixa em todos os grupos; 76, 83 e 75% dos participantes dos grupos Iasp, BR e lispro, respectivamente, apresentaram 1 ou menos obstrução durante as 4 semanas de tratamento. Só uma pequena porcentagem de obstruções coincidiu com Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 02 (2002) 99 Continuação um episódio hiperglicêmico (9, 7 e 6% para Iasp, BR e lispro, respectivamente). O número médio de episódios hipoglicêmicos por participante e por mês foi semelhante, 3,7, 4,8 e 4,4 para Iasp, BR e lispro, respectivamente. Conclusão: Iasp foi seguro e efetivo no CSII e é conveniente para uso em bombas externas. William Lynes et al., American Diabetes Association 61st Scientific Sessions, Philadelphia, Pennsylvania, 22 a 26 de junho de 2001 A disfunção renal não afeta a farmacocinética da insulina Aspart em diabete tipo 1 Charles Fox et al., American Diabetes Association 61st Scientific Sessions, Philadelphia, Pennsylvania, 22 a 26 de junho de 2001 Podem pacientes visualmente deficientes auto-administrar suas doses corretas de insulina? Avaliação comparativa do sistema Innolet Insulina Aspart (Iasp) tem uma substituição do ácido aspártico em prolina na posição B28 da insulina humana, que resulta em absorção e início de ação mais rápidas do que a insulina humana regular. O efeito de vários graus de disfunção renal sobre os parâmetros farmacocinéticos da Iasp foram estudados em pacientes diabéticos tipo 1. A disfunção renal foi baseada em clearance da creatinina: normal > 80 ml/min; leve > 50 para 80 ml/min; moderada > 30 para 50 ml/min; e severa < 30 ml/min, não requerendo diálise. 18 pacientes homens e mulheres (6 saudáveis, 12 com diminuição da função renal) de 18 anos, com valores de IMC de 19 e de 38 kg/m2 participaram desse estudo aberto de centro único. Os parâmetros farmacocinéticos (AUC, Cmax, Tmax, CL/F, etc) foram avaliados nesses pacientes após cada administração subcutânea de uma dose de Iasp (0,1 U/kg). Análise regressiva foi usada para determinar se os parâmetros farmacocinéticos de Iasp foram linearmente correlatos a clearance da creatinina. Para os parâmetros avaliados, o coeficiente de correlação (r) foi < 0,14. Em conclusão, a avaliação global da farmacocinética e os parâmetros de segurança sugerem que a absorção, distribuição e clearance da IAsp não foram alteradas pela diminuição da função renal em indivíduos não requerendo diálise, e que a segurança seria comparável em pacientes diabéticos com vários graus de disfunção renal. A diminuição da acuidade visual pode reduzir a capacidade de autoadministração de insulina. Innolet é um sistema de aplicação especificamente desenhado para permitir a mais pacientes de auto-administrar insulina, inclusos os com diminuição da acuidade visual. Este estudo randomizado comparou capacidade dos pacientes em usar com sucesso Innolet (Novo Nordisk), Humulin Pen (Eli Lilly) e uma seringa convencional. Os 86 pacientes (51 homens, 35 mulheres; idade media 69 anos) tinham uma duração de diabetes de 5,9 anos (média). Todos os pacientes tinham diminuição visual com acuidade visual (melhor olho) entre 20/40 e 20/200. Nenhum paciente recebeu insulina anteriormente. A proporção de pacientes capazes de ler corretamente, com 4 doses escolhidas após randomização em cada sistema, era significativamente maior com Innolet (92% de que com Humulin Pen (45%; p < 0,001) ou com seringa (61%; p < 0,001). Em um teste de manipulação, 84% dos pacientes foram capazes, sem instrução específica, de definir e administrar uma dose de 20 U com Innolet, significativamente mais do que com Humulin Pen (41%, p < 0,001) ou seringa (32%, p < 0,001). Após leitura das instruções dos fabricantes, os pacientes foram requeridos para definir e administrar 3 doses escolhidas por randomização com cada sistema. A taxa de sucesso com Innolet (80%) 100 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 02 (2002) Continuação permaneceu maior de que com Humulin Pen (61%, p = 0,007) ou seringa (27%, p < 0,001). Pacientes ainda incapazes de colocar 3 doses consecutivas receberam instruções verbais e demonstração. Após um máximo de 5 minutos de instrução 85 dos 86 pacientes (98,8%) foram capazes de definir e administrar 3 doses consecutivas com Innolet, de novo mais significativo do que com Humulin Pen (84,9%), p = 0,001) ou seringa 63,5% p < 0,001). Após o teste, 87% dos pacientes exprimiram preferência para Innolet e 13% para Humulin Pen (p < 0,001); nenhum paciente preferiu a seringa. Especificamente, 98% dos pacientes consideraram a escala de números de Innolet mais fácil de ler, e 91% consideraram que a aprendizagem é mais fácil. Em conclusão, os sistemas de administração de insulina desenhados com objetivo especifico de facilidade de leitura e simplicidade de uso, podem melhorar a capacidade de pacientes com visão diminuída para definir e administrar a sua dose correta de insulina. Sergio A Dib, AC Lerario, Fadlo Fraige Filho, Edgar Niclewicz, XIo Congresso da Associação Latino Americana de Diabetes (ALAD), Punta Del Este, Uruguay, 11 a 15 de novembro de 2001 Glimepirida: Ausência de ganho de peso e redução da hiperglicemia pós-prandial em pacientes com diabetes do tipo 2. O ganho de peso e a hiperglicemia pós-prandial são duas alterações que ocorrem frequentemente e devem ser evitadas durante o tratamento do diabetes tipo 2 (DM2). O primeiro é um dos efeitos colaterais quando as sulfoniluréias são utilizadas, com reflexo direto na piora da resistência à insulina. O segundo tem sido considerado como um fator de risco, para o infarto do miocárdio e mortalidade total no DM2. A glimepirida é uma nova sulfoniluréia de ação prolongada que pode ser utilizada em dose única. O objetivo do presente estudo foi analisar a glicemia pós-prandial e a variação ponderal em um estudo de dose-resposta com essa nova sulfoniluréia. O estudo foi multicêntrico, randomizado, duplo-cego, placebo-controlado, com grupos paralelos e determinação da variação da dose de glimepirida nos pacientes sob titulação forçada. Os pacientes elegíveis para o estudo tinham DM2 de acordo com os critérios do NDDG, idade entre 40 e 75 anos, ambos os sexos, IMC entre 90 e 150% do peso ideal e glicemia de jejum abaixo de 180 mg/dl, com a sua dose anterior de sulfoniluréia estabilizada nas últimas 8 semanas. Após um período de 4 semanas de wash-out, um total de 158 pacientes foram randomizados para receber placebo (n = 234) ou glimepirida 1 mg (n = 31), 2 mg (n = 33) e 4 mg (n = 33) uma vez ao dia durante 12 semanas. Os quatro grupos estudados não apresentavam diferenças com relação aos dados demográficos iniciais estudados, ou seja, idade, distribuição de sexo, raça, peso e altura. A glicemia 2 horas após a refeição (G2PP) era semelhante nos 4 grupos estudados (placebo: 250 ± 44,2 mg/dl, glimepirida 1 mg: 257,4 ± 48 mg/dl; 2 mg: 251,9 ± 41,7 e 4 mg: 270,5 ± 46,6 mg/dl), durante a avaliação basal. A porcentagem de redução da G2PP [100 x (G2PP basal – G2PP semana 12)/G2PP basal] foi maior (p < 0,05) nos grupos com droga ativa [1 mg: 12,6% 9-0,46 a 47,1 - mediana e variação), 2 mg: 17,2% (-43,7 a 46,4) e 4 mg: 20,8% (-8,7 a 60)] do que no placebo (-1,2% (-64,3 a 48,0)]. No grupo com 4 mg, esta redução foi significativamente (p < 0,05) maior do que no grupo com 1 mg, indicando um efeito dose-resposta. Também ocorreu uma diminuição (p < 0,05) nos níveis de hemoglobina glicada e as porcentagens de redução nesse parâmetro foram no grupo 1 mg: 3,2% (-34,3 a 28,9), 2 mg: 3,3% (-21,3 a 26,0), 4 mg: 6,4% (-18,8 a 29,3), um aumento ocorreu no grupo placebo: -3,9% (-60,8 a 21,0). O IMC não mostrou variação significativa entre o basal e a 12ª semana de tratamento, em nenhum dos grupos estudados. Grupo placebo (27,8 ± 3,2 vs. 27,6 ± 3,1 kg/m2), 1 mg (27,9 ± 3,2 vs. 27,9 ± 3,2), 2 mg (28,5 ± 2,9 vs. 28,5 ± 2,7) e 4 mg (28,6 ± 3,1 vs. 28,7 ± 3,2). O 102 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 02 (2002) Continuação nível de resistência à insulina (HOMA-R) e de função da célula β (HOMA β) foram avaliados através dos pares de glicemia (mmol/l) e de insulinemia (IU/ ml) de jejum. O HOMA-R não se alterou e ocorreu uma melhora da função da célula β (HOMA β) nos grupos com droga ativa: 1 mg 35,7 ± 22,8% vs. 46,1 ± 36,4%; 2 mg 37,7 ± 30,4% vs. 54,1 ± 27,7% e 4 mg 37,5 ± 23,9% vs. 74,0 ± 60,2% (p 0,05). Os resultados deste estudo mostram que em 12 semanas a glimepirida, uma vez ao dia, foi efetiva em melhorar a função da célula b (HOMA b) e o controle metabólico (redução nos níveis de hemoglobina glicada e de glicemia pós-prandial), sem aumento no peso corporal. De modo que esta nova sulfoniluréia possui o potencial de colaborar para a correção de duas das alterações que estão associadas ao aumento da morbi-mortalidade durante a história natural do DM2. Matthias G. von Herrath et al., J Immunol 2002;168:933-941, Janeiro de 2002 Anticorpo inverte diabetes experimental sem comprometer a função imune Anticorpos Não-FcR-binding CD3, atualmente estudados para o tratamento do diabetes tipo 1, não engloba a competência imune antiviral. Este estudo utilizou um modelo em rato de diabetes auto-imune induzido por vírus. O diabetes tipo 1 se desenvolve em 2 semanas após infecção por lymphocytic choriomeningitis virus (LCMV). O LCMV, que infecta só as células b, é considerado pelo sistema imunológico desses ratos transgênicos como um auto-antígeno, e as células infectadas de ilhotas são destruídas pelas células T especificas do antígeno. Os pesquisadores trataram grupos de 8 a 10 ratos infectados por LCMV durante 5 dias com CD3-F(ab’)-2. Eles acharam que o tratamento era mas efetivo durante uma fase pré-diabética claramente definida e prevenia 100% do diabetes. Todavia, em uma fase mais tardia, quando a maioria das células b eram destruídas, o tratamento foi responsável de uma reversão do diabetes em 75% dos animais. Segundo os autores, essa é a primeira observação da capacidade de um anticorpo de inverter uma doença estabelecida. Após tratamento por CD3-F(ab’)-2, os ratos eram capazes, assim como os ratos não tratados, de eliminar a infecção a LCMV, bem como as infecções com vírus Pichinde e vaccinia. Estes achados, segundo os autores, confirmam o valor potencial do uso de anticorpos non-FcR-binding para tratar pacientes pré-diabéticos, recebedores de transplantes de ilhotas bem como os pacientes com início recente de diabetes. Christian W. Hamm et al., Circulation: Journal of the American Heart Association, 5 de março de 2002 A interrupção das estatinas pode ser responsável de um ressalto que aumenta o risco de morte Os pacientes portadores de doença cardíaca que interrompem o uso de drogas anticolesterolemiantes quando são hospitalizados devido a dor torácica, apresentam três vezes mais risco de morte ou acidente cardíaco do que os pacientes que continuam o tratamento. Este estudo examinou os dados de 1616 pacientes que participaram anteriormente do estudo clínico PRISM - Platelet Receptor Inhibition in Ischemic Syndrome Management Study. O estudo comparou a eficiência de 2 drogas anticoagulantes – tirofiban vs. heparina – em pacientes portadores de doença arterial coronariana, hospitalizados com dor torácica aguda. Quando admitidos no hospital, 465 pacientes eram tratados por estatinas durante 6 meses. O tratamento foi relizado em 379 pacientes e interrompido em 86. Após de 30 dias, os pesquisadores examinaram as taxas de óbito e de acidentes cardíacos não fatais. Os pacientes que persistiram no tratamento apresentavam a metade do risco de óbito ou acidente cardíaco, do que as pessoas Avanços Terapêuticos e Tecnológicos – Diabetes Clínica 02 (2002) 103 Continuação nunca tratadas com estatinas. Os que interromperam o tratamento após hospitalização, apresentaram 2,93 mais riscos do que os do primeiro grupo. Segundo a equipe, a interrupção das estatinas é suficiente para explicar esse aumento de óbitos e acidentes cardíacos. Uma semana após da hospitalização, comparados com pacientes que persistiram na medicação, um número significativamente maior de pacientes, que interromperam o tratamento, foram tratados por reestabelecimento do fluxo sangüíneo nas artérias coronarianas. 166 pacientes tratados com estatina após hospitalização apresentaram menos óbitos e acidente cardíaco não fatal, do que os pacientes que nunca utilizaram as estatinas. Foi comprovado que as estatinas são eficazes para diminuir o risco de morte em pacientes com doença arterial coronariana estável. Todavia, estudos anteriores excluíram pacientes que sofreram uma síndrome coronariana aguda nos 3 a 6 meses anteriores. Parece que a droga faz mais do que diminuir o colesterol. Ela diminui a inflamação arterial, a capacidade das plaquetas de constituir um coágulo sangüíneo e a proliferação de células de músculo liso nas artérias. Estatinas também aumentam a liberação de oxido nítrico protetor das células, constituindo as paredes internas das artérias do coração. Pesquisas em animais mostram que a interrupção brutal do tratamento cone estatinas é responsável por um fenômeno de ressalto. Além de voltar para o nível normal, o nível de oxide nítrico diminui abaixo do normal. Três drogas representam 94,5% do tratamento por estatinas (sinvastatina, lovastatina e pravastatina). Todas as estatinas parecem fornecer um efeito protetor semelhante, quando os pacientes são tratados pelo menos 6 meses antes da hospitalização. Adam B. Mayerson et al., Diabetes 51:797-802, março de 2002 Efeitos da rosigitazona sobre a sensibilidade à insulina, lipólise e conteúdo triglicerídico músculo-esquelético e hepático em pacientes diabéticos tipo 2 Foi investigado o efeito do tratamento com rosiglitazona 3 meses (4mg/dia) sobre a sensibilidade à insulina corpo inteiro e do adipócito periférico in vivo, como avaliado por liberação de glicerol em microdiálise de gordura subcutânea durante clamp hyperinsulinico-euglicêmico de 2 etapas (20 e 120 mU · m-2 · min-1), em 9 pacientes portadores de diabetes tipo 2. Os efeitos da rosiglitazona sobre os triglicérides do fígado e do músculo foram avaliados por spectroscopia de ressonância nuclear. O tratamento com rosiglitazona resultou em melhora de 68% (P < 0,002) e 20% (P < 0,016) do metabolismo da glicose estimulada por insulina, durante os clamps insulínicos de baixa e alta dosagem, respectivamente, o que foi associado com diminuição aproximada de 40% na concentração de ácido graxo plasmático (P < 0,05) e triglicérides hepáticos (P < 0,05). As alterações foram associadas ao aumento de 39% dos lípides extra-miocelular (P < 0,05) e o aumento em 52% da sensibilidade dos adipócitos periféricos aos efeitos inibidores da insulina sobre a lipólise (P = 0,04). Em conclusão, esses resultados confirmam a hipótese que as tiazolidinedionas estimulam a sensibilidade à insulina em pacientes portadores de diabetes tipo 2, pela promoção da sensibilidade à insulina no adipócito periférico, o que resulta em concentrações menores de ácido graxo plasmático e redistribuição do lípide intracelular dos órgãos sensíveis à insulina para os adipócitos periféricos. 104 Diabetes Clínica 02 (2002) Produtos e novidades Roche lança Accu-Chek Active, o monitor de glicose o mais rápido Em apenas 5 segundos, o monitor portátil Accu-Chek Active, desenvolvido pela Roche Diagnostics, disponibiliza resultados precisos e análise detalhada de nível de glicose no sangue. Accu-Check Activ é ideal para quem tem diabetes e possui uma vida ativa, dinâmica e tem a necessidade de otimizar o seu tempo. Com apenas 2 microlitros de sangue – equivalente a uma pequena gota, o Accu-Chek Active disponibiliza resultados precisos. O monitor possui memória para o armazenamento de 200 resultados com data e hora, assim como a média dos valores dos últimos 7 e 14 dias. Os resultados armazenados na memória do monitor podem ser transferidos facilmente para um computador através do interface por infravermelho. Com design atraente, leve, discreto e tamanho ideal de bolso, o AccuChek Active não se assemelha a um dispositivo médico e sim a mais um aparelho eletrônica utilizado no dia-a-dia. Accu-Chek Active também é muito fácil de usar: com uma função de liga e desliga automática, basta inserir a tira de teste, colocar a amostra de sangue e aguardar o resultado. Accu-Chek Active foi desenvolvido pela Roche Diagnostics, divisão responsável pela fabricação de equipamento inovadores, produtos e serviços para pacientes, médicos, hospitais e laboratórios. 106 Produtos e novidades - Diabetes Clínica 02 (2002) Lightsweet: Groselha Diet e Guaraná Diet Lowçucar A Lightsweet lançou mais dois produtos com a marca Lowçucar, trata-se do Xarope Groselha Diet e Guaraná Diet. São duas deliciosas opções para diabéticos, naturalistas e para quem leva uma vida saudável e consomem produtos com baixo teor calórico. Os adoçantes utilizados na elaboração da Groselha Diet e Guaraná Diet são aspartame, sacarina e ciclamato. Cada garrafa de 900ml rende mais de 5 litros da bebida. IEDE: Manual de Educação em Diabetes O Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia (Rio de Janeiro) lançou a Manual de Educação em Diabetes, livro voltado aos multiprofissionais que trabalham com diabetes que ensinam como ensinar. Apresenta técnicas didático-pedagógicas para que esses multiprofissionais se tornem realmente educadores em diabetes, num trabalho da mestre em educação Tânia Zagury. O Manual visa apresentar um programa de ensino padrão, contendo os planos de aulas básicas, a dinâmica de trabalho e instruções de acompanhamento de cursos a serem ministrados em hospitais e/ou serviços que atendam pacientes com Diabetes e seus familiares. É uma ferramenta essencial na atuação junto ao paciente. Pode ser adquirido no IEDE apenas por quem faz parte de um programa de educação. Procure na divisão de Enfermagem com Tereza ou Rosa. Tel: (21) 2221-7577 Coordenador científico: Prof. Dr. Leão Zagury e equipe do IEDE. Os doces de confeitaria sem açúcar de Day by Diet Day by Diet comercializa uma linha de doces de confeitaria para quem não pode ou não quer consumir açúcar. Sua variada linha de produtos inclui bolos, tortas, doces, docinhos, cocadas, pé de moleque, leite condensado, marshmallow e muitos outros produtos com muito sabor, poucas calorias e a mais absoluta garantia de qualidade em produtos sem açúcar. Todas as especialidades de Day by Diet podem se encontrar na ANAD. Produtos e novidades - Diabetes Clínica 02 (2002) 107 Ofner: Linha de doces e sorvetes sem adição de açucares A Doceira Ofner, há 50 anos na grande São Paulo, oferece agora uma linha de doces e sorvetes sem adição de açucares, que foram substituídos por polioís, maltodextrinas, concentrados protéicos de leite e também adicionados de fibras solúveis. O “blend” de edulcorantes usados é de última geração (sucralose e Acessulfame K). Assim o sabor dos produtos se torna tão bom quanto os seus tradicionais similares normais e sem resíduos indesejáveis no palato. Esses produtos também são reduzidos em calorias e benéficos ao sistema digestivo por conter fibras solúveis prebióticas (3% de inulina). O Mousse de Chocolate, a Cheese Cake, a Tortinha de Morango, a Torta de Chocolate, e o Ecler de Chocolate têm redução de calorias entre 30 e 43%, sendo os Sorvetes de Creme, Morango e Chocolate reduzidos em calorias de 43 a 49%. Encontram-se nas lojas a informação nutricional e composição de cada produto. Já o Chocolate Dietético, em forma de ovo de páscoa ou tabletinhos, tem como substituo do açúcar o maltitol e com edulcorante a sucralose. 108 Diabetes Clínica 02 (2002) Resumos de trabalhos e congressos LJ Franco e JSY Rocha, departamento de medicina social FMRP-USP, XIo Congresso da Associação Latino Americana de Diabetes (ALAD), Punta Del Este, Uruguay, 11 a 15 de novembro de 2001 O aumento das hospitalizações por diabetes na região de Ribeirão Preto, no período 1988-97 Introdução: As hospitalizações são responsáveis por 40% dos custos diretos relacionados à assistência ao diabetes. Com o aumento da conscientização dos profissionais de saúde e das pessoas com diabetes sobre a importância do bom controle metabólico na prevenção das complicações crônicas do diabetes, o esperado é que ocorra uma diminuição na taxa de hospitalização devido ao diabetes. Objetivo: Analisar a tendência das hospitalizações por diabetes na região de Ribeirão Preto, SP, no período 1988-97. Casuística e métodos: A região de Ribeirão Preto está localizada no nordeste do Estado de São Paulo e é um importante centro agro-industrial do Brasil, com uma população de aproximadamente um milhão de pessoas. É considerada uma das mais prósperas regiões do País, com uma renda per capita em torno de U$ 5.000,00. Desde 1970 existe um registro coordenado pelo departamento de Medicina Social, FMRP-USP, abrangendo todas as hospitalizações, públicas e privadas, da região. Neste trabalho foram excluídas as hospitalizações de recém-nascidos e as hospitalizações por diabetes foram consideradas apenas quando o diabetes foi a principal razão para a hospitalização. Resultados: No período de 1988 a 1997, o número de hospitalizações por todas as causas aumentou 14,3% (de 128.181 para 146.460), com um crescimento populacional de 20,6% (de 822.027 para 991.975 habitantes). As hospitalizações por diabetes aumentaram 33,6% (de 1050 para 1403). As causas associadas mais frequentes foram hipertensão arterial, doença cardiovascular e infecção urinária. Do total de hospitalizações, 1304 envolveram procedimentos cirúrgicos, sendo 523 (40,1%) por amputações de membros inferiores. Houve um excesso de hospitalizações por diabetes para as mulheres (razão masculino/feminino em torno do 1,7 durante todo o período). A taxa de letalidade se manteve constante, em torno de 4%. A duração média da hospitalização variou de 6,0 dias em 1988 para 5,0 dias em 1997 para as mulheres e de 6,6 dias para 5,1 dias para os homens. Discussão e conclusões: A taxa de hospitalização por diabetes foi maior do que a para as hospitalizações por todas as causas e superior à taxa de crescimento populacional. Apesar de ocorrer uma redução na duração media de permanência no hospital, a hospitalização por diabetes continua aumentando sua contribuição para o custo envolvido na assistência ao diabetes. Explicações para este fato poderiam incluir, além de um aumento na prevalência, a maior esperança de vida das pessoas com diabetes, geralmente com mau controle metabólico, dando oportunidade para a manifestação das suas complicações crônicas. 110 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 02 (2002) Wahid ST , Nag S, Bilous RW, Marshall SM, Robinsin AC, Diabet Med 2001;18:599-603 Cobertura vacinal contra gripe e pneumococo em pacientes com diabetes no Reino Unido Objetivos: Documentar a cobertura vacinal contra gripe e contra o pneumococo em pacientes portadores de diabetes atendidos por serviços secundários na Região Norte do Reino Unido e investigar os fatores que influenciam a adesão à vacinação. Métodos: Portadores de diabetes atendidos pelo pronto-socorro em Middlesbrough, Gateshead e Newcastle foram questionados de outubro de 1999 até março de 2000. Médicos questionaram sobre o status da vacinação contra gripe e pneumococo utilizando um questionário padrão. Os dados coletados incluem idade, ano em que foi diagnosticado o diabetes, duração do diabetes, tipo de diabetes e a presença de alguma outra indicação reconhecida para vacinação. Resultados: 268 pacientes, 42% (113/268) com diabetes tipo 1, 34% (91/ 268) com doença cardíaca isquêmica, 10% (26/268) com doença pulmonar crônica (CPD) e 10% (27/268) com doença renal crônica, foram questionados. 35% (93/268) dos pacientes receberam a vacina contra gripe e pneumocócica, 24% (64/268) receberam apenas a vacina contra gripe, e nenhum paciente recebeu somente a vacina pneumocócica. A maioria dos pacientes vacinados recebeu a indicação sobre a vacinação contra gripe e contra pneumococo do seu clínico geral (90% (142/157) e 87% (81/93), respectivamente). Um grande número de pacientes não-vacinados não estavam cientes da necessidade da vacinação contra a gripe e contra pneumococo (69% (76/175) e 91% (159/ 175), respectivamente). Utilizando regressão lógica múltipla, nota-se um aumento da cobertura vacinal em pacientes com doença pulmonar crônica, contra gripe – odds ratio (OR) = 1,99 – 95% IC (1,07-14,12) ou pneumococo (OR = 3,77 – IC 1,69-21,76). Além disso, a cada ano acrescido na idade, a probabilidade de receber a vacina contra a gripe aumenta em 22% (OR = 1,22 – IC 1,09-1,67) e em 29% (OR= 1,29 (IC 1,07-1,72) para vacina pneumocócica. Conclusões: As taxas de vacinação nesses pacientes diabéticos são insatisfatórias. Os profissionais dos serviços secundários de saúde podem aumentar essas taxas promovendo a discussão sobre o assunto durante as consultas. Miller CK, Edwards L, Kissling G, Sanville L, Prev Med 2002;34(2):252259, fevereiro de 2002 Educação nutricional melhora os resultados metabólicos em adultos idosos portadores de diabetes mellitus Introdução: Alguns programas de educação em diabetes foram desenhados especificamente para adultos idosos. Este estudo avaliou o impacto de uma intervenção nutricional sobre a glicose sanguínea e os níveis de lipoproteínas de adultos > 65 anos sem limitação funcionais, mas portadores de diabetes tipo 2 < 1 ano. Métodos: 98 indivíduos foram randomizados para os grupos experimental e controle. O desenho do grupo controle pré-teste e pós-teste foi usado para avaliar a intervenção. 92 indivíduos (94%) completaram o estudo. O programa de 10 semanas incluiu princípios de tratamento da informação, teoria da aprendizagem e teoria social cognitiva para entender as necessidades dos adultos idosos. A análise de covariância comparou os resultados entre grupos. O teste t comparou os resultados entre dos grupos. Resultados: Os participantes ultrapassaram as recomendações para melhor controle glicêmico no pré-teste. O grupo experimental apresentou melhora maior na glicose plasmática de jejum (P = 0,05) e hemoglobina glicosilada (P Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 02 (2002) Continuação 111 < 0,01) do que o grupo controle. Mais participantes do grupo experimental do que no grupo controle, significativamente, realizaram os objetivos do tratamento para o colesterol total no pós-teste (P < 0,05). Conclusões: Os adultos idosos portadores de diabetes precisam de educação adicional para realizar o controle metabólico. Educação nutricional pode melhorar o controle metabólico nesta coorte. A melhora dos resultados metabólicos diminui a morbidade e mortalidade associadas ao diabetes. Faria NA, Rieiro F, Lerario DD, Kohlmann N, Ferreira SR, Zanella MT, Arq Bras Cardiol 2002;78(2):176-80, fevereiro de 2002 Efeitos da sibutramina no tratamento da obesidade em pacientes com hipertensão arterial Objetivo: Avaliar os efeitos da diminuição de peso com sibutramina 10 mg ou placebo sobre a pressão arterial de 24 horas (monitorização ambulatória da pressão sanguínea), a massa ventricular esquerda, e o tratamento antihipertensivo em 86 pacientes obesos e hipertensos durante 6 meses. Métodos: Os pacientes efetuaram ecocardiografia, monitorização da pressão sanguínea ambulatória e medições do níveis de enzimas hepáticas antes e depois de tratamento com sibutramina ou placebo. Resultados: O grupo usando sibutramina apresentou maior perda de peso do que o grupo placebo (6,7% versus 2,5%; p < 0,001), aumenta o da frequência cardíaca (78,3 ± 7,3 para 82 ± 7,9 bpm; p = 0,02), e diminuição do índice de massa ventricular esquerda/altura (105 ± 29,3 versus 96,6 ± 28,58 g/m; p = 0,002). Ambos os grupos mostraram aumentos semelhantes dos níveis de fosfatase alcalina e ajustes comparáveis no tratamento antihipertensivo. Todavia, a pressão sanguínea não foi alterada. Conclusão: O uso da sibutramina foi responsável pela perda de peso e diminuição da massa ventricular esquerda em pacientes obesos e hipertensos ,sem interferência com a pressão sanguínea ou com o tratamento antihipertensivo. Panz VR et al., Transplantation 2002;73(4):587-90, fevereiro de 2002 Efeito diabetogênico do tacrolimus em pacientes com transplantes de rim Introdução: Diabetes mellitus (DM) é uma complicação do tratamento com tacrolimus. Esse estudo avaliou a prevalência do diabetes em pacientes negros e brancos de África do Sul, recebendo tacrolimus após transplante do rim e fatores que poderiam identificar, antes do transplante, pacientes com risco de desenvolvimento de DM. Métodos: Amostras de sangue de jejum de 17 pacientes (11 negros, 6 brancos) foram analisados imediatamente em pré-transplante e em 1 e 3 meses pós-transplante para glicose, HbA1c, insulina, peptídeo C, ácidos graxos livres, lípides, uréia e creatinina. Resistência à insulina (RI) foi calculada utilizando as fórmulas do homeostasis model assessment (HOMA) e quantitative insulin sensitivity check index (QUICKI). Resultados: 8 pacientes (47%) se tornaram diabéticos (6 negros 2 brancos), e 9 pacientes (5 negros, 4 brancos) permaneceram não diabéticos. As concentrações médias de glicose no grupo diabético foram significativamente maiores após 1 meses (P = 0,03) e 3 meses (P = 0,01). O nível médio de insulina aumentou a 3 meses (P = 0,01) como também HbA1c (P = 0,001). As concentrações de peptídeo C não foram significativamente alteradas nos 2 grupos. Correlações significativas foram encontradas entre concentrações de 112 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 02 (2002) Continuação glicose de jejum a 3 meses pós-transplante Homa inicial (r = 0,486; P = 0,048) e QUICKI inicial ( r = -0,582; P = 0,014). Conclusões: Ocorrência de DM foi elevada e maior em pacientes negros. RI foi o principal mecanismo envolvido, junto com a compensação inadequada da célula β. Resistência à insulina pré-transplante é um fator de prognóstico do desenvolvimento do DM após do transplante. Schwarzer U et al., BJU Int 2001;88(7):727-30, novembro de 2001 Prevalência da doença de La Peyronie Objetivos: Determinar a prevalência da doença de La Peyronie, doença localizada do tecido conjuntivo da túnica albugínea do pênis, cujos os sintomas incluem placa palpável, ereções dolorosas e curva do pênis, em uma grande amostra de homens alemães. Pacientes e métodos: Um questionário padronizado foi enviado para 8.000 habitantes da cidade de Colônia (população: 1,5 milhões). A validade de 3 perguntas sobre o auto-diagnóstico de doença de La Peyronie foi anteriormente avaliada em 158 homens saudáveis e 24 pacientes portadores confirmados de doença de La Peyronie. Para otimizar a taxa de resposta, o questionário foi enviado três vezes à todos os homens da amostra. Resultados: A taxa de resposta após a terceira mala direta foi de 55,4% (4.432 homens): 142 homens (3,2%, idade média 57,4 anos, DP 13,4) reportaram a aparição de uma placa palpável, o que foi, segundo a precedente avaliação, a pergunta mais sensível e o principal sintoma da doença. Em homens com idade 30-39 anos, só 1,5% reportaram o endurecimento localizado do pênis, comparados com 3,0% dos 40-49 anos e 50 a 59 nos, 4% dos 60-69 anos e 6,5% dos > 70 anos. A ocorrência de uma nova angulação foi reportada por 119 dos 142 homens (84%) e a dor na ereção por 66 (46,5%). A combinação dos 3 sintomas (placa, desvio e ereção dolorosa) foi reportada por 46 a 4432 respostas (1,04%), i.e. 32% dos 142 homens com endurecimento do pênis; 58 dos 142 homens (41%) reportaram uma disfunção erétil. Conclusões: Este é o primeiro estudo baseado em comunidade de pesquisa da prevalência da doença de La Peyronie. Utilizando questionário precedentemente avaliado, a prevalência da doença de La Peyronie foi de 3,2% na amostra, o que é maior do que os níveis encontrados em estudos anteriores. Uma prevalência elevada comparável é reportada por diabetes e urolitíase, sugerindo que esta doença ‘rara’ é mais freqüente do que se pensava anteriormente. Rob M. van Dam et al., Department of Nutrition, Harvard School of Public Health, Boston, Massachusetts, Diabetes Care 25:417-424, março de 2002 Gordura e carne na dieta em relação com o risco de diabetes tipo 2 em homens Objetivo: Investigar a relação do risco de diabetes tipo 2 com a gordura e carne na alimentação Desenho e métodos: Foram prospectivamente acompanhados 42.504 participantes homens do Health Professionals Follow-Up Study, idade 40-75 anos, livres de diabetes diagnosticado, doença cardiovascular e câncer em 1986. A dieta foi avaliada por questionário de frequência de alimentos e atualizado em 1990 e 1994. Durante os 12 anos de seguimento, foram diagnosticados 1321 casos de diabetes tipo 2. Resultados: Ingestão de gordura total (RR multivariate para quintiles extremos 1.27, IC 1,04–1,55, P = 0,02) e gordura saturada (1,34, 1,09–1,66, P = 0,01) foi associada com risco maior de diabetes tipo 2. Todavia, essas associações desapareceram após ajuste para IMC (gordura total RR 0,97, IC 114 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 02 (2002) Continuação 0,79–1,18; gordura saturada 0,97, 0,79–1,20). Ingestão de ácido oléico, transfat, gordura de longa cadeia n-3 e ácido alpha-linolénico não foi associada com risco de diabetes após ajuste. Ácido linoléico foi associado com risco menor de diabetes em homens com menos de 65 anos (RR 0,74, IC 0,60– 0,92, P = 0,01) e em homens com IMC <25 kg/m2 (0,53, 0,33–0,85, P = 0,006), mas não em homens idosos ou obesos. O consumo freqüente de carne processada foi associado com risco maior de diabetes tipo 2 (RR 1,46, IC 1,14–1,86 para ≥ 5/semana vs. <1/mês, P <0,0001). Conclusões: Consumo de gordura total e saturada foi associado com risco maior de diabetes tipo 2, mas essas associações não são independentes do IMC. Consumo freqüente de carne processada pode também aumentar o risco de diabetes tipo 2. Kirsten A. McAuley et al., Department of Human Nutrition, Otago University, Dunedin, New Zealand Diabetes Care 25, março de 2002 Alterações intensivas do estilo de vida são necessárias para melhorar a sensibilidade à insulina Objetivo: O tamanho da alteração do estilo de vida para melhorar a sensibilidade à insulina não foi estabelecido. O estudo compara o efeito sobre a sensibilidade à insulina, das recomendações atuais dietéticas e de atividade física com intervenção especial em indivíduos normoglicêmicos e resistentes à insulina. Desenho e métodos: 77 homens e mulheres com glicemia normal (determinada por clamp euglicêmico insulínico) e resistência à insulina foram randomizados para grupo controle, com 1 e 2 programas combinados de dietas e exercícios. Um grupo foi baseado em recomendações atuais e outro em programa mais intensivo de dieta e exercício. A sensibilidade à insulina foi medida por clamp insulínico euglicêmico, composição corporal foi avaliada por absorciometria de raio X, e fitness aeróbico e antropométrico foi avaliado antes e após o período de 4 meses da intervenção. Os dados de ingestão alimentar de 4 dias foram coletados e foram medidos glicose de jejum, insulina e lípides. Resultados: Só o grupo com tratamento intensivo mostrou uma melhora significativa na sensibilidade à insulina (aumento de 23% P = 0,006 vs. 9% no outro grupo, P = 0,23). Isso foi associado a um aumento significativo do fitness aeróbico (aumento de 11% no grupo intensivo P = 0,02 vs. 1% no outro grupo, P = 0,94), e uma ingestão maior de fibras, mas sem diferença no total reportado de gorduras saturadas. Conclusões: As recomendações clínicas dietéticas e de atividade física, mesmo quando rigorosamente implantadas, não aumentaram significativamente a sensibilidade à insulina; todavia, um programa mais intensivo alcança esse objetivo. O aumento do fitness aeróbico parece ser a maior diferença entre os dois grupos, apesar de que a perda de peso e a composição da dieta tinham também um papel importante na determinação da sensibilidade à insulina. Barbara Parker et al., Diabetes Care 25:425-430, março de 2002 Efeito de uma dieta por perda de peso rica em proteínas e gorduras mono-insaturadas sobre o controle glicêmico e os níveis de lípides em diabetes tipo 2 Objetivo: Determinar o efeito de uma dieta de perda de peso com taxa elevada de proteínas, com uma dieta de baixo teor de proteínas sobre o tecido adiposo e magro, a glicose de jejum e pós-prandial, e concentrações de insulina. Desenho e métodos: Substituir proteínas por carboidratos durante período Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 02 (2002) Continuação 115 de perda de peso e restrição energética, foi eficiente para preservar a massa magra e melhorar a sensibilidade à insulina em indivíduos obesos, mas não foi testado em indivíduos portadores de diabetes tipo 2. Comparamos a dieta protéica (28% proteínas, 42% CHO, 28% gordura [8% ácidos graxos saturados, 12% ácidos graxos monoinsaturados, 5% ácidos graxo poli-insaturados]) com a dieta de carboidratos (16% proteínas, 55% CHO, 26% gordura [8% ácidos graxos saturados 11% ácidos graxos monoinsaturados, 5% ácidos graxo poliinsaturados]) em 54 homens e mulheres obesos portadores de diabetes tipo 2 durante um período de 8 semanas de restrição energética (1,600 kcal) e 4 semanas de balanço energético. Composição corporal foi determinada por absorciometria de raio X nas semanas 0 e 12. Resultados: O objetivo de perda de peso de 5,2 ± 1,8 kg foi atingido independentemente da composição da dieta. Todavia, mulheres com dieta protéica perderam significativamente mais gordura total (5,3 vs. 2,8 kg, P = 0,009) e abdominal (1,3 vs. 0,7 kg, P = 0,006), quando comparadas a mulheres com dieta de carboidratos, embora que, em homens, não foi observada a diferença na perda de gordura entre as dietas (3,9 vs. 5,1 kg). A massa magra total diminuiu em todos os pacientes independentemente da composição da dieta. A diminuição do LDL-colesterol foi significativamente maior na dieta rica em proteínas (5,7%) do que na dieta rica em carboidratos (2,7%) (P < 0,01). Conclusões: Ambos os modelos dietéticos resultaram em melhora do perfil de risco de doença cardiovascular como consequência da perda de peso. Todavia, as maiores diminuições em gordura total e abdominal em mulheres e maior diminuição do LDL colesterol nos dois sexos com a dieta protéica, sugerem que essa dieta é uma escolha válida para a diminuição do risco de doença cardiovascular em portadores de diabetes tipo 2. Yoshinori Miyazaki et al., University of Texas Health Science Center and Texas Diabetes Institute, San Antonio, Texas, Diabetes Care 25:517-523, março de 2002 Efeito dose-resposta da pioglitazona sobre a sensibilidade à insulina e a secreção de insulina em diabetes tipo 2 Objetivo: Investigar os efeitos dose-resposta da pioglitazona sobre o controle glicêmico, sensibilidade à insulina e secreção de insulina em pacientes portadores de diabetes tipo 2. Desenho e métodos: 58 pacientes diabéticos tipo 2 tratados por dieta (idade 54 ±1 anos; 34 homens e 24 mulheres; IMC 31,5 ± 0,6 kg/m2) foram randomizados para receber placebo (n = 11) ou 7,5 mg (n = 13), 15 mg ( n= 12), 30 mg (n = 11), ou 45 mg (n = 11) de pioglitazona por dia durante 26 semanas. Antes e após das 26 semanas, foi efetuado um teste de tolerância oral à glicose 75g (OGTT). Resultados: Pacientes tratados com 7.5 ou 15 mg/dia de pioglitazona não apresentaram alterações nas concentrações de glicose de jejum (FPG) ou de insulina de jejum (FPI) durante o OGTT. Pacientes tratados com 30 ou 45 mg/dia de pioglitazona, respectivamente, apresentaram diminuições significativas, comparadas com placebo, em HbA1c (∆ = -2,0 e -2,9%), FPG (∆ = -66 e -97 mg/dl), e glicose plasmática média durante OGTT ( ∆ = -84 e -107 mg/dl). A insulina plasmática de jejum diminuiu significativamente no grupo de pioglitazona 45 mg/dia, mas a insulina plasmática média durante o OGTT não foi alterada. O índice insulinogênico ( ∆[AUC] insulina/∆AUC glicose) durante OGTT aumentou significativamente nos grupos 30 e 45 mg/ dia (0,13 ± 0,03 para 0,27 ± 0,05, P < 0,05). A partir do OGTT, foi construído um índice (ISI) de sensibilidade à insulina do corpo inteiro bem correlato com os resultados da técnica do clamp insulínico. O ISI corpo inteiro [ISI=10,000 raiz quadrada de (FPG x FPI) x (PG x PI), onde PG e PI = concentrações médias de glicose plasmática e de insulina durante OGTT] 116 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 02 (2002) Continuação aumentou significativamente em pacientes tratados com 30 mg (1,8 ± 0,3 para 2,5 ± 0,3, P < 0,05) ou 45 mg (1,6 ± 0,2 para 2,7 ± 0,6, P < 0,05) por dia de pioglitazona. No início, o ISI hepático [k/(FPG x FPI)[k/(FPG x FPI)], aumentou em pacientes tratados com 30 mg (0,13 ± 0,02 para 0,21 ± 0,03, P < 0,05) e 45 mg (0,11 ± 0,02 para 0,24 ± 0,06, P < 0,05) por dia de pioglitazona. Correlações significativas entre a dose de pioglitazona e as alterações em HbA1c (r=-0.58), FPG (r = -0,47), glicose pós-prandial durante OGTT (r = 0,46), índice insulinogênico (r = 0,34), ISI hepático (r = 0,44), e ISI corpo inteiro ( r= 0,36) foram observados. Conclusões: Pioglitazona melhora o controle glicêmico através da estimulação da função da célula β e melhora da sensibilidade à insulina corpo-inteiro e hepática. Masahiko Tsuchiya et al., Circulation 2002;105:1155-57, março de 2002 Um único cigarro diminui rapidamente as concentrações plasmáticas de nitratos, nitritos e anti-oxidantes Introdução: Tabagismo é um fator de risco bem conhecido do desenvolvimento de doenças cardiovasculares, apesar de que o mecanismo envolvido não seja ainda completamente conhecido. A fumaça de cigarro contém superóxido e outras espécies reativas ao oxigênio. Uma hipótese é que alguns dos efeitos adversos do tabagismo seja a alteração oxidativa das células endoteliais, o que resulta em insuficiência do oxide nítrico (NO). Todavia, poucas informações são disponíveis sobre os efeitos agudos do tabaco Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 02 (2002) Continuação 117 nas concentrações plasmáticas do NO e antioxidantes. Medimos as alterações em concentrações plasmáticas de nitratos e nitritos com índice de concentração de NO, bem como as alterações nas concentrações dos mais importantes antioxidantes plasmáticos (ácido ascórbico, cisteína, metionina, ácido úrico), em fumantes após o consumo de um único cigarro. Métodos e resultados: Um estudo randomizado cruzado dos efeitos de um cigarro foi realizado em 20 fumantes. Fumar um cigarro placebo não induziu alterações significativas em todos os parâmetros testados. Todavia, fumar um único cigarro diminuiu significativamente as concentrações plasmática dos nitratos e nitritos em 3,5 ± 1,5 e 3,4 ± 1,1 mmol/l, comparadas com concentrações plasmáticas antes de fumar e placebo, respectivamente. As concentrações de ácido ascórbico e outros antioxidantes foram também significativamente menores após fumar um único cigarro. Esses parâmetros voltaram para os níveis pré-experimentais 60 minutos após o fim do cigarro. Conclusão: Esses achados indicam que fumar um único cigarro diminui temporariamente as concentrações de nitratos, nitritos e antioxidantes no plasma. Essas alterações transitórias podem contribuir à vasoconstrição coronariana, que é habitualmente observada após um cigarro. Lindblad U et al., Skaraborg Institute, Skovde, Sweden Department of Community Medicine, Lund University, Malmo, Sweden The NEPI Foundation, Malmo and Stockholm, Sweden Diabetes Obes Metab 2001;3(6):44351, dezembro de 2001 NEPI Antidiabetes Study (NANSY): relações dose-efeito a curto prazo da glimepirida em indivíduos com tolerância a glicose diminuída Objetivo: NANSY é um estudo sueco randomizado, controlado por placebo, com 2x1112 participantes, homens e mulheres, com tolerância à glicose diminuída (IFG), cujo objetivo é de avaliar se o desenvolvimento do diabetes tipo 2 pode ser reyardado por adição de sulfoniluréias na dieta e aumento de atividade física. O estudo piloto foi efetuado para determinar a dose certa de glimepirida em NANSY. Métodos: Em ensaio duplo-cego 25 indivíduos IFG foram randomizados para receber doses únicas e tratamento de um semana com 0 (placebo) 0,5, 1,0 ou 2,0 mg de glimepirida uma vez por dia. A dose certa foi avaliada pela dosagem da glicose sanguínea durante teste de tolerância oral a glicose 75g (OGTT), comparando glicose sanguínea de jejum, e a área sob a curva de glicose (AUC), e pelo controle dos eventos hipoglicêmicos. Resultados: Com doses únicas, existe uma relação clara dose-resposta para a redução em AUC, com diferença estatisticamente significativa entre só placebo (média 1981, IC 95% 1883-2078) e 2 mg glimepirida (média 1763, 95% CI 1665-1861). Todavia, após uma semana de tratamento, as únicas diferenças significativas foram entre placebo (média 1934, 95% CI 18562012) e 1 mg glimepirida (média 1714, 95% CI 1637-1792). Da mesma maneira, as únicas diferenças estatísticas na glicose sanguínea de jejum no dia 7 foram entre placebo (5,87 mmol/l, 95% CI 5.68-6,05 mmol/l) e 1 mg glimepirida (5,42 mmol/l, 95% CI 5,21-5,62 mmol/l). A hipoglicemia química foi comum, mas os sintomas de hipoglicemia foram raros e semelhantes entre as doses ativas, e facilmente controlados pelos pacientes. Conclusões: A curva dose-efeito do sulfoniluréia é regular por causa da regulação dos receptores de sulfoniluréias durante a exposição crônica. O achado pode ser também um fenômeno de ressalto, secundário a hipoglicemia anterior. A dose certa determinada pelo estudo foi e 1 mg de glimepirida. 118 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 02 (2002) Hermann LS et al., The Swedish Network for Pharmacoepidemiology, Malmo, Sweden Department of Internal Medicine, Helsingborg, Sweden, Diabetes Obes Metab 2001;3(6): 428-34, dezembro de 2001 Melhora glicêmica a longo prazo após adição de metformina à insulina em pacientes diabéticos tipo 2 obesos tratados por insulina Objetivo: Avaliar o efeito da adição de metformina à insulina em diabéticos tipo 2. Métodos: Pacientes diabéticos tipo 2 obesos ou com sobrepeso tratados por insulina pelo menos durante 1 ano, e com controle glicêmico inadequado HbA1c > nível superior de referência + 2%), foram randomizados para participar em estudo duplo-cego controlado por placebo. 37 pacientes foram tratados durante 12 meses por metformina (850 mg/dia) ou placebo em mais do que a insulina usual, que foi estabilizada durante um período inicial de 3 meses. Resultados: 2 pacientes abandonaram o estudo durante o período inicial. Não existiam diferenças entre o grupo metformina (n = 16) e o grupo placebo (n = 19) no início. Vários pacientes receberam aplicações múltiplas de insulina. O controle metabólico melhorou com acréscimo de metformina. Alteração média de HbA1c no início mostrou diferença altamente significativa entre os grupos nos meses 3, 6, 9 e 12. Alteração média a 12 meses foi de -1,1 ± 0,7% vs. + 0,3 ± 0,8% (p < 0,001) para HbA1c e -1,4 ± 2,1 mmol/l vs. + 0,6 ± 2,2 mmol/l (p = 0,025) para glicose plasmática de jejum. LDL-colesterol diminuiu um pouco em 6 meses, mas não em 12 meses. Nenhuma alteração foi observada na dose de insulina, pressão sanguínea, peso corporal, triglicérides, colesterol total e HDL-colesterol, fibrinogênio, peptídeo C. A combinação de tratamento foi bem tolerada, com os mesmos efeitos adversos de que no tratamento de insulina, mas com um número maior de pacientes com diarréia. Conclusão: Adição de metformina à insulina induziu e manteve uma diminuição clinicamente significativa e consistente a longo prazo da hiperglicemia em pacientes diabéticos obesos tratados por insulina. Philippi ST / Diabetes Clínica 02 (2002) 119~122 Diabetes 119 Clínica Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 02 (2002) 119~122 ARTIGO ORIGINAL A pirâmide alimentar e as porções alimentares em uma alimentação saudável Food pyramid and servings in a healthy diet Sonia Tucunduva Philippi Professora Associada do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo Resumo Uma alimentação saudável é aquela planejada com alimentos de todos os tipos, de procedência conhecida, preparados de forma a preservar o valor nutritivo e os aspectos sensoriais. Os alimentos devem ser qualitativa e quantitativamente adequados, consumidos em refeições/dia, visando a satisfação das necessidades nutricionais e a promoção de uma vida saudável. O Ministério da Saúde - Anvisa - estabeleceu por meio das Resoluções RDC 39 e 40 uma pirâmide de 2500kcal para subsidiar as informações nutricionais com valores de porções. Comparando-se com a pirâmide de Philippi, que serviu de base para o desenvolvimento da pirâmide da Anvisa, constatou-se coincidência de porções e quilocalorias (grupos do leite e leguminosas) e para os demais foram observados valores mais rígidos para atender a política de prevenção das doenças crônicas não transmissíveis e obesidade. A pirâmide alimentar demonstrou ser uma ferramenta importante, não só para orientação nutricional como também na definição da política de rotulagem de alimentos. Palavras – chave: pirâmide alimentar, guia alimentar, rótulos de alimentos, grupos de alimentos, alimentação saudável. Abstract A healthy diet is planned with all kinds of food from good sources and prepared in a way to preserve the nutritional values and the sensorial aspects. Food must be quantitative and qualitative suitable, consumed in meal/day, viewing to satisfy the nutritional necessities and to promote a healthy way of life. The Ministry of Health - Anvisa - established with the Resolutions RDC 39 and 40, a pyramid of 2500 kcal to provide the nutritional information with the values of each serving. Comparing with Philippi’s pyramid which was the basis to develop ANVISA’s pyramid, it was verified a coincidence of servings and energy (groups of milk and beans). It was also verified harder values in order to attend the policy of non- transmissible chronic disease and obesity’s prevention. The food pyramid showed to be an important tool, not only for nutritional instruction, but also defining food labeling through a specific law. Key –words: food pyramid, food guide, food labeling, food groups, healthy diet. Artigo recebido em 20 de janeiro de 2002; aprovado em 1 de março de 2002 Endereço para correspondência: Av. Doutor Arnaldo, 715 – 01246-904 São Paulo – SP Tel: (11)3066- 7705, E-mail: [email protected] PB Philippi ST / Diabetes Clínica 02 (2002) 119~122 Introdução Uma alimentação saudável é aquela planejada com alimentos de todos os tipos, de procedência conhecida, de preferência naturais e preparados de forma a preservar o valor nutritivo e os aspectos sensoriais. Os alimentos devem ser qualitativa e quantitativamente adequados, do hábito alimentar, consumidos em refeições durante o dia, em ambientes “calmos”, visando a satisfação das necessidades nutricionais, emocionais e sociais, para promoção de uma qualidade de vida saudável. O comportamento alimentar entendido como formas de convívio com o alimento, constitui-se em “um conjunto de ações realizadas com relação ao alimento, que tem início com o momento da decisão, disponibilidade, modo de preparo, utensílios, horários e divisão da alimentação nas refeições do dia, encerrando o processo com o alimento sendo ingerido”[1]. Da mesma forma é importante o conceito de hábitos alimentares: “Preferências alimentares que fazem parte da cultura de um povo. São estabelecidos na infância e tornam-se comuns no decorrer da vida”[2]. Como exemplo tem-se o hábito de consumir arroz com feijão. A partir do conhecimento dos hábitos e comportamentos alimentares do indivíduo é possível estabelecer uma alimentação adequada e saudável. Para o planejamento e avaliação da dieta é importante o conhecimento do Valor Calórico Total (VCT) da alimentação no dia e a distribuição percentual dos nutrientes. Para tanto devem ser observadas as recomendações em energia e nutrientes para cada idade e sexo, de acordo com o peso, estatura e atividade física que estão definidas no National Research Council (NRC1989)[3] e na Dietary Reference Intakes (DRI-1997)[4]. A distribuição dos macronutrientes em função do VCT deve ser: proteínas - 10 a 15%; carboidratos - 50 a 60% e lipídios - 20 a 30%. Para atender as recomendações e distribuir o VCT no dia, os alimentos devem ser oferecidos em refeições. A refeição deve ser entendida como um grupo de alimentos consumidos em um determinado horário, que pela sua constituição, forma de preparo e tipo de alimento constitui um momento característico do dia alimentar. Por exemplo, costuma-se almoçar às 12:00 horas e os alimentos mais consumidos são: arroz, feijão, bife, salada. Recomenda-se um mínimo de 3 refeições diárias (café da manhã, almoço e jantar), intercaladas com lanches, compondo um dia alimentar com 6 refeições. Entende-se como preparação principal da refeição arroz ou feijão e como acompanhamento qualquer tipo de carne (frango, peixe ou bovina). As saladas com verduras cruas e os legumes cozidos devem sempre compor a refeição As sobremesas devem privilegiar, sempre que possível, as frutas da época. As calorias totais do dia devem ser distribuídas nas refeições da seguinte forma: Café da manhã (entre 6 e 9 horas): Lanche: Almoço (entre 11 e 13 horas): Lanche: Jantar (entre 19 e 21 horas): Lanche: 25% do VCT 5% do VCT 35% do VCT 5% do VCT 25% do VCT 5% do VCT Ainda devem ser considerados os alimentos de acordo com a fonte, ou seja, um alimento é fonte de um nutriente quando este está presente em no mínimo 5% das recomendações para o indivíduo. Exemplo: DRI de Cálcio para uma mulher entre 19 e 30 anos é de 1000 mg. Ao consumir 100 g de leite integral (119mg de Ca) tem-se 11,9% da DRI[4], considerando-se, portanto, o leite um alimento-fonte. As principais orientações sobre a alimentação saudável devem estar reunidas em um guia, que deve ser seguido para se conseguir uma boa saúde. O guia alimentar é um instrumento educativo, para orientação nutricional e alimentar que, baseado nas recomendações nutricionais, nos hábitos e nos comportamentos alimentares informa os indivíduos sobre a seleção, a forma, a quantidade e a distribuição de alimentos. A “pirâmide” foi o ícone escolhido para representar o guia alimentar. Apresenta variedade de alimentos, quantidade certa de calorias e nutrientes necessários para manutenção do peso ideal, constituindo-se em guia flexível e pessoal [5]. Metodologia Para o desenvolvimento do guia alimentar foram estabelecidas 3 dietas com 1600 kcal, 2200 kcal e 2800 kcal. Para incluir os alimentos nos cardápios nas formas “in natura”, preparações e industrializados, foram considerados o valor nutritivo e a forma de preparo dos alimentos e também por integrarem o hábito alimentar da família. Os alimentos foram distribuídos na pirâmide em 8 grupos, de acordo com o nutriente que mais se destacou na sua composição. Os grupos da pirâmide alimentar Os grupos da pirâmide alimentar foram definidos de acordo com a importância e a presença na dieta: · Grupo do arroz, pão, massa, batata, mandioca: este grupo constituído por cereais, tubérculos e raízes, fontes de carboidratos, contribui com a maior parte das calorias da dieta. · Grupo das verduras e legumes (hortaliças) e Philippi ST / Diabetes Clínica 02 (2002) 119~122 grupo das frutas: estes grupos são fontes de vitaminas e minerais. · Grupo das carnes e ovos: estes alimentos são fontes de proteínas, ferro e vitaminas. Inclui carnes de todas as naturezas e cortes: carne bovina, frango, peixes, frutos do mar, fígado e outras. · Grupo dos feijões: este grupo, constituído pelas leguminosas (feijão, soja, lentilha, ervilha), é fonte de proteína vegetal. · Grupo do leite, queijo e iogurte: formado pelo leite e seus derivados constitui importante fonte de proteínas, cálcio e vitaminas. · Grupo dos óleos e gorduras: (fonte de gorduras) e grupo dos açúcares e doces (fonte de carboidratos): estes alimentos devem ser consumidos com moderação. Encontram-se no topo e em todos os outros níveis da pirâmide, pois também estão presentes na composição e na preparação dos alimentos. Conceito de porção Compondo o guia alimentar foram estabelecidas as porções dos alimentos para cada um dos 8 grupos da pirâmide. Define-se “porção” como a quantidade de alimento em sua forma usual de consumo, expressa em medidas caseiras (xícaras, fatias,...), unidades ou na forma de consumo (4 gomos de laranja, 1 fatia de mamão, 4 unidades de biscoito). Esta quantidade é estabelecida a partir das necessidades nutricionais e das dietas calculadas para cada grupo específico. Para melhor entendimento, foram considerados sempre os valores médios, obtidos através do software “Virtual Nutri”[6]. Os alimentos de um grupo não podem ser substituídos pelos de outros grupos. Todos os alimentos são importantes e todos são necessários. Por exemplo: 1 xícara de leite (120 kcal) equivale a 1 copo de iogurte (120 kcal) ou 1 fatia de queijo minas (120 kcal) [6]. Exemplos de equivalentes de porção por grupo de alimento ARROZ: 1 porção = 150 kcal 1 pão francês 4 colheres de sopa de macarrão 4 colheres de sopa de arroz 4 biscoitos salgados 1 1/2 batata cozida 1 1/3 colher de servir de batata frita (palito) 2 biscoitos recheados 4 colheres de sopa de farinha de milho 2 fatias de pão de forma tradicional 2 1/2 xícara de chá de pipoca com sal 7 colheres de sopa de milho verde em conserva VERDURAS E LEGUMES: 1 porção = 15 kcal 15 folhas de alface 2 folhas de acelga 2 colheres de sopa de cenoura ralada 121 1 tomate 3 colheres de sopa de abobrinha cozida 2 colheres de sopa de beterraba crua ralada 3 ramos de couve-flor cozida 3 rabanetes 2 colheres de sopa de vagem cozida 4 1/2 colheres de sopa de brócolis cozido FRUTAS: 1 porção = 35 kcal 1/2 banana 1/2 fatia de abacaxi 1/2 copo de suco de laranja 1/2 maçã 9 morangos 1/2 manga 1 fatia de melancia 1 fatia de melão 1/2 pêra 11 bagos de uva comum LEITE, IOGURTE E QUEIJO: 1 porção = 120 kcal 1 xícara de leite 1 copo de iogurte 1 fatia de queijo minas 1 1/2 colher de sopa de requeijão 2 colheres de sopa de leite em pó integral 2 1/2 colheres de sopa de molho branco com queijo 2 potes de queijo petit suisse de morango CARNES E OVOS: 1 porção = 190 kcal 1 fatia de carne assada 1 filé de frango grelhado 1 ovo frito 5 colheres de sopa de carne moída refogada 10 unidades de camarão frito 1 hambúrguer 1 1/2 unidade de salsicha 11 fatias de salame 2 colheres de sopa de atum enlatado 4 nuggets de frango FEIJÕES: 1 porção = 55 kcal 4 colheres de sopa de feijão 2 colheres de sopa de grão de bico 2 colheres de lentilha ou soja 1 1/2 colher de sopa de feijão branco Valor nutritivo nos rótulos dos alimentos O Ministério da Saúde em 2001 definiu normas para informar ao consumidor o valor nutritivo dos alimentos embalados. Também estabeleceu, por meio da pirâmide alimentar, os valores de referência para porções de alimentos e bebidas embalados, para fins de rotulagem nutricional com a quantidade média do alimento que seria usualmente consumida por pessoas sadias, maiores de cinco anos, em bom estado nutricional, em cada ocasião de consumo, para compor uma dieta saudável [7,8]. A pirâmide proposta pela Anvisa (tabela I) foi estabelecida em 2500 kcal com porções muito semelhantes a Philippi e col. Os valores permaneceram iguais em porções para o grupo do leite (3 porções/ dia – 120 kcal) e das leguminosas (1 porção/dia – 55 kcal). Para o grupo do açúcar foi definido o mesmo número de porções (1- 2 porções/dia) com 110 kcal (Philippi e col.) e 80 kcal PB Philippi ST / Diabetes Clínica 02 (2002) 119~122 (Anvisa). Para os grupos dos cereais, legumes e verduras, frutas, carnes e ovos e óleos foram estabelecidos de forma diferente, de acordo com os objetivos da Anvisa no tocante a prevenção no desenvolvimento do sobrepeso e das doenças crônicas não transmissíveis. Tabela I - Comparação entre a pirâmide Philippi et al. e Anvisa, com relação aos grupos e porções de alimentos. Pirâmide Philippi e col 1600, 2200, 2800 kcal Cereais* 5 a 9 porções/dia 1 porção 150 kcal Legumes e Verduras 4 a 5 porções/dia 1 porção 15 kcal Frutas 3 a 5 porções/dia 1 porção 35 kcal Leite** 3 porções/dia 3 porções/dia 1 porção 120 kcal Carnes e ovos 1 porção/dia 1 porção 120 kcal Leguminosas*** 1 porção/dia 1 porção/dia 1 porção 55 kcal Óleos 1-2 porções/dia 1 porção 73 kcal Açúcar 1-2 porções/dia 1 porção 110 kcal Pirâmide ANVISA 2500 kcal 8 porções/dia 150 kcal 3 porções/dia 15 kcal 3 porções/dia 70 kcal 120 kcal 2 porções/dia 130 kcal 55 kcal 2 porções/dia 120 kcal 1-2 porções/dia 80 kcal Tabela III - Informação nutricional de 125g (porção) de arroz branco cozido (uma colher de sopa = 25g). Valor Calórico 160 kcal 6% Carboidratos 36g 10% Proteínas 3g 6% Gorduras Totais 0g 0% Ferro 1 mg 7% Sódio 0 mg 0% * Quando for declarado Fonte: United States Department of Agriculture - USDA[9] Conclusão Os guias alimentares permitem: • Planejar uma dieta saudável e culturalmente aceitável, de acordo com a alimentação habitual; • Corrigir os hábitos alimentares indesejáveis e reforçar os desejáveis para a manutenção da saúde; • Orientar o consumidor quanto a seleção de uma dieta saudável de acordo com os recursos econômicos disponíveis e quanto a leitura dos rótulos dos alimentos. *Cereais ou Grupo do Arroz; **Leite ou Grupo do Leite, Queijo, Iogurte; *** Leguminosas ou Grupo dos Feijões. O guia alimentar expresso por meio da pirâmide alimentar é uma ferramenta para orientação nutricional individual e institucional que, foi utilizado para a definição e implementação da política pública estabelecida pela Anvisa para os rótulos dos alimentos, visando um padrão saudável de alimentação. Rotulagem nutricional obrigatória Referências Ao se tomar como exemplo o arroz branco cozido, de acordo com a rotulagem completa (tabela II) e simplificada (tabela III), os valores ficariam assim expressos: Arroz branco cozido (Valor de referência-125g) • Medida caseira (grama) - colher de sopa • Peso médio por medida caseira em (gramas)- 25 g •Formas de apresentação das medidas caseiras. No rótulo: 5 colheres de sopa. 1. Philippi ST. Guia alimentar para o ano 2000. In: Angelis RC. Fome oculta: impacto para a população do Brasil. São Paulo: Atheneu; 1999. p.160-76. 2. Philippi ST. Hábitos Alimentares. Boletim Técnico 1. São Paulo, Ed Centro de Estudos SILUS, 1992. 3. National Research Council [NRC]. Recommended Dietary Allowances. 10th ed. Washington, (D.C): National Academy Press; 1989. 4. Institute of medicine. Dietary Reference Intakes [DRI] for calcium, phosphorus, magnesium, vitamin D and fluoride. Washington, (D.C): National Academy Press; 1997. p. 432. 5. Philippi ST, Ribeiro LC, Latterza AR, Cruz ATR. Pirâmide alimentar adaptada: guia para escolha dos alimentos. Rev Nutr1999; 12: 65-80. 6. Philippi ST, Szarfarc SC, Latterza AR. Virtual Nutri (software) versão 1.0 for Windows. Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública/USP. São Paulo, 1996. 7. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução-RDC 39, de 21.03.2001: Tabela de valores de referência para porções de alimentos e bebidas embalados para fins de rotulagem nutricional Disponível em www.ANVISA.gov.br/legis/resol/ 3901rdc.htm 8. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução-RDC 40, de 21.03.2001: Rotulagem nutricional obrigatória de alimentos e bebidas embalados. Disponível em: www.ANVISA.gov.br/legis/ resol/40_01rdc.htm 9. Composition of Food. United States Department of Agriculture [USDA]. 8th Washington, (D.C): U. S. Government Printing Office; 1963. Tabela II - Informação nutricional de 125g de arroz branco cozido (uma colher de sopa = 25g). Quantidade por porção em %VD (valores diários de referência). Valor Calórico 160 kcal 6% Carboidratos 36g 10% Proteínas 3g 6% Gorduras Totais 0g 0% Gorduras Saturadas 0g 0% Colesterol 0 mg 0% Fibra alimentar 0g 0% Cálcio quantidade não significativa 0% Ferro 1 mg 7% Sódio 0 mg 0% Outros minerais* mg ou mg Vitaminas * mg ou mg * Quando for declarado Fonte: United States Department of Agriculture – USDA[9] Silva CB et al / Diabetes Clínica 02 (2002) 123~128 Diabetes 123 Clínica Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 02 (2002) 123~128 REVISÃO Relação entre estado de vitamina A e diabetes mellitus Vitamin A status in diabetes mellitus Cristiane Barbosa Silva*, Rejane Andréa Ramalho **, Cláudia Saunders*** *Mestranda em Nutrição Humana (Instituto de Nutrição, Universidade Federal do Rio de Janeiro – IN/UFRJ), Grupo de Pesquisa em Vitamina A do IN/UFRJ, **Doutora em Ciências da Saúde Pública (FIOCRUZ). Departamento de Nutrição e Dietética, Grupo de Pesquisa em Vitamina A GPVA/IN/UFRJ, ***Doutoranda em Ciências da Saúde Pública (FIOCRUZ), Departamento de Nutrição e Dietética. GPVA/IN/UFRJ Resumo Várias observações sugerem que poderia haver uma associação entre hipovitaminose A e diabetes mellitus, dois importantes problemas de saúde pública do mundo atual. A informação acerca do estado de vitamina A dos pacientes diabéticos é muito escassa e pouco consistente. Pacientes com diabetes mellitus tipo 1 apresentariam baixos níveis de retinol circulante, de RBP (Retinol Binding Protein) e de TTR (transtiretina), e altos níveis de retinol hepático, sugerindo uma deficiência no transporte da vitamina. Em indivíduos diabéticos tipo 2, os trabalhos são mais escassos e contraditórios. Isto sugere a necessidade de dar mais atenção a estudos que permitam identificar possíveis distúrbios do metabolismo da vitamina A no diabetes mellitus. Palavras-chave: Vitamina A, retinol, diabetes mellitus Abstract Some observations have suggested a possible association between hypovitaminosis A and diabetes mellitus, two important public health problems which potential interaction deserves further attention. There are few studies on the vitamin A status of diabetic patients. Most of the observations in diabetes mellitus type I have found low levels of circulating retinol, retinol binding protein and transthyretin, while a high level of liver vitamin A, suggesting an impairment in the mobilization of the vitamin. The results in diabetic type 2 patients are more rare and highly contradictory. This suggests that there is a need for further research to identify possible disorders of vitamin A metabolism in diabetes mellitus. Key-words: Vitamin A, retinol, diabetes mellitus Artigo recebido em 2 de abril de 2002; aprovado em 10 de abril de 2002. Endereço para correspondência: Rejane Andréa Ramalho,Rua Coração de Maria 72 Bl. 01/101, Méier 20775-050 Rio de Janeiro RJ, E-mail: [email protected] 124 Silva CB et al / Diabetes Clínica 02 (2002) 123~128 Introdução O diabetes mellitus tem sido reconhecido por sua importância epidemiológica ao lado de outras doenças crônicas, como as doenças cardiovasculares e câncer [1], como um dos principais problemas de saúde do homem na atualidade, tanto em termos do número de pessoas afetadas, incapacitações, mortalidade prematura, como aos custos envolvidos no seu controle e no tratamento de suas complicações, que sobretudo comprometem a produtividade, qualidade de vida e sobrevida dos indivíduos acometidos [2]. Atualmente, o diabetes mellitus é considerado uma síndrome, cuja forma mais prevalente é o diabetes mellitus tipo 2, que geralmente ocorre no adulto como resultado de um déficit relativo de insulina em relação às necessidades, estando freqüentemente associado ao estado de insulino-resistência . Estima-se que 3 a 8% da população mundial seja portadora de diabetes mellitus e que a metade desse total desconheça a sua condição e, aproximadamente, um quinto dos que a conhecem não realizam qualquer tratamento [3,2,4]. Do total de casos encontrados, 90% são do tipo II, 5 a 10% do tipo I e 2% são do tipo secundário ou associado a outras síndromes [2,4]. De um modo geral, a prevalência do diabetes mellitus vem aumentando nas últimas décadas, em quase todos os países. Vários fatores externos contribuem para o desencadeamento da doença, como mudanças do estilo de vida (sedentarismo, urbanização, modernização e novos hábitos alimentares) e aumento da expectativa de vida da população [2,4]. No Brasil, dados obtidos de inquéritos realizados em populações urbanas de 9 capitais [2], na faixa etária de 30 a 69 anos, demonstraram uma prevalência global de 7,6%, magnitude semelhante a de países desenvolvidos. Além disso, mais da metade dos diabéticos do Brasil não recebem assistência médica devido ao fato que muitos somente serão diagnosticados quando apresentarem complicações crônicas da doença. Em estudo realizado no Rio de Janeiro [1], a prevalência de diabetes mellitus por idade foi de 1,7%, nos indivíduos entre 30-39 anos, de 4,0%, entre 40-49 anos, 13,7%, entre 50-59 anos e de 17,4% entre 60-69 anos. Assim como o diabetes mellitus, a hipovitaminose A, tem sido considerada um importante problema de saúde pública do homem atual [5], trazendo graves repercussões para a saúde dos indivíduos afetados, diminuindo sua produtividade e aumentando significativamente os gastos com o setor saúde, decorrente do tratamento e das incapacitações associadas às complicações [2]. A vitamina A participa de várias funções primordiais, como na acuidade visual, proliferação e diferenciação celular, atividade imunológica, ação antioxidante, além de outras importantes etapas do metabolismo intermediário. Apesar de gestantes, nutrizes, recémnascidos, lactentes e pré-escolares constituírem os grupos clássicos “de risco” para a hipovitaminose A, a literatura aponta níveis séricos de vitamina A diminuídos em indivíduos portadores de doenças que envolvam a absorção de lipídios e também em distúrbios metabólicos, como doenças da glândula tireóide, do fígado, doença renal e mais recentemente no diabetes mellitus [6-12]. Sabe-se que a vitamina A exerce importante papel na manutenção da estrutura epitelial normal, onde as membranas funcionam como uma verdadeira barreira protetora contra a invasão e colonização por microorganismos patogênicos [7,12], atuando portanto no combate às infecções, que se constituem uma das complicações freqüentemente encontradas nos diabéticos e até mesmo encontram-se relacionadas aos aspectos etiológicos da doença [13,14]. Nenhuma carência nutricional apresenta maior sinergismo com doenças infecciosas do que a hipovitaminose A [15]. Existem evidências nos estudos em animais e humanos, que comprovam a importância da vitamina A na manutenção da imunocompetência, pois está envolvida em vários mecanismos como resposta de anticorpos, células mediadoras de citotoxicidade e produção de citoquininas, onde todos esses processos encontram-se-ão prejudicados na deficiência de vitamina [16].. Sabe-se também que os pacientes diabéticos são mais propensos a infecções, principalmente quando descompensados [17,18,13,19]. Atesta-se que a hiperglicemia e a glicosúria facilitam a multiplicação de microorganismos e alguns trabalhos demonstraram alterações na atividade fagocitária dos neutrófilos, especialmente na fase de descompensação da doença e na cetoacidose diabética [18,13]. Considera-se, portanto, como de extrema relevância os estudos sobre a correlação entre as alterações metabólicas, complicações decorrentes e estado nutricional de vitamina A em pacientes portadores de diabetes mellitus, como forma de subsidiar a assistência aos pacientes diabéticos. Com isso, o objetivo do presente estudo foi revisar os conhecimentos disponíveis acerca da associação entre o diabetes mellitus e o estado nutricional de vitamina A, segundo os achados bibliográficos nas bases de dados Medline e Lilacs dos últimos 15 anos. Diabetes mellitus e alteração no metabolismo de vitamina A Estudos relacionando vitamina A e diabetes mellitus têm demonstrado níveis séricos diminuídos de retinol [20,21,22,14,6] e de suas proteínas carreadoras [6,8,9,23], RBP (Retinol Binding Protein) e TTR (transthyretin), além de estoques hepáticos elevados [22,14,24], o que aponta para um prejuízo na mobilização deste nutriente a partir do fígado. Silva CB et al / Diabetes Clínica 02 (2002) 123~128 Ratos diabéticos apresentaram níveis diminuídos de vitamina A circulante, apesar de elevados estoques hepáticos, o que também aponta para um prejuízo nos mecanismos de transporte [5]. Basu et al. [6] relataram que diabéticos tipo 1 apresentavam aumento dos níveis plasmáticos de éster de retinil e diminuição dos níveis plasmáticos de retinol, assim como de RBP. Os autores sugeriram uma redução no estoque e na mobilização da vitamina A hepática, ou ainda, diminuição da conversão de caroteno em retinol no intestino, e que sinais clínicos de carotenemia e níveis séricos elevados de caroteno, comuns em pacientes diabéticos, seriam devido a uma possível interferência na conversão das formas próvitamínicas em retinol e, ainda, que a administração de insulina reduziria, não somente as reservas hepáticas, mas a mobilização desta vitamina do fígado aos tecidos alvo. Morinobu e Tamai [21] encontraram atividade significativamente menor da dioxigenase hepática, mas não da intestinal, em ratos diabéticos comparados aos do grupo controle, além de uma correlação negativa significativa com os níveis hepáticos de retinol, o que sugere um distúrbio na secreção de retinol a partir do fígado e uma supressão da atividade da dioxigenase hepática, provocado pelo aumento dos níveis hepáticos de retinol. Níveis plasmáticos de RBP diminuídos também têm sido freqüentemente encontrados em pacientes diabéticos tipo 1 [6,8,9,23], o que sugere o aumento dos estoques hepáticos de vitamina A, devido à diminuição da mobilização do estoque para sua circulação. Ratos com diabetes induzido por streptozotocina apresentaram concentrações de RBP e TTR plasmáticas e hepáticas significativamente menores, associadas a concentrações séricas de retinol diminuídas e níveis hepáticos aumentados, sugerindo que os níveis depletados de retinol sérico poderiam estar refletindo numa alteração do metabolismo de suas proteínas transportadoras [23]. Porém, a verdadeira razão da diminuição das proteínas carreadoras no diabetes ainda não está bem elucidada. Além de níveis diminuídos de retinol sérico e estoques hepáticos aumentados, ratos diabéticos demonstraram níveis diminuídos de 11-cis, retinal (componente da rodopsina) na retina, corroborando os achados a respeito do prejuízo no transporte de vitamina A a partir do fígado e diminuição da disponibilidade metabólica da vitamina [14]. Além disso, é conhecido que o diabetes mellitus está associado ao aumento da absorção intestinal de lipídeos [25,24]. Logo, sendo a vitamina A lipossolúvel, sua absorção poderia estar aumentada na presença de diabetes [22]. Porém, um estudo in vitro mostrou que não houve diferença na absorção de retinol a nível jejunal ou ileal entre animais diabéticos e os do grupo controle. Apesar das menores concentrações de retinol plasmático entre os diabéticos, isto não foi relacionado a nenhuma alteração no mecanismo de absorção intestinal desta vitamina [24]. 125 Efeitos da insulina e da suplementação com vitamina A e zinco no diabetes Relatos clássicos da literatura, ainda que em estudos experimentais, demonstraram uma retenção de vitamina A hepática, sendo influenciada diretamente pela insulina, causando, ainda, uma redução na mobilização hepática desta vitamina [26,27]. Autores afirmaram também que, tanto o tipo quanto a forma de administração de insulina (tanto regular quanto periférica), aumentavam significativamente a taxa de depleção de vitamina A do fígado [11]. Krempf et al. [8] corroboram os achados da literatura ao relacionarem em seu trabalho a ação da insulina com os estoques hepáticos de vitamina A, em pacientes diabéticos tipo 1. Observaram que a insulina poderia reduzir não somente os estoques hepáticos, assim como a liberação hepática da vitamina A nesses indivíduos, possivelmente, contribuindo, desta forma, para baixas concentrações plasmáticas desta vitamina, observadas no estudo. Outros autores [28,14] observaram que o tratamento com insulina em ratos normalizou a disponibilidade da vitamina A, enquanto que a suplementação da vitamina não trouxe resultados. A vitamina A e o zinco desempenham importantes papéis na regulação da função imune. Muitos trabalhos apontam prejuízos na disponibilidade metabólica tanto de vitamina A quanto do zinco decorrentes do diabetes mellitus [29-32]. O zinco é importante para a síntese das proteínas carreadoras de vitamina A interferindo nos níveis de RBP e cRBP, logo, sua deficiência pode prejudicar o transporte desta vitamina. Níveis plasmáticos de retinol sérico diminuídos tem sido associados com deficiência de zinco. A suplementação de zinco com vitamina A aumentou os níveis de RNA-m para RBP em ratos diabéticos, o que não ocorreu com a suplementação da vitamina A sozinha [31]. Apesar disto, outros estudos mostram que não houve resposta à suplementação com zinco sozinho nem combinado a vitamina A em ratos diabéticos [33]. Ratos diabéticos alimentados com dieta suplementada com vitamina A sozinha ou combinada ao zinco, também não tiveram aumento dos níveis de retinol plasmático após esses tratamentos [14]. Diabetes, vitamina A e processos metabólicos A vitamina A é estocada no fígado sob a forma de éster de retinil, que são hidrolisados pela hidrolase de éster de retinil e carreada sob a forma de retinol livre, associada às proteínas transportadoras RBP e TTR, para os tecidos alvo. A transformação de ésteres de retinil em retinol livre no fígado é regulada por dois mecanismos: um dependente de sais biliares (BSDREH) e um independente de sais biliares (BSIREH). O mecanismo BSIREH está mais 126 Silva CB et al / Diabetes Clínica 02 (2002) 123~128 relacionado com a hidrólise dietética inicial, que se dá no intestino. Já o BSDREH possui uma atividade altamente específica nas células estreladas hepáticas, responsáveis pelo estoque de vitamina A, logo, parecendo ser mais importante para as hidrólises posteriores ao estoque e à liberação de vitamina A para os tecidos do que o mecanismo dependente de sais biliares [34]. A estrutura hepática e as funções biliares são freqüentemente associadas ao diabetes. Ratos diabéticos possuem alterações signi-ficativas do fluxo biliar e das secreções biliares de bile, colesterol, fosfolipídeos, sódio, potássio, cloreto e bicarbonato. Logo, é possível que uma modificação no metabolismo de sais biliares induzido pelo diabetes possa estar contribuindo para um prejuízo na hidrólise de vitamina A [35]. Já Tuitoek et al. [24] concluiram ser improvável uma diminuição da hidrólise hepática dos ésteres de retinil, já que os animais diabéticos deste estudo exibiram níveis aumentados de retinol livre. Este aumento, acompanhado de níveis circulatórios diminuídos, vai de encontro aos achados que propõem um prejuízo na mobilização hepática de vitamina A, possivelmente devido à uma síntese inadequada de RBP, que é freqüentemente observada em pacientes diabéticos [6,8,9]. É bem descrito na literatura que o diabetes está associado ao aumento da excreção urinária de RBP [1,29,25]. Relatos apontam para uma excreção urinária de RBP aumentada em pacientes diabéticos tipo 1, e que não está relacionada simplesmente aos níveis de glicose sanguínea, mas reflexo de disfunção glomerular e tubular [29]. Em outro estudo, esta tendência foi vista tanto em diabéticos tipo 1 quanto tipo 2 [36]. Um estudo mediu a absorção intestinal de glicose e a atividade das amilases intestinal e pancreática em animais com hipovitaminose A, diabéticos e com as duas condições. Foi administrada uma dieta deficiente de vitamina A aos animais, o que causou uma significativa redução na digestão e absorção intestinal. Por outro lado, a digestão e a absorção foram aumentadas nos diabéticos. As duas condições juntas causaram diminuição destas funções absortiva e digestiva. Os achados sugeriram que a inibição da digestão e absorção observadas, quando havia os estados combinados de diabetes mellitus e hipovitaminose A, possivelmente foi devida à dieta deficiente de vitamina A [37]. Alguns trabalhos também têm sugerido uma alteração na taxa de conversão de carotenóides à retinol em pacientes diabéticos [6,38]. Níveis diminuídos de retinol sérico e níveis elevados de carotenóides foram encontrados em diabéticos tipo 1 [39], tendo como possíveis causas alterações do trato gastrointestinal observadas nestes pacientes ou à alteração na conversão de carotenóides à retinol [38]. Baena et al. [20] observaram concentrações de RBP em crianças diabéticas tipo 1 maiores (p = 0,05), menores concentrações de retinol (p = 0,05) e menor razão vitamina A/colesterol (p = 0,02) frente às do grupo controle. Além disso, foram verificadas relações entre as variáveis retinol, RBP e indicadores aterogênicos (RBP-LDLc c/ HDLc (p = 0,05); RBP-(VLDL + LDL) c/ HDLc (p = 0,02). Crianças com HbA1c (hemoglobina glicosilada) > 8% demonstraram aumento dos indicadores aterogênicos e menores razões de vitamina A/colesterol e vitamina A/triglicerídeos, do que as de bom controle glicêmico, o que sugere que um pobre controle glicêmico implica em maior risco aterogênico e de “deficiência relativa” de vitamina A do que um bom controle do diabetes e uma suplementação desta vitamina poderia reduzir ou prevenir este risco aterogênico [20]. Pacientes com pobre controle glicêmico possuem mais riscos de desenvolver doenças cardiovasculares, devido a prejuízos na atividade anti-oxidante [4º]. Níveis plasmáticos das vitamina A, C, E e betacaroteno foram relacionados de forma significativa à doenças cardiovasculares [41]. Estes dados são de grande importância, na medida que o diabetes mellitus representa a sexta causa mais freqüente dos diagnósticos primários de internação hospitalar, contribuindo de forma significativa (30% a 50%) para outras causas como cardiopatia isquêmica, insuficiência cardíaca, colecistopatias, acidente vascular cerebral e hipertensão arterial [18]. Além disso, pacientes diabéticos representam cerca de 30% dos pacientes que internam em Unidades Coronarianas Intensivas com dor precordial. Logo, é de extrema relevância a elucidação da associação da vitamina A em outros etapas do metabolismo sobretudo em indivíduos diabéticos. Um pobre controle glicêmico pode ter como conseqüência clínica à cegueira, o que justifica o diabetes mellitus se constituir na principal causa de retinopatias e cegueira adquirida [42]. A vitamina A exerce um papel essencial na visão, e sua deficiência também pode levar à cegueira. Embora os mecanismos que levam a esta conseqüência sejam diferentes nestas duas patologias, é razoável supor que uma superposição da carência de vitamina A com o diabetes mellitus, possa vir a contribuir para um agravamento desta complicação. Por outro lado, a retinopatia, precipitada pelo diabetes, talvez possa intensificar a presença da deficiência de vitamina A [22,14]. Logo, é importante que o metabolismo da vitamina A seja mais bem esclarecido, para se obter um melhor entendimento da relação entre o diabetes e o metabolismo da vitamina A. Vitamina A e sua relação com o diabetes mellitus tipo 2 A maioria dos trabalhos envolvendo diabetes mellitus e vitamina A estão relacionados ao tipo 1. Quanto ao tipo 2, os trabalhos são mais escassos e controversos. Grande parte delas aponta níveis elevados de retinol nestes pacientes, porém outros possuem resultados diferentes e contraditórios. Silva CB et al / Diabetes Clínica 02 (2002) 123~128 Um estudo com pacientes idosos com diabetes mellitus tipo 2 encontrou concentrações plasmáticas significativamente menores de retinol e carotenóides, quando comparados com os de controle, e esta redução foi independente das variáveis sexo, ingestão dietética e perfil lipídico [43]. Abahusain et al. [30] encontraram níveis de retinol normais, porém, concentrações de beta-caroteno significativamente menores (p = 0,02) nos diabéticos tipo 2 quando comparados ao grupo controle. Também foram encontradas concentrações de RBP sérica e urinária significativamente maiores nestes pacientes. Além disso, observou-se uma correlação negativa entre glicose de jejum e concentração sérica de β-caroteno [30]. Ao avaliar a capacidade total de anti-oxidantes plasmáticos em diabéticos tipo 2, Ceriello et al. [44] encontram níveis significativamente reduzidos de vitamina A. Wako et al. [45] também encontraram níveis diminuídos de retinol em diabéticos tipo 2, porém níveis elevados de éster de retinil, sugerindo um aumento dos estoques hepáticos de vitamina A. Entretanto, outros estudos apontam níveis plasmáticos elevados de vitamina A em indivíduos com tipo 2 [46-48]. Tendo em vista que muitos pacientes diabéticos tipo 2 possuem dislipidemias associadas, outro estudo apontou que uma medicação para diminuir lipídeos depletaram significativamente os níveis de retinol. Além disso, encontraram uma alta razão retinol/RBP, o que implica num excesso de retinol livre, possivelmente existindo em diabéticos tipo 2 e que um metabolismo alternativo de retinol parece existir [49]. Salonen et al. [50], associou altos níveis séricos de α-tocoferol a riscos diminuídos de diabetes mellitus tipo 2. Outro estudo associou altas concentrações de α-tocoferol e β-caroteno a um diminuição do risco de desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 2, apesar da associação com o β-caroteno ter sido mais fraca [51]. Além disso, deve-se ressaltar que o diabetes mellitus não controlado pode levar a uma série de patologias secundárias, como as doenças cardiovasculares [41,52], onde a vitamina A atua contra o processo de aterogênese, tanto como antioxidante, inibindo a oxidação do colesterol associado a lipoproteína de baixa densidade (LDL– colesterol), reduzindo assim a formação de células espumosas, quanto pelo possível papel na proteção da integridade endotelial. Já Basualdo et al. [46] encontraram níveis elevados de RBP em diabéticos tipo 2 e sugeriram que o estado de insulino-resistência não inibe a síntese protéica hepática. A RBP foi encontrada em níveis elevados nos diabéticos tipo 2, indicando que a insulina poderia estar exercendo um maior efeito na síntese de RBP, do que de albumina e TTR, já que a RBP possui uma meia-vida de 112 horas e a albumina e a TTR de 14 a 20 dias e 2 a 3 dias, respectivamente. O efeito anabólico da insulina no metabolismo protéico vai de encontro aos achados da literatura que reportam metabolismo protéico normal em 127 indivíduos diabéticos com normoglicemia [53-55]. Além disso, turnover protéico aumentado tem sido associado a pobre controle glicêmico em diabéticos tipo 2, o que explica os altos níveis de RBP em pacientes com hiperglicemia. A hiperglicemia pode estar promovendo a secreção de insulina nas células β com função parcial. A insulina exógena também pareceu aumentar a síntese de RBP. A RBP foi bem menos saturada com retinol nos diabéticos tipo 2. Esperava-se RBP baixo devido à hiperzincúria, comum em diabético, e a deficiência de zinco diminui a síntese e a liberação de RBP para a circulação. Concluiu-se que a hiperinsulinemia pode ser um fator de proteção em termos de assegurar níveis plasmáticos de RBP e transporte de retinol para os tecidos alvo [46]. Conclusão A hipovitaminose A e o diabetes mellitus figuram como problemas de grande magnitude a nível de saúde pública, porém poucos estudos têm se preocupado em avaliar a associação entre estas duas patologias. Logo, estudos devem ser desenvolvidos abordando as duas situações conjuntamente, a fim de elucidar as interfaces entre o metabolismo da vitamina A e as alterações metabólicas do diabetes mellitus, e que possam subsidiar a assistência ao paciente diabético bem como melhorar sua qualidade de vida. Referências 1. Oliveira JEP, Milech A, Franco LT. The Cooperative Group for the study of diabetes prevalence in Rio de Janeiro, Brazil. Diabetes Care 1996; 19: 663 – 666. 2. Ministério da Saúde. Manual de Diabetes 1993. Brasília: MS. 3. Dutra de Oliveira JE, Carvalho da Cunha SF, Marchini JS. In: A Desnutrição dos Pobres e dos Ricos. Dados sobre Alimentação no Brasil. São Paulo: Ed. Sarvier; 1996. p. 123. 4. Ministério da Saúde. Diabetes Mellitus: Guia básico para diagnóstico e tratamento.Brasília: MS; 1996. 5. Orchard TJ, Dorman JS, Laporte RE, Ferreu RE, Drash AL. Host and environmental interactions in Diabetes mellitus. J Chron Dis 1986; 39(12):979–99. 6. Basu TK, Tze WJ, Leichter J. Serum vitamin A and retinolbinding protein inpatients with insulin-dependent diabetes mellitus. Am J Clin Nutr 1989; 0:329–31. 7. Gerster H. Vitamin A – Functions, dietary requirements and Safety in Humans. Internat. J Vit Nutr Res 1997;67:71–90. 8. Krempf M, Ranganathan S, Ritz P, Morin M, Charbonnel B. Plasma Vitamin A and E in Type 1 (Insulin – Dependent) and Type 2 (Non-Insulin-Dependent) Adult Diabetic patients. Internat. J Vit Nutr Res 1991;61:38-42. 9. Martinoli L, Di Felice M, Seghieri G, Cuiti M, De Giorgio LA, Fazzini A, Gori R, Anichini R, Franconi F. Plasma retinol and a- tocopherol concentrations in insulin-dependent diabetes mellitus: Their relationship to microvascular complications. Internat. J Vit Nutr Res 1993;63: 87–92. 10. Ramalho RA. Análise do estado nutricional de vitamina A em portadores de cardiopatias - Relato de casos. In: Anais do III Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição 1993. pg.19-28. 11. Taylor R, Agius L. The biochemistry of diabetes. Biochem J 128 Silva CB et al / Diabetes Clínica 02 (2002) 123~128 1988;250:625–640. 12. Underwood BA, Arthur A. The contribuition of vitamin A to public health. FASEB J 1996;10:1040–1048. 13. Kahn CR, Weir GC. In: Joslin’s Diabetes Mellitus 13 th edition Philadelphia Lea & Febiger. 1994. 14. Tuitoek PJ, Ziari S, Tsin TC, Rajotte RV, Miyoung SUH, Basu TK. Streptozotocin-Induced diabetes rats in associated with impaired metabolic availability of vitamin A (retinol). British Journal of Nutrition 1996;75:615-622. 15. Scrimshaw W, Taylor CE, Gordon JE. In: Interactions of nutrition and infection. 57th ed. Geneva;1968: WHO. 16. Ross A C. Vitamin A and Protective Immunity. Nutrition Today 1992;27 (4):18-25. 17. Arduíno F. In: Diabetes Mellitus e suas complicações. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1973. 18. Houaiss M, Cavalcanti JLS, Cukier R, Hallake J., Bernardini E., Benchimol E, Pereira N.G., Brum, O. Ars Curandi 1987;8(20):23-42. 19. Mahan, Escott-Stump S. In: Krause: Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 9ª edição. São Paulo: Roca;1998. p.1179. 20. Baena RM, Campoy C, Bayes R, Blanca E, Fernandez JM, Molina-Font JA. Vitamin A, retinol binding protein and lipids in type 1 diabetes mellitus.. Eur J Clin Nutr 2002;56(1):44-50. 21. Morinobu T, Tamai H. Beta-carotene 15,15'-dioxygenase activity in streptozotocin-induced diabetic rats. J Nutr Sci Vitaminol 2000;46(5):263-5. 22. Tuitoek PJ, Lakey JR, Rajotte RV, Basu TK. Strain variation in vitamin A (retinol) status of streptozotocin-induced diabetic rats. Nutr Res 1996; 66(2):101-5. 23. Tuitoek PJ, Ritter SJ, Smith JE, Basu TK. Streptozotocininduced diabetes lowers retinol-binding protein and transthyretin concentrations in rats. Br J Nutr 1996;76(6):891-7. 24. Tuitoek PJ, Thomson AB, Rajotte RV, Basu TK. Intestinal absorption of vitamin A in streptozotocin-induced diabetic rats. Diabetes Res 1994; 25(4):151-8. 25. Thomson ABR. Experimental diabetes intestinal barriers to absorption. Am. J. Phisyol. 1983;244:G151 – G159. 26. Bowles Wh. New England J Med 196716:70 –707. 27. Mosenthal HO, Loughlin WC. Arch Intern Med 1944;73: 39 –96. 28. Tuitoek, PJ, Lakey J, Rajotte RV, Tsin ATC e Basu TK. Effect of insulin treatment or zinc supplementation on vitamin A status in strptozotocin- induced rats. J Clin Biochem Nutr 1996;19:165–69. 29. Dubrey SW, Beetham R, Miles J, Noble MIM, Rowe R & leslie RDG. Increased Urinary Albumin and Retinol- Binding Protein in Type 1 Diabetes. Diabetes Care January 1997;20(1):84-89. 30. Abahusain MA, Wright J, Dickerson JW, De Vol EB. Retinol, alpha-tocopherol and carotenoids in diabetes Eur J Clin Nutr 1999;53(8):630-5. 31. Smith JC Jr. The Vitamin A-Zinc conection: a review. Ann. NY Acad Sci 1980;355:62-74. 32. Lu J, Dixon WT, Tsin AT, Basu TK. The metabolic availability of vitamin A is decreased at the onset of diabetes in BB rats. Journal of Nutrition 2000;130:1958-1962. 33. Lu J, Field CJ, Basu TK. The immune responses to diabetes in BB rats supplemented with vitamin A.. J Nutr Biochem 2000;11(10):515-520. 34. Harrison EH. Enzymes catalysing the hydrolysis of retinyl esters. Biochim. Biophys. Acta 1993;1170:99-108. 35. Gonzalez, J & Fevery J. Spontaneously diabetic bioreeding rats and impairment of bile acid-independent bile flow and increased biliary bilirrubin, calcium and lipid secretion. Hepatology 1992;16: 426-432 36. Bernard A, Amor AO, Goemare-Vanneste J, Antoine JL, Lauwerys R, Colin I, Vandeleene B, Lambert A, Urinary proteins and red blood cell membrane negative charges in diabetes mellitus. Clin Chim Acta 1990:249-262. 37. Sinha M, Ghosh AK. Influence of dietary vitamin A deficiency on rat digestive & absorptive functions during diabetes mellitus. Indian J Med Res 1994;100:196-200. 38. Granado F, Olmedilla B, Gil-Martínez E, Blanco J, Millan J & Rojas-Hidalgo E. Carotenoids, retinol and tocopherols in patients with insulin-dependent diabetes mellitus and their immediate relatives. Clin Science 1998;94:189-195. 39. Olmedilla B, Granado F, Gil-Martínez E, Blanco J, RojasHidalgo E. Reference levels of retinol, a-tocopherol and main carotenoids in serum of control and insulin-dependent diabetic spanish subjects. Clin Chem 1997; 43:1066-1071. 40. Maxwell SR, Thomason H, Sandler D, LeGuen C, Baxter MA, Thorpe GH, Jones AF, Barnett AH. Poor glycaemic control is associated with reduced serum free radicalscavenging (antioxidant) activity in non-insulin-dependent diabetesmellitus. Ann Clin Biochem 1997;34(Pt6):638-44. 41. Singh RB, Ghosh S, Niaz MA, Singh R, Beegum R, Chibo H, Shoumin Z, Postiglione A. Dietary intake, plasma levels of antioxidant vitamins and oxidative stress in relation to coronary artery disease in elderly subjects. Am J Cardiol 1995;76 (17):1233–1238. 42. Milech A. et al – Consenso da Sociedade Brasileira de Diabetes – 2001. 43. Polidori MC, Mecocci P, Stahl W, Parente B, Cecchetti R, Cherubini A, Cao P, Sies H, Senin U. Plasma levels of lipophilic antioxidants in very old patients with type 2 diabetes. Diabetes Metab Res Rev 2000;16(1):15-9. 44. Ceriello A, Bortolotti N, Pirisi M, Crescentini A, Tonutti L, Motz E, Russo A, Giacomello, R, Stel G, Taboga C. Total plasma antioxidant capacity predicts thrombosis-prone status in NIDDM patients. Diabetes Care 1997;20(10):1589-93. 45. Wako Y, Suzuki K, Goto Y, Kimura S. Vitamin A transport in plasma of diabetis patients. Tohoko J. Exp. Med 1986;149:133-143. 46. Basualdo CG., Wein EE, Basu TK. Vitamin A (retinol) status of first nation adults with non-insulin-dependent diabetes mellitus. J Am Coll Nutr 1997;16(1): 39-45. 47. Straub RH, Rokitzki L, Shumacher T, Hillmann C, Palitzsch Kd, Schölmerich J: No Evidence of Deficiency of vitamin A, E, b-carotene, B1, B2, B6, B12 and folate in neuropathic type 2 diabetic women. Internat J Vit Nutr Res 1993;63:239-240. 48. Havivi E, Bar On H, Reshef A, Stein P, Raz. Vitamins and Trace Metals Status in non Insulin Dependent Diabetes Mellitus. Internat J Vit Nutr Res 1990;61:328–333. 49. Sasaki H, Iwasaki T, Kato S, Tada N. High retinol/retinolbinding protein ratio in noninsulin-dependent diabetes mellitus. Am J Med Sci 1995;310(5):177-82. 50. Salonen JT, Nyyssonen K, Tuomainen TP, Maenpa PH, Korpela H, Kaplan GA, Lynch J, Helmrich SP, Salonen R. Increased risk of non-insulin dependent diabetes mellitus at low plasma vitamin E concentrations: a four year follow up study in men. BMJ 1995;28,311(7013):1124-7. 51. Reunanen A, Knekt P, Aaran RK, Aroma A. Serum antioxidants and risk of non-insulin dependent diabetes mellitus. Eur J Clin Nutr 1998;2(2):89-93. 52. Conselho Nacional de Saúde- In: Normas de Pesquisa em Saúde - Aspectos Éticos da Pesquisa em Seres Humanos . Diário Oficial, Decreto lei 93933 de 14 de janeiro de 1987. 53. Welle S, Nair KS. Failure of glyburide and insulin treatment to decrease leucine flux in obese type II diabetic patients. Int. J. Obes 1990;14:701-710. 54. Luzi L, Retrides AS, Fronzo RA. Different sensivity of glucose and amino acid metabolism to insulin in NIDDM. Diabetes 1993; 42:1868-1877. 55. Pijl H, Polter van Loon BJ, Toornvliet AC, Radder JK, Onkenhout W, Frolich M, Meinders AE. Insulin induced decline of plas-ma amino acid concentrations in obese subjects with and wi-thout non-insulin-dependent diabetes. Metabolism 1994;43:640-646. Burd M, Maia MR / Diabetes Clínica 02 (2002) 129~134 Diabetes 129 Clínica Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 02 (2002) 129~134 ARTIGO ORIGINAL Grupos de sala de espera com pacientes diabéticos Waiting room groups with diabetic patients Miriam Burd, Márcia Rebelo Maia* *Psicólogas, especialistas em Psicologia Médica pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Resumo Trata-se de um trabalho realizado com 69 grupos de sala de espera no Ambulatório de Diabetes e Metabologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), no período de março 1997 a março 1998. Os pacientes e seus familiares eram convidados a participar de grupos informativos e de suporte psicológico enquanto aguardavam as consultas. Participaram psicólogas, médicos endocrinologistas, nutricionistas e enfermeiras. Os grupos eram semanais, com duração de 60 a 90 minutos e atenderam um total de 693 pacientes e seus acompanhantes, nos 12 meses de seu funcionamento. As tabelas e gráficos apontaram para o perfil das pessoas atendidas e os assuntos mais discutidos. O grupo de sala de espera otimiza o tempo de espera pela consulta e transforma-o em espaço de reflexão sobre o processo saúde-doença. Palavras-chave: Diabetes mellitus, grupos, grupos de sala de espera, psicologia, equipe multidisciplinar. Abstract This study was done with 69 waiting-room groups at the Pedro Ernesto University Hospital (HUPE) Diabetes and Metabology Ambulatory at Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) from March 1997 to March 1998. The patients and their families were invited to participate in informative and support groups while they were awaiting their appointments. Psychologists, endocrinologist, nutritionists and nurses participated. The groups got together once a week, taking from 60-90 minutes and reunited 693 people during its 12 months. The tables and graphs showed people’s profile and the most discussed topics. The waiting-room group optimizes the waiting-time and changes it into time for reflection about the health-illness-process. Key-words: Diabetes mellitus, groups, waiting-room-group, psychology, multidisciplinary staff. Artigo recebido em 30 de março de 2002; aprovado em 10 de abril de 2002. Endereço para correspondência: Miriam Burd, Rua Bolívar, 23/501, Copacabana, 22061-020, Rio de Janeiro RJ. Tel: (21) 22366521, E-mail: [email protected], Márcia Rebelo Maia, Rua Pinheiro da Cunha, 85/202, Tijuca 20530-360, Rio de Janeiro RJ, Tel: (21) 22087582, E-mail: [email protected] 130 Burd M, Maia MR / Diabetes Clínica 02 (2002) 129~134 Introdução A utilização dos trabalhos com grupos, como forma de incrementar e melhorar o tratamento médico, é usado há muito tempo na assistência aos doentes mentais e orgânicos. As pessoas, numa sala de espera, muitas vezes se reúnem sem que se forme um grupo. Isto se dá pelo grupamento, onde um conjunto de pessoas convive compartilhando o mesmo espaço e guardam entre si uma capacidade de inter-relacionamento e uma potencialidade de virem a se constituir como um grupo propriamente dito. Para Zimerman [1], essa passagem consiste na transformação de “interesses comuns” para de “interesse em comum”. Segundo Freud [2], o fator psicológico que une os membros de um grupo humano é a identificação, processo psicológico pelo qual um sujeito assimila um aspecto, uma propriedade, um atributo do outro e se transforma total ou parcialmente, segundo o modelo desse outro. Esse momento transitório ou permanente, de grande identificação dos membros de um grupo entre si, é chamado de coesão grupal e refere-se à ligação que os membros têm entre si e pelo próprio grupo. Outro fator de grande importância para os grupos é o estabelecimento de vínculos entre os participantes. Para Pichon-Riviere [3], vínculo é uma estrutura dinâmica, em contínuo movimento, que engloba tanto o sujeito quanto o objeto, originado pelas motivações psicológicas e que determinam o grau de coesão dos indivíduos do grupo. Segundo Bion [4], o grupo possui mentalidade grupal e cultura de grupo. A primeira, formada pela opinião, vontade ou desejo unânimes do grupo em dado momento e que o torna capaz de funcionar como uma unidade; e a segunda, uma estrutura adquirida pelo grupo e que o leva a realizar tarefas que se propõe e a organização adotada para realizá-las. Yalom [5] ressalta o poder potencial da terapia de grupo e diz que essas experiências são comuns, mas as de coesão, que ofereçam apoio, que facilitem a autoreflexão, são cada vez mais raras em nossa sociedade. Esse autor desenvolveu uma lista de 11 fatores terapêuticos que operam na psicoterapia de grupo. Esses mecanismos são fatores específicos comuns a todos os grupos e que ajudam na mudança dos seus membros. São eles: instilação de esperança, universalidade, oferecimento de informações, altruísmo, desenvolvimento de técnicas de socialização, comportamento identificatório, catarse, reedição corretiva do grupo familiar, fatores existenciais, coesão grupal e aprendizagem interpessoal. Um fator de grande importância na dinâmica do campo grupal, segundo Zimerman [1], é a comunicação do grupo. É um bom campo de observação de como são transmitidas e recebidas as mensagens verbais, com as possíveis distorções e reações por parte de todos. Devemos observar as diferentes maneiras de apresentação da comunicação, tanto as verbais, quanto as não-verbais (gestos, silêncios, choros, somatizações, etc). Para alguns autores, os trabalhos com grupos podem ter objetivos terapêuticos ou não. Segundo Campos [6], os grupos terapêuticos podem ser divididos em grupos de suporte e grupos de elaboração. Os grupos de sala de espera são grupos de suporte e têm como principal finalidade o reforço ou a estruturação do self, a elevação da auto-estima e autoconfiança, e uma conscientização maior do indivíduo sobre si mesmo. O suporte demanda ações atuais, intervenções objetivas e resultados concretos. Se o grupo está reunido, como no nosso caso, em torno do diabetes, o tema central é o diabetes e o que fazer com ele. Não se está buscando resolver conflitos, efetuar compreensões ou insights relacionados à vida da pessoa, mas identificar e saber lidar com fatores que agem sobre aquela doença. Assim, os sintomas físicos trazidos são valorizados como foco de atenção, ao contrário das intervenções elaborativas em que o sintoma serve de subsídio para a compreensão do conjunto. Os dados históricos só são pertinentes se ligados à situação – foco do grupo. O terapeuta, num grupo de suporte, assume nitidamente uma postura ativa, apoiando, informando, recomendando, re-assegurando, expressando-se afetivamente. Busca sempre manter suas intervenções em torno da situaçãofoco, na tentativa de ampliar-lhe a compreensão, através de indagações ou reflexões e evita fazer interpretações. Os grupos de elaboração têm como objetivo a elaboração de conflitos, o auto-conhecimento, e a possibilidade de aprofundamento. Os grupos de suporte têm como objetivo o fortalecimento e o reabastecimento. Os grupos de sala de espera são grupos terapêuticos de suporte que, como diria Winnicott, citado por Mello Filho [7], funcionam como “espaço potencialtransacional”. As experiências de transicionalidade são criadas entre cada paciente e o terapeuta. Essa área criada é onde vai se desenvolver a interação-terapia. Esse espaço intermedeia também a relação entre os pacientes, onde se constitui numa ampla zona de troca de informações e produções do grupo. Através das contribuições de um paciente ao processo terapêutico de um outro, adicionando, colaborando com exemplos, confrontando-o, leva os membros do grupo a uma “terapia-compartilhada de apoio” (holding), cria-se um clima de relaxamento útil aos processos terapêuticos, ocorre a comunicação significativa e é o terreno em comum das relações afetivas, diminuindo a distância terapeuta-grupo. Segundo Burd e Graça [8], “o grupo de sala de espera é um espaço fundamental para que os diabéticos otimizem o tempo de espera pela consulta, transformando-o em um espaço de reflexão sobre o processo saúde-doença”. Burd M, Maia MR / Diabetes Clínica 02 (2002) 129~134 Metodologia 1. Formação dos grupos de sala de espera Esses grupos eram de curta duração (entre 60 e 90 minutos), abrangem todas as pessoas que estejam na sala de espera do ambulatório, pois todas são convidadas a participarem do grupo enquanto aguardam atendimento. Nem todas as pessoas aceitavam participar do grupo. As que aceitavam, adotavam disposição circular. Os grupos funcionavam sempre com duas psicólogas em co-terapia [1], podendo contar com a equipe multiprofissional do ambulatório, o que quase sempre acontecia. Os grupos eram semanais, heterogêneos quanto à idade e ao sexo, mas homogêneos quanto à patologia (todos eram diabéticos tipo 1 ou 2 ou tinham familiares diabéticos). O número de participantes era variável, pois como o grupo era aberto, o número de participantes mudava de semana para semana, mas em média participavam entre 10 e 12 pessoas. Quando era superior a 12, formavamse dois grupos distintos e cada psicóloga ficava responsável por coordenar e relatar o seu grupo. A freqüência era semanal e geralmente começava às 9 horas da manhã, momento em que a maior parte dos pacientes já havia chegado para as consultas. Os que eram chamados para entrar, se retiravam do grupo e podiam retornar após as consultas, se assim desejassem. Os grupos duravam entre 60 e 90 minutos, ou enquanto havia interesse dos participantes. Nas quartas-feiras, os pacientes diabéticos tipo 1 (criança, adolescente, adulto jovem, gestante e acompanhantes) eram atendidos e nas segundas-feiras os tipo 2 (adultos, idosos e seus acompanhantes). 2. Objetivos dos grupos de sala de espera eram: • Favorecer o holding da instituição para que os pacientes se sentissem acolhidos por ela; • Promover a interação entre os pacientes e a troca de experiências, já que há pacientes em diferentes estágios da doença crônica; • Diminuir a ansiedade causada pela espera da consulta; • Proporcionar a verbalização de sentimentos como angústia, raiva, impotência, etc, frente à doença crônica; • Estimular a troca de vivências; • Propiciar o esclarecimento de dúvidas como dieta (quantidade, como fazer substituições), aplicação da insulina, uso dos remédios, etc; • Esclarecer para a equipe multiprofissional as dificuldades enfrentadas pelos pacientes e, assim, orientar a conduta profissional; 131 • Continuar, em consulta-conjunta1 ou nos grupos de elaboração, o desenvolvimento dos temas discutidos nos grupos com os pacientes e/ou seus acompanhantes; • Indicar para o paciente e/ou acompanhante um atendimento especial: individual, em grupo, de apoio psicológico, de orientação (como as Associações de Diabéticos) e outros. 3. Funcionamento dos grupos Os coordenadores (duas psicólogas e mais algum outro profissional da equipe) convidam os pacientes, que aguardam atendimento, e seus familiares a participarem do grupo de sala de espera. Era esclarecido que quando chamados pela equipe (médicos, nutricionistas e enfermeiros) eles poderiam se retirar do grupo e retornariam, se assim desejassem, quando terminassem a consulta. Aos que aceitassem participar era pedido que ficassem dispostos em círculo. Os profissionais deste grupo se apresentavam e pediam que houvesse uma pequena apresentação dos participantes do grupo (nome, a idade, se era paciente ou acompanhante e há quanto tempo era diabético - caso fosse paciente). Passava entre os presentes um caderno de presença para que eles colocassem o nome, idade e o número de registro do hospital. Os profissionais retomavam a palavra, explicavam os objetivos e que o grupo de sala de espera era um espaço para falar sobre o diabetes e ressaltavam a forma de trabalho: pensar junto, como essencial para se vencer as dificuldades do diabetes . A partir daí, começavam a tratar dos assuntos abordados espontaneamente pelos pacientes ou acompanhantes. Não se pretendia dar soluções imediatas para os problemas trazidos, mas sim, demonstrar que a dificuldade de um geralmente era a de vários e reforçar a parceria entre iguais. Por sua brevidade, era necessário que os grupos tivessem início, meio e fim. Desta forma, podemos concluir que cada grupo era único. O seu desenvolvimento e composição eram singulares, pois os seus componentes, como pessoas individualizadas, eram quem determinavam o que acontecia e como iria acontecer. O próprio grupo levantavam os assuntos que seriam abordados dentro das suas necessidades e características. A técnica utilizada era o enfoque aqui-e-agora onde a experiência presente era o ponto de partida, uma vez que era comum a todos os membros do grupo. A experiência presente é direta, pessoal, imediata, compartilhada, apreciada e validada como base para conceitos e conclusões pessoais a serem elaborados. A postura da psicóloga coordenadora era ativa e participante devido os objetivos traçados e, 1 Consulta-conjunta: Termo criado por Júlio de Mello Filho para designar o atendimento ao paciente, ao mesmo tempo, do médico e do profissional psi. 132 Burd M, Maia MR / Diabetes Clínica 02 (2002) 129~134 principalmente, pela brevidade do grupo. A linguagem utilizada era a mais próxima possível dos participantes e não havia o caráter sigiloso dos assuntos tratados, pelo fato dos grupos serem realizados sem privacidade na sala de espera, num espaço aberto e onde várias pessoas estavam circulando. Resultados As estatísticas apresentadas são relativas aos grupos realizados entre março 1997 e março 1998. Nos 30 grupos realizados com pacientes diabéticos tipo 1, realizados às quartas-feiras, foram atendidos 176 pacientes; Os 39 grupos realizados com diabéticos tipo 2 foram realizados às segundas-feiras e foram atendidos 310 pacientes. No total, foram realizados 69 grupos onde também foram atendidos 187 acompanhantes, que poderiam ser familiares ou não, totalizando 673 pessoas atendidas em 12 meses de trabalho. Esses dados foram registrados num livro especial, que era passado entre as pessoas que estavam nos grupos, e uma das psicólogas relatava o grupo, de forma mais fiel possível, como observadora. Esses papéis eram alternados, e combinados previamente. Esses dados, quantitativos e qualitativos, foram transformados em duas tabelas (tabela I e tabela II), e dois gráficos em barras (gráfico 1 e gráfico 2). Esses instrumentos serão utilizados para a discussão e conclusões. A tabela a seguir corresponde aos assuntos discutidos, a quantidade de vezes que foram discutidos nos grupos e a sua porcentagem. A população deste grupo era composta por pacientes DM 2 (adultos e idosos) e seus acompanhantes. Tabela I Aumento da incidência do diabetes 2 Aumento do número de informações na mídia 2 Informações corretas 2 Apoio familiar 2 Confiança em si mesmo 3 Diferenças pessoais 3 Importância dos grupos de suporte 3 Sintomas 4 Aspectos da doença 4 Comportamentos saudáveis 6 Importância de se adotar postura ativa no tratamento 6 Problemas institucionais (férias da equipe, troca de residentes, confiança no hospital) 6 Tempo de Espera (insatisfação, preocupação) 6 Importância da troca de experiências e/ou informações 7 Hereditariedade 8 Preconceito com a doença 10 Fatores emocionais 11 Sentimentos quanto à doença 13 Diagnóstico 15 Insulina (dúvidas, fantasias, etc) 21 Complicações 24 Dieta 29 Tratamento 31 1% 1% 1% 1% 1% 1% 1% 2% 2% 3% 3% 3% 3% 3% 3,5% 4,5% 5% 6% 7% 10% 11% 13% 14% A tabela a seguir corresponde aos assuntos discutidos, a quantidade de vezes que foram discutidos nos grupos e a sua porcentagem. A população deste grupo era composta por pacientes DM1 (crianças, adolescentes, gestantes e adultos jovens), seus acompanhantes e alguns pacientes DM2 (embora este não fosse o dia, quartafeira, de suas consultas, sempre havia algum paciente que buscava atendimento extra). Tabela II Sentimentos negativos em relação à doença Postura ativa frente ao tratamento Dúvidas sobre os sintomas Alteração da vida normal Criança diabética Adulto diabético Hereditariedade Importância de tentar ter uma vida normal Tempo de espera Fantasias de cura Aspectos institucionais Importância do apoio familiar Diabetes gestacional (expectativa da remissão, medo de dano ao bebê) Adolescente diabético (rebeldia ao tratamento, relação mãe-filho) Aspectos emocionais Complicações Dieta Tratamento 1 2 3 3 4 4 4 4 4 4 4 6 1% 1% 2% 2% 3% 3% 3% 3% 3% 3% 3% 4% 8 5% 10 16 18 24 27 7% 11% 12% 16% 18% É importante observar o grande número de pessoas atendidas (693) em 12 meses de trabalho. Durante este tempo ocorreram algumas repetições de freqüências individuais aos grupos (145), quando os pacientes tiveram a oportunidade de participar mais de uma vez e, assim, sedimentar esta forma de atendimento psicológico e de orientação no ambulatório. O fenômeno do “repetido comparecimento” ao grupo demonstra a aprovação dos pacientes por este procedimento terapêutico e , ao mesmo tempo, o interesse em participar. O gráfico 1 mostra a percentagem desta distribuição. Assim, percebemos que DM2 corresponde a 47% da população atendida, DM1 27%, os acompanhantes 15 % e os que não declararam 11%. É importante salientar que cerca de 90% dos diabéticos pertencem ao tipo 2 [12]. Algumas observações merecem considerações com relação aos assuntos discutidos nos grupos (tabelas I e II). Foram discutidos mais assuntos nos grupos de DM2, basicamente por dois motivos: o primeiro é que há um maior número de pacientes DM2 que DM1, como podemos observar nos gráficos; e, segundo, que foram realizados mais grupos com DM2. Alguns assuntos foram específicos de cada grupo, como, por exemplo, o grupo de DM1 que discutiu assuntos com crianças diabéticas, adolescentes diabéticos e Burd M, Maia MR / Diabetes Clínica 02 (2002) 129~134 133 diabetes gestacional. Os grupos de DM2 também tiveram temas específicos como o medo de vir a tomar insulina, a fantasia de que ela vicia, de que é o último passo do diabetes (eles fantasiam que quando começam a tomar a insulina à morte está próxima). Estes tipos de temores não são encontrados nos pacientes DM1, provavelmente, por todos iniciarem o tratamento com a insulina. Alguns assuntos foram discutidos nos dois grupos e merecem a nossa atenção como: o tempo de espera, aspectos institucionais, dieta e tratamento. Os aspectos institucionais (férias da equipe, troca dos residentes, confiança na instituição) surgem nos grupos à medida que eles acontecem. Apesar de todos saberem da troca dos 134 Burd M, Maia MR / Diabetes Clínica 02 (2002) 129~134 médicos, por se tratar de um hospital escola, sempre há o “luto” pela perda deste médico e pela expectativa de como será o próximo. Nos grupos com pacientes DM2 os temas mais discutidos foram: Insulina (10%), complicações (11%), dieta (13%) e tratamento (14%). Percebemos que todos estes assuntos, na verdade, são referentes ao tratamento do diabetes, e, se somados, totalizam 48% dos assuntos discutidos. Nos grupos com pacientes DM1 os temas mais discutidos foram: Complicações (12%), dieta (16%) e tratamento (18%), que também são divisões do tratamento, e juntos totalizam 46% dos assuntos discutidos. A diferença entre os dois tipos de tratamento é insignificante e demonstra que o tratamento é uma questão muito importante para o paciente diabético e que nunca está totalmente discutido, explicado ou assumido. Devendo, então, à equipe estar atenta a esta fonte de conhecimento da população atendida para melhor assistir às suas demandas. espaço são faladas, pelo clima de descontração, por confiança nos terapeutas e pelas propriedades das intervenções. Segundo Maia [9], “os pacientes se despertam para a percepção da doença e descobrem suas feridas narcísicas com a mesma”. Conclusões 8. Os grupos de sala de espera são realizados num espaço de tempo percebido pelos pacientes como perdido e num espaço físico não adequado a grupos. Mas é neste ambiente, aparentemente desfavorável, que as transferências são mais positivas propiciando o holding ao paciente e seus familiares (pela equipe e pela instituição); diminuem a angústia pela espera e incentivam a reflexão crítica sobre sua relação com o diabetes. Após esta exposição podemos afirmar que o grupo de sala de espera trata-se de um tipo de atendimento eficaz, na media em que, de acordo com os seus objetivos, sensibilizam e despertam os pacientes para os aspectos psicológicos que envolvem o seu adoecimento, além de atingir um grande número de pessoas. A maior dificuldade no trabalho com grupos de sala de espera é o caráter inesperado de cada grupo, por ser realizado em um espaço aberto, sem privacidade, com características informais e que a todo o momento estão sujeitos a interrupções. Contudo, cabe ressaltar, que estas características é que conferem ao grupo de sala de espera o seu caráter singular. O fato dos grupos não terem o caráter sigiloso é uma das vantagens deste tipo de grupo, pois, assim, os coordenadores podem dar continuidade, de forma eficaz e específica às demandas iniciadas no grupo. Concluindo, os grupos de sala de espera, que aparentemente são vistos como de apoio e superficiais, são grupos terapêuticos de grande importância que podem nos mostrar que refletindo sobre a doença, e os vários aspectos do tratamento e pela catarse, os pacientes dizem coisas que dificilmente seriam expressas, mas que naquele Referências 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 9. Zimerman DE. Fundamentos Teóricos. In: Zimerman DE, Osório LC et al. Como Trabalhamos com Grupos. Porto Alegre: Artes Médicas;1997. p.23-31. Freud S. Psicologia de Grupo e Análise do Ego (1921). Obras Completas. Edição Standard, Vol. XVII, Rio de Janeiro: Imago; 1987. p.89-169. Pichon-Riviere E. O Processo Grupal. São Paulo: Martins Fontes;1982. Bion WP. Experiências com Grupos: Os Fundamentos da Psicoterapia de Grupo. Rio de Janeiro: Imago; 1970. p.185. Yalon ID. Vinogradov S. Manual de Psicoterapia de Grupo. Porto Alegre: Artes Médicas;1992. p.16-39. Campos EP. Grupos de Suporte. In. Mello Filho J et.al., Grupo e Corpo: Psicoterapia com Pacientes Somáticos. Porto Alegre: Artes Médicas Sul; 2000. p.117-130. Mello Filho J. O Ser e o Viver: uma visão da obra de Winnicott. Porto Alegre: Artes Médicas; 1989. p.270. Burd M. Graça L. As Abordagens Grupais no Diabetes. In. Mello Filho, J. Grupo e Corpo: Psicoterapia com Pacientes Somáticos. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. p. 213-232. Maia MR. Grupos de Sala de Espera Com Pacientes Diabéticos. Monografia de Conclusão de Curso de Especialização em Psicologia Médica pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Rio de Janeiro RJ, 1999.(Footnotes) Pedrosa HC / Diabetes Clínica 02 (2002) 135~138 Diabetes 135 Clínica Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 02 (2002) 135~138 ATUALIZAÇÃO Por que um consenso internacional sobre Pé Diabético ? Hermelinda Cordeiro Pedrosa Professora do Curso de Medicina – Escola Superior em Ciências da Saúde (Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde – Distrito Federal), Grupo de Trabalho Internacional sobre Pé Diabético, (Representante no Brasil), Consultora do Ministério da Saúde, (Plano de Reorganização da Assistência ao Diabetes e Hipertensão Arterial) Introdução O Diabetes Mellitus (DM) assumiu proporções epidêmicas, graças a sua ocorrência global, estimandose em 300 milhões de pacientes diabéticos em 2025 [1]. Em nosso país, as estimativas são de aproximadamente 12 milhões de pessoas no mesmo período. Dentre as complicações crônicas da doença, o Pé Diabético constitui um quadro devastador e mutilante em decorrência das complicações das ulcerações: infecção e amputação. O impacto do problema atinge o indivíduo, a família e também o sistema de saúde, pelo significativo custo requerido para o tratamento das úlceras nos pés e das amputações, que pode atingir 5 milhões de dólares anuais [2, 3]. Diante da complexidade dos mecanismos envolvidos, é crucial e obrigatória uma abordagem multidisciplinar, a ser efetuada em uma estrutura com uma boa organização básica, voltada principalmente para o seguimento no longo prazo e educação continuada desses pacientes [4]. Tais aspectos têm demonstrado redução de 50% nas amputações, concorrendo também para reduzir os custos do sistema [5, 6]. Evidentemente que, além do enfoque multiprofissional, faz-se necessário uniformizar as condutas. Os caminhos que conduzem à ulceração são os mesmos em várias partes do mundo [7], porém, as diferenças no seu manuseio, ditadas por influências meramente culturais e sem bases científicas, maior ou menor disponibilidade de recursos, falta de conhecimento ou informação adequada dos profissionais de saúde, além de não aplicação de educação terapêutica aos pacientes, traduzem as diferenças ou inexistência de dados de ocorrência das úlceras e amputações [8]. Essa diversidade de condutas e de especialidades envolvidas com os cuidados com o Pé Diabético resultou em vários documentos terapêuticos em diversos países. No entanto, carecem de uma visão consensual internacional. Nem sempre são construídos com base em evidências, ou não apresentam enfoque específico aos gestores de saúde [9]. Nesse aspecto, é fundamental o repasse de dados epidemiológicos, destacando a morbidade da complicação [10], e econômicos [11], para promover sensibilização dos gestores ao problema e assegurar a provisão de recursos necessários [9], como se verifica na tabela I. Depreende-se daí, a necessidade de um documento aglutinador que possa influenciar, ou até mesmo iniciar, a condução de diretrizes com vistas à abordagem uniforme, a política preventiva e organização de serviços interdisciplinares especializados (em nível terciário), atrelados àqueles de menor complexidade (em nível primário) configurando a tão necessária, posto que eficaz, referência e contra referência. Endereço para correspondência: Profa Dr a Hermelinda Cordeiro Pedrosa, CIEPE Centro de Investigação do Pé, SHLS 716 Centro Clínico Sul Torre II Salas 315/317/318 Asa Sul Brasília – DF, Tel/Fax: (61) 345-5534, E- mail: [email protected] 136 Pedrosa HC / Diabetes Clínica 02 (2002) 135~138 Tabela I – O impacto econômico do Pé Diabético Custos: úlcera e amputação Seguimento Primária* = US$ 7.000,00 Nível menor = US$ 43.000,00** Úlcera com amputação = US$ 24.000,00 Duração da hospitalização: Nível maior = US$ 63.000** 30-40 dias1, 60-90 dias2 * sem evolução para amputação; ** dados da Suécia; 1 – média mundial, 2 – média no Centro de Pé Diabético do DF O documento intitulado Consenso Internacional sobre Pé Diabético apresenta-se, portanto, como uma proposta aglutinadora, que foi desenhada em 1996, na Inglaterra, após a Conferência de Malvern e desenvolvida por 45 especialistas independentes (médicos generalistas, diabetologistas, enfermeiros, podiatras, quiropodistas, ortopedistas, cirurgiões gerais e vasculares, representando todos os continentes), que formaram o denominado Grupo Internacional de Trabalho sobre Pé Diabético (GTIPD). O principal objetivo do trabalho elaborado pelo GTIPD é a provisão de diretrizes para a abordagem e a prevenção que reduzirão o impacto da doença do Pé Diabético, por meio do cuidado da saúde com qualidade, levando-se em consideração os custos e os princípios da medicina, baseada em evidência e com o aval de especialistas, com referência às estratégias de diagnóstico, terapia e prevenção. As principais razões para a confecção de documento internacional estão listadas no quadro 1. Quadro 1 – Razões para um documento consensual sobre Pé Diabético • Diferentes estratégias entre países e em um mesmo país • Padrão uniforme de tratamento inexistente • Documentos disponíveis: conteúdo inconsistente e não representativo • Ausência de diretrizes destinadas aos gestores de saúde O processo consensual As informações utilizadas para a confecção do documento resultam de um amplo trabalho de pesquisa, baseado em evidências e opiniões de renomados especialistas independentes, de diferentes áreas e com vasta experiência nos cuidados com pacientes com problemas nos pés. As bases dos textos estão apresentadas no quadro 2. Quadro 2 – Base do processo consensual • Análises de Cochrane • Pesquisa da literatura • Documentos consensuais preexistentes • Opinião de especialistas Houve, inicialmente, seleção de tópicos, objetivos e capítulos de especialistas que constituíram os textos primários, seguindo-se uma revisão do corpo editorial e uma análise crítica completa do GTIPD em reunião na Holanda, que contou com a participação de representantes de organizações internacionais. Várias revisões pelo corpo editorial foram efetuadas, após discussão e análises do GTIPD para a confecção da versão final, a qual foi selada após aprovação escrita por todos os membros do Grupo de Trabalho. Há três textos, com destinações aos gestores de saúde, aos profissionais de saúde em geral e aos especialistas Pé Diabético: um desafio para os gestores de sistemas de saúde, Consenso Internacional sobre a Abordagem e a Prevenção do Pé Diabético, As Diretrizes Práticas na Abordagem e Prevenção do Pé Diabético. O Consenso contém 15 seções, inclusive um capítulo especial sobre visão regional, contemplado com informações da Índia, Brasil [12,13], Austrália e África do Sul. Vale salientar que, a pedido do corpo editorial, uma das lâminas do Álbum Seriado “Vamos Pegar no Pé” [14] foi colocada em destaque, como exemplo de orientações de cuidados com os pés para os pacientes diabéticos. Evidentemente que o conteúdo e as recomendações devem ser adequados e implementados segundo a realidade local. Para a tradução brasileira, algumas particularidades foram detalhadas em notas de rodapé, particularmente naquelas contingências destinadas especificamente a podiatras e ou quiropodistas, uma vez que não se dispõe desses profissionais especializados em nosso país [15]. Apoio de organizações internacionais e nacionais à implementação Entidades como a Federação Internacional de Diabetes (International Diabetes Federation – IDF), e Organização Mundial de Saúde (World Health Organization – WHO), estão dando suporte à implementação das Diretrizes Práticas, além da Associação Americana de Diabetes (ADA – American Diabetes Association) e Associação Européia para o Estudo do Diabetes (EASD – European Association for the Study of Diabetes), constituindo um importante e valioso endosso institucional e científico para a implementação das Diretrizes Práticas, visando o diagnóstico precoce dos pacientes em maior risco de ulceração, tratamento adequado e prevenção. Em nosso país, a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), a Área Técnica de Diabetes e Hipertensão Arterial do Ministério da Saúde, e a Coordenação do Projeto Salvando o Pé Diabético da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal constituem o tripé básico para a distribuição, divulgação e implementação dessas ações. A Organização Panamericana de Saúde (OPAS) e a Federação Nacional de Associações de Diabéticos (FENAD) também fazem parte desse conjunto de instituições cujo respaldo é fundamental para o alcance das metas. Pedrosa HC / Diabetes Clínica 02 (2002) 135~138 Processo consensual no Brasil: tradução e publicação As principais tarefas dos membros representantes nos países, que foram naturalmente os componentes do GITPD, foram as de: 1) Comunicar e apresentar o documento às instituições gestoras e científicas nacionais, 2) Obter recursos para a tradução no respectivo idioma, permitindo-se modificações para melhor adaptação à realidade local, sobretudo com base nas diferenças culturais e sócio-econômicas, 3) Divulgar o documento, 4) Implementar as Diretrizes Práticas (DP) nos serviços existentes e estimular a criação de novos, se possível já com base nas DP. Os trabalhos para a execução dessas tarefas foram iniciados em junho de 1999, com a distribuição de exemplares na língua inglesa à Dra Laurenice Pereira Lima (Área Técnica de Diabetes), Sociedade Brasileira de Diabetes (Drs Jorge Luiz Gross, Adriana Costa e Forti, Antonio Roberto Chacra), Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal (Drs José Nobre Formiga e Ana Cristina Madeira, Sociedade Brasileira de Cirurgia Vascular (Drs Cícero Lopes, Nelson de Luccia). Os trabalhos de divulgação foram deflagrados com a publicação de matéria no Jornal da SBD (1999), a pedido do Dr. Gross, seguindose Simpósio e Conferência durante o XII Congresso Brasileiro de Diabetes em Aracaju com a participação dos Drs Andrew Boulton (UK) e Lawrence Harkless (USA), graças ao importante apoio dos Drs Thomaz Cruz e Raimundo Sotero. Workshops e apresentações foram realizados em várias cidades (Brasília, São Paulo, Goiânia, Recife, Florianopólis) segundo o formato iniciado em 1992, pelo Projeto Salvando o Pé Diabético do Distrito Federal [12]. Alguns países da América Latina receberam exemplares, durante o Congressos da IDF no México (Argentina, Colombia, Uruguai, Paraguai, Peru, Venezuela), a pedido do Corpo Editorial, com uma divulgação através de folders, feita gentilmente pelo staff da Servier. O trabalho de tradução integral do texto consensual ficou ao encargo da tradutora e professora Ana Claudia Andrade, enquanto a das DR, a revisão técnica e direção de publicação com esta representante. A revisão linguística foi efetuada pela professora Juliana Campos de Andrade, mestranda da Universidade de Brasília. A revisão de editoração e impressão foi realizada por Roberto Astorino, com os trabalhos gráficos sob responsabilidade da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal. A catalogação na fonte foi feita pela bibliotecária Luciana Cerqueira Brito, da Editora do Ministério da Saúde, cuja equipe é comandada por Williams dos Santos Ferreira, contando com o apoio irrestrito de Nelson Jorge Monalar. Os recursos para a obra foram provenientes do convênio 1038/99, celebrado entre o Ministério da Saúde e a SES/ DF, destacando-se a intervenção da Dra Laurenice Pereira Lima e Celi Rodrigues Marques, respectivamente. 137 Divulgação e implementação da versão brasileira O lançamento da versão brasileira (fig. 1) ocorreu durante o XIII o Congresso Brasileiro de Diabetes, realizado em outubro de 2001, no Rio de Janeiro, graças ao apoio da presidente do evento, Dra Marília de Brito Gomes, e da Comissão Organizadora composta pelos Drs Adolpho Milech, José Egídio, Leão Zagury, Ingeborg Laun, Isaac Benchimol, Neuza Braga Campos de Araújo e Rogério Oliveira. À sessão solene compareceram o Prof. Nicholaas Schaper (Holanda), secretário científico e membro do corpo editorial, as Dras Adriana Costa e Forti e Marília de Brito Gomes, além dos Drs Domingos Malerbi e Ethel Spiechler. Na ocasião, o Prof Schaper fez as considerações sobre a importância da solenidade e relatou todo o processo consensual até a publicação em 1999, em seu país. O primeiro exemplar foi entregue, especialmente, à Dra Laurenice Pereira Lima (representada por Maria Irene Magalhães, vicepresidente da FENAD para o Distrito Federal). A jornalista Cristina Dissat (SBD - Informed) e a Dra Júnia Cordeiro, receberam exemplares representando o apoio da imprensa na divulgação cientifica e a primeira equipe treinada pelo Projeto Salvando o Pé Diabético (em 1993), respectivamente. Atualmente, o processo de distribuição, gratuito, está em andamento sob a coordenação da equipe do Projeto Salvando o Pé Diabético e apoio da Área Técnica do Ministério da Saúde (DF). A divulgação para o envio de exemplares tem sido conduzida via o Jornal da SBD, solicitando-se também o cadastramento para o Registro Nacional de Ambulatórios de Pé Diabético (fig. 1). Exemplares do Consenso já foram enviados às sociedades científicas (SBEM-DF, SBEM-nacional, SBD, Vascular Periférica, Cirurgia do Pé), FENAD e todas as Associações de Diabéticos do Brasil, OPAS. Fig. 1 – Registro Nacional – Ambulatórios de Pé Diabético O cadastramento favorecerá o Registro Nacional e auxiliará a conhecer os serviços implementados, em implantação, e onde há necessidade de implantar, para auxiliar a implementação das Diretrizes Práticas no Brasil. 138 Pedrosa HC / Diabetes Clínica 02 (2002) 135~138 Figura 2 – Mapa de Ambulatórios de Pé Diabético (1992/2000) parecem não estar atrelados à busca da reabilitação [16]. Desse modo, amplia-se o trabalho iniciado pelo Projeto Salvando o Pé Diabético [17], cujo trabalho de sensibilização facilitará o alcance do grande desafio: levar a todos os lugares do nosso país, um melhor conhecimento para a abordagem do Pé Diabético. O desafio de salvar, cada vez mais, pés de pacientes diabéticos de desfechos mutilantes e devastadores, está, portanto, lançado. Referências 1. 2. O processo de sensibilização do Projeto Salvando o Pé Diabético foi iniciado em 1992. Desde aquele período, vários ambulatórios de Pé Diabético têm sido registrados,: 28 implementados, 7 em implementação. (Fonte: Área Técnica em Diabetes – Ministério da Saúde, 2000) 3. 4. 5. A recomendação expressa do GTIPD é proceder uma a distribuição seletiva, destinada prioritariamente aos profissionais que implantaram ou estão implantando serviços/ambulatórios de Pé Diabético, que serão oportunamente convidados a coordenar o processo em seus estados/cidades, visando a coleta de dados e supervisão dos trabalhos de implementação das DP. Desse modo, vislumbra-se uma ampliação do mapa de Pé Diabético no Brasil, cujo panorama, se deve, em parte ao trabalho de sensibilização e treinamento conduzido pela equipe de Brasília (fig. 2), com o apoio do Ministério da Saúde, OPAS e SBD, e consultoria do Dr Andrew Boulton. Conclusão O Consenso Internacional sobre Pé Diabético é o resultado de um extenso trabalho de pesquisa, conduzido a partir de dados baseados em evidências científicas. A confecção de um documento, sobre qualquer tema, mesmo quando elaborado mediante discussões e levantamentos detalhados, nem sempre atinge total unanimidade. No entanto, empresta visibilidade, promove reuniões para discussões técnicas e científicas, endossa iniciativas para criação de serviços, e auxilia a uniformizar condutas. Embora seja sabido que alguns pontos, ainda, careçam de concordância, porque não estão totalmente esclarecidos, o documento nos chega com uma aura de respeito, pela seriedade com que foi conduzido. Em nível nacional, representa um trabalho onde o esforço para suplantar as conhecidas dificuldades foi, antes de tudo, impulsionado pelo entusiasmo que sempre está a mover as utopias dos que trabalham com diabetes. Os pacientes diabéticos brasileiros estão sendo amputados sem avaliação adequada, em níveis cirúrgicos que 6 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. King H, Aubert RE, Herman WH. Global burden of diabetes 1995-2025: prevalence, numerical estimates and projection. Diabetes Care 1998;21:1414-1431 Ramsey SD, Newton K, Blough D, et al. Incidence, outcomes and costs of foot ulcers in patients with diabetes. Diabetes Care 1999;22-382-387 Apelqvist J. Wound healing in diabetes:outcome and costs. Clin Podiatr Med Surg 1998;15-21-40 Malone JM, Snyder M, Anderson G, Bernhard VM, Holloway GA, Brent TJ. Prevention of amputation by diabetes education. Am J Surg 1989;158:520-523 Edmonds ME, Blundell MP, Morris ME, Thomas EM, Cotton LT, Watkins PJ. Improved sruvival of the diabetic foot: the role of a specialised foot clinic. Q J Med 1986;60-763-71 Apelqvist J, Larsson J, Ragnarson Tennvall G, Persson V. Long term costs of foot ulcers in diabetic patients in a multidisciplinary setting – na economic analysis of primary healing and healing with amputation. J Int Med 1994;235-463-471 Boulton AJM. The pathogenesis of diabetic foot problems: an overview. Diabetic Med 1996;13 (suppl 1):S12-S16 Boulton AJM. The diabetic foot: a global view. Diabetes Metab Res Rew 2000;16 (Suppl 1):S2-S5 Apelqvist J, Bakker K, van Houtum WH, Nabuurs-Franssen MH, Shaper NC, on behalf of the International Working Group on the Diabetic Foot. International Consensus and Practical Guidelines on the management and prevention of the diabetic foot. Diabetes Metab Res Ver 2000;16 (Suppl 1):S84-S92 Reiber G, Lipsky BA, Gibbons GN. The burden of the diabetic foot ulcer. Am J Surg 1998; (Suppl 2A):5-10 Curriel CJ. Morgan CL, Peters RS. The epidemiology and cost of inpatient care for peripheral vascular disease, infection, neuropathy and ulceration in Diabetes. Diabetes Care 1998;21:42-45 Pedrosa HC, Nery ES, Sena FV, Novaes C, et al. O desafio do projeto salvando o pé diabético. Boletim Centro BD 1998;4 (19):1-10 Pedrosa HC, Novaes C, Sena FV, Silva F, Nery ES, Boulton AJM, The educational impact of save the diabetic foot project in Brazil – Proceedings of the International Symposium on the Diabetic Foot, Noordwijkerhout, the Netherlands, 1999 Pedrosa HC, Lima LP, et al. Álbum Seriado Vamos Pegar no Pé – Publicação do Ministério da Saúde (isbn 85 334-0122 –1) Grupo de Trabalho Internacional sobre Pé Diabético. Consenso Internacional sobre Pé Diabético e Diretrizes Práticas. Versão brasileira. Publicação sob direção de Pedrosa HC, Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal, 2001 Spiechler ERS, Spiechler D, Martins CSF, Franco LJ, Forti AC, et al. Diabetic lower extremity amputation in Rio de Janeiro. Diabetologia 1998; 41:A279 (abstract) Pedrosa HC, Macedo G, Ribeiro J. Abordagem clínica e terapêutica do Pé Diabético. Em: Vilar L (ed). Endocrinologia Clínica 2a edição. Rio de Janeiro: MEDSI; 2001. 671-685. Aranda CMSS et al / Diabetes Clínica 02 (2002) 139~142 Diabetes 139 Clínica Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 02 (2002) 139~142 ATUALIZAÇÃO Campanha de vacinação do idoso contra gripe e pneumococo e envolvimento dos profissionais da saúde Clélia Maria S. de S. Aranda*, Mírian M. de Moura**, Rodrigo G. dos Reis***, Glaucia N. R. Vespa**** *Diretora Técnica da Divisão de Imunização do Centro de Vigilância Epidemiológica, Secretaria de Estado da Saúde, São Paulo, **Superintendente do Fomento de Educação Sanitária e Imunização em Massa contra Doenças Transmissíveis (Fesima), Secretaria de Estado da Saúde, São Paulo, ***Gerente de Produtos Linha Adulto da Aventis Pasteur, ****Diretora do Departamento Médico da Aventis Pasteur Introdução Recentemente foi realizada pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo uma pesquisas envolvendo 603 entrevistas representativas de todo estado, entre pessoas com 61 anos ou mais. Foram 292 entrevistas na Grande São Paulo e 311 no interior do estado. A pesquisa ocorreu entre os dias 15 e 22 de fevereiro de 2001 e a margem de erro dos resultados é de 4 pontos percentuais. A partir desses dados é possível extrair informações relevantes que mostram os motivos de adesão e não-adesão à Campanha, o perfil dos idosos do Estado de São Paulo, a freqüência estimada de doenças de base, a conscientização da população em relação à importância de tomar a vacina, entre outras informações. É importante lembrar as recomendações para a vacinação contra a gripe e contra o pneumococo [1,2]: • Contra a gripe (influenza) devem ser vacinados: diabéticos, pneumopatas, cardiopatas, renais crônicos, gestantes a partir do 2º trimestre de gravidez, indivíduos maiores de 60 anos de idade, profissionais da saúde e outras pessoas que possuam alguma outra condição de saúde que aumente o risco de complicações em decorrência da gripe. • Contra o pneumococo devem receber a vacina: diabéticos, asplênicos, pneumopatas, cardiopatas, portadores de HIV e maiores de 60 anos de idade, entre outros indivíduos. Em função do risco de complicações e óbito em decorrência de infecções como a gripe e infecções pneumocócicas, é necessário atingir altas taxas de cobertura vacinal entre os portadores de fatores de risco, como é o caso dos pacientes com diabetes. Estudos realizados nos EUA, por exemplo, mostram que a cobertura vacinal contra gripe entre portadores de diabetes é de apenas 40% e contra o pneumococo, somente 21% [3]. Em função da necessidade e da importância da imunização desses pacientes e dessa baixa cobertura vacinal, o governo dos EUA realiza anualmente campanhas de prevenção e conscientização dos diabéticos a respeito da necessidade da vacinação contra influenza e contra o pneumococo, entre outros cuidados com a saúde [4]. Outro estudo realizado na região norte do Reino Unido indica cobertura de 35% para as vacinas contra gripe e pneumocócica, e revela a importância da indicação médica para a vacinação (a maioria de portadores de diabetes que foram vacinados recebeu esta recomendação de seu clínico geral: 90% para a vacina contra gripe e 87% para a vacina pneumocócica) [5]. Os dados desta pesquisa brasileira precisam ser explorados para a conscientização tanto dos pacientes, quanto da classe de profissionais da saúde envolvidos com os cuidados aos portadores de diabetes de modo a aumentar a porcentagem de pessoas vacinadas. Objetivos • Valorizar a opinião dos cidadãos maiores de 60 anos, participantes ou não da campanha de vacinação. • Conhecer o perfil das pessoas que aderiram à campanha de vacinação em 2000, para melhor entendimento dos fatores de risco que afetam a população maior de 60 anos de idade, como o diabetes. • Investigar os motivos de adesão e não-adesão e 140 Aranda CMSS et al / Diabetes Clínica 02 (2002) 139~142 realizar ações para aumentar a cobertura vacinal entre os indivíduos de maior risco. • Verificar a intenção de adesão da campanha de 2001. que este índice seja insatisfatório, principalmente devido à falta de informação e de incentivo à vacinação. Adesão à Campanha – Vacinação Pneumocócica Resultados Perfil do Idoso Segundo os dados desta pesquisa, 55% do total de entrevistados avaliam que sua saúde é boa, sendo que 63% costuma freqüentar serviço médico regularmente. 14% dos entrevistados referem ser portadores de diabetes. Considerando que a incidência de diabetes tende a aumentar com a idade, este dado condiz com a realidade brasileira, onde se estima que em média 10% da população geral seja portadora da patologia. É importante ressaltar que muitas vezes considera-se que, para cada caso de diabetes diagnosticado, há ainda um caso sem diagnóstico, o que eleva a estimativa de portadores a índices significativos. Entre os demais fatores de risco, como cardiopatias e pneumopatias, a pesquisa indicou uma referência dentre os entrevistados de 26% e 9% respectivamente. Considerando os 3 fatores de risco (diabetes, cardiopatias e pneumopatias), chega-se a 49% dos maiores de 60 anos com pelo menos 1 fator de risco. Adesão à Campanha – Vacinação contra a Gripe Segundo esta pesquisa, 64% dos idosos aderiram à Campanha de 2000, sendo este índice de 70% entre os maiores de 70 anos e de 52% entre os indivíduos de 61 a 65 anos. É importante ressaltar que a taxa total de adesão calculada pela pesquisa (64%) é idêntica ao dado administrativo da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, o que comprova a representatividade da amostra e a fidedignidade dos dados. Os índices gerais da Campanha de Vacinação do Idoso são considerados muito bons, sendo a Campanha de Vacinação contra Gripe do Brasil uma das maiores do gênero em todo o mundo. Uma informação importante e ao mesmo tempo alarmante é que o fato de ter plano de saúde ou visitar regularmente o médico não influenciou este índice. Considerando as Campanhas de 1999 e 2000, observase que, entre a totalidade das pessoas com mais de 60 anos, 44% aderiu a ambas as campanhas, 20% são novos adeptos, 30% são resistentes e 6% abandonaram a Campanha. Portanto, o total de adesão é de 64% da população com mais de 60 anos. Entre o grupo de portadores de diabetes, o grau de adesão à vacinação contra gripe foi de 69%, o que deve ser considerado alto. Por outro lado, não há estimativa da adesão à vacinação entre indivíduos com diabetes menores de 60 anos de idade. Apesar disso, imagina-se A adesão à vacinação pneumocócica durante a Campanha de 2000 mostra índices de apenas 11% na população maior de 60 anos de idade. Considerando os indivíduos com fatores de risco, para os quais a vacina é distribuída nos postos de saúde, não só durante a Campanha de Vacinação do Idoso, mas ao longo de todo o ano, o índice de adesão chegou a apenas 27%. Dentre os diabéticos, a cobertura atingiu 32%; entre cardiopatas, 27% e entre pneumopatas, 32%. Outro dado importante revelado por esta pesquisa é que apenas 29% dos idosos com fatores de risco, para os quais a vacinação está disponível gratuitamente nos postos de saúde, sabem disso. Isso indica um grande trabalho a ser realizado pelos profissionais de saúde, a fim de aumentar a cobertura vacinal contra o pneumococo, incentivando seus pacientes a receberem a vacina. Motivos para adesão Um dos dados mais relevantes nesta pesquisa foi o fator que motivou o idoso a receber a vacinação, especialmente levando em consideração que a vacina era oferecida gratuitamente, e todos apresentavam indicação precisa para vacinação contra gripe, em função da idade e ainda quase metade apresentava outro fator de risco, como doença crônica. Segundo a pesquisa, 14% dos idosos apresentavam diabetes, 26% problemas cardíacos e 9% problemas pulmonares. Ainda assim, entre os que aderiram, os 3 principais incentivadores foram TV (32%); iniciativa própria (31%) e incentivo dos familiares (20%), que somados correspondem a 83% do total. A indicação dos médicos foi responsável por apenas 12%, enquanto o incentivo dos postos de saúde, somente 2%. Esses dados são ilustrados na fig. 1. 63% dos idosos vão regularmente ao médico e a posição do profissional, neste caso, foi de não tocar no assunto (45%), recomendar a vacinação (14%), insistir na recomendação (2%) e desaconselhar a administração da vacina (1%). Especificamente junto ao grupo de portadores de diabetes, a pesquisa revela que 85% vai regularmente ao médico, e 61% dos médicos que atendem aos portadores de diabetes não tocou no assunto, 17% recomendou a vacinação contra a gripe, 4% dos médicos insistiu e 3% desaconselhou (fig. 2). Esses dados indicam a necessidade de trabalhar o conceito de vacinação contra gripe entre os médicos e demais profissionais da saúde. Constata-se que a maior parte do público-alvo da pesquisa vai regularmente ao médico, e essas pessoas são mais susceptíveis às doenças de base (diabetes, hipertensão, enfisema, problemas Aranda CMSS et al / Diabetes Clínica 02 (2002) 139~142 Fig. 1- Principais motivos que incentivaram a adesão à Campanha de vacinação do Idoso 2000. cardíacos, etc.) e as mais indicadas para tomar a vacina. Além disso, os benefícios da vacinação contra a gripe e da vacinação pneumocócica são consagrados na literatura científica mundial e a própria OMS recomenda, expressamente, essas vacinas para pessoas acima de 60 anos, como modo de preservar a qualidade de vida[1,2,6]. É necessária conscientização para gerar uma mudança de atitude, a fim de assegurar a redução da morbimortalidade associada a doenças que podem ser efetivamente prevenidas pela imunização. Efeitos da vacinação Segundo os resultados obtidos, a população está convencida da importância da vacinação contra gripe. Dentre os entrevistados, 95% dizem que o governo deve continuar a fazer a campanha de vacinação contra a gripe, 87% tem a informação de que a gripe pode ser uma doença grave em idosos, mesmo índice do que o do grupo de diabéticos, e 74% acreditam que a vacina evitará a doença Fig. 2 - Comportamento dos médicos que atendem a portadores de diabetes – apenas 17% indicou a vacinação contra gripe. 141 (84% no grupo de diabéticos). Em linhas gerais, 92% dos entrevistados consideram que o efeito da vacina contra a gripe foi positivo. Destes, 58% consideram efeito positivo porque não tiveram gripe, 14% porque não tiveram reação e 12% acham que o organismo ficou mais resistente. Com relação ao perfil de tolerabilidade da vacina, 90% não relataram reações à vacina, os 10% que apontaram reações logo após a vacinação indicaram, principalmente, dor no corpo e braço dolorido. Os índices de reações adversas conferem com os obtidos em trabalhos nacionais e internacionais, e confirmam o excelente perfil de segurança da vacina contra gripe[1,2,7,8]. É interessante notar, que 39% declaram que tiveram “gripe” após a vacinação. Esse dado merece uma avaliação, pois aqui se percebe que, de maneira geral, a população não distingue gripe e resfriado. Caracterizada por sintomas como febre, calafrios, tosse, espirros, dores de cabeça e dores no corpo, a gripe tem início súbito e se propaga com rapidez, ameaçando o bem-estar da pessoa acometida. Diferentemente do resfriado, que também apresenta sintomas respiratórios, porém de forma mais branda e de curta duração, a gripe traz conseqüências clínicas danosas ao organismo e interfere diretamente na rotina de vida das pessoas. Entre os relatos dos sintomas de gripe são apontados um grande número de sintomas inespecíficos, sendo os mais mencionados tosse, coriza e dores de cabeça. Isso demonstra que a população em geral costuma generalizar e denominar “gripe” qualquer tipo de manifestação, seja ela de origem alérgica, viral ou até mesmo o quadro prodrômico de uma infecção bacteriana. Apenas cerca de 7% reportaram febre, a principal característica da gripe e apenas 1-2% apresentaram febre e mais um sintoma como mialgia e/ou prostração. Portanto, avaliase que a pessoa vacinada relaciona qualquer problema do trato respiratório com a gripe, o que não é correto uma vez que a gripe é devida única e exclusivamente à infecção pelo vírus influenza e a vacina estimula uma resposta imune especifica contra este agente. Aproveitando as oportunidades para vacinação Oferecer também a vacina dupla adulto (dT) durante a realização da Campanha de Vacinação do Idoso é uma estratégia bem sucedida e extremamente adequada. Essa medida mostrou-se essencial para a redução de casos dessas duas doenças na população. Dados do Centro de Vigilância Epidemiológica de São Paulo indicam que o número de casos de tétano entre os indivíduos maiores de 60 anos foi reduzido de 50 casos no ano de 1995, para apenas 10 casos no ano de 2000, graças aos esforços de vacinação durante essas Campanhas. Isso mostra mais uma vez que todas as oportunidades de vacinação devem ser devidamente aproveitadas, com o objetivo de controlar e reduzir a incidência das doenças. 142 Aranda CMSS et al / Diabetes Clínica 02 (2002) 139~142 Lembrando mais uma vez que o portador de diabetes é um indivíduo que apresenta maior risco de complicações em decorrência de infecções, é necessário o incentivo para a devida manutenção do calendário de vacinação, com a aplicação dos reforços periódicos das vacinas, como é o caso das vacinas contra tétano e contra difteria. Ações realizadas para a Campanha de 2001 Os resultados dessa pesquisa de opinião foram apresentados aos Coordenadores da Campanha de Vacinação no Estado de São Paulo e foram levados em consideração para a organização da Campanha do ano 2001, sendo duas as principais ações realizadas: • Conscientização dos provedores de saúde em relação à importância da vacinação para a população maior de 60 anos de idade; • Informação, por meio da mídia (televisão, rádio e mídia impressa) e de apresentações a respeito dos benefícios proporcionados pela vacinação e dos possíveis eventos adversos associados à vacina. A Campanha de 2001, originalmente programada para ocorrer entre 23 de abril e 4 de maio, foi estendida até o dia 18 de maio em diversos municípios. Como resultado dessa Campanha, foram vacinados 2.241.059 indivíduos maiores de 60 anos no Estado de São Paulo, o que corresponde a uma cobertura vacinal de 74,4%. 478 cidades ultrapassaram a cobertura de 70%. O aumento do número total de doses aplicadas e da cobertura vacinal atingida, ficou evidente nas 24 regiões do Estado, e também aumentou o número de municípios com cobertura vacinal acima de 70%. No Brasil, mais de 10,7 milhões de pessoas acima de 60 anos de idade foram vacinadas no ano de 2001, o que corresponde a uma cobertura vacinal de 82,1%. Ações dirigidas aos profissionais da saúde são necessárias, para garantir a manutenção das altas taxas de cobertura vacinal que o Brasil vem observando em suas Campanhas de Vacinação dos Idosos nos últimos anos, e para a redução ainda maior da morbi-mortalidade associada a infecções por agentes como o vírus influenza e o pneumococo. Quando comparadas a dados internacionais de países desenvolvidos, as coberturas vacinais brasileiras contra gripe e contra o pneumococo entre os indivíduos maiores de 60 anos podem ser consideradas satisfatórias [3,5]. No entanto, ainda há muito trabalho a ser desenvolvido para que portadores de fatores de risco, como é o caso de pessoas com diabetes, estejam devidamente imunizados e mantenham-se protegidos para evitar complicações, reduzir o risco de óbito e melhorar a qualidade de vida. Por exemplo, os dados do Reino Unido sobre fatores que incentivam a vacinação de diabéticos mostram que 90% dos pacientes buscaram a vacinação contra gripe, em função da indicação do clínico geral [5]. Em contraste, no Brasil, 61% dos médicos que atendem a portadores de diabetes não tocou no assunto da imunização; apenas 17% recomendou a vacinação e ainda 3% a desaconselharam. Não apenas os médicos, mas todos os profissionais envolvidos com o tratamento e o acompanhamento de portadores de diabetes, e mesmo os familiares, devem estar devidamente informados sobre as atuais recomendações para vacinação. É imprescindível que o profissional da saúde assuma seu papel de educador e exerça sua principal vocação que é preservar vidas, indicando as vacinas e incentivando seus pacientes a manterem-se devidamente imunizados. Referências 1. Conclusões Os dados apresentados por essa pesquisa são muito importantes para o entendimento dos fatores que afetam a Campanha de Vacinação dos Idosos, para a identificação do perfil do público-alvo da Campanha e para o conhecimento da opinião da população a respeito dessa importante iniciativa de saúde pública. Com base nas informações aqui reveladas, é possível identificar as reais necessidades de informação tanto por parte da classe médica quanto por parte da população, além da realização de ações que visem à conscientização sobre a importância da vacinação contra gripe e antipneumocócica, além do aumento da cobertura vacinal contra essas enfermidades. A maior conscientização da sociedade e também da classe médica sobre a importância da prevenção, possibilita uma mudança de atitude a fim de garantir a melhoria da qualidade de vida da população. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. CDC. Prevention and Control of Influenza: recommendations of the Advisory Committee on Immunization Practices (ACIP). MMWR 2001; 50(RR-4). CDC. Prevention of Pneumococcal Disease: recommendations of the Advisory Committee on Immunization Practices (ACIP). MMWR 1997; 46(RR-8). CDC. Influenza and Pneumococcal Vaccination Rates Among Persons with Diabetes Mellitus – United States, 1997. MMWR 1999; 48(42):961-7. CDC. Diabetes Projects. Diabetes and Flu/Pneumococal Campaign. Diabetes Public Health Resource 2001. http:// www.cdc.gov/diabetes/projects/aboutcampaign.htm Wahid ST, et al. Audit of influenza and pneumococcal vaccination uptake in diabetic patients attending secondary care in the Northern Region. Diabet. Med. 2001; 18:599-603. World Health Organization (WHO). Weekly epidemiological record 2002; 35(75): 281-8. Toniolo-Neto et al. Safety of Simultaneous Pneumococcal and Influenza Vaccination in Elderly Patients in Brazil. Drugs and Aging 1999; 15(Suppl1):43-45. Spila-Alegiani, et al. Reactogenicity in the elderly of nine commercial influenza vaccines: results from the Italian SVEVA study. Vaccine 1999; 17:1898-1904. Atualização / Diabetes Clínica 02 (2002) 143~146 Diabetes 143 Clínica Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 02 (2002) 143~146 ATUALIZAÇÃO American Diabetes Association Ano 2002 Implicações do United Kingdom Prospective Diabetes Study - UKPDS Nas últimas 3 décadas um número substancial de estudos experimentais e estudos clínicos correlacionaram diretamente a hiperglicemia com o desenvolvimento de complicações diabéticas [1]. Alguns destes estudos também demonstraram que o tratamento que diminui a glicose sangüínea reduz o risco de retinopatia, nefropatia, e neuropatia diabéticas. São notáveis os resultados do DCCT (Diabetes Control and Complications Trial) [2] e a pesquisa semelhante porém menor, Stockholm Diabetes Intervention Study [3]. Estes estudos mostraram que a redução da glicose sangüínea retarda o início e lentifica a progressão das complicações microvasculares do diabetes tipo 1. As reduções de risco para vários resultados variaram de 35 a 75%. Análises secundárias nestes estudos mostraram fortes relações entre os riscos de desenvolver complicações e a exposição glicêmica ao longo do tempo. Mais ainda, não havia um limiar de glicose discernível, i.e., havia uma redução contínua nas complicações quando os níveis glicêmicos se aproximavam do limite normal. O controle glicêmico melhorado foi também associado com a redução de eventos cardíacos no DCCT, mas a diferença não foi estatisticamente significativa. Talvez, isto tenha ocorrido porque a população estudada era de adultos jovens e por isso o índice de eventos era muito baixo. Vários dos estudos observacionais também apoiam uma correlação entre controle glicêmico e complicações diabéticas nos pacientes com diabetes tipo 2, mas até agora, houve apenas 3 estudos controlados randomizados tentando testar o benefício da redução da glicose sangüínea na incidência de complicações. O primeiro destes estudos foi o UGDP (University Group Diabetes Program), que não mostrou benefício do controle glicêmico em pacientes diabéticos tipo 2 de início recente [4]. Porém, no UGDP, havia somente 200 indivíduos em cada grupo de tratamento, HbA1c não estava disponível como um método confiável para medição de glicemia crônica, e a diferença no controle glicêmico entre o grupo mais intensivamente tratado e os outros grupos de tratamento foi somente o de glicose plasmática em jejum de ~30 mg/dl (1,7 mmol/l). Uma importante preocupação emanando do UGDP foi a observação que o composto de sulfoniluréia (tolbutamida) e biguanida (fenformina), usado para reduzir a hiperglicemia, foi associado com a mortalidade cardiovascular aumentada. Persisti desde a publicação dos dados do UGDP em 1970, que a suspeita de redução da glicose com agentes orais em pacientes com diabetes tipo 2 pode ser na verdade, ser prejudicial. O segundo estudo [5], controle no diabetes tipo 2 é conduzido em 110 indivíduos japoneses magros e mostrou que injeções múltiplas de insulina proporciona melhor controle glicêmico (HbA1c = 7,1%), em comparação com tratamento convencional (HbA1c = 9,4%), e reduz significativamente as complicações microvasculares do diabetes. A extensão da redução de risco neste estudo japonês foi semelhante àquela do DCCT, sustentando assim a hipótese de que o controle glicêmico é importante em ambos os tipos de diabetes. O terceiro estudo no diabetes tipo 2 foi um estudo piloto que randomizou 153 homens para tratamento intensivo ou convencional [6]. Este estudo foi maior e mais longo já relaizado em pacientes com diabetes tipo 2 [710]. O UKPDS (United Kingdom Prospective Diabetes Study) recrutou 5102 pacientes com diagnóstico recente de diabetes tipo 2 em 23 centros na Inglaterra, entre 1977 e 1991. Os pacientes foram acompanhados por uma média de 10 anos para determinar: 1) Se o uso intensivo do tratamento farmacológico para reduzir os níveis de glicose sangüínea resultaria em benefícios clínicos (i.e., complicações cardiovasculares e microvasculares reduzidas) e 2) Se o uso das várias sulfoniluréias, da biguanida metformina, ou da insulina têm vantagens ou desvantagens terapêuticas específicas. Além disso, os pacientes com diabetes tipo 2, que também eram hipertensos, foram randomizados para controle da pressão arterial “estrito” ou “menos estrita”, para averiguar os benefícios da redução da pressão arterial e para verificar se o uso do inibidor da ECA (captopril) ou β-bloqueador (atenolol) oferece vantagens ou desvantagens terapêuticas particulares. 144 Atualização / Diabetes Clínica 02 (2002) 143~146 Perguntas e respostas 1 - Como foi conduzido o UKPDS? O esquema do UKPDS foi explícito e direcionado por protocolos pré-específicados com randomização apropriada dos pacientes. Os testes clínicos e de laboratório foram realizados por metodologias aceitas, e todos os eventos de avaliação foram documentados satisfatoriamente. O grande número de pacientes e sua heterogeneidade demonstraram que os resultados se aplicariam à população americana de homens e mulheres com diabetes tipo 2. O UKPDS foi originalmente esquematizado como um estudo clínico randomizado diretamente comparando os efeitos de um “programa de tratamento intensivo” com quatro monoterapias farmacológicas, versus um grupo de dieta controle, nas complicações cardiovasculares e microvasculares do diabetes tipo 2. As três principais monoterapias originais para a quais todos os pacientes foram randomizados foram clorpropamida, gliburida e insulina. No subgrupo de indivíduos acima do peso, a metformina como monoterapia foi comparada com o grupo controle e com os outros três agentes farmacológicos. A primeira e principal questão do estudo foi se a redução da glicose sangüínea seria benéfica. Portanto, o objetivo do tratamento em todos os grupos de farmacoterapia intensiva foi um nível de glicose plasmática em jejum (GPJ) < 6,0 mmol/l (108 mg/dl), e o objetivo do tratamento no grupo controle dieta convencional foi um nível de FPG <15 mmol/l (270 mg/dl). Porém, tornou-se aparente que nenhuma das monoterapias farmacológicas foi capaz de manter o objetivo do tratamento intensivo, e por isso a separação glicêmica adequada do grupo controle pode estar comprometida. Assim, a combinação de tratamento foi usada, misturando insulina e metformina com sulfoniluréias, com o cruzamento de pacientes em grupos de tratamento farmacológicos alternados. A principal comparação final de “intenção de tratamento” foi entre tratamento intensivo, que agora incluiu todos os pacientes originalmente designados para insulina e sulfoniluréias, e o tratamento convencional, que incluiu todos os pacientes originalmente randomizados para tratamento com dieta. Deve ser também observado que o grupo dieta poderia igualmente não ser mantido puro. Quando os pacientes deste grupo excediam um nível GPJ de 15 mmol/l (270 mg/dl), eram também tratados com os mesmos agentes farmacológicos usados nos outros grupos. Basicamente, 80% dos pacientes no grupo dieta necessitaram um ou mais dos mesmos agentes farmacológicos, para o qual este grupo serviria de controle. Assim, todos os efeitos de cada grupo de tratamento farmacológico foram confundidos por cruzamento, tornando difícil discernir efeitos de medicamentos específicos. A principal análise do UKPDS é idêntica à análise realizada no DCCT. Em ambos os estudos, o tratamento intensivo para alcançar a glicemia próxima do normal com qualquer esquema, foi comparado com o tratamento convencional. 2 - Com o que contribuiu o UKPDS para nosso entendimento da biologia das complicações diabéticas? Os resultados do UKPDS confirmam e prolongam a evidência anterior, sustentando a hipótese de que a hiperglicemia e suas seqüelas são causas importantes nas complicações microvasculares do diabetes. O gradiente de risco no UKPDS para eventos microvasculares tardios foi semelhante ao visto no DCCT para eventos micro-vasculares precoces. Isto indica que a presença da hiperglicemia é um estado tóxico, ocorra ele cedo ou tarde na vida, independente da causa subjacente. O UKPDS também demonstrou através de análise epidemiológica, que os eventos cardiovasculares foram consistentemente associados com hiperglicemia de forma semelhante à relação entre as complicações microvasculares e hiperglicemia. Apesar disso, o UKPDS não provou definitivamente que o tratamento intensivo, que diminuiu os níveis de glicose sangüínea reduza o risco de complicações cardiovasculares, em comparação com o tratamento convencional. Assim, o papel da hiperglicemia nas complicações cardiovasculares ainda não está claro. 3 - Qual o nível de controle da glicose e da pressão arterial que os resultados do UKPDS sugerem que deva ser atingido nos pacientes com diabetes tipo 2? Os níveis medianos de HbA1c alcançados tanto no grupo tratado convencionalmente (7,9%) como no grupo tratado intensivamente (7,0%) são mais baixos do que a atual mediana de HbA1c nos pacientes diabéticos tipo 2 nos EUA (~8,5-9,0). Estas diferenças refletem o fato que os pacientes foram incluídos no UKPDS na ocasião do diagnóstico, enquanto que os níveis de HbA1c usualmente encontrados na população geral refletem o diabetes de duração variável. Uma redução significativa nas complicações foi alcançada com tratamento intensivo, que diminuiu os níveis de HbA1c para uma média de 7,0% em 10 anos, quando comparada com tratamento convencional que alcançou HbA1c médio de 7,9%. Além disso, nas análises epidemiológicas, não houve evidência de qualquer limiar glicêmico acima de um nível de HbA1c normal de 6,2%. Portanto, os resultados do UKPDS indicam que o tratamento do diabetes tipo 2 inclua esforços agressivos para diminuir os níveis de glicose para o mais próximo do normal. Os resultados do estudo da pressão arterial no UKPDS também indicam que o tratamento agressivo, mesmo da hipertensão leve a Atualização / Diabetes Clínica 02 (2002) 143~146 moderada, é benéfico. A pressão arterial deve ser mantida abaixo de 130/85 mmHg. 4 - Quais são os riscos de um controle agressivo da glicose ou da pressão arterial? No UKPDS, nos níveis glicêmicos alcançados, uma pequena fração de pacientes tiveram um episódio maior de hipoglicemia independentemente do tratamento farmacológico usado, e um paciente faleceu de hipoglicemia entre os 27.000 pacientes-anos de tratamento intensivo. Assim, o risco de hipoglicemia não deve desencorajar o objetivo de alcançar níveis de HbA1c próximas do normal. O estudo UGDP levantou preocupações de que o tratamento com sulfoniluréias pode aumentar a ocorrência de eventos cardiovasculares ou óbito. Porém, o UKPDS não encontrou aumento nos índices de infarto do miocárdio ou óbitos relacionados com diabetes, quando os participantes tratados intensivamente com sulfoniluréias foram comparados com aqueles tratados convencionalmente. Alguns, mas não todos os estudos observacionais anteriores sugeriram que os níveis de insulina no plasma podem estar associados com risco aumentado de doença cardiovascular. Porém, o UKPDS não mostrou aumento nos eventos cardiovasculares ou na mortalidade em pacientes designados para o tratamento com insulina. 5 - Que diferenças foram observadas entre as várias formas de tratamento intensivo? No estudo principal, não houve diferenças significativas com relação a complicações diabéticas ou eventos cardiovasculares adversos entre os tratamentos com insulina e com sulfoniluréias. O valor desta conclusão é de alguma forma atenuado pela freqüência com que os cruzamentos e adições de medicamentos ocorreram, com o propósito de alcançar os objetivos de controle da glicose sangüínea. Nenhum aumento de eventos cardiovasculares ou óbito foi observado com insulina ou sulfoniluréias apesar do fato de que ambos os agentes induziram maior ganho de peso e maiores níveis de insulina no plasma do que no grupo convencional. Esta observação fornece uma reafirmação adicional de que a insulina não pode ser considerada culpada pelos eventos ateroscleróticos e que as sulfoniluréias não podem ser responsabilizadas por toxicidade cardiovascular letal. 6 - Quais foram o papel e o resultado do tratamento com metformina no UKPDS? O esquema UKPDS inicial incluiu o tratamento de pacientes obesos com metformina, assim como com outros tratamentos intensivos e tratamento convencional. Os pacientes inicialmente distribuídos para o tratamento 145 intensivo com metformina, tiveram redução de risco de eventos combinados de avaliação relacionados com diabetes, óbitos relacionados com diabetes, óbitos de todas as causas, e infarto do miocárdio em comparação com os pacientes tratados convencionalmente. Estes riscos foram significativamente reduzidos em aproximadamente um terço (P < 0,0023-0,017). O benefício sobre a doença cardiovascular está em contraste com a insuficiência do tratamento de insulina ou sulfoniluréias, em reduzir eventos cardiovasculares quando comparado com pacientes obesos tratados convencionalmente. Esta diferença entre os medicamentos pode possivelmente relacionar- se com a ausência de ganho de peso com metformina e/ou algum efeito benéfico da metformina na síndrome de resistência à insulina. Surpreendentemente, nenhuma diminuição significativa nas complicações microvasculares foi observada com tratamento intensivo com metformina ou com tratamento intensivo insulina/sulfoniluréia combinadas nos indivíduos obesos. Esta inconsistência, ao lado dos cruzamentos de medicamentos entre os grupos de tratamento e dos números menores de pacientes nos subgrupos, cria incerteza com relação ao efeito benéfico como um todo da metformina nos pacientes obesos. Mais tarde no estudo, 537 pacientes obesos e com peso normal originalmente distribuídos para o tratamento com sulfoniluréia, que não conseguiram manter a glicose sangüínea na faixa de objetivo designado, foram distribuídos aleatoriamente para continuar o tratamento com sulfoniluréia isolada ou associada à metformina. Neste sub-estudo, uma análise de intenção de tratamento mostrou que o grupo alocado para tratamento com metformina/sulfoniluréia combinados, teve um aumento de 96% nos óbitos relacionados com diabetes (P < 0,039) e um aumento de 60% nos óbitos por todas as causas (P <0,041), em comparação com os pacientes distribuídos para continuar as doses máximas das sulfoniluréias isoladamente. Porém, para manter o nível FPG < 15 mmol/l (270 mg/dl) e os pacientes assintomáticos, a metformina foi administrada em 25% dos pacientes inicialmente randomizados para receber apenas sulfoniluréia. Adicionalmente, a falta de um controle com placebo e a impossibilidade de empregar esquema cego neste sub-estudo também põem em dúvida a avaliação destes efeitos prejudiciais. 7 - Quais foram os efeitos no controle da pressão arterial? “O controle estrito da pressão arterial”, como alcançado no UKPDS, reduziu significativamente os riscos de todos os eventos cardiovasculares e microvasculares, com reduções de risco variando de 24 a 56%. Uma redução de 21% observada no infarto do miocárdio não foi significativa (P = 0,13). O tipo e número 146 Atualização / Diabetes Clínica 02 (2002) 143~146 de efeitos adversos visto com “controle de pressão arterial rígido” (média 144/82 mmHg) ou “controle de pressão arterial menos rígido” (média 154/87 mmHg) não foram diferentes daqueles geralmente relatados na literatura. O UKPDS também comparou o tratamento antihipertensivo com um inibidor da ECA com βbloqueador. Ambos os medicamentos foram quase igualmente eficazes na redução da pressão arterial, se bem que os pacientes com b-bloqueadores tiveram um controle da pressão arterial um pouco melhor (uma melhora de 1 mmHg sistólica e 2 mmHg diastólica). Nenhum medicamento foi superior ao outro em qualquer evento medido, incluindo óbitos relacionados com o diabetes, infarto do miocárdio, e todos os critérios de avaliação microvasculares. Também não houve diferenças significativas na microalbuminúria ou proteinúria. Porém, por causa da baixa prevalência de nefropatia na população estudada, não está claro se houve eventos suficientes para observar um efeito preventivo de qualquer dos medicamentos na progressão da nefropatia. Concluímos que ambos os medicamentos usados para reduzir a hipertensão são igualmente eficazes e seguros, e ambos podem ser usados com grande benefício para tratar hipertensão não complicada em pacientes com diabetes tipo 2. 8 - O controle rigoroso é contra-indicado em qualquer grupo de pacientes diabéticos tipo 2? Os pacientes com diabetes tipo 2 são geralmente diagnosticados na idade quando aumenta a probabilidade de ter condições de comorbidade. Comorbidades concorrentes tais como hipertensão e dislipidemia, podem levar os pacientes e médicos a enfatizar o tratamento de um problema com relação ao outro. Na maioria dos casos, porém, isto pode não ocorrer. Os resultados do UKPDS pelo menos sustentam a premissa de que atenção igual para diabetes e hipertensão pode ser conseguida. Pacientes diabéticos tipo 2 mais idosos têm expectativa de vida mais curta a partir do diagnóstico do diabetes, em virtude de suas idades e do risco ou presença de doença cardiovascular. Assim, os benefícios do controle glicêmico que são percebidos com o tempo, podem ser contrabalançados por ocorrência mais precoce de eventos adversos de outras doenças. Mas considerando que os pacientes no UKPDS entraram no estudo com uma idade equivalente à média de idade do diagnóstico nos EUA, o tratamento vigoroso para prevenir as complicações do diabetes a partir do diagnóstico é claramente garantido pelos resultados do UKPDS. Além disso, o UKPDS confirmou que uma proporção substancial de pacientes recém-diagnosticados (~50%), já tiveram alguma evidência precoce de complicações diabéticas, e esse achado justifica um ímpeto ainda maior para uma intervenção agressiva. 9 - Os resultados do UKPDS são alcançáveis para a maioria dos pacientes com diabetes? Na teoria e na prática a resposta é sim. Apesar do UKPDS ter sido um ensaio clínico, os pacientes foram incluídos e tratados em uma ampla variedade de clínicas da comunidade. Os profissionais conduziram o estudo, direcionando o tratamento para o diabetes, mas o programa não foi extraordinariamente sofisticado. Os pacientes incluídos no UKPDS iniciaram com um nível de HbA1c de 9,1%. O grupo de tratamento convencional alcançou em 10 anos um nível de HbA1c de 7,9%, e o grupo tratado intensivamente com agentes redutores da glicose alcançaram um nível de HbA1c de 7,0%. Talvez a parte mais importante que levou ao sucesso terapêutico foi a persistência. Referências 1- Genuth S. A case for blood glucose control, Adv Int Med 40:573-623, 1995. 2- Diabetes Control and Complications Trial Research Group.The effects of intensive treatment of diabetes on the development and progression of long-term complications in insulindependent diabetes mellitus, N Engl J Med, 329:977-986, 1993. 3- Reichard P, Nillsson BY, Rosenqvist V. The effect of long-term intensified insulin treatment on the development of microvascular complications of diabetes mellitus, N Engl J Med 329:304-309, 1993. 4- University Group Diabetes Program. A study of the effects of hypoglycemic agents on vascular complications in patients with adult-onset diabetes, Diabetes 19 (suppl 2):747-830, 1970. 5- Ohkubo Y, Kishikawa H, Araki E, Miyata T, Isami S, Motoyoshi S, Kojima Y, Furuyoshi N, Shishiri M. Intensive insulin therapy prevents the progression of diabetes microvascular complications in Japanese patients with noninsulin- dependent diabetes mellitus: a randomized prospective 6-year study, Diabetes Res Clin Pract 28:103117, 1995. 6- Abraira C, Colwell J, Nuttal F, Sawin CT, Henderson W, Comstock JP, Emanuele NV, Levin SR, Pacold I, Lee HS. Cardiovascular events and correlates in the Veterans Affairs Diabetes Feasibility Trial: Veterans Affairs Cooperative Study on Glycemic Control and Complications in Type II Diabetes, Arch Intern Med 157:181-188, 1997. 7- UK Prospective Diabetes Study Group. Intensive bloodpressure control with sulphonylureas or insulin compared with conventional treatment and risk of complications in patients with type 2 diabetes (UKPDS 33), Lancet 352:837853, 1998. 8- UK Prospective Diabetes Study Group. Effect of intensive blood-glucose control with metformin on complications in overweight patients with type 2 diabetes (UKPDS 34), Lancet 352:854-865, 1998. 9- UK Prospective Diabetes Study Group. Tight blood pressure control and risk of macrovascular and microvascular complications in type 2 diabetes (UKPDS 38), BMJ 317:703713, 1998. 10- UK Prospective Diabetes Study Group. Efficacy of atenolol and captopril in reducing risk of both macrovascular and microvascular complications in type 2 diabetes (UKPDS 39), BMJ 317:713-720, 1998. FICHA PRÁTICA Diabetes Clínica 12 Rastreamento e identificação do Pé Diabético A partir desse número, uma série de adendos adaptados do Consenso Internacional sobre Pé Diabético e do Projeto Salvando o Pé Diabético, estarão disponibilizados para o uso profissional dos leitores de Diabetes Clínica. Essa iniciativa coaduna-se com a proposta de divulgar estratégias que possam contribuir para o rastreamento, avaliação, tratamento e prevenção do Pé Diabético em nosso país. Os três temas destacados são: fatores de risco para a identificação do paciente em maior risco de ulceração, a ficha de rastreamento, classificação e freqüência de seguimento segundo o risco detectado (Prof. Dra. Hermelinda Pedrosa). Identificação do paciente de alto risco* 1. Amputação e úlceras prévias 2. Falta de contato social 3. Educação terapêutica precária 4. Sensação protetora plantar alterada (monofilamento 10g) 5. Sensação vibratória alterada 6. Reflexo do tendão de Aquiles alterado 7. Calos 8. Deformidades nos pés 9. Calçados inadequados 10. Ausência/diminuição de pulsação nos pés * Fatores de risco, em ordem de importância, que podem ser facilmente detectados através da história clínica e exame do paciente. Screening do pé em risco o Deformidade / proeminência óssea o Úlcera o Neuropatia o o o o o o - Insensibilidade ao monofilamento - Insensibilidade ao diapasão - Insensibilidade ao chumaço de algodão Pressão anormal, calo Perda de mobilidade articular Pulsação no pé - Pulso tibial posterior ausente - Pulso pedioso dorsal ausente Palidez à elevação, rubor postural Outros - Úlcera prévia, amputação Calçado inadequado Intervenção: o sim Qualquer item presente: √ indica pé em risco (ulceração) √ exige uma intervenção o não Encaminhamento: ______________________________________ Classificação do risco e frequência de seguimento categoria 0 1 2 S3 Risco Neuropatia ausente Neuropatia presente Neuropatia presente, sinais de DVP ou deformidades Amputação úlcera prévia Frequencia 1 vez por ano 1 vez/6 meses 1 vez/3 meses 1 vez/1-3 meses PB 7O CONGRESSO BRASILEIRO MULTIPROFISSIONAL EM DIABETES Philippi ST / Diabetes Clínica 02 (2002) 42~45 7ª EXPOSIÇÃO DE PRODUTOS E ALIMENTOS PARA PORTADORES DE DIABETES 26, 27 e 28 de julho de 2002 Local: Fundação Álvares Penteado (FECAP), Av. Liberdade, 532 São Paulo SP Informações: ANAD Tel (11) 5572-6559/ 5549-6704 E-mail: [email protected] Site: www.anad.org.br Site congresso: www.anad.org.br/congres7.htm Endereço: Rua Eça de Queiroz, 198 Vila Mariana, 04011-031 São Paulo SP Formulário para o envio de resumos de Temas Livres Os dados deste formulário deverão ser enviados por email, juntamente com seu trabalho anexo * Favor preencher em letra de forma Nome: .................................................................................... Sobrenome:............................................. Endereço: ................................................................................................................................................ Cidade:.................................................................................Estado:........................................................ CEP: ...................................................... Tel: .................................................... Fax: .................................... Email: ...................................................................................................................................................... Instituição: .................................................................................... Fone:...................................................... Profissão: .......................................................................... Especialidade:............................................... Apresentarei os trabalhos em forma de poster Sim Não Título dos trabalhos: Os trabalhos de temas livres visam, acima de tudo, proporcionar aos profissionais de todas as especialidades a oportunidade de apresentar sua contribuição na área de Diabetes mellitus. Os temas livres deverão ser enviados à secretaria da ANAD sob a forma de resumo e serão selecionados para apresentação oral. Os temas livres deverão ser enviados por e-mail ([email protected]). Não serão aceitos resumos via fax ou correio. Os resumos deverão ser enviados impreterivelmente até a data limite de 30/05/2002. A elaboração e organização do tema livre deverão seguir o modelo contido no site do congresso www.anad.org.br/congres7.htm Serão permitidos até 10 autores por trabalho. O primeiro autor deverá necessariamente estar inscrito no congresso. Diabetes Clínica 02 (2001) 149 Calendário de Eventos MAIO DE 2002 3 a 5 de maio XVIo Encontro de Angiologia e Cirurgia Vascular de Rio de Janeiro Centro de Convenções do Colégio Brasileiro de Cirurgiões Informações: Trasso Comunicação e Assessoria Tel: (21) 2521-6905 [email protected] 23 a 27 de maio 17th Annual Southern Regional Conference on Diabetes Mellitus Boca Raton Resort and Club, Boca raton, Florida Informações: www.diabetes.org 30 de maio a 2 de junho Xo Encontro Brasileiro de Tireóide Centro de Convenções de Ribeirão Preto – SP Informações: Oxford Assessoria em Eventos Tel: (16) 627-6326 E-mail: [email protected] JUNHO DE 2002 12 a 15 de junho 6th International Symposium on Global Risk of Coronary Heart Disease and Stroke Florence, Itália www.lorenzinifoundation.org Tel/Fax: +39 02 2900 7018 14 a 18 de junho 62th Annual Scientific Sessions American Diabetes Association San Francisco, Califórnia Informações: +1 800 232 3472 E-mail: [email protected] / www.diabetes.org 19 a 22 de junho ENDO 2000: LXXXIV Reunião Anual Moscono Center, São Francisco, Califórnia Informações: Beverly Glover, Endocrine Society www.endo-society.org Tel: +1 301 941 0220 Fax: +1 301 941 0259 27 a 29 de junho ENDORECIFE 2002 Summerville Beach Resort - Porto de Galinhas - PE Tel/Fax: (081) 3423-1300 www.jz.com.br E-mail: [email protected] 28 a 29 de junho IIo Congresso Catarinense de Endocrinologia e Metabologia Associação Catarinense de Medicina, SBEM-SC Tel: (48)231-0326 www.acm.org.br/sbem-sc JULHO DE 2002 3 a 6 de julho 2º Congreso Internacional de Salud reproductiva em Diabetes Mellitus SAREDIA 2002 Centro de convenciones de Guanajuato, México Informações: Dr Jacinto Lang E-mail: [email protected] 6 e 7 de julho 4th International Congress Diabetes in Ásia Hotel Hilton, Colombo, Sri Lanka Tel: 94 1 872951 Fax: 872952 E-mail: [email protected] 6 e 7 de julho 1o Encontro de podologia e atualização em Pé Diabético do Hospital Brigadeiro Centro de Estudos do Hosp. Brigadeiro, São Paulo SP Av Brigadeiro Luiz Antônio, 2651 Tel: (11) 287-4042/287-3638 26 a 28 de julho 7o Congresso Brasileiro Multiprofissional em diabetes 7ª Exposição Nacional de produtos e alimentos para portadores de diabetes Fundação Álvares Penteado – FECAP, São Paulo – SP Informações: ANAD (11) 5572-6559 Fax: (11) 5549-6704 www.anad.org.br/congres7.htm E-mail: [email protected] AGOSTO DE 2002 7 a 11 de agosto 29th Annual Meeting e Educational Program American Association of Diabetes Educators Pennsylvania Convention Center, Philadelphia, Pennsylvania Tel: (312) 424-2426 www.aadenet.org/annual.htm 16 a 17 de agosto 5o SIMEP – Simpósio de Endocrinologia Pediátrica do Estado de Rio de Janeiro Colégio Brasileiro de Cirurgiões Informações: (21) 2531-3313 18 a 23 de agosto XIXo International Congress of the Transplantation Society Buenos Aires, Argentina Tel: 54 11 4381 1777 Fax: 54 11 4382 6703 E-mail: [email protected] 24 a 29 de agosto 9th International Congress on Obesity Hotel Transamérica, São Paulo, SP Informações: www.abeso.org.br Tel: (11) 3079-2298 Fax: (11) 3079-4232 30 a 31 de agosto 9th International Congress on Obesity Satellite Symposium – Obesity, Hormones and the Metabolic Syndrome Hotel Glória, Rio de Janeiro – RJ Informações (21) 2286-2846 www.jz.com.br SETEMBRO DE 2002 1 a 5 de setembro 38th Annual Meeting European Association for the Study of Diabetes Diabetes Clínica 02 (2001) 150 EASD 2002 Budapest, Hungria Informações: Blaguss-Volánbusz Congress Bureau, POB 706, 1365 Budapest 5 - Hungria Tel: +36 1 374 7030, 331 5627, Fax: 312 1582 E-mail: [email protected] 7 a 11 de setembro 5th International Congress of Neuroendocrinology Bristol, Reino Unido Tel: +44 (0) 1454 642-211 www.bioscientifica.com/icn2002.htm E-mail: [email protected] 17 a 21 de setembro 52nd Annual Obesity and Associated Conditions Symposium Westin Copley Place, Boston, Massachusetts Informações: The American Society of Bariatric Physicians Tel: (303) 770 2526 Fax: (303) 779 4834 E-mail: [email protected] www.asbp.org 18 a 21 de setembro International Society for Pediatric and Adolescent Diabetes Meeting Graz, Austria Informações: Prof. Dr. Martin Borkenstein, Tel: +43-316-385-2610 Fax: +43-316-385-3257 E-mail: [email protected] www.ispad2002graz.at/ 20 a 22 de setembro MDRF-ADA PG Course Chennai, Índia [email protected] [email protected] 21 a 25 de setembro 25º Congresso Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia Blue Tree Towers - Brasília - DF Informações: SBEM Tel: (21) 2507-5189 Fax: (21) 2221-7577 ramal 1193 E-mail: [email protected] OUTUBRO DE 2002 2 a 6 de outubro 6th International Congress of the Immunology of Diabetes Society and ADA Research Symposium Copper Mountain Resort Copper Mountain, Colorado Informações: www.diabetes.org 4 a 6 de outubro XXIVo Congress of Endocrinology and metabolic diseases of Turkey Istambul, Turquia Informações: +90 312 310 5350 E-mail: [email protected] www.semt.org.tr 5 a 9 de outubro VIo International Congress on Endocrine Diseases Teheran, Irã Informações: +98 21 241 6282 E-mail: [email protected] www.erc-iran.com/iced 24 a 27 de outubro EASD Islet Study Group Joint Meeting of the EASD Islet Study Group and the Boston- Ithaca Islet Club Sea crest Ocean Front Resort North Falmouth, Massachusetts Informações: www.diabetes.org FEVEREIRO DE 2003 3th International Symposium on Diabetes & Pregnancy Geneva, Switzerland Informações: PO Box 50006 Tel Aviv 61500 Israel Tel: 972 3 514 0014 E-mail: [email protected] ABRIL DE 2003 26 a 30 de abril 6th European Congress of Endocrinology Lyon, França Informações: W.M. Wiersinga Department of Endocrinology & Metabolism Academic Medical Center F5-171 Meibergdreef 9 1105 AZ Amsterdam - The Netherlands Tel.: 31 20 566 6071 Fax: 31 20 691 7682 [email protected] MAIO DE 2003 29 de maio a 1 de junho 12th European Congress on Obesity Helsinki, Finland Informações: Dr. Mikael Fogelholm UKK Institute for Health Promotion Research, POB 30, 33501 Tampere, Finland Tel: + 358 3 2829 201 Fax: + 358 3 2829 559 e-mail: [email protected] JUNHO DE 2003 14 a 17 de junho 63th Annual Scientific Sessions of the American Diabetes Association New Orleans, Louisiana - USA Informações: +1 800 232 3472 E-mail: [email protected] www.diabetes.org AGOSTO DE 2003 6 a 10 de agosto 30th Annual Meeting of the American Association of Diabetes Educators Salt Palace Convention Center, Salt Lake City, Utah Tel: (312) 424 2426 www.aadenet.org 24 a 29 de agosto 18th Internacional Diabetes Federation Congress Paris, França Informações: Prof. Dr. Gerard Cathelineau, Hopital Saint-Louis, 1 avenue Claude Vellefaux, 75010 Paris, França Tel : +33 1 4249 9697 www.idf.org Normas de publicação Diabetes Clínica A revista Diabetes Clínica é uma publicação com periodicidade bimestral e está aberta para a publicação e divulgação de artigos científicos das áreas relacionadas ao Diabetes. Os artigos publicados em Diabetes Clínica poderão também ser publicados na versão eletrônica da revista (Internet) assim como em outros meios eletrônicos (CD-ROM) ou outros que surjam no futuro, sendo que pela publicação na revista os autores já aceitem estas condições. A revista Fisioterapia Brasil assume o “estilo Vancouver” (Uniform requirements for manuscripts submitted to biomedical journals, N Engl J Med. 1997; 336(4): 309-315) preconizado pelo Comitê Internacional de Diretores de Revistas Médicas, com as especificações que são detalhadas a seguir. Ver o texto completo em inglês desses Requisitos Uniformes no site do International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE), www.icmje.org, na versão atualizada de outubro de 2001. Os autores que desejarem colaborar em alguma das seções da revista podem enviar sua contribuição (em arquivo eletrônico/e-mail) para nossa redação, sendo que fica entendido que isto não implica na aceitação do mesmo, que será notificado ao autor. O Comitê Editorial poderá devolver, sugerir trocas ou retorno de acordo com a circunstância, realizar modificações nos textos recebidos; neste último caso não se alterará o conteúdo científico, limitando-se unicamente ao estilo literário. 1. Editorial Trabalhos escritos por sugestão do Comitê Científico, ou por um de seus membros. Extensão: Não devem ultrapassar três páginas formato A4 em corpo (tamanho) 12 com a fonte English Times (Times Roman) com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobrescrito, etc; a bibliografia não deve conter mais que dez referências. 2. Artigos originais Serão considerados para publicação, aqueles não publicados anteriormente, tampouco remetidos a outras publicações, que versem sobre investigação, clínica, diagnóstico, terapêutica e tratamento dentro das áreas definidas anteriormente. Texto: Recomendamos que não seja superior a 12 páginas, formato A4, fonte English Times (Times Roman) tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobre-escrito, etc. Tabelas: Considerar no máximo seis tabelas, no formato Excel/Word. Figuras: Considerar no máximo 8 figuras, digitalizadas (formatos .tif ou .gif) ou que possam ser editados em PowerPoint, Excel, etc. Bibliografia: É aconselhável no máximo 50 referências bibliográficas. Os critérios que valorizarão a aceitação dos trabalhos serão o de rigor metodológico científico, novidade, originalidade, concisão da exposição, assim como a qualidade literária do texto. 151 3. Revisão Serão os trabalhos que versem sobre alguma das áreas relacionadas ao Diabetes, ao encargo do Comitê Científico, bem como remetida espontaneamente pelo autor, cujo interesse e atualidade interessem a publicação na revista. Quanto aos limites do trabalho, aconselha-se o mesmo dos artigos originais. 4. Comunicação breve Esta seção permitirá a publicação de artigos curtos, com maior rapidez. Isto facilita que os autores apresentem observações, resultados iniciais de estudos em curso, e inclusive realizar comentários a trabalhos já editados na revista, com condições de argumentação mais extensa que na seção de cartas do leitor. Texto: Recomendamos que não seja superior a três páginas, formato A4, fonte English Times (Times Roman) tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobre-escrito, etc. Tabelas e figuras: No máximo quatro tabelas em Excel e figuras digitalizadas (formato .tif ou .gif) ou que possam ser editados em Power Point, Excel, etc Bibliografia: São aconselháveis no máximo 15 referências bibliográficas. 5. Resumos Nesta seção serão publicados resumos de trabalhos e artigos inéditos ou já publicados em outras revistas, ao cargo do Comitê Científico, inclusive traduções de trabalhos de outros idiomas. 6. Correspondência Esta seção publicará correspondência recebida, sem que necessariamente haja relação com artigos publicados, porém relacionados à linha editorial da revista. Caso estejam relacionados a artigos anteriormente publicados, será enviada ao autor do artigo ou trabalho antes de se publicar a carta. Texto: Com no máximo duas páginas A4, com as especificações anteriores, bibliografia incluída, sem tabelas ou figuras. PREPARAÇÃO DO ORIGINAL 1. Normas gerais 1.1 Os artigos enviados deverão estar digitados em processador de texto (Word, Wordperfect, etc), em página de formato A4, formatado da seguinte maneira: fonte Times Roman (English Times) tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobrescrito, etc. 1.2 Numere as tabelas em romano, com as legendas para cada tabela junto à mesma. 1.3 Numere as figuras em arábico, e envie de acordo com as especificações anteriores. As imagens devem estar em tons de cinza, jamais coloridas, e com qualidade ótima (qualidade gráfica – 300 dpi). Fotos e desenhos devem estar digitalizados e nos formatos .tif ou .gif. 1.4 As seções dos artigos originais são estas: resumo, 152 Normas de publicação Diabetes Clínica introdução, material e métodos, resultados, discussão, conclusão e bibliografia. O autor deve ser o responsável pela tradução do resumo para o inglês e também das palavras-chave (key-words). O envio deve ser efetuado em arquivo, por meio de disquete, zip-drive, CD-ROM ou e-mail. Para os artigos enviados por correio em mídia magnética (disquetes, etc) anexar uma cópia impressa e identificar com etiqueta no disquete ou CD-ROM o nome do artigo, data e autor, incluir informação dos arquivos, tais como o processador de texto utilizado e outros programas e sistemas. 2. Página de apresentação A primeira página do artigo apresentará as seguintes informações: - Título em português e inglês. - Nome completo dos autores, com a qualificação curricular e títulos acadêmicos. - Local de trabalho dos autores. - Autor que se responsabiliza pela correspondência, com o respectivo endereço, telefone e E-mail. - Título abreviado do artigo, com não mais de 40 toques, para paginação. - As fontes de contribuição ao artigo, tais como equipe, aparelhos, etc. 3. Autoria Todas as pessoas consignadas como autores devem ter participado do trabalho o suficiente para assumir a responsabilidade pública do seu conteúdo. O crédito como autor se baseará unicamente nas contribuições essenciais que são: a) a concepção e desenvolvimento, a análise e interpretação dos dados; b) a redação do artigo ou a revisão crítica de uma parte importante de seu conteúdo intelectual; c) a aprovação definitiva da versão que será publicada. Deverão ser cumpridas simultaneamente as condições a), b) e c). A participação exclusivamente na obtenção de recursos ou na coleta de dados não justifica a participação como autor. A supervisão geral do grupo de pesquisa também não é suficiente. 4. Resumo e palavras-chave (Abstract, Key-words) Na segunda página deverá conter um resumo (com no máximo 150 palavras para resumos não estruturados e 200 palavras para os estruturados), seguido da versão em inglês. O conteúdo do resumo deve conter as seguintes informações: - Objetivos do estudo. - Procedimentos básicos empregados (amostragem, metodologia, análise). - Descobertas principais do estudo (dados concretos e estatísticos). - Conclusão do estudo, destacando os aspectos de maior novidade. Em seguida os autores deverão indicar quatro palavraschave (ou unitermos) para facilitar a indexação do artigo. Para tanto deverão utilizar os termos utilizados na lista de cabeçalhos de matérias médicas (Medical Subject Headings – MeSH do Index Medicus ou, no caso de termos recentes que não figurem no MeSH, os termos atuais). 5. Agradecimentos Os agradecimentos de pessoas, colaboradores, auxílio financeiro e material, incluindo auxílio governamental e/ou de laboratórios farmacêuticos devem ser inseridos no final do artigo, antes as referências, em uma secção especial. 6. Referências As referências bibliográficas devem seguir o estilo Vancouver definido nos Requisitos Uniformes. As referências bibliográficas devem ser numeradas por numerais arábicos entre parênteses e relacionadas em ordem na qual aparecem no texto, seguindo as seguintes normas: Livros - Número de ordem, sobrenome do autor, letras iniciais de seu nome, ponto, título do capítulo, ponto, In: autor do livro (se diferente do capítulo), ponto, título do livro (em grifo - itálico), ponto, local da edição, dois pontos, editora, ponto e vírgula, ano da impressão, ponto, páginas inicial e final, ponto. Exemplo: 1. Phillips SJ, Hypertension and Stroke. In: Laragh JH, editor. Hypertension: pathophysiology, diagnosis and management. 2nd ed. New-York: Raven press; 1995. p.465-78. Artigos – Número de ordem, sobrenome do(s) autor(es), letras iniciais de seus nomes (sem pontos nem espaço), ponto. Título do trabalha, ponto. Título da revista ano de publicação seguido de ponto e vírgula, número do volume seguido de dois pontos, páginas inicial e final, ponto. Não utilizar maiúsculas ou itálicos. Os títulos das revistas são abreviados de acordo com o Index Medicus, na publicação “List of Journals Indexed in Index Medicus”. Exemplo: Yamamoto M, Sawaya R, Mohanam S et al. Expression and localization of urokinase-type plasminogen activator receptor in human gliomas. Cancer Res 1994;54:5016-20. Agradecimentos Os agradecimentos de pessoas, colaboradores, auxílio financeiro e material, incluindo auxílio governamental e/ou de laboratórios farmacêuticos devem ser inseridos no final do artigo, antes as referências, em uma secção especial. Os artigos, cartas e resumos devem ser enviados para: Jean-Louis Peytavin Atlantica Editora Rua Conde Lages, 27 - Glória 20241-080 Rio de Janeiro RJ Tel: (21) 2221 4164 E-mail: [email protected] Diabetes Clínica Diabetes Clínica 03 (2002) JORNAL MULDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS Índice (vol. 6 nº 3 - 2002) 153~228 EDITORIAL O mais completo evento em diabetes, 7º Congresso Brasileiro Multiprofissional em diabetes, Fadlo Fraige Filho ........................................................................................................................................... 155 INFORMES DO DIABETES NO MUNDO ................................................................................................ 157 O DIABETES NA IMPRENSA .................................................................................................................... 166 AVANÇOS TERAPÊUTICOS E TECNOLÓGICOS ................................................................................ 171 PRODUTOS E NOVIDADES NovoRapid (NovoNordisk), Glucovance (Merck), Ketchup Light, Mostarda Light e Refresco (Lowçucar), Coberturas Diet (Blend) ............................................................................................ 179 RESUMOS DE TRABALHOS E CONGRESSOS ..................................................................................... 182 ARTIGO ORIGINAI Avaliação da capacidade de médico não oftalmologista detectar alterações oculares causadas pelo diabetes com oftalmoscópio direto, A.P.S. Rodrigues, M.E. Farah, S. Mitne, A.A.B.M. Carneiro, J.P.D.N. Cardoso, P.H. Morales ..................................................................... 201 ATUALIZAÇÃO Prevenção com órteses plantares e calçados especiais para pés de alto risco – diabético, José Marcelo Carvalho, José Antonio Carvalho, ............................................................................................ 205 Esforços para imunização contra a gripe e contra o pneumococo devem continuar durante o inverno, João Toniolo Neto ............................................................................................................................................. 208 O diabético e o vinho, Jorge Vasquez Netto .................................................................................................... 210 American Diabetes Association Ano 2002: Dislipidemia em adultos com diabetes .................................... 213 Recomendações da International Diabetes Federation: Posição sobre as complicações do diabetes .......... 217 CALENDÁRIO DE EVENTOS .................................................................................................................... 225 NORMAS DE PUBLICAÇÃO. ..................................................................................................................... 227 153 154 Diabetes Clínica Diabetes Clínica 03 (2002) JORNAL MULDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS Diabetes Clínica é um jornal multidisciplinar sobre os aspectos médicos, psicológicos e sociais do diabetes e dos distúrbios associados. Para os especialistas Diabetes Clínica é um veículo de informação e formação continuada sobre o conhecimento científico da doença, a atualidade da prática clínica no tratamento do diabetes e das patologias associadas. Diabetes Clínica edita artigos científicos selecionados pelo editor científico, o conselho consultivo e profissionais de reconhecido saber na área. O objetivo do jornal é favorecer a discussão interdisciplinar em todas as questões relativas à diabetologia, bem como através de suas diferentes sessões idealizadas pelo editor científico, informar de uma maneira rápida, atual e sintética os múltiplos aspectos dos estudos em diabetes. Diabetes Clínica Editor científico : Dr. Fadlo Fraige Filho, presidente da FENAD e ANAD, Professor Titular de Endocrinologia Faculdade de Medicina ABC Diretora comercial: Lilian Fanny de Castilho Editor: Dr. Jean-Louis Peytavin, faculdade de Medicina de Lyon (França) Administração: Claudiane Benavenuto Conselho Consultivo Psicóloga Ada Verônica da Silva Maciel (SP) Dr. Adolpho Milech (RJ) Dr. Airton Golberg (RS) Dra. Alcina Vinhais (BA) Dra. Ana Míriam G. Carboni (SP) Dr. Antônio Carlos Lerário (SP) Dr. Arual Augusto da Costa (SP) Dr. Balduíno Tschiedel (RS) Nutricionista Celeste Elvira Viggiano (SP) Educador Cláudio Cancelliéri (SP) Dr. Edgard d’Ávila Niclewicz (PR) Dr. Freddy Goldberg Eliaschewitz (SP) Dra. Geisa Macedo (PE) Dra. Hermelinda Pedrosa (DF) Dr. João Roberto de Sá (SP) Dr. José Egídio Paulo de Oliveira (RJ) Dr. Leão Zagury (RJ) Dr. Marcos Tambascia (SP) Enfermeria Mônica Antar Gamba (SP) Dr. Nelson Rassi (GO) Dr. Orsine Valente (SP) Enfermeira Paula Pascali (SP) Dra. Reine Marie Chaves (BA) Dr. Saulo Cavalcanti da Silva (MG) Dr. Sérgio Atala Dib (SP) Apoios IDF - SACA - International Diabetes Federation South America Central America SBD - Sociedade Brasileira de Diabetes FENAD - Federação Nacional de Associações de Diabéticos ANAD - Associação Nacional de Assistência ao Diabético COREN-SP - Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo COSEMS-SP - Cons. de Secretarías Municipais de Saúde Federação Nacional de Associações de Diabéticos (FENAD) Associação Nacional de Assistência ao Diabético (ANAD) Rua Eça de Queiroz, 198 04011- 031 São Paulo - SP tel: (11) 5572-6559 fax: (11) 5549-6704 http://www.anad.org.br [email protected] ATLANTICA EDITORA Editor executivo Dr. Jean-Louis Peytavin [email protected] Marketing René Caldeira Delpy Jr. [email protected] Administração Bárbara de Assis Jorge Editoração e Arte Kassina Camargo Ribeiro Copy & Revisão Ricardo Augusto da Silva Ferreira Rio de Janeiro Rua Conde de Lages, 27 20241-080 Rio de Janeiro RJ Tel/Fax: (21) 2221-4164 E-mail: [email protected] www.atlanticaeditora.com.br São Paulo Avenida São João, 56, sala 7 12940-000 Atibaia SP ISSN 1517-6428 © ATMC - Atlântica Editora Ltda Av. São João, 56 sala 7 12940-000 Atibaia – SP Assinatura 6 números ao ano: R$ 75,00 www.atlanticaeditora.com.br tel: (21) 2221-4164 I.P. (Informação publicitária) As informações são de responsabilidade dos anunciantes Copyright © ATMC – Atlantica Editora Ltda Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida, arquivada ou distribuída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprietário do copyright, Atlântica Editora. O editor não assume qualquer responsabilidade por eventual prejuízo a pessoas ou propriedades ligado à confiabilidade dos produtos, métodos, instruções ou idéias expostos no material publicado. Em razão do avanço rápido das ciências médicas, o Editor recomenda que uma verificação independente do diagnóstico e doses dos medicamentos seja realizada. Apesar de todo o material publicitário estar em conformidade com os padrões de ética médica, sua inserção na revista não é uma garantia ou endosso da qualidade ou do valor do produto ou das asserções de seu fabricante. Diabetes Clínica 155 Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Editorial 7º Congresso Brasileiro Multiprofissional em Diabetes Prof. Dr. Fadlo Fraige Filho Prof. Dr. Fadlo Fraige Filho, Coordenador e Editor Científico, Diabetes Clínica É com grande satisfação que iremos realizar o “7º Congresso Brasileiro Multiprofissional em Diabetes” Edição 2002 em 26, 27 e 28 de julho. Iniciado em 1991, o congesso foi uma iniciativa pioneira no mesmo dia e mês em que a Organização Mundial de Saúde (OMS) e International Diabetes Federation (IDF) marcavam o Dia Mundial do Diabetes. Já veio com o batismo da coincidência de um futuro promissor. Com a abertura do congresso fomos o primeiro a divulgar à nação em rede nacional de televisão a triste realidade do Diabetes e de seus portadores no Brasil. Desde então muito têm mudado. estamos estimulando e participando dessas transformações graças ao apoio das Entidades de Diabetes e autoridades governamentais, que iniciaram ações em parcerias, tais como as Campanhas Nacionais da Fenad, iniciadas em 1998, quando assumimos sua presidência e Em 2001, já se recomendava, além de ações educativas, ações de diagnóstico precoce das complicações e as triagens Essas atividades motivaram o engajamento do Ministério da Saúde na elaboração do Plano de Atenção ao Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial, composto por capacitação multiprofissional, detecção populacional, cadastramento de portadores e distribuição de medicamentos orais (pois insulinas já eram distribuídas). Muito se progrediu. Muito tem sido feito com o trabalho em parceria com o Ministério da Saúde, com entidades como o SBD, SBC, FENAD, SBH, entre outras. As ações deste ano serão em torno da capacitação multiprofissional na rede pública. O atendimento aos portadores só será melhorado na medida em que todos os profissionais de saúde conheçam o Diabetes Mellitus. Pois é, já estamos fazendo isso há 11 anos! O 7º Congresso Brasileiro Multiprofissional em Diabetes traz neste ano o respaldo científico da Faculdade de Medicina da Fundação do ABC, bem como o início das apresentações de Temas Livres, que serão expostos em “posters” e selecionados para apresentação oral. Também serão selecionados para publicação na “Diabetes Clínica”, fazendo, assim, o elo entre o congresso e a Educação Continuada. Neste ano estaremos trazendo pela primeira vez convidados internacionais. Já confirmada a presença do Prof. Dr. Arturo Rollas, da Harvard Medical School e Joslin Clinic – USA, que nos brindará com palestras sobre o Programa Educacional da Harvard, bem como sobre “Cetose e Cetoacidose: Avanços e Conhecimentos”, assim como a importância do seu Diagnóstico Precoce. O professor Prof. Rollas é naturalizado americano e fala nossa língua muito bem, apesar do sotaque carregado. 156 Continuação Editorial - Diabetes Clínica 03 (2002) Teremos também a presença do Prof. Dr. Juan José Gagliardino, um dos grandes mestres reconhecido mundialmente pelo seu trabalho em Educação, que explanará sobre o modelo que aplica no centro Houssay em La Plata – Argentina. Também estará entre nós o Prof. Dr. Maurício Jadzinsky reconhecido na comunidade internacional por seus trabalhos em neuropatia diabética. Nos honrará com sua presença o Prof. Dr. Adolfo Peres Comas, da Chairman da International Diabetes Federation – IDF – região SACA que falará sobre “Currículo modelo para treinamento de educadores” e “Atuação da International Diabetes Federation no mundo”. Estarão presentes ainda os mais eminentes professores e médicos da diabetologia e demais multiprofissionais relacionados com Diabetes no Brasil, o congresso, que trará ainda todas as novidades e avanços do setor, é um evento imperdível para todos os profissionais a área e afins. Diabetes Clínica 03 (2002) 157 Informes do Diabetes no Mundo Jan Solvig et al, American Diabetes Association 61st Scientific Sessions, Philadelphia, Pennsylvania, 22 a 26 de junho de 2001 O comprimento da agulha afeta a aplicação de insulina em pacientes diabéticos normais e obesos Grossi SG, Ann Periodontol 2001;6(1):138-45, dezembro de 2001 Tratamento da doença periodontal e controle do diabetes: avaliação das evidências e previsão para o futuro da pesquisa Muitos pacientes diabéticos auto-administram a insulina com agulhas de 8 ou 12 mm na coxa ou no abdome. Estudos sugerem que 20-40% dos pacientes que usam com intermitência agulhas de 12 mm, acabam fazendo injeções intramusculares. A agulha de 6 mm Novofine foi desenvolvida para diminuir esse risco, com deposito intracutâneo minimizado pelo uso de técnicas de injeção apropriadas. Um estudo aberto, randomizado, comparativo de fase IIIb foi realizado em pacientes diabéticos obesos e com peso normal (40 diabetes tipo 1 e 8 diabetes tipo 2). Nas duas consultas do estudo, os pacientes auto-administraram aplicações de 4x100 µl em ar estéril (aproximadamente 10 unidades de insulina U100), as duas na coxa e abdome, usando NovoPen 1,5 e agulhas Novofine 6 mm ou 12 mm. Foram usadas as seguintes técnicas de injeção: 90º em dobra de pele, 90º direto, 40-60º em dobra de pele, e 40-60º direto. O deposito de ar foi observado usando ultra-sonografia e classificado em função do local (intracutâneo, sub-cutâneo e intramuscular). 384 injeções foram administradas. Combinando todas as técnicas de aplicação, a freqüência das injeções feitas fora do tecido subcutâneo foi significativamente menor com a agulha de 6 mm (8,5%), do que com a de 12 mm (15,7%, p < 0,05). Isso é a consequência da administração significativamente menor em intramuscular com a agulha 6 mm (3,2%), em comparação com a de 12 mm (15,7%, p = 0,001, qui-quadrado). Dentre as 4 técnicas testadas, a mais favorável com a agulha 6 mm foi a do ângulo de 90º, com aplicação em dobra de pele, com 97,8% das injeções realizadas em tecido subcutâneo. Usando a agulha 12 mm, a técnica mais eficiente foi o ângulo de 40-60º em dobra de pele, com 93,8% de sucesso. A técnica de injeção mais segura envolve a agulha 6 mm e dobra de pele com ângulo de injeção de 90º. Evidência mostra uma resposta aumentada da citocina em diabetes tipo 2, especialmente as citocinas pro-inflamatórias interleucina (IL)-1 β, IL-6, e tumor necrosis factor (TNF)-a. Genética, idade e nutrição são sinais importantes desta resposta aumentada, bem como infecções e inflamação, já reportado recentemente. Elevação persistente de IL-1 β, IL-6, e TNF-α em diabetes, tem efeito no fígado, estimula a liberação de proteínas em fase aguda, produz um desregramento característico do metabolismo lipídico associado ao diabetes tipo 2, e tem efeitos sobre as células β do pâncreas. TNF-α, inibidor da atividade tirosina-quinase do receptor de insulina, foi implicado como fator etiológico 158 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 03 (2002) Continuação para a resistência à insulina. A evidência mostra que o aumento da citocina tem um papel na fisiopatologia e anormalidades metabólicas associadas ao diabetes. Periodontite é uma infecção duas vezes mais prevalente em diabéticos do que em não-diabéticos. Porphyromonas gingivalis, um dos micro-organismos responsável por esta infecção, pode invadir as células endoteliais e é um sinal poderoso para a ativação dos monócitos e dos macrófagos. Quando instalado no diabético, esta infecção crônica complica o controle do diabetes e aumenta a ocorrência e severidade das complicações micro e macrovasculares. Ao contrario do tratamento das infecções agudas, as modalidades do tratamento das infecções crônicas são ainda discutidas. Evidências indicam que o tratamento mecânico da infecção sub-gengival não resulta em eliminação completa da infecção periodontal e, conseqüentemente, não tem efeito sobre o controle diabético medido pela hemoglobina glicosilada. Do outro lado, o emprego de antibióticos sistêmicos associados ao debridamento mecânico, resulta em diminuição de P. gingivalis em níveis não detectáveis, numa redução concomitante da hemoglobina glicosilada, independentemente do efeito hipoglicêmico das drogas antidiabéticas ou da insulina. O tratamento da infecção periodontal crônica é essencial no paciente diabético. Avaliação do status infeccioso do paciente diabético é fundamental para tomar decisões apropriadas de tratamento. Greenfield JR et al., J Clin Endocrinol Metab 2002;87(3):1036-1040, março de 2002 Resistência à insulina, gordura intra-abdominal, fatores de risco cardiovasculares e androgênios em jovens mulheres saudáveis diabéticas tipo 1 O aumento do risco cardiovascular em diabetes tipo 1 pode ser relacionado, pelo menos em parte, à resistência à insulina. O objetivo deste estudo foi de avaliar as relações entre a sensibilidade à insulina, gordura abdominal, androgênios, lípides e pressão sanguínea em 10 mulheres pré-menopausa portadoras de diabetes tipo 1 (média ± DP, hemoglobina A1c 8,1 ± 1,0%) e 10 controles não diabéticas cruzadas para IMC. Sensibilidade à insulina (taxa de infusão de glicose durante clamp euglicêmico-hiperinsulinico) foi significativamente menor no grupo diabetes tipo 1 do que em controle (49,3 ± 14,8 vs. 73,2 ± 21,6 mmol/min.kg massa de gordura livre, respectivamente, P = 0,01). Os 2 grupos foram semelhantes no que se refere a lípides, androgênios, gasto de energia, atividade física, pressão sanguínea e gordura abdominal (gordura intra-abdominal medida por tomografia numérica e gordura abdominal central por absorciometria de raio X). Não foram observadas relações entre taxa de infusão de glicose, adiposidade abdominal e níveis de androgênios em indivíduos portadores de diabetes tipo 1, quando comparados com controles. Os resultados demonstram resistência à insulina maior no grupo de mulheres pré-menopausa portadoras de diabetes tipo 1 quando comparadas com controles não diabéticas, sem relação com adiposidade abdominal, lípides ou androgênios. Paresh Dandona et al., Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism, março de 2002 Insulina pode ajudar na prevenção da trombose vascular Insulina pode interferir na cascata de reações responsáveis da formação de coágulo e agregação plaquetária em acidentes cardíacos. Pode ainda ajudar a prevenir a formação de coágulo e desenvolvimento de placa em pessoas com risco de acidente cardíaco ou cerebrovascular. Os autores acharam que uma infusão de insulina e glicose suprime um fator que regula os genes de duas proteínas proinflamatórias eu promove a coagulação e a formação de coágulo em tecido muscular liso dos vasos sanguíneos. “Demonstramos pela primeira vez que insulina tem um efeito anti-inflamatório significativo sobre as paredes dos vasos sanguíneos Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 03 (2002) 159 Continuação e agora temos a relação entre insulina e os mecanismos que reduzem os fatores de coagulação”, segundo Paresh Dandona, principal autor do estudo. Esses achados sugerem que insulina tem o potencial para prevenir a trombose que é responsável pelo acidente cardíaco e cerebrovascular. Pode também ser útil para tratar as pessoas desde a prevenção da coagulação até a dissolução dos coágulos. Esses resultados se acrescentam aos resultados do estudo Diabetes and Insulin-Glucose Infusion in Acute Myocardial Infarction (DIGAMI), realizado em Stockholm, Suécia, que mostrou que os pacientes diabéticos que sofreram um ataque cardíaco e que receberam uma pequena dose de insulina e glicose, melhoravam mais do que os pacientes que não receberam essa infusão. L. Bokemark et al., Diabet Med 2002; 19(2): 144-151, fevereiro de 2002 Associação entre insulina, pro-peptídeos de insulina e aterosclerose subclínica Níveis de pro-insulina plasmática de jejum, peptídeo-C e insulina RIA são associados com a espessura da intima e média das artérias carótidas em homens saudáveis de 58 anos. Essas associações são independentes de muitos fatores de risco convencionais para aterosclerose, mas não são independentes do IMC, segundo este estudo que incluiu 391 homens do Atherosclerosis and Insulin Resistance study (AIR). Medições da espessura da intima e média foram realizadas na artéria carótida comum e no bulbo carotídeo por ultrasonografia. Níveis de insulina plasmática de jejum e RIA, insulina específica (intacta), peptídeo-C, pró-insulina e segmentos 32,33 de pró-insulina foram determinados. A análise univariante mostrou que as concentrações plasmáticas de insulina cross-reacting, insulina específica, pró-insulina, segmentos de pró-insulina 32,33, peptídeo-C, foram todos relacionados à espessura da íntima-média, após ajuste para tabagismo, apoB, pressão sanguínea e triglicérides. Nenhuma dessas associações permaneceu independente após ajuste para IMC. Miric A., Lim M., Kahn B., Rozenthal T., Bombick D., Sculco T.P J Knee Surg 2002;15(2):77-83, abril de 2002 Morbidade peri-operatória após artroplastia total do joelho em pacientes obesos Para estudar a relação entre peso do paciente e morbidade peri-operatória, foram revisadas 512 artroplastias totais do joelho realizadas em 406 pacientes. Foram registradas altura do paciente, peso, histórico médico, tempo de hospitalização, reabilitação (em casa ou centro de reabilitação) e todas as complicações. Altura e peso foram utilizados para calcular o IMC de cada paciente. Exame de dados dos pacientes classificados por IMC estabeleceu correlações positivas entre IMC e histórico cardíaco (p = 0,02), diabetes mellitus (P = 0,006, hospitalização pós-operatória > 7 dias (P = 0,03), estadia em centro de reabilitação (P = 0,02), além do risco de complicação pósoperatória (P = 0,004). Análise estatística posterior mostrou que as maiores diferenças nos dados dos pacientes, existem entre pacientes com IMC > 35 e pacientes com IMC d” 35. Pacientes com IMC maior (> 35) tinham taxas significativamente mais elevadas de complicações cardíacas (56% versus 33%, P = 0,0001) e diabetes mellitus (10,5% versus 4,1%, P = 0,03) do que os pacientes com IMC menor. Apesar de não exister diferença significativa nas taxas de complicações específicas entre os 2 grupos, os pacientes do grupo mais obeso experimentaram mais complicação única (38% versus 25%, P = 0,002) ou complicações múltiplas (9,3% versus 6,2%, P = 0,03) do que os pacientes do grupo com IMC menor. 160 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 03 (2002) Arslanoglu I et al, J Pediatr Endocrinol Metab 2002;15(4):389-95, abril de 2002 Resposta de crianças e adolescentes diabéticos à vacinação padrão da hepatite B anti-HBs Easthope S.E, Jarvis B. Drugs 2002;62(8):1253-87, maio de 2002 Candesartan cilexetil: atualização de seu uso na hipertensão essencial Pacientes portadores de diabetes tipo 1 apresentam uma taxa fraca de resposta à vacinação contra a hepatite B (HB). Neste estudo, testamos esta hipótese para o agenda da vacinação padrão. 99 pacientes (idade 10,8 ± 3,5 anos) foram vacinados contra HB 10pg/dose a 0, 1 e 6 meses), usando a vacina sem antígeno pré-S2 (Engerix Bs). Foram analisadas a sero-conversão e taxas de proteção após a administração das 3 doses, a relação dos anti-HBs com os parâmetros clínicos, e comparados com os resultados do grupo saudável controle (51 crianças, idade 9,7 ± 4,4 anos). A vacina utilizada tinha antígeno pré-S2 (Genhevac B) em 23 crianças e Engerix B em 28; os dois tipos apresentaram os mesmos resultados. A média geométrica do anti-HBs foi 322,9 vs. 1476,8 IU/l (não significativo). A taxa de sero-conversão foi de 96,9% vs. 100%, e a taxa de sero-proteção de 93,9% vs. 99% em grupos diabéticos e controle, respectivamente. No grupo diabético, não tinha correlação entre a taxa de anti-HBs e os parâmetros clínicos, fora da idade. Concluímos que a agenda da vacinação padrão é menos efetiva, mas ainda é eficiente em crianças e adolescentes portadores de diabetes mellitus tipo 1. Candesartan cilexetil é convertido em candesartan, antagonista do receptor da angiotensina 2, durante absorção no sistema digestivo. A ligação seletiva e competitiva de candesartan com o receptor de angiotensina 2 tipo 1 (AT(1) previne a ligação da angiotensina 2, mediador chave do sistema reninaangiotensina. Diminuições significativas da pressão sanguínea sistólica e diastólica foram obtidas com uma dose diária de 2 a 32 mg/dia em pacientes portadores de hipertensão leve a moderada. Em estudos randomizados, candesartan cilexetil 8 para 16 mg/dia foi pelo menos tão eficiente, quanto dosagens terapêuticas de losartan ou outros antagonistas de receptor de angiotensina 2. Em dosagem maior do que 32 mg/dia, candesartan cilexetil demonstrou maior eficácia antihipertensiva do que losartan 50 ou 100 mg/ dia. Em estudos comparativos, candesartan cilexetil demonstrou eficácia antihipertensiva semelhante ou maior quando comparado com enalapril, hidroclorotiazida ou eficácia equivalente quando comparado com amlodipina. A eficácia de candesartan cilexetil não é alterada por idade. A droga produz diminuições significativas da pressão sanguínea em pacientes negros ou em pacientes portadores de hipertensão severa. Estão em andamento estudos clínicos de longo prazo, para avaliar os efeitos do tratamento com candesartan cilexetil sobre a morbi-mortalidade cardiovascular. Regressão da hipertrofia ventricular esquerda foi observada com candesartan cilexetil em pacientes hipertensos. Além disso, a droga tem efeitos favoráveis sobre a função renal em pacientes hipertensos portadores ou não de diabetes mellitus. A resistência vascular renal e a excreção de albumina diminuíram após tratamento com candesartan cilexetil. A homeostase da glicose e o metabolismo lipídico não foram alterados pelo tratamento em pacientes portadores de diabetes tipo 2. Candesartan cilexetil é bem tolerado e não é associado à tosse, efeito adverso comum do tratamento inibidor da enzima de conversão da angiotensina. Uma análise de estudos clínicos mostrou que o perfil de tolerabilidade de candesartan cilexetil não é significativamente diferente do placebo. Eventos adversos não são relacionados à dose e são geralmente de gravidade leve a moderada. 162 Continuação Castells S. J Pediatr Endocrinol Metab 2002 Apr;15 Suppl 1:531-40, abril de 2002 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 03 (2002) Conclusão: Candesartan cilexetil é um agente antihipertensivo eficiente com perfil de tolerância semelhante ao placebo. Dados comparativos indicam que candesartan cilexetil tem uma eficácia antihipertensiva equivalente à das outras classes de agentes antihipertensivos e tem longa duração de ação. Por isso, candesartan cilexetil é uma opção terapêutica útil para o tratamento dos pacientes hipertensos. Manejo da hiperglicemia em crianças de minorias portadoras de diabetes tipo 2 Este artigo estuda o controle da hiperglicemia em crianças de minorias portadoras de diabetes tipo 2. Nos últimos anos, a incidência de diabetes tipo 2 aumentou drasticamente em crianças e adolescentes de minorias. O manejo intensivo de crianças portadoras de diabetes tipo 2 inclui exercícios, dieta, terapia insulínica, agentes antidiabéticos orais (metformina) e conjugação insulina-agente oral. Os resultados da eficácia das modalidades de tratamento em 35 crianças afro-americanas são apresentados neste estudo. Os pacientes são separados em 2 grupos, o primeiro tratado com dieta ou metformina (20 crianças) e o outro com insulina ou insulina e metformina (15 crianças). Todas as crianças eram negativas, no que se refere aos anticorpos de ácido glutámico descarboxilase. Concentrações de glicose plasmática e peptídeo-C foram medidas a 0, 30, 60, 90 e 120 minutos após ingestão de uma refeição líquida - Sustacal (7 ml/kg com máximo de 360 ml). O aumento de peptídeo-C (ACP), em resposta à refeição, foi calculado pelo pico menos peptídeo-C. ACP foi significativamente maior em crianças tratadas por dieta/metformina do que em crianças tratadas por insulina/insulina e metformina (4,6 ± 1.9 vs. 21 ± 1,6, p < 0,01). HbA1c média, após um ano de acompanhamento, foi menor em pacientes do grupo dieta/metformina do que em insulina/insulina e metformina (7,0 ± 2,8 vs. 11,4 ± 3,7, p < 0,01). Nossos resultados indicam que em crianças diabéticos tipo 2, a disfunção da célula β pancreática é maior no grupo de crianças necessitando a terapia de insulina. Saukkonen T et al. Acta Paediatr 2002;91(3):297-302, maio de 2002 Doença celíaca em crianças e adolescentes diabéticos tipo 1 O objetivo deste estudo foi de avaliar se a doença celíaca afeta o crescimento, o controle glicêmico, e o bem estar geral de crianças e adolescentes diabéticos tipo 1. 18 indivíduoas receberam o diagnóstico de doença celíaca após rastreamento. Foram analisados sintomas gastrintestinais, alteração no crescimento e níveis de hemoglobina glicosilada (HbA1c), assim como o bem estar antes e após o diagnóstico de doença celíaca. Foram observados em um paciente, sintomas gastrintestinais e deterioração do crescimento anterior ao diagnóstico de doença celíaca. Retrospectivamente, muitos pacientes reportaram sintomas gastrintestinais de intensidade leve, resolvidos com dieta livre de glúten. A introdução de uma dieta livre de glúten não tem um efeito positivo sobre o controle glicêmico, mas foi associada com aumento do peso (de 4,3 ± 18,1 to 8,2 ± 15,4% DP de população média, p = 0,02). Este aumento de peso foi inversamente correlato com alteração em HbA1c (r = 0,574, p = 0,02). Conclusão: A doença celíaca é raramente associada a sintomas de mal absorção em crianças e adolescentes diabéticos tipo 1. A introdução de uma dieta livre de glúten pode ser associada ao excesso de ganho de peso. Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 03 (2002) Wong T.Y., Klein R. Curr Opin Ophthalmol 2002;13(3):142-6, junho de 2002 163 Êmbolos arteriolares retinais: epidemiologia e risco de acidente vascular cerebral Êmbolos arteriolares retinais podem ser encontrados em aproximadamente 1% dos adultos de mais de 40 anos. A frequência dos êmbolos retinais aumenta com a idade e são mais comuns em homens de que em mulheres. Êmbolos bilaterais são raros, mas êmbolos múltiplos são encontrados em um olho único em um terço dos casos. Êmbolos retinais são associados com a presença de placa arterial carótida, hipertensão, tabagismo, e, possivelmente, diabetes. Existem poucos estudos no que se refere ao risco de acidente vascular cerebral associado com êmbolos retinais. Dados disponíveis sugerem que êmbolos retinais em pessoas assintomáticas são associados com risco maior de acidente vascular cerebral e mortalidade por AVC, independentemente dos fatores de riscos convencionais. Esses pacientes devem beneficiar de uma avaliação cuidadosa para estabelecer o risco. Precisa ser determinado se é necessário realizar exames de rotina, tipo ultra-som de carótida ou outras imagens vasculares. Bradshaw B. J Pediatr Endocrinol Metab 2002;15 Suppl 1:547-5, abril de 2002. O papel da família nos cuidados do diabetes tipo 2 em crianças de minorias Este estudo comparou 2 grupos de crianças afro-americanas: grupo 1 (7 crianças), com controle familiar direto, onde um familiar participa ativamente no tratamento do diabetes; e grupo 2 (5 crianças), sem controle direto de familiar, participando de maneira inconsistente e ocasional no manejo do tratamento. A hemoglobina glicosilada (HbA1c) foi medida no início e 1 ano depois, por cromatografia líquida de alta performance. Resultados do estudo indicam que a supervisão direta de crianças portadoras de diabetes tem um efeito positivo sobre o controle glicêmico, resultando numa diminuição estatisticamente significativa da HbA1c, quando comparados com o grupo de crianças pouco controladas. Apesar de que muitos adolescentes reclamam uma maior autonomia ou de pressões culturais, para assumir maiores responsabilidades pessoais durante os anos de adolescência, o envolvimento continuo da família no manejo do diabetes de pacientes adolescentes é fortemente recomendado para obter bons resultados terapêuticos. 166 Diabetes Clínica 03 (2002) O Diabetes na Imprensa Pesquisadores americanos revelam: tecnologia engorda Época, 25 de maio de 2002 Controles remotos para TV e ar-condicionado, iluminação eletrônica, nada de sair do carro para abrir o portão da garagem. A conclusão não poderia ser diferente: tecnologia engorda. “Mudanças tecnológicas elevaram o custo das atividades físicas ao tornar o trabalho em residências e no mercado mais sedentário. Elas reduziram também o custo das calorias ao tornar a produção agrícola mais eficiente”, explicaram os economistas Darius Lakdawalla e Tomas Philipson em um relatório publicado esta semana. Os cientistas explicam que no passado - e em países em desenvolvimento onde a economia ainda está muito baseada na agricultura - as pessoas eram de fato pagas para fazerem exercícios; o tipo de emprego disponível para o sustento envolvia atividades mais pesadas do que os cliques de mouse impostos pelos avanços tecnológicos. Com o tempo, os exercícios se tornaram bem mais caros. Qualquer pessoa que tenta se matricular em uma academia sabe o quanto isso pode ser caro e difícil: sair de casa e andar algumas quadras até chegar à academia pode ser bem menos interessante do que ficar em uma sala com ar-condicionado vendo um bom programa na TV. Lakdawalla e Philipson observaram ainda que ineficiências na produção alimentar tornaram a comida mais cara que no passado, o que faz com que seja mais difícil comer bem atualmente. Como resultado, o índice de massa corporal para os americanos da faixa etária dos 40 cresceu de 23 em 1963 para 27 em 1991. Ganho que, segundo os pesquisadores, equivale a um homem de aproximadamente 1,80 ganhar 13 quilos. O Instituto Nacional de Saúde dos EUA afirma que pessoas com índices entre 25 e 29.9 estão “acima do peso”. Entre as conclusões apresentadas pelo estudo, estão vários caminhos para pesquisas futuras em relação ao combate à obesidade. Os pesquisadores mencionam diretamente aos programas educacionais muito em evidência atualmente: “Se as mudanças tecnológicas na produção são os reais fatores que desencadeiam o ganho de peso, fornecer informação pode ser menos importante do que dar incentivos”. Os economistas indicam ainda que uma análise mais detalhada das alterações na produção agrícola pode ser o próximo passo para aqueles que querem entender o problema do ganho de peso relacionado à tecnologia. E revelam também a importância de estudar a interação entre quantidade e qualidade de alimentos, particularmente para entender a relação negativa entre o rendimento e o ganho de peso proveniente de alimentos com alta concentração de calorias cada vez mais baratas. O Diabetes na Imprensa - Diabetes Clínica 03 (2002) 167 Britânicos descobrem o ‘hormônio da fome’ 12 de março de 2002 Cientistas britânicos deram um passo para obter o controle terapêutico da fome ao anunciar que isolaram um hormônio na corrente sanguínea que regula o consumo de alimentos. O “hormônio da fome’’ foi batizado de grhelin, palavra hindi (língua falada no norte da Índia) que significa crescimento, por Alison Wren e Steve Bloom, pesquisadores do Imperial College e do Hammersmith Hospital, em Londres. A maioria dos mecanismos de controle do apetite reside no cérebro, o que dificulta o tratamento da obesidade e da desnutrição. Segundo Alison Wren, a existência de um “hormônio da fome’’ - até então só detectado em animais - significa que ele pode ser o alvo de medicamentos específicos. “As vantagens de uma terapia com remédios desse tipo vão além dos casos de obesidade e permitem que também a perda perigosa de apetite, como nos casos de câncer, sejam tratados’’, escreveu Steve Bloom. “Nesses casos, os suplementos alimentares contendo o “hormônio da fome’’ ajudariam o paciente a se alimentar’’. Há algum tempo, os pesquisadores sabiam que o hormônio encontrado na circulação sanguínea estimulava o apetite em camundongos de laboratório. Com a descoberta, constataram agora que o mesmo hormônio é responsável pelo apetite excessivo de alguns indivíduos, que ingerem um terço a mais de comida do que os outros. Para comprovar a teoria, a dupla de cientistas promoveu um estudo com cinco homens e quatro mulheres. Parte do grupo recebeu uma dose de grhelin e o restante, placebo, e a todos foi dito que podiam comer o quanto quisessem. Na semana seguinte, os que receberam o hormônio ganharam placebo, e viceversa. Os resultados revelaram que os voluntários que receberam o hormônio consumiam em média 28% mais calorias do que os outros. ‘’Estávamos tentando imitar os níveis do hormônio da fome após um jejum noturno e podemos ter exagerado um pouco’’, disse Wren, acrescentando que outros estudos também mostraram diferenças significativas no consumo de alimentos com doses menores de grhelin. Outros cientistas, no entanto, manifestaram cautela em relação à eficácia de um possível tratamento para a obesidade baseado na descoberta. Alguns lembraram o entusiasmo há alguns anos com a leptina. Esta proteína, produzida pelas células de gordura, atua no cérebro e regula o mecanismo que faz os indivíduos engordarem. A leptina chegou a ser conhecida como o hormônio da obesidade, mesmo sem ter se mostrado eficaz para curá-la. Por que engordamos? Época, 11 de fevereiro de 2002 Os gordos e as gordas, como todo mundo sabe, converteram-se em párias da sociedade moderna. Numa etapa da história ocidental em que se desfrutam grandes alegrias afetivas, namoros e casamentos, eles penam para levar uma vida amorosa diversificada. São preteridos até por magros sem nenhum carisma. A barriga proeminente virou sinônimo de desleixo e mancha a imagem dos obesos até na carreira. Nos consultórios médicos, levam broncas e são tratados como suicidas em potencial, diante das evidências de que o excesso de peso provoca doenças e encurta a vida. Pessoas que já foram magras e ganharam muito peso sentem a transformação como uma perda dolorosa. Repetem a pergunta quando se olham no espelho: “Por que engordei?” Muitos se imaginam portadores de uma fraqueza de personalidade que estimula o espírito glutão e corrói o fôlego para as atividades físicas. Essa idéia perde substância à medida que a ciência desbrava os meandros do problema. A obesidade é produto de uma conspiração de fatores, 168 Continuação O Diabetes na Imprensa - Diabetes Clínica 03 (2002) que inclui alguma predisposição genética, hábitos alimentares equivocados e o sedentarismo estimulado por confortos da vida moderna. A genética do metabolismo humano foi talhada com base nas necessidades de nossos antepassados. Eles comiam menos e melhor. Também queimavam mais energia, pois não havia automóveis, televisão nem internet para facilitar a vida. A geração atual herdou o antigo perfil, mas tem hábitos que não combinam com ele. É por isso que os médicos alertam com insistência sobre a necessidade de uma reeducação alimentar conjugada com uma rotina de exercícios físicos ao menos três vezes por semana. Há 32 milhões de brasileiros acima do peso e estima-se que 200 mil morram todos os anos de doenças ligadas ao problema, como diabetes, hipertensão e enfarte. “Os obesos mais velhos – e também os mais pobres – só procuram um médico tarde, quando surge algum problema, como dores no peito ou dificuldades de locomoção”, diz o endocrinologista paulista Geraldo Medeiros Neto. Curiosamente, fazer dietas com muita freqüência pode agravar a obesidade, em vez de combatê-la. O organismo tem um ponto natural de equilíbrio, que deflagra a fome na medida das necessidades energéticas. O mecanismo funciona bem nas pessoas magras, mas nos gordos parece estar desligado. Eles comem em quantidade exagerada e vão ganhando peso até chegar a um ponto máximo. Com o tempo, o organismo passa a considerar normal esse patamar alto. Se o indivíduo perde peso, sente-se em desequilíbrio e tenta voltar ao que era antes. Esse é um dos fatores que fazem as pessoas engordar assim que a dieta termina. Para destruir essa “memória”, é preciso manterse magro por pelo menos cinco anos após o regime. O “efeito sanfona” provoca tantas oscilações no ponto de equilíbrio que o descontrole do peso pode agravar-se. Nos últimos anos, a medicina desvendou a origem genética da obesidade, que tem algum papel nas agruras de 40% das pessoas com excesso de peso. Já foram identificados pelo menos sete genes associados à doença. Descobriuse por que a obesidade se associa com freqüência ao diabetes. Em muitas pessoas, os genes causadores das duas doenças coabitam numa mesma região do DNA e provocam uma síndrome. Já se identificou até a silhueta do obeso com propensão ao diabetes. Nos homens, caracteriza-se pela barriga muito proeminente, em contraste com o resto do corpo, com pouca gordura. De costas, nem parece gordo. Nas mulheres, o corpo tem o formato de maçã, com a gordura concentrada no tronco e as pernas finas. A obesidade ligada ao diabetes se equilibra num círculo vicioso. Uma disfunção genética leva o pâncreas a produzir doses exageradas de insulina, hormônio que quebra a glicose dos alimentos. O excesso de insulina no sangue desencadeia a sensação de fome. O doente come e engorda ainda mais. “Uma característica dessas pessoas é o pico de fome à noite, quando a insulina atinge níveis elevados”, diz o endocrinologista Geraldo Medeiros Neto. No fim do processo, o pâncreas esgota-se, pára de fabricar insulina e se instala o diabetes. Cigarro anula medicamentos 10 de abril de 2001 Um trabalho desenvolvido por pesquisadores do Texas Tech University Health Sciences Center, nos Estados Unidos, veriricou que o cigarro piora as disfunções renais provocadas pelo diabetes. O estudo, que acaba de ser publicado pelo American Journal of Kidney Diseases, informa que o fumo altera os efeitos da medicação no tratamento da nefropatia diabética, que causa a insuficiência renal crônica. Nos pacientes fumantes avaliados, ficou constatado que os efeitos da medicação eram praticamente nulos. 170 O Diabetes na Imprensa - Diabetes Clínica 03 (2002) A educação infantil também deve incluir a alimentação IstoÉ, 27 de maio de 2002 Antigamente, o sonho de toda mãe era ter um filho bem gordinho, aparentemente bem alimentado. Hoje, porém, crianças muito gordinhas já não são mais símbolo de saúde. “A obesidade infantil é um problema que tem crescido muito no Brasil, e está ligada, principalmente, aos mais hábitos alimentares que a criança encontra em casa”, alerta a nutricionista Carolina Medero Rocha. “Se os pais não educam os filhos, desde cedo, para terem uma boa alimentação, acabam criando adultos obesos, com diversos problemas de saúde, como o colesterol alto, o diabetes e a hipertensão”. Em uma pesquisa feita, recentemente, no Rio de Janeiro, com sete mil crianças, constatou-se que cerca de 38% estavam acima do peso. “Isto é muito preocupante, principalmente porque o fato de estarem acima do peso não significa nem que estejam bem nutridas: elas podem estar consumindo gorduras demais e proteínas ou vitaminas de menos, por exemplo”, observa a nutricionista. Ela também explica que, para evitar a obesidade infantil, não há muito mistério: “Os princípios da atividade física e da alimentação balanceada são os mesmos para adultos e crianças, com a diferença de que, no caso das crianças, é necessário dar uma especial atenção ao consumo de proteínas - fundamentais na fase de crescimento. Por isso, a melhor forma de ensinar uma criança a se alimentar bem é dar o exemplo”. “A única forma de se evitar a má alimentação das crianças é garantindo bons hábitos alimentares e um bom ambiente em casa”, garante a nutricionista Carolina Medero Rocha. Segundo ela, muitas crianças simplesmente seguem o exemplo dos pais, que consomem alimentos muito calóricos, ou engordam para chamar a atenção da família. “O tratamento da obesidade de uma criança sempre inclui o acompanhamento de toda a família. Porque, ainda que as crianças, muitas vezes, prefiram alimentos doces ou fritos, no final das contas, o domínio da situação é sempre dos pais”. Alimentar bebês com uma dieta rica em carboidratos nas primeiras semanas de vida pode causar alterações nas células do pâncreas produtoras de insulina e levar à obesidade, conforme um estudo divulgado hoje. Pesquisadores da Universidade de Buffalo, em Nova York, que fizeram experiências com ratos, apresentaram os resultados de seus estudos no encontro de Biologia Experimental que acontece em New Orleans, Geórgia. “A descendência da primeira geração feminina alimentada com uma dieta rica em carboidratos desenvolveu níveis elevados de insulina no sangue e obesidade”, explicou Mulchand Patel, um dos cientistas da Universidade de Buffalo. Patel, que considera esta “programação metabólica” hereditária, afirma que o estudo oferece uma nova perspectiva a respeito da obesidade. Na sua opinião, o tipo de alimentação dada aos bebês pode fazer uma programação do metabolismo que, futuramente, favoreceria o aparecimento de doenças como a obesidade e o diabetes, acrescentou. “A superalimentação com uma fórmula infantil e a introdução antecipada de alimentos substitutos, como cereais, frutas e sucos, que são ricos em carboidratos, podem ser os culpados” do posterior desenvolvimento destas doenças, explicou o pesquisador. A programação metabólica é uma nova disciplina que começou a ser estudada em mães que apresentavam subnutrição. Este tipo de caso resultou, muitas vezes, em crianças com um baixo peso e um risco maior de contrair doenças crônicas na vida adulta. Alguns estudos demonstraram que a má nutrição e a restrição calórica da gestante, antes ou depois do parto, geram conseqüências a longo prazo para as crianças, como o aparecimento de doenças na fase adulta de suas vidas. Com o novo estudo comprova-se que os filhotes de ratos que receberam fórmula alimentar rica em carboidratos desenvolveram, mais tarde, doenças relacionadas ao sobrepeso. Diabetes Clínica 03 (2002) 171 Avanços terapêuticos e tecnológicos Christoph Kapitza et al, American Diabetes Association 61st Scientific Sessions, Philadelphia, Pennsylvania, 22 a 26 de junho de 2001 Matthew Riddle et al., Portland, Oregon, XIo Congresso da Associação Latino Americana de Diabetes (ALAD), Punta Del Este, Uruguay, 11 a 15 de novembro de 2001 Insulina aspart bifásica fornece um bom controle metabólico, mesmo quando aplicada em pós-prandial Foi comparado o efeito da administração pós-prandial de insulina aspart bifásica 30 (BIAsp), com administração pré-prandial e prandial de BIAsp ou insulina humana bifásica 70/30 (BHI), sobre as excursões da glicose após um café da manhã padrão em 28 pacientes diabéticos tipo 2 (57,6 anos; 21 homens; IMC 29±4 kg/m2; HbA1c 8,7±1,3% (média DP), em um estudo randomizado, aberto e com 4 períodos cruzados. A BIAsp+15min pós-prandial foi comparada com a BIAsp0min prandial, BHI0min e BHI-15min pré-prandial. As doses de insulina foram escolhidas individualmente, mas permaneceram constantes para cada paciente. A área sob a curva de glicose plasmática corrigida pela linha base de 5 horas, mostrou valores significativamente menores com BIAsp+15min, quando comparada com a BHI0min prandial (razão 0,95, IC 95%: 0,89 – 1,022; NS) e BHI-15min pré-prandial (razão 0,99, IC 95%: 0,93-1,05; NS). Em conclusão, a administração pós-prandial de insulina aspart bifásica como nova opção de tratamento oferece mais flexibilidade aos pacientes diabéticos de tipo 2 e não diminui as concentrações pós-prandiais da glicose sanguínea. A resposta do peptídeo C à primeira dose e o risco de hipoglicemia são menores com a glimepirida do que com a gliburida A glimepirida causa menos hipoglicemia do que a gliburida, mas as bases fisiológicas para isso permanecem não elucidadas. Esse estudo testou se esses agentes diferem na resposta à insulina e no efeito hipoglicêmico durante o jejum, após uma dose inicial. 30 pacientes com diabetes tipo 2 (idade média de 59 anos, IMC 31 kg/m2) completaram um estudo duplo-cego, de ordem randômico e cruzado. Todos apresentaram uma glicose plasmática de jejum (FPG) de 140200/mg/dl após a interrupção da sulfoniluréias anterior ou a terapia com metformina por, pelo menos, 2 semanas. Cada paciente recebeu glimepirida 1 mg ou gliburida 2,5 mg, às 08h00 diariamente, por uma semana, e após duas semanas sem a medicação, foram transferidos para o outro agente, de forma cruzada. Os perfis de glicose e de peptídeo C foram medidos durante uma extensão de 10 horas de jejum durante a noite no 1º dia e no 7º dia de cada tratamento. Após 6 dias, os agentes reduziram igualmente a glicose plasmática de jejum, de 182 para 156 (glimepirida) e de 181 para 152 mg/dl (gliburida). Entretanto, no 1º dia o incremento médio no peptídeo C em 2 horas foi maior (32% vs. 8%, p < 0,01) com a gliburida. No 7º dia ocorreu um pequeno aumento no peptídeo C, mas a inclinação glicêmica média foi mais pronunciada (p < 0,001) e o nadir diminuiu (87 vs. 95 mg/dl, p < 0,001) com a gliburida. 10 pacientes (33%) com a gliburida apresentaram valores documentados de glicose 172 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 03 (2002) Continuação 70 mg/dl vs. 2 pacientes com a glimepirida (p < 0,05). Conclusões: 1) A glimepirida não apresenta o amplo efeito secretor de insulina de primeira dose causada pela gliburida; 2) Um risco reduzido de hipoglicemia precoce torna a glimepirida preferível em relação à gliburida como uma terapia inicial. Sunaga Y et al., S Department of Cellular and Molecular Medicine, Graduate School of Medicine, Chiba University, Chiba, Japan, Eur J Pharmacol 2001 Nov 9;431(1):119-25, novembro de 2001 Os efeitos da mitiglinida (KAD-1229), nova droga antidiabética, sobre os canais K(ATP) e secreção de insulina: comparação com sulfoniluréias e nateglinida Holdiness M.R. Drugs 2002;62(8):1131-41, maio de 2002 Mitiglinida (KAD-1229), nova droga antidiabética, estimula a secreção de insulina pelo fechamento dos canais ATP-sensível K+ (K(ATP)) em células β do pâncreas. Todavia, sua seletividade para os vários canais K(ATP) não é conhecida. Neste estudo, foram investigados os efeitos da mitiglinida sobre vários canais K(ATP) clonados (Kir6.2/SUR1, Kir6.2/SUR2A, e Kir6.2/ SUR2B) reconstituídos em células COS-1, e comparados com os efeitos da nateglinida. A análise patch-clamp mostrou que a mitiglinida inibe o canal Kir6.2/SUR1 em um modo dependente da dose, mas não inibe significativamente os canais Kir6.2/SUR2A ou Kir6.2/SUR2B, mesmo com doses elevadas (>10 microM). Nateglinida inibe os canais Kir6.2/SUR1 e Kir6.2/SUR2B a 100 nM e inibe os canais Kir6.2/SUR2A em concentrações elevadas (1 microM). Experiências com mitiglinida, nateglinida, e repaglinida em SUR1 expresso em células COS-1 revelaram que elas inibem a ligação [3H] glibenclamida a SUR1 (IC50 valores: mitiglinida, 280 nM; nateglinida, 8 microM; repaglinida, 1.6 microM), sugerindo que se dividem num site de ligação de glibenclamida. As respostas insulínicas a glicose, mitiglinida, tolbutamida, e glibenclamida em células MIN6 após tratamento crônico de mitiglinida, nateglinida, ou repaglinida foram comparáveis às respostas após tratamento com tolbutamida e glibenclamida. Esses resultados indicam que, bem como os sulfoniluréias, mitiglinida é altamente específica do complexo Kir6.2/SUR1, i.e. o canal da célula β do pâncreas K(ATP) e sugere que a mitiglinida pode ser uma droga antidiabética clinicamente útil. Tratamento do eritrasma cutâneo Corynebacterium minutissimum é a bactéria responsável das erupções cutâneas do eritrasma e é a causa mais comum de infecções interdigitais do pé. É encontrada principalmente em áreas oclusas intertriginosas como axilas, áreas infra-mamárias, espaços interdigitais dos pés, pregas interglútea e crural, além de ser mais comum em pacientes diabéticos. Este organismo pode ser isolado a partir de um local cutâneo com um dermatófito concorrente ou numa infecção com Cândida albicans. O diagnóstico diferencial do eritrasma inclui psoríase, dermatofitose, candidíase e intertrigo. Os métodos de diferenciação incluem exame na luz de Wood e culturas bacterianas e micológicas. Eritromicina 250 mg 4 vezes/dia durante 14 dias é o tratamento preferencial. Podem também ser usados tetraciclinas e cloramfenicol; mas o uso de cloramfenicol é limitado em razão do risco potencial de supressão da medula óssea, responsável de neutropenia, agranulocitose e anemia aplástica. Demais estudos são necessários, mas no futuro a claritromicina poderia ser uma droga complementar. Em caso de fracasso terapêutico ou de envolvimento intertriginoso, soluções tópicas como clindamicina, bálsamo de Whitfield, bálsamo de fusidato sódico e preparações antibióticas, podem ser requeridas para o tratamento e a prevenção. Existem estudos limitados sobre a eficácia dessas medicações, entretanto, a eritromicina sistêmica demonstra taxas de 174 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 03 (2002) Continuação cura de 100%. Comparada com tetraciclina, a eritromicina tem eficácia maior em pacientes com lesões nas axilas e virilhas, além de eficácia semelhante para as infecções interdigitais. Bálsamo de Whitfield tem uma eficácia semelhante à eritromicina nas lesões axilares e virilhas, e é mais eficaz nas áreas interdigitais, além de ser comparável com bálsamo de fusidato sódico 2% para o tratamento de todas estas áreas. Os efeitos adversos e interações potenciais precisam ser avaliados. Ristic S., Bates P.C., Martin J.M., Llewelyn J.A. Curr Med Res Opin 2002;18(2):68-71, maio de 2002 Aceitabilidade da caneta de insulina reutilizável Humapen Ergo por pacientes diabéticos tipo 1 e 2 Uma caneta de insulina reutilizável (Humapen Ergo) foi testada para aceitabilidade do paciente e segurança em dois estudos multinacionais, envolvendo 230 pacientes portadores de diabetes tipo 1 (27%) ou tipo 2(73%). Antes dos estudos, todos os pacientes utilizaram outros modelos de canetas de insulina. Durante os estudos de 5-7 semanas, a aceitabilidade de Humapen Ergo foi avaliada por questionário enviado a cada paciente. Humapen Ergo foi considerado fácil/muito fácil no que se refere à aprendizagem de uso (97%), e fácil/muito fácil para uso. As características de Humapen Ergo foram consideradas mais fácil/muito mais fácil quando comparadas com modelos anteriormente utilizados; fácil de corrigir a dose (estudo 1/estudo 2: 89%/ 93%), fácil de ler o número da dose (77%/61 %), fácil de traçar a cartuxa (54%/68%). No final dos estudos, a maioria dos pacientes (60%/69%) declarou que continuaram a usar Humapen Ergo. E a recomendaram a outros pacientes, mesmo quando são satisfeitos com outras canetas utilizadas. Profissionais de saúde avaliaram Humapen Ergo, seguindo os mesmos critérios dos pacientes, e confirmaram que recomendaram Humapen Ergo por não gastar insulina (80%) e pela leitura fácil das doses (74%). Humapen Ergo foi bem aceito por pacientes e profissionais e é uma ferramenta importante para combater o trauma e inconveniência associados à auto-injeção de insulina. Ratner RE et al. Diabetes Technol Ther 2002;4(1):51-61, maio de 2002 Terapia complementar com o análogo da amilina, pramlintide, melhora o peso e o controle glicêmico em pacientes diabéticos tipo 2 tratados com insulina O objetivo deste estudo foi de avaliar o efeito da substituição da amilina do almoço, por pramlintide sobre o controle de peso da glicemia, a longo prazo, em pacientes portadores de diabetes tipo 2. Este estudo de 52 semanas, randomizado, controlado por placebo, multicêntrico, duplo-cego, em 538 pacientes diabéticos tipo 2 tratados por insulina, comparou a eficácia e segurança de doses de 30, 75 ou 150 microgr de pramlintide, análogo sintético do hormônio da célula β amilina, com placebo quando administrado por via subcutânea 3 vezes ao dia com as principais refeições. A terapia com pramlintide foi responsável por uma diminuição de 0,9% e 1,0%, do início até a 13ª semana, nos grupos com dose de 75 e 150 microg., o que foi significativo quando comparado com placebo (p = 0,0004 e p = 0,0002, respectivamente). No grupo 150 microg, foi observada uma diminuição de HbA1c de 0,6% do início até a 52ª semana (p = 0,0068 comparado ao placebo). A maior diminuição em HbA1c com pramlintide foi obtida sem aumentos no uso da insulina ou hipoglicemia severa, e foi acompanhada por uma diminuição significativa (p < 0,05) do peso corporal em todos os grupos. Três vezes mais pacientes do grupo 150 microg do que no grupo placebo, conseguiram diminuição de HbA1c e do peso corporal do início até a 52ª semana (48% versus 16%). O efeito adverso mais comum reportado com pramlintide foi a Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 03 (2002) 175 Continuação náusea, geralmente leve a moderada, e que sumiu pouco tempo depois do início do tratamento. Os resultados deste estudo confirmam a segurança e eficácia da pramlintide administrada 3 vezes ao dia com as principais refeições, em conjunto com a terapia insulínica, para melhorar o controle do peso e da glicemia, a longo prazo, em pacientes portadores de diabetes tipo 2. Levien TL et al. Ann Pharmacother 2002 Jun;36(6):1019-27, junho de 2002 Insulina glargina: nova insulina basal Objetivo: Revisão das recomendações de farmacologia, farmacocinética, dosagens, efeitos adversos, interações e eficácia clínica da insulina glargina. Dados: Artigos originais e revisões sobre insulina glargina foram identificados por pesquisa em Medline (1966 – julho de 2001), e resumos através do Institute for Scientific Information Web of Science (1995 – julho de 2001) e a American Diabetes Association. Todos os artigos e resumos de congressos foram avaliados e todas informações relevantes foram inclusas nesta revisão. Síntese: Insulina glargina é um análogo recombinante de insulina humana de longa ação, administrada uma vez por dia como fonte de insulina em pacientes portadores de diabetes tipo 1 ou 2. Alteração da estrutura básica da insulina produziu uma nova insulina solúvel e com pH ácido, mas precipita no tecido subcutâneo e é lentamente liberada a partir deste deposito. Insulina glargina tem um início de ação mais lento do que a insulina NPH e uma duração de ação maior, sem pico de atividade. A eficácia da administração uma vez/dia de insulina glargina foi comparável a da insulina NPH administrada uma ou duas vezes/dia, em conjunto com doses intermitente de insulina regular ou insulina lispro em pacientes diabéticos tipo 1 ou 2, e em conjunção com agentes antidiabéticos orais em pacientes diabéticos de tipo 2. Insulina glargina tem uma incidência de hipoglicemia ≥ a da insulina NPH, com incidência reduzida da hipoglicemia noturna quando comparada com insulina NPH. Conclusões: Insulina glargina é um análogo de insulina de longa ação capaz de fornecer uma proteção por insulina, quando administrada uma vez por dia ao deitar. Seu perfil de atividade, sem pico acentuado, tem mais semelhanças com a insulina basal do que outros intermediários – ou a insulina de longa ação e aparece mais associada à menor incidência diminuída de hipoglicemia, em particular a hipoglicemia noturna. Fisiologicamente, insulina glargina fornece insulina basal, mas, para inúmeros pacientes, a adição de uma insulina de ação rápida, como insulina lispro, antes ou durante as refeições, precisará ser inclusa no tratamento para conseguir um ótimo controle das concentrações da glicose sanguínea. David E. Cummings et al., N Engl J Med 2002;346:1623-1630,1662-1663, maio de 2002 Níveis de ghrelin ligados à regulação do peso corporal O hormônio recentemente identificado ghrelin é associado com a regulação, a longo prazo, do peso corporal e poderia ser um novo objetivo para o tratamento da obesidade. Neste estudo, foram observados os níveis de 24 horas de ghrelin em 13 pacientes obesos, antes e após um programa de perda de peso de 6 meses. Foram avaliados os níveis de insulina, leptina e sensibilidade à insulina. Os níveis de ghrelin foram também obtidos em 5 pacientes obesos tratados por cirurgia gástrica, 5 pacientes obesos controle e 10 indivíduos saudáveis controle. Os níveis endógenos de ghrelin aumentam antes de cada refeição e diminuem após a refeição, o que é consistente com o papel do ghrelin como mediador da fome durante a refeição. Em pacientes que perderam peso com dieta de baixa 176 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 03 (2002) Continuação caloria, foi observado um aumento na produção de ghrelin, o que sugere que a produção de ghrelin é também mediada pelo peso corporal. Dentre os pacientes obesos, uma perda de peso de 17,4% induzida por dieta foi associada com um aumento em 24% da área sob a curva do perfil de ghrelin de 24 horas (p = 0,006). A perda de peso, após cirurgia gástrica, foi associada com uma supressão profunda de ghrelin e ausência de oscilações dos níveis de ghrelin durante as refeições, o que sugere que alguma coisa no processo da cirurgia exclui a maioria das células produtoras de ghrelin, que tem um contato direto com os nutrientes enterais, tornando as células não produtivas. Comparados com controles saudáveis, pacientes que perderam peso por cirurgia gástrica, apresentam uma diminuição em 77% da área sob a curva de 24 horas do perfil de ghrelin, apesar desses pacientes terem uma perda de peso de 36% (p < 0,001). Quando comparados com controles obesos, a área sob a curva do perfil de ghrelin foi reduzido em 72% (p = 0,01). Esses dados sugerem que antagonistas do ghrelin podem ser estudados para o tratamento da obesidade. Mas, segundo a equipe, “até que esses antagonistas sejam disponíveis, a cirurgia gástrica é um tratamento importante da obesidade severa. O sucesso desta cirurgia pode resultar não só da restrição física do órgão digestivo, mas também da supressão, induzida pela cirurgia, da capacidade do estômago, agindo como uma glândula endócrina, de falar diretamente com o cérebro”. Laurie Barclay et al, Digestive Disease Week Annual Meeting, 20 de maio de 2002. Novas esperanças para a obesidade mórbida Um estudo apresentado no congresso, sugere que a cirurgia bariátrica é tão segura em adolescentes como em adultos. Outro estudo indica que a balão intra-gástrico pode ajudar para melhorar os resultados ou evidenciar a necessidade da cirurgia em pacientes que não podem seguir o tratamento ou os conselhos dietéticos. De 32 adolescentes que foram tratados por cirurgia bariátrica em um período de 20 anos, 3 receberam gastroplastia, 16 bypass gástrico, 3 bypass gástrico distal e 10 bypass gástrico log-limb. Não ocorreu morte ou esvaziamentos pós-operatórios. Complicações precoces incluíram 1 êmbolo pulmonar, 1 infecção severa, 4 pequenos problemas de ferimentos, 3 estenoses do estomago que foram dilatadas por endoscopia, e 4 úlceras marginas que foram tratados por supressão da acidez. Complicações tardias incluíram 1 obstrução do intestino, 4 hérnias na incisão, e uma morte súbita 6 meses após a cirurgia. 2 pacientes precisaram uma nova cirurgia, 1 para desnutrição e 1 para perda de pesa inadequada. 1 ano após tratamento cirúrgico, a maioria das comorbidades foram resolvidas, na exceção de 2 casos de hipertensão, 2 casos de refluxo gastresofágico e 7 doenças degenerativa articular. A melhora da imagem corporal facilitou o casamento em 8 pacientes, a graduação em 5 e os resultados escolares em 2. Segundo os autores, a cirurgia bariátrica em adolescentes é segura e associada com perda significativa de peso, correção das comorbidades, melhora da imagem e socialização. No segundo estudo de Feryal Ilkova et al., Istambul, Turquia, 17 pacientes, idade 20-67 anos, receberam inserção endoscópica de um balão intra-gástrico. Em 2 pacientes a perda de peso foi suficiente para autorizar a remoção do balão após 3 meses, e, em outros pacientes, em 6 meses. Não foram observadas complicações. O IMC médio diminui de 42,3 antes da cirurgia, para 33,81 após remoção do balão (P < 0,0001). O balão intra-gástrico é seguro e eficaz como método não-invasivo de tratamento da obesidade mórbida e pode ser indicado para pacientes que não respondem à dieta de tratamento médico. 178 Petri S. Mattila et al, Diabetes Care 2002;25:865-868, maio de 2002 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 03 (2002) Asma é inversamente associada ao risco de diabetes tipo 1 A predisposição a sintomas atópicos após exposição a antígenos inalados pode proteger as crianças contra diabetes tipo 1. Os autores deste estudo avaliaram a frequência da asma e atopia em 306 pacientes com diabetes na infância, seus 506 irmãos não diabéticos e 406 controles. Quando as crianças diabéticas são comparadas com controles, os pesquisadores observaram uma associação inversa entre o risco de diabetes e asma (odds ratio = 0,49) e alergia a poeira de animal (odds ratio = 0,67). O risco era também inverso, em grau menor, com alergia a pólen (odds ratio = 0,74). Quando as crianças diabéticas foram comparadas com os irmãos não diabéticos, o risco de diabetes foi inversamente associado com asma (odds ratio = 0,54), mas não com alergia a poeira de animal (odds ratio = 0,99) ou pólen (odds ratio = 0,88). Isso sugere que os probandos e seus parentes não afetados, dividem um patrimônio genético e/ou de meio ambiente que reduz o risco de desenvolvimento de alergia a poeira de animal. Ton J. Rabelink et al., Arterioscler Thromb Vasc Biol 2002;22:799-804, maio de 2002 Atorvastatina não melhora a vaso-reatividade em pacientes diabéticos tipo 2 A diminuição intensiva dos lípides com atorvastatina não tem efeito sobre a vasodilatação NO-dependente em pacientes diabéticos tipo 2. Os autores deste estudo testaram a hipótese que o tratamento com atorvastatina teria um efeito benéfico sobre a disponibilidade de NO em pacientes diabéticos tipo 2 e com hiperlipidemia leve. Eles utilizaram a oclusão venosa por pletismografia para examinar o efeito da diminuição dos lípides (4 semanas com atorvastatina 80 mg), sobre a reatividade dos vasos em 32 pacientes diabéticos tipo 2 e 21 controles. Comparados com controle, os pacientes diabéticos tipo 2 apresentaram uma vasodilatação NO-dependente induzida por serotonina significativamente diminuída. A vasodilatação dependente do endotélio induzida por nitroprussiato foi também diminuída em paciente diabéticos tipo 2, comparados com controle. Apesar de que os pesquisadores observaram diminuições significativas em colesterol total, LDL lipoproteínas e triglicérides, não tem efeitos aparentes sobre a vasodilatação NO-dependente e endotélio-independente. Os autores sugerem que outros fatores, como a hiperglicemia, podem ter um papel na diminuição da vaso-reatividade em pacientes diabéticos tipo 2. Marreiro D., Fisberg M., Cozzolino S.M. Biol Trace Elem Res 2002 May;86(2):107-22. Status da Zinco nutritional em crianças e adolescentes obesos Estudos em animais e humanos mostraram que o metabolismo do zinco (Zn) é alterado na obesidade. Este estudo avalia o status do Zn nutricional em crianças e adolescentes obesas pela determinação de parâmetros e análises bioquímicas de dietas. A pesquisa foi realizada em um grupo de crianças e adolescentes obesos (n = 23) comparado com grupo controle (n = 21), com idade entre 7 e 14 anos. A composição corporal foi avaliada por IMC, impedância elétrica, e medidas de dobra de pele. Status de zinco nutricional foi avaliado por determinação de Zn no plasma, eritrócito, urina de 24 horas, por epectriofotometria atômica de absorção (lambda = 213.9 nm). As dietas consumidas por ambos os grupos tinham concentrações marginais de zinco. As concentrações de zinco no plasma e eritrócitos foram significativamente menores no grupo obeso. A excreção urinária de zinco foi significativamente maior no mesmo grupo. Os resultados permitiram concluir que o status do zinco nutricional é alterado em indivíduos obesos. Diabetes Clínica 03 (2002) 179 Produtos e novidades Novo Nordisk lança NovoRapid (insulina aspart), novo análogo da insulina de ação ultra-rápida Novo Nordisk Farmacêutica do Brasil anuncia o lançamento de NovoRapid (Insulina Aspart), novo análogo de insulina de ação ultra-rápida. Desde o dia 1o de junho de 2002, o novo medicamento pode ser encontrado nas principais farmácias, lojas especializadas em produtos para diabetes, nas associações de pacientes, e em todos os pontos de referência para a venda de insulina. NovoRapid é um análogo de insulina humana obtido por tecnologia de engenharia molecular. Através dessa técnica é feita uma modificação na molécula da insulina com a troca de um aminoácido, de modo que a mesma é rapidamente absorvida após injeção subcutânea. A insulina humana de ação rápida (insulina regular) demora 30 minutos para iniciar a sua a ação, enquanto para NovoRapid este tempo é de apenas 10 minutos. Isso permite que a aplicação seja feita imediatamente antes ou após as refeições. Este é um benefício especialmente importante para crianças, idosos ou adultos com hábitos alimentares variáveis. Com NovoRapid, os pacientes terão mais liberdade e segurança em seu tratamento. Outra vantagem de NovoRapid é que estudos com até 3 anos mostraram que aqueles que fizeram controle com essa nova insulina tiveram risco 72% menor de apresentar hipoglicemia noturna grave, quando comparados aos pacientes que usaram insulina humana regular. Isso é explicado porque essa nova molécula tem ação mais rápida e duração de efeito menor e, portanto, à noite, quando o paciente está dormindo ela não diminui excessivamente a glicose no sangue. NovoRapid é comer-cializado no Brasil em caixas com 5 cartuchos de 3,0 ml para uso nos sistemas de aplicação de insulina - Innovo e Novopen 3 – podendo ser usado também nas bombas de insulina. 180 Produtos e novidades - Diabetes Clínica 03 (2002) Blend Coberturas lança coberturas diet para sobremesas e confeitaria A Blend cobertura comercializa uma serie de coberturas Diet para aplicação em sorvetes, sundaes e produtos de confeitaria e panificação, todas para dietas com restrição de sacarose e glicose. As três coberturas disponíveis são Diet chocolate, Diet damasco e Diet goiaba, coloridas artificialmente. Os edulcorantes utilizados são sorbitol, acessulfame-K e aspartame. As coberturas Blend Diet contém alto teor de sólidos, com textura espessa, sem característica de goma e sabor excelente. O alto teor de sólidos é obtido pela utilização de polidextrose, polióis e proteínas de soro de leite modificadas de úykltima geração, evitando assim o uso dfe mono e dissacarídeos. Desta forma o produto pode ser consumido por diabéticos, ou indivíduos obrigados a dietas de restrição de açucares. As coberturas Diet são disponíveis em frascos plásticos de 320 g, condicionadas em caixas de 24 frascos, que devem ser conservadas sob refrigeração depois de abertura. Lowçucar lança KetChup Lowçucar Light, Mostarda Lowçucar Light Sem Açúcar e o Refresco Light Com o mesmo sabor dos tradicionais, o KetChup Lowçucar Light Sem Açúcar e a Mostarda Lowçucar Light Sem Açúcar apresentam a grande vantagem de não conter açúcar, podendo assim ser consumido também por diabéticos. O KetChup Light Sem Açúcar e a Mostarda Lowçucar Light Sem Açúcar ainda apresentam uma redução de 50% em suas calorias. A Mostarda Lowçucar Light Sem Açúcar é o mais novo produto da linha de alimentos Lowçucar. A Lowçucar está lançando também o Refresco Magro Light, refresco em pó que tem um sabor diferenciado mais próximo da fruta. Adoçado na medida certa, com polpa de fruta. O Refresco Magro Light é apresentado nos sabores limão e tangerina sem açúcar, com redução de 84% das calorias. Apresentado em uma embalagem familiar com pote de 220g que rende até 20 litros. O Refresco Light Steva Plus, por sua qualidade, foi aprovado pela ANAD (Associação Nacional de Assistência ao Diabético). Para preparar o refresco, basta utilizar a colher medida que acompanha o produto e fazer a quantidade desejada, dissolvendo o conteúdo da medida, sendo o lado menor da colher em 200 ml de água, ou o lado maior da colher em 1 litro de água fria ou gelada, mexa bem até que o pó dissolva por completo. Se usar gelo, diminua proporcionalmente a quantidade de água utilizada. O Refresco Magro Light já vem adoçado, é ideal como acompanhamento nas refeições, nos lanches ou para matar a sede a qualquer hora do dia. Deve ser consumido preferencialmente logo após o preparo, podendo ser conservado na geladeira por no máximo 1 dia. O Refresco Magro Light pode ser consumido por diabéticos, pessoas que querem manter a forma física e também para consumidores que procuram levar a vida mais saudável e dentro de uma alimentação equilibrada sem o consumo de açúcar. 182 Diabetes Clínica 03 (2002) Resumos de trabalhos e congressos Lois Jovanovic et al, American Diabetes Association 61st Scientific Sessions, Philadelphia, Pennsylvania, 22 a 26 de junho de 2001 Comparação de um análogo de insulina (insulina aspart) e insulina humana regular com tratamento sem insulina em diabetes gestacional Introdução: A eficiência da insulina aspart (IAsp) foi comparada com a da insulina humana regular (IReg) durante testes de refeições padrões em mulheres portadoras de diabetes mellitus gestacional (DMG) necessitando insulina. Método: Entre maio de 2000 e março de 2001, 10 mulheres com diabetes gestacional diagnosticado, grávidas de 18-28 semanas, com controle glicêmico inadequado com dieta, participaram de um teste de 3 refeições. No 1º dia, nenhuma insulina foi usada. No 2º dia, IAsp e IReg foram usadas por randomização e no 3º dia a outra insulina foi utilizada. Insulinas foram administradas 5 minutos (IAsp) ou 30 minutos (IReg) antes do início da refeição. Testes de refeições, com 20% da ingestão calórica diária ideal, incluíram 40% de carboidr atos, 40% de gordura e 20% de proteínas. A glicose plasmática foi medida 30 e 0 minutos antes da refeição, e 15, 30, 60, 90, 120, 180 e 240 minutos após o início da refeição. Resultados: As concentrações da glicose plasmática pós-prandial de 3 e 4 horas foram significativamente menores com IAsp (73 e 67 mg/dl, respectivamente) ou IReg (79 e 66 mg/dl) do que sem insulina (85 e 75 mg/ dl). O pico de glicose pós-prandial (PGP) ocorre a 60 minutos nos 3 testes de refeições, e foi significativamente menor com IAsp do que sem insulina. Ao contrário, com IReg, o pico de glicose não foi significativamente menor do que sem insulina. Entretanto, a área sob a curva (AUC) de glicose de 3 e 4 horas foi significativamente menor para IAsp do que sem insulina. Para IReg não foi significativamente diferente do que no teste sem insulina. Sem insulina PGP 60 min (mmg/dl) AUC 3 h (mg.hr/dl) PGP 3 e 4 horas IReg 122 Iasp 115 108* 37,2 36,5 6,4* 85 - 75 79* - 66* 73* - 67* *Significativamente diferente de “sem insulina” (p < 0,05). Conclusão: Durante gravidez complicada por diabetes gestacional, ambos os tipos de insulina foram eficazes para repor a glicose na linha base 3 ou 4 horas após a refeição. Entretanto, IAsp foi mais eficiente que a insulina regular para diminuir o pico pós-prandial, e, em razão da AUC total menor, diminuiu a exposição total do feto em desenvolvimento à glicose. Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 03 (2002) Niels Ejskjaer et al, American Diabetes Association 61st Scientific Sessions, Philadelphia, Pennsylvania, 22 a 26 de junho de 2001 183 Estudo randomizado, cruzado, duplo-cego testando a administração de insulina aspart pré-misturada três vezes/dia em pacientes diabéticos tipo 2 Introdução: A insulina aspart bifásica (BIAsp) 50 e 70 (também conhecida como mistura “média” e “elevada”) consiste em 50% e 70% de IAsp solúvel, respectivamente, misturada com IAsp ligada à protamina. Este estudo testou o conceito de administração de BIAsp 70, 3 vezes ao dia, em pacientes portadores de diabetes tipo 2, e, além disso, se a troca da BIAsp 70 para a BIAsp 50 no jantar poderia melhorar o controle glicêmico. Desenho: O estudo comparou 2 tratamentos; BIAsp 70 administrada no café da manhã e no almoço, e, no jantar, BiASp 70 (jan70) ou BIAsp 540 (jan50). 16 pacientes portadores de diabetes tipo 2 foram inclusos no estudo (idade 59,3 ± 8,1 anos; IMC 27,7 ± 2,8 kg/m2). Durante um período inicial de 6 a 8 dias, os pacientes receberam insulina humana bifásica (BHI) 20 ou 30 (20 ou 30% de insulina humana de ação rápida, respectivamente), 2 vezes ao dia. Os pacientes foram randomizados para 26-30 dias de jan70, seguidos de 26-30 dias de jan50, ou o contrário, de acordo com o desenho do estudo. A dose total de insulina diária administrada durante cada período de tratamento foi a mesma que na dose usada no final do período de preparação (linha base), mas dividida em 3 porções. O controle glicêmico foi avaliado pela glicose plasmática de jejum (8 horas), os perfis de glicose e de insulina de 24 horas, medidos no início e após cada período de tratamento. Resultados: Não foram observadas diferenças no nível de glicose de jejum entre os dois tratamentos. A concentração média de glicose plasmática durante o dia (8h00 – 22h00) foi menor após o tratamento jan70 do que na linha base (diferença 1,6 mM, p < 0,05), mas nenhuma diferença foi observada após o tratamento jan50 quando comparado com a linha base. A concentração média de glicose plasmática à noite (22h00 – 8h00) não foi diferente após os dois tratamentos, mas o nível de glicose plasmática de jejum foi maior em ambos jan70 e jan50, quando comparados com a linha base (10,2, 10,7 e 7,8 mM, respectivamente, p < 0,01). Conclusões: Os resultados mostraram que o controle glicêmico diurno melhorou com o tratamento jan70, quando comparado com a linha base. Todavia, para um bom controle noturno, a dose do jantar precisa de ajuste ou substituição por insulina pré-misturada, com proporção maior de insulina de ação prolongada. Baena RM et al., Department of Biochemistry and Molecular Biology, University of Granada, Granada, Spain. Eur J Clin Nutr 2002 Jan;56(1):44-50 Vitamina A, retinol binding proteína e lípides em diabetes mellitus tipo 1 Objetivo: Avaliar os efeitos do diabetes mellitus tipo 1 sobre os níveis plasmáticos de vitamina A (retinol) e os níveis plasmáticos de retinol-binding proteína (RBP) e suas relações com os indicadores de aterogênese. Material e métodos: Foram recrutadas e randomizadas 47 crianças tratadas na Unidade de Endocrinologia do Hospital Universitário de Granada. Elas foram cruzadas com 16 crianças saudáveis da mesma idade. Os seguintes parâmetros foram medidos em todos os pacientes: concentrações plasmáticas de colesterol total, triglicérides, HDL, LDL e VLDL colesterol, níveis de RBP, vitamina A plasmática e HbA1c. Resultados: Foram encontradas em crianças diabéticas concentrações mais elevadas de RBP (P = 0,05), níveis de retinol menores, e menor relação vitamina A/colesterol do que no grupo controle; nenhuma diferença nos 184 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 03 (2002) indicadores de aterogênese foi encontrada. Existia uma correlação entre RBP e vitamina A (P = 0,0001). Relações entre retinol, RBP e indicadores de aterogênese foram demonstradas no grupo diabético (A-LDLc/HDLc (P = 0,01); A-(VLDL+LDL)c/HDLc (P = 0,007); RBP-LDLc/HDLc (P = 0,05); RBP-(VLDL+LDL)c/HDLc (P = 0,02)), e uma relação inversa foi achada entre ratio vitamina A/TG e HbA1c (P = 0,004). As crianças com HbA1c > 8% mostraram um aumento dos indicadores de aterogênese e menores relações do que as crianças com melhor controle da doença. Conclusões: As crianças diabéticas com controle metabólico diminuído têm um maior risco de aterogênese e de deficiência relativa de vitamina A de que as crianças com controle metabólico adequado. Foram encontradas relações entre retinol e RBP com os indicadores de aterogênese. Os resultados sugerem que os suplementos terapêuticos de vitamina A em crianças diabéticas podem reduzir ou prevenir o risco aterogênico. Winkler et al., Diabetes Res Clin Pract 2002;56(2):93-99, maio de 2002 Sistema do tumor necrosis factor na resistência à insulina em diabetes gestacional Objetivo: Determinar o papel fisiopatológico do sistema do tumor necrosis factor (TNF) na resistência à insulina em pacientes portadoras de diabetes gestacional (GDM) e durante o período de gravidez normal. Pacientes e métodos: Participaram 30 mulheres com GDM (16-39 semanas de gestação), 35 mulheres grávidas saudáveis (15 no primeiro, 9 no segundo e 186 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 03 (2002) 11 no terceiro trimestre) e 25 mulheres saudáveis não-grávidas. Foram medidos TNF-α plasmática e seis receptores solúveis 1 e 2 (sTNFR-1 and -2). Resultados: Em mulheres grávidas não-diabéticas no terceiro trimestre, todas as medições foram significativamente maiores (P < 0,05 ou menos), do que no primeiro trimestre ou em mulheres não grávidas (BMI 27,6 ± 4,1 (± DP), 24,1 ± 2,6, 22,4 ± 2,4 kg/m2), TNF-a plasmático (4,6 ± 0,6, 4,1 ± 0,4, 4,1 ± 0,4 ng/l), sTNFR-1 (2,7 ± 0,9, 2,0 ± 0,5, 2,0 ± 0,1 mg/l), sTNFR-2 (5,6 ± 2,6, 4,6 ± 2,1, 3,3 ± 0,2 mg/l), peptídeo C (3,1 ± 1,7, 1,1 ± 0,7, 1,1 ± 0,8 mg/ l), e razão peptídeo C/glicose sanguínea (0,6 ± 0,2, 0,2 ± 0,1, 0,2 ± 0,1 mg/ mmol). Em GDM, esses resultados são geralmente maiores do que em qualquer subgrupo de mulheres grávidas saudáveis (IMC) (33,4 ± 6,4 kg/m2, TNF-a (6,3 ± 0,6 mg/l), sTNFR-1 (3,0 ± 0,5 mg/l), sTNFR-2 (10,0 ± 6,9 mg/l, peptídeo C 6,0 ± 2,7 mg/l, razão peptídeo C/glicose sanguínea: 1,2 ± 0,5 mg/mmol, P < 0,01). Correlações lineares positivas significativas (P < 0,01) foram encontradas em diabetes gestacional e mulheres não diabéticas entre TNF-a plasmático, níveis de peptídeo C e IMC. Em mulheres com GBM, após análise multivariate estudando a dependência do peptídeo C, só o IMC é significativo (r2 = 0,67, P = 0,01). Conclusão: Esta observação enfatizou o fator relacionado à obesidade na resistência à insulina controlado por adipocitocinas, tal como a TNF-a e seus receptores durante o período da gravidez normal e em caso de diabetes gestacional. Nielsen S et al., Medical Department Endocrinology and Diabetes, Aarhus Kommunehospital, Aarhus, Denmark Merck Research Laboratories, Copenhagen, Denmark, Diabetes Obes Metab 2001;3(6):463-71 dezembro de 2001 Losartan altera a hiperfiltração glomerular e sensibilidade à insulina em diabetes tipo 1 Objetivo: O efeito do antagonista do receptor da angiotensina II sobre a hemodinâmica renal e o sistema de glicose mediado por insulina foi investigado em pacientes diabéticos tipo 1 normotensos, normoalbuminúricos, usando um desenho duplo-cego, controlado por placebo e cruzado. Métodos: Foram medidos pressão sanguínea diurna, taxa de filtração glomerular (GFR, determinada usando [125I]-iotalamato), fluxo plasmático renal (RPF, determinado usando [131I]-hipuran) e taxa de excreção de albumina urinária (UAE). Também foi realizado um clamp hiperinsulinicoeuglicêmico com calorimetria indireta em 9 pacientes (idade 30 ± 7 anos, média ± DP), HbA1c (8,1 ± 1,1%), após administração durante 6 semanas de losartan ou placebo. Resultados: A pressão sanguínea diurna diminuiu significativamente após losartan, quando comparado com placebo (122/70 ± 11/8 vs. 130/76 ± 12/6 mmHg, p < 0,05). Diminuição significativa em GFR (133 ± 23 vs. 140 ± 22 ml/min, p < 0,05) e fração de filtração (FF; GFR/RPF) (24,6 ± 3,5 vs. 26,2 ± 3,6%, p < 0,05) foi observada no grupo losartan vs. placebo. RPF e UAE não foram alterados. As taxas de glicose isotopicamente determinadas foram semelhantes após losartan ou placebo nos estágios iniciais (2,61 ± 0,53 vs. 2,98 ± 0,93 mg/kg/min) e após estimulação por insulina (6,84 ± 2.52 vs. 6,97 ± 3,11 mg/kg/min). Todavia, a taxa de oxidação da glicose aumentou significativamente após losartan vs. placebo no início (1,72 ± 0,34 vs. 1,33 ± 0,18, mg/kg/min, p < 0,01) e durante a estimulação por insulina (2,89 ± 0,75 vs. 2,40 ± 0,62 mg/kg/min, p < 0,03). Após losartan, diminui o consumo de glicose não-oxidativa no início e após estimulação por insulina; todavia, isso não é significativo. A produção de glicose endogênica e oxidação de lípides não foram alteradas após tratamento e supressos durante hiperinsulinemia. Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 03 (2002) 187 Controle glicêmico, colesterol total, HDL-colesterol e triglicérides foram estáveis nos dois grupos. Conclusões: Losartan diminui a pressão sanguínea, a hiperfiltração glomerular e FF, além de melhorar a oxidação da glicose basal, estimulada por insulina em pacientes diabéticos tipo 1 normotensos e normoalbuminúricos. Jonsson A et al., Department of Endocrinology, Lund University, Malmo University Hospital, Malmo Diabetes Obes Metab 2001;3(6):403409, dezembro de 2001 Efeitos e níveis plasmáticos de glibenclamida e metabólitos ativos em pacientes diabéticos tipo 2 Objetivo: Observar os efeitos dos níveis plasmáticos da glibenclamida (GB) e de seus metabólitos ativos em pacientes recebendo tratamento crônico de GB com posologias diárias diferentes. Material e métodos: 50 pacientes portadores de diabetes tipo 2 e tratamento regular com GB (1,75-14,0 mg/dia). Amostras sanguíneas foram coletadas imediatamente antes e 90 minutos após administração normal de GB. Café da manhã padronizado foi distribuído 30 minutos após administração da droga. Insulina plasmática e níveis de pro-insulina foram determinados por métodos ELISA. Níveis plasmáticos da droga foram determinados por HPLC. O teste de Fischer (coeficientes de correlação) e teste t de Student foram utilizados, para comparar valores dentro do grupo e testes não paramétricos de MannWhitney, para comparar níveis de dose baixos e elevados. Valor de p < 0,05 foi considerado significativo. Resultados: Foram encontradas correlações significativas entre dose diária de GB e, do outro lado, níveis de HbA1c (r = 0,55), Delta-insulina (r = - 0,59) e Delta-proinsulina (r = - 0,52). Foram também achadas correlações significativas entre duração do tratamento com GB e insulina (r = -0,40) e secreção de pro-insulina (r = -0,34), e entre dose de GB e relação pro-insulina/ insulina (RPI) (r = 0,32 e 0,30). O RPI foi menor após administração de GB. Conclusões: Os resultados indicam que, em pacientes com tratamento de longo prazo, GB é capaz de estimular ambas as secreções de insulina e pro-insulina; o efeito sobre a liberação de insulina é relativamente maior. O efeito foi mais importante em pacientes recebendo doses baixas de GB, seja em razão da menor diminuição da função da célula b nos pacientes recebendo doses baixas, seja por causa da sensibilidade diminuída a sulfoniluréia em os pacientes tratados com dosagem elevada. Em pacientes recebendo uma dose diária de 10,5 mg ou mais, níveis de metabólitos plasmáticos ativos foram demonstrados; os metabólitos podem contribuir para a ocorrência de eventos hipoglicêmicos. William C. Knowler et al., Diabetes prevention Program Research Group, New England Journal of Medicine, 2002;346(6):393-403, fevereiro de 2002 Redução na incidência do diabetes tipo 2 após intervenção sobre o estilo de vida ou metformina Introdução: Diabetes tipo 2 afeta aproximadamente 8% dos adultos dos Estados Unidos. Alguns fatores de risco – concentrações elevadas de glicose plasmática de jejum ou após teste de carga em glicose, sobrepeso, estilo de vida sedentário – são potencialmente reversíveis. A hipótese é que a alteração desses fatores com programa de intervenção no estilo de vida ou administração de metformina, poderia prevenir ou adiar o desenvolvimento do diabetes. Métodos: 3.234 indivíduos não diabéticos com concentrações de glicose de jejum ou após teste de carga elevada foram randomizados para receber placebo, metformina (850 mg duas vezes/dia) ou programa de alteração do 188 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 03 (2002) estilo de vida com objetivo de perda de peso de 7% e atividade física pelo menos 150 minutes/semana. A idade média dos participantes era de 51 anos, com IMC 34 kg/m2, 68% mulheres e 45% membros de grupos minoritários. Resultados: O seguimento médio foi de 2,8 anos. A incidência do diabetes foi 11,0, 7,8 e 4,8 casos por 100 pessoas/ano nos grupos placebo, metformina e estilo de vida, respectivamente. A intervenção sobre o estilo de vida diminuiu a incidência em 58% (IC 95% 17-43%), quando comparado com placebo; a intervenção sobre o estilo de vida foi significativamente mais eficiente de que a metformina. Para prevenir um caso de diabetes durante um período de 3 anos, 6,9 pessoas deveriam participar de um programa de alteração de estilo de vida e 13,9 pessoas deveriam receber metformina. Conclusões: Ambas alterações do estilo de vida e tratamento com metformina diminuíram a incidência do diabetes em indivíduos com alto risco. A intervenção sobre o estilo de vida foi mais eficiente de que a metformina. Farkas B et al., Br J Dermatol 2002;146(2):254-260, fevereiro de 2002 Tratamento da onicomicose da unha do dedo do pé por terbinafina (Lamisil) em pacientes diabéticos tipo 1 e tipo 2 Introdução: Diabetes Mellitus (DM) afeta aproximadamente 175 milhões de pessoas no mundo inteiro. Estima-se que um terço desses pacientes apresenta uma onicomicose da unha do dedo do pé. Objetivos: Determinar a eficácia e segurança do tratamento com terbinafina para a onicomicose da unha do dedo de pé em pacientes portadores de diabetes, tratados por insulina e/ou agentes antidiabéticos orais. Observação especial foi dirigida sobre as interações potenciais da droga com os agentes antidiabéticos orais. Métodos: Estudo multicêntrico, com pacientes portadores de diabetes tipo 1 e 2 e onicomicose da unha do dedo do pé. Eles foram tratados durantes 12 semanas com terbinafine via oral 250 mg ao dia e acompanhados durante 48 semanas. Em adição às investigações clínicas, micológicas e laboratoriais, os níveis de glicose sanguínea foram monitorados. Resultados: No fim do estudo (semana 48), a taxa de cura micológica era de 73%. As taxas de cura clínica e completa (cura clínica + cura micológica) foram de 57% e 48%, respectivamente. Não foram observadas diferenças significativas entre os grupos de diabetes tipo 1 e tipo 2, no que se refere às taxas de cura (p > 0,05). Nenhum evento hipoglicêmico foi reportado. Conclusões: Com excelentes taxas de cura e bom perfil de tolerância, terbinafina continua ser uma droga de referência para o tratamento da onicomicose da unha do dedo de pé para o número crescente de diabéticos tipo 2. Stuhlinger MC et al., Division of Cardiovascular Medicine, Stanford University School of Medicine JAMA 2002;287(11):1420-1426, março de 2002 Relação entre resistência à insulina e um inibidor endogênico da sintase do óxido nítrico Contexto: Níveis crescentes de dimetilarginina assimétrica (ADMA) são associados com disfunção endotelial e risco aumentado de doença cardiovascular. Vários fatores de risco cardiovasculares são associados à sensibilidade à insulina reduzida, mas concentrações elevadas de ADMA não foram ainda completamente ligadas à síndrome metabólica. Objetivo: Avaliar a relação entre sensibilidade à insulina e concentrações plasmáticas de ADMA, e determinar se o tratamento farmacológico, que 190 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 03 (2002) Continuação aumenta a sensibilidade à insulina, poderia também influir sobre as concentrações de ADMA. Material e métodos: Estudo cruzado, com componente controlado, não randomizado, de 64 voluntários saudáveis sem diabetes (42 mulheres, 22 homens; 48 com pressão arterial normal e 16 hipertensos), em centro médico, entre outubro de 2000 e julho de 2001. Intervenção: Rosiglitazona (4 mg/dia durante 4 semanas e 4 mg duas vezes ao dia, durante 8 semanas), agente sensibilizador à insulina, foi dado a 7 pacientes resistentes à insulina e hipertensos. Esses pacientes foram observados antes e após 12 semanas de tratamento. Foram coletados: sensibilidade à insulina medida por teste de supressão de insulina, níveis plasmáticos de jejum de LDL colesterol, triglicérides, HDL-colesterol, glicose, insulina e ADMA. Resultados: As concentrações plasmáticas de ADMA foram positivamente correlatas com diminuição do consumo de glicose, pelo sistema insulínico em indivíduos não diabéticos normotensos (r = 0,73; P < 0,001). Consistente com a síndrome metabólica, os níveis de ADMA foram positivamente correlatos com os níveis de triglicérides de jejum (r = 0,52; P < 0,001), mas não com os níveis de LDL-colesterol (r = 0,19; P = 0,20). Concentrações plasmáticas de ADMA aumentaram em indivíduos resistentes à insulina, independentemente da hipertensão. O tratamento farmacológico melhorou a sensibilidade à insulina e diminuiu as concentrações médias de ADMA no plasma de 1,50 (0,30) para 1,05 (0,33) mmol/l (p = 0,001). Conclusão: Existe uma relação significativa entre a resistência à insulina e as concentrações plasmáticas de ADMA. A intervenção farmacológica com rosiglitazona melhorou a sensibilidade à insulina e reduziu os níveis de ADMA. O aumento das concentrações de ADMA no plasma pode contribuir à disfunção endotelial, observada em pacientes resistentes à insulina. McSorley P.T., Bell P.M., Jacobsen L.V., Kristensen A., Lindholm A. Clin Ther 2002;24(4):530-9, abril de 2002 Morbidade e mortalidade cardiovascular em pacientes diabéticos tratados com losartan: estudo comparativo com atenolol Introdução: A mais conveniente droga para diminuir o risco de doença cardiovascular em pacientes com hipertensão e diabetes é ainda mal definida. Comparamos os efeitos de losartan e atenolol sobre a morbidade e mortalidade em pacientes diabéticos. Métodos: Como parte do estudo LIFE, os participantes deste estudo duplocego, randomizado, com grupo paralelo – 1195 pacientes com diabetes, hipertensão, sintomas de hipertrofia ventricular esquerda (LVH) no ECG – receberam um tratamento com losartan ou atenolol. A idade média dos pacientes era de 67 anos (DP 7 anos) e apresentavam uma pressão sanguínea média de 177/96 mmHg (14/10), após período de placebo. Acompanhamos os pacientes aproximadamente durante 4 anos (média 4-7 anos). Utilizamos a análise regressiva de Cox, com o escore de risco de Framingham, como linha base e os sintomas de LVH no eletrocardiograma, para comparar os efeitos das drogas sobre a morbidade e mortalidade cardiovascular (morte cardiovascular, acidente cerebrovascular, infarto do miocárdio). Resultados: A pressão sanguínea média diminuiu para 146/79 mmHg (17/ 11) no grupo losartan e para 148/79 mmHg (19/11) no grupo atenolol. Os eventos ocorreram em 103 pacientes tratados por losartan (n = 586) e 139 pacientes tratados por atenolol (n = 609), com risco relativo 0,76 (IC 95% 0,58-0,98; p= -0,031). 38 e 61 pacientes dos grupos losartan e atenolol, respectivamente, morreram de doença cardiovascular; 0,63 (0,42-0,95 p = 0,028). A mortalidade para todas as causas foi de 63 e 104 nos grupos losartan e atenolol, respectivamente (0,61 (0,45-0,84), p = 0,002). Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 03 (2002) Continuação Lars H Lindholm et al., Lancet 2002; 359: 1004-10, março de 2002 191 Conclusão: Losartan foi mais efetivo do que atenolol para diminuir a morbidade e mortalidade cardiovascular, bem como a mortalidade para todas as causas em pacientes com hipertensão, diabetes e LVH. Losartan parece ter outros benefícios, além da redução da pressão sanguínea. Insulina aspart bifásica duas vezes ao dia vs. Insulina humana bifásica 30; estudo duplo-cego cruzado em adultos diabéticos tipo 2 Objetivo: O objetivo deste estudo foi de comparar a farmacocinética e a farmaco-dinâmica da insulina aspart bifásica pré-misturada (BIAsp 30), com a equivalente insulina humana pré-misturada bifásica (BHI 30), administrada 2 vezes ao dia, em pacientes portadores de diabetes tipo 2. Métodos: Neste estudo randomizado, duplo-cego, cruzado, 13 pacientes (idade média 64 anos, HbA1c média 7,7%, IMC médio 28,1 kg/m2), receberam duas semanas de tratamento com BIAsp 30 e duas semanas com BHI 30, administrados imediatamente antes do jantar e café da manhã. No final de cada período de duas semanas de tratamento, a insulina plasmática de 24 horas e os perfis de glicose foram determinados, usando testes imunológicos. Todos os dados de fármacodinâmica e farmacocinética foram analisados, usando a análise de variância. Resultados: A exposição à insulina diária total foi semelhante entre os períodos de tratamento. A concentração de insulina total durante as 2 horas após administração de BIAsp 30 foi 17% maior do que a da BHI 30 após jantar e 44% maior após o café da manhã, todas diferenças estatisticamente significativas. As concentrações máximas de insulina aspart plasmáticas após BIAsp 30 foram significativamente maiores após jantar (18%) e café da manhã (35%). O pico de concentração de insulina plasmática foi obtido uma hora mais cedo, após o café da manhã e 45 minutos mais cedo, após o jantar no grupo BIAsp 30; diferenças significativas só após o café da manhã. A excursão média da glicose prandial diária foi significativamente menor para BIAsp 30 (16,2 mmol x h x L(-1)) do que para BHI 30 (17,9 mmol x h x L(-1)). As excursões de glicose pós-prandial 4 horas foram significativamente menores com BIAsp 30 do que com BHI 30, após jantar e café da manhã, mas foram significativamente maior após almoço. As concentrações médias de 24 horas e noturnas de glicose plasmática foram semelhantes, e ambas as insulinas foram associadas a d” 7 eventos hipoglicêmicos menores. Conclusões: A aplicação pré-refeição de BIAsp 30 em tratamento 2 vezes/ dia diminuiu significativamente as excursões de glicose pós-prandial. Este efeito pode ser importante quando se procura o controle da glicose pósprandial. Augustin A.J., Dick H.B., Koch F., Schmidt-Erfurth U. Eur J Ophthalmol 2002;12(2):94-101, abril de 2002 Correlação do controle sanguíneo da glicose com metabólitos oxidátivos em plasma e corpo vítreo em pacientes diabéticos Objetivo: No diabetes, hiperglicemia e outros mecanismos causam a produção de metabólitos oxidativos, que podem melhorar a produção de fatores de crescimento e aumentar a atividade proliferativa. O controle estrito da glicose sanguínea diminui a progressão da melhor retinopatia que do controle padrão. Este estudo observou pacientes portadores de retinopatia diabética para evidência de metabólitos oxidativos no plasma e no corpo vítreo, correlacionando estes resultados com o controle da glicose sanguínea. Métodos: O estudo incluiu 136 pacientes portadores de retinopatia diabética proliferativa. Eles foram agrupados de acordo com o valor da hemoglobina glicosilada dos últimos 9-12 meses. Pacientes com valores d” 10% (média.7%; n = 64) foram considerados estritamente controlados, os com valores > 10% 192 Continuação Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 03 (2002) (média 12,8%; n = 72) como controle padronizado. Os peróxidos lipídicos foram determinados no plasma e corpo vítreo por 2 métodos. Quando presente, a tração retinal com proliferação fibrovascular (>2 áreas de disco) foi quantificada e serviu como indicador de atividade proliferativa. Resultados: Pacientes com controle estrito da glicose sanguínea apresentaram valores dos peróxidos lipídicos significativamente menores no plasma e no corpo vítreo (p < 0.01) do que os com controle padrão. Esses últimos apresentaram posteriormente taxas significativamente mais elevadas de proliferação fibrovascular (50%) do que os pacientes com controle estrito (9. 7%). Conlusão: O controle estrito da glicose sanguínea diminui as lesões oxidativas nos tecidos sistêmicos e também no olho, e reduz a atividade proliferativa. Os metabólitos oxidativos podem estimular a proliferação, por aumento das quantidades de fatores de crescimento diferentes e citocinas, tais como os fatores de crescimento vascular endotelial. Podemos imaginar que, na hiperglicemia, o aumento relativo dos metabólitos oxidativos contribui para ambas as lesões dos vasos retinianos e para a atividade proliferativa mais acentuada na retinopatia diabética. Cappelleri JC et al. Clin Ther 2002;24(4):552-64, abril de 2002 Satisfação do tratamento em diabetes tipo 2: comparação em insulina inalada e insulina subcutânea Introdução: Em pacientes portadores de diabetes tipo 2, os dados publicados sugerem que o controle glicêmico pode ser realizado com a mesma eficiência, com um tratamento de insulina inalada (insulina intrapulmonar inalada pré- 194 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 03 (2002) Continuação prandial mais uma aplicação de insulina Ultralente ao deitar), ao invés de um tratamento convencional, com 2 a 3 aplicações subcutâneas diárias de insulina. É ainda desconhecido se a aplicação de insulina por inalação melhora a satisfação do paciente. Objetivo: Nosso objetivo foi de comparar a satisfação do paciente entre o tratamento por inalação e o tratamento clássico. Métodos: Estudo randomizado, controlado, aberto, com grupo paralelo de 12 semanas em pacientes portadores de diabetes tipo 2. Eles foram randomizados para receber a insulina subcutânea (insulina misturada com 2 ou 3 aplicações diárias) ou insulina inalada (insulina inalada antes as refeições e uma única aplicação de insulina Ultralente ao deitar). Alterações na hemoglobina glicosilada (HBA1c), desde o início até a 12ª semana, foi o primeiro resultado estudado. No início e na 12ª semana, os pacientes completaram um questionário (Patient Satisfaction with Insulin Therapy Questionnaire) com todos o parâmetros de satisfação. Resultados: 51 pacientes (idade 35-65 anos) participaram do estudo. 26 recebendo insulina inalada e 25 insulina subcutânea. 47 pacientes (22 insulina inalada, 25 subcutânea) completaram o questionário de satisfação. A percentagem média de aumento de satisfação, com insulina inalada (31%; 95% IC, 14-50), foi significativamente maior (P < 0,05) do que com a insulina subcutânea (13%; 95% IC, 7-19). Aumento da satisfação total foi correlata com melhoras do controle glicêmico (r = 0,30; P < 0,05). Os dois tratamentos permitiram uma diminuição da HbA1c de aproximadamente 0,7%. Apesar do principal objetivo deste estudo ter sido a satisfação do paciente, os resultados devem ser considerados como iniciais, já que foram observados os resultados sobre a HbA1c e não a satisfação. Conclusões: Administração de insulina inalada pode oferecer a primeira alternativa prática e não-invasiva às injeções de insulina. Em pacientes com diabetes tipo 2, a insulina inalada mais uma aplicação subcutânea no deitar, oferece mais conforto, facilidade de uso, conveniência e uma satisfação total maior, do que 2 ou 3 injeções diárias. Heck A.M., Calis K.A., McDuffie J.R., Carobene S.E., Yanovski J.A. Ann Pharmacother 2002;36(6):1003-5, junho de 2002 Efeitos gastrintestinais adicionais com uso concomitante de olestra e orlistat Objetivo: Caso de efeitos gastrintestinais adicionais e significativos com uso concomitante de orlistat e lanche contendo olestra (óleo de substituição, sem gordura). Resumo do caso: Uma adolescente de 16 anos, afro-americana, portadora de diabetes tipo 2, hipercolesterolemia e hipertensão, participou de um estudo piloto para testar a segurança e eficácia de orlistat. Após duas semanas de tratamento, a paciente chegou na clínica com sintomas de fezes gordurosas, flatulência, dor abdominal e incontinência fecal. Após exame clínico, constatou-se que ela consumia aproximadamente e diariamente 100 gramas de batatas chips contendo olestra. A paciente eliminou olestra da dieta e voltou para a clínica, com uma diminuição significativa dos efeitos gastrintestinais, sem parar o tratamento com orlistat. Discussão: Este é o primeiro caso publicado descrevendo efeitos gastrintestinais após o uso concorrente de orlistat e olestra. Educação sobre os efeitos gastrintestinais adicionais severos é importante para prevenir a descontinuação prematura e desnecessária da terapia com orlistat. Atenção para esta interação potencial é especialmente importante para pacientes que desenvolvem doenças, nas quais os sintomas gastrintestinais podem resultar em complicações significativas. Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 03 (2002) 195 Conclusões: Esse caso ilustra a destreza gastrintestinal significativa que pode ocorrer após consumo de olestra durante terapia com orlistat. Todos os pacientes tratados com orlistat devem ser informados dessa interação droga/alimento. Chao M et al. Transplantation 2002;73(9):1454-1459, maio de 2002 Melhora de diabetes induzido por streptozotocina em ratos, usando células de ilhotas humanas derivadas de cultura in vitro de longo prazo Introdução: É difícil a manutenção, à longo prazo, do fenótipo das células β in vitro. O objetivo deste estudo foi o de examinar um método in vitro, para preservar a capacidade das células β humanas adultas de exprimir a insulina. Avaliamos o uso a longo prazo de células de ilhotas cultivadas, para o tratamento de ratos portadores de diabetes, induzido por streptozocina (SCID). Métodos: Ilhotas humanas foram isoladas a partir de doadores cadavéricos. As ilhotas foram cultivadas em ciclos repetidos durante 4 meses. Depois, as células foram testadas in vitro por sua capacidade para exprimir insulina e secretar insulina, em resposta à carga de glicose. Afinal, as células foram transplantadas sob a cápsula do rim e no tecido renal em ratos SCID. Resultados: Aproximadamente 3,6% das células de ilhotas cultivadas expressaram insulina em 4 meses e isso foi confirmado pela microscopia eletrônica. As células de ilhotas secretaram insulina em resposta à carga de glicose de uma maneira dependente da dose. Após transplante, as células de ilhotas se rediferenciaram e produziram >20% de células insulina positiva. As células cultivadas durante 4 meses colocaram o nível de diabetes perto do normal em ratos com diabetes moderado (7,25 mM ± 1,595 vs. 15,225 mM ± 2,55, P < 0,0025). Conclusão: É possível preservar a capacidade das ilhotas humanas adultas de exprimir a insulina em um período de 4 meses in vitro, e esta capacidade foi significativamente melhorada por transplante em ratos SCID. O sistema descrito será útil em estudos de proliferação e diferenciação de células b. Holcombe J.H., Zalani S., Arora V.K., Mast C.J. Clin Ther 2002;24(4):62938, abril de 2002 Comparação da insulina lispro com insulina humana regular para o tratamento do diabetes tipo 1 em adolescentes Introdução: Apesar de ter sido mostrado que a insulina lispro (insulina LP) aumenta o controle da glicose sanguínea pós-prandial e diminui os episódios de hipoglicemia em pacientes adultos diabéticos tipo 1, existem poucos estudos clínicos sobre o seu uso em adolescentes. Objetivo: Este estudo comparou os efeitos da insulina LP com os da insulina regular humana (insulina R), sobre o controle da glicose sanguínea pós-prandial e hipoglicemia em adolescentes diabéticos. Métodos: Neste estudo cruzado, aberto, adolescentes de 9-18 anos que atingiram o estádio II de puberdade de Tanner, foram randomizados para receber Inulina LP imediatamente antes refeições ou insulina R 30 a 45 minutos antes das refeições, em adição à insulina diária de ação intermediária. Após 4 meses, os pacientes receberam tratamento alternado. Perfis da glicose sanguínea, taxa de hipoglicemia e HbA1c foram medidos no início e no final. Resultados: 488 adolescentes participaram do estudo em 53 centros de investigação em 15 países; 463 foram randomizados para o tratamento (228 insulina LP, 235 insulina R), e 457 completaram o estudo. Insulina LP administrada antes do café da manhã resultou em níveis de glicose sanguínea 196 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 03 (2002) Continuação pós-prandiais de 2 horas (+/-SD), significativamente menores quando comparados com insulina R (9,7 ± 4,0 mmol/L vs 10,6 ± 4,3 mmol/L, respectivamente; P < 0,001). Insulina LP administrada antes do jantar resultou em níveis de glicose sanguínea pós-prandiais de 2 horas (+/-SD), significativamente menores quando comparados com insulina R (8,6 ± 3,5 mmol/L vs. 9,3 ± 3,7 mmol/L; P = 0,003). Nenhuma diferença foi observada entre os tratamentos para os níveis de glicose sanguínea pós-prandiais de 2 horas após do almoço. Os valores médias de início de HbA1c foram semelhantes entre os grupos, e nenhum diferença de HbA1c foi observado no fim do estudo (insulina LP, 8,69% ± 1,52%; insulina R, 8,70% ± 1,65%). O tratamento com insulina LP resultou em incidência significativamente menor de episódios de hipoglicemia por paciente quando comparado com insulina R (4,02 ± 4,5 vs. 4,37 ± 4,5, respectivamente; P = 0,023) e número significativamente menor de episódios hipoglicêmicos entre meia-noite e 6:00 horas (1,0 ± 1,9 vs 1,7 ± 2,6; P < 0,001). Conclusões: Em adolescentes diabéticos tipo 1, insulina LP melhora significativamente o controle glicêmico pós-prandial e diminui os episódios de hipoglicemia noturna, quando comparada com insulina R. Insulina LP foi bem tolerada e eficiente como parte de um tratamento intensificado em insulina nessa população de estudo. Zuhri-Yafi M.I., Brosnan P.G., Hardin D.S. J Pediatr Endocrinol Metab 2002;15 Suppl 1:541-6, abril de 2002 Tratamento do diabetes tipo 2 em crianças e adolescentes Objetivo: Estudar as possíveis modalidades de tratamento de diabetes tipo 2 em crianças e adolescentes. Desenho: Revisão dos dossiês médicos de 25 crianças e adolescentes diabéticos tipo 2, comparando tratamentos e resultados. Os tratamentos mais comuns foram insulina combinada com agente oral (metformina) ou metformina em tratamento único. Foram avaliados HbA1c, peso corporal e dose de insulina. Pacientes: Era de 8 a 15 anos a idade dos pacientes no período do diagnóstico. A razão mulher/homen era de 1,3;1. 60% dos pacientes eram hispânicos. Todos os IMC estavam a cima do 85o percentil para idade e sexo. 92% dos pacientes eram portadores de acanthosis nigricans. Resultados: Insulina era o tratamento único em 18 pacientes (72%), com adição de metformina e supressão da insulina no retorno à euglicemia. Só 5 desses 18 pacientes, que começaram o tratamento de insulina, foram completamente desmamados para a metformina em monoterapia e 3 desses pacientes necessitaram o retorno ao tratamento de insulina, em razão da inadequação do controle. Metformina não permitiu uma diminuição da dose de insulina no grupo de tratamento conjugado. Metformina foi usada como monoterapia em 7 pacientes (28%), mas 3 deles requereram mais tarde um segundo agente hipoglicemiante oral. A alteração média em HbA1c no período de estudo foi de -2,9% em pacientes com insulina em tratamento único, 2,3% para os pacientes com insulina + metformina, e -4,4% em pacientes com metformina em tratamento único. HbA1c aumenta após 2 anos de tratamento. Poucos pacientes persistiram na perda de peso. Conclusão: Metformina mostra ser um remédio eficiente para o tratamento do diabetes tipo 2 em crianças, mas não parece ser uma monoterapia suficiente a longo prazo, em nosso protocolo, pois necessita euglicemia para interromper o tratamento insulínico. As estratégias de manejo do estilo de vida para crianças portadores de diabetes tipo 2 será provavelmente tão complexas quanto a dos adultos. 198 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 03 (2002) David E. Kelley et al. Diabetes Care 25:1033-1041, 2002, maio de 2002 Eficácia clínica de orlistat em pacientes diabéticos tipo 2 obesos ou com sobrepeso, tratados por insulina – Estudo controlado randomizado de 1 ano Objetivo: A perda de peso melhora o controle glicêmico, os perfis lipídicos e a pressão sanguínea em pacientes diabéticos tipo 2. Entretanto, a perda de peso a longo prazo é difícil para estes pacientes, notavelmente para os tratados por insulina. O objetivo deste estudo foi de avaliar o efeito do orlistat, inibidor da lípase gastrintestinal, sobre a perda de peso, o controle glicêmico e os fatores de risco cardiovasculares em pacientes diabéticos tipo 2, obesos ou com sobrepeso, tratados por insulina. Desenho e métodos: Foi realizado um estudo multicêntrico de 1 ano, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo de orlistat (120 mg três vezes/dia) ou placebo, associado a dieta reduzida em calorias em adultos obesos ou com sobrepeso (IMC 28–40 kg/m2), portadores de diabetes tipo 2 tratados por insulina em tratamento único ou associado a agentes orais, mas com controle metabólico inadequado (HbA1c 7,5–12,0%). As medições incluíram alterações no peso corporal, controle glicêmico, pressão sanguínea e lípides plasmáticos. Resultados: Após 1 ano, o grupo orlistat perdeu significativamente mais peso (-3,89 ± 0,3% do peso corporal inicial, média ± DP) do que o grupo placebo (-1,27 ± 0,3%, P < 0,001). O tratamento por orlistat, comparado com placebo, produziu diminuições maiores em HbA1c (-0,62 ± 0,08 vs. -0,27 ± 0,08%, P = 0,002), glicose plasmática de jejum (-1,63 ± 0,3 vs. -1,08 ± 0,3 mmol/l, P = 0,02). Orlistat produziu também melhoras maiores do que placebo em concentrações de colesterol plasmático total (P = 0,0002), LDL colesterol (P = 0,001) e ratio LDL/HDL (P = 0,01). Conclusões: A terapia por orlistat produz uma perda de peso clinicamente significativa, com melhoras do controle glicêmico e dos fatores de risco cardiovascular, em pacientes diabéticos tipo 2 obesos ou com sobrepeso e com controle glicêmico insuficiente com insulinoterapia. Harold E. Lebovitz et al. Diabetes Care 25:815-821, maio de 2002 Avaliação da função hepática em pacientes diabéticos tipo 2 durante estudos clínicos – Evidência da ausência de disfunção hepática com rosiglitazona Objetivo: O tratamento por troglitazona foi associado à reação hepática idiossincrática com insuficiência hepática e morte em alguns pacientes. Podese questionar se todas as tiazolidinedionas ou agonistas do PPAR-γ (peroxisomal proliferator–activated receptor-γ), são hepatotóxicos e se os dados de estudos clínicos são adequados para detectar sinais de hepatoxicidade potencialmente séria ligada a droga. O objetivo do estudo foi o de avaliar se a toxicidade reportada por troglitazona é específica da molécula ou se existe um efeito de classe das tiazolidinedionas, baseado em dados de enzimas hepáticas coletados prospectivamente durante estudos clínicos de fase 2/3 com rosiglitazona, novo membro da classe das tiazolidinedionas Desenho e métodos: Isso é uma análise da função hepática em pacientes diabéticos tipo 2 em 13 estudos duplo-cego, e 9 estudos abertos do tratamento por rosiglitazona realizados em centros dos EUA e da Europa. O estudo incluiu mais de 6.000 pacientes, idade 30-80 anos, portadores de diabetes tipo 2. A função hepática de cada paciente foi medida no início e foram excluídos dos estudos os pacientes que apresentaram valores de ALT, AST ou fosfatase alcalina 2,5 vezes maiores do que os valores de referência. As principais medições foram Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 03 (2002) Continuação 199 os níveis de enzimas hepáticas, que foram avaliadas no rastreamento, no início, e a cada 4 semanas durante os 3 primeiros meses do tratamento e em intervalos de 6 e 12 semanas. Os pacientes que, após tratamento, apresentaram um valor de ALT maior do que 3 vezes o valor do limite superior de referência, foram identificados e os dados detalhadamente examinados. Resultados: No início, 5,5% dos pacientes portadores de diabetes tipo 2 (HbA1c média 8,5-9,0%) tinham valores de ALT plasmático entre 1,0 a 1,5 vezes o limite superior do intervalo de referência. Após terapia antidiabética, a maioria destes pacientes (83%) apresentaram uma diminuição dos valores de ALT. As percentagens de todos os pacientes tratados com valores de ALT >3 do limite superior ao intervalo de referência durante tratamentos duplo-cegos e abertos foram as seguintes: tratamento por rosiglitazona 0,32%, tratamento por placebo 0,17%, tratamento por sulfoniluréia/metformina ou insulina 0,40%. As taxas respectivas de valores de ALT >3 do limite superior ao intervalo de referência por 100 pessoas-ano de exposição foram 0,29, 0,59, e 0,64. Conclusões: Nenhuma evidência de efeitos hepatotóxicos foi observada em estudos que envolveram 5.006 pacientes tratados por rosiglitazona em monoterapia ou tratamento associado em 5.508 pacientes-anos. Isso concorda com os dados hepáticos de estudos clínicos por outro membro da classe, a pioglitazona, e contrasta com os efeitos claramente hepatotóxicos observados durante os estudos de troglitazona. Esses achados sugerem que a toxicidade hepática observada com troglitazona não é um efeito de classe das tiazolidinedionas. Os pacientes diabéticos tipo 2 inadequadamente controlados podem apresentar aumentos do ALT plasmático, que diminuirão com a melhora do controle glicêmico durante tratamento por rosiglitazona ou outros agentes antidiabéticos. Mehmood A. Khan et al. Diabetes Care 25:708-711, maio de 2002 Efeito da metformina em crianças diabéticas tipo 2 – Estudo randomizado controlado Objetivo: Metformina é o agente antidiabético oral mais prescrito nos EUA para adultos diabéticos tipo 2. A incidência do diabetes tipo 2 em crianças tem aumentado drasticamente nos últimos 10 anos, mas a metformina nunca foi formalmente estudada em crianças portadores de diabetes tipo 2. Desenho e métodos: Esse estudo avaliou a segurança e eficácia da metformina nas doses de 1000 mg 2 vezes/dia em 82 indivíduos, idade 10-16 anos, durante 16 semanas em estudo randomizado, duplo-cego e controlado por placebo, de setembro de 1998 até novembro de 1999. Indivíduos portadores de diabetes tipo 2, apresentaram os seguintes dados iniciais: níveis de glicose plasmática de jejum (FGP) 7,0 and 13,3 mmol/l ( 126 e 240 mg/dl), HbA1c 7,0%, peptídeo-C estimulado 0,5 nmol/l ( 1,5 ng/ml), e IMC >50º percentil para idade. Resultados: A metformina melhorou significativamente o controle glicêmico. Na última consulta duplo-cega, a alteração média ajustada da FGP foi de -2,4 mmol/l (-42,9 mg/dl) para metformina, comparada com +1,2 mmol/ l (+21,4 mg/dl) para placebo (P < 0,001). Valores médias de HbA1c, ajustados a partir dos níveis iniciais, foram também significativamente menores para metformina comparada com placebo (7,5 vs. 8,6%, respectivamente; P < 0,001). Metformina não mostrou um impacto negativo sobre o peso corporal ou o perfil lipídico. Eventos adversos foram semelhantes aos apresentados por adultos tratados por metformina. Conclusão: Metformina é segura e eficaz para o tratamento do diabetes tipo 2 e em crianças. 200 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 03 (2002) Kenneth Lee Jones et al. Diabetes Care 25:89-94, janeiro de 2002 Comparação prospectivo, randomizado dos efeitos metabólicos de pioglitazona ou rosiglitazona em pacientes diabéticos tipo 2 anteriormente tratados por troglitazona Objetivo: Caracterizar as diferenças potenciais no controle glicêmico, nível de lípides plasmáticos e peso em uma coorte de pacientes anteriormente tratados com troglitazona (TROG), e agora tratados por pioglitazona ou rosiglitazona. Desenho e métodos: Após 2 semanas de eliminação de TROG, 186 pacientes foram randomizados para receber pioglitazona (PIO) ou rosiglitazona (ROSI). Peso, HbA1c e perfil de lípides plasmáticos foram coletados antes da alteração de tratamento e após 4 meses de tratamento com PIO ou ROSI. Resultados: Um total de 127 pacientes completou o estudo: 67 indivíduos no grupo PIO (32 mulheres, 35 homens) e 60 indivíduos no grupo ROSI (33 mulheres, 27 homens). Não tinha diferença significativa entre os 2 grupos no que se refere a sexo, idade, peso, perfil lipídico, HbA1c. Após 4 meses de tratamento randomizado, nenhuma alteração de HbA1c foi notada, em comparação com a linha base ou entre os 2 grupos. Ambos os grupos experimentaram um aumento igual e significativo no peso de 2 kg em comparação com a linha base. A terapia com tiazolidinediona e inibidor da HMG-CoA redutase tinha efeito significativo e independente sobre o perfil lipídico (P < 0,005). Melhoras significativas no perfil lipídico foram observadas no grupo PIO (P < 0,01), mas não no grupo ROSI. Especificamente, o grupo PIO apresentou uma diminuição media do colesterol total de 20 mg/dl. Conclusões: Efeitos diferentes sobre o perfil lipídico foram observados, após conversão randomizado do tratamento TROG para PIO ou ROSI, apesar de efeitos semelhantes sobre o aumento de peso e o controle glicêmico. A significação clínica dessas diferenças deve ser determinada por estudos futuros. Rodrigues APS et al / Diabetes Clínica 03 (2002) 201~204 Diabetes Clínica 201 Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 03 (2002) 201~204 ARTIGO ORIGINAL Avaliação da capacidade de médico não oftalmologista detectar alterações oculares causadas pelo diabetes com oftalmoscópio direto A.P.S. Rodrigues*, M.E. Farah**, S. Mitne*, A.A.B.M. Carneiro*, J.P.D.N. Cardoso*, P.H. Morales*** *Residente de oftalmologia da UNIFESP – Escola Paulista de Medicina, **Professor Adjunto do Departamento de Oftalmologia da UNIFESP – Escola Paulista de Medicina, ***Pesquisador Associado da UNIFESP – Escola Paulista de Medicina, Trabalho realizado durante o “Mutirão do Olho Diabético”, no Departamento de Oftalmologia da Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, São Paulo -SP Introdução Diabetes mellitus é caracterizada por hiperglicemia secundária à ausência ou diminuição da eficiência da insulina endógena. Uma importante complicação é a retinopatia diabética (RD) [1]. No estado de São Paulo, 9,7% da população economicamente ativa (30 até 69 anos) é diabética [2]. Das complicações causadas pelo diabetes, a cegueira é uma das mais temidas. Figura 2 Figura 1 A prevenção da perda visual deve ser feita por meio de diagnóstico e tratamento precoces [3]. Várias técnicas de exame para detectar retinopatia têm sido estudadas, incluindo oftalmoscopia direta e indireta, angiofluores-ceinografia e fotografia retiniana esterioscópica e não esterios-cópica [4,5]. A oftalmoscopia indireta (Fig.1), também chamada de mapeamento de retina, realizada por médico treinado é o método mais utilizado para o estadiamento da retinopatia diabética, devido a sua capacidade diagnóstica e baixo custo [6,7,8]. Artigo recebido em 1 de maio de 2002; aprovado em 20 de maio de 2002. Endereço para correspondência: Paulo Henrique Morales, Av. Paulista, 688/ 11a/ cj 14. Cep: 01310-100 - São Paulo, SP 202 Mas este exame é realizado apenas por oftalmologistas. Clínicos, endocrinologistas e outras especialidades que têm maior contato com os pacientes diabéticos não estão aptos a realizá-lo. O objetivo deste trabalho é avaliar a capacidade do médico não oftalmologista detectar alterações oculares causadas pelo diabetes, utilizando a oftalmoscopia direta (Fig. 2) como um primeiro exame de triagem. Rodrigues APS et al / Diabetes Clínica 03 (2002) 201~204 Tabela II: Capacidade do médico não oftamologista diferenciar RD não proliferativa e proliferativa por meio da oftalmoscopia diretas Residente (FOD)** Normal RDNP RDP Total Normal 31 8 2 41 Oftalmologista (FOI)* Exame de olho de fundo RNP RP leve moderada grave muito grave 4 4 1 0 1 3 5 4 1 4 0 0 0 2 2 7 9 5 3 7 Total 41 25 6 72 * FOI- fundoscopia indireta / **FOD - fundoscopia direta Teste de concordância Kappa, Coeficiente de concordância Kw = 0.385 Z crítico= 3.625, p< 0.001 / Teste de McNemar X2 = 0.154 Métodos O projeto “Olho Diabético”, iniciado em 1998, pelo Instituto da Visão da UNIFESP – Escola Paulista de Medicina, conta com pacientes diabéticos, que comparecem espontaneamente para o exame preventivo da cegueira causada pela diabetes. Todos os pacientes preenchem uma ficha de identificação e respondem a um questionário com as seguintes perguntas: quanto tempo do diagnóstico de diabetes, medicação em uso, se já foram submetidos a exame de fundo de olho com dilatação pupilar e se a resposta for positiva, data do último exame.Após isso, as suas pupilas são dilatadas com tropicamide 1% (Mydriacyl). Para o presente trabalho, 3 médicos do primeiro ano da residência de oftalmologia, cursando o segundo mês do curso, tiveram treinamento para realizar a oftalmoscopia direta por um mês de antecedência. Utilizando oftalmoscópio direto (Welch Allyn), examinaram e classificaram a retinopatia diabética dos pacientes em 3 categorias: normais, retinopatia diabética (RD) não proliferativa e retinopatia diabética proliferativa. Cada paciente era examinado por apenas um residente. Retinopatia diabética não proliferativa foi definida pela presença de microaneurismas, hemorragias intrarretinianas, exsudatos duros, manchas algodonosas ou alterações da microvasculatura intra-retiniana (IRMA). Retinopatia diabética proliferativa foi definida pela presença de neovascularização, hemorragia vítrea ou proliferação fibrosa [9]. Sem conhecimento dos resultados do primeiro exame, um oftalmologista classificava a retinopatia diabética através da oftalmoscopia indireta (oftalmoscopio indireto Topcon). Foram examinados, aleatoriamente, 144 olhos de 72 pacientes de um total de 830 pacientes, sendo que 40 pacientes (55,5%) nunca haviam realizado este tipo de exame e 25 pacientes (34,7%) haviam realizado em período menor que 2 anos. A análise dos resultados foi baseada no olho com retinopatia mais avançada, quando apresentava diagnóstico diferente nos 2 olhos. Para avaliação de concordância entre os exames realizados pelo médico residente e oftalmologista treinado, em cada estádio da doença, foi utilizado o teste Kappa. A sistematicidade de discordância foi testada pelo Qui-quadrado (X 2 } e McNemar. Sensibilidade e especificidade foi calculada para cada estádio da doença, usando o exame de oftalmologista treinado como padrãoouro. Resultados Os dados descritivos referentes a sexo, idade, medicação em uso e tempo de diagnóstico de diabetes, encontram-se na Tabela I. Tabela I: Tabela descritiva dos pacientes avaliados Número de pacientes (%) 34 (47,22) 38 (52,77) Sexo Feminino Masculino Idade 0 – 25 anos 26 – 50 anos >51 anos Não disponível 3 11 42 16 (4,16) (15,27) (58,33) (22,22) Medicação Via oralInsulina Dieta/Não usa medicação 1 - 5 anos6 – 10 anos 51 16 14 (70,83) (22,22) (19.44) 1 – 5 anos 6 – 10 anos 11 – 15 anos 16 – 20 anos 21 – 25 anos >526 anos Não disponível 22 22 10 10 2 1 5 (30.55) (30.55) (13,88) (13,88) (2,77) (1,38) (6,94) Os achados oculares foram classificados como normais (41 olhos) e como retinopatia (31 olhos) no exame realizado pelo retinólogo. O resultado dos residentes Rodrigues APS et al / Diabetes Clínica 03 (2002) 201~204 concordaram com o resultado dos retinólogos em 31 olhos normais e 21 olhos com RD, apresentando, assim, uma sensibilidade de 67,74% e especificidade de 67,74%.. Estes resultados demonstram uma concordância significativa entre os achados do residente e do médico oftalmologista (p < 0,001). Quando a retinopatia foi subdividida em não proliferativa e proliferativa, o diagnóstico coincidiu em 13 olhos com RD não proliferativa e 2 olhos com RD proliferativa. Para o diagnóstico de RD não proliferativa, o exame de oftalmoscopia direta apresentou sensibilidade de 54,16% e especificidade de 52,00%. Para o diagnóstico de RD proliferativa o exame de oftalmoscopia direta apresentou sensibilidade de 28,57% e especificidade de 33,33%. Em 10 casos considerados como normais pelo residente, apresentavam algum tipo de retinopatia, nove casos com RD não proliferativa e 1 com retinopatia proliferativa. Doze casos foram considerados como RD não proliferativa pelo residente, que discordaram do exame do oftalmologista, sendo 8 casos normais e 4 casos de RD proliferativa. Em relação aos diagnósticos discordantes de RD proliferativa dado pelo residente, 2 casos eram normais e 2 casos apresentavam RD não proliferativa, (tabela II). Discussão A retinopatia diabética se não tratada, é uma doença que pode levar a cegueira. Existem várias razões para esta falha em detectar RD, entre elas a natureza assintomática em estágios relativamente avançados de doença. Sabemos que 18% dos pacientes diabéticos tipo 1 e 31% do tipo 2 com RD proliferativa, não sabem sua doença sistêmica [10]. As principais causas, na falha de detectar retinopatia, seriam a não orientação dos pacientes pelos médicos a respeito da RD, não informação quanto a necessidade de exames periódicos, impossibilidade de realizar exames oftalmológicos e inexperiência dos médico em detectar as alterações do fundo de olho, entre outras [11]. Brechner et al. [12] demonstraram que de todos os pacientes diagnosticados com diabetes, somente 49% fizeram exame de fundo de olho com pupila dilatada no último ano. Segundo Witkin e Klein [13], 26% dos pacientes com DM tipo 1 e 36% dos pacientes com DM tipo 2 nunca fizeram um exame de fundo de olho. Nossos resultados demonstraram que em nossa comunidade estes valores estão próximos. Ainda não existe um consenso quanto ao método ideal para a triagem de retinopatia. Muitos trabalhos comparam os diversos métodos, tentado levar em conta o custo e benefício de cada um deles. Para avaliar a progressão da doença, a fotografia retiniana esterioscópia é considerada o padrão ouro em grandes estudos epidemiológicos [14,15]. Mas por motivos práticos, a oftalmoscopia indireta realizada por especialista bem treinado, tem sido usada 203 como método de diagnóstico [6,7,8]. Existe um menor consenso quanto ao método preferido para exame de rotina realizado por médicos não oftalmologistas [16]. Dentre os métodos diagnósticos de retinopatia, a oftalmoscopia direta é o método que o médico generalista tem maior acesso e o mais divulgado no nosso meio. Recentemente, um grupo europeu concluiu que a oftalmoscopia direta, através da pupila dilatada, é um exame muito bom em pacientes com retinopatia diabética por ser barato, rápido e eficiente; mas deve ser feito por um observador treinado [17]. Uma vez que os médicos generalistas e endocrinologistas são os que mais têm contato com a população diabética, fizemos um modelo para tentar mimetizar o que acontece na prática. Os pacientes foram examinados por um residente de oftalmologia (sem experiência em oftalmoscopia indireta), no início do seu treinamento de residência. Apesar disso, deve-se enfatizar que por terem escolhido a especialidade de oftalmologia, apresentam interesse na área maior que o médico generalista. Dos 72 olhos avaliados, 52 apresentaram concordância diagnóstica, sendo 31 casos normais e 21 casos com algum grau de retinopatia, mostrando uma sensibilidade de 75,6% e especificidade de 67,7%. Griffith et al. [18] demonstraram uma sensibilidade de 100% e especificidade de 93% nos exames realizados por médicos não especialistas. Neste estudo, os médicos generalistas (com experiência de 1 a 3 anos) receberam uma atualização de 2 horas sobre retinopatia diabética por um retinólogo, incluindo avaliação de fotografias. Deve-se salientar, que não dá para se avaliar o quanto uma atualização de 2 horas pode gerar impacto no diagnóstico correto. Outro fator importante é que os médicos tinham de 1 a 3 anos de experiência com pacientes diabéticos, diferente dos residentes do primeiro ano. Médicos endocrinologistas, possivelmente, apresentam uma experiência bem maior na avaliação de retinopatia diabética, que um médico não endocrinologista, por estarem mais em contato com estes pacientes. Dos casos que discordaram podemos dividir em 2 grupos. O primeiro grupo, representado por 10 casos considerados como alterado pelo residente, mas que eram normais (8 casos com RD não proliferativa e 2 casos com RD proliferativa). O fato de encaminhar ao especialista um paciente com suspeita de retinopatia que não existe, não é tão preocupante quanto se ocorrer o inverso. O segundo grupo, também representado por 10 casos, tiveram diagnosticado pelo residente como de fundo de olho normal, mas apresentavam algum tipo de alteração: 4 casos de RD não proliferativa leve, 4 casos de RD não proliferativa moderada, 1 caso de RD não proliferativa grave e 1 caso de retinopatia proliferativa. Foram perdidos 2 casos que apresentavam uma condição ocular grave, apesar da tendência menor a erro. A oftalmoscopia direta, sob midríase, é capaz de avaliar até equador do olho, sendo assim a midríase um 204 Rodrigues APS et al / Diabetes Clínica 03 (2002) 201~204 fator importante para uma avaliação adequada do pólo posterior [19]. Principalmente quando existe a necessidade de se avaliar o comprometimento ocular causado por uma doença sistêmica, que podem levar à cegueira. No estudo de Griffith et al., os pacientes submetidos à oftalmoscopia direta também tiveram suas pupilas dilatadas. Médicos não oftalmologistas raramente dilatam pupila dos pacientes antes da fundoscopia, mesmo quando os pacientes apresentam um alto risco de retinopatia, sendo a principal razão para isso, o medo de precipitar um glaucoma agudo de ângulo fechado [20]. Mas vários estudos demonstram que o potencial risco de desenvolver uma crise de glaucoma agudo é muito baixo. E quando ocorrem, estão relacionados ao uso de colírio contendo fenilefrina. O benefício de um exame sob midríase é muito maior [20]. O exame de oftalmoscopia direta realizado por médico não oftalmologista não se mostrou adequado para o estadiamento da doença. Também não foi eficiente na detecção de retinopatia diabética em campanhas. Mas tem seu valor no uso diário por médicos não oftalmologista, habilitados a realizar este exame, para o encaminhamento ao oftalmologista especializado, assim que qualquer alteração da retinopatia diabética for encontrada. Referências 1. Gross JL, Nehme M. Detecção e tratamento das complicações crônicas de diabetes mellitus: Consenso da Sociedade Brasileira de Diabetes e Conselho Brasileiro de Oftalmologia. Rev Assoc Med Bras 1999 Jul-Sep;45(3):279-84. 2. Malerbi AD, Franco JL. Multicenter study of the prevalence of Diabetes Mellitus and impaired glucose tolerance in the urban brazilian population aged 30-69 yr. Diabetes Care 1992, 15(11): 1509-1515 3. American College of Physicians, American Diabetes Association, and American Academy of Ophthalmology. Screening guidelines for diabetic retinopathy. Ann Intern Med 1992; 116:683-5. 4. Baker SB, Vallbona C, Campbell JV, Hamill MB, Goetz B, West MS. Diabetic eye disease detection by primary-care physicians. Diabetes Care 1990; 13-908-9. 5. Chew SF, Hart PM, Ang BC, Lima AS. Ophthalmic screening for diabetics: the importance of physician-ophthalmologist collaboration in the prevention of blindness. Singapore Med J 1990; 31:26-9. 6. Burns-Cox CJ, Hart JC. Screening of diabetics for retinopathy by ophthalmic opticians. BMJ 1985; 290:1052-4 7. Williams R, Nussey S, Humphry R, Thompson G. Assessment of non-mydriatic fundus photography in detection of diabetic retinopathy. BMJ 1986; 293:1140-2. 8. Buxton MJ, Sculpher MJ, Ferguson BA, Humphreys JE, Altman JF, Spiegelhalter DJ et al. Screening for treatable diabetic retinopathy: comparison of different methods. Diabetic Med 1991; 8:3781-7. 9. LeeVS, Kingsley RM, Lee ET, Lu M, Russell D, Asal NR, Bradford RH Jr, Wilkinson CP. The diagnosis of diabetic retinopathy. Ophthalmoscopy versus fundus photography. Ophythalmology 1993 Oct; 100(10):1504-12. 10. Klein R, Klein BEK, Moss SE, DeMets DL: The validity of a survey question to study diabetic retinopathy. Am J Epidemiol 124:104-110, 1986 11. Klein R. Eye-Care delivery for people with diabetes: Diabetes Care 1994; 17(6):614-5 12. Brechner RJ, Cowie CC, Howie LJ, Herman WH, Will JC, Harris, MI: Ophthalmic examination among adults with diagnosed diabetes mellitus. JAMA 270:1714-1718, 1993 13. Witkin SR, Klein R: Ophthalmologic care for persons with diabetes. JAMA 251:2534-2537,1984. 14. Klein BEK, Davis MD, Segal P, et al. Diabetic retinopathy; assessment of severity and progression. Ophthalmology 1984; 91:10-7. 15. Palmberg P, Smith M, Waltman S, et al. The natural history of retinopathy in insulin-dependent juveline-onset diabetes. Ophthalmology 1981; 88:613-8. 16. Moss SE, Klein R, Kessler SD, Richie KA. Comparison between ophthalmoscopy and fundus photography in determining severity of diabetic retinopathy. Ophthalmology 1985; 92(1):62-7. 17. Retinopathy Working Party. A protocol for screening diabetic retinopathy in Europe. Diabetic Med 1991; 8:26-7 18. Griffith SP, Freeman WL, Shaw CJ, Mitchell WH, Olden CR, Figgs LD, Kinyoun JL, Underwood DL, Will JC. Screening for diabetic retinopathy in a clinical setting: a comparison of direct ophthalmoscopy by primary care physicians with fundus photography. J Fam Pract. 1993 Jul; 37(1):49-56. 19. Klein R, Klein BEK, Hubbard LD, Meuer SM, Brothers RJ. Diabetic retinopathy as detected using, a non-mydriatic camera and standard fundus camera. Ophthalmology 1985;92:485-91. 20. Herman WH: Public health strategies: program development, implementation, and evaluation. Inc Proc 8th Annual Centers for Diasease Control Conference, Chicago, Il. Atlanta, GA, Centers for Diagnoses Control, 1985. Carvalho JM et al / Diabetes Clínica 03 (2002) 205~207 Diabetes 205 Clínica Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 03 (2002) 205~207 ATUALIZAÇÃO Prevenção com órteses plantares e calçados especiais para pés de alto risco – diabético José Marcelo Carvalho*, José Antonio Carvalho** **Fisioterapeuta-ortesista, **Ortesista-protesista, Diretores da Andbem Ortopedia, Centro de Prevenção do Pé Diabético, Campinas - SP Introdução O diabetes mellitus é uma doença crônica que afeta cerca de 16 milhões de pessoas nos Estados Unidos. Todos os dias são diagnosticados 2.200 novos casos com uma estimativa de 780.000 novos casos por ano. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, espera-se que os casos de diabetes dobre nos próximos 25 anos de 135 milhões para perto de 300 milhões. O fato da incidência do diabetes estar aumentando e de que 15% dos diabéticos desenvolvem úlceras plantares, realça a necessidade de implementar estratégias profiláticas e terapêuticas, principalmente com órteses plantares e calçados especiais. As ulcerações nos pés com seqüelas, como feridas crônicas que não cicatrizam, as osteomielites e amputações, constituem uma das complicações na qualidade de vida dessas pessoas. A maioria dessas lesões são acometidas pelas forças geradas durante a marcha, como, por exemplo, as úlceras na primeira articulação metatarsofalangiana, articulação fundamental na marcha para a fase de impulso. Todos os pacientes diabéticos precisam ser educados para a escolha dos calçados corretos e palmilhas para cada categoria de risco. Com o uso adequado desses calçados apropriados e instruções relacionadas aos cuidados dos pés, pode-se evitar qualquer ferimento nos pés. Na utilização das órteses plantares e calçados especiais para diabéticos, é necessário ter o cuidado com a equalização das forças, das pressões nas diversas regiões dos pés e na interface ideal entre o piso e o pé, para que os tecidos dos pés não sofram estresse de compressão e força de cisalhamento, que é de fundamental importância para a prevenção das patologias nos pés diabéticos. Devido a estes fatores internos e externos, devemos ter conhecimento da matéria prima e dos modelos utilizados na confecção das palmilhas e dos calçados especiais, visando estabilidade, segurança, conforto, anatomia e higiene aos pés diabéticos. Sabemos que em todo o mundo, a matéria prima utilizada para a confecção das órteses plantares, são os materiais termomoldáveis em polietileno (Plastazote), com diferentes densidades. A palmilha deverá ter contato total para distribuir as pressões e diminuir as forças de cizalhamento uniformemente na região plantar. Este material possui células fechadas que não absorvem calor e umidade, sendo então: atóxicas, laváveis e anti-alérgicas, o que é necessário Endereço para correspondência: José Antonio Carvalho, Av. Benjamin Constant, 475, 13010-140 Campinas SP, Tel: (19)3236 7093/7094 206 Carvalho JM et al / Diabetes Clínica 03 (2002) 205~207 nestes pés. As órteses plantares devem ser reavaliadas periodicamente com especialistas, para sofrer reajustes a fim de aliviar regiões com hiperpressões localizadas e realinha-lás para evitar compensações posturais. Em relação aos calçados especiais, devemos nos preocupar com a forma (hiperprofundo), material específico, forração interna (sem costura) e os solados oscilantes ou basculantes. Tudo vai depender da classificação de risco em que o pé irá se encontrar. Existem calçados especiais para aquelas pessoas que possuem a patologia, mas não apresentam riscos nos pés, ou seja, sem lesões nos pés. As órteses plantares e sandálias são indicadas para uso pós-cirúrgico (uso temporário). Já as sandálias com “salto falso”, que reduzem as forças diretas e de cizalhamento com solados basculantes, para o uso na fase de cicatrização. E os calçados hiperprofundos para o uso preventivo e terapêutico. Quanto aos pés com deformidades fixas, é necessário realizar um molde de gesso para a confecção das palmilhas e dos calçados especiais. O objetivo das órteses plantares e dos calçados são: · conforto e segurança · aliviar as áreas de excessiva pressão plantar · reduzir o impacto · reduzir o estresse de cisalhamento · estabilização e sustentação das deformidades · limitar os movimentos indesejáveis Calçado Sannabem preventivo e terapêutico. A principal recomendação clínica da American Diabetes Council on Foot Care são; os cuidados profiláticos com os pés e identificar fatores de risco biomecânico. Os profissionais da saúde já estão dando a devida importância ao tratamento preventivo e terapêutico com as órteses plantares e os calçados especiais. Isto porque os estudos têm demostrado a importância da prescrição como prevenção tanto da recorrência da úlcera quanto da amputação. Em resumo, podemos enfatizar que o pé de alto risco - diabético necessita de uma abordagem interdisciplinar, educação dos usuários e familiares, e que a prevenção é o melhor caminho para a diminuição desses índices alarmantes. Instruções básicas aos pacientes diabéticos: 1. Não fumar 2. Lavar e Inspecionar diariamente os pés 3. Não andar descalço 4. Inspecionar diariamente o interior dos calçados 5. Não deixar o pé de “molho” na água quente 6. Não usar meias com remendas ou com costuras 7. Não usar calçados sem meias 8. Cortar as unhas seguindo seus contornos (orientação com seu médico ou podólogo especializado) 9. Usar calçados confortáveis (hiperprofundo) 10. Procurar os profissionais da saúde especializados Carvalho JM et al / Diabetes Clínica 03 (2002) 205~207 207 Sandália para cicatrização no ante-pé. A palmilha ajuda à cicatrização da úlcera plantar. Úlcera plantar Úlcera plantar Amputação dos dedos 208 Toniolo Neto J/ Diabetes Clínica 03 (2002) 208~209 Diabetes Clínica Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 03 (2002) 208~209 ATUALIZAÇÃO Esforços para imunização contra a gripe e contra o pneumococo devem continuar durante o inverno João Toniolo Neto Professor adjunto da disciplina de Geriatria da Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina. Sobre a imunização contra influenza Apesar de freqüentemente apresentar a imagem de uma doença benigna, a gripe é uma doença grave que mata milhares de pessoas todos os anos. Estima-se que 10% a 20% da população mundial apresente pelo menos um episódio de gripe anualmente. As epidemias de gripe durante o inverno são responsáveis por cerca de 20.000 mortes por ano nos EUA [1]. Por ser o método primário e mais efetivo de prevenção contra a influenza e suas conseqüências, a vacinação anual é recomendada oficialmente pelo Ministério da Saúde Brasileiro e pelo Centro de Controle de Doenças dos EUA (CDC) para todos os indivíduos que apresentem maior risco de complicações em decorrência da infecção (como portadores de diabetes, pneumopatias crônicas, doenças cardiovasculares, infecção pelo HIV, entre outros) e também para seus familiares e outros contatos que possam lhes transmitir a doença [1,2]. A vacinação também é recomendada para os profissionais da área de saúde, devido ao risco de transmissão da infecção a seus pacientes [1]. Além disso, qualquer pessoa maior de 6 meses de idade pode se beneficiar da vacinação, reduzindo o risco de infecção [1]. A melhor época para vacinação contra a gripe é durante os meses de outono, no Brasil entre os meses de março e maio. No entanto, segundo recente recomendação do CDC, os esforços para vacinação devem continuar durante todo o inverno [1]. Para aumentar a cobertura vacinal e o uso da vacina contra influenza, principalmente entre as pessoas que apresentam maior risco e também entre os profissionais de saúde, a vacinação deve prosseguir durante toda a estação de influenza (inverno), enquanto houver disponibilidade da vacina [1]. Sobre a imunização contra o pneumococo O Streptococcus pneumoniae ou pneumococo é responsável por doenças invasivas (entre as quais pneumonias, meningites, otites, sinusites, bacteriemia) e mortes, principalmente em crianças, adultos com doença crônica e idosos no mundo inteiro [3]. Outro fator agravante das infecções pneumocócicas é a resistência da bactéria aos antibióticos, o que a torna ainda mais perigosa e de difícil combate. Assim, o pneumococo provoca mais Endereço para correspondência: Rua Helena, 218, cj. 96 – 9º andar – Vila Olímpia, 04552-050 – São Paulo SP, Tel: (11) 3842-5144 Toniolo Neto J/ Diabetes Clínica 03 (2002) 208~209 mortes do que qualquer outra doença bacteriana imunoprevenível, sendo que aproximadamente 50% destes óbitos poderiam ser evitados pela vacinação [3]. A vacina pneumocócica é a melhor maneira de prevenir as infecções causadas por esta bactéria [3]. A imunização é oficialmente recomendada para pacientes portadores de patologias de base (como diabetes, pneumopatias, cardiopatias, HIV, asplenia funcional ou anatômica, doença renal crônica, entre outras) e para os maiores de 60 anos [3,4]. Além disso, a vacinação de adultos maiores de 50 anos de idade também deve ser considerada, uma vez que a partir dessa idade a freqüência de doenças crônicas aumenta. No caso da imunização com a vacina pneumocócica, não há época específica considerada ideal. Os esforços para aumentar o uso da vacina devem continuar durante todo o ano, e principalmente se intensificar durante o inverno, aproveitando as oportunidades geradas pelas Campanhas de Imunização contra a Gripe e também o aumento nos casos de infecções por vírus influenza. Sobre a imunização simultânea contra a gripe e contra o pneumococo Uma vez que a maioria das indicações dessas vacinas são coincidentes, a administração simultânea das vacinas contra gripe e pneumocócica é segura e adequada, conforme demonstrado por estudos clínicos brasileiros e internacionais [1,3,5-7]. A vacinação contra influenza deve ser anual, devido ao caráter mutante do vírus e também em função da duração da proteção induzida pela vacina, que é de cerca de 12 meses [1]. A vacina pneumocócica, por sua vez, induz proteção que dura de 5 a 10 anos [3]. Na maioria dos casos, a administração de outra dose deve respeitar um intervalo mínimo de 5 anos [3]. 209 Vacinar é salvar vidas Essas vacinas podem ser encontradas em Clínicas de Vacinação. Além disso, os postos de saúde oferecem a vacina contra influenza aos maiores de 60 anos de idade durante a Campanha Anual de Vacinação do Idoso, e a vacina pneumocócica àqueles que, além de idade superior a 60 anos, apresentem algum fator de risco adicional, como doença crônica, durante todo o ano [2]. Todas as oportunidades para vacinação devem ser aproveitadas, a fim de garantir a proteção da população contra o vírus influenza e contra as infecções pneumocócicas. Vacinar é proteger. Proteja seus pacientes contra a gripe e contra o pneumococo, e reduza o risco de complicações, hospitalização e óbito decorrentes dessas infecções. Referências 1. Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Prevention and Control of Influenza: recomendations of the Advisory Committe on Imunization Practices (ACIP). MMWR 2002;51(RR-3). 2. Centro de Vigilância Epidemiológica de São Paulo (CVE-SP). Informe técnico. Campanha Nacional de Vacinação para o Idoso. Na internet: ftp://ftp.cve.saude.sp.gov.br/doc_tec/ informeidoso.pdf 3. CDC. Prevention of Pneumococcal Disease: recommendations of the Advisory Committee on Imunization Practices (ACIP). MMWR 1997;46(RR-8). 4. World Health Organization (WHO). Weekly epidemiological record 2002;35(75):281-8. 5. Toniolo-Neto et al. Safety of Simultaneous Pneumococcal and Influenza Vaccination in Elderly Patients in Brazil. Drugs and Aging 1999;15(Suppl1):43-45 6. Grilli G, Fuiano L, Biasio LR, Pregliasco F, Plebani A, Leibovitz, Ugazio AG, Vacca F, Profeta ML. Simultaneous influenza and pneumococcal vaccination in elderly individuals. European J Epidemiol 1997;13:287-91. Pozzilli P, Galle EAM, Visalli N, Baroni M, Crovari P, Frighi V, Cavallo MG, Andreani D. The immune response to influenza vaccination in diabetic patients. Diabetologia 1986;29:850-854. 210 Vasquez Netto J / Diabetes Clínica 03 (2002) 210~212 Diabetes Clínica Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 03 (2002) 210~212 ATUALIZAÇÃO O diabético e o vinho Jorge Vásquez Netto Membro do Conselho Diretor da Associação Uruguaia de Diabéticos, vice-presidente da Comissão Técnica da Associação Uruguaia de Diabetes, membro do Sindicato Médico do Uruguai, membro da Direção do Centro de Assistência do Sindicato Médico, assessor médico do governo departamental de Montevidéu Pode um diabético beber vinho? Sim, ele pode. Mas consideramos importante que o indivíduo portador de diabetes seja educado e bem informado sobre este assunto, de tal maneira que ele tenha a maior liberdade de decisão e que ela seja tomada de forma cuidadosa e inteligente. É evidente que a bebida alcoólica faz parte da nossa cultura e que seu consumo é um meio de socialização. O paciente diabético deve ter um mínimo de conhecimentos sobre o vinho para poder responder às seguintes perguntas: · O que é o vinho? · Quais são as suas qualidades? · O que é um vinho ecológico? · Que ação ele tem sobre o diabético? O que é o vinho? O vinho é um líquido que se obtém do suco da uva, e, por efeitos de sua fermentação natural, transforma o açúcar desta fruta em álcool e outros componentes, por ação das leveduras próprias da uva. A uva é formada por água em 80%, taninos em aproximadamente 3%, materiais minerais (2 a 3%), colorantes, flavonóides, antocianos, matérias pépticas, etc, mais açucares, ácidos orgânicos livres, ácidos orgânicos combinados, tudo o que se transforma no processo de fermentação, sendo a principal transformação a do açúcar em álcool com liberação de gás carbônico. Praticam-se dois tipos de fermentações alcoólicas, a dos vinhos tintos por maceração (o grão de uva inteiro) durante todo o processo de fermentação, ou seja, até o consumo total do açúcar da uva, e a dos vinhos brancos sem maceração, onde não se usa a casca e a fermentação é feita só com o suco da uva. Isso é a grande diferença entre as qualidades que apresentam todos os vinhos tintos, que utilizam toda a riqueza da casca da uva e os vinhos brancos, que fermentam sem a casca e sementes. Posteriormente o vinho continua o seu processo de transformações naturais, através de leveduras secundárias e bactérias, onde se transformam o ácido málico da uva em ácido láctico (fermentação maloláctica) que contribui à estabilidade dos vinhos, harmonizando aromas e sabores. Endereço para correspondência: Jorge Vásquez Netto, Br. José Battle y Ordoñez 2223 Apto. 803, Montevidéu, Uruguai, Tel: +59 82- 487-1415 Vasquez Netto J / Diabetes Clínica 03 (2002) 210~212 Constituição do vinho Anidrido carbônico Anidrido sulfuroso. Água; Álcool etílico Álcoois superiores: Etanol Ésteres Ácidos volátei Glicerol, taninos, materiais colorantes, gomas e pectinas, sulfatos: Cloruros: Fosfatos, etc. Quantidade Dose máxima 90 mg/l 70 a 80% 9º a 14º/litro 0,15% a 0,50% 0,005 a 0,5 0,5 a 1,5 0,3 a 0,5g menos de 1g/l menos de 0,3 g/l Os vinhos ficam em repouso depois da fermentação por dois meses, de maneira que se estabelecem naturalmente, esfriam-se posteriormente para maior decantação natural e, antes de engarrafá-los, filtram-se. No caso de vinhos brancos e rosados, se procede o seu engarrafamento ao mínimo quatro meses após a colheita. Os vinhos tintos repousam mais tempo, mínimo de 6 meses até 2 anos, em tonéis de carvalho de Nancy. Quais são as qualidades do vinho? Pasteur dizia que o vinho é a mais sã e a mais higiênica de todas as bebidas. A tradição conta que ele facilita a digestão e a eliminação de resíduos, esquenta os sentidos, alimenta o cérebro, destruí os maus humores, renova o sangue e facilita a sua circulação. O Dr. Lino Businco, professor da Universidade de Roma, afirma que o vinho não é uma simples solução alcoólica produzida pela fermentação de açucares da uva. Segundo ele, o vinho é uma mistura de substancias biológicas onde se reconhecem, fora da água, o álcool, a glicerina, vitaminas do grupo B, vitaminas C e elementos minerais (potássio, sódio, cálcio, magnésio, fósforo, ferro, cobre, zinco, ácido tártrico, ácido láctico, etc). Os poligenóis, abundantes especialmente nos vinhos tintos, contem pigmentos antocianos, taninos, que têm propriedades bactericidas, vitamínicas, protetores dos capilares e anticolesterol. Em maio de 1979, num trabalho publicado no The Lancet, Saint-Leger, Cochrane et Moore estudaram a relação entre taxa de mortalidade e consumo de vinho em vários países desenvolvidos, e mostraram a estreita relação entre consumo e patologia cardiovascular: o maior consumo corresponde à menor taxa de morte por causa cardiovascular. Estudos posteriores verificaram esses achados, principalmente com o vinho tinto e, se é possível comprovar, que o vinho aumenta as lipoproteínas de alta densidade (HDL). Um estudo prospectivo recente indica que o consumo leve a moderado de álcool associa-se à diminuição 211 significativa do risco de mortalidade por causa cardiovascular, em diabéticos ou não. Estes achados coincidem com um estudo multinacional realizado pela OMS - um estudo epidemiológico do Wisconsin - e com um estudo realizado em enfermeiras, o qual demonstrou uma diminuição em quase 50% sobre o risco de mortalidade, em relação ao consumo moderado de álcool. Observa-se que o álcool é capaz de diminuir a agregação plaquetária e de aumentar a atividade fibrinolítica, quando no aumento do colesterol associado a HDL e sub-frações. Os mecanismos propostos seriam de maior eficiência ainda em pessoas diabéticas, nas quais a dislipidemia e os transtornos da coagulação são altamente prevalentes. Outro eixo a destacar é que a hiperinsulinemia, comum em diabéticos, tem sido implicada como um importante fator de risco cardiovascular. Esses estudos têm comprovado que o consumo moderado de álcool determina uma diminuição dos níveis plasmáticos de insulina. Em conclusão, os mais recentes trabalhos sobre o assunto indicam que o consumo de álcool associa-se à uma diminuição do risco de doença coronariana em pacientes diabéticos e não diabéticos. Os estudos epidemiológicos demonstraram uma associação inversa entre o consumo moderado de álcool e a incidência da patologia cardiovascular e mortalidade. O que é um vinho ecológico? É um vinho onde o processo de elaboração parte da uva tratada ecologicamente, sem uso de produtos derivados e síntese química. Ou seja, sem fertilizantes químicos, usando somente fertilizantes naturais de origem vegetal ou animal, sem utilização de fungicidas, retornando ao sulfato de cobre e enxofre, sem herbicidas, voltando ao trabalho da terra para evitar o pasto e as ervas daninhas. É como se trabalhava nos séculos passados, de maneira a obter uvas naturais. Este método é mais caro do que o cultivo moderno, por causa da mão de obra, vigor reduzido da planta por uso de fertilizantes naturais, menor eficiência do controle das doenças da fruta, porque os sulfatos de cobre e de enxofre são agentes mais preventivos do que curativos. Mas o resultado é uma uva 100% natural, que realiza a fermentação de forma completa, sem deixar resíduos de açúcar, baixo teor de carboidratos, poucas calorias e outros dados, fazendo que este vinho seja aconselhável para os pacientes diabéticos. O Uruguai é o primeiro país da América que lançou a produção de um vinho ecológico certificado, pela Sociedad Anônima Vitícola Uruguya Vinos de la Cruz, estabelecimento fundado em 1887. Esta empresa recebeu a certificação de organismos nacionais e internacionais, como a SGS (Société Générale de Surveillance), com sede na Holanda e a SCPB, certificadora da Associação 212 Vasquez Netto J / Diabetes Clínica 03 (2002) 210~212 Rural do Uruguai. Existe ainda um informe do LATU, onde certificá-se que os vinhos ecológicos não contém a presença de frutose, glicose e sacarose, e por essa razão, podem ser consumidos por pacientes diabéticos. Existem 5 variedades de vinhos ecológicos: 3 variedades de vinhos tintos (Malbec, Merlot e Pinot Noir), uma variedade de vinho branco da uva Arribola de origem francesa e uma variedade de vinho rosado da uva Muscat de Hamburgo. Afinal devemos recordar que o álcool pode esconder os sintomas de hipoglicemia. Por isto é importante que um familiar conheça bem a condição do indivíduo portador de diabetes, especialmente quando ele participa de festas. Em caso de algum problema, é sempre aconselhável fazer uma glicemia em urgência e agir em consequência. Qual é a ação do vinho sobre o indivíduo portador de diabetes? O álcool faz parte de nossa cultura e não é proibido para o paciente diabético, salvo contra-indicação expressa. Deve se evitar os vinhos com alto teor de açucares e é preferível o consumo de vinhos ecológicos. Recordamos que o vinho é uma bebida completa, diferenciada, variada, renovada, gratificante e pessoal. Sua historia, sua cultura e relação com o prazer gastronômico são parte da humanidade e é velha como o mundo. Da mesma forma que existem hormônios e medicamentos que favorecem a hiperglicemia (glucagon, catecolaminas, glucocorticóides, diuréticos tiazídicos, etc), existem outros que são responsáveis por hipoglicemias (insulina, sulfoniluréias, álcool, etc). Por isso é muito importante que o diabético seja informado sobre o assunto. A ingestão de álcool inibe a neoglicogênese, mas não a glicogênese, pois a hipoglicemia aparece quando os depósitos de glicogênio são reduzidos, em consequência da falta de aporte de alimentos. Portanto, um indivíduo portador de diabetes deve manter um registro cuidadoso de seus níveis de glicemia. É necessária uma atenção especial não só à quantidade ingerida, mas, sobretudo, à qualidade da bebida. Existem vinhos com conteúdo elevado de açucares que não só provocam hiperglicemia, como também aumentam o nível de triglicérides. Essas duas complicações podem afetar a saúde e devem ser evitados. Por isso é inconveniente o consumo de vinhos doces, e é aconselhado o consumo moderado de vinhos certificados, de boa qualidade como os ecológicos, sendo importante sempre comer alguma coisa antes e durante o consumo de vinho. Nunca se pode beber vinho com o estomago vazio. Devemos também considerar que muitas vezes o diabético ingere álcool em festas, o que implica um aumento do gasto energético e do consumo de glicose, e por isso devera ingerir uma quantidade suficiente de carboidratos antes, durante e depois da atividade. As recomendações da American Diabetes Association, sobre o tema Diabetes e álcool, são as seguintes: 1 – Se não existe contra-indicações do fato de outras doenças e se existe um bom controle metabólico, recomenda-se seguir de acordo com a população em geral. 2 – Nenhuma comida deve ser omitida do plano de alimentação em razão das calorias que o álcool pode trazer, pois poderia precipitar a hipoglicemia. Recomenda-se que se o álcool faz parte da alimentação diária, as calorias trazidas pela bebida devem substituir as calorias gordurosas. 3 – O consumo de álcool deve ser evitado em caso de gravidez e em pacientes com histórico de abuso de álcool. Conclusões Bibliografia Barona de Infnate, Luzardo Alvarez A. Sociedad y Salud, 1ª edição, Formas precisas Ed, Cali, Colômbia, 1991. Bonifazio JL, Torres J. Diabetes. Libreria Média Editorial , Montevidéu, Uruguay, 1980. Farreras-Rozman, medicina Interna, Harcourt, Madrid, Espanha, 2000. Feria de Campanelle S. Estúdio de prevalência em diabetes, revista de la associación de diabéticos del Uruguay, nov 2001. García de los Rios M. Diabetes mellitus. Clasificación y diagnóstico. 1º curso internationalde Diabetes mellitus, Universidad de la República, Facultad de medicina, Montevidéu, Uruguay, 1982 Goldschmidt de Arribeltz L. Importância de la activitad física em el diabético, 1º curso international de Diabetes mellitus, Universidad de la República, Facultad de medicina, Montevidéu, Uruguay, 1982. Goldschmidt de Arribeltz L. Tratamiento de la diabetes, Revista Sala de Espera;1(9), Montevidéu, Uruguay Goldschmidt de Arribeltz L. Las Nuevas insulinas, revista de la associación de diabéticos del Uruguay, nov 2001. Goodman and Gilman, Bases de Farmacologia y terapêutica, Pergamon presse. 1996 Grau JM, Guardiã J, Net A. Medicina interna fundamental, Springer, Verlag Ibérica, Barcelona, Espanha, 1998 Lorenzo JA, Pignataro F, Maldonado A. Diabetes y drogas. 1º curso international de Diabetes mellitus, Universidad de la República, Facultad de medicina, Montevidéu, Uruguay, 1982. Maggiolo J. Importância Del control metabólico de la diabetes mellitus. 1º curso international de Diabetes mellitus, Universidad de la República, Facultad de medicina, Montevidéu, Uruguay, 1982. American Diabetes Association 2002 / Diabetes Clínica 03 (2002) 213~216 Diabetes Clínica 213 Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 03 (2002) 213~216 ATUALIZAÇÃO American Diabetes Associação Ano 2002 Dislipidemia em adultos com diabetes Prevalência da dislipidemia no diabetes tipo 2 O padrão mais comum da dislipidemia em pacientes diabéticos tipo 2 é a elevação dos triglicérides e a diminuição do colesterol HDL. Em geral a concentração de colesterol LDL em pacientes diabéticos tipo 2 não é diferente à dos indivíduos não diabéticos. Os pacientes diabéticos podem apresentar níveis elevados de colesterol não-HDL (LDL e VLDL). Entretanto, os pacientes diabéticos tipo 2 apresentam uma preponderância de partículas de LDL menores e mais densas, mesmo se a concentração absoluta de colesterol LDL não esteja elevada de forma significativa. Finalmente, o nível médio de triglicérides em pacientes diabéticos tipo 2 é < 200 mg/dl (2,30 mmol/l) e 85-95% dos pacientes apresentam níveis de triglicérides inferiores a 400 mg/dl (4,5 mmol/l). Como em indivíduos não diabéticos, os níveis lipídicos podem ser afetados por fatores não relacionados à glicemia ou resistência à insulina, como por exemplo, a doença renal, o hipotireoidismo e a ocorrência freqüente de distúrbios das lipoproteínas geneticamente determinados. Estes distúrbios genéticos podem contribuir para a hipertrigliceridemia severa observada em alguns pacientes com diabetes. Além disso, o consumo do álcool e estrogênio podem contribuir também para a hipertrigliceridemia. Lipoproteínas como fatores de risco para a doença arterial coronariana (DAC) Relativamente poucos estudos prospectivos sobre lípides e lipoproteínas como prognosticadores de DAC, foram reportados em indivíduos com diabetes tipo 2, e os resultados, de certa forma, contraditórios. No Multiple Risk Factor Intervention Trial (MRFIT), o colesterol total, bem como o tabagismo e a pressão arterial, indicam o desenvolvimento de doença cardiovascular em indivíduos diabéticos e não diabéticos, sugerindo que os fatores de risco podem ser indicadores nos dois grupos. Em um estudo finlandês, o aumento nos níveis dos triglicérides e a diminuição nos níveis de colesterol HDL (nem o colesterol LDL nem o colesterol não-HDL) indicaram DAC em indivíduos com diabetes tipo 2 bem definido. Entretanto, após ajuste para colesterol HDL, nem os triglicérides, nem os VLDL, prognosticaram a DAC. Em estudos de observação, o HDL pode ser o melhor indicador de DAC em indivíduos com diabetes tipo 2, seguido pelo colesterol total e pelos triglicérides. Estudos clínicos da redução de lipídios em pacientes diabéticos Não foi realizado nenhum estudo clínico sobre os efeitos dos hipolipemiantes na DAC, especificamente em indivíduos diabéticos. Entretanto, vários estudos clínicos incluíram um pequeno número de adultos com diabetes tipo 2. No Scandinavian Simvastatin Survival Study, a simvastatina (inibidor da HMG CoA-redutase) reduziu de forma significativa a incidência de DAC e a mortalidade total em indivíduos diabéticos com colesterol LDL elevado e com DAC. No Cholesterol and Recurrent Events (CARE), a pravastatina reduziu de forma significativa a incidência de DAC em indivíduos diabéticos com níveis médios de LDL e com DAC clínica 214 American Diabetes Association 2002 / Diabetes Clínica 03 (2002) 213~216 anterior. No Helsinski Heart Study, o genfibrozila (derivado do ácido fíbrico) foi associado à redução de DAC em indivíduos diabéticos sem incidência anterior de DAC (embora este resultado não tenha sido estatisticamente significativo). No Veterans Affairs High Density Intervention Trial (VA-HIT), genfibrozila foi associado com diminuição em 24% dos eventos cardiovasculares em pacientes diabéticos com doença cardíaca pré-existente. Modificação das lipoproteínas através da terapia nutricional e da atividade física A perda de peso e o aumento da atividade física levará à redução dos triglicérides e ao aumento dos níveis de colesterol HDL e também à modesta redução do colesterol LDL. Os pacientes diabéticos que estão acima do peso devem ser orientados para um tratamento nutricional e aumento da atividade física. A quantidade de gordura saturada na refeição deve ser reduzida. A American Diabetes Association sugere um aumento nos carboidratos ou gorduras monosaturadas para compensar a redução da gordura saturada. Alguns estudos (mas não todos) sugerem que uma dieta com alto teor de gordura monoinsaturada pode apresentar melhores efeitos metabólicos, ao contrário de uma dieta com alto teor de carboidratos. A terapia nutricional reduz, em geral, 15-25 mg/dl do colesterol LDL (0,40-0,65 mmol/l). Desta forma, se o colesterol LDL está 25 mg/dl (0,65 mmol/l) acima da meta, o médico pode adotar um tratamento farmacológico aliado a uma terapia comportamental, para pacientes com alto risco (como pacientes diabéticos com infarto do miocárdio anterior e/ou outros fatores de risco de DAC). Em outros pacientes, as intervenções no comportamento podem ser avaliadas em intervalos de seis semanas, com avaliação do tratamento farmacológico entre 3 e 6 meses. Modificação das lipoproteínas pelos agentes hipoglicemiantes alterações. O colesterol LDL pode diminuir modestamente (em até 10-15%), alcan-çando um controle glicêmico ideal. Com um melhor controle glicêmico podese também diminuir os níveis de triglicérides e alterar favorávelmente na composição do LDL. Objetivos do tratamento das lipoproteínas As categorias de risco de DAC, de acordo com os níveis de lipoproteína nos pacientes diabéticos tipo 2, são apresentadas na tabela 1. Devido as freqüentes alterações no controle glicêmico em pacientes diabéticos e seus efeitos nos níveis de lipoproteínas, os níveis de LDL, HDL e colesterol total, bem como os níveis de triglicérides, devem ser medidos anualmente em pacientes adultos. Se os valores caírem a níveis de risco mais baixo, a avaliação deve ser realizada a cada 2 anos. Em crianças diabéticas, a avaliação das lipoproteínas deve ser considerada após os 2 anos de idade. Tabela 1 – Categoria de risco baseada nos níveis de lipoproteína em adultos com diabetes Risco Colesterol LDL Colesterol HDL Triglicérides Alto >130 < 35 > 400 100-129 35-45 200-399 < 100 > 45 < 200 Limítrofe Baixo Os dados são apresentados em miligramas por decilitro. Para as mulheres, os valores de colesterol HDL devem ser aumentados em 10 mg/dl. Os níveis ideais de colesterol LDL para adultos com diabetes são de < 100 mg/dl (2,60 mmol/l), os de colesterol HDL são > 45 mg/dl (1,15 mmol/l) e os níveis desejáveis de triglicérides são < 150 mg/dl (1,70 mmol/ l). Em mulheres que, pelo menos quando não diabéticas, tendem a apresentar níveis de colesterol HDL mais altos que os homens, é desejável que apresentem níveis de colesterol HDL superiores a 45 mg/dl [1,15 mmol/l]. Entretanto, é muito difícil elevar os níveis de colesterol HDL com medicamentos em pacientes diabéticos, uma vez que o agente mais eficaz na elevação do colesterol HDL é o ácido nicotínico, que é relativamente contra- A melhora da glicemia geralmente reduz os níveis de triglicérides. Em geral, os agentes hipoglicemiantes não alteram ou apresentam apenas um efeito modesto na elevação dos níveis de HDL. Entretanto, a Tabela 2 – Decisões de tratamento baseadas no nível de colesterol LDL em adultos com diabetes composição do HDL Terapia nutricional Tratamento medicamentoso pode mudar num sentido considerado antiaNível inicial Meta do LD Nivel inicial Meta do LDL terogênico. As tiaCom CAD, DVC ou DVP ≥ 100 < 100 ≥ 100 < 100 zolidinedionas podem Sem CAD, DVC e DVP ≥ 100 <100 ≥ 130* < 100 aumentar os níveis de HDL e LDL, mas não é Os dados são apresentados em miligramas por decilitro. *Para pacientes com LDLentre 100 e 129 mg/ conhecido o efeito a dl, várias estratégias de tratamento são possíveis, como terapia nutricional mais agressiva e tratamento longo prazo dessas com estatinasdevem ser aumentados em 10 mg/dl. American Diabetes Association 2002 / Diabetes Clínica 03 (2002) 213~216 indicado para pacientes diabéticos. Os fibratos podem elevar os níveis de colesterol HDL de forma significativa sem afetar o controle glicêmico. O tratamento farmacológico deve ser iniciado depois de adotadas intervenções no comportamento. Entretanto, em pacientes com doença arterial coronariana clínica (DAC) ou com níveis de colesterol LDL muito elevados (ou seja, ≥ 200 mg/dl [5,15 mmol/l], o tratamento farmacológico deve ser iniciado simultaneamente à terapia comportamental. Para pacientes diabéticos com DAC clínica e nível de colesterol LDL e ≥ 100 mg/dl (2,60 mmol/l) após terapia nutricional e hipoglicemiante, é recomendado o tratamento farmacológico. Para pacientes diabéticos sem incidência anterior de DAC, as atuais recomendações da ADA para o início do tratamento farmacológico são: 1) nível de colesterol LDL ≥ 130 mg/dl (3,35 mmol/l); 2) meta de < 100 mg/dl (2,60 mmol/l) para o colesterol LDL (tabela 2). Estas recomendações baseiam-se, não apenas na alta incidência de DAC em pacientes com diabetes, mas também no maior índice de fatalidade. Como grande parte dos pacientes diabéticos morrem antes de chegar ao hospital, uma estratégia de prevenção, baseada unicamente na prevenção secundária, não seria capaz de “salvar” um grande número destes pacientes. A tabela 3 mostra a ordem de prioridades para o tratamento das dislipidemias. O tratamento do colesterol LDL é a primeira prioridade para a terapia farmacológica. O tratamento inicial da hipertrigliceridemia é a modificação no comportamento, com perda de peso, aumento da atividade física e moderação no consumo de álcool. No caso da hipertrigliceridemia severa (e” 1000 mg/dl, 11,3 mmol/l), é necessária a restrição do consumo de gordura (< 10% de calorias), associada ao tratamento farmacológico, para reduzir o risco de pancreatite. O aumento do controle glicêmico (facilitado pela introdução de novos agentes hipoglicemiantes e pelo uso mais freqüente de tratamentos associados) é também muito eficaz para reduzir os níveis de triglicérides e deve ser amplamente empregado antes da introdução dos ácidos fíbricos. Após atingir um controle glicêmico ideal (ou pelo menos atingir o melhor controle glicêmico possível), o médico pode considerar a adição de um ácido fíbrico. Na tabela 1, a decisão de iniciar o tratamento medicamentoso depende da avaliação do médico, quando os níveis de triglicérides estejam entre 200 (2,30 mmol/ l) e 400 mg/dl (4,50 mmol/l). Acima de 400 mg/dl (4,50 mmol/l), deve-se considerar o tratamento farmacológico da trigliceridemia. Em contrapartida, um melhor controle glicêmico irá reduzir modestamente os níveis de colesterol LDL, e, portanto, em pacientes diabéticos com altos níveis de colesterol LDL e glicose, pode-se iniciar simultaneamente o tratamento com hipoglicemiantes e estatina. Em alguns estudos, doses mais altas de estatinas são eficazes na redução dos níveis de triglicérides em 215 indivíduos acentuadamente hipertrigliceridêmicos (triglicérides ≥ 300 mg/dl [3,40 mmol/l]). O aspecto fundamental é que o genfibrozila não deve ser iniciado isoladamente em pacientes diabéticos, que apresentem níveis indesejáveis de triglicérides e colesterol LDL. O fenofibrato, um derivado do ácido fíbrico recentemente aprovado, pode apresentar um efeito maior na redução do LDL e pode ser útil para pacientes diabéticos com hiperlipidemia associada. Embora o colesterol HDL, como observado acima, seja um forte indicador de DAC, é difícil elevar os níveis de colesterol HDL sem intervenção farmacológica. Os fibratos e o ácido nicotínico, que é relativamente contra-indicado para pacientes diabéticos, podem aumentar de forma efetiva os níveis de colesterol LDL. As intervenções no comportamento (perda de peso, interrupção do tabagismo, aumento da atividade física) podem aumentar o colesterol HDL. Tabela 3 – Ordem de prioridades para o tratamento da dislipidemia diabética em adultos I. Redução do colesterol LDL Primeira escolha Inibidor da coenzima HMG A - redutase (estatina) Segunda escolha Resina de ligação ao ácido biliar (resina) ou fenofibrato II. Elevação do colesterol HDL Intervenções no comportamento, como por exemplo, perda de peso, aumento da atividade física e abandono do tabagismo podem ser úteis Controle glicêmico Difícil, exceto com o ácido nicotínico, que é relativamente contra-indicado, ou fibratos III.Redução dos triglicérides A prioridade é o controle glicêmico Derivado do ácido fíbrico (genfibrozila, fenofibrato) As estatinas são moderadamente eficazes em doses altas nos indivíduos hipertriglicerídicos que apresentem também um colesterol LDL alto. IV.Hiperlipidemia combinada Primeira escolha Aumento do controle glicêmico associado à dose de estatina Segunda escolha Aumento do controle glicêmico associado à estatina, ao derivado do ácido fíbrico (genfibrozila, fenofibrato) Terceira escolha Aumento do controle glicêmico associado à resina, ao derivado do ácido fíbrico (genfibrozila, fenofibrato) Aumento do controle glicêmico associado à estatina, ao ácido nicotínico (o controle glicêmico deve ser monitorado cuidadosamente). Em alguns casos, o tratamento associado pode ser iniciado. Várias opções são apresentadas na tabela 3. A combinação das estatinas com ácido nicotínico, 216 American Diabetes Association 2002 / Diabetes Clínica 03 (2002) 213~216 especialmente com genfibrozila ou fenofibrato, foi associada a um aumento do risco de miosite, embora o risco de miosite clínica (em oposição aos níveis elevados de fosfocinase de creatinina) pareça menor. A associação de estatinas com ácido nicotínico é extremamente eficaz na modificação da dislipidemia diabética (com os maiores aumentos nos níveis de colesterol HDL), mas a combinação pode agravar de forma significativa a hiperglicemia. Assim, esta associação deve ser usada com bastante cuidado: empregue doses baixas de ácido nicotínico (£ 2 g de ácido nicotínico por dia) com controle freqüente dos níveis de glicose. normal). Sua composição de lipoproteínas pode ser anormal, mas os efeitos destas anormalidades em relação à DAC são desconhecidos. Existem relativamente poucos dados de observações sobre as lipoproteínas e a DAC, e não existem estudos clínicos relacionando as lipoproteínas à DAC. Os pacientes diabéticos tipo 1, que apresentam níveis de colesterol LDL acima das metas recomendadas para pacientes diabéticos tipo 2 (tabela 2), devem ser submetidos a um tratamento eficaz. Para a redução da DAC, a melhora do controle glicêmico pode ser mais importante para os pacientes diabéticos tipo 1 do que para o do tipo 2. Agentes redutores de lípides Conclusões Geralmente, estão disponíveis um ou dois agentes em cada classe, com exceção das estatinas em que existem muitas opções. A escolha da estatina depende principalmente da redução de LDL necessária para alcançar a meta (< 100 mg/dl [2,60 mmol/l], o nível inicial do LDL e a apreciação do médico. Deve-se observar também que doses mais altas de estatinas podem ser moderadamente eficazes na redução dos níveis dos triglicérides (embora não necessariamente na elevação dos níveis de HDL) e, assim, podem reduzir a necessidade de tratamento associado. Com o uso de altas doses de estatinas, os níveis de LDL devem ser reduzidos para 80 mg/dl (2,05 mmol/l) ou menos, e não existem dados de segurança nestes níveis baixos de LDL. O uso de doses muito altas de estatina (simvastatina 80 mg ou atorvastatina 40 ou 80 mg) para tratar a hipertrigliceridemia, deve restringir-se aos pacientes com níveis elevados de colesterol LDL, bem como, níveis elevados de triglicérides. Devem ser realizadas mudanças no tratamento em intervalos de 4 a 6 semanas, dependendo dos resultados dos exames de controle. O tratamento intenso da dislipidemia diabética reduzirá provavelmente o risco de DAC em pacientes com diabetes. O tratamento inicial deve ser voltado para a redução dos níveis de LDL. A meta é reduzir as concentrações de LDL aos níveis recomendados para pacientes com DAC pré-existente (£ 100 mg/dl [2,60 mmol/l]). O nível inicial em que são recomendadas intervenções comportamentais é de um colesterol LDL > 100 mg/dl (2,60 mmol/l). O tratamento inicial deve ser o uso de estatina com adição de uma resina, caso seja preciso para atingir a meta. Entretanto, os dados de estudos clínicos são limitados, especialmente em pacientes diabéticos sem doença cardiovascular. Na ausência de tais dados, devido à alta mortalidade de pacientes diabéticos com o primeiro infarto do miocárdio, é também indicado o tratamento intensivo da dislipidemia. Para pacientes sem DCV anterior, a meta para o colesterol LDL é £ 100 mg/dl (2,60 mmol/l). O nível para iniciar o tratamento farmacológico é ³ 130 mg/dl para o LDL (3,35 mmol/l). Para pacientes com LDLentre 100 e 129 mg/dl, várias estratégias de tratamento são possíveis, como terapia nutricional mais agressiva e tratamento com estatinas. O tratamento inicial da hipertrigliceridemia é a melhora do controle glicêmico. A redução dos triglicérides pode ser alcançada com doses muito altas de estatinas (para indivíduos com triglicérides e LDL altos) ou derivados de ácido fíbrico (genfibrozila ou fenofibrato). Considerações sobre o tratamento de adultos com diabetes tipo 1 Os pacientes diabéticos tipo 1 submetidos a um bom controle, tendem a apresentar níveis normais de lipoproteínas (e algumas vezes níveis inferiores ao Recomendações da International Diabetes Federation / Diabetes Clínica 03 (2002) 217~220 Diabetes Clínica 217 Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 03 (2002) 217~220 ATUALIZAÇÃO International Diabetes Federation: Complicações do diabetes e educação Introdução Diabetes mellitus condicionou a saúde de 110 milhões de indivíduos nos anos 1990. Este número vai dobrar para 221 milhões até 2010. A maioria desses indivíduos experimentarão complicações agudas e/ou a longo prazo durante sua vida. Complicações crônicas do diabetes (microangiopatia, macroangiopatia e neuropatia) eram virtualmente desconhecidas até 10-20 anos após a descoberta da insulina em 1921. Desde então, indivíduos portadores de diabetes têm uma esperança maior de vida, mas devem enfrentar os problemas das complicações do diabetes. Um grande desafio da pesquisa no manejo do diabetes foi desenvolvido nas últimas décadas. Os resultados do Diabetes Controle and Complications Trials (DCCT) em 1993 para os pacientes portadores de diabetes tipo 1, o estudo Kumamoto em 1995 e o UK Prospective Diabetes Study (UKPDS) em 1998, para as pessoas portadoras de diabetes tipo 2, alteraram profundamente a cura do diabetes. Mesmo que a duração do diabetes seja um dos fatores de risco para o desenvolvimento de complicações crônicas, esses estudos mostraram que alguns fatores de riscos, notavelmente a hiperglicemia e a hipertensão, aumentam o progresso e a gravidade das microangiopatias. Complicações crônicas do diabetes estão destruindo os indivíduos portadores de diabetes. Dirigir a sua vida para evitar as complicações agudas do diabetes é também um desafio. A evidência do DCCT e do UKPDS, que a normoglicemia previne o desenvolvimento, ou adia a progressão de complicações crônicas, aumentou a incidência da hipoglicemia, especialmente em diabéticos tipo 1. Por essa razão, a hipoglicemia foi denunciada como o maior obstáculo para o bom controle do diabetes tipo 1. Complicações do diabetes têm um impacto sócioeconômico significativo, não só para o indivíduo diabético, mas também para a nação e globalmente. Estratégias de manejo privilegiam a prevenção, detecção precoce e tratamento apropriado do diabetes e de suas complicações, para diminuir a mórbida e mortalidade dos diabéticos. As complicações agudas do diabetes incluem: · Cetoacidose em indivíduos portadores de diabetes tipo 1 · Síndrome de hiperglicemia hiperosmolar em indivíduos portadores de diabetes tipo 2 · Hipoglicemia em indivíduos portadores de diabetes tipo 1 ou tipo 2, tratados por insulina ou portadores de diabetes tipo 2, tratados por sulfoniluréias ou sulfoniluréias em associação com insulina. As complicações crônicas do diabetes podem ser agrupadas em 4 tipos principais: · Microvascular: Nefropatia e retinopatia · Macrovascular: Coração isquêmico; doença cérebrovascular e doença vascular periférica · Neuropatia : Periférica e autonômica · A doença do pé diabético é habitualmente uma associação de neuropatia e alterações macro e microvasculares. 218 Recomendações da International Diabetes Federation / Diabetes Clínica 03 (2002) 217~220 Prevalência das complicações crônicas do diabetes Indivíduos portadores de diabetes tipo 1 ou 2 são susceptíveis de complicações crônicas do diabetes. Existe uma relação linear entre a duração do diabetes e as complicações crônicas. Existe também uma relação linear entre a idade e o desenvolvimento de complicações crônicas: o risco é maior no paciente mais velho. Após 15 anos de diabetes, mais de 90% dos diabéticos tipo 1 e 55-85% dos portadores do tipo 2, têm uma forma qualquer de retinopatia diabética. Dentre os portadores de diabetes tipo 2, 21% tinham uma retinopatia na época do diagnóstico. 30-40% dos pacientes diabéticos tipo 1 e 20-30% do tipo 2, desenvolvem uma nefropatia diabética após 30 anos de duração da doença. Quase 70% dos pacientes diabéticos apresentam um grau de lesão nervosa periférica, dos quais 25% têm sintomas suficientes para interferir nas atividades diárias. A neuropatia é presente em 12% dos pacientes no momento do diagnóstico. As taxas de mortalidade por doença arterial coronariana em pacientes diabéticos, são duas a três vezes maiores em homens e mulheres diabéticos, quando comparados com populações não diabéticas. Para as doenças vasculares cerebrais, os diabéticos apresentam também taxas de mortalidade 3 a 5 vezes maiores do que a população não diabética. Os diabéticos têm um risco de amputação 15 vezes maior do que os não-diabéticos, em razão da neuropatia periférica e /ou da doença vascular. Papel da educação na prevenção das complicações diabéticas A importância do papel da educação em diabetes no manejo do diabetes foi descrita pelo Dr EP Joslin a partir de 1920. Apesar de que inúmeros estudos mostraram melhoras do controle glicêmico com a educação em diabetes, continua a prevalência das complicações. Uma explicação possível: existe um gap entre o que os pacientes diabéticos deveriam fazer para cuidar da sua doença e prevenir as complicações, comparado com o que eles fazem realmente. Ultrapassar este gap pode ajudar entender que a educação em diabetes vai mais longe de que melhorar a informação e o auto-cuidado físico. Magnitude dos problemas de educação em diabetes O diabetes é uma doença crônica com graves complicações, pela qual os indivíduos são responsáveis por 95% de seus próprios cuidados. Assim, é importante que eles adquiram o conhecimento sobre as ferramentas de auto-cuidado para as decisões diárias A complexidade no manejo do diabetes e sua integração na vida diária, explicam a dificuldade da adaptação ao tratamento. A má adaptação do paciente ao tratamento prescrito é ainda o maior obstáculo para o controle do diabetes e a prevenção de suas complicações agudas e crônicas. A literatura identifica 4 fatores associados como boas ferramentas de auto-cuidado: · Características dos pacientes · Características da relação paciente-médico e sistema de saúde · Ausência de stress ligado à doença · Características da rede e do contexto social. Características dos pacientes Caracteres pessoais, estilo de vida com problemas específicos ou stress, crenças pessoais, compreensão da doença e estilo de aprendizagem, são indicadores dos comportamentos de auto-cuidados em indivíduos portadores de doenças crônicas como o diabetes. Crenças sobre a saúde dos indivíduos e suas percepções da terapia do diabetes podem facilitar ou inibir a adaptação ao tratamento e ao controle glicêmico. O desenvolvimento de ferramentas eficientes melhoram os auto-cuidados e o controle metabólico, permitindo uma maior auto-estima e melhor eficácia no tratamento do diabetes. Estudos demonstraram que a realização de mudanças em comportamentos múltiplos, para diminuir o risco de complicações em doenças, exige um nível elevado de cognição, bem como a vontade de alterar o comportamento. Características da relação paciente-médico e sistema de saúde Vários estudos documentam a importância das ferramentas de comunicação dos médicos e a sua interação com os pacientes, como fatores determinantes da adaptação e satisfação com o tratamento. Os pacientes aderem muito mais ao tratamento quando o médico fornece explicações claras e comentários positivos. Ausência de stress ligado à doença Os indivíduos portadores de diabetes de grupos socialmente e culturalmente desfavorecidos, tendo menos acessos aos recursos de saúde, têm uma maior incidência de complicações diabéticas e da taxa de mortalidade. Isso resulta, em parte, da menor aceitação nas classes baixas, do comportamento de prevenção e de manutenção da saúde. Um exemplo é o tabagismo. A complacência do paciente depende da sua cooperação e da compreensão da doença. Características da rede e do contexto social O suporte social ou os obstáculos sociais ao tratamento, têm profundos efeitos sobre a prevenção das Recomendações da International Diabetes Federation / Diabetes Clínica 03 (2002) 217~220 complicações do diabetes tipo 1 ou 2. O controle crônico inadequado reflete mais do que a falta de informação; disfunção da família, falta de coesão familiar, adaptabilidade e conflitos, são associados à baixa complacência do tratamento. 219 diabéticas. O UKPDS demonstrou a importância do controle da pressão sanguínea para reduzir as complicações no diabetes tipo 2. Hipertensão também tem um impacto significativo no pacientes diabético tipo 1. Hipertensão e tabagismo induzem um aumento dramático do risco de complicações. O sistema de saúde Estratégias de manejo 1 – Em vários sistemas, os profissionais de saúde não trabalham de acordo com os padrões recomendados. Por exemplo, um ano após a difusão das recomendações da retinopatia, muitos profissionais ainda não abriram recomendações. No mesmo estudo, só 26% dos indivíduos portadores de diabetes reportaram que receberam os cuidados completos, tais como são descritos nas recomendações. Apesar da incidência da amputação dentre os diabéticos, os profissionais não promovem os cuidados preventivos do pé. 2 – Há um falta de informação fornecida aos portadores de diabetes sobre a importância da detecção precoce das complicações. A rastreamento anual das complicações diabéticas não é ainda uma prática padrão para muitos profissionais de saúde. Estudo em 150 mulheres de baixa renda, reportou gaps significativos em seu conhecimento sobre as complicações do olho, correlatas ao diabetes e métodos para diminuir este risco. No mesmo estudo, 75% dos pacientes não eram informados da necessidade de um rastreamento anual para a detecção de doença do olho com complicações diabéticas. Outro estudo, que identificou as causas do aumento significativo das hospitalizações para complicações diabéticas, indicou que 50% dos indivíduos portadores de diabetes nunca receberam educação de auto-cuidado. 3 - Como consequência da insuficiência de pessoal formado e da falta de recursos, a maioria dos portadores de diabetes não são acompanhados em centros especializados, especialmente nos países do terceiro mundo. Um bom exemplo é um estudo realizado para avaliar o status do atendimento ao diabético na China, onde existe mais de 20 milhões de pessoas com a doença. Neste estudo, a análise mostrou que os pacientes diabéticos são hospitalizados no bairro ou na comunidade. Mesmo para os pacientes hospitalizados em centros especializados, faltam médicos e enfermeiras treinados em diabetes. Nutricionistas são quase ausentes da equipe de diabetes. 4 – Muitos profissionais de saúde, atuando em centros de diabetes não especializados, não fornecem a devida educação sobre a doença. As razões identificadas incluem negligência da necessidade de educação sobre a doença, conhecimentos insuficientes sobre o manejo do diabetes e falta de tempo. 5 – Os programas tradicionais de educação em diabetes não enfatizam suficientemente a importância do controle da pressão sanguínea para a prevenção das complicações Prevenção, detecção precoce e tratamento são as três regras de ouro para a educação em diabetes. Prevenção · Educação em diabetes deve estar disponível para todos os indivíduos portadores da doença. Em um estudo realizado para identificar os fatores de risco para o desenvolvimento, a longo prazo, das complicações diabéticas, foi observado que: aumenta o risco de desenvolvimento de complicações, nos pacientes que não recebem nenhum tipo de educação (odds ratio, OR = 4,1; IC 95% - 1,7-9,7). · Através do programas de intervenção, os indivíduos portadores de diabetes devem ser informados dos resultados do DCCT e UKPDS, o que permite a identificação dos fatores de risco e, assim, agir para alterar o estilo de vida. Educação em diabetes deve incluir informação sobre a prevalência, fatores de risco, prevenção, modelos de tratamento e ferramentas de autocuidado. · Estimular o indivíduo portador de diabetes em participar plenamente de seu próprio cuidado e tomar decisões informadas. Uma avaliação de programa de estimulação com um grupo de portadores da doença é eficiente para melhorar a auto-eficácia e diminuir a hemoglobina glicosilada. - Quando um programa de educação em diabetes é desenhado de maneira apropriada no contexto de valores culturais, crenças, atitudes e estilo de vida para cada população, melhora o controle metabólico dos portadores da doença. · Fatores que afetam as características de indivíduos portadores de diabetes devem ser considerados na organização de programas educacionais, em razão da sua influência na aceitabilidade da educação e controle glicêmico. · Indivíduos portadores de diabetes de grupos desfavorecidos têm necessidades educacionais diferentes. Programas de educação devem ser estruturados para incluir as suas necessidades específicas. · Aumentar a atenção sobre a importância do controle da pressão sanguínea entre os indivíduos portadores de diabetes, contribui significativamente à prevenção das 220 Recomendações da International Diabetes Federation / Diabetes Clínica 03 (2002) 217~220 complicações da doença. O UKPDS e outros estudos demonstraram que pacientes diabéticos, que têm um bom controle de pressão sanguínea, apresentam menores taxas de mortalidade (42% para acidente vascular cerebral e 14% para doença arterial coronariana). No mesmo estudo, foi indicado que o manejo multidisciplinar da hipertensão é fortemente recomendado, porque resulta no melhor controle da pressão sanguínea do que em outros modelos. · Complicações agudas do diabetes podem ameaçar a vida, como a alteração do estado mental, a perda da consciência e, possivelmente, a morte. Prevenção, conhecimento dos sintomas e modelos de ação, são tópicos importantes para ensinar em programas de educação após diagnóstico. Familiares devem ser incluídos no programa de educação. · A eficiência da educação em diabetes deve ser periodicamente reavaliada e revisada. · Educação em diabetes deve ser um processo estruturado e continuo. A revisão deve ocorrer em intervalos periódicos e novos resultados de pesquisas devem ser mostrados aos indivíduos portadores de diabetes. Vários estudos demonstram os benefícios a curto prazo da educação em diabetes. Entretanto, poucos estudos foram realizados para observar a eficiência da educação para manter um bom controle metabólico a longo prazo. Tankova observou uma diminuição do controle metabólico nos pacientes após um ano de educação. Em estudo de acompanhamento de 6 anos de 106 pacientes diabéticos tipo 1, o controle glicêmico se deteriorou após 3 anos de educação. Outro estudo sobre a avaliação da educação em diabetes após 3 anos, observou uma taxa de declínio entre 2 e 2,5 anos. Baseada nestes achados, a reeducação é absolutamente necessária para manter os efeitos benéficos da educação e deve ser realizada em intervalos de 2 anos. · Os cuidados do diabetes com programa familiar pode ajudar na adaptação ao tratamento. Entender o contexto familiar de cuidados, crenças e organização ajudará bastante para melhorar os resultados nas intervenções com o paciente e na família. · Bons relacionamentos paciente-médico são essenciais para melhorar a complacência ao tratamento e o controle metabólico dos pacientes diabéticos. · Educação para atualizar os cuidados e o manejo do diabetes deve estar disponível para os profissionais de saúde. Tópicos de discussão devem incluir prevenção, detecção precoce e manejo das complicações diabéticas, estratégias de mudanças das práticas atuais, ciência do comportamento e conhecimentos dos fatores culturais. · Recomendações e modelos de cuidados devem estar disponíveis para todos os profissionais que trabalham com pacientes diabéticos. E deve ser enfatizada a necessidade de seguir os modelos de cuidados. Diminuições da taxa de amputação entre 44 e 85% foram reportadas, após melhora devido à educação em cuidados do pé. · Colaboração do sistema público de saúde e estratégias comunitárias, são outras estratégias utilizadas para a promoção da saúde na detecção precoce do diabetes e complicações. Difusão da informação deve incluir prevalência, fatores de risco, prevenção, detecção precoce e modelos de tratamento. Detecção precoce · Todos os indivíduos portadores de diabetes tipo 1 após puberdade ou 5 anos pós diagnóstico, e todos os portadores de diabetes tipo 2, devem ser informados sobre a necessidade de um programa de rastreamento anual das complicações diabéticas. · Todas as mulheres portadoras de diabetes em idade de gravidez, devem ser informadas do programa de rastreamento das complicações diabéticas antes da gravidez. Manejo das complicações · Na presença de complicações, os pacientes devem receber tratamento e educação apropriados. Após o tratamento e educação de 6 meses em 32 pacientes portadores de diabetes tipo 2 e doença cardíaca isquêmica crônica, o número de fatores de risco cardíaco diminuiu, a qualidade de vida e o controle metabólico melhoraram, e HbA1c diminuiu de 11% para 8%. · Programas de reabilitação devem ser propostos aos pacientes debilitados pelas complicações do diabetes. Conclusão Com a evidência dos estudos do DCCT e UKPDS sobre a possível prevenção das complicações crônicas do diabetes, a educação em diabetes tem um papel muito importante para a prevenção e o manejo das complicações. Na ausência de programa de educação, as complicações do diabetes não podem ser prevenidas. Realizar um controle glicêmico ideal é um processo complexo, envolvendo treinamento em auto-cuidados em diabetes, onde o doente é o primeiro quem decide e a equipe de profissionais em saúde fornece suporte e recomendações apropriadas. Com melhor conhecimento da ciência do comportamento e compreensão dos fatores culturais da educação em diabetes, teremos melhores ferramentas para atingir nosso principal objetivo – melhorar a qualidade de vida dos indivíduos portadores de diabetes. Diabetes Clínica 03 (2002) 221 7º Congresso Brasileiro Multiprofissional em Diabetes 7ºExposição Nacional de Produtos e Alimentos para Diabéticos Dias 26, 27 e 28 de Julho de 2002 - Fundação Alvares Penteado - FECAP - São Paulo - SP DISTRIBUIÇÃO DOS SIMPÓSIOS POR SALA Abertura solene: auditório Conde Honório Álvares Penteado, de 08:30 às 10:00 Transmissão simultânea nas salas do 6º andar – bloco C SEXTA, 26 DE JULHO DE 2002 Manhã de 10 às 12 horas Simpósio 1 Diabetes Mellitus : Estado atual Conferência de abertura: Resultados Atuais do Plano de Reorganização da Atenção ao Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial do Ministério da Saúde Do Presente para o Futuro : O impacto do Diabetes Desvendando a Biologia Molecular da Síndrome da Resistência à Insulina Simpósio 2 - Auditório Aspectos Básicos da Terapia Nutricional em Diabetes Mellitus Conduta Nutricional Atual e Contagem de Carboídratos O Paciente Diabético em Atividade Física - Como Evitar e Tratar a Hipoglicemia Orientação Nutricional em Situações Especiais Terapia Nutricional da Gestante Diabética Experiências de um Centro de Referência Simpósio 3 - Sala 131 Dislipidemias e Diabetes Novas Interpretações dos Mecanismos Fisiopatológicos Os Consensos Nacionais e Internacionais sobre Dislipidemias: Implicações para Diabéticos As Grandes Investigações Epidemiológicas sobre Dislipidemias Diagnóstico Labotatorial e Bases do Tratamento Clínico Prevenção da Doença Cardiovascular: Aspecto Clínico e Fisiopatológico Relacionados ao Tratamento Dietético Simpósio 4 - Sala 331 Atualização em Diabetes Mellitus na Infância e Adolescência Possibilidades Etiológicas - Novos Enfoques Diagnóstico e Tratamento Ambulatorial do Diabetes Mellitus Tipo 2 na Infância e Adolescência Complicações do Diabetes Mellitus Tipo 1 - Como monitorá-las Novas Insulinas - Novas Perspectivas Terapêuticas Cetoacidose Diabética - Experiência do Instituto da Criança -FMUSP Simpósio 5 - Sala 332 Educação em Diabetes Aspectos Fundamentais da Educação em Diabetes A Comunicação na Educação em Diabetes Recursos humanos na Educação em Diabetes Adesão ao Tratamento: Estratégias Benefícios - Dificuldades Projeto de Monitorização. Controle e Avaliação de Doenças Crônicas Não Transmissíveis – Importância da Educação Continuada Simpósio 6 - Sala 333 Diabetes - Diagnóstico e Acompanhamento Laboratorial Monitorização da Glicemia Controle de Qualidade Recursos Diagnósticos Atuais Monitorização Laboratorial do Paciente Diabético Importância Clínica do Controle Metabólico/Laboratorial Simpósio 7 - Sala 334 Atuação da Enfermagem: Insulinoterapia Insulinas : Uma Abordagem Conceitual Via e Locais de Aplicação: Facilitando a Auto Aplicação Workshop Simpósio 8 - Sala 531 Nefropatia Diabética e Hipertensão Arterial Etiopatogenia da Hipertensão Arterial no Paciente Diabético História Natural da Nefropatia Diabética no Paciente Hipertenso Tratamento Não Medicamentoso do Paciente Hipertenso com Nefropatia Diabética Tratamento Medicamentoso do Paciente Hipertenso com Nefropatia Diabética Identificando Paciente de Risco. Quanto Mais Cedo Melhor Simpósio 9 - Sala 532 Dificuldades no Atendimento: O ideal e o real Diabetes Mellitus na Infância: O ideal e o Real Diabetes Mellitus no Idoso: O Ideal e o Real Diabetes Mellitus na Gestação: O Ideal e o Real Dietoterapia e Dificuldades: O Ideal e o Real Dificuldade do Relacionamento Afetivo Sexual SÁBADO, 27 DE JULHO DE 2002 Manhã de 8 às 12 horas Simpósio 10 - Auditório Atualização em Terapia Nutricional do Diabetes Mellitus Terapia Nutricional na Síndrome Metabólica Acompanhamento Nutricional e Controle Metabólico Após Cirurgia Bariátrica Biologia Molecular na Prevenção e Tratamento do Diabetes Mellitus Terapia Nutricional no Pré e Pós Transplante Simultâneo de Rim e Pâncreas Simpósio 11 - Sala 131 Hiperglicemia Pós Prandial Atualização Hiperglicemia Pós Prandial. Sua Importância e Implicações Clinicas Nateglinida : Aspectos Atuais Apresentação do Projeto Navegator: Nateglinida , Metformina , Valsartan Simpósio 12 Repaglinida no Contrôle da Hiperglicemia Pós Prandial: Dados Atuais Repaglinidas na Regulação da Hiperglicemia Pós Prandial: Dados Atuais Discussão de Casos Alínicos Simpósio 13 - Sala 331 Resistência à Insulina Resistência à Insulina Como Marcadora de Risco Cardiovascular Métodos de Investigação da Resistência à Insulina: Da Pesquisa à Prática Clínica O conceito da Resistência à Insulina na Prática Médica Rosiglitazona Diabetes Clínica 03 (2002) 222 Simpósio 14 - Sala 332 Estratégias de Educação em Diabetes Mellitus : Experiência de Diferentes Serviços Currículo Modelo Para Treinamento de Educadores - International Diabetes Federation Educação e Qualidade da Atenção de Pessoas com Diabetes - Cenexa - La Plata - Argentina Programa de Educação do IEDE - Rio de Janeiro - Brasil “The Harvard Diabetes Educational Program”- USA CEDEBA : Modelo Estatal - Sec.de Saúde do Estado da Bahia - Brasil Simpósio 15 - Sala 333 Abordagem do Pé em Risco Fisiopatologia Avaliação Rastreamento e Classificação Úlcera Neuropática - Atualização Programa Detecção Manejo do Pé em Risco Consenso Internacional do Pé Diabético Simpósio 16 - Sala 334 Atuação da Enfermagem : Monitorização Avaliação Crítica e Recentes lançamentos Avaliando o Diário : Principais Orientações Experiência Prática Work shop Simpósio 17 - Sala 531 Insuficiência Renal - Fase Terminal Nefropatia Diabética - Quadro Atual e nos Últimos Anos Insulinoterapia e Hipotensores na Insuficiência Renal Nefropatia Diabética e Seu Manejo por Outras Especialidades Médicas Transplante Renal e Diabetes Simpósio 18 - Sala 532 Genética do Diabetes Mellitus Genética da Resistência Insulínica Genética do Diabetes Mellitus Tipo 2 Marcadores Imunogenéticos no Diabetes Mellitus Tipo1 Genética do Diabetes Mellitus Tipo 1 Diabetes Monogênico Tarde de 14 às 18 horas Simpósio 19 - Auditório Diabesidade - O Elo Metabólico Fisiopatologia. Fatores Neuro Endocrinos Associados a Obesidade Apetite: Controle Hipotalâmico Neurohormônios Tecido Adiposo : Novo Orgão Endocrino Hiperglicemia e Hiperinsulinemia Como Paradigma no Tratamento do Diabetes Mellitus Tipo 2 Análise Crítica dos Fármacos Atuais Antiobesidade Cirurgia Bariatrica em Obesos Mórbidos com Diabetes Mellitus Simpósio 20 - Sala 131 Recentes Avanços na Terapeutica Insuliníca: Novos Esquemas Insulinas de Ação Intermediária NPH : Uso Noturno - Multiplas Doses Insulinas de Ação Lenta (glargina) no Diabetes Mellitus Tipo 1 e Tipo 2 Insulina Lispro: 6 Anos Depois - Análise Crítica Simpósio 21 Lançamento : Insulina ASPART : Uma Escolha Para o Tratamento Intensivo do Diabetes Tipo 1 e 2 Apresentando a Insulina ASPART Guia Prático Para o Tratamento Insulínico Intensivo Simpósio 22 - Sala 331 Pioglitazona Atualização Terapêutica. Da Descoberta à Prática Significado Clínico do PPAR Gama e Alfa Perfil de Segurança e Interação Médica -Mentora Efeitos Inibitórios da Pioglitazona no Processo de Aterogenese Discussão de Casos Clínicos - Uso da Pioglitazona Simpósio 23 - Sala 332 Intercorrências do Diabético Hospitalizado “Early Diagnosis of Ketosis in Clinical Practice” “Ketosis and Ketoacidosis: Advances in our Understandig” Insulinoterapia nas Hospitalizações Cirúrgicas e Infecciosas Nutrição Enteral e Parenteral: Quando e Como Tadalafil: Avanços no Tratamento da Disfunção Erétil Cirurgia Vascular: Atuação e Resultados Simpósio 26 - Sala 531 Evolução dos Transplantes de Pâncreas Diferentes Tipos de Indicações e ContraIndicações - Estatísticas Mundiais Transplantes Isolados e Simultâneos Maior Experiência no Brasil Programa de Transplante da UNIFESPEPM Imunosupressão e Seguimentos dos Transplantados Transplantes de Ilhotas : Do Laboratório a Clínica Simpósio 27 - Sala 531 Atualização em Neuropatias Diabéticas Diagnóstico Clínico das Polineuropatias Somáticas e Autonômicas Como Avaliar o Resultado do Tratamento da Polineuropatia Diabética Como Retardar a Progressão das Polineuropatias do Diabetes Tratamento Sintomático das Neuropatias Somáticas DOMINGO, 28 DE JULHO DE 2002 Manhã de 8 às 12 horas Simpósio 28 - Auditório Marketing, Comunicação e Tecnologia em Nutrição A Internet como Ferramenta de Trabalho do Nutricionista Informação Nutricional - Como Orientar o Paciente Diabético O Diabético e Alimentação Fora de Casa Ética na Comunicação em Nutrição Evolução dos Produtos Dietéticos no Brasil Simpósio 24 - Sala 333 Terapeuticas no Pé Diabético Ulcera - Infecção: Como Abordar Alivio da Pressão Plantar Calçados Terapêuticos: Como Prescrever Valor da Propedêutica Vascular nas Lesões do Calcanhar Simpósio 29 - Sala 131 Diabetes Mellitus e Infecções Virais Crônicas Alterações Metabólicas do Tratamento Antiviral do HIV Lipodistrofia e Diabetes no Contexto da AIDS Tratamento do Diabético HIV Positivo Alterações Metabólicas Decorrentes das Hepatopatias Tratamento do Diabético com Hepatopatia Simpósio 25 - Sala 334 Diabetes: Gravidez - Hormonioterapia Sexualidade Assistência na Gravidez Anticoncepção na Mulher com Diabetes Hormonioterapia: Climatério e Menopausa Atualização em Disfunção Erétil Simpósio 30 - Sala 331 Doenças Cardio Vascular no Diabetes O Diabetes e a Doença Coronária A Síndrome Plurimetabólica e a Doença Endotelial O Tratamento Invasivo da Doença Coronariana no Diabetes : Vantagens e Risco Diabetes Clínica 03 (2002) Avaliação Diagnóstica da Doença Vascular Periférica no Paciente Diabético Tratamento Cirúrgico da Doença Vascular Periférica no Paciente Diabético Diabético Interações Medicamentosas - “O cuidado ao Prescrever” Simpósio 31 - Sala 332 Oftalmopatias Cuidados Especiais aos Pacientes Diabéticos Entendendo a Retinopatia Diabética Os Tratamentos da Retinopatia: Fundamentos e Perspectivas Os Segredos Para a Prevenção Atendimento Público “Mutirão Olho Diabético” Simpósio 37 - Auditório Educação Nutricional em Diabetes Mellitus Conceitos e Princípios Básicos de Educação Nutricional em Diabetes Estratégias em Educação Nutricional no Diabetes Work shop - Vivência de Oficinas de Nutrição Simpósio 32 - Sala 333 Terapia com Bomba de Infusão Uma Visão Crítica: Quem Pode Usar e Porque ? Contagem de Carboidratos na Insulinoterapia Work shop Simpósio 33 Hipoglicemias Diagnóstico e Tratamento das Hipoglicemias Não Diabética Abordagem das Diferentes Manifestações das Hipoglicemias do Diabetes Mellitus Simpósio 34 - Sala 334 Reunião Fenad Apresentação das Associações ID–Região SACA: Constituição e Atuação Discussão Planejamento de Atividades 2002 e 2003 – Dia Mundial do Diabetes 2002, Vacinação em Idoso com Diabetes Discussão Simpósio 35 - Sala 531 Exercívios e Diabetes Mellitus Obesidade , Sedentarismo e Diabetes Exercício e Bomba de Infusão e Insulina Avaliação e Prescrição Exercício e Resistência à Insulina Resposta Hormonal e Hemodinâmica do Exercício Simpósio 36 - Sala 532 Abordagem Odontológica do Paciente Diabético Protocolo de Atendimento a Pacientes Diabéticos Abordagem Psicológica do Paciente Diabético no Tratamento Odontológico Manifestações Orais Importantes no Paciente Diabético (Aspecto Clínico e Tratamento) Exames Fundamentais Para o Planejamento do Tratamento do Paciente Tarde de 14 às 18 horas Simpósio 37 - Auditório Educação Nutricional em Diabetes Mellitus Conceitos e Princípios Básicos de Educação Nutricional em Diabetes Estratégias em Educação Nutricional no Diabetes Work shop - Vivência de Oficinas de Nutrição Simpósio 38 - Sala 131 Prevenção e Infecções em Diabetes Imunização - Vacinas nos Portadores de Diabetes Acarbose - Prevenção do Diabetes Melhoria do Controle Glicêmico Dermatopatias em Diabetes Prevenção Farmacológica da Retinopatia Diabética Infecção Urinária Crônica - Tratamento e Prevenção Simpósio 39 - Sala 331 Psicologia em Diabetes Abordagem do Diabetes na Infância, Adolescência, Adultos e Idosos A Experiência Emocional no Adoecer Diabético Contribuição da Psicologia Para melhoria da Qualidade de Vida Aprendizagem da Autopercepção das Flutuações Glicemicas em Crianças Aplicação de Principios da Psicologia em um Programa de Atividade Física da Psicologia em um Programa de Atividade Física Simpósio 40 - Sala 332 Terapias Complementares Nutrientes Essenciais Ajudam a Controlar e a Diminuir as Complicações no Diabetes Homeopatia no Diabetes: Uma Proposta Terapêutica Complementar Fitoterapia: Vegetais que Ajudam no Controle do Diabetes Acupuntura e Diabetes Atuação da Podologia e seus Benefícios 223 Simpósio 41 - Sala 333 A Abordagem Fisioterapêutica no Diabetes Mellitus Fisioterapia em Diabetes Reabilitação Fisioterapêutica do Pé Diabético Reabilitação Fisioterapêutica com Orteses Plantares Termo Moldáveis Combinação de Ultra Som e Atividade Física Intervenção Fisioterapêutica nas Amputações Simpósio 42 - Sala 334 Atividade Paralela Apresentação Oral de Temas Livres (cada 15 min) Simpósio 43 - Sala 531 Exercício em Condições Especiais Controle Cardiovascular Durante o Exercício na Neuropatia Autonômica Diabética Exercício Físico, Diabetes e Dislipidemia Exercício Físico, Resistência Insulínica e Obesidade Resposta Metabólica ao Exercício em Diabéticos com Glibenclamida ou Metformina O Exercício na Prevenção das Complicações do Diabetes Simpósio 44 - Sala 532 Avaliação Odontológica e Conduta Pacientes Diabéticos na 3ª Idade. Abordagem Multidisciplinar. Plano de Tratamento Odontológico ao Paciente Diabético Cuidados Importantes nos Atendimento a Pacientes Especiais com Diabetes Sucessos e Insucessos nas Cirurgias Orais em Pacientes Diabéticos Urgências e Emergências Sistêmicas e Odontológicas em Pacientes Diabéticos PB 7O CONGRESSO BRASILEIRO MULTIPROFISSIONAL EM DIABETES Philippi ST / Diabetes Clínica 02 (2002) 42~45 7ª EXPOSIÇÃO DE PRODUTOS E ALIMENTOS PARA PORTADORES DE DIABETES 26, 27 e 28 de julho de 2002 Local: Fundação Álvares Penteado (FECAP), Av. Liberdade, 532 São Paulo SP Informações: ANAD Tel (11) 5572-6559/ 5549-6704 E-mail: [email protected] Site: www.anad.org.br Site congresso: www.anad.org.br/congres7.htm Endereço: Rua Eça de Queiroz, 198 Vila Mariana, 04011-031 São Paulo SP Formulário para o envio de resumos de Temas Livres Os dados deste formulário deverão ser enviados por email, juntamente com seu trabalho anexo * Favor preencher em letra de forma Nome: .................................................................................... Sobrenome:............................................. Endereço: ................................................................................................................................................ Cidade:.................................................................................Estado:........................................................ CEP: ...................................................... Tel: .................................................... Fax: .................................... Email: ...................................................................................................................................................... Instituição: .................................................................................... Fone:...................................................... Profissão: .......................................................................... Especialidade:............................................... Apresentarei os trabalhos em forma de poster Sim Não Título dos trabalhos: Os trabalhos de temas livres visam, acima de tudo, proporcionar aos profissionais de todas as especialidades a oportunidade de apresentar sua contribuição na área de Diabetes mellitus. Os temas livres deverão ser enviados à secretaria da ANAD sob a forma de resumo e serão selecionados para apresentação oral. Os temas livres deverão ser enviados por e-mail ([email protected]). Não serão aceitos resumos via fax ou correio. Os resumos deverão ser enviados impreterivelmente até a data limite de 30/05/2002. A elaboração e organização do tema livre deverão seguir o modelo contido no site do congresso www.anad.org.br/congres7.htm Serão permitidos até 10 autores por trabalho. O primeiro autor deverá necessariamente estar inscrito no congresso. Diabetes Clínica 03 (2002) 225 Calendário de Eventos JUNHO DE 2002 19 a 22 de junho ENDO 2000: LXXXIV Reunião Anual Moscono Center, São Francisco, Califórnia www.endo-society.org Tel: +1 301 941 0220 27 a 29 de junho ENDORECIFE 2002 Summerville Beach Resort - Porto de Galinhas - PE Tel/Fax: (081) 3423-1300 www.jz.com.br / E-mail: [email protected] 28 a 29 de junho IIo Congresso Catarinense de Endocrinologia e Metabologia Associação Catarinense de Medicina, SBEM-SC Tel: (48)231-0326 www.acm.org.br/sbem-sc JULHO DE 2002 3 a 6 de julho 2º Congreso Internacional de Salud reproductiva em Diabetes Mellitus SAREDIA 2002 Centro de convenciones de Guanajuato, México Informações: Dr Jacinto Lang E-mail: [email protected] 6 e 7 de julho 4th International Congress Diabetes in Ásia Hotel Hilton, Colombo, Sri Lanka Tel: 94 1 872951 Fax: 872952 E-mail: [email protected] 6 e 7 de julho 1o Encontro de podologia e atualização em Pé Diabético do Hospital Brigadeiro Centro de Estudos do Hosp. Brigadeiro, São Paulo SP Av Brigadeiro Luiz Antônio, 2651 Tel: (11) 287-4042/287-3638 26 a 28 de julho 7o Congresso Brasileiro Multiprofissional em diabetes 7ª Exposição Nacional de produtos e alimentos para portadores de diabetes Fundação Álvares Penteado – FECAP, São Paulo – SP Informações: ANAD (11) 5572-6559 Fax: (11) 5549-6704 www.anad.org.br/congres7.htm E-mail: [email protected] AGOSTO DE 2002 7 a 11 de agosto 29th Annual Meeting e Educational Program American Association of Diabetes Educators Pennsylvania Convention Center, Philadelphia, Pennsylvania Tel: (312) 424-2426 www.aadenet.org/annual.htm 16 a 17 de agosto 5o SIMEP – Simpósio de Endocrinologia Pediátrica do Estado de Rio de Janeiro Colégio Brasileiro de Cirurgiões Informações: (21) 2531-3313 16 a 18 de agosto VIIIo Encontro gaúcho de diabetes AMRIGS, Porto Alegre Presidente: prof. Dr. Balduino Tschiedel Informações: (51) 3330 1134 18 a 23 de agosto XIXo International Congress of the Transplantation Society Buenos Aires, Argentina Tel: 54 11 4381 1777 Fax: 54 11 4382 6703 E-mail: [email protected] 24 a 29 de agosto 9th International Congress on Obesity Hotel Transamérica, São Paulo, SP Informações: www.abeso.org.br Tel: (11) 3079-2298 Fax: (11) 3079-4232 24 a 29 de agosto 12th Annual Scientific Meeting of the Diabetic Neuropathy Study Group of the EASD (NEURODIAB) Balatonfüred, Lake Balaton, Hungria Tel:+49-211-33821 E-mail: [email protected] Website: www.neurodiab.org 30 a 31 de agosto 9th International Congress on Obesity Satellite Symposium – Obesity, Hormones and the Metabolic Syndrome Hotel Glória, Rio de Janeiro – RJ Informações (21) 2286-2846 www.jz.com.br SETEMBRO DE 2002 1 a 5 de setembro 38th Annual Meeting European Association for the Study of Diabetes EASD 2002 Budapest, Hungria Informações: Blaguss-Volánbusz Congress Bureau, POB 706, 1365 Budapest 5 - Hungria Tel: +36 1 374 7030, 331 5627, Fax: 312 1582 E-mail: [email protected] 7 a 11 de setembro 5th International Congress of Neuroendocrinology Bristol, Reino Unido Tel: +44 (0) 1454 642-211 www.bioscientifica.com/icn2002.htm 17 a 21 de setembro 52nd Annual Obesity and Associated Conditions Symposium Westin Copley Place, Boston, Massachusetts Informações: The American Society of Bariatric Physicians Tel: (303) 770 2526 Fax: (303) 779 4834 E-mail: [email protected] / www.asbp.org 18 a 21 de setembro International Society for Pediatric and Adolescent Diabetes Meeting Graz, Austria Informações: Prof. Dr. Martin Borkenstein, Tel: +43-316-385-2610 Diabetes Clínica 03 (2002) 226 Fax: +43-316-385-3257 E-mail: [email protected] www.ispad2002graz.at/ 20 a 22 de setembro MDRF-ADA PG Course Chennai, Índia [email protected] [email protected] 21 a 25 de setembro 25º Congresso Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia Blue Tree Towers - Brasília - DF Informações: SBEM Tel: (21) 2507-5189 Fax: (21) 2221-7577 ramal 1193 E-mail: [email protected] OUTUBRO DE 2002 2 a 5 de outubro VIIIo European Symposium on Metabolism The Metabolic Syndrome, Diabetes, Obesity and Hyperlipidemia Padova, Itália Tel: +39-049-8212154 or 8758166 [email protected] 2 a 6 de outubro 6th International Congress of the Immunology of Diabetes Society and ADA Research Symposium Copper Mountain, Colorado Informações: www.diabetes.org 4 a 6 de outubro XXIVo Congress of Endocrinology and metabolic diseases of Turkey Istambul, Turquia Informações: +90 312 310 5350 E-mail: [email protected] www.semt.org.tr 5 a 9 de outubro VIo International Congress on Endocrine Diseases Teheran, Irã Informações: +98 21 241 6282 E-mail: [email protected] / www.erc-iran.com/iced 10 a 12 de outubro 25th International Symposium on Sports Sciences Centro de Convenções Rebouças, São Paulo Informações: CELAFISCS (11) 4229 8980/4229-9643 www.celafiscs.com.br 24 a 27 de outubro EASD Islet Study Group Joint Meeting of the EASD Islet Study Group and the Boston Sea Crest Ocean Front Resort North Falmouth, Massachusetts Informações: www.diabetes.org 29 de outubro – 1 de novembro VIo Cuban Congress on Immunology of Diabetes Hotel Neptuno-Tritón, Havana, Cuba Informações: Dr. Rolando Suárez Pérez National Inst. of Endocrinology, Dep. of Immunology of Diabetes Havana 10400 Cuba Tel: +53-7-327275 e-mail: [email protected] / [email protected] DEZEMBRO DE 2002 5 a 7 de dezembro VIIo Congresso Brasileiro de Nutrologia Io Simpósio interdisciplinar de apoio nutricional para enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, professores de educação física e fisioterapeutas Othon Palace Hotel, em Salvador – BA Informações: ABRAN (Associação Brasileira de Nutrologia) Tel: (17) 523 9732 e 523 3645 E-mail: [email protected] FEVEREIRO DE 2003 3th International Symposium on Diabetes & Pregnancy Geneva, Switzerland Informações: PO Box 50006 Tel Aviv 61500 Israel Tel: 972 3 514 0014 E-mail: [email protected] ABRIL DE 2003 26 a 30 de abril 6th European Congress of Endocrinology Lyon, França Informações: W.M. Wiersinga Department of Endocrinology & Metabolism Academic Medical Center F5-171 Meibergdreef 9 1105 AZ Amsterdam - The Netherlands Tel.: 31 20 566 6071 Fax: 31 20 691 7682 [email protected] MAIO DE 2003 29 de maio a 1 de junho 12th European Congress on Obesity Helsinki, Finland Informações: Dr. Mikael Fogelholm UKK Institute for Health Promotion Research, POB 30, 33501 Tampere, Finland Tel: + 358 3 2829 201 Fax: + 358 3 2829 559 e-mail: [email protected] JUNHO DE 2003 14 a 17 de junho 63th Annual Scientific Sessions of the American Diabetes Association New Orleans, Louisiana - USA Informações: +1 800 232 3472 E-mail: [email protected] www.diabetes.org AGOSTO DE 2003 6 a 10 de agosto 30th Annual Meeting of the American Association of Diabetes Educators Salt Palace Convention Center, Salt Lake City, Utah Tel: (312) 424 2426 www.aadenet.org 24 a 29 de agosto 18th Internacional Diabetes Federation Congress Paris, França Informações: Prof. Dr. Gerard Cathelineau, Hopital Saint-Louis, 1 avenue Claude Vellefaux, 75010 Paris, França Tel : +33 1 4249 9697 www.idf.org Normas de publicação Diabetes Clínica A revista Diabetes Clínica é uma publicação com periodicidade bimestral e está aberta para a publicação e divulgação de artigos científicos das áreas relacionadas ao Diabetes. Os artigos publicados em Diabetes Clínica poderão também ser publicados na versão eletrônica da revista (Internet) assim como em outros meios eletrônicos (CD-ROM) ou outros que surjam no futuro, sendo que pela publicação na revista os autores já aceitem estas condições. A revista Fisioterapia Brasil assume o “estilo Vancouver” (Uniform requirements for manuscripts submitted to biomedical journals, N Engl J Med. 1997; 336(4): 309-315) preconizado pelo Comitê Internacional de Diretores de Revistas Médicas, com as especificações que são detalhadas a seguir. Ver o texto completo em inglês desses Requisitos Uniformes no site do International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE), www.icmje.org, na versão atualizada de outubro de 2001. Os autores que desejarem colaborar em alguma das seções da revista podem enviar sua contribuição (em arquivo eletrônico/e-mail) para nossa redação, sendo que fica entendido que isto não implica na aceitação do mesmo, que será notificado ao autor. O Comitê Editorial poderá devolver, sugerir trocas ou retorno de acordo com a circunstância, realizar modificações nos textos recebidos; neste último caso não se alterará o conteúdo científico, limitando-se unicamente ao estilo literário. 1. Editorial Trabalhos escritos por sugestão do Comitê Científico, ou por um de seus membros. Extensão: Não devem ultrapassar três páginas formato A4 em corpo (tamanho) 12 com a fonte English Times (Times Roman) com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobrescrito, etc; a bibliografia não deve conter mais que dez referências. 2. Artigos originais Serão considerados para publicação, aqueles não publicados anteriormente, tampouco remetidos a outras publicações, que versem sobre investigação, clínica, diagnóstico, terapêutica e tratamento dentro das áreas definidas anteriormente. Texto: Recomendamos que não seja superior a 12 páginas, formato A4, fonte English Times (Times Roman) tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobre-escrito, etc. Tabelas: Considerar no máximo seis tabelas, no formato Excel/Word. Figuras: Considerar no máximo 8 figuras, digitalizadas (formatos .tif ou .gif) ou que possam ser editados em PowerPoint, Excel, etc. Bibliografia: É aconselhável no máximo 50 referências bibliográficas. Os critérios que valorizarão a aceitação dos trabalhos serão o de rigor metodológico científico, novidade, originalidade, concisão da exposição, assim como a qualidade literária do texto. 3. Revisão Serão os trabalhos que versem sobre alguma das áreas 227 relacionadas ao Diabetes, ao encargo do Comitê Científico, bem como remetida espontaneamente pelo autor, cujo interesse e atualidade interessem a publicação na revista. Quanto aos limites do trabalho, aconselha-se o mesmo dos artigos originais. 4. Comunicação breve Esta seção permitirá a publicação de artigos curtos, com maior rapidez. Isto facilita que os autores apresentem observações, resultados iniciais de estudos em curso, e inclusive realizar comentários a trabalhos já editados na revista, com condições de argumentação mais extensa que na seção de cartas do leitor. Texto: Recomendamos que não seja superior a três páginas, formato A4, fonte English Times (Times Roman) tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobre-escrito, etc. Tabelas e figuras: No máximo quatro tabelas em Excel e figuras digitalizadas (formato .tif ou .gif) ou que possam ser editados em Power Point, Excel, etc Bibliografia: São aconselháveis no máximo 15 referências bibliográficas. 5. Resumos Nesta seção serão publicados resumos de trabalhos e artigos inéditos ou já publicados em outras revistas, ao cargo do Comitê Científico, inclusive traduções de trabalhos de outros idiomas. 6. Correspondência Esta seção publicará correspondência recebida, sem que necessariamente haja relação com artigos publicados, porém relacionados à linha editorial da revista. Caso estejam relacionados a artigos anteriormente publicados, será enviada ao autor do artigo ou trabalho antes de se publicar a carta. Texto: Com no máximo duas páginas A4, com as especificações anteriores, bibliografia incluída, sem tabelas ou figuras. PREPARAÇÃO DO ORIGINAL 1. Normas gerais 1.1 Os artigos enviados deverão estar digitados em processador de texto (Word, Wordperfect, etc), em página de formato A4, formatado da seguinte maneira: fonte Times Roman (English Times) tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobrescrito, etc. 1.2 Numere as tabelas em romano, com as legendas para cada tabela junto à mesma. 1.3 Numere as figuras em arábico, e envie de acordo com as especificações anteriores. As imagens devem estar em tons de cinza, jamais coloridas, e com qualidade ótima (qualidade gráfica – 300 dpi). Fotos e desenhos devem estar digitalizados e nos formatos .tif ou .gif. 1.4 As seções dos artigos originais são estas: resumo, introdução, material e métodos, resultados, discussão, conclusão e bibliografia. O autor deve ser o responsável pela tradução do resumo para o inglês e também das palavras-chave 228 Normas de publicação Diabetes Clínica (key-words). O envio deve ser efetuado em arquivo, por meio de disquete, zip-drive, CD-ROM ou e-mail. Para os artigos enviados por correio em mídia magnética (disquetes, etc) anexar uma cópia impressa e identificar com etiqueta no disquete ou CD-ROM o nome do artigo, data e autor, incluir informação dos arquivos, tais como o processador de texto utilizado e outros programas e sistemas. 2. Página de apresentação A primeira página do artigo apresentará as seguintes informações: - Título em português e inglês. - Nome completo dos autores, com a qualificação curricular e títulos acadêmicos. - Local de trabalho dos autores. - Autor que se responsabiliza pela correspondência, com o respectivo endereço, telefone e E-mail. - Título abreviado do artigo, com não mais de 40 toques, para paginação. - As fontes de contribuição ao artigo, tais como equipe, aparelhos, etc. 3. Autoria Todas as pessoas consignadas como autores devem ter participado do trabalho o suficiente para assumir a responsabilidade pública do seu conteúdo. O crédito como autor se baseará unicamente nas contribuições essenciais que são: a) a concepção e desenvolvimento, a análise e interpretação dos dados; b) a redação do artigo ou a revisão crítica de uma parte importante de seu conteúdo intelectual; c) a aprovação definitiva da versão que será publicada. Deverão ser cumpridas simultaneamente as condições a), b) e c). A participação exclusivamente na obtenção de recursos ou na coleta de dados não justifica a participação como autor. A supervisão geral do grupo de pesquisa também não é suficiente. 4. Resumo e palavras-chave (Abstract, Key-words) Na segunda página deverá conter um resumo (com no máximo 150 palavras para resumos não estruturados e 200 palavras para os estruturados), seguido da versão em inglês. O conteúdo do resumo deve conter as seguintes informações: - Objetivos do estudo. - Procedimentos básicos empregados (amostragem, metodologia, análise). - Descobertas principais do estudo (dados concretos e estatísticos). - Conclusão do estudo, destacando os aspectos de maior novidade. Em seguida os autores deverão indicar quatro palavraschave (ou unitermos) para facilitar a indexação do artigo. Para tanto deverão utilizar os termos utilizados na lista de cabeçalhos de matérias médicas (Medical Subject Headings – MeSH do Index Medicus ou, no caso de termos recentes que não figurem no MeSH, os termos atuais). 5. Referências As referências bibliográficas devem seguir o estilo Vancouver definido nos Requisitos Uniformes. As referências bibliográficas devem ser numeradas por numerais arábicos entre parênteses e relacionadas em ordem na qual aparecem no texto, seguindo as seguintes normas: Livros - Número de ordem, sobrenome do autor, letras iniciais de seu nome, ponto, título do capítulo, ponto, In: autor do livro (se diferente do capítulo), ponto, título do livro (em grifo - itálico), ponto, local da edição, dois pontos, editora, ponto e vírgula, ano da impressão, ponto, páginas inicial e final, ponto. Exemplo: 1. Phillips SJ, Hypertension and Stroke. In: Laragh JH, editor. Hypertension: pathophysiology, diagnosis and management. 2nd ed. New-York: Raven press; 1995. p.465-78. Artigos – Número de ordem, sobrenome do(s) autor(es), letras iniciais de seus nomes (sem pontos nem espaço), ponto. Título do trabalha, ponto. Título da revista ano de publicação seguido de ponto e vírgula, número do volume seguido de dois pontos, páginas inicial e final, ponto. Não utilizar maiúsculas ou itálicos. Os títulos das revistas são abreviados de acordo com o Index Medicus, na publicação “List of Journals Indexed in Index Medicus”. Exemplo: Yamamoto M, Sawaya R, Mohanam S et al. Expression and localization of urokinase-type plasminogen activator receptor in human gliomas. Cancer Res 1994;54:5016-20. 6- Agradecimentos Os agradecimentos de pessoas, colaboradores, auxílio financeiro e material, incluindo auxílio governamental e/ou de laboratórios farmacêuticos devem ser inseridos no final do artigo, antes as referências, em uma secção especial. Os artigos, cartas e resumos devem ser enviados para: Jean-Louis Peytavin Atlantica Editora Rua Conde Lages, 27 - Glória 20241-080 Rio de Janeiro RJ Tel: (21) 2221 4164 E-mail: [email protected] Diabetes Clínica Diabetes Clínica 03 (2002) JORNAL MULDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS Índice (vol. 6 nº 4 - 2002) 229~304 EDITORIAL Diabetes Mellitus: o impacto do presente e as promessas do futuro Fadlo Fraige Filho ........................................................................................................................................... 231 INFORMES DO DIABETES NO MUNDO ................................................................................................ 233 O DIABETES NA IMPRENSA .................................................................................................................... 243 AVANÇOS TERAPÊUTICOS E TECNOLÓGICOS ................................................................................ 248 PRODUTOS E NOVIDADES Gelatinas Stevia Plus, Pó para preparo de leito condensado light, Pó para preparo de bolo light (Lowçucar), A1cNow (Metrika), Precision Link (Abbott) ...................................................... 259 RESUMOS DE TRABALHOS E CONGRESSOS ..................................................................................... 262 ARTIGO ORIGINAIS A importância do atendimento odontológico de pacientes submetidos a transplantes de órgãos Alexandre Fraige .............................................................................................................................................. 269 Implicações do Diabetes Mellitus na vida de crianças e adolescentes: a opinião dos médicos, mães e portadores, Ana Claudia T. Barros Kovacs, Fátima Elisabeth Denari ............................................. 274 Relação entre os níveis séricos da lipoproteina(a) e o controle glicêmico de pacientes diabéticos, Cristina Ardenghi, Adroaldo Lunardelli, Aline Andrea da Cunha, Cristine dos Reis, Jarbas Rodrigues de Oliveira .......................................................................................................................... 281 ATUALIZAÇÃO Recomendações da International Diabetes Federation: Posição sobre alimentação e nutrição ................... 286 NOTÍCIAS DAS ASSOCIAÇÕES ............................................................................................................... 289 FICHA PRÁTICA O pé diabético. .................................................................................................................................................. 293 PROGRAMA DO VII CONGRESSO MULTIPROFISSIONAL EM DIABETES. .............................. 297 CALENDÁRIO DE EVENTOS . .................................................................................................................. 301 NORMAS DE PUBLICAÇÃO . .................................................................................................................... 303 229 230 Diabetes Clínica Diabetes Clínica 03 (2002) JORNAL MULDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS Diabetes Clínica é um jornal multidisciplinar sobre os aspectos médicos, psicológicos e sociais do diabetes e dos distúrbios associados. Para os especialistas Diabetes Clínica é um veículo de informação e formação continuada sobre o conhecimento científico da doença, a atualidade da prática clínica no tratamento do diabetes e das patologias associadas. Diabetes Clínica edita artigos científicos selecionados pelo editor científico, o conselho consultivo e profissionais de reconhecido saber na área. O objetivo do jornal é favorecer a discussão interdisciplinar em todas as questões relativas à diabetologia, bem como através de suas diferentes sessões idealizadas pelo editor científico, informar de uma maneira rápida, atual e sintética os múltiplos aspectos dos estudos em diabetes. Diabetes Clínica Editor científico : Dr. Fadlo Fraige Filho, presidente da FENAD e ANAD, Professor Titular de Endocrinologia Faculdade de Medicina ABC Diretora comercial: Lilian Fanny de Castilho Editor: Dr. Jean-Louis Peytavin, faculdade de Medicina de Lyon (França) Conselho Consultivo Psicóloga Ada Verônica da Silva Maciel (SP) Dr. Adolpho Milech (RJ) Dr. Airton Golberg (RS) Dra. Alcina Vinhais (BA) Dra. Ana Míriam G. Carboni (SP) Dr. Antônio Carlos Lerário (SP) Dr. Arual Augusto da Costa (SP) Dr. Balduíno Tschiedel (RS) Nutricionista Celeste Elvira Viggiano (SP) Educador Cláudio Cancelliéri (SP) Dr. Edgard d’Ávila Niclewicz (PR) Dr. Freddy Goldberg Eliaschewitz (SP) Dra. Geisa Macedo (PE) Dra. Hermelinda Pedrosa (DF) Dr. João Roberto de Sá (SP) Dr. José Egídio Paulo de Oliveira (RJ) Dr. Leão Zagury (RJ) Dr. Marcos Tambascia (SP) Enfermeria Mônica Antar Gamba (SP) Dr. Nelson Rassi (GO) Dr. Orsine Valente (SP) Enfermeira Paula Pascali (SP) Dra. Reine Marie Chaves (BA) Dr. Saulo Cavalcanti da Silva (MG) Dr. Sérgio Atala Dib (SP) Apoios IDF - SACA - International Diabetes Federation South America Central America SBD - Sociedade Brasileira de Diabetes FENAD - Federação Nacional de Associações de Diabéticos ANAD - Associação Nacional de Assistência ao Diabético COREN-SP - Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo COSEMS-SP - Cons. de Secretarías Municipais de Saúde Federação Nacional de Associações de Diabéticos (FENAD) Associação Nacional de Assistência ao Diabético (ANAD) Rua Eça de Queiroz, 198 04011- 031 São Paulo - SP tel: (11) 5572-6559 fax: (11) 5549-6704 http://www.anad.org.br [email protected] ATLANTICA EDITORA Editor executivo Dr. Jean-Louis Peytavin [email protected] Marketing René Caldeira Delpy Jr. [email protected] Administração Bárbara de Assis Jorge Editoração e Arte Kassina Camargo Ribeiro Copy & Revisão Ricardo Augusto da Silva Ferreira Rio de Janeiro Rua Conde de Lages, 27 20241-080 Rio de Janeiro RJ Tel/Fax: (21) 2221-4164 E-mail: [email protected] www.atlanticaeditora.com.br São Paulo Avenida São João, 56, sala 7 12940-000 Atibaia SP ISSN 1517-6428 © ATMC - Atlântica Editora Ltda Av. São João, 56 sala 7 12940-000 Atibaia – SP Assinatura 6 números ao ano: R$ 75,00 www.atlanticaeditora.com.br tel: (21) 2221-4164 I.P. (Informação publicitária) As informações são de responsabilidade dos anunciantes Copyright © ATMC – Atlantica Editora Ltda Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida, arquivada ou distribuída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprietário do copyright, Atlântica Editora. O editor não assume qualquer responsabilidade por eventual prejuízo a pessoas ou propriedades ligado à confiabilidade dos produtos, métodos, instruções ou idéias expostos no material publicado. Em razão do avanço rápido das ciências médicas, o Editor recomenda que uma verificação independente do diagnóstico e doses dos medicamentos seja realizada. Apesar de todo o material publicitário estar em conformidade com os padrões de ética médica, sua inserção na revista não é uma garantia ou endosso da qualidade ou do valor do produto ou das asserções de seu fabricante. Diabetes Clínica 231 Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Editorial Diabetes Mellitus: o impacto do presente e as promessas do futuro Prof. Dr. Fadlo Fraige Filho Prof. Dr. Fadlo Fraige Filho, Coordenador e Editor Científico, Diabetes Clínica A prevalência e a incidência desta doença vem aumentando de forma assustadora e quase epidêmica, conforme próprias declarações da Organização Mundial da Saúde e da Federação Internacional de Diabetes. O que têm contribuído para tal fato é a atenção que a doença vem despertando, tanto nos meios médicos quanto nos de saúde pública, impulsionando o diagnóstico precoce, que há poucos anos atrás só era feito após o aparecimento de uma das complicações graves e irreversíveis. A melhor compreensão das causas e meios que levam às complicações, têm propiciado um melhor tratamento e, conseqüentemente, o aumento da vida média dos portadores de diabetes, aumentando, assim, o número de pessoas com diabetes. Com o envelhecimento das populações, fruto das melhores condições de vida, de alimentação e de assistência médica, o diabetes têm sua prevalência no Brasil e na maioria dos países acima de 20% da população, cuja faixa etária está acima dos 60 anos, chegando em países do oriente médio a ultrapassar os 30%. Esta imensa porcentagem da população mundial portadores de diabetes, leva a um impacto enorme na saúde pública, nos sistemas de assistência médica, nos hospitais, nos planejamentos de custos no setor de saúde de todos os governos, chegando a consumir cerca de 15 a 25% do total dos recursos destinados à saúde. O impacto também se verifica por ser a principal doença crônica, que contribui com cerca de 40% da morbidade e mortalidade das doenças cardiovasculares, que são as principais doenças que afetam o mundo de hoje. Assim sendo, podemos dizer que é a principal causa de internação, como etiologia, que levam ao enfarte, acidente vascular cerebral, tromboses e gangrenas de membros inferiores. Como se não bastasse, para piorar o quadro das doenças provocadas por diabetes, atualmente é a primeira causa de cegueira no mundo e a primeira causa de insuficiência renal em fase terminal. Além dos altíssimos custos, também é extremamente angustiante a morbidade e mortalidade em diabéticos. Se no presente temos 150 milhões de portadores em todo mundo, as previsões feitas pela Organização Mundial de Saúde e pela Federação Internacional de Diabetes é de que no ano 2025 haverão cerca de 300 milhões de pessoas com diabetes. Já se pode imaginar, pelo que temos hoje, como será o impacto desta doença dentro de 23 anos. Importantes medidas devem e terão que ser tomadas por todos profissionais de saúde, governo e autoridades de saúde, entidades de profissionais de saúde, indústria farmacêutica e, principalmente, em guias e diretrizes que deverão ser seguidas pelas duas maiores entidades na área de diabetes, citadas acima. 232 Continuação Editorial - Diabetes Clínica 04 (2002) Em abril deste ano, cerca de 160 países se reuniram com a Organização Mundial de Saúde, para discutirem um grave problema, que é o envelhecimento da população do planeta, pois no ano de 2050, mantendo-se as atuais projeções, teremos triplicado o número de idosos, que passarão dos 600 milhões atuais para 2 bilhões. No Brasil a situação será pior ainda, pois teremos triplicado o número de idosos, passando dos atuais 5,1% para 14,5%. O reconhecimento de tamanha importância, nos leva a uma corrida nas pesquisas científicas, para desenvolvimento de novos medicamentos orais, novas insulinas e a novos meios de aplicá-las. Assim, num futuro breve teremos insulina inaladas, líquidas de absorção oral, insulinas em comprimidos, através de tecnologia de proteção e modificação molecular, sistemas compactos, como pequenas bombas implantáveis na pele ou no sub-cutâneo e adesivos de liberação pré-programada. Revolução nos aparelhos de medição de glicemia capilar, alternando os locais de punção, saindo da ponta dos dedos para outros locais menos sensíveis, sistemas automáticos à vácuo, glicosimetros acoplados a microcomputadores tipo Palm, darão enormes possibilidades e infinitas informações, tão necessárias para a integração de medicamentos, insulinas, tabelas e constituições de alimentos, gastos energéticos através de exercício físico, construções de gráficos de comportamento metabólico e inúmeras outras funções na “palma da sua mão”. Por enquanto, o revolucionário Glucowatch inicia suas vendas nos EUA. Para os diabéticos tipo 1 em fase terminal de vida, acometidos da insuficiência renal fase final, os transplantes de pâncreas e rins tem salvado vidas e devolvendo os pacientes a quase uma vida normal. Saindo dos laboratórios e passando para a prática clínica, os transplantes de ilhotas do pâncreas iniciam-se com um futuro promissor, face à facilidade dos implantes e por ser um procedimento menos invasivo, porém com grande dificuldade técnica laboratorial e de custos. Inicia-se pesquisas das células-troncos ou stem cells, que, sem dúvida alguma, serão no futuro as substitutas das células β destruídas ou defeituosas nos pacientes com diabetes. As primeiras pesquisas feitas em macacos foram comunicadas recentemente no congresso da Endocrine Society (Sociedade Americana de Endocrinologia), em junho deste ano. A terapêutica genética, ainda num futuro indeterminado, será a resolução do diabetes e de muitas outras doenças genéticas. Se, de um lado, milhões de pessoas se tornarão diabéticas, a corrida científica e de pesquisa estará minimizando o impacto desta temível doença. E, sem dúvida alguma, estaremos caminhando para o seu controle, na busca definitiva do ideal de todos que é a sua cura. Diabetes Clínica 04 (2002) 233 Informes do Diabetes no Mundo Bovier PA, Chamot E, Bouvier GM, Loutan L. Vaccine 2001;19(32):4760-7, setembro de 2001 Importância da percepção dos pacientes e da recomendação dos clínicos no entendimento das oportunidades perdidas para vacinação de adultos na Suíça Nas últimas décadas, tremendos esforços foram feitos para fortalecer os programas de imunização infantil. Contudo, o impacto da gripe (influenza) e das infecções pneumocócicas permanecem ainda extremamente altos nos adultos e idosos. Foi conduzida uma pesquisa para identificar as características associadas ao baixo uso de vacinas, recomendadas aos adultos usuários rotineiros de serviços de cuidados primários de saúde na Suíça. A vacinação contra o tétano foi reportada por 84% dos participantes da pesquisa com idade entre 16 e 34 anos, e por apenas 42% dos participantes maiores de 65 anos. Dos pacientes de alto risco (maiores de 65 anos ou com histórico de diabetes, doença renal crônica, doença pulmonar ou cardíaca), apenas 41% haviam recebido a vacina contra gripe (influenza) e 6% a vacina pneumocócica. Comparados a pacientes de áreas de língua alemã e italiana deste país, os pacientes da região de língua francesa relataram, com mais freqüência haver recebido as vacinas contra influenza e contra o pneumococo, em temporadas anteriores ou recebido recomendação médica recente para vacinação contra a gripe. Porém, muitos haviam se recusado a receber esta vacina anteriormente. As doenças, a área geográfica, a recomendação médica para vacinação e a percepção do paciente sobre a necessidade da imunização, estavam independentes e significativamente associadas com o status de vacinação. Embora a opinião do paciente seja um importante fator determinante da cobertura vacinal nos adultos, a falta de incentivo da classe médica foi responsável pela maioria das oportunidades perdidas para vacinação neste estudo. A maior cobertura vacinal entre os pacientes da região de língua francesa, sugere que campanhas de divulgação realizadas nesta área aumentaram efetivamente o uso da vacina contra a gripe. Intervenções com o objetivo de aumentar a cobertura vacinal nos adultos, devem ajudar os provedores de saúde a incorporar a imunização na rotina de cuidados com a saúde. American Diabetes Association 62st Scientific Sessions, San Francisco, Califórnia, 14 a 18 de junho de 2002 Inflamação e diabetes Inflamação é o procedimento pelo qual o corpo responde normalmente a ferimentos – enviando células sanguíneas especializadas para limpar a área e destruir as células alteradas –, o que pode observar se na pele. Mas, quando o 234 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 04 (2002) Continuação sistema imune não funciona adequadamente, como na artrite rumatoide, o processo inflamatório pode danificar os tecidos saudáveis, como as articulações. Recentemente, pesquisadores estabeleceram que inflamação tem um papel significativo em doenças anteriormente consideradas não inflamatórias, tal como a doença arterial coronariana. Por isso, remédios como a aspirina (usada por seus efeitos anti-agregante plaquetário) pode ter outros benefícios, em razão de suas propriedades antiinflamatórias. A ligação entre inflamação e doença, apareceu quando marcadores de inflamação foram detectados em sangue de pacientes portadores de doença cardiovascular e quando foi mostrado que esses marcadores poderiam ser prognósticos de evento cardíaco. Níveis elevados dos mesmos marcadores foram também encontrados em portadores de diabetes e em pessoas com risco elevado de diabetes. Um desses marcadores é a proteína C-reativa (CRP), que tem uma concentração mais elevada em caso de doença cardíaca, diabetes ou obesidade. Seria possível que substancias secretadas pela gordura em excesso estimulam os marcadores de inflamação. Por isso a inflamação seria a ligação comum para o desenvolvimento da resistência à insulina, diabetes e doença cardíaca. Em um estudo do projeto ARIC (Atherosclerosis Risk in Communities), 10.000 pessoas não diabéticas foram acompanhadas durante 9 anos. Os pesquisadores encontraram uma associação entre o desenvolvimento do diabetes e a presença de marcadores de inflamação, especialmente ácido siálico. Esses resultados foram confirmados em estudos independentes realizados no Kuwait e em Hong Kong. Além dos benefícios dos remédios antiinflamatórios, vários remédios já usados por diabéticos têm efeitos antiinflamatórios. É o caso da rosiglitazona. Que reduz os níveis de marcadores da inflamação e que poderia ser útil para diminuir o risco de aterosclerose em diabéticos. É também o caso das estatinas, utilizadas para diminuir as taxas elevadas de colesterol. As estatinas poderiam ajudar no tratamento do diabetes e adiar a passagem para a terapia insulínica. Priya Mohanty et al, American Diabetes Association 62st Scientific Sessions, San Francisco, Califórnia, 14 a 18 de junho de 2002 Evidência do potente efeito antiinflamatório da rosiglitazona em pacientes obesos e diabéticos Demonstramos recentemente o efeito antiinflamatório da rosiglitazona (RSG) em pacientes obesos não-diabéticos. Foi investigada, agora, a ação antiinflamatória da RSG em 11 pacientes obesos e diabéticos, que receberam RSG 4 mg/dia durante 6 semanas. Amostras de plasma de jejum foram coletadas a 0, 1, 2, 4, 6 e 12 semanas. O fator nuclear κB (NF-kappaB) binding activity em células mononucleares (MNC), geração de reactive oxygen species (ROS) pelos MNC, proteína-1 plasmática quimio-atraente de monócito (MCP1) e C-reativa proteína (CRP), foram medidas, bem como a reatividade arterial braquial usando a dilatação pós-isquémica mediada pelo fluxo (FMD). As concentrações de glicose plasmática diminuíram significativamente durante o tratamento com RSG, de uma contração de 157 ± 16 mg/dl para 127 ± 9 mg/ dl na semana 6 (p < 0,05). A concentração de insulina também diminuiu significativamente de 32,6 ± 4,6 mU/ml para 16,1 ± 2,2 mU/ml na semana 6 (p < 0,05). NF-κB binding activity em extrato nuclear de MNC diminuiu significativamente ( p 0,02). Esta inibição foi significativa na semana 1 (77 ± 13% do nível basal) e continuou até a semana 6 (66 ± 10,6% do basal). Foi observado uma diminuição significativa da produção de radicais oxigênio (ROS) pelos MNC (p < 0,05), diminuindo para 94 ± 6% na semana 1 e para 66 ± 10% na semana 6. A rosiglitazona diminuiu a MCP-1 plasmática (75% Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 04 (2002) 235 Continuação do nível basal, p < 0,05) e CRP (70% do basal, p < 0,05). No início FMD era 3,4 ± 1,2% e aumentou significativamente para 8,6 ± 1,9% (p < 0,05) na semana 6. A vasodilatação endotelial independente induzido por nitroglicerina também aumentou de 11,8 ± 1,4% no início para 16,7 ± 2,3% na semana 6 (p < 0,05). Concluímos que a rosiglitazona exerce um efeito antiinflamatório ao nível celular, molecular e plasmático. RSG também melhora a reatividade vascular. Esses achados poderiam ter implicações sobre o mecanismo da aterogênese a longo prazo em pacientes tratados por RSG. Heart Protection Study, Clinical Trial Service Unit and Epidemiological Studies Unit, Radcliffe Infirmary, Oxford, Lancet 2002; 360: 7-22, 6 de julho 2002 Heart Protection Study: estudo controlado por placebo em 20.536 pacientes com risco elevado usando sinvastatina Introdução: Concentrações sanguíneas menores de LDL-colesterol são associadas, em populações ocidentais, com risco reduzido de doença cardiovascular. Nessas populações, a diminuição do LDL-colesterol pode diminuir o desenvolvimento de doenças vasculares, independentemente das concentrações iniciais de colesterol. Métodos: 20.536 adultos ingleses (idade 40-80 anos) portadores de doença coronariana, outra doença arterial obstrutiva ou diabetes, foram randomizados para receber 40 mg/dia de sinvastatina (complacência média: 85%) ou placebo (uso médio de estatina fora do estudo: 17%). Foram analisadas as primeiras ocorrências de eventos particulares e comparados todos os participantes recebendo sinvastatina ou placebo. Essas comparações avaliam os efeitos de aproximadamente dois terços dos participantes (85% menos 17%) tratado com estatina durante o período programado de 5 anos. Os eventos registrados foram mortalidade e eventos vasculares fatais e não-fatais, com avaliações secundárias de câncer e outra morbidade maior. Resultados: A mortalidade para qualquer causa foi significativamente diminuída (1328 [12,9%] mortes entre os 10.269 tratados por sinvastatina vs. 1507 [14,7%] entre os 10 267 tratados por placebo; p = 0,0003), devido a uma diminuição altamente significativa da taxa de morte por doença coronariana (587 [5,7%] vs. 707 [6,9%]; p = 0,0005), uma diminuição significativa das outras mortes por causa vascular (194 [1,9%] vs. 230 [2,2%]; p = 0,07), e uma diminuição não-significativa das mortes de origem não vascular (547 [5,3%] vs. 570 [5,6%]; p = 0,4). Foi observada uma diminuição altamente significativa de 25% da taxa de infarto do miocárdio não-fatal ou morte coronariana (898 [8,7%] vs 1212 [11,8%]; p < 0,0001), e de acidente vascular cerebral fatal ou não-fatal (444 [4,3%] vs 585 [5,7%]; p < 0,0001), e de revascularização coronariana ou não-coronariana (939 [9,1%] vs 1205 [11,7%]; p < 0,0001). Para a primeira ocorrência de qualquer um desses eventos vasculares, foi observada uma diminuição de 24% (SE 3; 95% IC 19-28) da taxa de evento (2033 [19,8%] vs. 2585 [25,2%] indivíduos afetados; p < 0,0001). Durante o primeiro ano, a diminuição de eventos vasculares não foi significativa, mas se tornou altamente significativa durante os anos seguintes. A diminuição proporcional da taxa de evento foi semelhante (e significativa) em cada subcategoria de participante estudada, incluso: os sem doença coronariana diagnosticada que apresentavam doença cérebro-vascular, que tinham uma doença arterial periférica, ou diabetes; homens e, separadamente, mulheres; participantes com idade superior ou não a 70 anos no início; e, também, participantes com nível de colesterol < 3,0 mmol/l (116 mg/dl), ou colesterol total < 5·0 mmol/l (193 mg/dl). Os benefícios da sinvastatina se acrescentaram aos dos outros tratamentos cardioprotetores. O risco anual de miopatia foi de 0,01%. Não foram 236 Continuação Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 04 (2002) observados efeitos adversos sobre a incidência de cânceres ou hospitalizações para qualquer causa não-vascular. Conclusão: Adicionar sinvastatina a tratamentos existentes, produz benefícios adicionais substanciais para um grande número de pacientes com risco, independentemente das concentrações iniciais de colesterol. Administração diária de 40 mg de sinvastatina diminuiu as taxas de infarto do miocárdio, ou acidente vascular cerebral, em aproximadamente 25%. Após ajuste por não complacência, este tipo de tratamento poderia provavelmente reduzir essas taxas em até um terço. Dentre os vários tipos de indivíduos estudados, 5 anos de sinvastatina pode prevenir em 70-100 pessoas por mil, a ocorrência de um evento cardiovascular grave (provavelmente um tratamento mais longo traria mais benefícios). David Pettit et al, American Diabetes Association 62st Scientific Sessions, San Francisco, Califórnia, 14 a 18 de junho de 2002 Comparação de análogo de insulina, insulina aspart e insulina humana regular com tratamento sem insulina em diabetes gestacional Insulina é recomendada para mulheres portadores da diabetes gestacional incapazes de realizar o controle metabólico com dieta. Os análogos da insulina de ação rápida oferecem o potencial para melhorar o controle da glicose pósprandial, mas a superioridade dessas preparações sobre a insulina regular não foi estabelecida na gravidez. Insulina aspart e humana regular foram comparadas durantes testes de refeições padronizados em mulheres portadoras de diabetes gestacional necessitando de insulina. 15 mulheres com diabetes diagnosticado nas semanas 18-28 de gestação, sem controle metabólico adequada com dieta em tratamento único, realizaram um teste em três primeiras refeições. No primeiro dia, nenhuma insulina exógena foi usada. No segundo dia, insulina aspart ou regular foi usada após randomização, e no terceiro dia, a outra insulina foi usada. Insulina aspart foi administrada 5 minutos e a regular 30 minutos antes do início da refeição. Os testes, que consistiram em 20% da ingestão calórica diária, incluíram 40% de carboidratos, 20% de proteínas e 40% de gordura. A glicose plasmática foi medida 30 e 0 minutos antes da refeição e 15, 30, 60, 90, 120, 180 e 240 minutos após a refeição. O pico da glicose pós-prandial (PPG), que era de 60 minutos nos três testes, foi significativamente menor com aspart e regular, do que sem insulina. Ao contrário, a área sob a curva (AUC) da glicose de 3 e 4 horas, foram significativamente menores com aspart do que sem insulina, mas não foram muito diferentes entre insulina regular e sem insulina. Tipo de insulina PPG (mg/dl) 60 min Sem Regular Aspart 123 116 112 vs. sem insulina P = 0,034 P < 0,001 PG vs. sem insulina 3 e 4 horas (mg.h/dl) 85 e 75 80 e 67 72 e 66 P < 0,01 P < 0,001 AUC 3 horas vs. sem insulina 29,4 30,2 7,1 P = 0,997 P < 0,02 Durante uma gravidez complicada por diabetes gestacional, ambos os tipos de insulina foram eficientes para recolocar a glicose na linha base, 3 horas após a refeição. Entretanto, aspart foi mais eficaz que a regular para diminuir o pico pós-prandial e, em razão do AUC total menor, diminuiu a exposição à glicose do feto. Maiores estudos serão necessários para avaliar o potencial, a longo prazo, para o beneficio do filho. 238 Anoja S. Attele et al, Diabetes 2002;51(6):1851-1858, junho de 2002 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 04 (2002) Efeitos antidiabéticos de extrato de Panax ginseng e identificação de um componente efetivo Avaliamos os efeitos antihiperglicêmicos e anti-obesidade de extrato de Panax Ginseng e de seu maior componente, ginsenoside Re, em ratos obesos e diabéticos C57BL/6J ob/ ob. Os animais receberam injeções intraperitoneais diárias de extratos de Panax ginseng durante 12 dias. No dia 12, os ratos tratados por 150mg/kg de extrato tornaram se normoglicêmicos (137 ± 6.7 mg/dl) e melhoraram significativamente a tolerância à glicose. A excursão total de glicose durante o teste de glicose intraperitoneal de 2 horas diminuiu em 4% (P < 0.01), comparado com os ratos tratados com placebo. A melhora dos níveis da glicose sanguínea em ratos tratados por extrato, foi associada com uma diminuição significativa dos níveis de insulina plasmática em ratos alimentados e de jejum. A análise do clamp hiperinsulinemico-euglicêmico revelou um aumento superior a 2 vezes da taxa de glicose estimulada por glicose em ratos tratados (112 ± 19,1 vs. 52 ± 11,8 µmol · kg-1 · min-1 para o grupo placebo, P < 0,01). Os ratos tratados também perderam peso (de 51,7 ± 1,9 g no dia 0 para 45,7 ± 1,2 no dia 12, P < 0,01), diminuíram a ingestão de alimentos (P < 0,05), associada com aumento muito significativo da despesa de energia (P < 0,01) e da temperatura corporal (P < 0,01). O tratamento também diminuiu significativamente os níveis de colesterol plasmático. Outros estudos mostraram que ginsenoside Re tem uma ação antihiperglicêmica. O efeito antidiabético de ginsenoside Re não foi associado a alterações no peso corporal, sugerindo que outras partes do extrato têm mecanismos farmacológicos distintos sobre o metabolismo energético. Gun Frisk et al, Diabetes 2002;51:1964-1971, junho de 2002 Infecção a enterovírus ligada ao diabetes juvenil A maioria das crianças recentemente diagnosticado como portadores de diabetes tipo 1, têm RNA de enterovírus em suas células sanguíneas, sugerindo que uma infecção viral pode contribuir no desenvolvimento do diabetes. Evidências geográficas e epidemiológicas sugerem que fatores do meio ambiente têm um papel na etiologia do diabetes tipo 1 em crianças. Infecção a enterovírus já foi suspeitada a muito tempo no desenvolvimento do diabetes. Os autores estudaram a ocorrência do RNA de enterovírus em células sanguíneas periféricas mononucleares de 24 crianças com diabetes tipo 1 recentemente diagnosticado, 20 de seus irmãos e 24 crianças controle. RNA de enterovírus foi detectado em 18 (75%) das crianças diabéticas, 12 dos 19 (63%) irmãos, mas só em 7 dos 24 (29%) controles. Segundo os autores, esses resultados confirmam o envolvimento das infecções a enterovírus no desenvolvimento do diabetes tipo 1. A análise revelou uma homologia com vírus Coxsackie B e outros enterovírus. Nelly Pitteloud et al, 84th annual meeting of the Endocrine Society, San Francisco, 21 de junho de 2002 Resistência à insulina associada a níveis baixos de testosterona em homens Segundo este estudo, homens resistentes à insulina têm também níveis reduzidos de testosterona. A diminuição de secreção de testosterona pode ser a consequência de alterações no eixo hipotálamo-hipofisário-gonádico e de diminuições em sex-hormone binding globulin (SHBG). Os autores pesquisaram se existe uma relação dose-resposta entre o aumento Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 04 (2002) 239 Continuação da resistência à insulina e a secreção de testosterona em homens saudáveis. 11 homens saudáveis, idade 40-55 anos, efetuaram testes de testosterona e SHBG. O IMC médio era 26, com intervalo 22,5 a 32,7, e o nível médio de testosterona no início era de 558 ng/dl. O nível médio de SHBG era 27 nmol/l. Os participantes fizeram um teste de tolerância à glicose de 75g via oral, para fornecer um índice de sensibilidade à insulina do corpo inteiro (ISI), baseado em níveis de glicose e insulina. O ISI foi de 11, com intervalo 5-15. Num subgrupo de 8 indivíduos, os autores avaliaram a secreção de testosterona e gonadotropina com amostras de sangue dos participantes cada 10 minutos durante 12 horas. Os esteróides sexuais e gonadotropinas dos participantes foram inicialmente supressos por antagonista da gonadotropinreleasing hormon (GnRH). Os participantes receberam aplicação endovenosa de 750 mg/kg de GnRH, para os autores acessar a sensibilidade da hipófise. Para avaliar a função da célula de Leydig, os participantes receberam um teste de estimulação com HCG (Human Chorionic Gonadotropin), com injeção intramuscular de 1000 UI. Os autores acharam que ISI é altamente correlato com os níveis de SHBG (p < 0,05). A relação entre ISI e testosterona existe, mas não é significativa (p = 0.09). ISI é altamente correlato com amplitude do hormônio luteotrópico (p < 0.05), o que indica uma resposta da hipófise à insulina. Na avaliação da resposta testicular, os pesquisadores observaram uma correlação significativa entre ISI e a resposta da testosterona à gonadotropina coriônica em 24 horas (p < 0.05). Segundo os autores, “é importante encontrar um tratamento pra observar se a inversão da resistência à insulina pode melhorar a secreção de testosterona. Os homens que apresentam uma resistência à insulina devem ser encorajados a perder peso. Entretanto, devemos também pesquisar se os agentes sensibilizadores à insulina podem melhorar a secreção de testosterona.” Neville Drasdo et al, Lancet 2002;359:2251-2253, junho de 2002 A hypoxia retinal à noite contribui para a retinopatia diabética (É melhor dormir com as luzes acesas ?) Segundo este estudo, hipoxia durante horas de escuro aparecem contribuir à retinopatia diabética, sugerindo que a iluminação noturna poderia atrasar o desenvolvimento da doença. Outros estudos já tinham sugerido que a demanda aumentada de oxigênio durante à adaptação à escuridão, associada à função capilária diminuída, seria responsável pelo dano retinal observado em diabéticos. Os autores investigaram o efeito da inalação de oxigênio sobre a amplitude dos potenciais oscilatórios, refletindo a função retinal, após adaptação à escuridão, em 7 pacientes diabéticos e 8 controles. Em diabéticos, a diminuição dos potenciais oscilatórios induzida pela adaptação à escuridão foi restaurada em níveis normais durante a inalação de oxigênio, mostrando que dimunuí a auto-regulação da circulação retinal. Os potenciais oscilatórios em indivíduos controles não foram alterados pelo oxigênio. Os autores mostraram também que as células amacrinas, situadas entre as duas camas capilárias na retina central, onde a retinopatia diabética começa, eram sujeitas à hipoxia. Esses achados sugerem que a luz durante a noite poderia beneficiar o diabético. Segundo os autores, “a luz que passa através das pálpebras é suficiente para suprimir a adaptação à escuridão. E nossos resultados mostram que os pacientes diabéticos poderiam beneficiar de um ciclo alterado de iluminação durante o sono, para diminuir o consumo de oxigênio pela retina”. Mas, existem outros efeitos potenciais sobre as funções do olho e os ritmos circadianos, necessitando maiores pesquisas, antes de recomendar qualquer ao paciente. 242 Doggrell SA. Expert Opin Pharmacother 2002;3(7):1011-3, julho de 2002 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 04 (2002) Metformina e estilo de vida previnem o diabetes tipo 2: intervenção sobre o estilo de vida tem o efeito maior Diabetes mellitus está ocorrendo em proporções epidêmicas em vários países. Em razão da eficácia limitada da profilaxia por remédios das complicações diabéticas após instalação da doença, parece mais apropriado pesquisar os métodos de prevenir o aperecimento do diabetes. Um estudo recente do Diabetes Prevention Programme Research Group investigou se as alterações do estilo de vida ou a metformina, eram eficazes para atrasar o surgimento do diabetes em indivíduos com tolerância à glicose diminuída. Os objetivos da intervenção intensiva sobre o estilo de vida, eram o de obter e manter uma diminuição de peso de 7%, através de uma dieta de baixa caloria, pouca gordura e a promoção de uma atividade física de intensidade moderada, tal como uma caminhada de pelo menos 150 minutos/semana. A eficiência da intervenção sobre o estilo de vida foi um sucesso, mas diminuiu com o tempo. A metformina é responsável por uma perda de peso significativa, mas inferior à intervenção sobre o estilo de vida. As duas terapias diminuíram a glicose de jejum de uma maneira semelhante. O programa de estilo de vida diminuiu mais a HbA1c do que a metformina. Tanto a intervenção intensiva no estilo de vida quanto a metformina, diminuíram a incidência do diabetes, mas o programa de estilo de vida tem o efeito maior. Celafisc, São Caetano do Sul, SP, programa Agita São Paulo, julho de 2002 Tendência secular: diminuição dramática da força muscular Uma das preocupações da área de ciências do esporte e promoção da saúde, tem sido o comportamento das variáveis de aptidão física dos escolares ligada à saúde, por exemplo: peso, altura, adiposidade corporal, força muscular dos braços e pernas. Em 2000, analisamos as variáveis antropométricas em três décadas 1980, 1990, 2000. Este tipo de estudo recebe o nome de tendência secular (TS), que pode ser positiva, negativa ou nula. Os dados são de escolares adolescentes residentes no município de Ilhabela-SP, região de baixo nível sócio-econômico. Participaram desse estudo 496 adolescentes na faixa etária de 10 a 15 anos, sendo 276 do sexo feminino (11,74 ± 4,39 anos) e 220 do sexo masculino (11,77 ± 1,64 anos). Foram mensuradas as variáveis antropométricas de: peso corporal (kg); estatura (cm) e adiposidade corporal através da soma de sete dobras cutâneas (bíceps, tríceps, subescapular, suprailíaca, axilar média, abdominal, panturrilha). As variáveis neuromotoras mensuradas foram as de: dinamometria manual direita e impulsão vertical sem auxílio dos braços. Encontramos uma TS positiva na adiposidade corporal (masculina: 33,6%), negativa para força de membros superiores (masculino: -35,5% e feminino: 28,9%) e nula para a força de membros inferiores (masculina: 7,6% e feminino: 2,9%) e potência aeróbica (masculino: -6,9% e feminino: -5,3%) Observamos que, com o passar dos anos a população adolescente está cada vez mais gordinha e com uma diminuição dramática da força muscular. Esses dados sugerem que uma intervenção no comportamento sedentário é fundamental durante a fase da adolescência, para promover um melhor índice de aptidão física, evitando o aumento da adiposidade corporal, melhorando os níveis de força e potência aeróbica. Diabetes Clínica 04 (2002) 243 O Diabetes na Imprensa A pílula da voracidade 14 de julho de 2002 JAHH= 3 de julho de 2002 Um novo agente antivoracidade acaba de ser avaliado por pesquisadores brasileiros e americanos; o topiramato, substância ativa de medicamentos anticonvulsivantes usados para a epilepsia em crianças, que apresentou eficácia em 70% dos casos de compulsão alimentar. A pesquisa pioneira foi feita este ano pelo Instituto de psiquiatria da UFRJ e do instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia (Iede), sob o comando do psiquiatra José Carlos Appolinário. O transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP), nome nacional para o binge eating disorder (ED), atinge 30% do total dos obesos, mas é muito mais grave do que a noção leiga de compulsão, geralmente usada para definir um ataque a uma barra de chocolate. A compulsão é uma orgia alimentar, que pode acontecer com qualquer um, uma vez ou outra, mas a doença se caracteriza por no mínimo dois episódios por semana dessa orgia, nos quais a pessoa perde totalmente o controle e come, de uma vez e rapidamente, geralmente escondido, à tarde ou à noite, por exemplo, um pacote de sucrilho, com refrigerantes, depois pão, carnes, feijão e se sente mal. Se você costuma exagerar num jantar e ainda repete todas as sobremesas, você não é um portador de TCAP. Mas pode estar entre os 52% dos brasileiros que tentam emagrecer e têm, de vez em quando, um episódio de binge eating, segundo o Dr. Walmir Coutinho, endocrinologista e especialista da obesidade. (...) Walmir Coutinho tem uma hipótese original sobre a origem emocional da gordura abdominal, causada por depressão, estresse e compulsão: “Sabemos que a gordura abdominal está associada à secreção do hormônio cortisol, produzido pelas glândulas supra-renais, as glândulas do estresse. Logo, a depressão e o estresse, aliados à compulsão, fazem com que a pessoa engorde mais na barriga.”Por que é tão difícil emagrecer na adolescência? Por que é tão difícil emagrecer na adolescência? Aquela ‘barriguinha’ que aparece na adolescência pode ir muito além da vaidade. Quem tem de 10 a 20 anos e vive brigando com a balança pode estar com a saúde ameaçada. Diabetes, excesso de açúcar no sangue e colesterol alto. Atenção! Isso não é mais ‘doença de velho’. Elas atacam cada vez mais cedo. E é bom tomar cuidado, 25% dos adolescentes brasileiros estão acima do peso. Mas, se emagrecer é fácil, difícil é manter o peso. O pediatra de 244 Continuação O Diabetes na Imprensa - Diabetes Clínica 04 (2002) adolescentes (hebiatra), Mauro Fisberg, da Universidade Federal de São Paulo, confirma a tese do ‘efeito sanfona’. Segundo ele, menos de 25% dos adolescentes conseguem manter o peso depois que saem da dieta. “Na verdade, eles não modificaram em nada o estilo de vida. A dieta não foi incorporada ao cotidiano”. Uma pesquisa americana recente mostrou que os médicos do país não sabem cuidar da obesidade infantil e juvenil. Depois de ouvir 940 profissionais, entre pediatras, enfermeiros pediátricos e nutricionistas, chegouse à conclusão de que os médicos não conseguem ajudar crianças e adolescentes a perder peso. Entre os obstáculos apontados pelos profissionais estão a insegurança e a falta de motivação do paciente e a intromissão ou omissão dos pais. Dados nacionais indicam que 14% de crianças e adolescentes entre 6 e 14 anos de idade sofrem do problema. O percentual é quase o triplo do registrado na década de 60. Hoje, um quarto da população norte-americana é obesa. No Brasil, o número de adolescentes obesos dobrou, nos últimos 20 anos. E o vilão não é o fast-food, nem o refrigerante. “Não existe um único vilão quando o assunto é obesidade. O problema é estrutural, é da sociedade. 246 O Diabetes na Imprensa - Diabetes Clínica 04 (2002) Continuação As pessoas estão cada vez mais sedentárias e os hábitos alimentares mudaram muito”, disse o pediatra. Quem pensa em ficar magrinho para aproveitar a praia no verão pode ficar tranquilo - há tratamento. Nada de remédios e inibidores de apetite, o paciente deve passar por um programa de reeducação alimentar. “O programa deve atingir a família também. Não adianta pedir para o adolescente mudar os hábitos alimentares, se os pais continuam fazendo tudo errado”. Diversos estudos já demonstraram que, quanto mais tempo se passa vendo televisão ou diante do computador, mais chances têm de se tornar obeso. “O tempo que é gasto com essas atividades, poderia ser usado em atividades físicas. Antigamente, as crianças e adolescentes jogavam futebol nas ruas, soltavam pipas, brincavam de queimada. Hoje, as atividades físicas são agendadas, programadas pelos pais”, disse Fisberg. Atenção redobrada para quem come assistindo à televisão ou diante do computador. Pesquisadores americanos descobriram que cada refeição feita diante da TV aumenta de 38 a 73 minutos o tempo total diário diante do aparelho. “Ajudar as famílias a restringir a freqüência com que as crianças comem assistindo à TV pode auxiliar na redução do tempo que os filhos passam diante da televisão e na diminuição da obesidade”, disse o coordenador da pesquisa. Quanto maior a faixa etária, mais tempo é gasto em frente à TV. “No Brasil, os adolescentes passam, em média, cinco ou seis horas por dia na frente do aparelho”, disse Fisberg. GAZETA MERCANTIL Gordura não engorda 11 de julho de 2002 Os italianos não gostaram da capa da revista dominical do The New York Times. Estampou na capa um bife com manteiga e mostrou que a cada dia cresce o número de médicos norte-americanos que questionam a pirâmide alimentar, recomendada durante as últimas décadas à população dos EUA, em que a base são os carboidratos e o topo (que deve ser menos consumido), as gorduras. Em vez de conduzir a uma vida mais sadia, a pirâmide seria a causa da obesidade, que provoca nos Estados Unidos todos os anos a morte de 280.000 pessoas. Os italianos responderam pelo Corriere della Sera: A dieta mediterrânea, rica em massas e pobre em gordura animal, causa menos cardiopatias, menos incidência de tumores e garante melhor forma física”. Em tempo: o ovo também foi absolvido em pesquisa da Harvard School of Public Health. Os maiores consumidores mundiais, Japão, Espanha e França, são os que têm a mais baixa mortalidade por doença cardiovascular. A era dos super-remédios 26 de abril de 2002 (...) Há ainda boas promessas para os diabéticos. O Exubera, da Aventis Pharma e da Pfizer, é uma insulina inalável para tratamento de diabetes tipo 1 e 2. Ela substitui as injeções e age mais rapidamente no organismo. (...) Para controlar a obesidade a última palavra continua a ser Xenical, primeiro remédio a agir diretamente no intestino e que é capaz de reduzir a absorção de gordura em até 30%. Mas existem dezenas de substâncias em estudos. A leptina é uma das que estão em fase mais adiantada de pesquisa. Trata-se de um hormônio produzido pelas células gordurosas que faz com que o apetite diminua de forma acentuada. Os laboratórios também, estão estudando a indicação de antidepressivos, como o Wellbutrin e o Zoloft, para quem quer perder peso. E todos estão atrás de um remédio que acelere o metabolismo dos gordinhos, fazendo-os queimar mais calorias. 248 Diabetes Clínica 04 (2002) Avanços terapêuticos e tecnológicos Meng H. Tan et al, 62th Scientific Sessions, American Diabetes Association, San Francisco, California, 14-18 de junho de 2002 Pioglitazona melhora a dislipidemia aterogênica em pacientes portadores de diabetes tipo 2 nunca tratados com agentes hipoglicemiantes Estudamos o efeito da pioglitazona sobre as taxas elevadas dos triglicérides (TG), o nível diminuído de HDL-colesterol e o aumento das partículas de LDL-colesterol em pacientes portadores de diabetes tipo 2 com, controle glicêmico inadequado (HbA1c inicial = 7,52 ± 0,93% média ± DP) e hipertrigliceridemia leve. O estudo de 16 semanas, multicêntrico, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, comparou os efeitos do placebo com PIO 30 ou 45 mg, em pacientes nunca tratados por agentes hipoglicemiantes (n = 297), portadores de diabetes tipo 2. TG plasmáticos, HDL e LDL colesterol, colesterol total e apolipoproteína B (ApoB) foram medidos. Foi calculado o índice aterogênico do Plasma (AIP = log10[Tg/HDL-C]; inversamente correlato com o tamanho das partículas de LDL). Foram incluídos pacientes tratados ou não com drogas alterando os lípides. Valores inicias e finais foram comparados. As alterações (média ± DP), na exceção de AIP (alteração absoluta a partir do início), são reportadas na tabela. Conclusão: Comparado com placebo, PIO 30 e 45 mg aumentaram HDLC e diminuíram TG, ApoB e AIP em pacientes portadores de diabetes tipo 2 com controle glicêmico insuficiente. Estes resultados sugerem que PIO age positivamente sobre a dislipidemia aterogênica e pode reduzir o risco cardiovascular em pacientes portadores de diabetes tipo 2. Tg (mmol/l) início Tg (%∆) HDL-C (mmol/l) início HDL-C (%∆) LDL-C (mmol/l) início LDL-C (%∆) TC (mmol/l) início TC (%∆) ApoB (mmol/l) início ApoB (%∆) AIP (∆) Placebo (n= 96) PIO 30 mg (n= 91) PIO 45 mg (n= 95) 1,7 ± 0,1 1,3 ± 4,0 1,2 ± 0,03 8,8 ± 2,2 3,0 ± 0,08 4,0 ± 2,6 5,1 ± 0,09 2,2 ± 1,7 1,03 ± 0,02 2,9 ± 2,0 -0,05 ± 0,02 1,9 ± 0,1 -7,7 ± 4,3 1,1 ± 0,03 16,4 ± 2,4 3,0 ± 0,08 6,2 ± 2,8 5,2 ± 0,10 3,8 ± 1,9 1,09 ± 0,03 0,9 ± 2,2 -0,13 ± 0,02 2,0 ± 0,1 -16,4 ± 4,2 1,1 ± 0,03 19,5 ± 2,3 3,1 ± 0,08 3,3 ± 2,7 5,4 ± 0,10 0,6 ± 1,8 1,10 ± 0,03 -4,8 ± 2,1 -0,17 ± 0,02 250 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 04 (2002) Malene Hollingdal et al, 62th Scientific Sessions, American Diabetes Association, San Francisco, Califórnia, 14-18 de junho de 2002 Mohammed F. Saad et al, American Diabetes Association 62st Scientific Sessions, San Francisco, Califórnia, 14 a 18 de junho de 2002 A repaglinida aumenta a secreção de insulina na primeira fase e libera a insulina pulsátil de alta frequência em diabetes tipo 2 A pulsatilidade da insulina basal de alta frequência e dependente da glicose é perturbada em diabetes tipo 2. Este estudo foi realizado para entender a influência possível de um secretagogo não-sulfoniluréia, a repaglinida, sobre a pulsatilidade da insulina em diabetes tipo 2. Por isso, foram examinados 10 pacientes portadores de diabetes tipo 2 (idade 53,4 ± 8,9 anos, IMC 29,9 ± 3,7 kg/m2, HbA1c 7,0 ± 1,1%, média ± DP), em estudo controlado por placebo e cruzado. Os participantes foram tratados com repaglinida (REP) 3-9 mg/dia ou placebo durante 6 semanas, com dosagem ajustada semanalmente. No final de cada período de tratamento a secreção da primeira fase da insulina (15g de glicose endovenosa) foi medida. Secreção foi avaliada usando infusão de bolo de glicose (6 mg/kg de peso corporal cada 10 minutos), por 60 minutos durante (i) condições de linha base e (ii) 30 minutes após uma dose oral de REP ou placebo 0,5 mg. Os resultados são dados como REP vs. placebo. HbA1c apresenta uma tendência a diminuir (p = 0,075). AUCins durante a primeira fase de teste de secreção de insulina aumentou durante repaglinida (1578 ± 523 vs. 1139 ± 451 pM/l per 10 min, p < 0,05). Glicose produz uma explosão de secreção de insulina com volume e amplitude aumentados durante o tratamento de repaglinida (volume: 44,4 ± 6,0 vs. 31,4 ± 3,3 pmol.l-1pulso1, p < 0,05; amplitude 17,7 ± 2,4 vs. 12,6 ± 1,3 pmol.l-1min-1, p < 0,05), embora a secreção basal de insulina fique inalterada. Após estimulação aguda, a secreção de insulina basal aumenta significativamente (12,1 ± 1,5 vs. 9,0 ± 1,0 pmol.l-1pulso-1, p < 0,05), embora o volume e a amplitude da massa explosiva de insulina aumente (p d” 0,071). A frequência e regularidade dos pulsos de insulina durante a secreção não foram influenciados pela terapia antidiabética. Em conclusão, nos pacientes portadores de diabetes tipo 2, 6 semanas de tratamento com o secretagogo de insulina repaglinida, aumenta a secreção de primeira fase da insulina, além da massa e amplitude da explosão secretante de insulina de alta frequência, após teste de glicose. Este sem alterar a regularidade do processo de liberação da insulina. Ragaglitazar melhora o perfil lipídico e o controle glicêmico em diabetes tipo 2 hipertrigliceridemico Ragaglitazar faz parte de uma nova classe de PPARg e a-agonistas, que melhoram a sensibilidade à insulina e a dislipidemia diabética. Os efeitos dose-resposta foram estudados em estudo de 12 semanas, duplo-cego, com grupo paralelo, controlado por placebo em 177 pacientes hipertrigliceridemicos (> 150 mg/dl), portadores de diabetes tipo 2 (idade 18-70 anos), randomizados para receber ragaglitazar (0,1, 1, 4 ou 10 mg/dia), placebo, ou pioglitazona (45 mg/dia). Os valores médios de início dos triglicérides (TG; média 244307 mg/dl) e glicose plasmática de jejum (FPG, média 170-216 mg/dl) foram semelhantes para todos os grupos. A melhora do perfil lipídico de jejum depende da dose. Os perfis de segurança das doses de ragaglitazar 0,1 e 1 mg foram semelhantes ao placebo. Nos grupos com doses mais elevadas ou pioglitazona, foram encontrados efeitos adversos conhecidos dos agonistas de PPAR; edema, ganho de peso e diminuições reversíveis dos números de eritrócitos e leucócitos. Em resumo, ragaglitazar melhora significativamente o perfil lipídico total e diminui significativamente a glicose sanguínea em pacientes portadores de diabetes tipo 2. 252 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 04 (2002) Continuação Ragaglitazar # pacientes TG %∆ inicio HDL %∆ inicio LDL %∆ inicio CT %∆ inicio FPG (mg/dl) %∆ inicio Ganho de peso (kg) 0,1 mg 26 -18 3 10 3 -32* 1 1 mg 30 -45* 17* -6 -5 -71* 4* pioglitazona 4 mg 32 -67* 28* -14* -17* -97* 7* 10 mg 31 -56* 8 -19* -16* -100* 8* 45 mg 28 -45* 12 11 0 -66* 3* *P ≤ 0,05 vs. placebo, ∆ início: alteração em relação ao início (linha base). Eberhard Standl et al, American Diabetes Association 62st Scientific Sessions, San Francisco, Califórnia, 14 a 18 de junho de 2002 Eficácia e segurança a longo prazo da insulina detemir em pacientes portadores de diabetes tipo 1 Michelle A. Baron et al, American Diabetes Association 62st Scientific Sessions, San Francisco, Califórnia, 14 a 18 de junho de 2002 Nateglinida diminui efetivamente HbA1c através de reduções da glicose pós-prandial em pacientes portadores de diabetes tipo 2 Insulina detemir é um análogo de insulina solúvel com Ph neutro e um perfil de ação previsível. Este estudo comparou a segurança e eficácia da insulina detemir e da insulina NPH em adultos portadores de diabetes tipo 1. Este estudo foi multicêntrico, multinacional, aberto, com grupo paralelo, randomizado, com duração de 12 meses. 288 pacientes participaram do estudo (154 com insulina detemir e 134 com insulina NPH; 184 homens e 104 mulheres; idade 41,6 (12,9) anos). 252 pacientes (134 insulina detemir e 118 insulina NPH) completaram o período de 12 meses de tratamento. O controle glicêmico foi testado por HbA1c, perfis de glicose e glicose plasmática de jejum após 12 meses de tratamento. Valores de HbA1c de 7,9% e 7,8% foram encontrados para insulina detemir e NPH, respectivamente. Insulina detemir mostrou uma tendência por risco menor de hipoglicemia à noite (risco relativo (detemir/NPH) = 0,71, p = 0,067). Perda de peso de 0,3 kg foi observada no grupo insulina detemir, e um ganho de peso de 1,4 kg foi encontrado no grupo NPH, resultando em uma diferença significativa e clinicamente relevante entre os grupos após 12 meses de tratamento (1,7 kg, p = 0,002). A proporção de pacientes com efeitos adversos sérios durante 12 meses foi menor no grupo detemir (9,1% vs. 13,4%). Em conclusão, insulina detemir e NPH forneceram controle glicêmico semelhante e perfis de segurança comparáveis após um ano de tratamento. O desenvolvimento favorável do peso e a tendência a menor risco de hipoglicemia noturna no grupo detemir, indicam o potencial promissor desse novo análogo de insulina. O agente insulinotrôpico de ação rápida nateglinida (NAT) diminui a glicose pós-prandial (PPG), atenuando as excursões da glicose pós-prandial. Este estudo avaliou a capacidade de 120 mg de NAT para reduzir a HbA1c, através de reduções de PPG em prática de consultório. Pacientes tinham diabetes tipo 2 inadequadamente controlado (HbA1c 7,0 – 9,5) por dieta (grupo 1) ou metformina (MET) (grupo 2). A dose de MET não foi alterada durante as 12 semanas do estudo. Os parâmetros demográficos e glicêmicos dos participantes (n – 141) são listados na tabela. 254 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 04 (2002) Continuação Idade (anos) Sexo Mul/Hom. IMC HbA1c Glicemia de jejum PPG 2 horas Grupo 1 (58) Grupo 2 (83) 55,3 ± 11,9 30/28 33,8 ± 5,6 8,2 ± 0,7 157,6 ± 34,9 194,6 ± 60,8 54,1 ± 9,4 40/43 32,6 ± 6,4 8,2 ± 0,7 163,7 ± 38,8 209,1 ± 60,4 NAT diminuiu a PPG 2 horas pós-café da manhã e a glicose incremental (PPG 2 horas – glicose de jejum) de uma maneira semelhantes no grupo 1 (44 ± 54 mg/dl, 30 ± 44 mg/dl, p < 0,001) e grupo 2 (49 ± 76 mg/dl, 37 ± 50 mg/dl, p < 0,001), resultando em diminuições de HbA1c em 1,1 ± 0,8% (p < 0,001) e 0,8 ± 0,9% respectivamente (p < 0,001). Foram observadas reduções comparáveis e modestas da glicose de jejum, em ambos os grupos (15 ± 26 mg/ dl e 15 ± 38 mg/dl, respectivamente, p < 0,001). 78% dos pacientes do grupo 1 e 70% do grupo 2 responderam à terapia (diminuição da HbA1c em 0,5%). O efeito adverso mais comum foi uma incidência baixa de sintomas leves de hipoglicemia (10,3% e 4,8%). Hipoglicemia confirmada (glicose plasmática < 60 mg/dl) foi encontrada em 2,9% e 1,9% dos casos, respectivamente. Este estudo demonstrou que o controle da glicose pós-prandial por nateglinida é bem tolerado e resulta na diminuição significativa em HbA1c no mundo real dos pacientes portadores de diabetes tipo 2. Andrea Natali et al, American Diabetes Association 62st Scientific Sessions, San Francisco, Califórnia, 14 a 18 de junho de 2002 Rosiglitazona melhora diretamente a função endotelial em pacientes diabéticos tipo 2 Já foi afirmado que as tiazolidinedionas diminuem a aterogênese, mas a evidência in vivo, independentemente do controle glicêmico, está faltando. Em 3 centros, 93 pacientes diabéticos tipo 2 receberam tratamento com rosiglitazona (R) (4 mg/dia) ou metformina (M) (500 mg/dia) vs. placebo (PL). Foram medidos a função endotelial (resposta [por pletismografia] do fluxo sangüíneo no antebraço a infusões intra-arteriais de acetilcolina [Ach] e nitroprussiato de sódio [SNP]) e sensibilidade à insulina (clamp euglicêmico [6,0 mM] de insulina [40mU/min/m2]) no início (após 4 semanas de testes e eliminação), e, de novo, em 16 semanas, num estudo duplo-cego e randomizado. As características do início (idade, sexo, IMC e HbA1c) foram semelhantes nos 74 participantes que completaram o estudo (PL = 22, M = 28, R = 24); comparações dos efeitos do tratamento foram ajustados segundo o centro e os valores de início. Em relação à PL, R e M diminuíram a glicose de jejum de maneira semelhante (média ± DP: -2,3 ± 0,5 e -2,3 ± 0,5 nM, p < 0,0001 para ambos) e HbA1c (-1,2 ± 0,3 e -1,6 ± 0,3, p < 0,0001 para ambos). Respostas vasculares a Ach e SNP foram semelhantes nos três grupos no início. As curvas dose-resposta de SNP não foram afetadas pelos tratamentos. Em contrato, a inclinação da curva doseresposta de Ach (unidades = ∆fluxo sanguíneo % per log de µg/min/dl de Ach) melhorou com R (de 276 ± 36 para 385 ± 48, p < 0,05) e não se alterou com M (de 317 ± 34 para 324 ± 36) ou com PL (de 240 ± 42 para 217 ± 56). Em relação a PL e M, R aumentou a inclinação da curva de dose-resposta de Ach em 185 unidades (IC 95%: 54/315, p < 0,01) e 85 unidades (IC 95%: 30/200, p = 0,15). Relativamente ao início (PL = 18,9, MK = 18,9, R = 21,7 µmol/min/kg), a sensibilidade à insulina aumentou com R (+3,9 ± 1,7 µmol/min/kg, p < 0,05), mas não com M (-0,6 ± 1,7 µmol/min/kg) ou PL (-1,2 ± 1,7 µmol/min/kg). Em relação a PL e M, R aumentou a sensibilidade à insulina em 6,1 (IC 95%: 2,0/ Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 04 (2002) 255 Continuação 10,1) e 5,5 (IC 95%: 1,7/9,4) µmol/min/kg (p < 0,06 para ambos). As alterações induzidas por tratamento na vasodilatação dependente do endotélio (Ach), foram independentes das alterações no controle glicêmico ou na sensibilidade à insulina. Concluímos que no diabetes tipo 2, o tratamento com rosiglitazona tem um efeito direto (independente do controle glicêmico e da ação da insulina) e positivo sobre a função endotelial. Robert Henry et al, American Diabetes Association 62st Scientific Sessions, San Francisco, Califórnia, 14 a 18 de junho de 2002 Farmacocinética e farmacodinâmica da insulina pulmonária em pacientes diabéticos jovens e idosos usando o AERx Insulin Diabetes Management System O AERx Insulin Diabetes Management System (IDMS) libera um aerossol de insulina líquida no fundo do pulmão por absorção sistêmica. A farmacocinética e farmacodinâmica da insulina inalada pelo sistema AERx foram comparadas em 27 jovens pacientes (18-45 anos) e 28 pacientes idosos (> 65 anos) portadores de diabetes tipo 2. Uma inalação única de 6 unidades AERx (comparáveis a 6 unidades subcutâneas) de insulina humana regular, foi administrada usando um protótipo do sistema AERx a cada um dos pacientes durante os dois dias do estudo. A farmacocinética da insulina plasmática foi avaliada a partir de 20 amostras de sangue coletadas durante 6 horas. AUC(0-360 min) e Cmax foram comparáveis entre pacientes jovens e idosos. Entretanto, o grupo idoso apresentou uma menor diminuição da glicose, como indicado por AOC(0-360) (área sobre a curva). Insulina inalada foi bem tolerada. Em conclusão, pacientes diabéticos tipo 2 jovens ou idosos apresentam perfis farmacodinâmicos comparáveis, mas com menor diminuição da glicose em pacientes idosos, após administração única de insulina usando o sistema AERx. AUC(0-360) Cmax AOC(0-360) Reuters, 25 de junho de 2002 insulina (pM*min) insulina (pM) glicose (mg/dl*min) Jovens (n = 25) Idosos (n = 25) Valor de p 38055 (15121) 37892 (16835) 219 (108) 221 (104) 16337 (7142) 12272 (6837) 0,476 0,414 0,011 FDA aprova teste cutâneo para colesterol O primeiro teste cutâneo de colesterol foi aprovada pela administração americana (Food and Drug Administration – FDA). O teste Cholesterol 1,2,3, fabricado por IMI International Medical Innovations Inc., Toronto, Canadá, análisa a quantidade de colesterol na pele usando a palma da mão. Este teste não vai substituir os testes padrões, mas pode ajudar identificar pacientes com doença cardíaca severa. Ele fornece uma informação complementa, que pode ajudar o médico na hora de determinar o tratamento. Num estudo em 649 pacientes portadores de doença arterial coronariana diagnosticada, o teste cutâneo, associada ao teste sanguíneo, ajudou identificar os pacientes que tinham as obstruções mais perigosas. O teste não ajudou identificar os pacientes com doença mais leve. Segunda a FDA, o teste fornece “4 a 15% mais informações sobre o risco de doença arterial coronariana severa, em comparação com os testes de colesterol sanguíneo e outros fatores de risco”. O teste consiste em um aplicador tipo Band-Aid colocado na palma da mão durante 3 minutos e o resultado aparece na tela de um leitor. O teste não pode ser usado por pessoas que apresentam doenças cutâneas nas mãos, nem após uso de loções ou cremes cutâneos. 256 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 04 (2002) Paolo Pozzilli et al, American Diabetes Association 62st Scientific Sessions, San Francisco, Califórnia, 14 a 18 de junho de 2002 Farmacocinética de spray de insulina oral vs. insulina regular e insulina lispro em diabetes tipo 1 Alan M. Smith et al, American Diabetes Association 62st Scientific Sessions, San Francisco, Califórnia, 14 a 18 de junho de 2002 Administração de insulina transdérmica através de microporos A formulação de insulina oral consiste em insulina administrada por spray aerossol com sistema RapidMist, rapidamente absorvida pela mucosa bucal e região do orofaringe. Neste estudo comparamos os perfis farmacocinéticos da insulina regular, insulina lispro e spray de insulina em pacientes portadores de diabetes tipo 1. 15 pacientes diabéticos participaram (4 tratados com insulina lispro e 11 com insulina regular no período das refeições), idade 21-51 anos (idade média 33,5 anos), com duração média de diabetes de 6 anos e controle das valores de HbA1c adequado (< 7%). Os pacientes foram acompanhadas durantes 2 dias consecutivos, a partir de uma refeição padrão e durante as 4 horas seguintes. No dia 1, os pacientes foram tratados com a insulina habitual (regular ou lispro) e no dia 2 a insulina subcutânea foi substituída por dose equivalente de insulina oral em spray. Amostras de sangue foram coletadas a cada 30 minutos, durante 2 horas, para obter um total de 7 amostras para cada dia. Foram medidos glicose sanguínea, insulina e peptídeo C. A farmacocinética da insulina oral foi semelhante à da lispro, atingindo o pico plasmático 30 minutos após administração (23,6 ± 22,8 mU/ml vs. 26,7 ± 19,2 mU/ml, respectivamente), e os níveis mais baixos em 240 minutos (10,4 ± 4,9 mU/ml vs. 12,9 ± 7,0 mU/ml). Como esperado, insulina regular atingiu o pico e o estado funcional entre 30 e 120 minutos (valor do pico 29,6 ± 12,9 mU/ml). Níveis da glicose sanguínea diminuíram após administração de insulina, qualquer seja o tipo de insulina usada. O spray de insulina oral é absorvido através da mucosa bucal com uma farmacocinética semelhante à da insulina lispro. O seu uso em pacientes diabéticos devem seguir as mesmas indicações que da insulina de ação ultra rápida. Sem dor, livre de agulha, a infusão de insulina a através de patch transdérmico é uma alternativa à administração subcutânea por bomba de insulina ou administração de insulina de longa ação tipo NPH, Lente, Ultralente ou Lantus. Um novo sistema de administração transdérmica, baseado sobre a microporação termal, foi desenvolvido para permitir a administração transdérmica de proteínas e peptídeos tipo insulina. O estudo de farmacocinética foi realizado em 5 voluntários não-diabéticos para avaliar o sistema de administração do patch de insulina, contendo uma formulação de insulina lispro em um reservatório líquido do patch. Poros microscópios superficiais foram criados na camada stratum corneum na pele do antebraço, sobre uma superfície retangular (90 poros/cm2, 13 cm2), por processo de microporação termal não doloroso. O reservatório foi completado com 1,3 ml de insulina lispro 100 U (Humalog) e aplicado sobre a superfície de microporos durante 12 horas. Amostras de plasma foram coletadas a cada hora, durante 14 horas e analisadas por método de radioimmunoensaio especifico para insulina lispro (Linco Research, limite de detecção = 2,5 mU/ ml). Níveis de lispro mostraram uma administração constante durante as 12 horas de aplicação do patch. A curva média plasmática tinha um Cmax de 13,7 ± 2,7 mU/ml (média DP) at TMax de 6 horas. Após remoção do patch, os níveis plasmáticos voltaram ao nível basal em aproximadamente 2 horas. Em média, os níveis plasmáticos de insulina lispro foram mantidos a cima de 5 mU/ml entre 1 e 12 horas. A área da curva média foi de 114 mU-hr/ml. A administração de insulina foi realizada usando um patch transdérmico contendo 258 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 04 (2002) Continuação uma formulação de insulina aprovada e não alterada, sem o uso de processo químico, iontoforese ou ultra-som. Estudos estão em andamento para desenvolver um patch de 24 horas, para fornecer um sistema de administração de insulina conveniente para a população diabética, sem agulha e sem dor. Fátima Bosch et al, J Clin Invest 2002;109:1153-1163, maio de 2002 Transferência de gene insulin-like growth factor-1 para células de ilhotas de pâncreas reverte o diabetes tipo 1 em ratos A transferência de gene insulin-like growth factor-1 (IGF-1) para as células β de um modelo de rato, conduz à regeneração de ilhotas pancreáticas e restauração de estado não-diabético, segundo uma equipe de pesquisadores da Universidade de Barcelona, Espanha. Ratos normais tratados com streptozotocina desenvolvem uma taxa elevada de hiperglicemia, hipoinsulinemia, perda de peso e morte. Os autores usaram essa técnica para induzir diabetes em ratos transgênicos que produzem níveis elevados de IGF1 no pâncreas. Antes do tratamento com streptozotocina, os ratos trangênicos eram semelhantes a ratos não-transgênicos, na exceção da concentração mais elevada de IGF-1 nas ilhotas. Os ratos não-transgênicos desenvolveram níveis de glicose sanguínea > 600 mg/ml, a insulina plasmática caiu, e morreram no intervalo de 4 meses. Ao contrário, os ratos transgênicos exibiram uma taxa de glicose sanguínea de 300 mg/dl durante 2 meses, quedepois se normalizou. Os níveis de insulina ficaram normais e eles ganharam peso corporal, após estabelecimento da normoglicemia. Um segundo lote de ratos transgênicos reagiu de maneira mais severa ao tratamento de streptozotocina, com o desenvolvimento de uma hiperglicemia muito elevada, baixos níveis de insulina e aumento da ingestão de alimentos e líquidos. De novo, esses efeitos foram revertidos após vários meses. O IGF1 parece proteger parcialmente as células β da apoptose. Apesar de ser mais baixa em ratos não tratados por streptozotocina, a massa celular β foi aproximadamente 7 vezes mais significativas. As células produtoras de insulina eram mais presentes em ratos transgênicos tratados por streptozotocina, em comparação com ratos não-transgênicos após 3 meses. O estudo sugere que a destruição de células β poderia ser contra-atacada por engenharia genética in vivo do pâncreas endócrino, para expressar os fatores chave que induzem a replicação das células β. 27 de junho de 2002 European Drug Agency: os benefícios da sibutramina superam os riscos A European Medicines Evaluation Agency (EMEA) declarou que os benefícios da droga anti-obesidade sibutramina são maiores do que os riscos, mas que vai continuar monitorar o produto, com novos estudos de segurança e eficácia. A agência re-examinou a segurança da droga, após a suspensão das vendas na Itália em março de 2002, após o relatório de 50 reações adversas, inclusas 2 óbitos. O laboratório Abbott mencionou 34 óbitos em março, dos quais 28 nos Estados Unidos. Mas a empresa explicou que não existe evidência de relação das mortes com a droga. 9 milhões de pacientes já experimentaram a droga desde o seu lançamento em 1997. O laboratório confirma que a sibutramina pode aumentar a pressão sanguínea em certos pacientes, e que é necessária o monitoramento regular da pressão arterial. A sibutramina não pode ser administrada sem precaução a pacientes com histórico de hipertensão, e não pode ser prescrita para pacientes com hipertensão descontrolada ou inadequadamente controlada. Diabetes Clínica 04 (2002) 259 Produtos e novidades Lowçucar lança as gelatinas Stevia Plus, o pó para preparo de leito condensado light e o pó para preparo de bolo light As gelatinas Lowçucar têm polpa de frutas, são adoçadas com Stevia Plus Lowçucar e têm redução calórica de até 88%. As gelatinas light Stevia Plus são uma sobremesa leve, ideal para pessoas que optam por uma alimentação baseada em redução calórica, e isenta de açúcares, podendo ser consumidas por todos, inclusive diabéticos. As gelatinas Lowçucar estão disponíveis em embalagens de 14g e disponíveis nos sabores: abacaxi, cereja, morango e uva. O pó para preparo de leite condensado light, sem açúcar e 41% menos calorias é um produto com muito sabor e praticidade. O leite condensado light lowçucar está disponível em práticas embalagens de 200g. O pó para preparo de bolo light, sem açúcar, facilita a sua cozinha diet e light. O bolo light Lowçucar tem uma redução de 38% de calorias e 78% de gorduras em relação ao bolo comum. O bolo light Lowçucar está disponível em uma prática embalagem de 300g e no sabor de chocolate. A1cNow de Metrika: teste imediato da HbA1c na clínica ou em casa A1cNow é o primeiro teste de uso único (descartável) para monitorar a hemoglobina A1c (HbA1c). O teste precisa só de uma gota de sangue, misturada com o líquido fornecido pelo sistema e o resulta aparece na tela em exatamente 8 minutos. Aprovado pela FDA, A1cNow é um teste simples e prático para avaliar o histórico de cada paciente durante os últimos três meses. Este teste, praticado durante a consulta, elimina a espera de testes de laboratórios, permite conhecer imediatamente a complacência do paciente e os riscos que ele está apresentando (a taxa de HbA1c é um excelente marcador das complicações diabéticas quando o resultado está > 8%). Os resultados fornecidos por A1cNow são comparáveis aos resultados laboratoriais. A1cNow custa aproximadamente US$ 20,00. 260 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 04 (2002) Precision Link: programa de management do paciente O programa de computador Precision Link faz o dowload de todos os dados de valores de glicose sanguínea, com data, a partir dos glicosimetros Precision Xtra, Sof-Tact e Precision QID. Os dados podem, assim, ser analisados pelo médico, ajudado pelas inúmeras ferramentas do programa (gráficos, estatísticas de resultados). SofTact: menos dor para monitorar a glicose A vantagem do sistema SofTact (Medisense, Abbott) é que ele pode ser usado em lugares com menos nervos do que os dedos, como por exemplo no antebraço. Simplesmente colocado sobre a pele, ele aspira uma pequena gota de sangue (2 a 3 µl), quase sem dor nenhuma e dá o resultado em 20 segundos. SofTact pode guardar em memória até 450 resultados, que podem também ser descarregados em computador, com programa especializado. CardioChek: novo sistema de monitoramento do colesterol e da glicose Cardiochek é um novo sistema de monitoramento do sangue total, para o controle do diabetes e do colesterol. Este sistema, lançado por Polymer Technology Systems (indianápolis, Estados Unidos), existe em duas versões: o CardioChek que faz o screening da glicose e do colesterol, com resultados em um minuto, e o CardioChek PA, de uso profissional, que permite a dosagem de vários parâmetros, como glicose, cetonas, colesterol total, HDL colesterol, triglicérides, lípides e creatinina. 262 Diabetes Clínica 04 (2002) Resumos de trabalhos e congressos Yoshinori Miyazaki et al, 62th Scientific Sessions, American Diabetes Association, San Francisco, Califórnia, 14-18 de junho de 2002 Efeito da pioglitazona sobre o conteúdo de gordura do fígado e distribuição de gordura abdominal e sensibilidade à insulina em pacientes portadores de diabetes tipo 2 Os efeitos da pioglitazona (PIO) sobre a distribuição de gordura abdominal, o conteúdo do fígado em gordura e a sensibilidade à insulina hepática e periférica, foram examinados em 13 pacientes portadores de diabetes tipo 2 (M/F = 9/4, idade 52 ± 3 anos, IMC 29,0 ± 1,1 kg/m2), tratados com sulfoniluréia ou dieta. Antes ou após o tratamento com PIO (45 mg/d) durante 16 semanas, a avaliação do diabetes tipo 2 incluiu: OGTT 75, clamp de insulina euglicêmico (40 mU/m2.min) com 3H-glicose e medição da distribuição da gordura abdominal, gordura hepática (espectroscopia próton), massa total de gordura corporal (3H2O). PIO diminuiu a glicemia de jejum (179 ± 10 para 141 ± 10 mg/dl, p < 0,01), a glicose plasmática média durante OGTT (295 ± 13 para 233 ± 14 mg/dl, p < 0,01), HbA1c (8,6 ± 0,4 para 7,2 ± 0,5 mg/dl, p < 0,01), sem alteração nos níveis de insulina. Antes do PIO, a gordura hepática foi correlata positivamente com a supressão da produção de glicose endógena (hepática) (sHGP) durante o clamp insulínico (r = 0,73, p < 0,01). A área de gordura visceral (VF) (r = -0,70, p < 0,01) e a gordura subcutânea profunda (r = -0,65, p < 0,05) foram inversamente correlatas à taxa da clearance metabólica da glicose (MCR) durante o clamp insulínico. PIO melhorou sHGP (1,1 ± 0,1 para 0,6 ± 0,2 mg/kg FFM.min, p < 0,05), e a MCR estimulada por insulina (3,5 ± 0,5 para 4,4 ± 0,4 ml/kg FFM.min, p < 0,05), apesar do aumento do peso corporal e da massa adiposa (D = 3kg, p < 0,01). Após PIO, tanto a gordura hepática (20 ± 4 para 13 ± 3%, p < 0,05) como a área de gordura visceral (144 ± 13 para 131 ± 16 cm2, p < 0,05) diminuíram, embora a gordura superficial (136 ± 24 para 155 ± 25 cm2) e subcutânea profunda (165 ± 23 para 187 ± 24 cm2) terem aumentado (ambos p < 0,01). Usando dados de PIO pré/pós, a gordura subcutânea profunda (r = -0,41, p < 0,01) e área de gordura visceral (r = -0,53, p < 0,01), foram correlatas com a MCR estimulada por insulina. Após PIO, a diminuição da gordura hepática não foi correlata com a melhora de sHGP durante o clamp insulínico. Conclusão: Após PIO, uma alteração da distribuição de gordura, de depósitos viscerais para subcutâneos foi associada com uma melhora da sensibilidade à insulina e do controle glicêmico. Aumento da gordura hepática é fortemente associada à resistência hepática à insulina antes PIO. Após PIO, a gordura hepática diminuiu, mas a diminuição não foi correlata com a melhora de sHGP. Tais fatores, adicionados à gordura hepática diminuída, devem contribuir para a melhora de sHGP após PIO. resumos.pmd 262 Black 17/07/02, 15:20 263 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 04 (2002) Matthias Hertz et al, 62th Scientific Sessions, American Diabetes Association, San Francisco, Califórnia, 14-18 de junho de 2002 Pioglitazona melhora o controle glicêmico em pacientes portadores de diabetes tipo 2 nunca tratados com agentes hipoglicemiantes Pioglitazona (PIO) diminui significativamente HbA1c em pacientes portadores de diabetes tipo 2 e controle glicêmico inadequado (HbA1c > 9,8%). Este efeito não foi avaliado em grandes grupos de pacientes com valores de HbA1c inicial menor e controle glicêmico sub-ótimo. Este estudo de 16 semanas, multicêntrico (42 centros), randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, comparou o efeito do placebo (PBO) com PIO 30 ou 45 mg/dia em pacientes diabéticos nunca tratados com remédios (N = 297) e controle glicêmico sub-ótimo (HbA1c = 7,52 ± 0,93%, média ± DP). HbA1c e a glicose plasmática de jejum foram medidas; valores iniciais e finais foram comparados. As alterações (média ± DP) são reportadas na tabela. HbA1c (%) início D total D HbA1c inicial d” 7,5% D HbA1c inicial > 7,5% FPG (mmol/l) início D total D HbA1c inicial d” 7,5% D HbA1c inicial > 7,5% Peso (kg) início D do início Placebo PIO 30 mg PIO 45 mg (n = 96) 7,5 ± 0,1 -0,2 ± 0,1 -0,0 ± 0,1 (n = 60) -0,2 ± 0,1 (n = 36) (n = 95) 7,5 ± 0,1 -0,8 ± 0,1 -0,4 ± 0,1 (n = 56) -1,3 ± 0,1 (n = 39) (n = 96) 7,6 ± 0,1 -0,9 ± 0,1 -0,4 ± 0,1 (n = 52) -1,3 ± 0,1 (n = 44) 8,8 ± 0,2 -0,1 ± 0,1 -0,1 ± 0,1 -0,1 ± 0,3 8,9 ± 0,2 -1,4 ± 0,1 -1,0 ± 0,2 -2,0 ± 0,2 8,6 ± 0,2 -1,6 ± 0,1 -1,1 ± 0,2 -2,4 ± 0,2 86,4 ± 1,8 -1,6 ± 0,3 86,5 ± 1,6 -0,2 ± 0,4 84,4 ± 1,7 -0,7 ± 0,4 Conclusão: Comparado com placebo, PIO 30 e 45 mg diminuíram significativamente HbA1c e glicose plasmática de jejum em pacientes portadores de diabetes tipo 2 e nunca tratados com agentes hipoglicemiantes. Pacientes com controle insuficiente no início podem beneficiar de um tratamento de PIO para atingir a meta de HbA1c < 7%. Natalia N. Rudovitch et al, American Diabetes Association 62st Scientific Sessions, San Francisco, Califórnia, 14 a 18 de junho de 2002 Repaglinida melhora a secreção de insulina na primeira fase e a sensibilidade à insulina em tratamento associado com metformina em diabetes tipo 2 Objetivos: O primeiro objetivo foi o de avaliar se repaglinida restaura/ melhora a resposta aguda da insulina à glicose (AIRgluc), assim como a segunda fase de secreção de insulina em pacientes portadores de diabetes tipo 2. O segundo objetivo foi o de avaliar o potencial hipoglicêmico da repaglinida em clamp hiper e euglicêmico. Em terceiro lugar, avaliar os efeitos da associação repaglinida e metformina sobre a sensibilidade à insulina. Desenho e métodos: Estudo controlado por placebo, randomizado, cruzado, aberto de 3 semanas em 11 pacientes portadores de diabetes tipo 2, que receberam placebo ou repaglinida (1 mg antes as 3 principais refeições) em associação com metformina (850 mg três vezes/dia). O AIRgluc e a segunda fase de secreção da insulina foram determinadas por clamps hiperglicêmicos (HC) (a 11,1 mmol/l). O índice da sensibilidade à insulina (ISI) e peptídeo-C, resumos.pmd 263 Black 17/07/02, 15:20 264 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 04 (2002) foram medidos por clamps hiperinsulinicos, euglicêmicos a 4,5 mmol/l. Resultados: Ambos AIRgluc e a segunda fase de secreção da insulina (Ins 25-180 min) aumentaram significativamente em HC com repaglinida (AIRgluc 1,23 ± 0,4 vs. 0,73 ± 0,4 h*um/l, p < 0,01 e Ins (25-180 min) 95,8 ± 25,7 vs. 52 ± 16,5 h*um/l, p < 0,01). Quando a euglicemia de 4,5 mmol/l de glicose foi realizada em clamp euglicêmico, a concentração de peptídeo-C diminuiu as condições de hiperglicêmico para normoglicêmico, na presença de repaglinida, mas ficou mais elevada do que após placebo (p < 0,05). O ISI aumentou em 35% após 1 semana de terapia associada: repaglinida + metformina (6,67 ± 1,8 vs. 4,96 ± 1,3 mg por kg*min/mU, p < 0,05). Continuação Conclusões: Repaglinida aumentou a resposta de insulina em clamps hiperglicêmicos, sem estimular a secreção de insulina na euglicemia. Repaglinida melhora também o AIRgluc em pacientes portadores de diabetes tipo 2. Associação repaglinida + metformina produz uma estimulação significativa de ISI, quando comparada com metformina em tratamento único, sugerindo um efeito sinérgico sobre a sensibilidade à insulina. Lois Jovanovic et al, American Diabetes Association 62st Scientific Sessions, San Francisco, Califórnia, 14 a 18 de junho de 2002 Controle glicêmico pós-prandial é semelhante com administração pré-prandial ou pós-prandial de insulina aspart em diabetes tipo 1 Nas situações da vida real, a dose de insulina do período da refeição não pode ser exatamente calculada antes do final do consumo da refeição ou é completada quando quantidade exata de carboidratos ingerida é conhecida. Neste estudo cruzado, aberto e randomizado, o controle glicêmico pós-prandial, quando a dose de insulina aspart é calculada e administrada em pré-prandial (baseada na quantidade antecipada de carboidratos devendo ser consumidos), foi comparado ao controle glicêmico pós-prandial, quando a insulina é administrada em pós-prandial (dose baseada no consumo real de carboidratos). O grupo de estudo foi formado por 20 pacientes portadores de diabetes tipo 1, relativamente bem controlados (HbA1c 7,3 ± 0,2%), usando uma terapia intensiva de insulina. Os participantes receberam refeições sem limites especificados. A resposta glicêmica (AUC -15-240min foi 23014 ± 1892 vs. 29535 ± 2315 mg/dl/min, p < 0,05; administração pré-refeição vs. pós-refeição, respectivamente), foi aproximadamente 25% menor, quando a insulina aspart foi administrada antes que 15-20 min após a refeição. Mas em todos os casos o controle glicêmico foi adequado. Em ambas ocasiões, os participantes selecionaram quantidades semelhantes de calorias (644 ± 64 vs. 627 ± 44 kcal, pré vs. pós), embora a quantidade de calorias realmente consumidas, tenha sido aproximadamente 10% menor nos dias de administração da insulina, 15-20 minutos após a refeição (630 ± 64 vs. 577 ± 47 kcal, pré vs. pós). Um fato semelhante foi notado com o consumo de carboidratos (selecionado 74 ± 8 vs 72 ± 7 g. realmente consumido 72 ± 8 vs 67 ± 7g; pré vs. pós, respectivamente). O nível global de saciedade reportado antes e após o almoço, foi semelhante em ambos os dias de estudo. A dose de insulina selecionada também foi semelhante em ambos os dias de estudo (5,8 ± 0,6 vs 6,7 ± 0,8 U; pré vs. pós, respectivamente). A glicemia pós-prandial < 50 mg/dl ocorreu em 3 participantes (15%), após administração pré-refeição e em 4 (21%) nas aplicações pós-prandiais de insulina aspart. Conclusão: Os dados apresentados ilustram a flexibilidade da dosagem da insulina aspart no período da refeição, em pacientes bem informados sobre os princípios da terapia intensiva de insulina e os benefícios da aplicação pós-prandial na situação da vida real. resumos.pmd 264 Black 17/07/02, 15:20 266 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 04 (2002) Mark L Warren et al, American Diabetes Association 62st Scientific Sessions, San Francisco, Califórnia, 14 a 18 de junho de 2002 Experiência clínica com dosagem pós-prandial de Novolog 70/30 em pacientes idosos portadores de diabetes tipo 2 Conveniência da dosagem na refeição é uma das maiores vantagens de um análogo de insulina e de sua formulação bifásica. Os análogos de ação rápida têm sido usados em pós-prandial, em situações selecionadas com segurança e eficácia aceitáveis. A segurança e eficácia da dosagem pós-prandial de Novolog Mix 70/30 (formulação bifásica de insulina aspart contendo 30% de insulina solúvel e 70% cristalizada em protamina), foram avaliadas neste estudo aberto, cruzado, randomizado de 12 semanas. 91 paciente idosos (53 homens, idade 65 anos, média DP: 70,2 4,7 anos; IMC 32,0 4,5 kg/m2), portadores de diabetes tipo 2 e previamente tratados com insulina misturada ou pré-misturada com doses 70 U/dia. Foram tratados com aplicações pré-prandiais duas vezes/dia de Novolog Mix 70/30, durante um período de 4 semanas. Os participantes foram então randomizados para receber um tratamento de 4 semanas em pré ou pós-prandial de Novolog Mix, 2 vezes/dia, e inversamente durante as 4 últimas semanas. O controle glicêmico global dos participantes ficou estável durante o estudo (HbA1c 7,7% ± 1,1 vs. 7,6 ± 1,1% no início e a 12 semanas, respectivamente). Administrações pré vs. pós-prandiais de Novolog Mix 70/ 30, foram associadas às necessidades semelhantes de insulina diária e controle glicêmico, como avaliado pelos testes auto-administrados de glicose (139 ± 43, 159 ± 66, 143 ± 59, 143 ± 60 mg/dl vs. 134 ± 35, 177 ± 61, 149 ± 65, 175 ± 59 mg/dl; antes e 2 horas após café da manhã e antes e 2 horas após jantar para pré vs. pós-prandiais aplicações, respectivamente). Os perfis de glicose plasmático durante os testes de refeições também foram semelhantes (AUC0-1 240min 38,160 ± 15,288 vs. 43,680 ± 15,024 mg/dl/min , pré vs. pós-prandial, respectivamente) no final de cada período de tratamento. Não foi notada diferença no número de episódios hipoglicêmicos em todos os grupos de tratamento (47 vs. 55 episódios durante período de tratamento pré vs. pósprandial). Conclusão: Aplicações pós-prandiais de Novolog Mix 70/30 parecem ser uma alternativa aceitável, quando comparadas com os horários padrões de administração de insulina. M. Roivainen et al Diabetologia 2002;45(5):693-702, maio de 2002 resumos.pmd 266 Black Infecção a enterovírus em células β do pâncreas humano Objetivos: A infecção direta das células β poderia explicar o efeito diabetogênico dos enterovíruses. As células adultas humanas são susceptíveis à infecção por enterovírus, o que resulta em diminuição da função celular ou morte da célula (coxsackievíruses B3, B4, B5), ou ambos e até mesmo sem efeito adverso aparente imediato (coxsackievírus A9). O estudo foi estendido a sorotipos adicionais de enterovírus, inclusos vários ecovíruses, alguns deles já clinicamente associados ao desenvolvimento de diabetes. Métodos: Os padrões e consequências de infecções por enterovírus foram investigados em ilhotas isolados adultos humanas cultivados. Infecção celular foi avaliada por métodos imunocitoquímica. A função celular β foi estudada por perfusão. Resultados: Poliovírus tipo 1/Mahoney, coxsackievírus A13, parecovírus humano 1 e vários ecovíruses (sorotipos 6, 7, 11), podem ser responsáveis pela diminuição da função celular (p < 0,05) e morte da célula β. Ao contrário, ecovírus serotipos 9 e 30 não são destrutivos. Entretanto, quando vários isolatos de ecovírus 30 foram investigados, alguns deles mostraram-se mais destrutivos que o protótipo correspondente. O que é verdade também, para ecovírus 9. 17/07/02, 15:20 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 04 (2002) 267 Um vírus isolado de uma criança de 6 semanas portadora de diabetes tipo 1 agudo, foi funcionalmente mais destrutivo que os protótipos de echovirus 9. Continuação Conclusão: Essas observações mostram que a capacidade do enterovírus de diminuir a função da célula β ou matar as células, não é completamente definida pelo sorotipo, mas por características ainda não definidas. Por enquanto, qualquer sorotipo pode ser diabetogênico. S. Makimattila et al, Diabetologia 2002;45(5):711-8, maio de 2002 Marcadores da espessura da íntima-média em diabetes tipo 1 Objetivos: A hiperglicemia aponta para complicações cardiovasculares, mas os dados sobre a doença cardiovascular são limitados. Pesquisamos para os marcadores da espessura da íntima-média da artéria carótida em jovens adultos portadores de diabetes tipo 1. Métodos: Um total de 71 crianças (feminino/masculino = 34/37) foram acompanhados após diagnóstico até 32 ± 1 anos, quando a duração do diabetes atingiu 22 ± 1 anos. Os marcadores de risco cardiovascular (lípides, pressão sanguínea, tabagismo, taxa de excreção de albumina urinária, exposição a glicose (A(1c) meses), atividade física, consumo de álcool, histórico familiar), foram avaliados na idade de 21 ± 1 anos para o primeiro exame, e a 32 ± 1 para os anos de seguimento. Durante o acompanhamento, a espessura da íntima-média das artérias carótidas comum e interna e do bulbo da carótida foram medidas usando ultra-som de alta resolução. Resultados: Em análise univariate, idade, IMC, pressão sanguínea, exposição à glicemia, histórico familiar positivo de diabetes tipo 2, hipertensão e doença cardiovascular, foram marcadores da espessura da íntima-média. Em análise multivariate, o histórico familiar de diabetes tipo 2 ou de hipertensão prognosticou a espessura da íntima-média da artéria carótida, e o período de tempo de exposição à glicemia é um marcador independente do aumento da espessura do bulbo da carótida. Conclusão: Históricos familiares positivos de diabetes tipo 2 e hipertensão são marcadores independentes da espessura da íntima-média da artéria carótida em pacientes portadores de diabetes tipo 1, e predispõem esses pacientes à aterosclerose. N. Ueno et al. Diabetologia 2002;45(6):792-7, junho de 2002 Mosapride, novo agente sensibilizador à insulina Objetivos: Pesquisamos o papel potencial da mosapride, agonista do receptor 5HT-4, sobre o controle glicêmico de pacientes portadores de diabetes tipo 2 sem neuropatia autonômica. Métodos: 34 pacientes diabéticos tipo 2 foram randomizados para receber mosapride (5 mg via oral 3 vezes/dia, n = 17), ou um placebo (n = 17), durante uma semana (primeiro estudo). Alterações na glicose sanguínea e insulina foram determinadas no início e após o teste de carga em glicose por via endovenosa. A sensibilidade à insulina foi avaliada durante clamps hiperinsulinico-normoglicêmicos e pela medição do número e a autofosforilação dos receptores de insulina em eritrócitos dos pacientes (n= 9). 69 pacientes portadores de diabetes tipo 2 foram tratados por mosapride ou placebo durante 8 semanas (segundo estudo). Resultados: Mosapride diminuiu a glicose plasmática de jejum e as concentrações de frutosamina (p < 0,05). Ele aumentou significativamente o número (mosapride 3323 ± 518 vs. 4481 ± 786 [p < 0,05], controle 4227 ± resumos.pmd 267 Black 17/07/02, 15:21 268 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 04 (2002) 761 vs. 3275 ± 554 per 300 microl de eritrócitos) e a autofosforilação dos receptores de insulina (mosapride 3178 ± 444 vs 4043 ± 651 [p < 0,05], controle 3721 ± 729 vs. 3013 ± 511 receptor de insulina), bem como a utilização de glicose (mosapride 4,92 ± 0,53 vs 5,88 ± 0,72 [ p < 0,05], controle 4,74 ± 0,65 vs. 4,70 ± 0,31 mg/kg.min). O tratamento com mosapride durante 8 semanas diminuiu significativamente as concentrações de glicose de jejum (9,91 ± 0,34 vs. 8,51 ± 0,34 mmol/l, p < 0,05), insulina (53,2 ± 4,62 vs. 40,8 ± 5,52 pmol/l, p < 0,05) e HbA1c (8,61 ± 0,20% vs. 7,67 ± 0,19%, p < 0,01). A analise por reverse transcriptase-polymerase chain reaction (RT-PCR) demonstrou uma expressão específica dos receptores 5HT-4 no músculo, mas não nos tecidos adiposos ou hepáticos. Continuação Conclusão: Mosapride pode melhorar a ação da insulina no músculo e o controle glicêmico em pacientes diabéticos tipo 2. resumos.pmd 268 Black 17/07/02, 15:21 268 Fraige A / Diabetes Clínica 04 (2002) 269~273 Diabetes Clínica Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 04 (2002) 269~273 ARTIGO ORIGINAL A importância do atendimento odontológico de pacientes submetidos a transplantes de órgãos The importance of the odontologic attendance in organ transplanted patients Alexandre Fraige Cirurgião Dentista do Centro de Atendimento a Pacientes Especiais da Faculdade de Odontologia da USP, São Paulo Resumo A evolução da odontologia, como ciência, evidencia-se nos dias de hoje por uma maior preocupação do cirurgião-dentista em relação à saúde global do paciente, através da sua integração com a medicina e a clínica no atendimento e avaliação de patologias sistêmicas que manifestamse na cavidade oral. Este artigo visa dar uma introdução e visão geral ao acadêmico e ao cirurgião dentista, no que tange a pesquisa de protocolos de atendimento integrado em pacientes submetidos a transplante de medula óssea e órgãos, seu entendimento e uso na terapêutica odontológica. Palavras-chave: Ciclosporina, transplante de medula óssea, transplante de órgãos, hiperplasia gengival, protocolo de atendimento, imunossupressão. Abstract The evolution of the dentistry, as science, is evidenced in the present days by a larger concern of the dentist in relation to the patient’s global health, through its integration with the medicine and the clinic in the attendance and evaluation of systemic pathology that show in the oral cavity. This study seeks to give an introduction and general vision to the academic and the dentist in the role they play in the research of integrated attendance protocol in patients submitted to bone marrow and organ transplants, its understanding and use in the odontologic therapeutic. Key-words: Ciclosporin, bone marrow transplant, organ transplant, gingival hyperplasia, attendance protocols, immunosuppression. Artigo recebido em 2 de maio de 2002; aprovado em 20 de junho de 2002 Endereço para correspondência: Dr. Alexandre Fraige, Rua Pedroso Alvarenga, 1255/cj83, Itaim, 04531-012 São Paulo SP, Tel: (11) 30796837, E-mail: [email protected] Fraige A / Diabetes Clínica 04 (2002) 269~273 Introdução Transplantes de órgãos são atualmente procedimentos realizados em grande quantidade, dado a fatores como ao aumento de doações de órgãos, desenvolvimento e evoluções em técnicas cirúrgicas e engenharia de tecidos, mas principalmente, nos avanços em terapias farmacológicas anti-rejeição [1]. O advento da ciclosporina, em particular, foi o de maior impacto em transplantes de órgãos, pois se trata de uma droga imunossupressora seletiva que visa a resposta de células T e com pouca ou nenhuma ação na atividade células β [2]. Este ensaio visa dar uma visão geral da realização de ambos procedimentos, complicações orais decorrentes dos mesmos e como proceder com a conduta clínica odontológica desses pacientes, tanto em situações prétransplante como pós-transplante. O diagnóstico precoce e correto das complicações bucais é de fundamental importância para o sucesso do tratamento global instituído. Neste contexto, a Odontologia exerce um importante papel, devendo integrar-se ativamente à equipe multidisciplinar no tratamento dos pacientes que serão submetidos ao transplante, atuando na orientação e no tratamento das manifestações bucais em todas suas fases [3]. No caso de transplantes de órgãos como rins, fígado, coração e pâncreas, a descoberta da ciclosporina reduziu drasticamente a morbidade e a mortalidade, associadas aos transplantes de órgãos. Esta droga constitui um polipeptídio cíclico, contendo onze aminoácidos, que ocorre como um subproduto metabólico de um fungo do solo. Testado como antibiótico, sua ação mais importante é a imunossupressora, em especial seus efeitos antilinfociticos. No entanto, a ciclosporina, que trouxe considerável sucesso na área médica, traz consigo efeitos colaterais indesejáveis como a nefrotoxidade e, na área odontológica, a hiperplasia gengival, embora apresente ausência de mielotoxicidade [4]. Das lesões orais mais prevalentes em pacientes submetidos a transplante de órgãos, pode-se citar a candidíase, leucoplasia pilosa e atipias teciduais malignas, cabendo citar um aumento significante nas porcentagens de indivíduos que desenvolvem Linfomas não-Hodgkin [5]. Revisão de literatura No que se refer aos aspectos pertinentes ao atendimento odontológico para pacientes submetidos a transplante de órgãos, Somacarrera et al. [3], em publicação versando sobre planejamento e manuseio de pacientes imunossuprimidos, citam a rejeição de órgãos como a primeira causa de mortalidade em transplantes, 269 sendo infecções a segunda maior causa de mortalidade nesta classe de pacientes. Infecção é por definição uma doença que ocorre na presença de bactérias. A boca tem uma microbiota nativa, que constitui uma parte natural do ambiente oral e não acarreta nenhum dano ou efeito colateral, desde que a relação parasita–hospedeiro mantenha-se imunológicamente equilibrada. Somacarrera et al. [3] citam ainda que apesar do protocolo apregoar a instrução profilática ao paciente sobre prevenção de infecções, condicionamento e adequação do mesmo através de procedimentos que visam a remoção de infecções, o desenvolvimento de hiperplasia gengival acompanhada pela formação de pseudobolsas periodontais representa um grande risco para paciente imunossuprimidos, devido ao acumulo de placa e conseqüente infecção periodontal . A hiperplasia gengival, segundo Türkmen et al. [4], é uma complicação freqüente em pacientes transplantados, ocorrendo de 25 a 81% dos casos, sendo indicados como indutores precoces de tal afecção a combinação de ciclosporina e bloqueadores de canal de cálcio em casos de transplante renal. Moreno et al. [2] citam como sendo a nefrotoxicidade e hepatotoxicidade como os mais severos efeitos colaterais da terapêutica imunossupressora com ciclosporina, e complementa que além de induzir a hiperplasia gengival, causa também alterações na dentinogênese em molar de rato, com neoformação de osteodentina e inibição da dentinogênese em pacientes humanos. Carl et al. [6] citam a predisposição maior de pacientes transplantados de órgãos em desenvolver lesões relacionadas com vírus Epstein-Barr (EBV), tais como Moléstia de Hodgkin, carcinoma nasofaríngeo e leucoplasia pilosa oral, embora Seymour et al., [5] descrevam também a presença de viroses do grupo Herpes, como o citomegalovirus (CMV) e o herpes simplex vírus (HSV), sendo o CMV presente através de sorologia em 40 a 80 % dos adultos, sendo cerca de 75 % dos pacientes transplantados positivos para sua sorologia. Moreno et al. [2] escrevem que a interessante demonstração da evolução da hiperplasia gengival depende mais do tempo de administração do que propriamente da dose. Volpe et al. [1] descrevem a hiperplasia gengival induzida pela ciclosporina, como sendo de aspecto lobular, localizada ou generalizada, geralmente assintomática e de patogenia relacionada com a interação de fatores como controle de biofilme, nível de inflamação gengival, dosagem e duração da terapia com ciclosporina, sua concentração sérica e idade do paciente. Embora a pesquisa de manifestações orais, como a hiperplasia gengival em crianças transplantadas careça 270 Fraige A / Diabetes Clínica 04 (2002) 269~273 de maior investigação, Valentim et al. [7] descrevem a maior prevalência da manifestação hiperplásica em indivíduos da faixa etária entre 5 e 17 anos, em detrimento de pacientes mais velhos, onde pondera que fatores hormonais possam estar relacionados com esta maior prevalência. Segundo Douglas et al. [8], o cuidado odontológico a esses pacientes, deve abranger a erradicação total de doenças orais ativas como requisito essencial prétransplante. E quando o paciente apresenta uma boa saúde oral e é capaz de manter a higiene bucal, são encorajados a permanecerem com os dentes. Entretanto, quando o paciente apresenta extensa doença periodontal, elevado índice de elementos cariados, lesões periapicais presentes e mostraram-se pouco aderentes ao condicionamento odontológico pré-transplante, tem como indicação a exodontia total e restabelecimento protético total. Seymour et al. [5] versam sobre as infecções orais de origem viral e/ou fúngica, especialmente a candidose orofaríngea, semelhante à apresentada por pacientes imunossuprimidos pela manifestação do Imuno virus humano (HIV). Seymour et al. [5] também apresentam uma sinopse, em que as lesões orais são subdivididas entre os tipos de transplantes realizados e terapêutica imunossupressora sendo em transplante renal e hepático a prevalência de lesões leucoplásicas em bordo lateral de língua, com confirmação por biópsia, de presença do EBV, sob terapêutica imunossupressora de ciclosporina e prednisolona. Em transplante cardíaco, as lesões mais freqüentes foram candidíase pseudomembranosa em mucosa jugal e candidíase eritematosa em língua e palato, sendo o ensaio imunohistoquimico da superfície epitelial da lesão de língua comprobatório da presença de EBV. No caso de transplantes cardíacos, além da terapêutica imunossupressora, antifúngica e antiviral, a terapêutica antibiótica e anticoagulante fazem-se presente visando a não instalação de quadros de endocardite bacteriana e vasculopatias obstrutivas. Proposição Avaliação de abordagem e conduta no atendimento odontológico de pacientes que se submeterão ao transplante de órgãos, ressaltando a importância da integração da especialidade odontológica na equipe médica de transplante. Discussão O tratamento e condicionamento odontológico em transplantes de órgãos deverá ser integrado em protocolos de todos os transplantes de equipes médicas e cirúrgicas. Entende-se como protocolo as rotinas de avaliação clinica e laboratorial, diagnóstico e tratamento de patologias concomitantes que possam estar presentes nos receptores. Fraige A / Diabetes Clínica 04 (2002) 269~273 O gráfico acima que ilustra uma rotina na admissão e condicionamento de paciente já selecionado para transplante: Ao ser admitido no centro hospitalar em que o procedimento será realizado, o paciente com indicação de transplante passará por uma avaliação quanto à sua saúde bucal, sendo o estado em que se encontra quando do ato da avaliação, determinante da conduta terapêutica a ser tomada. Para ilustrar a importância do condicionamento e tratamento pré e pós-transplante, o gráfico mostra o índice de sobrevida de pacientes transplantados de medula óssea portadores e não portadores de infecção herpética. Levando em conta que existem manifestações orais mais agressivas que as de infecção herpética, o prognóstico a médio e longo prazo de um paciente portador de alguma patologia oral é reservado. Estes pacientes também podem evoluir, como manifestação secundária à terapia imunossupressora prétransplante, para complicações respiratórias como a pneumonia nosocomial que, através da xerostomia presente, associada a freqüentes hemorragias e queda do pH bucal, levam à adesão de bacilos gram-negativos à mucosa oral e orofaringe, levando à uma colonização do trato respiratório . Além disso, a instalação de infecções no período póstransplante é desfavorável, pois vai aumentar o período pós-operatório do paciente, que se vê obrigado a submeter-se à terapia com antibióticos muito potentes, com efeitos colaterais exacerbados por sua imunossupressão, tornando o prognóstico do transplante sombrio, a médio e longo prazo. A conduta para condicionamento pré-transplante exige do C.D. (cirurgião-dentista) conhecimentos na área farmacológica e patologia sistêmica, para poder adequar fármacos e seus efeitos adversos à terapia que o paciente está realizando, além das complicações que 271 sua patologia de base possa apresentar, sempre em sintonia com equipe multidisciplinar. Quanto a procedimentos, com atenção especial a protocolos de biossegurança em ambientes cirúrgicos, o C.D. é requisitado a retirar quaisquer focos infecciosos presentes na cavidade oral, bem como toda ou qualquer anormalidade que se apresente como interferência ao transplante em si. No caso de transplantes de órgão, este é feito quando existe a falência do órgão/orgãos, levando o paciente a uma situação de risco de vida e/ou complicações crônicas, como em cardiopatias, nefropatias, hepatopatias e endocrinopatia. O paciente, após achar doador compatível, é elegível para transplante e sofre o condicionamento odontológico. A ciclosporina em doses inferiores a 200 mg/dl não alcança níveis séricos desejáveis e suficientes para promover seu efeito primário, e acima de 400 mg/dl já começa a manifestar efeitos secundários indesejáveis. Estes pacientes, segundo o protocolo geral, têm que passar por hemograma diário e biópsia semanal, para verificação de níveis séricos de ciclosporina e detectar indícios de imuno rejeição. Como conduta padrão, em caso de procedimento odontológico invasivos, é preconizada a profilaxia antibiótica para endocardite bacteriana recomendada pela American Heart Association, com exceção em pacientes com doença renal terminal, pois tal conduta pode ser danosa por favorecer proliferação fúngica e possível evolução para peritonite bacteriana, segundo Douglas et al. [8]. Protocolo para pacientes imunossuprimidos - Centro de Atendimento a Pacientes Especiais – Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo Candidíase em focos isolados · Remoção mêcanica de placas. 272 Fraige A / Diabetes Clínica 04 (2002) 269~273 · Água Bicarbonatada - 1 colher de chá dissolvida em 1 copo de água, 5 vezes ao dia por 14 dias. Reavaliação após 7 dias. · Miconazol - Daktarin gel oral - 4 vezes ao dia, por 14 dias. Uso tópico. Reavaliação após 7 dias. Candidíase em area envolvida > que 20% com progressão rápida. · Nistatina - Micostatin suspensão - bochechar e engolir 5ml, 4 vezes ao dia por 7 dias. Candidíase com envolvimento extenso, chegado em pilares amidalianos. · Itraconazol - Sporanox cápsulas 100mg - 1 cápsula ao dia, logo após a refeição, até o desaparecimento da lesão. A dose pode ser elevada à 1 cápsula 2 vezes ao dia. Leucoplasia pilosa · Não tratar cirurgicamente · Aciclovir - Zovirax comprimido 200mg - 2 comprimidos 4 vezes ao dia até que as lesões desapareçam. · Solução de podofilina 25% - 2 vezes ao dia até que as lesões desapareçam. Protocolo para prevenção de endocardite bacteriana do Setor de Odontologia INCOR-SP · Uso de anestésico sem vasoconstritor (Xilocaína 2% sem vasoconstritor). · Controle de pressão arterial antes de intervenção cruentas (PA mínima acima de 95 mm Hg, recomenda-se contato com o médico e cancelar consulta). · Uso de profilaxia antibiótica antes de intervenção cruentas (exodontias, periodontia, endodontia, uso de matriz ou cunha). Deverá ser administrada da seguinte forma: · Amoxicilina - comprimidos - 500mg - via oral Dose adulto: Ingerir 3g (6 cp) 1 hora antes da intervenção. Depois de 6 horas, ingerir 1,5 g Dose pediátrica: 50mg/kg de peso, 1 hora antes da intervenção. Metade da dose, 6 horas após. 2ª Opção, também preconizada pela AHA: · Pen-ve-oral - comprimidos - 500.000 u.i. - Via oral Dose adulto: Ingerir 2 mil u.i. ( 4 cp) 1 hora antes da intervenção. Depois de 6 horas, ingerir metade da dose (2 cp). Dose pediátrica:(crianças abaixo de 30 kg): 67mg/kg de peso, 1 hora antes da intervenção. Metade da dose, 6 horas após. 3ª Opção: Para pacientes alérgicos à penicilina: · Eritromicina - comprimidos - 500mg - via oral Dose adulto: Ingerir 1g (2 cp) 2 horas antes da intervenção. Depois de 06 horas, ingerir metade da dose (1 cp). Dose pediátrica: (Criança abaixo de 30 kg) 20mg/kg de peso, 2 horas antes da consulta Metade da dose, 6 horas após. Conclusão Dos vários pontos de vistas emanados da bibliografia, existem a unanimidade da necessidade do atendimento odontológico pré e pós-transplante, o uso de terapia farmacológica adequada para cada tipo de paciente e, principalmente, uma intervenção enérgica do C.D. No tocante do controle da higiene bucal e no ato de debelar infecções presentes, melhorando o prognóstico global do paciente transplantado, que pela imunossupressão, terão patologias de origem viral bacteriana e fúngicas exacerbadas. No tocante aos procedimentos, eles não diferem dos encontrados na prática diária, mas sim no ambiente em que são feitos, que é o ambiente hospitalar ou ambulatorial com um enérgico controle de bio-segurança. Referências 1. Volpe A, Domingues MG. Hiperplasia gengival induzida pela ciclosporina: estudo clinico e histopatológico. RPG 1997;4(2):133-40. 2. Moreno RA, Dias RB. Riscos e benefícios no uso de ciclosporina BBO 7(16):11-6 3. Somacarrera ML, Lucas M; Cuervas-Mons V; Hernandez G. Oral care planning and handling of immunosuppressed heart, liver, and kidney transplant patients. Spec Care Dentist 1996;16(6):242-6. 4. Turkmen A, Ak G, Furuncuoglu Y, Akar U, Seyhun Y, Turk S, Carin M, Sever MS. Relationship between gingival hyperplasia and class II histocompatibility antigens in renal transplant recipients. Nephron 2000;84(l):29-31. 5. Seymour RA, Thomason JM, Nolan A. Oral lesions in organ transplant patients. J Oral Pathol Med 1997;26(7):297-304. 6. Carl W. Local radiation and systemic chemotherapy:preventing and managing the oral complications. J.A.D.A. in CD-ROM, 119-123, março 1993. 7. Valentim C. Avaliação clinica da condição gengival e do índice de carie em pacientes transplantados renais, submetidos a terapia imunossupressora com ciclosporina, na faixa etária de 5 a 17 anos ; Universidade de São Paulo. Faculdade de Odontologia / Doutorado,1995. 8. Douglas LR, Douglass JB Sieck JO, Smith PJ. Oral management of the patient with end-stage liver disease and the liver transplant patient. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radio 1998;86(l):55-64. 9. Silverman SJr. Atlas Colorido das Manifestações Bucais da AIDS – página 18, 1995. 10. Carboni AMG. Estudo comparativo das manifestações bucais entre pacientes diabéticos tipo1 e os pacientes diabéticos tipo 2, Universidade de São Paulo. Faculdade de Odontologia / Mestrado, 2001. Kovacs ACTB, Denari FE / Diabetes Clínica 04 (2002) 274~280 Diabetes Clínica 273 Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 04 (2002) 274~280 ARTIGO ORIGINAL Implicações do Diabetes Mellitus na vida de crianças e adolescentes: a opinião dos médicos, mães e portadores Implications of Diabetes Mellitus in children's life and adolescents: doctors, mothers and patients opinion Ana Claudia T. Barros Kovacs*, Fátima Elisabeth Denari** *Terapeuta Ocupacional, Mestre em Educação Especial, ** Mestre em Educação Especial, Doutora em Educação, Profa. Departamento de Psicologia da Universidade Federal de São Carlos - SP. Resumo O presente estudo teve por objetivos conhecer as implicações do Diabetes Mellitus na vida de crianças e adolescentes e conseqüentemente as necessidades especiais surgidas em decorrência da patologia. Para tanto, entrevistou médicos endocrinologistas e pediatra, mães de portadores de diabetes e os próprios diabéticos. Este estudo permitiu-nos conhecer as maiores implicações dessa doença crônica, bem como conhecer as sugestões dos participantes para a resolução da problemática levantada, para que, num segundo momento, pudéssemos intervir propondo um programa de ensino - educação em saúde -, afim de que diabéticos e seus familiares se tornassem mais conscientes do quadro clínico e aptos para mudarem a conduta, até então utilizada no tratamento médico. Palavras-chave: Diabetes mellitus, necessidades especiais, crianças, jovens. Abstract The objective of this research was to ivestigate the consequences of the Diabetes Mellitus in the life of the diabetic children and young person. This study had the objective to discover wich aspects of the life of children and young patients of Diabetes Mellitus more damage by the sickness and, consequently, the special needs appeared the diagnosis, which could be prevented, and their sugestions to change the situation. Doctors, responsible for the diabetic treatement, diabetics persons and their mothers were interviewed in order to clarify these questions. This study showed us the consequences of Diabetes Mellitus for children and young patients. Then, in other moment we’ll interview offering apprenticeship and understanding about the Diabetes Mellitus, to change their conduct towards the medical treatment, looking for a better quality of life to the patients. Key-words: Diabetes Mellitus, special needs, children, young persons. Artigo recebido em 10 dejunho de 2002; aprovado em 28 de junho de 2002. Endereço para correspondência: Ana Claudia T. Barros Kovacs, Rua Helena, 218, cj. 96 – Vila Olímpia, 04552-050 – São Paulo SP, Tel: (11) 3842-5144 274 Kovacs ACTB, Denari FE / Diabetes Clínica 04 (2002) 274~280 Introdução O diabetes mellitus tipo 1 é uma das doenças crônicas mais freqüentes na infância e é considerada por algumas autores como a doença invisível, uma vez que suas manifestações na infância e adolescência não são francamente perceptíveis [4,7,11]. Por ser o Diabetes Mellitus a segunda doença crônica mais comum nessa população, provoca profundo impacto em sua vida e de seus familiares [2]. Entende-se por doença crônica, aquela doença que requer acompanhamento médico constante e tratamento de controle, podendo ser minimizada ou persistir por toda a vida do indivíduo e que está, constantemente, afastando a pessoa de suas rotinas diárias, devido à hospitalização, realização de exames, acompanhamento médico, bem como permanência em casa [15]. As doenças crônicas são processos mórbidos de longa duração, das quais são incuráveis, levando, na maioria das vezes, à dor, sofrimento, até a morte, e podem acometer indivíduos desde a sua infância [12]. A doença crônica tem seu início, na maioria das vezes, insidioso. Ela não é algo que se manifesta da noite para o dia, aparecendo, na maioria das vezes, de forma lenta e imperceptível. Muitas vezes, aos sinais da doença, são atribuídas a outras causas, que não o real problema, levando à demora do diagnóstico, já que os sintomas do diabetes não são imediata nem totalmente visíveis [2,3,5]. Alguns sinais e sintomas podem permanecer imperceptíveis por um longo período de tempo, até o surgimento de novos sintomas mais aparentes, que podem ocorrer repentinamente, muitas vezes, em decorrência de uma hiperglicemia, levando o paciente e/ ou familiares a recorrerem à internação hospitalar como único meio de solucionar o problema [12]. Normalmente, essa é a situação vivenciada pela família do diabético tipo 1, quando este não percebe os sintomas comuns do quadro clínico e a patologia surge de forma aguda, geralmente manifestada por cetoacidose, podendo levar ao coma e a morte [1,8,17,21]. Tal fato deve-se à carência de informações da população em geral a respeito do quadro clínico do diabetes, bem como de outras patologias freqüentes na infância ou adolescência. Geralmente, o aparecimento brusco de sintomas faz com que a família pense que algo grave pode estar acontecendo e procurem, imediatamente, uma resposta para esta questão. Nesse período de busca de uma resposta, a criança ou jovem é submetido, na maioria das vezes, a vários exames e consultas médicas, podendo afastá-lo da escola, do grupo de amigos, desencadeando sentimentos de insegurança e medo, já que ainda não se tem uma resposta para o que se está buscando. A descoberta da doença é uma fase em que o portador de diabetes sente que tudo mudou na sua vida, e que esta não será mais a mesma. Essa nova realidade quase sempre vem associada a um alto grau de ansiedade, surgindo uma série de pensamentos temerosos no que se refere a limitação que a doença traz em suas vidas, como ao prognóstico ameaçador de possíveis mutilações [13,14]. A revelação do diagnóstico representa uma interrupção no modo de existir do diabético, pois, juntamente com a doença crônica, vêm limitações de várias ordens, entre as quais, o cuidado com a alimentação [3]. As limitações de caráter social, tais como, não realizar viagens e passeios longos devido à rotina rigorosa do regime de tratamento, geram sentimentos de angústia e tristeza, pois para estas pessoas, a vida, a partir da doença, passa a depender do tratamento, de horários e consultas médicas, levando-os a abrir mão de acompanhar os amigos e passear livremente [2,3]. A criança ou o adolescente doente crônico é geralmente excluído ou poupado das brincadeiras de seus amigos, que receiam que algo de errado possa ocorrer com ele. A restrição de tais atividades pode ser decorrente de limitações físicas ou por opção do doente crônico. Às vezes, o próprio tratamento provoca desânimo e indisposição, condição constantemente observada em crianças diabéticas. O receio de se machucarem acidentalmente e apresentarem complicações, são motivos para preferirem não participar de jogos e esportes que representassem risco [12, 14]. Assim sendo, este estudo se propôs conhecer os aspectos do desenvolvimento de crianças e adolescentes diabéticos, que encontravam-se mais prejudicados em virtude da doença crônica, na opinião dos médicos responsáveis pelo tratamento, dos familiares e diabéticos, e quais as sugestões apontadas para amenizar o problema. Método Este estudo, realizado no período de junho a outubro de 1999, contou com a participação de cinco médicos nas especialidades de Pediatria (01) e Endocrinologia (04), que atendem portadores de diabetes nos serviços de saúde disponíveis no município de São Carlos (convênios particular e público), bem como cinco mães e seus respectivos filhos portadores de Diabetes Mellitus. Para tanto, foram utilizados material comum de escritório (papel, caneta, etc) e equipamento eletroeletrônico (gravador e fitas magnéticas), além de roteiros para entrevista dos participantes: médico, mães, crianças e adolescentes portadores de diabetes. A coleta dos dados foi realizada separadamente de acordo com o grupo de participantes. Médicos: Consulta ao catálogo dos diferentes convênios particular e público e quadros funcionais dos serviços hospitalares e postos de saúde cobertos pela Secretaria Municipal de Saúde do município. 1. Verificação dos médicos nas especialidades mencionadas que atendiam à população-alvo. Kovacs ACTB, Denari FE / Diabetes Clínica 04 (2002) 274~280 2. Agendamento e realização da entrevista no consultório médico do participante. Mães e diabéticos: Após os dados para contatos iniciais (telefone ou endereço) terem sido fornecidos pelos médicos durante as entrevistas, os passos seguintes foram: 1. Contato por telefone, ou pessoalmente, para exposição breve dos objetivos da pesquisa e possível participação da entrevista, que foi agendada, nos casos de resposta afirmativa. 2. Realização da entrevista nas casas dos participantes. Os dados deste estudo foram analisados qualitativamente, a partir dos relatos dos participantes transcritos das gravações em fitas magnéticas. Resultados e Discussão Optamos por apresentar as declarações dos participantes consideradas mais significativas. Julgamos necessário abreviar os termos Médicos por M, mães por Mãe, crianças por Cr e adolescentes por Ad, afim de facilitar a leitura dos dados. Anteriormente à análise das respostas dos participantes, faz-se necessária uma caracterização dos mesmos. 1- Médicos Por meio da tabela I, verificamos que a maioria dos participantes são especialistas em Endocrinologia, que atendem um total de 44 diabéticos, crianças e jovens, por meio de convênios particular e público. A fase seguinte à caracterização, os participantes responderam ao seguinte questionamento: Quais os aspectos da vida da criança ou jovem mais prejudicados em virtude da doença crônica? E ainda, quais as sugestões de trabalhos a serem realizados para preencherem as possíveis lacunas que prejudicam a realização de um tratamento médico satisfatório? Pelos relatos dos participantes médicos, notamos que os aspectos considerados mais prejudicados em virtude do diabetes foram o social, o intelectual, o educacional, além da necessidade de proceder a uma maior 275 conscientização e aceitação por parte dos diabéticos, e em alguns casos, dos familiares. Os aspectos social e educacional provavelmente sofrem maiores prejuízos pela carência de informações recebidas, cabendo aos especialistas a competência de supri-las; em caso negativo, desencadeiam alguns comportamentos inadequados. Segundo M1, os aspectos social e intelectual são os que sofrem maior prejuízo. O aspecto social foi mencionado como grande prejudicado, no sentido de que tais pessoas deixam de participar de passeios e festas para não descuidarem da dieta alimentar. Esse dado reforça descobertas de outros estudos, que constataram que tanto o diabético quanto seus familiares preferem deixar de freqüentar festas, com o objetivo de seguir rigorosamente a dieta e não se exporem a situações delicadas, tais como, ingestão de doces, refrigerantes e frituras [12]. M1 acrescentou ainda que: “eles (pais) têm medo de uma hipo ou hiperglicemia, e não deixam o filho participar de esporte, por exemplo natação, com medo de o filho morrer nadando. Nas festas, as crianças abusam e aumenta a glicemia”. Dessa forma, a vida social do diabético e de sua família torna-se limitada, e o círculo de amizades diminuído. Concordando com M1, M2 declarou que o aspecto considerado mais prejudicado foi o intelectual, apontando o mesmo motivo que M1, ou seja, a falta de orientação dos médicos aos familiares e paciente, também entendido como aspecto educacional: “é necessário orientação em como cuidar da doença”. M3 alertou para a carência de alimentação adequada e necessária para o crescimento físico normal, prejudicando o processo natural de desenvolvimento, enfrentado por tal população: “eles (crianças) não crescem muito, têm problema com o controle, não exercendo o tratamento adequado”. As referências aos aspectos educacionais feitas por M3, deram-se no sentido de que os diabéticos podem vir a ser obrigados a interromper os estudos para cuidarem melhor da saúde, especialmente referindo-se aos casos em que as taxas de glicemia encontravam-se descompensadas: “há falha no tratamento piorando o aspecto educacional, e abandonam os estudos” (M3). M4 ressaltou a falta de conscientização sobre o Tabela I: Número de pacientes atendidos em Pediatria e Endocrinologia; diagnóstico e prognóstico. Especialidade M1 M2 M3 M4 M5 Pediatria Endocrinologia Endocrinologia Endocrinologia Endocrinologia No. de pacientes atendidos 2 (7-8 anos) 4 (8- 16 anos) 20 (7-16 anos) 3 (7- 16 anos) 15 (7- 16 anos) Aspectos considerados Social e intelectual Intelectual e Físico e educacional orientação familiar Aceitação conscientização Minimizar o sentimento de discriminação Sugestão de possíveis multidisciplinar Trabalho multidisciplinar trabalhos Orientação aos pais Trabalho multidisciplinar Orientação ao diabético Trabalho e convivência entre diabéticos 276 Kovacs ACTB, Denari FE / Diabetes Clínica 04 (2002) 274~280 diabetes e aceitação da patologia, vivenciada pela maioria de seus pacientes, que relutam em assumir sua condição de diabético, quase sempre infringindo as regras impostas pelo tratamento. Segundo M4, tal comportamento ocorre na tentativa de evitar situações desagradáveis como caçoada e discriminação no meio em que vivem. Conseqüentemente, relutam em aceitar os limites impostos pelo regime de tratamento, desconsiderando os cuidados necessários para o bom controle do diabetes, como nos informa M4 “eles tem dificuldade em aceitar a condição e não conseguem viver de bem com a doença” Provavelmente, tal fato ocorra pela carência de informações recebidas pelo diabético e seus familiares. Na opinião de M5, o sentimento de discriminação presente em tal população é um fator que prejudica o tratamento médico, pelo fato do portador ver-se obrigado a práticas incomuns e desencadeadoras de sentimento de comiseração, tais como, injetar insulina em meio a uma festa ou não poder alimentar-se ou ingerir bebidas como os colegas, restringindo, assim, suas atividades sociais. Nesse aspecto, verificamos opiniões concordantes entre M1, M2 e M5. De acordo com M5, não aceitando o diabetes, falta a conscientização necessária para uma melhor qualidade de vida, condição típica da adolescência. Segundo este participante, normalmente, nessa fase de vida, ocorrem transgressões comuns às regras impostas pela sociedade; neste caso, a transgressão se dá na forma de desafiar pais e médico, desrespeitando as prescrições: “ocorrem crises na transição para a puberdade. Em festas eles sentem-se discriminados pelo uso da insulina, e a utilizam como uma arma” (M5). Questionados a respeito da natureza do trabalho que deveria ser realizado com os pacientes, conforme ilustrado na tabela I, notamos que dos cinco médicos respondentes, três deles (M1, M3 e M5) mencionaram o trabalho multidisciplinar. M1 referiu-se à equipe multidisciplinar composta por Médico, Terapeuta Ocupacional, Psicólogo e Nutricionista; o participante M3 referiu-se ao Médico, Enfermeira, Terapeuta Ocupacional, Psicólogo e Nutricionista; M5 entende que a equipe deveria abranger os profissionais da Medicina, Enfermagem, Psicologia, Nutrição e Educação Física. Os outros dois participantes, M2 e M4 alertaram para a necessidade de realização de um trabalho que priorizasse a conscientização e aceitação do diabético, como uma das maneiras de conviver bem com a doença e realizar os cuidados necessários, mas não mencionaram quais profissionais estariam envolvidos em tal trabalho. O participante M5 discutiu a necessidade de proporcionar aos diabéticos momentos de convivência mútua, pois, assim, todos se sentiriam iguais, afastando, por alguns momentos, os sentimentos de inferioridade e diferença, já que essas atividades seriam realizadas por equipe multiprofissional. Isso reforçaria o sentimento e a necessidade de pertencer a um grupo, tarefa, típica da adolescência e extremamente necessária à busca de um modelo para a formação da identidade. Ao se referirem a um trabalho multidisciplinar, tais médicos salientaram a necessidade de prestar assistência ao diabético e sua família, em vários aspectos de suas vidas, proporcionando espaço para a aprendizagem e compreensão do quadro clínico, configurado como um programa educacional voltado ao diabético e seus familiares. Além disso, haveria uma oportunidade de troca de informações entre os participantes que vivenciam a mesma problemática. Compreendendo o quadro clínico do diabetes, estariam mais próximos de exercerem os cuidados exigidos pelo tratamento médico, tornando-se conscientes e ativos nesse processo, pois é por meio da educação que pode haver mudança de atitude [4,18,19,20]. Nota-se por meio das declarações de alguns participantes que, ao referirem-se à problemática da aceitação da patologia, e conseqüentemente, da realização dos cuidados necessários para controle do diabetes, encontra-se implícito o prejuízo do aspecto emocional, que não deixaria de ser ressaltado em um trabalho de equipe. Conforme a literatura específica da área, a prática dos cuidados e medidas terapêuticas, está, em grande parte, nas mãos do seu portador e, em proporção menor, nas mãos da família [5,18]. Esclarecidos em relação às formas de melhor conviver com o diabetes, família e diabético podem exercer normalmente suas atividades rotineiras, sejam elas sociais, laborais, acadêmicas e outras. Portanto, dos aspectos apontados pelos participantes, podemos concluir que o desenvolvimento dos diabéticos provavelmente não sofrerá prejuízo, caso lhes sejam fornecidas oportunidades de participação em programas educacionais. É essencial entender os princípios do tratamento para aplicá-los no seu dia-a-dia, pois aquele que conhece bem sua doença poderá controlá-la para viver melhor. Ao tratar-se de crianças diabéticas, tal educação deve ser dirigida também aos seus pais ou responsáveis pelos cuidados diários e sua patologia [9,10,18]. II- Participantes Mães A respeito dos aspectos do desenvolvimento que, na opinião das mães sofreram algum prejuízo, a Mãe 1 relatou que todos foram prejudicados: “ela tem medo de passar mal na escola, e a gente também, como em passeios, e até para ir ao sacolão da frente temos medo”. Tal declaração confirma o fato de que, mãe e criança evitam participar de atividades rotineiras restringindo, assim, seu convívio social. A Mãe 2 mencionou a dificuldade em adequar a dieta alimentar aos desejos do filho. Kovacs ACTB, Denari FE / Diabetes Clínica 04 (2002) 274~280 277 Tabela II: Caracterização das mães participantes Idadem Escolaridade Profissão Número de filhos Renda familiar (salários mínimos*) Estado civil Aspectos considerados Sugestão de possíveis Mãe 1 Mãe 2 Mãe 3 Mãe 4 Mãe 5 33 1º grau incompleto Do lar 2 1 32 2º grau incompleto Do lar 2 6-8 37 Magistério Professora 2 9-10 41 2º grau completo Telefonista 2 9-10 46 Universitário Economista 2 Mais de 50 Separada Social, educacional, alimentar. Apoio financeiro, medico e emocional Casada Alimentar Casada Social Divorciada Emocional Casada Alimentar Maiores informações Maiores informações Apoio psicológico sobre o quadro clínico sobre o quadro clínico à filha Apoio financeiro à crianças carentes * o valor do salário mínimo vigente na época da pesquisa era de cento e treze reais. A Mãe 3 relatou que, inicialmente, o aspecto social sofreu prejuízo, já que sua filha foi discriminada pela escola (colegas e funcionários), que pensavam ser o diabetes contagioso: “as crianças achavam que o diabetes pega...Ela passou mal na escola e fizeram ela esperar lá fora até eu chegar”. A Mãe 4 declarou que sentiu prejudicado o aspecto emocional da filha, traduzido não só por rejeitar a condição de diabética, mas também por tirar proveito de algumas situações, como ausentar-se mais da sala de aula para urinar, geralmente sem necessidade: “...aproveitava do diabetes para ficar saindo da sala de aula”. A Mãe 5 sentiu necessidade apenas em adequar a dieta alimentar. As sugestões a respeito de trabalhos que pudessem melhorar a qualidade de vida do diabético, ocorreram nos seguintes sentidos: Mãe 1: necessidade de apoio financeiro, médico, emocional, “tudo em geral, apoio generalizado. Quando falta algo em casa, prejudica a pessoa, ela não pode fazer nada por ser criança e ter problema”. Esta mãe referiu-se aos 4 meses em que faltou energia em sua casa, por falta de pagamento, e que a criança mencionou desejo de trabalhar para evitar tal situação, além da carência de alimentação, vestuário, e outros. Mães 2 e 3: relataram haver necessidade de maiores informações a respeito dos cuidados exigidos pelo quadro clínico. Mãe 2: “receber orientação”; Mãe 3: “a população tem que ser mais informada, e o próprio diabético tem que ter muito mais informações, porque a maioria não tem....não tem aonde correr, aonde se apegar”. Tal relato aponta para a necessidade de maior divulgação do quadro clínico do diabetes e suas implicações, para não ocorrerem discriminações pela sociedade, além da carência de serviços direcionados para tal clientela. A Mãe 3 acrescentou também que sente falta de maior oferta de produtos dietéticos na cidade, além de preços mais acessíveis. A Mãe 4 relatou necessidade de apoio psicológico para a filha assumir a condição de diabética e praticar os cuidados necessários. A Mãe 5 atentou para a problemática vivenciada por crianças diabéticas carentes financeiramente, merecendo mais atenção da sociedade e órgãos de saúde. Diante das declarações das participantes, evidenciase a necessidade de programas educacionais destinados ao diabético, familiares e sociedade, para melhor exercerem os cuidados exigidos no tratamento médico, bem como desmistificar alguns entendimentos, que discriminam e excluem o portador da doença das atividades normalmente desempenhadas por seus pares não diabéticos. Participantes crianças e adolescentes portadores de Diabetes Mellitus tipo 1 Por meio dos relatos dos diabéticos, notamos que as alterações do cotidiano foram percebidas como sofridas, restringindo-se à ingestão de doces e aplicação diária de insulina. Outros, porém, declararam não perceber as restrições como necessárias em suas atividades sociais. Tal fato tende a ser encarado de melhor forma com o passar do tempo, ocorrendo superação do trauma da doença e incorporação de tais cuidados à rotina diária. Questionada a respeito de possível prejuízo em algum aspecto da vida em virtude do diabetes, Cr 1 notou restrição de sua alimentação, atividade física e atividades sociais: “não pode comer todo tipo de merenda (referindo-se ao tempo em que freqüentava a escola), não pode correr muito, só participo de algumas brincadeiras....antes eu podia ir na casa de colegas fazer a lição e brincar, e agora não posso porque minha mãe tem medo”. Cabe lembrar que tais proibições são desnecessárias com destaque ao não correr, já que o médico orienta a prática de atividade física, bem como o convívio com os colegas. A Cr 2 disse sentir muita dificuldade em restringir a ingestão de doces, sorvetes, bolachas, como estava acostumado. Ad 1 percebeu alteração no relacionamento com seus colegas, que a discriminaram inicialmente. O isolamento 278 Kovacs ACTB, Denari FE / Diabetes Clínica 04 (2002) 274~280 Tabela III: Caracterização dos participantes diabéticos. Criança 1 (Cr1) Idade Sexo Escolaridade Tempo de diabetes Aspectos considerados mais prejudicados Sugestão de possíveis Criança 2 (Cr2) 11 9 Feminino Masculino 4ª série * 3ª série 2 anos 1 ano Alimentar Alimentar social, física Conscientização Convívio social do diabético, familiares e recursos Adolescente 1 (Ad 1) Adolescente 2 (Ad 2) Adolescente 3 (Ad 3) 14 Feminino 8ª série 2 anos Social, emocional 15 Feminino 8ª série 6 anos Emocional 16 Feminino 2º colegial 8 anos Alimentar Convívio social Convívio social e informação aos diabéticos, familiares e sociedade Convívio social *esta participante interrompeu seus estudos no ano ao qual se submete o doente crônico é esperado, uma vez que está tentando adaptar-se a nova condição de vida e tentando resgatar o respeito dos colegas, para não ser tratado de forma diferente [12,16]. Ad 2 também sentiu modificação no relacionamento com os colegas, no sentido de se preocuparem mais em adequar a alimentação às suas necessidades atualmente: “eles dão mais atenção, lembram de mim quando tem alguma festa” . A participante referiu-se à adequação da alimentação quando participa de festas com os colegas, que se preocupam em oferecer alimentos dietéticos a ela. A Ad 3 disse não ter sentido dificuldades, apenas adequou sua dieta alimentar, o que parece não ter representado sofrimentos. Solicitadas a sugerir trabalhos visando à melhor convivência com o diabetes, Cr 1 mencionou haver necessidade de maior controle sobre o diabetes: “controlando o diabetes, aí fica normal”, fato que implica sua conscientização, da família, e condições básicas para exercer tais cuidados (alimentação adequada, desde que existam meios para isso, disponibilidade de insulina e informações gerais sobre cuidados com o diabetes para sentir-se melhor, evitando complicações). Cabe informar que a Cr 1, por depender da doação de insulina pelo posto de saúde, não encontra regularidade quanto ao tipo fornecido: ora é bovina, ora humana, ora suína, prejudicando, assim, o controle da moléstia. Tal atitude reflete a falta de consciência e de interesse pela saúde por parte dos órgãos responsáveis, uma vez que, conhecendo a necessidade de se manter o mesmo tipo de insulina, oferecem outros, e posteriormente, em casos de descompensações, recebem esse mesmo diabético com complicações agudas ou até mesmo crônicas. Cr 2 relatou necessidade de participar de atividades sociais não restritivas à alimentação e carência de convívio entre diabéticos: “festas diet, projeto para os diabéticos, contato com outras crianças diabéticas”, o que foi também relatado por Ad 1, 2 e 3. O relato da Cr 2, mais uma vez, reflete a falta de consciência e responsabilidade quanto aos cuidados para com a patologia, uma vez que somente participando de “festas diet”é que ele exerceria os cuidados necessários, hábito que não é colocado em prática em sua vida. Ad 1 declarou que: “em qualquer lugar que eu vou, eu não conheço outra pessoa que tem diabetes. Eu achava que teria que ter grupos de diabéticos, para você se sentir como se todo mundo fosse igual e conversarem uns com os outros, como é a vida de um, como é a vida do outro”. Tal participante enfatizou o sentimento de discriminação exercido pela sociedade, que acarreta em sentimento de inferioridade por parte dos diabéticos, que não recebem o apoio de que necessitam. Ad 2, além de referir-se ao convívio com outros diabéticos, mencionou também: “dar mais assistência, por meio de palestras, investindo mais, havendo discussão entre os jovens” , relatando a necessidade de um programa educacional capaz de desfazer suas dúvidas, quanto ao diabetes e assuntos relacionados à fase de vida em que se encontram, a adolescência. Ad 1 e Ad 2 acrescentaram haver necessidade de maior assistência médica, referindose a apoio médico e de serviços municipais, com promoção de palestras para ampliar os conhecimentos não só de quem vivencia a doença mas também de demais pessoas interessadas. Conclusão Concluímos, por meio desta amostra, que existe carência de programas educacionais dirigidos ao diabético e seus familiares que, em conseqüência, têm seu tratamento médico e qualidade de vida prejudicados, implicando em diversas limitações desnecessárias, geradoras de angústias, preconceito e desigualdade. Neste sentido, reforça-se a necessidade de programas de prevenção primária, para diagnosticar casos novos, programas que tenham como alvo, não somente usuários de convênios particulares, mas também a maioria da população dependente de serviços públicos (municipais ou estaduais). Kovacs ACTB, Denari FE / Diabetes Clínica 04 (2002) 274~280 Além da prevenção primária, sob responsabilidade do município, há também a necessidade de prestar atendimento aos pacientes já diagnosticados, visando prevenir o aparecimento das complicações crônicas do quadro clínico- prevenção secundária. Em um terceiro momento, deve-se exercer a prevenção terciária, com vistas a reabilitar fisicamente alguns diabéticos, que necessitem e colocá-los novamente no mercado de trabalho. Concluído, este estudo serviu de base para a elaboração de um programa de ensino-educação em saúde- a diabéticos e seus familiares, afim de melhor informá-los sobre o quadro clínico, prognóstico do diabetes e medidas para melhorar sua qualidade de vida. Tal pesquisa será apresentada em outro momento. Agradecimentos Agradecimentos à CAPES, que financiou este trabalho durante 24 meses. Referências 1. Arduíno F. Atendimento ambulatorial interdisciplinar ao paciente diabético. Semina 1988; 9(3):158-167. 2. Baptista MEC. Fenomenologia do existir do diabético. Tese (Doutorado em Psicologia e Pedagogia em Enfermagem) Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 1992, 101 f. 3. Barbosa JC. Compreendendo o ser doente renal crônico. Dissertação (Mestrado em Assistência de Enfermagem) Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 1993, 144f. 4. Brasil. Ministério da Saúde. Manual de diabetes. 2. ed. rev. Brasília: CODEG, 1994. 5. Chacra AR. Visão otimista sobre diabetes. Dr. Jornal em revista. Piracicaba/ São Paulo, n. 18, março 2000. 6. Corrêa LG. Educação é a melhor arma terapêutica. Jornal da Sociedade Brasileira de Diabetes 2000;23 7. Costa AA, Almeida Neto JS. Manual de Diabetes. 3. ed., São Paulo: Sarvier, 1998. 279 8. Garcia RMR. Apresentação. Dr. Jornal em revista. Piracicaba/ São Paulo, n. 18, março 2000. 9. Leavell HR, Clark EG. Medicina preventiva. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1977. 10. Milech A. Aproveite ao máximo, com um mínimo de cuidados. Jornal da Sociedade Brasileira de Diabetes. São Paulo, out 2000. 11. Norwood JW, Inlander CB. Entendendo a Diabetes: para a educação do paciente. São Paulo: Júlio Louzada Publicações, 2000. 12. Oliveira AGC. Convivendo com a doença crônica da criança: a experiência da família. Tese (Doutorado) Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1994, 141 f. 13. Piacentini MV. Diabetes: o impacto da notícia. Dr. Jornal em revista. Piracicaba/ São Paulo, n. 18, março 2000. 14. Santos RM. Impacto Psico-Emocional. 1999. Trabalho apresentado no 4o. Congresso Brasileiro Multiprofissional em Diabetes, São Paulo, 3 e 4 de julho de 1999. Comunicação oral. 15. Zem SH. Caracterização da situação acadêmica de crianças portadoras de doença crônica. Dissertação (Mestrado em Educação Especial) Centro de Educação e Ciências Humanas, Universidade Federal de São Carlos, 1992, 118 f. 16. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Diabetes. Proposta básica para a assistência ao diabético no município. <http://www.diabetes.org.br/Diabetes/cart miolo.htm> Acesso em 16 out 2000. 17. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Diabetes. Detecção e tratamento das complicações crônicas do Diabetes mellitus. <http://www.diabetes.org.br/Diabetes/ compcron.html> Acesso em 16 out 2000. 18. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Diabetes. Educação é a melhor arma terapêutica. <http:// www.diabetes.org.br/publicacoes/j23/j23mat5.html> Acesso em 16 out 2000. 19. JORNAL DIA A DIA: Tudo para o diabético. Programas de prevenção. Prevenção. <http://www.diadia.com.br/ 07prevencao.htm> Acesso em 21 out 2000. 20. JORNAL DIA A DIA: Tudo para o diabético. Programas de prevenção. Prevenção.<http://www.diadia.com.br/ 09prevencao.htm> Acesso em 21 out 2000. 21. ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE ASSISTÊNCIA AO DIABÉTICO. Diabetes. Consenso Brasileiro de Conceitos e Condutas para o Diabetes Mellitus. <http:// www.netcomp.com.br/anad/consenso.htm 280 Ardenghi C et al / Diabetes Clínica 04 (2002) 281~285 Diabetes Clínica Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 04 (2002) 281~285 ARTIGO ORIGINAL Relação entre os níveis séricos da lipoproteina(a) e o controle glicêmico de pacientes diabéticos Relationship among the plasma levels of lipoprotein(a) and the glycemic control of diabetic patients Cristina Ardenghi*, Adroaldo Lunardelli**, Aline Andrea da Cunha**, Cristine dos Reis***, Jarbas Rodrigues de Oliveira**** *Farmacêutica Bioquímica, especialista em Análises Clínicas, PUCRS, **Aluno do Curso de Graduação em Farmácia – Análises Clínicas, PUCRS, ***Aluno do Curso de Graduação em Farmácia – Farmácia Industrial, PUCRS, ****Professor Coordenador do Laboratório de Pesquisa em Biofísica, Faculdade de Biociências, PUCRS. Trabalho Desenvolvido no Laboratório de Pesquisa em Biofísica, Departamento de Ciências Fisiológicas Faculdade de Biociências, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Dissertação de Especialização, Laboratório de Pesquisa em Biofísica Resumo Tendo em vista a importância da doença cardiovascular (DC) em indivíduos com Diabetes Mellitus (DM), selecionamos pacientes com diagnóstico prévio de DM com diferentes graus de controle glicêmico, conforme valor da hemoglobina glicosilada (HbA1c), e relacionamos com lipoproteína (a) – Lp(a) –, colesterol total (CT) e a relação colesterol total/lipoproteína de alta densidade (CT/HDL). Os níveis de Lp(a) e CT não aumentaram proporcionalmente à piora do controle glicêmico. No entanto a relação CT/HDL aumentou conforme se elevaram os níveis de HbA1c, com os grupos 2 e 3 apresentando uma diferença significativa (p < 0,05) em relação ao grupo controle. Verificamos também que não houve correlação entre a Lp(a) e a relação CT/HDL. Podemos concluir que a concentração sérica da Lp(a) não sofreu influência do controle glicêmico dos pacientes diabéticos, não podendo ser associada, portanto, à alta incidência de DC em pacientes com DM. Ao contrário, a relação CT/HDL está associada a um inadequado controle glicêmico e pode ser um alto indício para o desenvolvimento da DC em pacientes com DM. Palavras-chave: Doença cardiovascular, Diabetes mellitus, Lipoproteína (a). Artigo recebido em 5 de julho de 2002; aprovado em 12 de julho de 2002 Endereço para correspondência: Prof. Dr. Jarbas Rodrigues de Oliveira, PUCRS, Av. Ipiranga, 6681 – Pd. 12C/263 – 90619-900 Porto Alegre RS, Tel: +55 21 51 3320-3500, ramal 4147, Fax: +55 21 51 33203568, E-mail: [email protected] Ardenghi C et al / Diabetes Clínica 04 (2002) 281~285 281 Abstract In view of the importance of the cardiovascular illness (DC) in individuals with Diabetes Mellitus (DM), we select patients with previous diagnosis of DM with different degrees of glicemic control, as value of the glycosylated hemoglobin (HbA1c), and relate with lipoprotein (a) - Lp (a) -, total cholesterol (CT) and the total/lipoprotein relation cholesterol of high density (CT/HDL). The levels of Lp (a) and CT had not increased proportionally to the worsening of the glicemic control. However, the relation CT/HDL increased as had raised the levels of HbA1c, with groups 2 and 3 presenting a significant difference (p<0,05) in relation to the group have controlled. We also verify that it didn’t have correlation between the Lp(a) and relation CT/HDL. We can conclude that the seric concentration of the Lp(a) did not suffer influence from the glicemic control of the diabetic patients, not being able to be associated therefore, with the high incidence of DC in patients with DM. In contrast, relation CT/HDL is associated with an inadequate glicemic control and can be one high indication for the development of the DC in patients with DM. Key-words: Diabetes Mellitus, special needs, children, young persons. Introdução O diabetes mellitus (DM) causa desenvolvimento precoce da aterosclerose, o que, subseqüentemente, pode provocar infarto do miocárdio, lesões renais, acidentes vasculares cerebrais e outros distúrbios circulatórios [1,8]. Estudos relatam que 25% dos pacientes com infarto agudo do miocárdio são portadores de DM, e comprovam que a incidência e a mortalidade por doenças cardiovasculares (DC) em pacientes com DM é maior que em pacientes não diabéticos [4,17,9,7]. O alto risco de DC em indivíduos com DM é tão freqüente quanto em indivíduos não diabéticos com prévio infarto do miocárdio [10]. O alto risco de DC está sendo associado a níveis elevados de lipoproteína (a) – Lp(a) – no sangue [19]. A Lp(a) é formada pela lipoproteína de baixa densidade (LDL) e uma glicoprotéina, a apolipoprotéina (a) – Apo(a) –, que estão ligadas entre si por uma ponte de dissulfito. A Apo(a) tem uma grande homologia estrutural com o plasminogênio, o que lhe permite inibir de modo competitivo a ação do plasminogênio e, eventualmente, desencadear efeitos aterogênicos e trombótico [4]. A Lp(a) inibe por competição a ligação entre o plasminogênio e seu ativador tissular, dificultando sua transformação em plasmina, criando um estado prótrombótico que agrava a aterosclerose, uma vez que a Lp(a) compromete a dissolução do coágulo em plasmina. No efeito aterogênico a Lp(a) migra do espaço intravascular para o sub-endotelial, alojando-se nas células espumosas. Além disto, por transportar muito colesterol, favorece a formação da placa de ateroma. A Lp(a) tem sido correlacionada com a DM, mostrando um aumento desta lipoproteína em pacientes diabéticos, quando relacionados a indivíduos não diabéticos [3]. Haffner et al. [11] relata que pacientes DM tipo 1 com uma melhora do controle glicêmico apresentam níveis menores de Lp(a) no sangue. No entanto, outros estudos não relatam este aumento da concentração da Lp(a) e sim uma diminuição dos níveis de Lp(a) em pacientes com DM tipo 2 [2,22]. Maser et al. [16] afirmam que não há uma relação entre Lp(a) e complicações em indivíduos com DM tipo 1 como retinopatia, infarto do miocárdio. Em dois outros estudos a melhora do controle glicêmico não altera os níveis de Lp(a) [12,23]. Como os dados da literatura são conflitantes e tendo em vista a importância da DC em indivíduos com DM, selecionamos pacientes com diagnóstico prévio de DM em diferentes graus de controle glicêmico, conforme valor da hemoglobina glicosilada (HbA1c), e relacionamos com a Lp(a), colesterol total (CT) e relação colesterol total/colesterol HDL (CT/HDL), para verificarmos a relação destas dosagens nos indivíduos com DM. Materiais e métodos Foram analisados dados de 82 pacientes (37 homens e 45 mulheres) que realizaram dosagens de HbA1c, CT, HDL, creatinina e Lp(a). A disfunção renal é um dos maiores determinante para o aumento da Lp(a) [5], portanto indivíduos com creatinina acima 1,2 mg/dl foram excluídos do estudo para que as flutuações das concentrações de Lp(a) que porventura ocorressem, não derivassem de uma possível insuficiência renal que se mostraria como interferente no estudo. As amostras analisadas foram divididas em quatro grupos: um controle com indivíduos não diabéticos e 3 grupos de pacientes diabéticos com diferentes níveis de hemoglobina glicosilada: Grupo controle – HbA1c de 5,3% a 6,5% (n = 15); Grupo 1 – HbA1c de 6,6% a 8,9% (n = 23); Grupo 2 – HbA1c de 9,0% a 11,7% (n = 24); 282 Ardenghi C et al / Diabetes Clínica 04 (2002) 281~285 Grupo 3 – HbA1c de 11,8% a 18,3% (n = 20). Os pacientes foram selecionados a partir do preenchimento de uma ficha de investigação, onde foram incluídos no estudo apenas aqueles que tomavam medicação hipoglicemiante, como hipoglicemiante oral ou insulina. A análise estatística foi realizada pelo teste Oneway ANOVA utilizando o programa SPSS for Windows, versão 9.0.1. Discussão É sabido que pacientes com DM apresentam DC. Tentamos portanto correlacionar fatores de risco com o controle glicêmico. Na Fig. 1, observa-se que os níveis da Lipoproteína(a) sofrem significativas alterações com o aumento da hemoglobina glicosilada. Ao analisarmos o colesterol total total, um dos mais tradicionais fatores de risco, vimos que sua concentração sérica não se altera significativamente quando comparada aos diferentes níveis sangüíneos de HbA1C (Fig. 2). Entretanto, a relação CT/HDL mostrou-se aumentada conforme a elevação dos níveis de HbA1c, como apresentado na Fig. 3. Como não encontramos relação entre os níveis de Lp (a) e a piora do controle glicêmico dos pacientes diabéticos, verificamos se poderia haver alguma relação entre a Lp (a) e a relação colesterol total/HDL. Como podemos ver na Fig. 4, não há boa correlação entre estes parâmetros, o que corrobora que os níveis de Lp (a) parecem ser um fator independente de risco coronariano. A concentração de HDL colesterol (representado na Fig. 5) mostra-se aumentada a medida em que tem-se aumento da HbA1c, o que não ocorre com a fração do colesterol de baixa densidade – LDL – já que não apresenta diferença significativa nos grupos estudados, conforme Fig. 6. Estudos relatam que a elevação da HbA1c está associado ao aumento de mortes em pacientes diabéticos com infarto agudo, no entanto, quando há normalização dos níveis glicêmicos, uma redução das complicações microvasculares e macrovasculares são encontradas. Assim comprova-se a importância do controle glicêmico na prevenção das DC em pacientes com DM [6,7]. Outro fator de risco associado à DC são níveis elevados de Lp(a) no sangue [18,21]. A homologia da Lp(a) com o plasminogênio tem sugerido que a mesma interfere com a ativação do plasminogênio e diminui a fibrinólise. Como a Lp(a), outros marcadores bioquímicos têm sido freqüentemente descritos na literatura como fatores de risco cardiovascular, sendo alvos de numerosos estudos clínicos. Alguns deles estão se estabelecendo como fatores de risco cardiovascular independentes, principalmente por estarem relacionados aos componentes inflamatório e trombótico da doença aterosclerótica. Em nosso estudo não foi encontrada associação entre a piora do controle glicêmico e o aumento dos níveis de Lp(a), ao contrário de Haffner et al. [11] que encontrou boa relação entre a melhora do controle glicêmico e a diminuição dos níveis de Lp(a) em 12 pacientes com DM tipo 1. Em outro estudo do mesmo autor no entanto, não foi encontrado a mesma associação em 12 pacientes com DM tipo 2 [12]. Diante disso, a variabilidade dos níveis de Lp(a) pode estar associada a fatores genéticos [21], como já vem sendo estudado e não ao nível de glicose no sangue. Hernández et al. [14] encontrou boa correlação entre a Lp(a) e colesterol LDL, indicando que as concentrações de Lp(a) no sangue de pacientes diabéticos são dependentes do perfil lipídico do paciente. Encontrou, também, Fig. 1 - Concentração de Lp (a) nos diferentes grupos de distintos valores de HbA1c. Fig. 2 - Concentração de colesterol total nos diferentes grupos de distintos valores de HbA1c. Resultados Ardenghi C et al / Diabetes Clínica 04 (2002) 281~285 que o colesterol LDL está aumentado em pacientes diabéticos quando comparados a um grupo de pacientes não diabéticos. Em nosso estudo verificamos que nem o colesterol total e nem a fração LDL aumentaram significativamente em pacientes diabéticos, sendo independente do controle glicêmico. No estudo populacional americano Physician’s Health Study, em que foram avaliados marcadores tradicionais de risco cardiovascular e novos marcadores que predizem o risco de um futuro infarto agudo do miocárdio (IAM), foi relatado que, em uma escala de zero a 6,0, a Lp(a) ficou com índice 1,0 quanto ao risco de um futuro IAM, enquanto que a relação CT/HDL obteve índice aproximadamente igual a 3,0. Em nosso trabalho, ao analisarmos a relação CT/HDL dos grupos diabéticos, verificamos que os grupos 2 e 3, onde existe um pobre controle glicêmico, a relação CT/ HDL foi significativamente mais elevada que no grupo controle. Baixos níveis de HDL são associados com um aumento do risco de DC e os altos níveis de HDL são associados a uma proteção às DC. Mesmo em pacientes com CT inferior a 200mg/dl, existe uma inversa associação entre HDL e o risco de DC [20]. Podemos concluir com este trabalho, que a concentração sérica da Lp(a) não sofreu influência do controle glicêmico nos pacientes diabéticos, não podemos portanto, associá-la a alta incidência de DC em pacientes com DM. Ao contrário, a relação CT/HDL está associada a um inadequado controle glicêmico e pode ser um alto indício para o desenvolvimento da DC em pacientes diabéticos. A falta de valor preditivo da Lp(a) para DC em pacientes com DM foi corroborado pela baixa correlação entre o aumento da relação CT/ HDL com os níveis da Lp(a) sérica (Fig. 4). Fig. 3 - Níveis da relação colesterol total/HDL nos diferentes grupos de distintos valores de HbA1c. Os grupos assinalados com * apresentam diferença estatisticamente significativa em relação ao grupo controle (P < 0,05). 283 Fig. 4 - Correlação entre a relação colesterol total/HDL e a Lp(a). Fig. 5 - Concentração de colesterol HDL nos diferentes grupos de distintos valores de HbA1c. Os grupos assinalados com * apresentam diferença estatisticamente significativa em relação ao grupo controle (P < 0,05). Fig. 6 - Concentração de colesterol LDL nos diferentes grupos de distintos valores de HbA1c. 284 Ardenghi C et al / Diabetes Clínica 04 (2002) 281~285 Referências 1. Abu-Lebdeh HS, Hodge DO, Nguyen TT. Predictors of macrovascular disease in patients with type 2 diabetes mellitus. Mayo Clin Proc 2001;76:707-712. 2. Alagoslu H, Gultekin F, Candan F. Lipid and lipoprotein patterns in type 2 non-obese diabetic patients. Do Lp (a) levels decrease with improved glycemic control in these patients? Nutr Metab Cardiovasc Dis 2000;10(4):204-8,. 3. Alsaeid M, Qabazard m, Shaltout A, Sharma PN. Impact of glycemic control on serum lipoprotein(a) in Arab children with type 1 diabetes. Pediatr Int 2001;43(3):246-50. 4. Angles-Cano E, de la Pena Diaz A, Loyau S. Inhibition of fibrinolysis by lipoprotein (a). Ann N Y Acad Sci 2001;936:261-75. 5. Boemi M, Sirolla C, Fumelli P, James RW. Renal disease as a determinant of increased lipoprotein(a) concentrations in diabetic patients. Diabetes Care 1999;22(12):2033-2036. 6. Chowdhury TA, Laskr SS. Elevated glycated haemoglobin in non-diabetic patients is associated with an increased mortality in myocardial infarction. Postgrad Med J 1998;74(874):480-1. 7. Colwell L, Quinn L. Glycemic control and heart disease. Nurs Clin North Am 2001;36(2):321-31. 8. Guyton, AC; Hall, J.E. Tratado de Fisiologia médica. 9ª edição. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1996. 9. Haffner SM. Diabetes, Hyperlipidemia, and Coronary Artery Disease. Am J Cardiol 1999;83:17F-21F. 10. Haffner SM, Lehto S, Ronnemaa T, Pyorala K, Laakso M. Mortality from coronary heart disease in subjects with type 2 diabetes and in nondiabetic subjects with and without prior myocardial infarction. N Engl J Med 1998;339;229-234. 11. Haffner SM, Tuttle KR, Rainwater DL. Decrease of lipoprotein (a) with improved glycemic control in IDDM subjects. Diabetes Care 1991;14:302-307. 12. Haffner SM, Tuttle KR, Rainwater DL. Lack of change of lipoprotein (a) concentration with improved glycemic control in subjects with type II diabetes. Metabolism 1992;41:116-120. 13. Hernández C, Chacón P, Garcia-Pascual L, Simó R. Differential influnce of LDL cholesterol and triglycerides on 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. lipoprotein (a) concentrations in diabetic patients. Diabetes Care 2001;24:350-355. Kanters SD, Banga JD, Stolk RP, Algra A. Incidence and determinants of mortality and cardiovascular events in diabetes mellitus: a meta-analysis. Vascular Medicine 1999;4:67-75. Maser RE, Usher D, Becker DJ, Drash AL, Kuller LH, Orchard TJ. Lipoprotein (a) concentration shows little relationship to IDDM complications in the Pittsburgh epidemiology of diabetes complications study cohort. Diabetes Care 1993;16:755-8. Miettinen H, Lehto S, Salomaa V, Mähönen M, Niemelä M, Haffner SM, Pyörälä K, Tuomilehto J,for the FINMONICA Myocardial Infarction Register Study Group: Impact of diabetes on mortality after the first myocardial infarction. Diabetes Care 1998;21:69-75. Milionis HJ, Winder AF, Mikhailidis DP. Lipoprotein (a) and stroke. J Clin Pathol 2000;53:487-96. de la Pena-Diaz A, Izaguirre-Avila R, Angles-Cano E. Lipoprotein Lp (a) and atherothrombotic disease. Arch Med Res 2000;31:353-9. Rader DJ. Pathophysiology and management of low highdensity lipoprotein cholesterol. Am J Cardiol 1999;83:22F24F. Scanu AM. The role of lipoprotein (a) in the pathogenesis of atherosclerotic cardiovascular disease and its utility as predictor of coronary heart disease events. Curr Cardiol Rep 2001;3:385-90. Shishino K, Murase M, Hitsumoto Y, Osawa H, Makino H, Saheki S. Clinical significance of serum LpA-I levels measured by immunoturbidimetric assay in type 2 diabetes mellitus patients. Rinsho Byori 2001;49:39-44. Song KH, Ahn YB, Yoon KH, Cha BY, Lee KW, Son HY, Kang SK. The effect of long-term glycaemic control on serum lipoprotein (a) levels in patients with type 2 diabetes mellitus. Diabetic Medicine 1999;16:1036-9. Tenerz A, Lonnberg I, Berne C, Nilsson G, Leppert J. Myocardial infarction and prevalence of diabetes mellitus. Is increased casual blood glucose at admission a reliable criterion for the diagnosis of diabetes? Eur Heart J 2001;22:1102-10. Glucobay® Acarbose Composição: cada comprimido de Glucobay® contém 50 mg ou 100 mg de acarbose. Indicações: como complemento da dieta para reduzir a taxa de glicose no sangue em pacientes portadores de diabetes melito do tipo 2. Contra-indicações: hipersensibilidade ao medicamento, cetoacidose diabética ou cirrose. Doença intestinal inflamatória, ulceração do cólon, obstrução intestinal parcial ou predisposição à obstrução intestinal. Doenças intestinais crônicas com disfunção da digestão ou da absorção. Precauções: a glicose oral (dextrose), cuja absorção não é inibida por Glucobay®, deve ser usada no lugar da sacarose (açúcar de cana) no tratamento de hipoglicemia leve ou moderada, quando associado a outros hipoglicemiantes orais e/ou insulina. GlucobayÒ não deve ser administrado durante a gestação, uma vez que não há dados disponíveis sobre seu uso em mulheres grávidas. Também não deve ser indicado a menores de 18 anos. Interação medicamentosa: certos medicamentos tendem a produzir hiperglicemia: tiazídicos e outros diuréticos, corticosteróides, fenotiazinas, produtos tiroidianos e estrogênicos, anticoncepcionais orais, fenitoína, ácido nicotínico, simpatomiméticos, bloqueadores dos canais de cálcio e isoniazida. Reações adversas: dores abdominais, diarréia e flatulência, que apresentaram tendência à redução com o passar do tempo. Aumento das transaminases séricas que parece estar relacionado com a dose. Posologia: a dosagem inicial recomendada é de 3 vezes 1 comprimido (50 mg) por dia, sempre com o 1º bocado das refeições. Entretanto, para prevenir eventuais efeitos gastrintestinais, a dosagem inicial alternativa é 50 mg (um comprimido), no início do jantar, por via oral, nas duas primeiras semanas . Nas semanas 3 e 4, aumentar a dose para 2 comprimidos por dia (no início do almoço e no início do jantar), passando a 3 comprimidos ao dia a partir da 5ª semana (com a primeira porção das principais refeições – café da manhã, almoço e jantar). A dosagem deve ser ajustada com base nos níveis de glicemia pós-prandial de uma hora e na tolerabilidade. A dose de manutenção varia de 50 mg a 100 mg, 3 vezes ao dia. Apresentações: comprimidos orais com 50 mg e 100 mg em embalagens com 30 comprimidos. Para maiores informações, consulte a bula ou a Bayer S.A. Produtos Farmacêuticos - Rua Domingos Jorge nº 1000 - São Paulo - SP – MS-1.0429.0084 – SAC: % 0800-121010 Produto de venda sob prescrição médica 30.11.2001 Atualização / Diabetes Clínica 04 (2002) 286~288 Diabetes Clínica 285 Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 04 (2002) 286~288 ATUALIZAÇÃO International Diabetes Federation Posição sobre alimentação e nutrição A terapia nutricional é um componente essencial no sucesso do manejo do diabetes. As estratégias nutricionais apropriadas devem ser adaptadas ao indivíduo portador de diabetes. A compreensão dos efeitos metabólicos dos carboidratos, proteínas, gorduras e insulina, o papel do alimento na socialização, e a relação entre alimento e comportamento são fatores críticos para o manejo do diabetes. O objetivo da intervenção nutricional em indivíduos portadores de diabetes é fazer as pessoas capazes de atingir/manter um ótimo estado de saúde. Metas devem ser individualizadas e determinadas após avaliação do estado nutricional. Avaliação nutricional A avaliação nutricional determina o status nutricional atual do indivíduo e as necessidades nutricionais baseadas nos objetivos do tratamento e no aceitável ou razoável para o indivíduo [1]. Condições de saúde concomitantes devem ser avaliadas e consideradas em qualquer avaliação nutricional. Devem ser considerados a presença de complicações, educação, estilo de vida ou outros parâmetros psicológicos ou sociais . Os planos de tratamento para indivíduos com diabetes recentemente diagnosticado devem incluir uma avaliação nutricional e um plano de cuidados nutricionais. Objetivos do manejo nutricional Objetivos devem incluir: • Alívio dos sintomas primários do diabetes [2]. • Promoção da saúde global através da nutrição • Ajuda na manutenção de níveis de glicose sanguínea • Encorajamento para manutenção de um peso corporal saudável • Prevenção e tratamento das complicações agudas do diabetes, como hipoglicemia e hiperglicemia [1-3] • Realização de um plano individualizado de cuidados e registro do consumo diário • Minimização a longo prazo das complicações micro e macrovasculares, que resultam em morbidade e diminuição da esperança de vida associadas a todos os tipos de diabetes [2]. Prescrição nutricional Teorias atuais sobre o papel da nutrição em diabetes são agora estabelecidas após séculos de controvérsias. A primeira prescrição dietética conhecida para portadores de diabetes foi feita em 1.500 a.c. no Papyrus Ebers (Egito), onde sementes de trigo, frutas e cerveja doce foram prescritos para curar a abundância de urina. Desde o século XVII, as intervenções nutricionais prescritas aos diabéticos variaram muito, baseadas na proporção PB Atualização / Diabetes Clínica 04 (2002) 286~288 de macronutrientes – carboidratos, proteínas e gordura – na dieta [4]. As controvérsias sobre a distribuição mais conveniente de macronutrientes para promover a euglicemia continuam nas recomendações nutricionais em todo o mundo [5]. A Diabetes Education Consultative Section recomenda que todas as prescrições nutricionais sejam adaptadas às necessidades comportamentais, emocionais e médicas do paciente. Os guidelines deverão ser constantemente adaptados para respeitar as melhores evidências. Planos de refeições O plano de refeição ideal para o portador de diabetes depende de vários fatores: • Tipo de diabetes • Estilo de vida • Presença de fatores de risco associados, inclusa a obesidade • Preferências pessoais • Ausência/presença de complicações e objetivos do tratamento nutricional. O papel do nutricionista é individualizar os requerimentos nutricionais (energia, composição em macronutrientes e micronutrientes, distribuição das refeições e lanches) e formular um guia dietético, considerando as referências de cada indivíduo, disponibilidade dos alimentos, necessidades do estilo de vida, inclusas as crenças alimentares [5]. Em países e áreas onde os nutricionistas não existem, os profissionais de saúde devem usar a informação disponível sobre nutrição e diabetes para desenvolver planos de refeições. Educação nutricional deve ser centralizada sobre as alterações do estilo de vida, considerando o tipo de diabetes, idade, refeições fora da casa, viagens e planos de refeições, consumo moderado de álcool e atividade física. Deve ser enfatizada a redução de peso, mas também o controle glicêmico e lipídico. Nutrição e diabetes tipo 1 Quando possível, o tratamento deve ser adaptado à alimentação habitual de ao padrão de exercícios do indivíduo portador de diabetes. Comer para responder ao tratamento de insulina não é recomendado. Após plano de refeições e ajuste dos alimentos e/ou insulina em resposta ao monitoramento da glicose sanguínea, os resultados foram significativamente associados à diminuição dos níveis de HbA1c durante o Diabetes Control and Complications Trial (DCCT [9]. Desde o DCCT e a maior disponibilidade de análogos de insulina em vários partes do mundo, as estratégias de nutrição e educação para as pessoas portadoras de diabetes tipo 1 são mais flexíveis para melhor atender as necessidades dos diabéticos que trabalham. Quando possível, a terapia insulínica deve ser integrada na alimentação e modelos de exercício habituais dos indivíduos portadores de diabetes [1]. Comer para evitar os picos de insulina não é recomendado. Quando disponível, o monitoramento regular da glicose sanguínea é recomendada para ajudar a compreensão da relação entre alimento, tratamento e atividade; o monitoramento é um guia para o ajuste da insulina. Os modelos de manejo do diabetes variam em função da idade dos indivíduos e devem ser adaptados a cada estado da vida. Nutrição e diabetes tipo 2 Estratégias e ferramentas educacionais O diabetes mellitus tipo 2 representa 90% dos casos de diabetes. Em alguns países, mais de que 80% dos diabéticos são obesos [6]. Alcançar um peso corporal aceitável é o objetivo do manejo nutricional para a maioria dessas pessoas. As necessidades energéticas dos diabéticos são semelhantes às da população geral. Indivíduos com sobrepeso devem aumentar o nível de atividade física e adaptar a ingestão energética para alcançar um peso razoável. Os indivíduos com peso normal devem tentar manter o peso [7]. Existem evidências para a redução de pesos em pessoas diabéticas com sobrepeso. Conseguir essa alteração comportamental é difícil, com poucas evidências no que se refere ao sucesso das estratégias [8]. É importante anotar que as melhoras metabólicas e glicêmicas são realizados, na maioria dos casos, sem normalização do peso corporal. Objetivos modestos, mas razoáveis, podem produzir melhores resultados a longo prazo. O uso de planos pré-estabelecidos não é recomendado. Os profissionais de saúde têm saber e ferramentas para individualizar os planos. É recomendado que, após avaliação, um plano de refeições individualizado ou recomendações individualizadas sejam dados a cada paciente. Na ausência de nutricionistas treinados, recomendações gerais podem ser um início útil. Outras técnicas de educação incluem o uso de modelos visuais para descrever e ensinar os conceitos básicos do equilíbrio alimentar, tamanho dos pratos, preparação e compras em feiras ou supermercado. O papel da nutrição na prevenção do diabetes e no manejo das complicações A nutrição tem um papel importante no manejo de várias complicações, especificamente a doença cardiovascular, hipertensão e nefropatia. Os diabéticos Atualização / Diabetes Clínica 04 (2002) 286~288 têm níveis de colesterol e triglicérides mais elevados de que a população geral [10]. Depósitos permanentes de gordura nas artérias coronarianas podem ser responsáveis de obstruções, resultando em diminuição de energia para o coração, o que pode causar ataque cardíaca. Já foi demonstrado que o LDL-colesterol pode causar uma lesão endotelial inicial, contribuindo para o evento aterosclerótico. Outros fatores contribuem, tais como hipertensão, tabagismo e talvez disfunção hormonal [11]. A isquemia renal é responsável do aumento da produção de renina, que age sobre um substrato da renina para produzir a angiotensina 1; esta é responsável da produção de angiotensina 2, a qual age diretamente sobre o vaso sanguíneo (vasoconstrição). Também estimula a área glomerular do córtex adrenal, o qual na sua vez aumenta a pressão sanguinea. Em indivíduos portadores de diabetes, a doença macrovascular é responsável de 75% de todos os óbitos, principalmente após doença cardiovascular [12]. Estratégias de nutrição incluem diminuição de gordura, alteração do consumo de proteínas e aumento do consumo de fibras. com a pessoa portador de diabetes. A complexidade da informação e a velocidade do processo de educação são determinadas pelos objetivos do paciente e de sua capacidade [13]. Conclusão Nutrição é um fator essencial do manejo de ambos os tipos de diabetes. A melhora da nutrição resulta em menos complicações. Quando possível, os portadores de diabetes devem ser avaliados por profissional treinado e registrado. Quando os profissionais não são disponíveis, as mensagens nutricionais devem ser consistentes e individualizadas às necessidades do paciente e distribuídas através de material de educação escrito. Referências 1. 2. Comportamento e educação – psicologia da alimentação 3. O fator psicológico associado ao diabetes é bem reconhecido pelos especialistas. O manejo do diabetes interfere no comportamento individual e as exigências comportamentais do diabetes invadem todos os aspectos da vida do portador de diabetes. Por isso, o manejo do diabetes exige alterações comportamentais significativas. A extensão e a invasão do diabetes no comportamento alimentar pode ser pesado: todo que o diabético come tem influência sobre o controle glicêmico. O manejo da nutrição deve cuidar de duas questões principais: os aspectos psicossociais da alimentação e o processo da alteração comportamental. 4. 5. 6. 7. 8. 9. Estratégias educacionais Alterar os modelos alimentares é melhor realizado usando etapas pequenas, simples e personalizadas, desenhadas para alcançar metas específicas. As necessidades dos indivíduos necessitam uma avaliação cuidadosa por profissional treinado. Uma vez os objetivos aceitados, é essencial que a intervenção seja efetuada de maneira apropriada. A capacidade de entender, as técnicas e o material de ensino devem ser considerados. A educação nutricional é um processo continuo, dividido 287 10. 11. 12. 13. American Diabetes Association. Nutrition recommendations and principles for people with diabetes mellitus. Diabetes Care supplement 1998;21. Nutrition Subcommittee of the British Diabetic Association ‘s Professional Advisory Committee. British Diabetes Association. Dietary recommendations for people with diabetes in the 1990’s. Diabetic medicine 1992;9:189-202. Canadian Diabetes Association. Guidelines for the nutritional management of diabetes mellitus in the new millenium. Canadian |Journal of Diabetes Care 1999;23(3):56-69 Yinik A, Wing R. The good, the bad and the ugly in diabetic diets. Endocrinology and Metabolism Clinics of North America 1992;21(2). Thom S. Nutritional management of diabetes. Nursing Clinics of North America 1003;28(1). Holden R. Type II diabetes mellitus: a review of pathophysiology and management. Beta release 1991;15(2). Quinn S. Diabetes and diet – are we still learning ? medical Clinics of North America 1003;77(4). Wing R. Behavioural treatment of obesity – Its application to type 2 diabetes. Diabetes Care 1993;16(1). Delananty L, \Halford B. The role of diet behaviors in achieving improved glycaemic control in intensively treated patients in the Diabetes Control and Complications Trial. Diabetes Care 1993;16(1). Nikkila EA, Httunmen JK, Ehnholm C. Postheparin plasma lipoprotein lipase and hepatic lipase in diabetes mellitus. Relationship to plasma triglyceride metabolism. Diabetes 1977;26:11-21 Golstein IL, Brown MS. The low-density lipoprotein pathway and its relation to atherosclerosis, Annual review of Biochemistry 1977;46:897-930. Marble A. Diabetologia 1976;12:193. Meltzer et al. Clinical practice guidelines for the management of diabetes in Canadá. Canadian Medical Association Journal 1998;8(suppl):159. 288 Diabetes Clínica 04 (2002) Notícias das Associações Portaria nº 371/GM, de 04 de março de 2002 O Ministro de Estado da Saúde, no uso de suas atribuições, considerando: as atribuições comuns da União, dos Estados e dos Municípios brasileiros, na garantia da atenção aos problemas prioritários de saúde da população, estabelecida na Lei 8.080, de 19/09/90; a Política Nacional de Medicamentos aprovada por meio da Portaria nº 3916, de 15/11/98, que estabelece as diretrizes, prioridades e responsabilidades da Assistência Farmacêutica para os gestores federal, estaduais e municipais, do Sistema Único de Saúde; o Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus aprovado pela Portaria/GM n° 16, de 03/01/2002, que estabelece a organização da assistência, prevenção e promoção à saúde, a vinculação dos usuários à rede, a implementação de programa de educação permanente em hipertensão arterial, diabetes mellitus e demais fatores de risco para doenças cardiovasculares, resolve; Art. 1o Instituir o Programa Nacional de Assistência Farmacêutica para Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus, parte integrante do Plano Nacional de Reorganização da Atenção a Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus. Parágrafo único. O referido Programa será financiado e desenvolvido de maneira solidária e pactuada pela União, Estados e Municípios. Art. 2o O Programa a que se refere o artigo anterior tem os seguintes objetivos: I - implantar o cadastramento dos portadores de hipertensão e diabetes mediante a instituição do Cadastro Nacional de Portadores de Hipertensão e Diabetes a ser proposto pela Secretaria de Políticas de Saúde do Ministério da Saúde e pactuado na Comissão Intergestores Tripartite - CIT; II - ofertar de maneira contínua para a rede básica de saúde os medicamentos para hipertensão hidroclorotiazida 25 mg, propanolol 40 mg e captopril 25 mg e diabetes metformina 850 mg , glibenclamida 5mg e insulina definidos e propostos pelo Ministério da Saúde, validados e pactuados pelo Comitê do Plano Nacional de Reorganização da Atenção a Hipertensão Arterial e Diabetes e pela CIT; III - acompanhar e avaliar os impactos na morbi-mortalidade para estas doenças decorrentes da implementação do Programa Nacional. Art. 3 o - Para execução do Programa ficam definidas as seguintes responsabilidades: I - Do gestor federal: Notícias das Associações - Diabetes Clínica 04 (2002) Continuação 289 a) elaboração e apresentação a CIT das diretrizes e das modalidades de operacionalização do referido Programa; b) aquisição e fornecimento aos municípios dos medicamentos padronizados para tratamento da Hipertensão Arterial e do Diabetes Mellitus de forma a contemplar todos os pacientes cadastrados. c) desenvolvimento e disponibilização para os municípios de instrumento que permita o cadastramento e acompanhamento dos portadores das doenças especificadas; d) coordenação nacional do Programa em conjunto com as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde; e) elaboração e manutenção da base nacional do Cadastro Nacional de Portadores de Hipertensão Arterial e Diabetes; f) acompanhamento e avaliação do Programa quanto ao custo benefício, modelos de gestão, adesão e operacionalização local, impactos epidemiológicos e assistenciais. II - Das Secretarias Estaduais: a) coordenação estadual do Programa mediante estratégias que fortaleçam a gestão das políticas de prevenção e tratamento da hipertensão e diabetes; b) acompanhamento e assessoria aos municípios no processo de adesão ao Programa Nacional particularmente quanto às ações de prevenção e controle clínico destas doenças; c) assessoria aos municípios na implementação local do Cadastro Nacional de Portadores de Hipertensão e Diabetes; d) consolidação e manutenção no nível estadual do Cadastro Nacional de Portadores de Hipertensão Arterial e Diabetes; III - Das Secretarias Municipais de Saúde: a) implementação em nível local, com apoio das Secretarias Estaduais de Saúde, do Cadastro Nacional de Portadores de Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus; b) cadastramento dos pacientes e manutenção do Cadastro Nacional atualizado; c) garantia de acesso ao tratamento clínico aos portadores destas doenças na rede básica de saúde; d) participação nos processos de capacitação dos profissionais da rede básica para o acompanhamento clínico destas doenças; e) implantação de outras ações de promoção de hábitos e estilos de vida saudáveis voltados para a melhoria do controle clínico destas doenças. Art. 4o Os recursos orçamentários de que trata a presente portaria correrão por conta do orçamento do Ministério da Saúde, devendo onerar o programa de trabalho 10.303.0005.4368.0001 – atendimento à população com medicamentos e insumos estratégicos. Art. 5º A Secretaria Executiva e a Secretaria de Políticas de Saúde adotarão em conjunto as medidas necessárias para a operacionalização do Programa. Art. 6º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. Barjas Negri 290 Notícias das Associações - Diabetes Clínica 04 (2002) Portaria Conjunta N.º 02, de 05 de março de 2002 A Secretária Executiva, Substituta e o Secretário de Políticas de Saúde, no uso de suas atribuições e considerando: a implantação do Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus em curso no país e a Portaria/GM/MS nº 371 de 04/03/ 02 que institui o Programa Nacional de Assistência Farmacêutica para Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus; a reorganização da atenção aos segmentos populacionais expostos aos fatores de risco para hipertensão arterial e diabetes mellitus e aos portadores dessas doenças; a definição da NOAS – SUS 01/01, em seu Capítulo I, item 1.2, detalhado no Anexo I da Portaria GM n.º 95/01, que atribui como responsabilidade dos municípios em Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada, o cadastramento de portadores de hipertensão arterial e de diabetes mellitus, assim como a atividade correspondente de alimentação e análise dos sistemas de informação; a necessidade de ferramenta que possibilite o cadastro e acompanhamento dos casos confirmados de hipertensão arterial e de diabetes mellitus; o conhecimento de parâmetros reais que garantam o fornecimento contínuo dos medicamentos aos pacientes hipertensos e diabéticos de acordo com a padronização do Ministério da Saúde; o conhecimento do perfil demográfico, clínico e epidemiológico da população atingida, possibilitando a implementação de estratégias de saúde pública que alterem o quadro sanitário atual, resolvem: Art. 1º Disponibilizar, no âmbito da atenção básica, instrumento de cadastro e acompanhamento dos portadores de Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus, Sishiperdia, para utilização pelos municípios. Art. 2º É de responsabilidade da Secretaria de Políticas de Saúde, o acompanhamento das informações a partir do instrumento disponibilizado em articulação com o Datasus, cabendo ainda o estabelecimento de rotinas que garantam o fornecimento contínuo dos medicamentos padronizados a todos os pacientes cadastrados no Sishiperdia. Art. 3º O instrumento de gestão ora instituído, tem, entre as demais funções, interface com a Secretaria Executiva, fornecendo arquivo de periodicidade mensal que garantirá o conhecimento dos quantitativos de medicamentos prescritos em cada município para todos os pacientes cadastrados e acompanhados no âmbito da atenção básica. Art. 4º Estabelecer, através do Sishiperdia, o processo de acompanhamento pelo nível federal do quantitativo de portadores de hipertensão arterial e diabetes mellitus cadastrados por município, de forma a garantir o envio dos medicamentos, a capacidade assistencial e cobertura populacional destas doenças no âmbito da atenção básica, de acordo com o previsto na NOAS – SUS 01/02, para estas áreas estratégicas. Art. 5º O gestor municipal para integrar o Programa Nacional de Assistência Farmacêutica para Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus deverá assinar o Termo de Adesão, responsabilizando-se por integrar o programa de assistência farmacêutica, cadastrar e acompanhar os portadores dessas doenças, de forma a assegurar aos pacientes cadastrados o recebimento dos medicamentos padronizados prescritos. Art. 6º O Termo de Adesão, Anexo a essa portaria, está disponível no site da Secretaria de Políticas de Saúde, a quem cabe a responsabilidade da publicação dos municípios que aderirem ao programa. Art. 7º O Termo de Adesão do município deverá ser encaminhado à Coordenação Nacional do Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Notícias das Associações - Diabetes Clínica 04 (2002) Continuação 291 Arterial e ao Diabetes Mellitus/Programa Nacional de Assistência Farmacêutica para Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus, pelo correio para o endereço Esplanada dos Ministérios, Ministério da Saúde, Bloco G, 6º andar, sala 630, Brasília, DF, CEP 70058-900, ou pelo fax – 0XX-61-2260434. Art. 8º Os medicamentos a serem fornecidos aos pacientes cadastrados são os descritos a seguir, definidos pelo Comitê Técnico Nacional do Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus: Captopril 25mg, Propranolol 40mg, Hidroclorotiazida 25mg, Glibenclamida 5mg, Metformina 850mg. e insulina Art. 9º O Ministério da Saúde fornecerá, de forma gradual e obedecido o cronograma de distribuição,a partir de maio de 2002, quantitativo dos medicamentos necessários para o tratamento dos pacientes cadastrados pelos municípios. § 1º De acordo com a população residente, os municípios deverão atingir os percentuais de cadastramento conforme a tabela abaixo, após 180 dias da publicação do termo de adesão no Diário Oficial. População Residente Percentual de pacientes cadastrados Até 30.000 habitantes De 30.001 até 100.000 habitantes De 100.001 até 500.000 habitantes De 500.001 e mais habitantes 80% 60% 40% 30% § 2º No período de cento e vinte dias após a publicação do termo de adesão o município deverá apresentar tendência crescente no número de pacientes cadastrados no Sishiperdia, de forma a, em doze meses, atingir o total de pacientes de acordo com o quantitativo informado no referido Termo. § 3º Os municípios que não cadastrarem o total de pacientes informados após doze meses de sua adesão serão avaliados pelas Secretarias Estaduais de Saúde que enviarão relatório conclusivo para a Coordenação Nacional do Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus, sobre o cumprimento dos compromissos com a atenção à saúde nas áreas estratégicas de Controle da Hipertensão Arterial e do Diabetes Mellitus. Art. 10. O instrumento de cadastro e acompanhamento dos portadores de Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus, Sishiperdia, assim como o Termo de Adesão, encontram-se disponíveis para download no endereço eletrônico http://www.saude.gov.br/sps/areastecnicas/cnhd/dados/home.htm e na BBS/ MS, área de conferência 25, Hiperdia. Parágrafo único. Os municípios que dispuserem de internet devem preencher o Termo de Adesão no formulário disponibilizado no site indicado no caput deste artigo, ficando sob a responsabilidade da Secretaria de Políticas de Saúde a avaliação do processo de recebimento e certificação. Art. 11. Esta portaria entra em vigor na data de sua publicação. Silvandira de Fátima da Silva Paiva - Secretária Executiva, Substituta FernandesCláudio Duarte da Fonseca - Secretário de Políticas de Saúde FICHA PRÁTICA Clínica 13 292 Diabetes Pé Diabético Nesta Ficha Prática, serão enfocados a condução da avaliação clínica e o uso de alguns instrumentos necessários ao screening do Pé em Risco enfatizando-se: 1) o diagnóstico da neuropatia diabética periférica e da doença vascular periférica; além 2) da classificação clínica do pé em risco. As informações são baseadas, como antecipado em Diabetes Clínica [1], na versão brasileira do Consenso Internacional sobre Pé Diabético e suas Diretrizes Práticas [2] e alguns relatos recentes (Prof. Dra. Hermelinda Pedrosa). Neuropatia Diabética Periférica A Neuropatia Diabética Periférica (NDP) é, inquestionavelmente, uma das complicações que apresenta maior complexidade diagnóstica, diante da variabilidade de metodologia, podendo estar presente em 50% dos pacientes com Diabetes Mellitus tipo 2. A definição contida no Consenso Internacional é a das Diretrizes para o Diagnóstico e Abordagem Ambulatorial da Neuropatia Diabética Periférica [3]: “Presença de sintomas e/ou sinais de disfunção dos nervos periféricos em pessoas com diabetes, após exclusão de outras causas” [3]. No entanto, vale destacar que o diagnóstico não deve se basear apenas nos sintomas, pois muitas vezes a úlcera pode ser o dado de apresentação de NDP. Dessa forma, o exame clínico é crucial. Os quadros 1 e 2 contém, respectivamente, as descrições mais freqüentemente relatadas e as características da dor neuropática, além das sensibilidades a serem investigadas, as fibras envolvidas e os instrumentos necessários à investigação [4,5]. Quadro 1 Sintomas e características da dor neuropática Sintomas (dor) Dor em queimação Pontadas Agulhadas Parestesia Sensações de frio e quente Características: início em repouso, melhora ao caminhar, exacerbação noturna. Quadro 2 Sinais sensitivos e motores, fibras nervosas envolvidas e instrumentos de investigação clínica Sinais sensitivos e motores Sensibilidade vibratória Sensibilidade protetora plantar cor laranja Sensibilidade ao frio Sensibilidade dolorosa Sensibilidade tátil Reflexos aquileus Fibras nervosas Grossa, mielinizada Grossa, mielinizada Instrumentos necessários Diapasão 128 Hz Monofilamento 10 g (5.07), Fina, mielinizada Fina, não mielinizada Fina, não mielinizada Grossa, motora Cabo do diapasão 128Hz Pino, palito Chumaço de algodão Martelo Endereço para correspondência: Profa Dra Hermelinda Cordeiro Pedrosa – Docente da Escola Superior em Ciências da Saúde, Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde, SES/DF; Membro Representante no Brasil: Grupo de Trabalho Internacional sobre Pé Diabético, Centro de Investigação do Pé - SHLS 716 Centro Clínico Sul Torre II Salas 315/317 – Asa Sul – 79390-700 Brasília, DF, Telefax: (61)345-5534, E-mail: [email protected] 12 FICHA PRÁTICA Diabetes Clínica 13 293 Pé Diabético As figuras ilustram a demonstração da avaliação clínica das sensibilidades, passíveis de alteração, na NDP. Para efeito de screening do ‘pé em risco´, referente a NDP, são recomendações das Diretrizes Práticas [2] a verificação básica das sensibilidades vibratória, protetora plantar e táctil. Dos instrumentos, o monofilamento de 10g (cor laranja do kit brasileiro – SORRI*) é considerado o mais sensível, simples e de baixo custo. O diapasão 128 Hz deve ser aplicado no esterno, cotovelo ou clavícula do paciente para demonstração do estímulo. O paciente deve manter os olhos fechados e o instrumento aplicado na falange distal do halux. Repita a aplicação 2 vezes, com uma simulação (sem vibração). Se o paciente responde corretamente às aplicações, a sensibilidade vibratória está presente. Caso seja impossível testar no halux, a aplicação pode ser efetuada no maléolo ou tuberosidade tibial. Encoraje o paciente durante o teste. Aplicação do diapasão 128 Hz Aplicação do monofilamento de 10g Não há consenso quanto aos locais e número de vezes para aplicação do monofilamento de 10g. O Consenso Internacional recomenda os haluces, 1o e 5o metatarsos; a SBD (Consenso, 1999) recomenda além desseas áreas, os 3o , 5o metatarsos e pododáctilos. O exame deve ser realizado em local calmo e o paciente deve receber uma aplicação na mão para reconhecer o teste. Pede-se para que feche os olhos e realiza-se a aplicação de modo randomizado nos locais referidos acima. A força deve ser suficiente apenas para curvar o monifilamento e a duração do contato do instrumento com a pele testada não ultrapassa 2 segundos. Não aplique em úlceras, calos, cicatrizes, necroses e evite deslizar o monofilamento. Pergunte ao paciente se ele sente a pressão e onde está sentindo. Repita a aplicação 2 vezes no mesmo local, alternando com uma simulação. A sensação protetora plantar está presente se o paciente responde a duas perguntas corretamente. Procure encorajar o paciente durante o teste. Qualquer área insensível indica risco de ulceração. Locais de teste * SORRI - Instituição Beneficiente localizada em Bauru FICHA PRÁTICA Clínica 13 294 Diabetes Pé Diabético Doença Vascular Periférica A DVP, responsável pelas lesões resultantes da insuficiência artéria no contexto da síndrome do Pé Diabético, emerge como um dos fatores mais importantes para o desfecho evolutivo de uma úlcera [9]. A ateroesclerose acarreta isquemia, a calcificação da camada média produz um conduto rígido que não invade o lúmen arterial, mas interfere com medidas de pressão nos membros inferiores. O componente microvascular, por sua vez, não deve ser encarado como um fator diretamente envolvido nas lesões ulceradas [10]. O quadro 3 mostra as características da DVP: Quadro 3 Características da doença vascular no Diabetes Mellitus É mais freqüente Acomete indivíduos jovens Não há distinção entre os sexos Progride rapidamente A distribuição é multisegmentar e distal Para o diagnóstico da DVP os seguintes passos devem ser seguidos [10], a partir de uma avaliação anual: · História clínica: claudicação intermitente ou dor isquêmica em repouso (podem estar ausentes se há ND); · Sinais: cianose, palidez à elevação, temperatura diminuída; · Palpação dos pulsos arteriais pediosos e tibiais posteriores; (registrar como ausente ou diminuídos, confirmando-se com outro observador) · Testes não invasivos: pressão arterial sistólica, índice tornozelo/braço - ITB: indicativo de isquemia < 0.9 > 1.15 **, pressão transcutânea de oxigênio. Como os dados colhidos da história clínica e do próprio exame clínico podem ser imprecisos, sugere-se a realização de testes não invasivos, inicialmente, e na impossibilidade encaminhar a serviços especializados ou diretamente à cirurgia vascular periférica [11]. O quadro 4 identifica esses testes e respectivos pontos de corte de normalidade. Vale salientar que, tais testes são aplicados em centros especializados multidisciplinares, Quadro 4 Testes não invasivos da doença vascular periférica: critérios de normalidade Pressão sistólica do tornozelo > 100 mmHg Pressão sistólica do pododáctilo > 30 mmHg Pressão transcutânea de oxigênio > 20 mmmHg Outro aspecto importante, visando a sistematização dos achados e encaminhamento adequado aos serviços especializados, é o uso da Classificação de La Fontaine (quadro 5), que é bastante utilizada, com a ressalva de alguma imprecisão em pacientes com isquemia periférica grave, porém assintomáticos pela perda da sensibilidade devido a NDP. ** ITB - pressão arterial sistólica do tornozelo dividida pela do braço, em posição supin, valores abaixo de 0.9 requerem avaliação mais detalhada e acima de 1.15 pode indicar calcificação arrterial. 12 FICHA PRÁTICA Diabetes Clínica Pé Diabético Quadro 5 Classificação de La Fontaine Estágio Estágio Estágio Estágio 1: 2: 3: 4: Doença oclusiva, assintomática Claudicação intermitente Doer em repouso Úlcera, gangrena Referências: 1. Pedrosa HC. Por que um Consenso Internacional sobre Pé Diabético ? Diabetes Clínica 2002;6(2):135-138 2. Grupo de Trabalho Internacional sobre Pé Diabético. Consenso Internacional sobre Pé Diabético. Pedrosa HC, Andrade AC (coord., trads.), SES/DF (ed.), 2001 3. Boulton SJM, Gries FA, Jervell JÁ. Guidelines for the diagnosis and outpatient management of diabetic peripheral neuropathy. Diabetic Med 1998;15:508-514 4. Boulton AJM. The pathogenesis of diabetic foot problems: an overview. Diabetic Med 1996; 13 (suppl 1):S12-S16 5. Scott LV, Tesfaye S. Mensuração da neuropatia somática para a prática clínica e para os estudos clínicos. Current Diabetes Reports Latin América 2002, 1:204-210 6. Abbot CA, Vileikyte L, Williamson S et al. Multicenter study of the incidence of and predictive risk factors of diabetic neurophatic foot ulceration. Diabetes Care 1998;7:1071-1075 7. Armstrong DG, Lavery LA, Harkless LB. Who is at risk for diabetic ulceration ? Clin Podiatr Med Surg 1998; 1:11-19 8. Kummar S, Fernando DJS, Veves A, Boulton AJM. Semmes-Weinstein monofilaments: a simple, effective and inexpesnive screening device for identifying diabetic patients at risk of foot ulceration. Diabets Res Clin Pract 1991;13:63-68 9. Second European Consensus Document on Chronic Critical Ischaemia. Eur J Vasc Surg 1992:6 (Suppl A) 10. Boyko EJ, Ahroni JH, Davignon D, Stensel V, Prigeen RL, Smith DG. Diagnostic utility of the history an physical examination for peripheral vascular disease among patients with diabetes mellitus. J Clin Epidemiol 1997;50(6):659-668 11. Apelqvist J, Castenfors J, Larsson J, Stentrom A, Agarth CD. Prognostic value of systolic ankle and toe blood pressure levels in outcome of diabetic foot ulcer. Diabetes Care 1989; 12:373-378 13 295 Diabetes Clínica 04 (2002) 296 7º Congresso Brasileiro Multiprofissional em Diabetes 7ºExposição Nacional de Produtos e Alimentos para Diabéticos Dias 26, 27 e 28 de Julho de 2002 - Fundação Alvares Penteado - FECAP - São Paulo - SP DISTRIBUIÇÃO DOS SIMPÓSIOS POR SALA Abertura solene: auditório Conde Honório Álvares Penteado, de 08:30 às 10:00 Transmissão simultânea nas salas do 6º andar – bloco C SEXTA, 26 DE JULHO DE 2002 Manhã de 10 às 12 horas Simpósio 1 Diabetes Mellitus : Estado atual Conferência de abertura: Resultados Atuais do Plano de Reorganização da Atenção ao Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial do Ministério da Saúde Do Presente para o Futuro : O impacto do Diabetes Desvendando a Biologia Molecular da Síndrome da Resistência à Insulina Simpósio 2 - Auditório Aspectos Básicos da Terapia Nutricional em Diabetes Mellitus Conduta Nutricional Atual e Contagem de Carboídratos O Paciente Diabético em Atividade Física - Como Evitar e Tratar a Hipoglicemia Orientação Nutricional em Situações Especiais Terapia Nutricional da Gestante Diabética Experiências de um Centro de Referência Simpósio 3 - Sala 131 Dislipidemias e Diabetes Novas Interpretações dos Mecanismos Fisiopatológicos Os Consensos Nacionais e Internacionais sobre Dislipidemias: Implicações para Diabéticos As Grandes Investigações Epidemiológicas sobre Dislipidemias Diagnóstico Labotatorial e Bases do Tratamento Clínico Prevenção da Doença Cardiovascular: Aspecto Clínico e Fisiopatológico Relacionados ao Tratamento Dietético Simpósio 4 - Sala 331 Atualização em Diabetes Mellitus na Infância e Adolescência Possibilidades Etiológicas - Novos Enfoques Diagnóstico e Tratamento Ambulatorial do Diabetes Mellitus Tipo 2 na Infância e Adolescência Complicações do Diabetes Mellitus Tipo 1 - Como monitorá-las Novas Insulinas - Novas Perspectivas Terapêuticas Cetoacidose Diabética - Experiência do Instituto da Criança -FMUSP Simpósio 5 - Sala 332 Educação em Diabetes Aspectos Fundamentais da Educação em Diabetes A Comunicação na Educação em Diabetes Recursos humanos na Educação em Diabetes Adesão ao Tratamento: Estratégias Benefícios - Dificuldades Projeto de Monitorização. Controle e Avaliação de Doenças Crônicas Não Transmissíveis – Importância da Educação Continuada Simpósio 6 - Sala 333 Diabetes - Diagnóstico e Acompanhamento Laboratorial Monitorização da Glicemia Controle de Qualidade Recursos Diagnósticos Atuais Monitorização Laboratorial do Paciente Diabético Importância Clínica do Controle Metabólico/Laboratorial Simpósio 7 - Sala 334 Atuação da Enfermagem: Insulinoterapia Insulinas : Uma Abordagem Conceitual Via e Locais de Aplicação: Facilitando a Auto Aplicação Workshop Simpósio 8 - Sala 531 Nefropatia Diabética e Hipertensão Arterial Etiopatogenia da Hipertensão Arterial no Paciente Diabético História Natural da Nefropatia Diabética no Paciente Hipertenso Tratamento Não Medicamentoso do Paciente Hipertenso com Nefropatia Diabética Tratamento Medicamentoso do Paciente Hipertenso com Nefropatia Diabética Identificando Paciente de Risco. Quanto Mais Cedo Melhor Simpósio 9 - Sala 532 Dificuldades no Atendimento: O ideal e o real Diabetes Mellitus na Infância: O ideal e o Real Diabetes Mellitus no Idoso: O Ideal e o Real Diabetes Mellitus na Gestação: O Ideal e o Real Dietoterapia e Dificuldades: O Ideal e o Real Dificuldade do Relacionamento Afetivo Sexual SÁBADO, 27 DE JULHO DE 2002 Manhã de 8 às 12 horas Simpósio 10 - Auditório Atualização em Terapia Nutricional do Diabetes Mellitus Terapia Nutricional na Síndrome Metabólica Acompanhamento Nutricional e Controle Metabólico Após Cirurgia Bariátrica Biologia Molecular na Prevenção e Tratamento do Diabetes Mellitus Terapia Nutricional no Pré e Pós Transplante Simultâneo de Rim e Pâncreas Simpósio 11 - Sala 131 Hiperglicemia Pós Prandial Atualização Hiperglicemia Pós Prandial. Sua Importância e Implicações Clinicas Nateglinida : Aspectos Atuais Apresentação do Projeto Navegator: Nateglinida , Metformina , Valsartan Simpósio 12 Repaglinida no Contrôle da Hiperglicemia Pós Prandial: Dados Atuais Repaglinidas na Regulação da Hiperglicemia Pós Prandial: Dados Atuais Discussão de Casos Alínicos Simpósio 13 - Sala 331 Resistência à Insulina Resistência à Insulina Como Marcadora de Risco Cardiovascular Métodos de Investigação da Resistência à Insulina: Da Pesquisa à Prática Clínica O conceito da Resistência à Insulina na Prática Médica Rosiglitazona Diabetes Clínica 04 (2002) Simpósio 14 - Sala 332 Estratégias de Educação em Diabetes Mellitus : Experiência de Diferentes Serviços Currículo Modelo Para Treinamento de Educadores - International Diabetes Federation Educação e Qualidade da Atenção de Pessoas com Diabetes - Cenexa - La Plata - Argentina Programa de Educação do IEDE - Rio de Janeiro - Brasil “The Harvard Diabetes Educational Program”- USA CEDEBA : Modelo Estatal - Sec.de Saúde do Estado da Bahia - Brasil Paradigma no Tratamento do Diabetes Mellitus Tipo 2 Análise Crítica dos Fármacos Atuais Antiobesidade Cirurgia Bariatrica em Obesos Mórbidos com Diabetes Mellitus Simpósio 15 - Sala 333 Abordagem do Pé em Risco Fisiopatologia Avaliação Rastreamento e Classificação Úlcera Neuropática - Atualização Programa Detecção Manejo do Pé em Risco Consenso Internacional do Pé Diabético Simpósio 21 Lançamento : Insulina ASPART : Uma Escolha Para o Tratamento Intensivo do Diabetes Tipo 1 e 2 Apresentando a Insulina ASPART Guia Prático Para o Tratamento Insulínico Intensivo Simpósio 16 - Sala 334 Atuação da Enfermagem : Monitorização Avaliação Crítica e Recentes lançamentos Avaliando o Diário : Principais Orientações Experiência Prática Work shop Simpósio 17 - Sala 531 Insuficiência Renal - Fase Terminal Nefropatia Diabética - Quadro Atual e nos Últimos Anos Insulinoterapia e Hipotensores na Insuficiência Renal Nefropatia Diabética e Seu Manejo por Outras Especialidades Médicas Transplante Renal e Diabetes Simpósio 18 - Sala 532 Genética do Diabetes Mellitus Genética da Resistência Insulínica Genética do Diabetes Mellitus Tipo 2 Marcadores Imunogenéticos no Diabetes Mellitus Tipo1 Genética do Diabetes Mellitus Tipo 1 Diabetes Monogênico Tarde de 14 às 18 horas Simpósio 19 - Auditório Diabesidade - O Elo Metabólico Fisiopatologia. Fatores Neuro Endocrinos Associados a Obesidade Apetite: Controle Hipotalâmico Neurohormônios Tecido Adiposo : Novo Orgão Endocrino Hiperglicemia e Hiperinsulinemia Como Simpósio 20 - Sala 131 Recentes Avanços na Terapeutica Insuliníca: Novos Esquemas Insulinas de Ação Intermediária NPH : Uso Noturno - Multiplas Doses Insulinas de Ação Lenta (glargina) no Diabetes Mellitus Tipo 1 e Tipo 2 Insulina Lispro: 6 Anos Depois - Análise Crítica Simpósio 22 - Sala 331 Pioglitazona Atualização Terapêutica. Da Descoberta à Prática Significado Clínico do PPAR Gama e Alfa Perfil de Segurança e Interação Médica -Mentora Efeitos Inibitórios da Pioglitazona no Processo de Aterogenese Discussão de Casos Clínicos - Uso da Pioglitazona Simpósio 23 - Sala 332 Intercorrências do Diabético Hospitalizado “Early Diagnosis of Ketosis in Clinical Practice” “Ketosis and Ketoacidosis: Advances in our Understandig” Insulinoterapia nas Hospitalizações Cirúrgicas e Infecciosas Nutrição Enteral e Parenteral: Quando e Como 297 Tadalafil: Avanços no Tratamento da Disfunção Erétil Cirurgia Vascular: Atuação e Resultados Simpósio 26 - Sala 531 Evolução dos Transplantes de Pâncreas Diferentes Tipos de Indicações e ContraIndicações - Estatísticas Mundiais Transplantes Isolados e Simultâneos Maior Experiência no Brasil Programa de Transplante da UNIFESPEPM Imunosupressão e Seguimentos dos Transplantados Transplantes de Ilhotas : Do Laboratório a Clínica Simpósio 27 - Sala 531 Atualização em Neuropatias Diabéticas Diagnóstico Clínico das Polineuropatias Somáticas e Autonômicas Como Avaliar o Resultado do Tratamento da Polineuropatia Diabética Como Retardar a Progressão das Polineuropatias do Diabetes Tratamento Sintomático das Neuropatias Somáticas DOMINGO, 28 DE JULHO DE 2002 Manhã de 8 às 12 horas Simpósio 28 - Auditório Marketing, Comunicação e Tecnologia em Nutrição A Internet como Ferramenta de Trabalho do Nutricionista Informação Nutricional - Como Orientar o Paciente Diabético O Diabético e Alimentação Fora de Casa Ética na Comunicação em Nutrição Evolução dos Produtos Dietéticos no Brasil Simpósio 24 - Sala 333 Terapeuticas no Pé Diabético Ulcera - Infecção: Como Abordar Alivio da Pressão Plantar Calçados Terapêuticos: Como Prescrever Valor da Propedêutica Vascular nas Lesões do Calcanhar Simpósio 29 - Sala 131 Diabetes Mellitus e Infecções Virais Crônicas Alterações Metabólicas do Tratamento Antiviral do HIV Lipodistrofia e Diabetes no Contexto da AIDS Tratamento do Diabético HIV Positivo Alterações Metabólicas Decorrentes das Hepatopatias Tratamento do Diabético com Hepatopatia Simpósio 25 - Sala 334 Diabetes: Gravidez - Hormonioterapia Sexualidade Assistência na Gravidez Anticoncepção na Mulher com Diabetes Hormonioterapia: Climatério e Menopausa Atualização em Disfunção Erétil Simpósio 30 - Sala 331 Doenças Cardio Vascular no Diabetes O Diabetes e a Doença Coronária A Síndrome Plurimetabólica e a Doença Endotelial O Tratamento Invasivo da Doença Coronariana no Diabetes : Vantagens e Risco 298 Diabetes Clínica 04 (2002) Avaliação Diagnóstica da Doença Vascular Periférica no Paciente Diabético Tratamento Cirúrgico da Doença Vascular Periférica no Paciente Diabético Diabético Interações Medicamentosas - “O cuidado ao Prescrever” Simpósio 31 - Sala 332 Oftalmopatias Cuidados Especiais aos Pacientes Diabéticos Entendendo a Retinopatia Diabética Os Tratamentos da Retinopatia: Fundamentos e Perspectivas Os Segredos Para a Prevenção Atendimento Público “Mutirão Olho Diabético” Simpósio 37 - Auditório Educação Nutricional em Diabetes Mellitus Conceitos e Princípios Básicos de Educação Nutricional em Diabetes Estratégias em Educação Nutricional no Diabetes Work shop - Vivência de Oficinas de Nutrição Simpósio 32 - Sala 333 Terapia com Bomba de Infusão Uma Visão Crítica: Quem Pode Usar e Porque ? Contagem de Carboidratos na Insulinoterapia Work shop Simpósio 33 Hipoglicemias Diagnóstico e Tratamento das Hipoglicemias Não Diabética Abordagem das Diferentes Manifestações das Hipoglicemias do Diabetes Mellitus Simpósio 34 - Sala 334 Reunião Fenad Apresentação das Associações ID–Região SACA: Constituição e Atuação Discussão Planejamento de Atividades 2002 e 2003 – Dia Mundial do Diabetes 2002, Vacinação em Idoso com Diabetes Discussão Simpósio 35 - Sala 531 Exercívios e Diabetes Mellitus Obesidade , Sedentarismo e Diabetes Exercício e Bomba de Infusão e Insulina Avaliação e Prescrição Exercício e Resistência à Insulina Resposta Hormonal e Hemodinâmica do Exercício Simpósio 36 - Sala 532 Abordagem Odontológica do Paciente Diabético Protocolo de Atendimento a Pacientes Diabéticos Abordagem Psicológica do Paciente Diabético no Tratamento Odontológico Manifestações Orais Importantes no Paciente Diabético (Aspecto Clínico e Tratamento) Exames Fundamentais Para o Planejamento do Tratamento do Paciente Tarde de 14 às 18 horas Simpósio 37 - Auditório Educação Nutricional em Diabetes Mellitus Conceitos e Princípios Básicos de Educação Nutricional em Diabetes Estratégias em Educação Nutricional no Diabetes Work shop - Vivência de Oficinas de Nutrição Simpósio 38 - Sala 131 Prevenção e Infecções em Diabetes Imunização - Vacinas nos Portadores de Diabetes Acarbose - Prevenção do Diabetes Melhoria do Controle Glicêmico Dermatopatias em Diabetes Prevenção Farmacológica da Retinopatia Diabética Infecção Urinária Crônica - Tratamento e Prevenção Simpósio 39 - Sala 331 Psicologia em Diabetes Abordagem do Diabetes na Infância, Adolescência, Adultos e Idosos A Experiência Emocional no Adoecer Diabético Contribuição da Psicologia Para melhoria da Qualidade de Vida Aprendizagem da Autopercepção das Flutuações Glicemicas em Crianças Aplicação de Principios da Psicologia em um Programa de Atividade Física da Psicologia em um Programa de Atividade Física Simpósio 40 - Sala 332 Terapias Complementares Nutrientes Essenciais Ajudam a Controlar e a Diminuir as Complicações no Diabetes Homeopatia no Diabetes: Uma Proposta Terapêutica Complementar Fitoterapia: Vegetais que Ajudam no Controle do Diabetes Acupuntura e Diabetes Atuação da Podologia e seus Benefícios Simpósio 41 - Sala 333 A Abordagem Fisioterapêutica no Diabetes Mellitus Fisioterapia em Diabetes Reabilitação Fisioterapêutica do Pé Diabético Reabilitação Fisioterapêutica com Orteses Plantares Termo Moldáveis Combinação de Ultra Som e Atividade Física Intervenção Fisioterapêutica nas Amputações Simpósio 42 - Sala 334 Atividade Paralela Apresentação Oral de Temas Livres (cada 15 min) Simpósio 43 - Sala 531 Exercício em Condições Especiais Controle Cardiovascular Durante o Exercício na Neuropatia Autonômica Diabética Exercício Físico, Diabetes e Dislipidemia Exercício Físico, Resistência Insulínica e Obesidade Resposta Metabólica ao Exercício em Diabéticos com Glibenclamida ou Metformina O Exercício na Prevenção das Complicações do Diabetes Simpósio 44 - Sala 532 Avaliação Odontológica e Conduta Pacientes Diabéticos na 3ª Idade. Abordagem Multidisciplinar. Plano de Tratamento Odontológico ao Paciente Diabético Cuidados Importantes nos Atendimento a Pacientes Especiais com Diabetes Sucessos e Insucessos nas Cirurgias Orais em Pacientes Diabéticos Urgências e Emergências Sistêmicas e Odontológicas em Pacientes Diabéticos 299 Assine Diabetes Clínica Assine Diabetes Clínica por R$ 75,00 (6 edições + 1 CD-ROM) e mantenha-se bem informado sobre o que acontece de mais importante em sua área. Preencha o pedido abaixo, e envie por correio ou fax. Você receberá em seu endereço um boleto de cobrança, e, após uma semana, sua publicação. Nome: ___________________________________________________________ Profissão: ________________________________________________________ Especialidade: _____________________________________________________ Endereço: ________________________________________________________ CEP: ____________________________________________________________ Cidade: __________________________________________________________ Estado: __________________________________________________________ E-Mail ___________________________________________________________ Se preferir fazer um depósito bancario, use os dados seguintes: Banco Itaú - agência 0030 - conta 45696-6 - titular: ATMC e mande o comprovante por fax com seu endereço para (21) 2244-6471 Qualquer informação: Tel: (21) 2221-4164, E-mail: [email protected] Atlântica Editora Rua Conde de Lages, 27 - Glória - Rio de Janeiro - RJ - CEP 20241-080 Telefax: (21) 2221-4164 - www.atlanticaeditora.com.br Diabetes Clínica 04 (2002) 300 Calendário de Eventos JULHO DE 2002 SETEMBRO DE 2002 26 a 28 de julho 7o Congresso Brasileiro Multiprofissional em diabetes 7ª Exposição Nacional de produtos e alimentos para portadores de diabetes Fundação Álvares Penteado – FECAP, São Paulo – SP Informações: ANAD (11) 5572-6559 Fax: (11) 5549-6704 www.anad.org.br/congres7.htm E-mail: [email protected] 1 a 5 de setembro 38th Annual Meeting European Association for the Study of Diabetes EASD 2002 Budapest, Hungria Informações: Blaguss-Volánbusz Congress Bureau, POB 706, 1365 Budapest 5 - Hungria Tel: +36 1 374 7030, 331 5627, Fax: 312 1582 E-mail: [email protected] 7 a 11 de setembro 5th International Congress of Neuroendocrinology Bristol, Reino Unido Tel: +44 (0) 1454 642-211 www.bioscientifica.com/icn2002.htm 17 a 21 de setembro 52nd Annual Obesity and Associated Conditions Symposium Westin Copley Place, Boston, Massachusetts Informações: The American Society of Bariatric Physicians Tel: (303) 770 2526 Fax: (303) 779 4834 E-mail: [email protected] www.asbp.org 18 a 21 de setembro International Society for Pediatric and Adolescent Diabetes Meeting Graz, Austria Informações: Prof. Dr. Martin Borkenstein, Tel: +43-316-385-2610 Fax: +43-316-385-3257 E-mail: [email protected] www.ispad2002graz.at/ 20 a 22 de setembro MDRF-ADA PG Course Chennai, Índia [email protected] [email protected] 21 a 25 de setembro 25º Congresso Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia Blue Tree Towers - Brasília - DF Informações: SBEM Tel: (21) 2507-5189 Fax: (21) 2221-7577 ramal 1193 E-mail: [email protected] 26 a 29 de setembro IVo Expo – Qualidade de vida Centro de eventos São Luis, Rua Luiz Coelho, 340, São Paulo SP Informações: (11) 3849-6438 ramal 24 AGOSTO DE 2002 7 a 11 de agosto 29th Annual Meeting e Educational Program American Association of Diabetes Educators Pennsylvania Convention Center, Philadelphia, Pennsylvania Tel: (312) 424-2426 www.aadenet.org/annual.htm 16 a 17 de agosto 5o SIMEP – Simpósio de Endocrinologia Pediátrica do Estado de Rio de Janeiro Colégio Brasileiro de Cirurgiões Informações: (21) 2531-3313 16 a 18 de agosto VIIIo Encontro gaúcho de diabetes AMRIGS, Porto Alegre Presidente: prof. Dr. Balduino Tschiedel Informações: (51) 3330 1134 18 a 23 de agosto XIXo International Congress of the Transplantation Society Buenos Aires, Argentina Tel: 54 11 4381 1777 Fax: 54 11 4382 6703 E-mail: [email protected] 24 a 29 de agosto 9th International Congress on Obesity Hotel Transamérica, São Paulo, SP Informações: www.abeso.org.br Tel: (11) 3079-2298 Fax: (11) 3079-4232 24 a 29 de agosto 12th Annual Scientific Meeting of the Diabetic Neuropathy Study Group of the EASD (NEURODIAB) Balatonfüred, Lake Balaton, Hungria Tel:+49-211-33821 E-mail: [email protected] Website: www.neurodiab.org 30 a 31 de agosto 9th International Congress on Obesity Satellite Symposium – Obesity, Hormones and the Metabolic Syndrome Hotel Glória, Rio de Janeiro – RJ Informações (21) 2286-2846 www.jz.com.br OUTUBRO DE 2002 2 a 5 de outubro VIIIo European Symposium on Metabolism The Metabolic Syndrome, Diabetes, Obesity and Hyperlipidemia Padova, Itália Tel: +39-049-8212154 or 8758166 [email protected] Diabetes Clínica 04 (2002) 2 a 6 de outubro 6th International Congress of the Immunology of Diabetes Society and ADA Research Symposium Copper Mountain, Colorado Informações: www.diabetes.org 4 a 6 de outubro XXIVo Congress of Endocrinology and metabolic diseases of Turkey Istambul, Turquia Informações: +90 312 310 5350 E-mail: [email protected] www.semt.org.tr 5 a 9 de outubro VIo International Congress on Endocrine Diseases Teheran, Irã Informações: +98 21 241 6282 E-mail: [email protected] www.erc-iran.com/iced 10 a 12 de outubro 25th International Symposium on Sports Sciences Centro de Convenções Rebouças, São Paulo Informações: CELAFISCS (11) 4229 8980/4229-9643 www.celafiscs.com.br 24 a 27 de outubro EASD Islet Study Group Joint Meeting of the EASD Islet Study Group and the Boston Sea Crest Ocean Front Resort North Falmouth, Massachusetts Informações: www.diabetes.org 29 de outubro – 1 de novembro VIo Cuban Congress on Immunology of Diabetes Hotel Neptuno-Tritón, Havana, Cuba Informações: Dr. Rolando Suárez Pérez National Inst. of Endocrinology, Dep. of Immunology of Diabetes Havana 10400 Cuba Tel: +53-7-327275 e-mail: [email protected] / [email protected] 301 Tel: 972 3 514 0014 E-mail: [email protected] ABRIL DE 2003 26 a 30 de abril 6th European Congress of Endocrinology Lyon, França Informações: W.M. Wiersinga Department of Endocrinology & Metabolism Academic Medical Center F5-171 Meibergdreef 9 1105 AZ Amsterdam - The Netherlands Tel.: 31 20 566 6071 Fax: 31 20 691 7682 [email protected] MAIO DE 2003 29 de maio a 1 de junho 12th European Congress on Obesity Helsinki, Finland Informações: Dr. Mikael Fogelholm UKK Institute for Health Promotion Research, POB 30, 33501 Tampere, Finland Tel: + 358 3 2829 201 Fax: + 358 3 2829 559 e-mail: [email protected] JUNHO DE 2003 14 a 17 de junho 63th Annual Scientific Sessions of the American Diabetes Association New Orleans, Louisiana - USA Informações: +1 800 232 3472 E-mail: [email protected] www.diabetes.org AGOSTO DE 2003 DEZEMBRO DE 2002 5 a 7 de dezembro VIIo Congresso Brasileiro de Nutrologia Io Simpósio interdisciplinar de apoio nutricional para enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, professores de educação física e fisioterapeutas Othon Palace Hotel, em Salvador – BA Informações: ABRAN (Associação Brasileira de Nutrologia) Tel: (17) 523 9732 e 523 3645 E-mail: [email protected] FEVEREIRO DE 2003 3th International Symposium on Diabetes & Pregnancy Geneva, Switzerland Informações: PO Box 50006 Tel Aviv 61500 Israel 6 a 10 de agosto 30th Annual Meeting of the American Association of Diabetes Educators Salt Palace Convention Center, Salt Lake City, Utah Tel: (312) 424 2426 www.aadenet.org 24 a 29 de agosto 18th Internacional Diabetes Federation Congress Paris, França Informações: Prof. Dr. Gerard Cathelineau, Hopital Saint-Louis, 1 avenue Claude Vellefaux, 75010 Paris, França Tel : +33 1 4249 9697 www.idf.org 302 Normas de publicação Diabetes Clínica A revista Diabetes Clínica é uma publicação com periodicidade bimestral e está aberta para a publicação e divulgação de artigos científicos das áreas relacionadas ao Diabetes. Os artigos publicados em Diabetes Clínica poderão também ser publicados na versão eletrônica da revista (Internet) assim como em outros meios eletrônicos (CD-ROM) ou outros que surjam no futuro, sendo que pela publicação na revista os autores já aceitem estas condições. A revista Fisioterapia Brasil assume o “estilo Vancouver” (Uniform requirements for manuscripts submitted to biomedical journals, N Engl J Med. 1997; 336(4): 309-315) preconizado pelo Comitê Internacional de Diretores de Revistas Médicas, com as especificações que são detalhadas a seguir. Ver o texto completo em inglês desses Requisitos Uniformes no site do International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE), www.icmje.org, na versão atualizada de outubro de 2001. Os autores que desejarem colaborar em alguma das seções da revista podem enviar sua contribuição (em arquivo eletrônico/e-mail) para nossa redação, sendo que fica entendido que isto não implica na aceitação do mesmo, que será notificado ao autor. O Comitê Editorial poderá devolver, sugerir trocas ou retorno de acordo com a circunstância, realizar modificações nos textos recebidos; neste último caso não se alterará o conteúdo científico, limitando-se unicamente ao estilo literário. 1. Editorial Trabalhos escritos por sugestão do Comitê Científico, ou por um de seus membros. Extensão: Não devem ultrapassar três páginas formato A4 em corpo (tamanho) 12 com a fonte English Times (Times Roman) com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobrescrito, etc; a bibliografia não deve conter mais que dez referências. 2. Artigos originais Serão considerados para publicação, aqueles não publicados anteriormente, tampouco remetidos a outras publicações, que versem sobre investigação, clínica, diagnóstico, terapêutica e tratamento dentro das áreas definidas anteriormente. Texto: Recomendamos que não seja superior a 12 páginas, formato A4, fonte English Times (Times Roman) tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobre-escrito, etc. Tabelas: Considerar no máximo seis tabelas, no formato Excel/Word. Figuras: Considerar no máximo 8 figuras, digitalizadas (formatos .tif ou .gif) ou que possam ser editados em PowerPoint, Excel, etc. Bibliografia: É aconselhável no máximo 50 referências bibliográficas. Os critérios que valorizarão a aceitação dos trabalhos serão o de rigor metodológico científico, novidade, originalidade, concisão da exposição, assim como a qualidade literária do texto. 3. Revisão Serão os trabalhos que versem sobre alguma das áreas relacionadas ao Diabetes, ao encargo do Comitê Científico, bem como remetida espontaneamente pelo autor, cujo interesse e atualidade interessem a publicação na revista. Quanto aos limites do trabalho, aconselha-se o mesmo dos artigos originais. 4. Comunicação breve Esta seção permitirá a publicação de artigos curtos, com maior rapidez. Isto facilita que os autores apresentem observações, resultados iniciais de estudos em curso, e inclusive realizar comentários a trabalhos já editados na revista, com condições de argumentação mais extensa que na seção de cartas do leitor. Texto: Recomendamos que não seja superior a três páginas, formato A4, fonte English Times (Times Roman) tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobre-escrito, etc. Tabelas e figuras: No máximo quatro tabelas em Excel e figuras digitalizadas (formato .tif ou .gif) ou que possam ser editados em Power Point, Excel, etc Bibliografia: São aconselháveis no máximo 15 referências bibliográficas. 5. Resumos Nesta seção serão publicados resumos de trabalhos e artigos inéditos ou já publicados em outras revistas, ao cargo do Comitê Científico, inclusive traduções de trabalhos de outros idiomas. 6. Correspondência Esta seção publicará correspondência recebida, sem que necessariamente haja relação com artigos publicados, porém relacionados à linha editorial da revista. Caso estejam relacionados a artigos anteriormente publicados, será enviada ao autor do artigo ou trabalho antes de se publicar a carta. Texto: Com no máximo duas páginas A4, com as especificações anteriores, bibliografia incluída, sem tabelas ou figuras. PREPARAÇÃO DO ORIGINAL 1. Normas gerais 1.1 Os artigos enviados deverão estar digitados em processador de texto (Word, Wordperfect, etc), em página de formato A4, formatado da seguinte maneira: fonte Times Roman (English Times) tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobrescrito, etc. 1.2 Numere as tabelas em romano, com as legendas para cada tabela junto à mesma. 1.3 Numere as figuras em arábico, e envie de acordo com as especificações anteriores. As imagens devem estar em tons de cinza, jamais coloridas, e com qualidade ótima (qualidade gráfica – 300 dpi). Fotos e desenhos devem estar digitalizados e nos formatos .tif ou .gif. 1.4 As seções dos artigos originais são estas: resumo, introdução, material e métodos, resultados, discussão, conclusão e bibliografia. O autor deve ser o responsável pela tradução do resumo para o inglês e também das palavras-chave Normas de publicação Diabetes Clínica (key-words). O envio deve ser efetuado em arquivo, por meio de disquete, zip-drive, CD-ROM ou e-mail. Para os artigos enviados por correio em mídia magnética (disquetes, etc) anexar uma cópia impressa e identificar com etiqueta no disquete ou CD-ROM o nome do artigo, data e autor, incluir informação dos arquivos, tais como o processador de texto utilizado e outros programas e sistemas. 2. Página de apresentação A primeira página do artigo apresentará as seguintes informações: - Título em português e inglês. - Nome completo dos autores, com a qualificação curricular e títulos acadêmicos. - Local de trabalho dos autores. - Autor que se responsabiliza pela correspondência, com o respectivo endereço, telefone e E-mail. - Título abreviado do artigo, com não mais de 40 toques, para paginação. - As fontes de contribuição ao artigo, tais como equipe, aparelhos, etc. 3. Autoria Todas as pessoas consignadas como autores devem ter participado do trabalho o suficiente para assumir a responsabilidade pública do seu conteúdo. O crédito como autor se baseará unicamente nas contribuições essenciais que são: a) a concepção e desenvolvimento, a análise e interpretação dos dados; b) a redação do artigo ou a revisão crítica de uma parte importante de seu conteúdo intelectual; c) a aprovação definitiva da versão que será publicada. Deverão ser cumpridas simultaneamente as condições a), b) e c). A participação exclusivamente na obtenção de recursos ou na coleta de dados não justifica a participação como autor. A supervisão geral do grupo de pesquisa também não é suficiente. 4. Resumo e palavras-chave (Abstract, Key-words) Na segunda página deverá conter um resumo (com no máximo 150 palavras para resumos não estruturados e 200 palavras para os estruturados), seguido da versão em inglês. O conteúdo do resumo deve conter as seguintes informações: - Objetivos do estudo. - Procedimentos básicos empregados (amostragem, metodologia, análise). - Descobertas principais do estudo (dados concretos e estatísticos). - Conclusão do estudo, destacando os aspectos de maior novidade. Em seguida os autores deverão indicar quatro palavraschave (ou unitermos) para facilitar a indexação do artigo. Para tanto deverão utilizar os termos utilizados na lista de cabeçalhos de matérias médicas (Medical Subject Headings – MeSH do Index Medicus ou, no caso de termos recentes que não figurem no MeSH, os termos atuais). 303 5. Referências As referências bibliográficas devem seguir o estilo Vancouver definido nos Requisitos Uniformes. As referências bibliográficas devem ser numeradas por numerais arábicos entre parênteses e relacionadas em ordem na qual aparecem no texto, seguindo as seguintes normas: Livros - Número de ordem, sobrenome do autor, letras iniciais de seu nome, ponto, título do capítulo, ponto, In: autor do livro (se diferente do capítulo), ponto, título do livro (em grifo - itálico), ponto, local da edição, dois pontos, editora, ponto e vírgula, ano da impressão, ponto, páginas inicial e final, ponto. Exemplo: 1. Phillips SJ, Hypertension and Stroke. In: Laragh JH, editor. Hypertension: pathophysiology, diagnosis and management. 2nd ed. New-York: Raven press; 1995. p.465-78. Artigos – Número de ordem, sobrenome do(s) autor(es), letras iniciais de seus nomes (sem pontos nem espaço), ponto. Título do trabalha, ponto. Título da revista ano de publicação seguido de ponto e vírgula, número do volume seguido de dois pontos, páginas inicial e final, ponto. Não utilizar maiúsculas ou itálicos. Os títulos das revistas são abreviados de acordo com o Index Medicus, na publicação “List of Journals Indexed in Index Medicus”. Exemplo: Yamamoto M, Sawaya R, Mohanam S et al. Expression and localization of urokinase-type plasminogen activator receptor in human gliomas. Cancer Res 1994;54:5016-20. 6- Agradecimentos Os agradecimentos de pessoas, colaboradores, auxílio financeiro e material, incluindo auxílio governamental e/ou de laboratórios farmacêuticos devem ser inseridos no final do artigo, antes as referências, em uma secção especial. Os artigos, cartas e resumos devem ser enviados para: Jean-Louis Peytavin Atlantica Editora Rua Conde Lages, 27 - Glória 20241-080 Rio de Janeiro RJ Tel: (21) 2221 4164 E-mail: [email protected] Diabetes Clínica Diabetes Clínica 03 (2002) JORNAL MULDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS Índice (vol. 6 nº 5 - 2002) 305~384 EDITORIAL Dia Mundial de Diabetes 2002: prevenção das complicações oculares Fadlo Fraige Filho ............................................................................................................................................ 307 INFORMES DO DIABETES NO MUNDO. ............................................................................................... 310 O DIABETES NA IMPRENSA. .................................................................................................................... 318 AVANÇOS TERAPÊUTICOS E TECNOLÓGICOS. ............................................................................... 327 PRODUTOS E NOVIDADES Pó para preparo de bolo light, sorvete light e pudim light (Lowçucar), Ez-Vac, Penfine (Disetronic), Micromat II (Bio-Rad Laboratories) ................................................................................................................ 338 RESUMOS DE TRABALHOS E CONGRESSOS. .................................................................................... 340 ARTIGOS ORIGINAIS E REVISÕES Neuropatia periférica diabética: tratamentos recentes, Rosalina de Paula Ferreira Cunha, Mirella Magalhães Tenório Brito, Érica Maria Belo dos Prazeres, Nicodemos Teles de Pontes Filho ............................................................... 346 Radicais livres, estresse oxidativo e diabetes, Débora Cristina Damasceno, Gustavo Tadeu Volpato, Iracema de Mattos Paranhos Calderon, Marilza Vieira Cunha Rudge ......................................................... 355 Síndrome plurimetabólica: Análise comparativa entre grupos de pacientes de São Leopoldo e Canoas, Amanda Mônica Lenz .................................................................... 362 A equipe de saúde e o auto-cuidado numa perspectiva interdisciplinar em diabetes mellitus, hipertensão arterial e obesidade, Rita Batista Santos .................................................. 368 Diabetes mellitus tipo 2 e exercício físico aeróbico, Ana Paula Passos, Jane Dullius, Luiz Guilherme Porto, Adriana Lofrano ................................................................................... 375 NORMAS DE PUBLICAÇÕES. ................................................................................................................... 382 CALENDÁRIO DE EVENTOS..................................................................................................................... 384 305 306 Diabetes Clínica Diabetes Clínica 03 (2002) JORNAL MULDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS Diabetes Clínica é um jornal multidisciplinar sobre os aspectos médicos, psicológicos e sociais do diabetes e dos distúrbios associados. Para os especialistas Diabetes Clínica é um veículo de informação e formação continuada sobre o conhecimento científico da doença, a atualidade da prática clínica no tratamento do diabetes e das patologias associadas. Diabetes Clínica edita artigos científicos selecionados pelo editor científico, o conselho consultivo e profissionais de reconhecido saber na área. O objetivo do jornal é favorecer a discussão interdisciplinar em todas as questões relativas à diabetologia, bem como através de suas diferentes sessões idealizadas pelo editor científico, informar de uma maneira rápida, atual e sintética os múltiplos aspectos dos estudos em diabetes. Diabetes Clínica Editor científico : Dr. Fadlo Fraige Filho, presidente da FENAD e ANAD, Professor Titular de Endocrinologia Faculdade de Medicina ABC Diretora comercial: Lilian Fanny de Castilho Editor: Dr. Jean-Louis Peytavin, faculdade de Medicina de Lyon (França) Conselho Consultivo Psicóloga Ada Verônica da Silva Maciel (SP) Dr. Adolpho Milech (RJ) Dr. Airton Golberg (RS) Dra. Alcina Vinhais (BA) Dra. Ana Míriam G. Carboni (SP) Dr. Antônio Carlos Lerário (SP) Dr. Arual Augusto da Costa (SP) Dr. Balduíno Tschiedel (RS) Nutricionista Celeste Elvira Viggiano (SP) Educador Cláudio Cancelliéri (SP) Dr. Edgard d’Ávila Niclewicz (PR) Dr. Freddy Goldberg Eliaschewitz (SP) Dra. Geisa Macedo (PE) Dra. Hermelinda Pedrosa (DF) Dr. João Roberto de Sá (SP) Dr. José Egídio Paulo de Oliveira (RJ) Dr. Leão Zagury (RJ) Dr. Marcos Tambascia (SP) Enfermeria Mônica Antar Gamba (SP) Dr. Nelson Rassi (GO) Dr. Orsine Valente (SP) Enfermeira Paula Pascali (SP) Dra. Reine Marie Chaves (BA) Dr. Saulo Cavalcanti da Silva (MG) Dr. Sérgio Atala Dib (SP) Apoios IDF - SACA - International Diabetes Federation South America Central America SBD - Sociedade Brasileira de Diabetes FENAD - Federação Nacional de Associações de Diabéticos ANAD - Associação Nacional de Assistência ao Diabético COREN-SP - Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo COSEMS-SP - Cons. de Secretarías Municipais de Saúde Federação Nacional de Associações de Diabéticos (FENAD) Associação Nacional de Assistência ao Diabético (ANAD) Rua Eça de Queiroz, 198 04011- 031 São Paulo - SP tel: (11) 5572-6559 fax: (11) 5549-6704 http://www.anad.org.br [email protected] ATLANTICA EDITORA Editor executivo Dr. Jean-Louis Peytavin [email protected] Marketing René Caldeira Delpy Jr. [email protected] Administração Bárbara de Assis Jorge Editoração e Arte José Luiz Cabral Copy & Revisão Ricardo Augusto da Silva Ferreira Rio de Janeiro Rua Conde de Lages, 27 20241-080 Rio de Janeiro RJ Tel/Fax: (21) 2221-4164 E-mail: [email protected] www.atlanticaeditora.com.br São Paulo Avenida São João, 56, sala 7 12940-000 Atibaia SP ISSN 1517-6428 © ATMC - Atlântica Editora Ltda Av. São João, 56 sala 7 12940-000 Atibaia – SP Assinatura 6 números ao ano: R$ 75,00 www.atlanticaeditora.com.br tel: (21) 2221-4164 I.P. (Informação publicitária) As informações são de responsabilidade dos anunciantes Copyright © ATMC – Atlantica Editora Ltda Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida, arquivada ou distribuída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprietário do copyright, Atlântica Editora. O editor não assume qualquer responsabilidade por eventual prejuízo a pessoas ou propriedades ligado à confiabilidade dos produtos, métodos, instruções ou idéias expostos no material publicado. Em razão do avanço rápido das ciências médicas, o Editor recomenda que uma verificação independente do diagnóstico e doses dos medicamentos seja realizada. Apesar de todo o material publicitário estar em conformidade com os padrões de ética médica, sua inserção na revista não é uma garantia ou endosso da qualidade ou do valor do produto ou das asserções de seu fabricante. Diabetes Clínica 307 Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Editorial DIA MUNDIAL DE DIABETES 2002: PREVENÇÃO DAS COMPLICAÇÕES OCULARES ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE Prof. Dr. Fadlo Fraige Filho O Dia Mundial de Diabetes foi criado em 1991, como meio de aumentar a conscientização global sobre o Diabetes. É uma oportunidade ideal para dirigir a atenção do público para: causas, sintomas, complicações e tratamento desta grave disfunção, que está em constante aumento em todo o mundo. Diante da perspectiva de que o número de pessoas com Diabetes chegue a 300 milhões no ano de 2025, o Prof. Sir George Alberti - presidente da IDF (International Diabetes Federation), advertiu que “ o Diabetes poderia tornar-se a Aids do século XXI”, em uma recente entrevista para os meios de comunicação. É necessário melhorar a conscientização sobre o Diabetes e o Dia Mundial do Diabetes nos oferece a oportunidade de unir nossas forças para fazer exatamente isso. O Dia Mundial de Diabetes é a mais importante campanha integral de informação sobre o Diabetes no mundo, e nos relembra que a incidência do Diabetes está aumentando e assim continuará, caso não realizemos ações preventivas. Prof. Dr. Fadlo Fraige Filho, Coordenador e Editor Científico, Diabetes Clínica Quando é celebrado? O Dia Mundial de Diabetes ocorre a cada ano em 14 de novembro. Foi escolhida essa data por ser o aniversário de Frederick Banting, que junto com Charles Best concebeu a idéia que os conduziu ao descobrimento da insulina, em outubro de 1921. Onde é celebrado? Em todo o mundo, em mais de 140 países pelas associações membro da IDF. 308 Continuação Editorial - Diabetes Clínica 04 (2002) Como se celebra? As Associações membro da IDF organizam uma grande variedade de atividades em cada país, tais como projeto de rádio e TV, atividades esportivas, caminhadas, exames de glicemia, reuniões e palestras públicas, cartazes, folhetos, exposições, entrevistas, artigos em revistas e jornais, etc. Há um tema especial? Sim, a cada ano o Dia Mundial de Diabetes se concentra em torno de um tema, escolhido para ser o centro de atenção. Nos anos passados foram tratados os seguintes temas: · Diabetes: direitos humanos; · Diabetes: estilo de vida; · Custos do Diabetes; Desde 2001, iniciamos a tratar das complicações e o tema foi: · 2001 - Diabetes e enfermidades cardiovasculares, A partir deste ano, teremos os seguintes enfoques: · 2002 - Os olhos e o Diabetes · 2003 - Diabetes e doença renal · 2004 - Diabetes e obesidade · 2005 - Diabetes e cuidados da pele Como começou? Começou em 1991 em resposta a preocupação pelo aumento contínuo do Diabetes em escala mundial. O que significa o logotipo do Dia Mundial de Diabetes? Em 1996, foi desenhado o logotipo definitivo e foi feito para marcar a data com uma forte identificação global. O logotipo combina o equilíbrio e o trabalho conjunto, além de estar baseado no conhecido símbolo do Yin e Yang. Um cuidadoso equilíbrio entre insulina, medicação, alimentação e exercício é essencial no tratamento. Como se organiza? A IDF, amparada pela OMS - Organização Mundial da Saúde, prepara material que é distribuído entre as associações membro, o público em geral e os meios de comunicação. As associações usam o material para desenvolver suas campanhas locais de maneira que melhor se adaptem às necessidades da comunicação de Diabetes em cada país. Tema de 2002 O tema do Dia Mundial do Diabetes para o triênio (2001 - 2003), se baseia na redução do impacto das complicações do Diabetes. As complicações do Diabetes podem representar uma pesada carga de impacto dramático sobre a vida das pessoas com Diabetes e seus familiares, assim como sobre o setor sanitário, os governos e a sociedade. O Dia Mundial do Diabetes 2001 foi dedicado a Diabetes e doenças cardiovasculares. O de 2002 vai se priorizar nas complicações oculares do Diabetes: “Teus olhos e o diabetes; não perca 309 Continuação os riscos de vista”. Em 2003 o Dia Mundial do Diabetes tratará do tema Diabetes e enfermidade renal e em 2004 sobre Diabetes e obesidade. Dia Mundial do Diabetes 2002 - Teus olhos e o Diabetes O número de pessoas com Diabetes, em especial com Diabetes tipo 2, está se expandindo rapidamente em todo o mundo, assim como o número de complicações associadas à condição, tais como enfermidades cardiovasculares, oculares, renais ou nervosas, úlceras e amputações. A doença do olho ou retinopatia é a causa principal de cegueira e deficiências visuais entre os adultos das sociedades desenvolvidas. Em torno de 2% das pessoas com Diabetes ficarão cegas em 15 anos, e 10% desenvolvem deficiências visuais graves. Embora a doença do olho não seja mortal, tem um forte impacto sobre a qualidade de vida das pessoas com a perda de visão. É possível prevenir as complicações do Diabetes através da combinação de vida saudável, exercício físico e medicação. As complicações do olho podem ser detectadas precocemente e evitar que causem mais danos à vista. Sem dúvida, é frequente que uma pessoa desenvolva complicações oculares durante anos, antes de notar alguma mudança em sua vista e decidir a examinálas. Aproveitando a data do Dia Mundial do Diabetes 2002, todos devem refletir sobre as vantagens de levar uma vida saudável, fazer exercício físico, não fumar e consultar seu médico periodicamente, e também levar esta mensagem para todas as pessoas em todos os lugares. Os exames periódicos dos olhos ajudam a descobrir se já existe uma complicação ocular em fase inicial e também a evitar, com isto, que as pessoas fiquem cegas no futuro. Esta também é a época ideal para que as associações de Diabetes e outras pessoas com força política exerçam pressão sobre os governos. A IDF nos pergunta se em nosso país há exames oculares previstos e se estão acessíveis para todos. E se o tratamento a laser também está ao alcance de todos. E nós aproveitamos este questionamento para informar os nomes dos responsáveis e endereços em 26 estados do Brasil, do Mutirão do Olho Diabético, que oferece atendimento, bem como o tratamento a laser para todos que se inscreverem no programa. Um evento mundial O Dia Mundial do Diabetes é a única campanha global de conscientização. Por essa razão a IDF pede às associações membros, que unam esforços e envolvam tantas pessoas quanto seja possível, incluindo formadores de opinião, políticos, educadores, profissionais de saúde, crianças, adultos e, logicamente, pessoas com Diabetes. O Dia Mundial do Diabetes é uma oportunidade para levar o entendimento sobre Diabetes para todas as pessoas. Aquele que estiver lendo esta mensagem e quiser colaborar, entre em contato com a FENAD, pelo telefone 5572-6559, através do e-mail [email protected] ou ainda pelo correio: Rua Eça de Queiroz, 198, Vila Mariana - São Paulo - SP, CEP 04-11-031. Prof. Dr. Fadlo Fraige Filho Presidente 310 Diabetes Clínica 05 (2002) Informes do Diabetes no Mundo Gerald M. Reaven et al, J Am Coll Cardiol 2002;40. Obesidade e resistência à insulina predizem independentemente risco cardiovascular Pesquisadores da Stanford University reportam que obesidade e resistência à insulina predizem risco de doença arterial coronariana (DAC). Adicionalmente, a resistência à insulina em muitos graus de obesidade acentua o risco de DAC e de diabetes tipo 2. Neste estudo, Gerald M. Reaven e colaboradores definiram a relação entre índice de massa corporal (IMC) e resistência à insulina em 314 indivíduos saudáveis não diabéticos, normotensos. Adicionalmente, eles examinaram a associação entre IMC e resistência à insulina e os fatores de riscos para DAC. Os pesquisadores determinaram a concentração da glicose plasmática em equilíbrio dinâmico (steady-state) – SSPG, durante os últimos 30 dos 180 minutos de infusão de octreotíde, glicose e insulina, com o objetivo de quantificar a resistência à insulina. Eles mediram 9 fatores de risco de DAC nos indivíduos, incluindo idade, pressão arterial sistólica, pressão arterial diastólica, colesterol total, triglicerídeos, HDL-colesterol, LDL-colesterol e resposta insulínica à uma ingestão de 75g de glicose oral. Existe uma significativa correlação entre IMC e SSPG (p < 0,001). Eles acharam associações independentes significativas entre IMC e SSPG e cada um dos 9 fatores de risco, porém notaram diferenças marcantes em sua magnitude. “Em análises múltiplas de regressão, a concentração de SSPG acrescentou de moderado a substancial poder ao IMC, no que se refere ao prognóstico da pressão arterial diastólica, HDL-colesterol, concentração de triglicerídeos e respostas da glicose e da insulina,” explicam os pesquisadores. O estudo mostrou que nem todos os indivíduos obesos ou com sobrepeso são insulino-resistentes. E nem todos os insulino-resistentes são obesos ou com sobrepeso. Portanto, muitos fatores de risco para doença cardiovascular estão associados com a obesidade e são relacionados a presença de resistência à insulina, e o maior efeito da adiposidade é aumentar a susceptibilidade para um indivíduo ser insulino-resistente. As implicações são que os maiores esforços na perda de peso devem estar direcionados para estes indivíduos que são ambos com sobrepeso e insulino-resistentes, e que o risco cardiovascular associado com resistência à insulina não está limitado a indivíduos com sobrepeso. Edwin Fineberg et al, Diabetes Care 2002;25:1277-1282,1474-1476. Dieta com proteína vegetal não é melhor do que com proteína animal para o diabetes tipo 2 Uma dieta que apresenta somente proteína de origem vegetal não tem vantagem sob uma dieta que contém proteína animal, para indivíduos Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 05 (2002) Continuação Abdella NA, Med Princ Pract 2002;11 Suppl 2:69-74. 311 portadores de diabetes tipo 2 e com microalbuminúria. Neste estudo cruzado randomizado, Edwin Fineberg e colaboradores da Indiana University School of Medicine, Indianápolis, compararam uma dieta contendo exclusivamente proteína vegetal com outra contendo, em sua maioria, proteínas animais, em 17 pacientes com diabetes tipo 2 e microalbuminúria. Após os pacientes estarem em dieta por 6 semanas, os pesquisadores descobriram que não há nenhuma diferença relacionada à dieta na taxa de filtração glomerular, fluxo plasmático renal, taxa de excreção de albumina, colesterol total, HDL-colesterol, área sob a curva (AUC) de triglicerídeos, glicose e AUC de insulina, HbA1c, pressão sangüínea ou aminoácidos do soro. Ambas dietas foram associadas com diminuição do colesterol, melhora da HbA1c e redução da pressão arterial diastólica. Não houve diferença dos efeitos da dieta na função renal, com os pacientes tratados ou não com inibidores da enzima conversora de angiotensina. Dr. Fineberg e colaboradores concluíram que “parece não haver nenhuma vantagem clara em recomendar proteína vegetal no lugar da animal, para melhorar a função renal ou lipídica e os parâmetros glicêmicos em pessoas com diabetes tipo 2 e microalbuminúria.” Entretanto, há espaço para mais estudos, de acordo com editorialistas da revista, Drs. Errol B. Marliss e Rejeanne Gougeon do McGill Nutrition and Food Sciences, Montreal. “Nossa conclusão, no que diz respeito a este estudo, é que nas altas ingestões de proteína de alta qualidade utilizada, não apresentaram nenhuma vantagem em relação à dieta com proteína vegetal ou de soja, e que o desafio, agora, é determinar se isso se aplica a baixas ingestões e a fontes vegetais que tenham composições diferentes de aminoácidos e outros nutrientes potencialmente ‘protetores’,” escreveram eles. Controvérsias no tratamento de pacientes diabéticos com doença cardíaca coronariana Existe uma epidemia global de diabetes tipo 2 e num futuro próximo ela deverá estar associada a uma epidemia de doença cardiovascular. Com o risco da população de diabéticos desenvolver doença cardiovascular, o tratamento do diabetes passou a ter como alvo o controle glicêmico. Dois procedimentos controversos no manejo de diabéticos com doença arterial coronariana (DAC) são discutidos nesta revisão. Primeiramente, administração de insulina exógena e o aumento do risco de doenças cardiovasculares e, em segundo lugar, o efeito do tratamento com sulfoniluréia nos canais de potássio ATP dependente e risco de isquêmia miocárdica. O consenso de opiniões é de que um alto nível de insulina sérica circulante, não passa de um marcador do estado de resistência à insulina e, portanto, não exerce um papel direto na patogênese da arterioesclerose em pacientes diabéticos. Entretanto, em oposição a isto, existem evidências para uma associação linear entre a piora do controle glicêmico e o aumento do risco para doenças cardíacas coronarianas. Estudos prospectivos no Reino Unido (United Kingdom Prospective Diabetes Study UKPDS), reportaram que um controle intenso da glicemia diminuiu o risco de infarto do miocárdio em 16%. Os benefícios de um controle glicêmico estreito confirmam o conceito teórico da hiperinsulinemia ser aterogênica. Conhecimentos seguros sobre sulfoniluréias datam de 1970. O mecanismo de ação das sulfoniluréias, através do fechamento de canais de potássio ATP dependentes identificados nas células b pancreáticas, cardiomiócitos e células 312 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 05 (2002) Continuação de músculo liso vascular, causou grande discussão sobre sua segurança, devido ao risco do desenvolvimento de isquemia do miocárdio. Breves episódios de isquemia cardíaca levam o coração a ficar mais resistente a eventos isquêmicos subseqüentes. Este fenômeno é chamado “precondicionamento isquêmico”. A ativação de canais de potássio ATP dependente mimetiza completamente este fenômeno; além disso, o bloqueio destes canais com algum dos compostos a base de sulfoniluréia aboliu este efeito protetor. Portanto, o conceito de seletividade dos compostos de sulfoniluréia emergiu e a escolha da droga deve ser baseada neste fato. Todo composto deve ser estudado individualmente quanto a eficácia e segurança, em referência aos pontos relevantes para o diabetes tipo 2, i.e. morbidade e mortalidade cardiovascular. Schneider JG et al, Am J Hypertens 2002;15(11):967-72. Elevação dos níveis plasmáticos de endotelina-1 no diabetes mellitus Este estudo compara os níveis plasmáticos de endotelina-1 (ET-1) em pacientes portadores de diabetes tipo 1 ou hipertensão, com controles saudáveis, e investiga se os níveis de ET-1 estariam relacionados com o controle glicêmico, parâmetros metabólicos e complicações vasculares. A população estudada consistiu-se de 103 pacientes portadores de diabetes tipo 1, 124 pacientes diabéticos tipo 2, 35 pacientes hipertensos sem diabetes mellitus e 99 controles. As concentrações plasmáticas de ET-1 foram significativamente maiores em pacientes com diabetes tipo 1 (0,28 ± 0,34 fmol/ml, P = 0,001), diabetes tipo 2 (0,31 ± 0,32 fmol/ml, P < 0,0001) e hipertensão (0,35 ± 0,26 fmol/ml, P <,0001), comparado aos controles (0,08 ± 0,13 fmol/ml). Pacientes diabéticos fazendo uso de inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA), tiveram níveis plasmáticos de ET-1 significativamente menores do que os pacientes que não faziam uso (0,22 ± 0,20 fmol/ml vs. 0,38 ± 0,39 fmol/ml, P = 0,029). Houve associações significativas entre os níveis de ET-1 e idade (r = 0,38, P < 0,05) e pressão arterial sistólica - PAS (r = 0,38, P < 0,05) em controles saudáveis. No diabetes só foram encontradas associações não significativas entre os níveis de ET-1 e idade ou complicações vasculares, além de uma fraca associação entre os níveis plasmáticos de ET-1 e o controle glicêmico. Pacientes com diabetes ou hipertensão têm níveis de ET-1 elevados, mas não exibem correlações positivas entre os níveis de ET-1 e PAS, o que foi observado em controles saudáveis. Níveis aumentados de ET-1 não induzem à hipertensão no diabetes, mas foram menores em pacientes diabéticos, fazendo uso de inibidores da ECA comparado aos que não fizeram uso. Não há associação significativa entre os níveis de ET-1 e complicações vasculares. Esses achados sugerem que o nível plasmático de ET-1 não é um marcador de disfunção endotelial, mas mudanças nesses níveis podem preceder complicações vasculares associadas à hipertensão e ao diabetes. S. E. Fineberg et al, 38th European Association for the study of diabetes (EASD) Annual Meeting, Budapest, Hungria. Resultados da monitorização de anticorpos para insulina durante as fases II e III do estudo clínico de insulina inalada (Exubera) em pacientes portadores de diabetes tipo 1 ou tipo 2 Introdução e objetivos: O desenvolvimento de anticorpos para insulina em pacientes diabéticos é bem documentado. Os resultados das análises de anticorpos dos estudos das fases II e III da insulina inalada em pó de ação rápida (Exubera: INH), são aqui apresentados. Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 05 (2002) Continuação 313 Materiais e métodos: Estudos de 3 ou 6 meses de duração avaliaram o uso de INH em pacientes com diabetes tipo 1 (adultos, adolescentes e crianças de idade 6-11 anos) ou tipo 2 (uso de insulina, fracasso no tratamento combinado de agentes hipoglicemiantes orais, fracasso do tratamento por dieta e exercícios). Foram utilizadas como comparativo, insulina subcutânea (SC) convencional, intensiva ou OA. Os pacientes que completaram os estudos, continuaram um outro estudo de segurança, não controlado a longo prazo, usando INH como a única forma de insulina de curta duração. Um ensaio semi-quantitativo com rádio ligantes realizado no Mayo Medical Laboratories, foi usado para medir anticorpos da insulina, no início e no fim dos testes, com os pais das crianças, e a cada 6 meses no estudo de extensão. Foi traçado um gráfico com as variáveis clínicas chaves, versus o final do estudo e foi encontrada a variação nos níveis de anticorpos. Resultados: Pacientes tratados com insulina, tanto no diabetes tipo 1 ou 2, experimentaram um aumento nos níveis de anticorpos para insulina, após o uso de insulina SC de ação curta juntamente com INH. Os níveis de anticorpos no tratamento com INH foram maiores do que o controle, no qual regimes de insulina SC foram mantidos. Pacientes pediátricos com diabetes tipo 1 demonstraram ter média de níveis de anticorpos maior no ponto zero e no ponto final do estudo, comparados com a coorte de paciente tipo 1 (~60% >18 anos de idade). Pacientes com diabetes tipo 1 tiveram média de níveis de anticorpos maior no ponto zero e no ponto final do estudo, do que aqueles com diabetes tipo 2. O menor nível de anticorpos foi detectado em pacientes tipo 2 com tratamento usual de insulina, que receberam INH além dos OAs [a maioria (92%) apresentaram percentual de níveis de ligantes para anticorpos para insulina < 10%]. Os dados correntes dos testes de extensão a longo prazo mostram que o maior aumento na média dos níveis de anticorpos ocorreu nos primeiros 3-6 meses de terapia com INH. Os pontos traçados e a análise de regressão sugerem que os anticorpos para insulina não estão associados com aumento de HbA1c, doses de insulina de curta e longa ação, ou taxa de hipoglicemia (total ou severa). Também, não há nenhuma associação consistente entre glicose plasmática de jejum, volume expiratório forçado 1 segundo (FEV1), ou capacidade de difusão de monóxido de carbono (DLCO). Em adição, o grupo tratado com INH, não tem incidência maior de eventos adversos alérgicos do que os grupos de comparação. Mais análises exploratórias estão sendo planejadas para avaliar qualquer associação em potencial com síndromes clínicas precedentes ou não, relacionadas à anticorpos para insulina. Conclusão: O tratamento com INH é associado com aumento dos níveis de anticorpos para insulina. Entretanto, a análise dos dados sugere que anticorpos para insulina não estão associados com HbA1c aumentado, doses de insulina, taxas de hipoglicemia ou reações alérgicas. Essa conclusão está de acordo com muitos outros estudos, que também mostraram não haver relação aparente entre anticorpos para insulina e índices de controle metabólico ou segurança clínica. H. O. Steinberg et al, 38th European Association for the study of diabetes (EASD) Annual Meeting, Budapest, Hungria. Comparação clínica entre um método novo, não invasivo e um convencional invasivo de determinação de glicose durante clamp hiper e hipoglicêmico em estudos de várias etapas Introdução: A incidência do diabetes está aumentando em todo mundo. Complicações microvasculares e possivelmente macrovasculares do diabetes, podem ser prevenidas através de controle glicêmico estreito. Para atingir este Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 05 (2002) Continuação controle e evitar episódios hipoglicêmicos severos, são necessárias medições múltiplas diárias da glicemia. Entretanto, a determinação convencional da glicemia, requer laceração da pele que não é dolorosa, mas pode não ser aceita em algumas situações. Logo, medições não invasivas de glicose podem se tornar uma alternativa preferível, caso se comprove ser tão acurada quanto as tecnologias invasivas atuais. Métodos: Argose Inc. possui uma tecnologia de luz florescente que é usada para coletar dados com sinal melhorado, retirando características interferentes de um espectroscópio inteiramente novo. A Argose desenvolveu um sistema capaz de detectar padrões espectrais na pele, que estão correlacionados à níveis de glicose sangüínea. Para testar a capacidade do novo sistema, estudamos 7 indivíduos diabéticos tipo 1, durante estudos de clamp variável em duas diferentes ocasiões. Os níveis de glicose foram medidos no leito, usando o analisador de glicose Yellow Springs. Em cada estudo, os níveis de glicose sangüínea foram randomizados, variando entre 60-600 mg/dl. Durante cada estudo, os indivíduos atingiram níveis de estado de repouso nas faixas baixa média e alta, por aproximadamente 35 minutos, antes de avançar para o próximo nível pré-determinado. Valores de glicose não invasivos, foram computados usando dados de cada indivíduo compilados, combinados aos dados dos dois estudos com clamp variável de cada indivíduo. Resultados: A acurácia da classificação de valores baixos, médios e altos de glicose para todos os 7 indivíduos está descrita na tabela abaixo. Diabetes Clínica 05 (2002) 317 O Diabetes na Imprensa JAHH= 1 de agosto de 2002 GAZETA MERCANTIL 12 de agosto de 2002 Rio distribui de graça remédio que reduz colesterol A Prefeitura do Rio, desde agosto, está distribuindo gratuitamente, para cerca de 11.900 pacientes da rede municipal de saúde, o medicamento Sinvastatina, que reduz a taxa de colesterol. O remédio está sendo distribuído em 118 unidades da Secretaria Municipal de Saúde, onde os pacientes com doença cardiovascular estão cadastrados. A distribuição atende aqueles que já sofreram infarto do miocárdio, acidente vascular encefálico e os portadores de safena e de angina do peito. Além de receber o medicamento, eles passam por uma avaliação clínica. De acordo com a Secretaria, a Sinvastatina também será incluída no programa Remédio em Casa. Atualmente, o programa dá assistência a hipertensos e diabéticos, que se tratam nas unidades municipais e estão com a taxa de colesterol controlada. Célula-tronco pode evitar gangrena e amputação Estudo publicado no The Lancet, revela que o uso de células-tronco, injetadas nos músculos do paciente, pode evitar a gangrena, amputações ou até mesmo a dor nos pés ou pernas, provocada por deficiência de circulação. Especialistas disseram que o método pode ser a solução para milhões de pacientes em tudo o mundo, que sofrem com dores causadas por graves problemas de circulação. Basicamente, o que a injeção de células-tronco faz é promover a criação de novos vasos sanguíneos, que vão irrigar as regiões afetadas. 45 voluntários participaram do estudo, todos com graves problemas nas pernas. Cerca da metade tinha passado por intervenções cirúrgicas ou sofrido gangrena e a maioria tem diabetes. Cerca de 80% dos pacientes tiveram melhoras imediatas nas dores, o que foi considerado extremamente promissor. Raios-X feitos antes e depois das aplicações, mostraram o crescimento de novos vasos sanguíneos em 27 dos 45 pacientes. De 20 pacientes ameaçados de amputação, 15 tiveram melhora imediata e estão livres da ameaça. Especialistas que não participaram do estudo, como o Dr. Frank Selke, da Escola de Medicina de Harvard, considera esta técnica muito importante:”Este método pode trazer grandes conquistas. As células circulam e vão aonde são necessárias”. O próximo passo do estudo vai se concentrar na oxigenação de partes do coração e do cérebro. Os cientistas ainda não conseguiram descobrir 318 Continuação O Diabetes na Imprensa - Diabetes Clínica 05 (2002) se as células-tronco se transformam em vasos ou se liberam substâncias que permitem a criação dos mesmos. Mais perto do coração IstoÉ, 19 de julho de 2002 Sofrer do coração está cada vez mais comum. À parte as tormentas sentimentais do mundo, o que tem preocupado a medicina é o número crescente de portadores de alguma doença cardiovascular. Atualmente, elas provocam a morte de 17 milhões de pessoas no planeta por ano – no Brasil, são mais de 300 mil mortes. E o índice global pode saltar para 25 milhões em 2020, segundo a Organização Mundial de Saúde. É verdade que a ciência avança procurando encontrar formas de tratar esses males, o que ajuda a diminuir a mortalidade. O problema é que a humanidade atualmente, por vários motivos, está mais exposta ao risco de ter uma complicação (entupimento das artérias, por exemplo) do que tempos atrás. Com isso, os especialistas estimam que as chances do órgão estar com o futuro comprometido vêm aumentando. A razão disso está, em boa parte, no cotidiano. “A vida de hoje facilita o aparecimento de enfermidades cardíacas. Ela é menos saudável”, afirma o médico Juarez Ortiz, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Muitas pessoas não se alimentam bem, não se exercitam e adotam outros hábitos ruins, como incluir o cigarro no dia-a-dia. Esses fatos estão relacionados ao surgimento de diversas doenças. Entre elas, a obesidade, a diabete e a hipertensão. Somadas, essas enfermidades representam perigo enorme para o coração. Se houver casos de males cardiovasculares na família, é mais um elemento – e este é muito importante – que depõe contra a saúde do músculo cardíaco. Esses fatores de risco são conhecidos. Mas normalmente apenas se presta atenção neles quando algum estrago já foi feito. O que ocorre é que só se avaliam as condições do órgão quando se atinge a meia-idade. É um erro, sublinha a American Heart Association (AHA), entidade que reúne cardiologistas dos Estados Unidos e é considerada uma das melhores do mundo no campo da prevenção. Em julho, a entidade relançou sua cartilha preventiva, com atualizações baseadas em estudos recentes e medidas criadas por especialistas de outras áreas, como a Associação Americana de Diabete. Desde 1997, a AHA não mexia nas recomendações. O lançamento de novas diretrizes é, na verdade, um esforço para evitar que as doenças cardíacas sejam detectadas tarde demais e continuem a avançar. O passo mais significativo nesse sentido é a orientação de que a primeira avaliação da saúde do órgão seja feita aos 20 anos. “As medidas estão mais abrangentes porque o número de casos não está diminuindo. Não fazíamos a avaliação em quem é tão jovem, a não ser que fosse filho de alguém com problemas”, comenta Ricardo Pavanello, do Hospital do Coração, em São Paulo. De acordo com as novas diretrizes da associação americana, nessa idade devem-se fazer vários exames para saber como estão a pressão arterial, a taxa de açúcar no sangue e os níveis de colesterol, entre outros dados. O médico irá conferir o histórico de doenças cardiovasculares e o estilo de vida. Se estiver tudo bem, a próxima visita pode ser feita dali a cinco anos. Se houver mais de dois fatores de risco, é preciso cuidar melhor do coração. A checagem deverá ser menos espaçada também. De dois em dois anos, sugere a AHA. Para quem está na época de se dedicar a baladas e namoros, no entanto, pensar na prevenção é raro. O estalo se dá mais em quem conhece de perto o sofrimento do coração. Outro destaque da nova cartilha da AHA é a recomendação de que, aos 40 anos, qualquer indivíduo passe por uma avaliação mais específica (a ser repetida também a cada cinco anos ou mais O Diabetes na Imprensa - Diabetes Clínica 05 (2002) Continuação frequentemente se houver problemas). Por meio do cruzamento de diversas informações, esse check-up determinará o risco da pessoa sofrer infarto nos próximos dez anos. Os especialistas americanos consideram essa medida praticamente obrigatória. “A tabela desse cálculo de risco é importante. Isso porque muita gente pode ter fatores de risco e não apresentar sintomas”, diz o cardiologista Antonio Carlos Chagas, do Instituto do Coração (Incor), de São Paulo. Em relação aos procedimentos rotineiros de check-up, foi valorizado um item que pode parecer curioso. Além de conferir o Índice de Massa Corporal (IMC), o médico deve conferir o tamanho da circunferência da cintura. “A gordura que se acumula na barriga é a pior. Ela libera substâncias no sangue que elevam o colesterol ruim (LDL) e diminuem o HDL (colesterol bom)”, explica o cardiologista Raul Dias dos Santos, do Hospital Albert Einstein, de São Paulo. Por isso, é possível estimar o perigo pelos centímetros da barriga. E, de acordo com a SBC, pode-se também obter outro índice dividindo-se a medida da cintura pela do quadril. No caso dos homens, o resultado deve ser menor que 0,93 para ser considerado normal. Acima disso, há risco para doenças cardíacas. No das mulheres, 0,83. O fitness auxilia a controlar o peso. Para o especialista Mário Maranhão, presidente da Federação Mundial de Cardiologia, os quilos a mais são tão preocupantes quanto o tabagismo e o sedentarismo. “Há um bilhão de pessoas obesas no mundo”, alerta. Ele calcula que no país 12% das mulheres estão com sobrepeso (IMC superior a 25). Entre os brasileiros, 7% estão nessa situação. Ou seja, deve-se investir no equilíbrio do cardápio para baixar esses índices. Uma boa alimentação também é uma forma de prevenir o acúmulo de colesterol ruim nas artérias, que facilita a formação de placas de gordura nos vasos sanguíneos. JAHH= Supressão de genes em ratos evita obesidade 13 de agosto de 2002 Um grupo de pesquisadores identificou um gene nos ratos, cuja supressão permite aos animais ingerirem alimentos ricos em gordura sem o risco de desenvolver diabetes, de acordo com um estudo que será publicado em agosto nos Estados Unidos. A pesquisa, relatada na revista da Academia Nacional de Ciência, sugere que é possível produzir medicamentos capazes de evitar a obesidade e diabetes, como explicou James Ntambi, professor da Universidade de Wisconsin em Madison, que realizou o estudo. O pesquisador e seus colegas constataram que a supressão nos ratos do gene chamado SCD-1 pode impedir que os animais engordem. “A idéia é fazê-los engordar, mas os ratos privados do gene SCD-1 não conseguem, apesar de receber uma alimentação que contém cerca de 15% de gorduras”, disse o professor Ntambi. Este gene permite a produção de uma enzima chamada SCD, que é necessária para que o organismo produza os principais ácidos gordurosos. Com a ausência do gene SCD-1, o excesso de gordura alimentar pode ser destruído pelo metabolismo. “Temos uma prova bioquímica de que os ratos queimam os excessos de gordura”, estimou o pesquisador. No entanto, a eliminação do gene SCD-1 tem certos efeitos secundários como problemas na pele e na visão, quando os animais envelhecem. O equivalente do gene SCD-1 foi identificado recentemente nos humanos e o grupo de pesquisadores dirigido por Ntambi começou estudos sobre o funcionamento desse gene. 322 JAHH= 16 de agosto de 2002 O Diabetes na Imprensa - Diabetes Clínica 05 (2002) Faltam remédios para diabéticos em Natal O promotor de Saúde, Edevaldo Alves Barbosa, vai pedir a prisão do secretário de Saúde do Município de Natal, Enildo Alves, se ele não providenciar o suprimento de remédios, em especial para diabéticos, nos postos da Prefeitura e em quantidade suficiente para atender a demanda de pacientes. No primeiro semestre a Justiça julgou favorável liminar solicitada pelo Ministério Público para o Município providenciar o fornecimento de insulina e outros medicamentos nos postos de saúde. Edevaldo Barbosa constatou por denúncias e em visitas aos postos que o secretário estava desrespeitando a decisão liminar. O juiz da 4ª Vara da Fazenda Pública, Cícero Martins de Macedo Filho, deu prazo de 72 horas para que Enildo Alves abasteça as farmácias dos 65 postos de saúde com medicamentos. A multa diária pelo descumprimento da liminar é de R$ 5 mil, a ser cobrada no final do processo contra o Município. O promotor disse que não vai abrir mão da multa para que seu efeito sirva de exemplo para quem tentar desrespeitar as determinações judiciais. Na ação civil pública contra o Município o juiz da 4ª Vara da Fazenda Pública deferiu o pedido do Ministério Público para punir a Secretaria de Saúde com multa por descumprimento de liminar e relata haver indícios de desobediência (ou prevaricação) por parte do secretário de Saúde que poderá ser responsabilizado criminalmente por isso, determinando abertura de inquérito policial. Edevaldo Barbosa fez inspeções nos postos de saúde de Nova Natal, Potengi, Pajuçara, África (na Redinha), Maternidade das Quintas, além das denúncias da própria população sobre as unidades de Pirangi e Nova Descoberta. Foi constatado que a Secretaria de Saúde do Município quando envia a insulina para diabéticos, o faz sempre em menor quantidade que o solicitado. Em outros casos, o abastecimento não é feito colocando em risco a vida dos pacientes que procuram atendimento no sistema de saúde pública. Na documentação apresentada pelo promotor ao juiz, ele dá exemplo de um posto que pediu 300 frascos de insulina humana NPH-100 injetável de 10ml mas que a Secretaria só enviou 15. Há casos que o medicamento é enviado mas falta seringa. A Secretaria, disse o promotor, sequer tem um cadastro dos pacientes especiais de diabetes e hipertensos. Remédios para diabetes ficam retidos nos Correios no RN 22 de agosto de 2002 Enquanto a população natalense não pode contar com os medicamentos de diabetes da rede pública, por falha no abastecimento da Secretaria Municipal de Saúde, a burocracia impede que o problema seja amenizado. Desde o primeiro semestre, um pacote com 10 mil comprimidos Daonil, usado no controle da diabetes, está retido na sede dos Correios, no bairro de Nova Descoberta. A burocracia dos órgãos que envolvem o processo de importação e controle sanitário dos medicamentos é o principal motivo da demora. De acordo com a Receita Federal, se continuarem nos Correios, os medicamentos estão sujeitos à chamada pena de “perdimento”, quando a mercadoria passa a pertencer à União. Segundo informações do chefe da seção de Controle Aduaneiro da Receita Federal, João Felipe Filho, a carga está nos Correios porque o importador não conseguiu a autorização de importação dos medicamentos, que é expedida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A coordenadora interina da Anvisa no RN, Márcia Leite de Oliveira, O Diabetes na Imprensa - Diabetes Clínica 05 (2002) Continuação explicou que as doações de medicamentos de outros países exigem uma série de documentos do importador. Segundo ela, nesse caso, o único que falta é o alvará sanitário, que é expedido pela Vigilância Sanitária do Município (Covisa). Ela avalia se o local onde o medicamento ficará armazenado é adequado para preservar as propriedades e a qualidade do produto. “Realmente não sei porque a Covisa ainda não expediu este documento”. O Daonil é apenas um dos tipos de medicamentos que integra os cinco pacotes, no total de 10 mil compridos, doados pelo Instituto Internacional MEDOR, organização não governamental formada por médicos e com sede na Alemanha. Além da diabetes, no lote há também remédios ginecológicos, oftalmológicos e dermatológicos. Os produtos foram doados ao padre Tiago Theisen, da paróquia Santa Maria Mãe, na zona norte. Há 22 anos o sacerdote recebe essa doação. Essa foi a primeira vez que aconteceu o problema com a Receita Federal. “Falta medicamento na Secretaria Municipal de Saúde e, ao mesmo tempo, a lei brasileira impede de chegar remédios do exterior”, lamentou o padre Tiago. Ele se mostrou irritado com a apreensão dos remédios e disse que não solicitará mais doações da entidade internacional. “Não peço mais remédio e também não vou mais lutar para a liberação desses remédios.” O sacerdote disse que se os produtos ainda forem liberados, poderão ser doados até mesmo à Secretaria Municipal de Saúde. “Nos anos anteriores eu doei à universidade e ao abrigo de idosos”, disse o padre. Os segredos da obesidade IstoÉ, 30 de agosto de 2002 Em agosto, cinco mil especialistas de várias nacionalidades vieram ao Brasil para discutir as estratégias para vencer os quilos a mais em três eventos internacionais de porte, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Por alguns dias, o País, onde cerca de 40% da população está acima do peso, foi o palco mundial da luta contra a obesidade. Muita coisa pode mudar a partir dessas reuniões, já que foram divulgados avanços suficientes para reformular conceitos sobre obesidade. À luz das descobertas, não dá mais para imaginar que o gordo com dificuldade de emagrecer ou aquele que recupera peso após fazer um tremendo sacrifício carece de disciplina. As pesquisas mostram que a fome e a vontade de comer estão intimamente ligadas a aspectos genéticos e a hormônios, que agora começam a ser mais conhecidos. “De doze substâncias presentes no corpo que interferem nesses mecanismos, três têm papel importante: a grelina, a leptina e o PYY3-36”, diz o endocrinologista Geraldo Medeiros, autor do livro O Gordo absolvido e presidente do 9º Congresso Internacional de Obesidade, realizado em São Paulo. Um dos mais investigados é a leptina, fabricada pelas células gordurosas para provocar a satisfação do apetite. Um estudo, feito pelo cientista brasileiro Júlio Licínio, da Universidade da Califórnia, mostrou a falta que a substância faz. Ele tratou com doses de leptina dois irmãos e um primo de uma família turca com problemas na fabricação da substância. Nenhum deles comia exageradamente, mas todos tinham obesidade mórbida, a mais perigosa e definida por Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 40 (obtém-se esse índice dividindo-se o peso pela altura ao quadrado). “Com o nível de leptina restabelecido, emagreceram em dez meses, sem dieta”, conta Licínio. A substância também faz parte de uma espécie de conspiração do corpo para engordar ex-obesos. Quem defende a teoria é o cientista americano Rudolph Leibel, da Universidade de Columbia. “A perda do tecido gorduroso, onde é fabricada a leptina, faz cair a quantidade desse hormônio e também a queima de energia”, explica Leibel. O resultado não é nada bom: como o mecanismo 325 Continuação que dá o sinal de saciedade está com defeito, come-se além do necessário até sentir que chega. Por mecanismos como esse, está em curso mais uma mudança na compreensão da gordura. “Ela é um tecido inteligente, que produz dezenas de substâncias”, diz o endocrinologista Alfredo Halpern, presidente científico do encontro de São Paulo. Outro hormônio associado ao apetite, a grelina (fabricada no estômago para avisar o cérebro que é hora de comer) também está envolvida nas sabotagens para impedir a perda de peso. Estudos mostram que os ex-gorduchos apresentam duas a três vezes mais grelina do que as pessoas que não fizeram dieta. Isso também não é bom, porque quantidades maiores de grelina significam mais sensação de fome. Há outras substâncias sendo esmiuçadas, entre elas a adiponectina e o neuropeptídeo Y. “Elas nos ajudam a entender como é regulado o nosso equilíbrio energético”, explica o endocrinologista Walmir Coutinho, um dos organizadores do Simpósio Internacional em Obesidade, Hormônios e Síndrome Metabólica, que aconteceu no Rio. Porém, o composto que mais entusiasma os cientistas é o hormônio PYY3-36, fabricado no intestino após as refeições. Em um estudo publicado em agosto na revista Nature, pesquisadores injetaram a substância em voluntários e obtiveram resultados impressionantes, como a redução de 35% do apetite durante 24 horas. “É uma descoberta maravilhosa, mas ainda cumprirá várias etapas de testes até trazer benefícios práticos”, pondera o médico Medeiros. Em busca de armas mais eficazes, a ciência se debruça ainda sobre a genética. O canadense Claude Bouchard, autoridade no assunto, sustenta que há alta probabilidade de que pacientes com IMC superior a 33 tenham uma grande predisposição genética para a obesidade. Até o momento, os especialistas não identificaram os genes específicos para a doença, embora contabilizem 60 genes relacionados ao mal. 326 Diabetes Clínica 05 (2002) Avanços terapêuticos e tecnológicos Jean-Louis Chiasson, Research Centre, Centre Hospitalier de l’Université de Montréal, Hôtel-Dieu, Department of Medicine, University of Montreal, Quebec, Canadá e The STOP-NIDDM, Lancet 2002; 359: 2072-77, 15 de junho de 2002 Acarbose na prevenção do diabetes mellitus tipo 2: Resultados do estudo randomizado STOP-NIDDM Introdução: O crescimento mundial do diabetes tipo 2, tornou a doença um grande problema de saúde pública. Nosso objetivo foi o de avaliar o efeito da acarbose para prevenir ou atrasar a conversão da intolerância à glicose (IGT) em diabetes tipo 2. Métodos: Estudo multicêntrico, randomizado, controlado por placebo, no qual os pacientes portadores de intolerância à glicose receberam acarbose 100 mg ou placebo 3 vezes ao dia. O primeiro prazo foi o desenvolvimento de diabetes controlado por teste de tolerância oral à glicose (OGTT). Resultados: 714 pacientes com IGT foram randomizados para receber acarbose e 715 receberam placebo. 61 pacientes (4%) foram excluídos por não apresentarem IGT ou dados de pós-randomização. 211 (31%) dos 682 pacientes do grupo acarbose e 130 (19%) dos 686 pacientes do grupo placebo, interromperam o tratamento precocemente. 221 (32%) pacientes randomizados por acarbose e 285 do grupo placebo desenvolveram diabetes.Acarbose aumentou significativamente a reversão da intolerância à glicose para tolerância normal à glicose (p < 0,0001). No final do estudo, o tratamento com placebo durante 3 meses foi associado ao aumento da conversão da intolerância à glicose em diabetes. Os efeitos adversos mais frequentes da acarbose foram flatulência e diarréia. Conclusão: Acarbose pode ser utilizada, como alternativa ou complemento das alterações do estilo de vida, para prevenir o desenvolvimento do diabetes tipo 2 em pacientes portadores de intolerância à glicose. MS Kipnes et al, 38th Annual Meeting of the European Association for the Study of Diabetes, 1 a 5 de setembro de 2002, Budapest, Hungria Eficácia e segurança do tratamento com sinvastatina em pacientes diabéticos tipo 2, tratados com tiazolidinedionas Objetivos: A doença cardiovascular é a maior causa de morte entre os pacientes portadores de diabetes tipo 2 (DM2). Com o objetivo mais agressivo de diminuição do LDL-colesterol em pacientes diabéticos tipo 2, sugerido no recente NCEP ATP III, o tratamento de inúmeros pacientes não está adaptado. O tratamento com tiazolidinedionas melhora o controle glicêmico mas não diminui as concentrações de LDL-colesterol. Avaliamos a eficácia e segurança do tratamento com sinvastatina em pacientes diabéticos tipo 2 tratados com tiazolidinedionas. Continuação Material e métodos: Neste estudo multicêntrico, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, paralelo, de 2 braços, pacientes diabéticos tipo 2 com HbA1c ≤ 9,0% e LDL-C > 100 mg/dl (2,59 mmol/l), receberam rosiglitazona ou pioglitazona (terapia complementar ou outro remédio antidiabético era permitido) e foram classificados em função do tratamento e dose. Também foram randomizados para sinvastatina 40 mg (n = 123) ou placebo (n = 130) durante 24 semanas. Foram avaliados os efeitos da sinvastatina sobre LDL-C e outros lípides. Resultados: Sinvastatina foi responsável por uma diminuição significativa (p < 0,001) dos níveis de LDL-C, quando comparada com placebo. Níveis médios de LDL-C ficaram estáveis no grupo placebo, mas foram reduzidos em 32% de 134 mg/dl (3,47 mmol/L) no início para 90 mg/dl (2,33 mmol/l) na 24o semana, em pacientes tratados por sinvastatina. No que se refere ao placebo, a sinvastatina foi responsável por diminuições significativas no colesterol total, triglicérides, não-HDL-C e apoliprotéina B, e aumentos significativos em HDL-C e apo A-I. O controle glicêmico (HbA1c), insulina de jejum, creatinina quinase e níveis de transaminases hepáticas não foram significativamente diferentes entre os 2 grupos. Conclusão: Em pacientes diabéticos tratados por TZD em monoterapia ou combinado com outro tratamento antidiabético, a sinvastatina 40 mg foi bem tolerada e induziu melhoras significativas dos níveis plasmáticos de LDL-C e outros parâmetros lipídicos. Entretanto, a sinvastatina é um tratamento eficiente e bem tolerado da hiperlipidemia, quando usada em combinação com TZD em pacientes portadores de diabetes tipo 2. Efeito da sinvastatina no perfil lípides/lipoproteínas em pacientes diabéticos tratados por TZD Média+ (DP) % alteração a partir do início Grupo N LDL-C TC non-HDL-C Placebo 123 2(1) 0(1) 0(1) TG+ Apo B HDL-C Apo A-I -3(3) -2 (1) -1(1) -2 (1) -19 (3)** -29 (1)** 4 (1)* 1 (1)* Sin 40 mg 119 -32 (2)** -24 (1)** -32 (2)** *p<0,05, **p<0,001 relativo ao placebo J. Herwig et al, 38thAnnual Meeting of the European Association for the Study of Diabetes, 1 a 5 de setembro de 2002, Budapest, Hungria Experiência com insulina glargina em crianças, jovens e adolescentes diabéticos tipo 1: estudo prospectivo Introdução e objetivos: Insulina glargina (Lantus) é um novo análogo de insulina que fornece insulina basal durante 24 horas, sem pico pronunciado de atividade. Estudos clínicos extensivos têm demonstrado a eficácia e segurança da insulina glargina em adultos. Entretanto, existe menos experiência de insulina glargina em pacientes pediátricos e, na Europa, a glargina ainda não está aprovada para uso em pediatria. O objetivo desse estudo prospectivo, foi observar o efeito da insulina glargina e da insulina NPH sobre o controle metabólico e a qualidade de vida em pacientes pediátricos portadores de diabetes tipo 1. Material e métodos: Os pacientes (≥ 5 anos) receberam insulina prandial (regular ou lispro), e insulina NPH uma, duas ou três vezes ao dia (62 pacientes), ou insulina glargina uma vez ao dia (67 pacientes), entre 6 horas Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 05 (2002) Continuação 329 da tarde e meia-noite. Pacientes dos grupos glargina e NPH foram tratados durante 10,9 ± 8,6 e 11,7 ± 8,3 meses, respectivamente. Resultados: Níveis de glicose aumentaram levemente nos grupos glargina (linha base: 7,3 ± 1,0%, final: 7,7 ± 1,6%) e NPH (linha base: 7,6 ± 1,6%, final: 7,9 ± 1,5%). A dosagem de insulina regular aumentou mais no grupo NPH (linha base: 0,55 ± 0,26 IU/kg, final: 0,63 ± 0,19 IU/kg) do que no grupo glargina (linha base: 0,61 ± 0,16 IU/kg, final: 0,62 ± 0,12 IU/kg). Existia uma tendência para hipoglicemia sintomática menos importante no grupo glargina, em comparação com NPH. A incidência da hipoglicemia severa foi levemente menor no grupo glargina do que no grupo NPH (0,31 vs. 0,36 episódios/paciente/ano, respectivamente). A qualidade de vida percebida foi melhor no grupo glargina. Nenhum dos pacientes, usando insulina glargina, aceitaram voltar para as antigas preparações de insulina, porque preferiram dormir e usar só uma aplicação. Conclusões: Insulina glargina pode ser associada com menor risco de hipoglicemia sintomática em pacientes pediátricos, notadamente a hipoglicemia severa (grupo de adolescentes), e os pacientes preferiram a insulina de longa ação glargina. S. Shakuto et al, 38thAnnual Meeting of the European Association for the Study of Diabetes, 1 a 5 de setembro de 2002, Budapest, Hungria Efeito profilático da sulfoniluréia glimepirida sobre aterosclerose Introdução e objetivos: A prevenção do desenvolvimento ou progressão da aterosclerose é imperativo no tratamento de pacientes diabéticos. Esse estudo examinou o efeito profilático potencial da glimepirida (Amaryl) sobre a aterosclerose, em coelhos alimentados com colesterol, e investigou o mecanismo de ação da glimepirida sobre a oxidação das células endoteliais arteriais coronarianas mediada por LDL. Material e métodos: Estudo 1 - Velhos coelhos de 10 semanas foram randomizados em 4 grupos (8 por grupo, n = 32), e receberam uma dieta com 1% de colesterol durante 10 semanas. O grupo controle recebeu a dieta de colesterol e os três outros grupos receberam glimepirida 0,1 mg/kg/dia, glibenclamida 0,25 mg/kg/dia, ou gliclazida 4 mg/kg/dia. A dieta diária foi restrita de 100g para todos os coelhos. Os níveis de lípides plasmáticos foram medidos a cada 2 semanas. Após 10 semanas, aortas torácicas foram retiradas e cobertas com óleo vermelho, e foi calculada a percentagem da superfície com lesões. Foi realizada uma avaliação histológica das lesões óleo vermelha positivas. Estudo 2 - Velhos coelhos de 12 semanas foram randomizados em 2 grupos; grupo controle (n=14) e grupo glimepirida 0,1 mg/kg (n=15). A dieta foi semelhante à do primeiro estudo. Após 10 semanas, aortas torácicas e fígados foram removidos e foram determinados os conteúdos em peróxidio lipídico e lípides tissular. Estudo 3 - Células HCAE foram incubadas na presença ou ausência de glimepirida, e foi avaliada a extensão da peroxidação lipídica. Resultados: Nos coelhos alimentados por colesterol do primeiro estudo, foi observada uma acumulação de células ricas em lípides, nas áreas focais da intima arterial. O tratamento com glimepirida determinou uma diminuição significativa da percentagem observada das lesões ateroscleróticas óleo vermelha positivas (controle: 57,5 ± 7,1% vs. glimepirida: 20,6 ± 4,8%, p < 0,01), sem alteração nos níveis de lípides plasmáticos. Resultados semelhantes foram observados no estudo 2. Os resultados de glibenclamida e gliclazida no primeiro estudo foram semelhantes aos do controle e um número significativamente maior de lesões ateroscleróticos foi observada com glicazida Continuação vs. glimepirida (p < 0,05). Foi observada uma diminuição significativa nos conteúdos de lípides e peroxídios lipídicos nas aortas torácicas para glimepirida (p < 0,001 vs. controle), sem alteração significativa no nível de lípide hepático no estudo 2. Em contraste, glibenclamida e gliclazida não conseguiram inibir a aterogênese. Em células HCAE, glimepirida (mas não glibenclamida ou gliclazida) inibiu a modificação oxidativa do LDL, dependendo da dosagem (IC50 = 8.8 x 10-7 M) sem citotoxicidade. Conclusão: Estes achados sugerem que glimepirida pode prevenir o desenvolvimento da aterogênese em um modelo aterosclerótico animal, e que o mecanismo implicado pode ser a inibição da oxidação LDL endotelial mediada células cell-mediated LDL oxidation. C. Thivolet et al, 38thAnnual Meeting of the European Association for the Study of Diabetes, 1 a 5 de setembro de 2002, Budapest, Hungria Tratamento com misturas e insulina aspart bifásica melhora o controle glicêmico em pacientes diabéticos Introdução e objetivos: Insulina aspart bifásica é uma mistura de insulina aspart (IAsp) solúvel (de ação rápida) e de cristalizada em protamina (ação intermediária). As formulações high-mix BIAsp 50 e BIAsp 70 contêm 50 e 70% Iasp solúvel, respectivamente. Este estudo investigou se a BIAsp 50 ou 70, comparadas com insulina humana bifásica (BHI 30), melhoram o controle glicêmico em pacientes portadores de diabetes. Material e métodos: Um total de 657 pacientes portadores de diabetes tipo 1 (184) ou tipo 2 (473), tratados com BIAsp três vezes ao dia (331) ou BHI 30 duas vezes (326), foram incluídos nas análises de comparação. As características demográficas no início (idade, sexo e IMC) e diabéticas (duração do diabetes e HbA 1c ), foram comparáveis entre os grupos. Pacientes do grupo BIAsp foram alocados para BIAsp, 50 quando seu IMC era acima de 30 kg/m 2 ou para BIAsp 70 se era abaixo de 30 kg/m 2. Para os dois tratamentos BIAsp, a dose diária total de insulina foi aumentada em 10%, na dose diurna, e a BIAsp 30 foi permitida no jantar, quando necessária. A eficácia foi avaliada por HbA 1c e parâmetros derivados dos perfis da glicose sanguínea obtidos após 16 semanas de tratamento. Resultados: No grupo diabetes tipo 2, HbA1c foi menor com tratamento BIAsp do que com BHI 30 (8,32 vs. 8,68%, p < 0,01). Isso foi confirmado por achados de níveis menores de glicose sanguínea para BIAsp comparada com BHI 30: glicose sanguínea média (9,05 vs. 10,0 mmol/ l, p < 0,01), média de aumento de glicose sanguínea prandial (1,52 vs. 3,21 mmol/l, p < 0,01). Também, os valores de glicose sanguínea individual foram geralmente menores com BIAsp comparada com BHI 30, apesar de que a diferença estatisticamente significativa não foi observada para os níveis pré-almoço e noturnos. Entretanto, o nível de glicose sanguínea pré-café da manhã foi maior para BIAsp do que para BHI 30 (em 1,21 mmol/l, p < 0,01), o que indica um melhor controle noturno com BHI 30. No grupo tipo 1, menos parâmetros atingiram uma diferença estatisticamente significativa, e o tratamento com BIAsp não apareceu tão favorável quando comparado com BHI 30, do que no grupo tipo 2. Para a população total, não foram observadas diferenças significativas, no que se refere ao risco relativo de episódios hipoglicêmicos entre BIAsp e BHI 30 (1,4, p = 0,57). Entretanto, o risco relativo de episódios hipoglicêmicos menores foi de 1,56 (p < 0,01) para Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 05 (2002) Continuação 331 BIAsp comparada com BHI 30. Geralmente as taxas de episódios hipoglicêmicos foram maiores para BIAsp do que para BHI 30, mas a maioria dos episódios de hipoglicemia foram leves ou sintomáticos e ocorreram durante o dia, o que permite ao paciente tomar medidas apropriadas. Também, episódios hipoglicêmicos ocorreram com mais freqüência no grupo tipo 1 do que no grupo tipo 2. Conclusão: Tratamentos com insulina aspart bifásica high-mix mostrou melhor controle glicêmico global, quando comparados com insulina humana bifásica low-mix, apesar dos níveis maiores da glicose sanguínea de manhã. Não foram observados diferenças no risco relativo de episódios hipoglicêmicos severos, mas o risco relativo de episódios hipoglicêmicos menores foi maior para BIAsp do que para BHI 30. Entretanto, a maioria destes episódios hipoglicêmicos menores ocorreram durante o dia. C. Weyer et al, 38thAnnual Meeting of the European Association for the Study of Diabetes, 1 a 5 de setembro de 2002, Budapest, Hungria Reposição de amilina durante refeição com pramlintide melhora significativamente as excursões de glicose pós-prandial, quando adicionada à insulina regular e insulina lispro em pacientes diabéticos tipo 1 Introdução e objetivos: Pacientes diabéticos tipo 1 sempre manifestam hiperglicemia pós-prandial, o que contribui insatisfatoriamente para o controle total da glicemia (HbA1c). Apesar de análogos de insulina de ação rápida limitarem excessivamente as excursões de glicose pós-prandial, eles não reestabelecem o controle normal da glicose pós-prandial. A amilina é um hormônio secundário secretado pelas células β, que é normalmente cosecretada juntamente à insulina em resposta às refeições, complementando os efeitos da insulina na regulação da glicose durante a refeição, e é deficiente em pacientes diabéticos tipo 1. Estudos anteriores demonstraram que injeções durante à refeição de pramlintide (PRAM), um análogo sintético da amilina, melhoram as excursões de glicose pós-prandial, quando adicionadas à insulina regular (IR) em pacientes diabéticos tipo 1. No presente estudo, foi medido o efeito de redução da glicose pós-prandial do pramlintide, quando adicionado a RI ou insulina lispro (LIS), com ênfase especialmente na ótima dose-tempo. Material e métodos: Em estudo randomizado, simples-cego, com controle placebo, cruzado, 15 pacientes diabéticos tipo 1, tratados com IR [idade 40 ± 16,2, HbA1c 9,1 ± 1,3%, (média ± DP)] e 20 pacientes diabéticos tipo 1, tratados com LIS [idade 41 ± 11,6, HbA1c 8,3 ± 1,2%] foram submetidos a cinco testes consecutivos com mix de refeições (30% dos requerimentos calóricos diários, 55%/15%/30% das kcal de carboidrato/proteína/gordura, respectivamente). De forma randomizada, os voluntários receberam injeção subcutânea de placebo (PBO) - 15 min, ou PRAM (60 µg) -15, 0, +15, e +30 min relativos à refeição, além da dose usual de IR ou LIS (injetada em –30 e 0 min, respectivamente). As concentrações de glicose plasmáticas foram medidas antes, durante e 4 horas após a refeição. Resultados: Quando injetado no 0 min, PRAM reduziu a excursão de glicose pós-prandial por ~95% comparado com IR + PBO (incremento AUC: 13 ± 177 vs. 225 ± 232 mg hr/dl, p<0,05) e por ~75% comparado com LIS + PBO (incremento AUC: 41 ± 171 vs. 172 ± 211 mg hr/dl, p< 0,05). Nos dois exemplos, o aumento da glicose plasmática durante os primeiros 90 min após a refeição, foi efetivamente prevenido (variação da linha de base para 90 min: -13 vs. +94 mg/dl quando usado IR e –22 vs. +74 mg/dl quando usado com LIS). Quando PRAM foi injetado em +15 ou +30 min, a AUC da glicose pós- Continuação prandial também foi reduzida, porém numa menor extensão (~80% e 90% no grupo IR e ~50% e 40% no grupo LIS, respectivamente). O tratamento com pramlintide foi bem tolerado e nenhum evento adverso sério foi reportado. Conclusão: A reposição de amilina através de injeção subcutânea de pramlintide, imediatamente antes das refeições, melhora consideravelmente as excursões de glicose pós-prandial em paciente portador de diabetes tipo 1, independentemente se o pramlintide é adicionado à insulina regular ou ao análogo de insulina de ação rápida. C. Levetan et al, 38thAnnual Meeting of the European Association for the Study of Diabetes, 1 a 5 de setembro de 2002, Budapest, Hungria Pramlintide durante 4 semanas diminui as excursões da glicose em pacientes diabéticos tipo 1, tratados intensivamente com bombas de insulina Introdução e objetivos: Excursões excessivas da glicose, incluindo picos hiperglicêmicos e episódios de hipoglicemia, representam um problema maior para pacientes portadores de diabetes tipo 1, mesmo para os intensivamente tratados e com valores satisfatórios de HbA1c. Este estudo usou um sistema de monitoração continua da glicose (Minimed), para avaliar o efeito da pramlintide sobre as excursões da glicose em pacientes portadores de diabetes tipo 1, intensivamente tratados com aplicação subcutânea continua de insulina. Material e métodos: Neste estudo duplo cego, em dois centros, 24 pacientes portadores de diabetes tipo 1 (42 ± 11 anos; HbA1c 8,2 ± 1,7%, média ± DP), utilizando infusão continua de insulina subcutânea, receberam injeções préprandiais de placebo (n = 6) ou 30 µg de pramlintide (n = 18) 3 vezes ao dia durante 4 semanas. As doses de insulina pré-prandial foi inicialmente reduzida de 10 para 20%. As concentrações da glicose intersticial foram medidas a cada 5 minutos, durante 24 horas, utilizando a monitoração contínua da glicose nas semanas 0 (início), 4 (tratamento) e 6 (pós-tratamento). Resultados: No início, pacientes apresentaram excursões excessivas de glicose, gastando em média 59% de um período de 24 horas, com valores da glicose acima de 140 mg/dl, 13% abaixo de 80 mg/dl, e 28% com taxas euglicêmicas (80 to 140 mg/dl). Após 4 semanas de pramlintide, o tempo acima da euglicemia diminuiu para 48% e o tempo de euglicemia aumentou de 32 para 37%. Essa alteração do intervalo hiperglicêmico para euglicemico, ocorreu sem aumento significativo da hipoglicemia (15%), sem eventos hipoglicêmicos severos, e com dose de insulina pré-prandial diminuídas em aproximadamente 20%. Na semana 6 (pós-tratamento), o perfil da glicose de 24 horas voltou para os valores pré-tratamento. Conclusão: Esses resultados indicam que, na estratégia para terapia intensiva de insulina em pacientes portadores de diabetes tipo 1, a substituição da amylin para pramlintide diminui as excursões excessivas da glicose, o que pode ajudar o paciente atingir os objetivos de controle glicêmico. P. Valensi et al, 38thAnnual Meeting of the European Association for the Study of Diabetes, 1 a 5 de setembro de 2002, Budapest, Hungriá Efeito positivo do orlistat no controle de níveis de glicose sanguínea em pacientes diabéticos tipo 2 obesos ou com sobrepeso Introdução e objetivos: A perda de peso é difícil de ser atingida e é considerada como sendo de suma importância para a melhora dos níveis sanguíneos de pacientes diabéticos tipo 2 (DM2) com sobrepeso. O objetivo 334 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 05 (2002) Continuação deste estudo foi determinar o uso do orlistat para ajudar a perda de peso e os parâmetros glicêmicos em pacientes com pouco controle dos níveis sanguíneos de glicose. Material e métodos: Este estudo multicêntrico, duplo-cego, incluiu 193 pacientes com sobrepeso e obesos (18-65 anos; IMC 28-40kg/m²) com DM2 (HbA1c 7-9%). Os pacientes foram tratados com metformina, sulfoniluréias, ou ambos, numa dose estável, durante pelo menos 3 meses, porém foram insuficientemente equilibrados. Os pacientes foram randomizados para o tratamento com orlistat (ORL) 120 mg (n = 97) ou placebo (PL; n = 96), juntamente com uma dieta com redução calórica moderada por 6 meses. As análises foram conduzidas na população ITT (modelo ANCOVA) e os resultados apresentados como médias SEM. Resultados: Os dois grupos de pacientes foram comparáveis na linha de base em se tratando dos parâmetros principais de IMC (média=33,7 ± 3.4 kg/ m²) e HbA1c (média = 7,7 ± 0,8%). Aos seis meses, a perda de peso foi maior no grupo ORL comparado ao grupo PL (-3,9 ± 3,4% vs –1,3 ± 2,6%, p < 0,0001). A melhora dos níveis de HbA1c também foi maior no grupo ORL (0,54 ± 0,10% vs. –0,18 ± 0,09%; p < 0,002). A redução de ³ 1% em HbA1c foi atingida em 33% dos pacientes tratados com ORL versus 21% dos pacientes tratados com PL (p = 0,023) e uma redução de ³ 1,5% também foi atingida em pacientes tratados com ORL (19% vs 4%; p < 0,001). O nível de 6.5% de HbA1c em plasma marcado foi atingido por 36% dos pacientes tratados com ORL. A melhora dos níveis de glicemia de jejum foi maior no grupo tratado com ORL comparado com PL (-1,39 ± 0,22 mmol/l vs. –0,50 ± 0,24 mmol/l, p < 0,0001). A dose oral de medicamento anti-diabético foi significativamente mais reduzida nos pacientes tratados com ORL (10,3%) do que no PL (1,2%; p < 0,002). Pacientes que perderam mais do que 5% do seu peso inicial em 3 meses, constituíram um subgrupo de resposta precoce (n = 24). Este subgrupo atingiu uma perda de peso de –8,6 ± 3,1% e uma melhora de HbA1c de –1,27 ± 0,17% em 6 meses. Conclusões: Estes resultados demonstram que a adição do orlistat à terapia convencional, mas insuficientemente ativa com antidiabéticos orais, promovem melhora significativa no controle sanguíneo de pacientes diabéticos tipo 2 obesos ou com sobrepeso. Mais interessantemente, 25% dos pacientes tratados com ORL responderam precocemente e seus níveis médios de HbA1c foram reduzidos em 1,27%. P. Home, European Insulin Glargine Study Group, Newcastle upon Tyne, United Kingdom, 38thAnnual Meeting of the European Association for the Study of Diabetes, 1 a 5 de setembro de 2002, Budapest, Hungria Estudo multicêntrico randomizado de insulina glargina versus insulina NPH em pacientes portadores de diabetes tipo 1 Introdução e objetivos: Insulina glargina (Lantus) é um novo análogo da insulina humana que imita a secreção normal de insulina basal. O objetivo deste estudo foi comparar a insulina glargina com a insulina NPH, para suplementação de insulina basal em adultos portadores de diabetes tipo 1. Material e métodos: Neste estudo multicêntrico, randomizado, aberto, 585 pessoas com diabetes tipo 1 (idade 17-77 anos) foram randomizadas para receber uma vez ao dia (na hora de dormir) insulina glargina (n = 292), ou uma ou duas vezes por dia insulina NPH (n = 147 e n = 146, respectivamente) por 28 semanas. Para aquelas pessoas randomizadas com insulina NPH, a escolha do tratamento de uma ou duas vezes ao dia, foi feita para que elas permanecessem em regime similar ao usado no pré-estudo. Todos os indivíduos continuaram com insulina humana regular prandial como no pré-estudo. Resultados: Características das linhas base foram similares entre os Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 05 (2002) Continuação 335 indivíduos tratados com insulina glargina e insulina NPH. A média de idade foi 39,2 anos, duração do diabetes 15,5 anos, e IMC 24,9 kg/m2. A linha base para HbA1c foi 7,9 ± 1,2 e 8,0 ± 1,2%, e glicemia de jejum foi 9,3 ± 2,7 e 9,2 ± 2,4 mmol/l (média ± DP) nos grupos de tratamento com insulina glargina e insulina NPH, respectivamente. Não existiram diferenças significativas entre os grupos de insulina glargina e insulina NPH na linha de base até o ponto final na HbA1c (0,21 ± 0,05 e 0,10 ± 0,05%, respectivamente [média ± DP]). A linha de base até o ponto final na glicemia de jejum também foi similar entre os grupos tratados com insulina glargina e insulina NPH (–1,17 ± 0,12 e –0,89 ± 0,12 mmol/l). Entretanto, em pessoas que previamente tinham estado em regime de insulina basal duas vezes ao dia, houve um decréscimo clinicamente relevante da linha base até o ponto final na glicemia de jejum de pacientes tratados com insulina glargina, comparado com os pacientes tratados com insulina NPH (–1,42 ± 2,51 e –0,81 ± 1,92 mmol/l [média ± DP]). Não houve diferença significativa entre os grupos tratados no que diz respeito ao número de indivíduos relatando ≥ 1 episódio de hipoglicemia sintomática, incluindo episódios severos e noturnos. Insulina glargina foi bem tolerada, com uma taxa similar de lugares de injeção e eventos adversos sistêmicos comparados à insulina NPH, e não houve diferença significativa entre os dois grupos tratados com anticorpos para insulina. Conclusão: Insulina glargina, administrada em uma dose única, subcutânea, ao deitar, combinada à insulina humana regular prandial em pessoas portadoras de diabetes tipo 1, promove um controle dos níveis glicêmicos ao menos equivalente ao alcançado com insulina NPH com insulina prandial, sem aumento do risco de hipoglicemia. Diabetes Clínica 05 (2002) 337 Produtos e novidades Lowçucar: Pó para preparo de bolo light, sorvete light e pudim light · O pó para preparo de bolo light Lowçucar permite fazer bolos sem açúcar. Além de facilitar a vida, o bolo light Lowçucar tem uma redução de 38% de calorias e 78% de gorduras em relação ao bolo comum. O produto está disponível em embalagem de 300g, no sabor chocolate, com as seguintes formas: tipo bolo inglês (9x20cm), redondo com furo (18cm) e retangular (20x25cm). · O pó para preparo de sorvete light Lowçucar possui uma redução calórica de 48% em relação ao sorvete com açúcar, além de ser isento de açúcar em sua formulação. Este produto é adaptado para a produção em grande escala, pois com apenas uma embalagem pode-se preparar 10 litros de sorvete. O pó para preparo de sorvete Lowçucar está disponível, em embalagens de 1 kg, nos sabores chocolate, morango, coco e nata. · Com apenas uma embalagem de pó para preparo de pudim Lowçucar, pode-se fazer 28 porções de 100 g. O pudim light Lowçucar tem uma redução calórica de 50% em relação ao pudim com açúcar, além de não conter açúcar em sua formulação. Ez-Vac para facilitar o uso de lugares alternativos de amostras de sangue Ez-Vac é um pequeno sistema, bastante simples, que permite escolher lugares alternativos para pegar pequenas amostras de sangue, como, por exemplo, no antebraço, evitando, assim, as picadas dolorosas na ponta dos dedos. Basta aplicar Ez-Vac na pele do antebraço, apressar o pistão e liberar, criando um vazio para atrair o sangue na pele. Assim, o uso de testes de tiras reagentes é mais simples, a escolha de lugares de picadas é maior e a dor é minimizada. 338 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 05 (2002) Penfine: Nova geração de agulhas As agulhas universais Penfine da Disetronic, de uso único, podem ser utilizadas com a maioria das canetas e sistemas de administração de insulina. Um simples clic permite inserir a agulha. O comprimento da agulha, de 6 a 10 mm (diâmetro de 0,25 a 0,33 mm), permite aplicar a insulina no lugar certo do tecido subcutâneo e sem risco. Micromat II: Novo sistema de medição da hemoglobina glicosilada de Bio-Rad Laboratories O sistema fácil para medir a HbA1c do laboratório Bio-Rad, permite conhecer imediatamente, durante a consulta do paciente, a taxa de hemoglobina glicosilada. Este pequeno sistema, aprovado pelo National Glycohemoglobin Standardization Program do Diabetes Control and Complications Trial (DCCT), usa uma amostra de sangue de 10 ml e mostra o resultado na telinha, 5 minutos após o início do procedimento. Diabetes Clínica 05 (2002) 339 Resumos de trabalhos e congressos T. Konrad et al, Istitute foor Metabolic Research, Frankfurt, 38th Annual Meeting of the European Association for the Study of Diabetes, 1 a 5 de setembro de 2002, Budapest, Hungria Impacto da pioglitazona sobre a resistência à insulina e a pressão sanguínea em pacientes não diabéticos portadores de hipertensão arterial Introdução e objetivo: A resistência à insulina (IR) é uma anormalidade complexa e precoce em pacientes hipertensivos, afetando a glicose, o metabolismo dos lípides e a reatividade vascular. Foi demonstrado que a pioglitazona, sensibilizador à insulina, diminui a resistência à insulina e, conseqüentemente, melhora o controle glicêmico, bem como a dislipidemia diabética em pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2 (DM2). Os efeitos de PIO sobre a resistência à insulina, pressão sanguínea e parâmetros metabólicos, em pacientes não diabéticos portadores de hipertensão arterial, não foram ainda estudados. Material e métodos: 48 pacientes não diabéticos, portadores de hipertensão arterial moderada, foram tratados em um estudo clínico de fase II randomizado, monocêntrico, duplo cego, com PIO 45 mg (n = 23) ou com placebo (n = 25) durante 16 semanas. Foram avaliados a glicose corpo inteiro derivada da taxa de infusão da glicose (GIFR) no clamp euglicêmico-hiperinsulinemico, aplicando o protocolo do European Group for the Study of Insulin Resistance (EGIR), medições clássicas da pressão arterial e situação metabólica, incluído um teste de tolerância oral à glicose de 75 g (OGTT). Resultados: Parâmetro Pioglitazona 45 mg Antes GIFR (mg/[min x kg BW] 4,3 ± 2,1 HOMA IR 58,9 ± 63,4 AUC0-120 Glicose 17,0±3,7 AUC0-120 Insulina 9,3 ± 5,9 RR syst (mm Hg) 141,9 ±11,8 RR diast (mm Hg) 88,7 ± 8,2 Glicose plasmatica de jejum (mmol/l) 5,4 ± 0,8 Insulina plasmática de jejum (pmol/l) 90,2 ± 50,0 peptídeo-C plasmático de jejum (nmol/l) 1,1 ± 0,4 Placebo alteração Valor de p Semana 16 Antes Semana 16 PIO P vs. BL vs. P 5,5 ± 2,0 36,4 ±21,0 3,9 ± 1,7 56,4± 25,8 4,3± 1,5 57,1 ± 31,8 60,1 -14,3 23,3 8,8 0,0002 <0,001 0,022 0,001 15,3±2,9 17,1±4,0 18,0±2,7 -8,7 8,6 <0,001 <0,001 5,2 ± 2,1 10,1 ± 5,5 9,7 ± 7,8 -37,4 -8,2 0,018 0,002 140,6± 15,6 -4,4 -1,4 <0,001 0,275 135,2 ± 15,8 143,6 ± 17,5 80,8 ± 9,1 87,0 ±11,3 85,2 ± 10,0 -8,7 -1,4 0,001 0,016 5,1 ± 0,4 5,8 ± 0,7 5,7 ± 0,6 -4,1 -0,7 <0,001 0,002 59,6 ± 32,0 87,2 ± 45,6 84,0 + 46,9 -25,9 -2,5 <0,001 0,004 0,9 ± 0,3 1,1 ± 0,5 1,1 ± 0,5 -11,3 5,0 0,002 0,036 Conclusão: PIO melhora a sensibilidade à insulina em pacientes não diabéticos portadores de hipertensão arterial. Além disso, a melhora da sensibilidade à insulina foi associada à melhora da pressão sanguinea nestes pacientes. 340 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 05 (2002) A Bélanger, Exubera Phase III Study Group, Department of Medicine, University of Montreal, Montreal, PQ, Canadá, 38th Annual Meeting of the European Association for the Study of Diabetes, 1 a 5 de setembro de 2002, Budapest, Hungria Eficácia e segurança de insulina humana (Exubera) comparada à insulina subcutânea em pacientes diabéticos tipo 2 Objetivos: Apesar dos benefícios provados ao longo prazo do controle glicêmico realizado por insulina, o tratamento por insulina em diabetes tipo 2 é muitas vezes atrasado, ou implantado inadequadamente, em pacientes apresentando níveis elevados de HbA1c. Este estudo investigou se um tratamento por insulina, usando a liberação pulmonar de uma insulina em pó seco de ação rápida (Exubera: INH), mais uma aplicação única de insulina subcutânea de ação longa, pode fornecer um controle glicêmico semelhante de um tratamento insulínico convencional em pacientes portadores de diabetes tipo 2. Material e métodos: Neste estudo multicêntrico de fase III, pacientes diabéticos tipo 2 foram randomizados por tratamento de 6 meses, com seja, INH antes das refeições mais uma dose ao deitar de Ultralente (INH; n = 149), ou 2 aplicações de insulina SC (regular/NPH insulina; n = 150). Doses de INH foram liberadas em 1-2 inalações de 1 ou 3 mg antes das refeições. O primeiro resultado pesquisado foi a alteração de HbA1c do início até o final do estudo. Resultados: HbA1c diminuiu igualmente nos 2 grupos (INH, -0,7%; SC, 0,6%). A porcentagem de pacientes com HbA1c < 8% foi semelhante com INH (76,2%) e SC (69,0%); melhora posterior no controle glicêmico (HbA1c < 7,0%), foi observada significativamente mais em pacientes recebendo INH (46,9%) do que SC (31,7%; IC: 1,24, 4,14]). A taxa global de hipoglicemia (eventos/indivíduo-mês) foi um pouco menor no grupo INH (1,4) do que no grupo SC (1,6), sem diferença significativa em eventos severos. Pacientes tratados por INH desenvolveram anticorpos anti-insulínicos sem manifestações clínicas relevantes. A frequência global e a natureza dos eventos adversos foram comparáveis entre os grupos. A tosse foi encontrada com mais frequência no grupo INH (21% vs 3%), tendo sido avaliada como leve a moderada. Foi comparável (-0,015 L; IC: -0,063, 0,034) a diferença média ajustada no volume expiratório em 1 segundo. A capacidade de difusão do monóxido de carbono mostrou uma diferença (-0,808 ml/min/mmHg; IC: 1.574, -0.043). A caracterização dessas alterações, incluído se uma diferença dessa magnitude tem alguma significação clínica, estão em andamento. Os pacientes declararam grandes melhoras na satisfação do tratamento com INH quando comparado com SC (p < 0,0001). Conclusão: Este estudo sugere que o tratamento com INH pode fornecer uma terapia adequada para pacientes diabéticos tipo 2. I. De Leeuw et al, 38thAnnual Meeting of the European Association for the Study of Diabetes, 1 a 5 de setembro de 2002, Budapest, Hungria Menor risco de hipoglicemia noturna e de desenvolvimento favorável do peso em indivíduos diabéticos tipo 1, após 12 meses de tratamento com insulina detemir vs. insulina NPH Introdução e objetivos: Insulina detemir é o primeiro produto de uma nova classe de análogos de insulina basal, solúvel, com pH neutro. Já foi demonstrado que insulina detemir fornece níveis de glicose mais estáveis e previsíveis, com menos variações intra-individuais do que a insulina NPH. O objetivo deste estudo foi o de comparar a segurança, a longo prazo, incluído o risco de hipoglicemia, bem como a eficácia da insulina detemir, após tratamento de 12 meses. Material e métodos: Este estudo multinacional, aberto, com grupo paralelo, incluiu um período de tratamento randomizado de 6 meses, seguido por período Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 05 (2002) Continuação 341 de extensão de 6 meses. Pacientes portadores de diabetes tipo 1 foram randomizados para receber insulina detemir ou NPH (2:1), em tratamento de bolus de insulina 2 vezes ao dia, em combinação com insulina aspart de ação rápida. Após 6 meses iniciais, 74% (216 com insulina detemir; 99 com NPH) aceitaram continuar o estudo para 6 meses de extensão. Os grupos de tratamento foram comparáveis com as seguintes características iniciais: indivíduos caucasianos homens (53%) e mulheres (47%), idade: 40,3 (12,9) anos (média ± DP); duração do diabetes 17,4 (9,9) anos; peso: 71,4 (11,3); IMC: 24,5 (3,1); HbA1c: 8,13 (1,13)%. Resultados: No total, 308 pacientes (212 com insulina detemir; 96 com NPH) completaram o estudo total de 12 meses. O controle glicêmico foi semelhante nos 2 grupos de tratamento após 12 meses, como medido por HbA1c (insulina detemir: 7,53% vs. NPH: 7,59%), glicose plasmática de jejum (insulina detemir: 10,7 vs. NPH: 10,8 mmol/l) e perfis da glicose sanguínea. O risco de hipoglicemia noturna (23:00 - 06:00) foi 32% menor (p = 0,016) em indivíduos tratados por insulina detemir do que com NPH, apesar de não existir diferença significativa no risco global de hipoglicemia. O perfil de evento adverso foi semelhante entre os 2 tratamentos; os eventos adversos sérios foram esporádicos nos 2 grupos (5,6 % e 7,1% dos indivíduos com insulina detemir e NPH, respectivamente). Exclusões devido a eventos adversos, foram pouco frequentes (<1%) nos 2 grupos. Após 12 meses de tratamento, o peso corporal médio (ajustado na linha base) foi significativamente diferente nos 2 grupos de tratamento (insulina detemir: 71,5 kg; NPH: 72,8 kg; p < 0,001). Conclusão: Insulina detemir forneceu uma diminuição significativa no risco de hipoglicemia noturna em 12 meses, no mesmo nível de controle que o NPH. Não foram observadas diferenças entre os perfis de segurança das 2 insulinas. A diferença no peso corporal médio em favor da insulina detemir pode indicar uma vantagem clínica potencial para os pacientes. J. M. Young et al, 38thAnnual Meeting of the European Association for the Study of Diabetes, 1 a 5 de setembro de 2002, Budapest, Hungriá Eficácia a longo prazo e segurança de vardenafil em homens diabéticos portadores de disfunção erétil Introdução e objetivos: Determinar a eficiência a longo prazo de vardenafil para o tratamento da disfunção erétil em homens portadores de diabetes mellitus, num estudo de 3 meses. Material e métodos: Estudo multicêntrico, randomizado, duplo-cego com 10 ou 20 mg de vardenafil via oral, administrado quando necessário. Os pacientes eram portadores de diabetes tipo 1 ou 2 e de disfunção erétil desde pelo menos 6 meses. Após 3 meses de terapia duplo-cego, os pacientes tratados por placebo, foram tratados por vardenafil 10 ou 20 mg durante 3 meses adicionais. Os pacientes recebendo vardenafil 10 ou 20 mg na randomização, foram tratados durante 6 meses. As medições de eficácia incluíram escores de ereção e taxas de sucesso na duração da ereção, a partir de diários de pacientes e questionário global de avaliação sobre a melhora das ereções. Foram notados, eventos adversos e descontinuidade do tratamento. Resultados: Um total de 340 homens continuaram o tratamento durante a sua fase de extensão; 55 homens tratados por placebo, pois foram convertidos para vardenafil 10 mg, 51 homens tratados por placebo convertidos para vardenafil 20 mg. 118 e 116 pacientes continuaram o tratamento com 10 e 20 mg, respectivamente, durante 6 meses. Um total de 328 pacientes foram validados para análise de segurança e eficácia. Após 6 meses, homens tratados com 20 mg melhoraram os escores de ereção (de 10,9 para 12,0), comparados Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 05 (2002) Continuação aos 6,8 para 8,3, nos sujeitos tratados com 10 mg. Essas alterações foram semelhantes para os pacientes anteriormente tratados por placebo ou por vardenafil. Os homens anteriormente tratados por placebo, respondem significativamente a vardenafil 10 ou 20 mg, com aumento da taxa de duração da ereção durante o ato sexual. Os eventos adversos mais frequentes, em pessoas tratadas durante 6 meses, foram a vasodilatação (11%) e a dor de cabeça (10%), mas foram encontrados só durante os 3 primeiros meses, e diminuíram bastante no período de extensão, com 3% para vasodilatação e 2% para dores de cabeça. Somente 9 pacientes pararam o tratamento por causa dos eventos adversos, com 5 casos possivelmente ou provavelmente ligados ao vardenafil. Conclusão: Em homens diabéticos, vardenafil demonstrou eficácia e segurança num período de tratamento de 6 meses, com 73% dos pacientes relatando uma ereção melhorada com a dose de 20 mg. C. G. Fanelli et al, 38thAnnual Meeting of the European Association for the Study of Diabetes, 1 a 5 de setembro de 2002, Budapest, Hungria Final n início 3 meses 6 meses Placebo para 10 mg % manutenção GAQ % 49 31 12,6 — 24,5 18 46,8 65 Placebo para 20 mg % manutenção GAQ % 46 32 10,7 — 24,1 17 54,2 71 10 mg para 10 mg % manutenção GAQ % 114 70 10,7 — 49,6 54 54,0 61 20 mg para 20 mg % manutenção GAQ % 111 79 14, — 57,0 69 61,4 73 Farmacodinâmica da infusão subcutânea de insulina glargina após o primeiro dia, comparado com o sétimo dia, em administração diária única em pacientes portadores de diabetes tipo 1 A farmacocinética (pK) e farmacodinâmica (pD) da administração subcutânea (SC) do análogo de insulina de longa ação glargina em pacientes diabéticos tipo 1 (DM1), foram avaliados somente após a primeira administração SC. Entretanto, é possível que pK/pD da insulina glargina sejam diferentes após vários dias de uso em diabetes tipo 1. Para estabelecer o pK/ pD da insulina glargina após 7 dias de uso, 20 pacientes portadores de diabetes tipo 1, recebendo múltiplas doses diárias de lispro ou insulina NPH (idade 31 ± 2 anos, duração do diabetes 11 ± 1 anos, HbA1c 7,1 ± 0,2%), foram estudados com a técnica do clamp isoglicêmico, após administração SC de 0,3 U/kg de insulina glargina em 2 ocasiões: depois da primeira administração de glargina (dia 1) e após 7 dias (dia 7), de uma administração diária única ao deitar. Dez pacientes foram randomizados para estudar a seqüência dia 1 – dia 7, outros 10 pacientes para estudar a seqüência dia 7 – dia 1 (no último grupo, após o dia 7, teve um período de eliminação de 7 dias, pois NPH foi usada, e pacientes estudados no dia 1). Pico da ação, fim e duração da ação foram definidos como anteriormente descrito (Diabetes 49:2142.8, 200): 343 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 05 (2002) Continuação Pico da ação (h) Fim da ação (h) Duração da ação (h) Dia 1 Dia 7 1,5 ± 0,3 21,9 ± 3,2 20,5 ± 3,7 0,7 ± 0,2* 23,8 ± 1,3* 23,2 ± 1,3* (*p < 0,05 vs. dia 1) O perfil de ação, como indicado pelas taxas de administração de glicose no clamp, foi mais plano no dia 7 vs. dia 1. As áreas sob a curva de infusão de glicose foram um pouco maiores no dia 7, comparados com dia 1 (19,8 ± 1,9 vs. 17 ± 2,1 mg/dl/32 h) (p < 0,05). A variabilidade inter-individual, como avaliada pelo desvio padrão das taxas de infusão da glicose, foi menor no dia 7 (0,5 ± 0,07 mg/kg/min) vs. dia 1 (0,9 ± 0,1 mg/kg/min) (p < 0,05). Conclusões: É diferente o pD da insulina glargina após 1 e 7 dias. Apos 7 dias de administração de glargina, o pico de ação é mais precoce, a duração de ação perto de 24 horas, o perfil de ação mais plano, a ação da insulina maior, e a variabilidade inter-individual menor, quando comparados com a primeira administração. Esses resultados podem ser explicados pelo tempo requerido para o análogo de insulina de longa ação atingir o estado adequado pK/pD. M. Massi Benedetti et al, 38thAnnual Meeting of the European Association for the Study of Diabetes, 1 a 5 de setembro de 2002, Budapest, Hungria Menor incidência de hipoglicemia noturna em pacientes diabéticos tipo 2, tratados com insulina glargina comparada com insulina NPH, administrada em tratamento combinado com agentes orais Introdução e objetivos: Este estudo comparou a eficácia e segurança de uma nova insulina de longa ação, insulina glargina (Lantus), com insulina NPH, cada uma administrada com tratamento conjugado com drogas antidiabéticas orais, em pacientes diabéticos tipo 2. Material e métodos: Estudo multicêntrico, aberto, randomizado com 570 pacientes diabéticos tipo 2, anteriormente tratados com agentes orais ou insulina mais agentes orais, idade 34-80 anos, tratados durante 52 semanas com insulina glargina ou insulina NPH, administrada uma vez por dia ao deitar. Agentes orais anteriores foram continuados durante o estudo. Resultados: Foi observada uma diminuição clinicamente significativa dos valores de GHb do início até o final do estudo com as duas drogas (insulina glargina: -0,46%; insulina NPH: -0,38%; p = 0,415). Durante o período de tratamento, os pacientes tratados por glargina e os pacientes tratados por NPH, experimentaram níveis similares de hipoglicemia sintomática (41 vs. 35%, p = 0,1788), usando o teste Cochran–Mantel–Haenszel. Um número significativamente menor de pacientes tratados por glargina, reportaram pelo menos um episódio de hipoglicemia noturna em comparação com pacientes tratados por NPH (12 vs. 24%, p = 0,002). A incidência de eventos adversos foi semelhante nos 2 tratamentos. No subgrupo de pacientes que não receberam insulina anteriormente, menos pacientes do grupo glargina experimentaram hipoglicemia noturna, do que no grupo NPH (10 vs. 24%, p = 0,0001). No subgrupo de pacientes com sobrepeso (IMC >28 kg/m2), menos pacientes experimentaram hipoglicemia noturna do que no grupo NPH (10 vs. 22%, p = 0,0006). 344 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 05 (2002) Continuação R. A. Gerber et al, 38thAnnual Meeting of the European Association for the Study of Diabetes, 1 a 5 de setembro de 2002, Budapest, Hungria Conclusão: Este estudo demonstrou que insulina glargina é tão eficaz como a NPH para controlar a glicemia em pacientes diabéticos tipo 2, e menos pacientes experimentaram episódios de hipoglicemia sintomática, particularmente em episódios noturnos. Balanço da complacência, satisfação do paciente e melhora do controle glicêmico em pacientes portadores de diabetes tipo 1 e tipo 2: estudos a longo prazo com insulina inalada (Exubera) Introdução e objetivos: Dados de 3 estudos clínicos de 3 meses, sugerem que terapia com insulina inalada (Exubera: INH) melhora a satisfação do tratamento em pacientes portadores de diabetes. Esta melhora da satisfação é correlata com melhora do controle glicêmico (HbA1c). É desconhecido se este resultado somente é obtido após um ano de tratamento. Material e métodos: Um tratamento de 1 ano foi proposto a pacientes portadores de diabetes tipo 1 (n = 66) e tipo 2 (n = 47), que completaram estudos separados de 3 meses, durante os quais receberam tratamento INH pré-almoço (com aplicação de Ultralente ao deitar) ou tratamento convencional de insulina subcutânea (2-3 aplicações/dia). Dados dos dois estudos foram reunidos. Satisfação do paciente (global, conveniência, facilidade de uso, conforto social) foi avaliada por questionário de 15 itens, durante o estudo anterior (no ínicio e nos três meses), e no final do período de extensão de 1 ano. Porcentagens médias da alteração de satisfação foram calculadas, usando modelos de análise de covariância com ajustes para HbA1c, IMC, glicose plasmática de jejum, parâmetros demográficos. Resultados de preferência: No fim do primeiro estudo, 82% dos 55 pacientes recebendo INH, escolheram ficar com INH; 13% escolheram insulina SC e 5% pararam o tratamento. Dos 58 pacientes em tratamento SC no primeiro estudo, 71% escolheram INH, 21% continuaram com SC e 8% pararam o tratamento. Resultados de satisfação: Do início até o fim do estudo de 1 ano, indivíduos com INH apresentaram satisfação global maior do que os paciente com SC (38,8% INH vs. 4,0% SC; p < 0,01), conveniência/facilidade de uso (42,4% INH vs. –1,7% SC; p < 0,01) e conforto social (43,3% INH vs. 12,7% SC; p = 0,11). Uma diminuição absoluta de 1% em HbA1c foi associada com melhora da satisfação global (9,1%; r = -0.25; p < 0,01), conveniência/facilidade de uso (9,9%; r = -0,25; p = 0,01) e conforto social (10,4%; r = -0,17; p = 0,07). Conclusão: Estes dados sugerem que INH foi preferida sobre SC e resultou em melhor satisfação do paciente no curto e longo prazo (pelo menos de um ano). Melhorias na satisfação do paciente foram correlatas com melhorias no controle glicêmico. Melhora da satisfação do paciente e conveniência podem, na prática clínica, induzir uma melhor complacência e aderência ao tratamento, como comprovado pela melhora dos níveis de HbA1c. Cunha RPF et al / Diabetes Clínica 05 (2002) 346~354 Diabetes Clínica 345 Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 05 (2002) 346~354 REVISÃO Neuropatia periférica diabética: Tratamentos recentes Peripheral diabetic neuropathy: Recent treatments Rosalina de Paula Ferreira Cunha*, Mirella Magalhães Tenório Brito*, Érica Maria Belo dos Prazeres*, Nicodemos Teles de Pontes Filho** *Acadêmicas do 6° período do Curso de Fisioterapia do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), **Professor do Departamento de Patologia- CCS/UFPE, pesquisador do Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (LIKA-UFPE), mestre em Anatomia Patológica e doutorando em Nutrição Resumo Esse estudo teve como objetivo contribuir para o melhor conhecimento da neuropatia periférica diabética e do papel da plasticidade neural na regeneração dos nervos afetados e/ou no brotamento colateral dos axônios vizinhos intactos, o que diminuiria os sintomas, promovendo a recuperação funcional. A metodologia foi a revisão de literatura, referente aos mecanismos fisiopatológicos, que contribuem para o desenvolvimento da neuropatia periférica diabética e sua principal conseqüência, o pé diabético, e os tratamentos mais recentes. Concluído o estudo foi possível observar que novos medicamentos e terapias promovem a plasticidade neural, estimulando a regeneração nervosa e o brotamento colateral. A fisioterapia é essencial para os pacientes diabéticos com neuropatia periférica, não apenas no tratamento, mas também na prevenção de futuras complicações, ajudando a reduzir os sintomas e melhorando a circulação sangüínea para os pés, diminuindo o risco de desenvolver o pé diabético, causa importante de muitas amputações e incapacidades funcionais. Palavras-chave: Neuropatia periférica diabética, pé diabético, plasticidade neural e fisioterapia. Abstract Aim of this study is to contribute for better knowledge of peripheral diabetic neuropathy and role of neural plasticity in affected nerves regeneration and/or in the side sprouting of intacts neighbors axons, which would decrease symptoms, promoting the functional recovery. The methodology was literature review, regarding to physiopathological mechanisms that contribute for peripheral diabetic neuropathy development and its main consequence, the diabetic foot, and the more recent treatments. Concluded the study it was possible to observe that new medicines and therapies promote the neural plasticity, stimulating the nervous regeneration and the side sprouting. The physical therapy is essential for diabetic patients with peripheral neuropathy not only in the treatment, but also in prevention of future complications, helping to reduce symptoms and improving blood circulation for the feet, which decrease the risk of developing diabetic foot, important cause of many amputations and functional incapacities. Key-words: Peripheral diabetic neuropathy, diabetic foot, neural plasticity and physical therapy. Artigo recebido em 10 de abril de 2002; revisado em 10 de julho de 2002; aprovado em 30 de agosto de 2002. Endereço para correspondência: Rosalina de Paula Ferreira Cunha, Rua Luís Guimarães, 296, Casa Forte, 52061-160, Recife-PE, Tel: (81) 3441-2731, E-mail: [email protected]. 346 Cunha RPF et al / Diabetes Clínica 05 (2002) 346~354 Introdução Diabetes mellitus é uma doença caracter