1 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS FACULDADE DE AGRONOMIA ELISEU MACIEL DEPARTAMENTO DE FITOTECNIA PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SEMENTES QUALIDADE DE SEMENTES DE ARROZ IRRIGADO, NO COLMO PRINCIPAL E PERFILHOS, EM FUNÇÃO DE DIFERENTES PRÁTICAS AGRÍCOLAS Leandro José de Oliveira von Hausen Pelotas Rio Grande do Sul – Brasil Abril de 2012 1 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS FACULDADE DE AGRONOMIA ELISEU MACIEL DEPARTAMENTO DE FITOTECNIA PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SEMENTES QUALIDADE DE SEMENTES DE ARROZ IRRIGADO, NO COLMO PRINCIPAL E PERFILHOS, EM FUNÇÃO DE DIFERENTES PRÁTICAS AGRÍCOLAS Leandro José de Oliveira von Hausen Dissertação apresentada Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel da Universidade Federal de Pelotas, sob a orientação do Prof. Dr. Luis Osmar Braga Schuch e co-orientação do Pesquisador da Embrapa Clima Temperado Dr. Ariano Martins de Magalhães Júnior como parte das exigências do Programa de Pós Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes, para a obtenção do Título de Mestre em Ciência. Pelotas Rio Grande do Sul – Brasil Abril de 2012 2 Dados de catalogação na fonte: ( Marlene Cravo Castillo – CRB-10/744 ) V945q von Hausen, Leandro José de Oliveira Qualidade de sementes de arroz irrigado, no colmo principal e perfilhos, em função de diferentes práticas agrícolas / Leandro José de Oliveira von Hausen ; orientador Luis Osmar Braga Schuch; co-orientador Ariano Martins de Magalhães Júnior Pelotas,2012.-59f.; il..- Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes. Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel. Universidade Federal de Pelotas. Pelotas, 2012. 1. Oryza sativa 2. Produtividade 3. Parâmetros de qualidade 4. Estrutura de planta I.Schuch, Luis Osmar Braga (orientador) II.Título. CDD 633.18 QUALIDADE DE SEMENTES DE ARROZ IRRIGADO, NO COLMO PRINCIPAL E PERFILHOS, EM FUNÇÃO DE DIFERENTES PRÁTICAS AGRÍCOLAS AUTOR: Leandro José de Oliveira von Hausen ORIENTADOR: Prof. Dr. Luis Osmar Braga Schuch COMITÊ DE ORIENTAÇÃO Orientador: Prof. Dr. Luis Osmar Braga Schuch Co-orientador: Pesq. Dr. Ariano Martins de Magalhães Júnior COMISSÃO EXAMINADORA: Prof. Dr. Luis Osmar Braga Schuch Prof. Dr. Antônio Carlos Souza Albuquerque Barros Prof. Dr. Geri Eduardo Menegnello Prof. Dr. Demócrito Amorim Chiesa Freitas 3 Nossa alma espera no SENHOR; ele é o nosso auxílio e o nosso escudo. Pois nele se alegra o nosso coração; porquanto temos confiado no seu santo nome. Seja a tua misericórdia, SENHOR, sobre nós, como em ti esperamos. (Salmo 33, 20-22) 4 A minha esposa, Rosângela Silveira Barbosa. Grande incentivadora. Sempre presente com sua dedicação, paciência e imenso amor. Dedico 5 AGRADECIMENTOS À Deus e Nossa Senhora por iluminar o meu caminho e guiar os meus passos rumo a realização dos meus sonhos. A minha esposa que me propiciou a maior realização de minha vida que é ser Pai de uma filha saudável e amorosa que sempre estiveram a minha espera com um sorriso ou algum gesto de afeto o qual renovavam as forças para seguir lutando em busca das realizações de uma vida. Por entender-me pela ausência em muitos momentos que me dediquei ao trabalho buscando uma condição melhor de vida para a nossa família. À minha filha Nathalia Barbosa von Hausen que com a pureza de seus gestos cheios de amor incentivaram-me a prosseguir sempre sem medo e com firmeza na realização dos meus objetivos de vida. À minha família. Meus pais, Leandro e Dalva, que me orientaram para a vida e fizeram disso, uma tarefa incansável de amor e perseverança. Aos meus sogros, Suly e Celina, pelo apoio, zelo e amor à minha filha e esposa nos momentos em que estive ausente e compreensão pelos meus atos. Ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes, da Universidade Federal de Pelotas, professores, funcionários e colegas, na pessoa incrível, Orientador Prof. Dr. Luis Osmar Braga Schuch, do Prof. Dr. Antônio Carlos Souza Albuquerque Barros como coordenador do Programa e amigo, aos demais professores do curso por acreditar no meu potencial, pela oportunidade de realização do mestrado e contribuírem no meu crescimento científico e profissional. 6 À Embrapa pelo convênio de pesquisa, recursos financeiros, cessão das instalações, área experimental, funcionários, apoio logístico e a toda equipe envolvida na pesquisa de arroz irrigado. Ao pesquisador, na pessoa do ilustre, Dr Ariano Martins de Magalhães Júnior que além de orientador é um grande amigo, confidente e incentivador. Ao Pesquisador Dr. Daniel Fernandez Franco que contribuiu significativamente com seus conhecimentos, conselhos e principalmente disponibilidade e amizade. A todos os pesquisadores envolvidos no programa de melhoramento genético de arroz irrigado pelas suas contribuições. À CAPES pela concessão da bolsa de estudo. Aos demais parentes e amigos pela paciência e compreensão da ausência, incentivo e carinho. 7 RESUMO VON HAUSEN, LEANDRO J. de O.. Qualidade de sementes de arroz irrigado, no colmo principal e perfilhos, em função de diferentes práticas agrícolas. 2012. 59f. Dissertação (Mestrado) – Programa em Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes – Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel - Universidade Federal de Pelotas. Pelotas/RS. O sucesso das lavouras de arroz irrigado (Oryza sativa L.) está diretamente relacionado à produção de sementes de alta qualidade. A semente é um insumo extremamente importante, pois o potencial máximo de produtividade agrícola é definido pelo seu padrão genético, de modo que todos os demais recursos sejam explorados e manejados em função dela. O objetivo dessa pesquisa foi avaliar a qualidade fisiológica e física das sementes produzidas nos colmos principais e nos perfilhos de arroz irrigado em diferentes cultivares e submetidas a diferentes práticas agrícolas. O experimento foi realizado na safra 2008/2009, na Estação Experimental de Terras Baixas, da Embrapa Clima Temperado, localizada no município de Capão do Leão – RS. Foi avaliado as cultivares: BRS Querência, BRS Firmeza, BRS Pelota e BRS Atalanta. A qualidade fisiológica das sementes foi avaliada através dos testes de germinação e vigor, além disso, foi determinado o peso de mil sementes e o rendimento de grãos inteiros. Foram testados os efeitos dos fatores manejo da irrigação, tratamentos com produtos químicos e estrutura da planta onde foram colhidas as sementes. Os dados foram analisados pelo programa estatístico SAS (2001). Na qualidade fisiológica das sementes verificou-se que a germinação foi menor nas sementes produzidas pelos perfilhos na cultivar BRS 8 Pelota. Enquanto que, os fatores manejo hídrico e químico influenciaram esta variável nas cultivares BRS Atalanta e BRS Firmeza. Com relação ao vigor apenas os manejos hídrico e químico influenciaram-o nas cultivares BRS Querência e BRS Atalanta. As sementes do colmo principal e perfilhos foram diferentes para a variável de peso de mil sementes apenas para a cultivar BRS Querência na ausência de químico e supressão da lamina d’água. Na cultivar BRS Firmeza esta variável foi influenciada pelas práticas agrícolas, enquanto que as cultivares BRS Atalanta e BRS Pelota somente foram influenciadas pelo manejo químico. O rendimento de grãos inteiros foi diferente entre colmo principal e perfilhos na BRS Atalanta na ausência de químico e supressão da lamina d’água. Na cultivar BRS Querência e BRS Firmeza esta variável foi influenciada pelas práticas agrícolas, enquanto que a cultivar BRS Pelota somente foi influenciada pelo manejo químico. Palavras-chave: Oryza sativa, produtividade, parâmetros de qualidade, estrutura de planta 9 ABSTRACT VON HAUSEN, LEANDRO J. de O.. Irrigated rice seed quality, in the main stem and tillers, considering different agricultural practices. 2012. 58f. Dissertação (Mestrado) – Programa em Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes – Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel Universidade Federal de Pelotas. Pelotas/RS. The irrigated rice (Oryza sativa L.) farming success it is directly related to the high quality seed production. The seed is an extremely important input, because the maximum potential of agricultural productivity is defined by its genetic pattern, so that all the other resources are explored and handled in function of that. The objective of this research was to evaluate the physiologic and physical quality of the seed produced in the main stems and in the irrigated rice tillers in different cultivatars and submitted to different agricultural practices. The experiment was accomplished in 2008/2009, at Experimental Station of Terras Baixas, Embrapa, located in Capão do Leão County – RS.Itt was evaluated the cultivars: BRS Querência, BRS Firmeza, BRS Pelota and BRS Atalanta. The physiological quality was evaluated through the germination and vigor tests, besides, it was measured the weight of a thousand seeds and the whole grains income. It was tested the effects caused by the irrigation handling, chemical products treatments and plant structure factors where it were picked the seeds. The data were analyzed by the SAS statistical program (2001). In the seeds physiological quality it was verified that the germination was smaller in seeds produced by tillers in BRS Pelota cultivate. Otherwise, the hydric and chemist handle factors influenced this variable in BRS Atalanta and BRS 10 Firmeza cultivars. Regarding the vigor just the hydric and chemist handlings influenced it in BRS Querência and BRS Atalanta cultivates. The main stem and affiliates seeds were different for the variable of a thousand seeds weight just to BRS Querência cultivar in chemicals absence and water laminates suppression. In BRS Firmeza cultivar this variable was influenced by the agricultural practices, while in BRS Atalanta and BRS Pelota cultivars they were only influenced by the chemical handling. The whole grains income was different between main stem and its tillers in BRS Atalanta in chemical absence and water laminates suppression. In BRS Querência and BRS Firmeza cultivars this variable was influenced by the agricultural practices, while to BRS Pelota cultivar it was only influenced by the chemical handling. Keywords: Oryza sativa, productivity, quality parameters, plant structures. 11 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Efeitos do manejo hídrico sobre a germinação (%), na cultivar BRS Atalanta e BRS Firmeza em arroz irrigado, safra 2008/2009, Pelotas/RS................................................. Tabela 2 37 Efeitos da estrutura da planta sobre a germinação (%), na cultivar BRS Pelota em arroz irrigado, safra 2008/2009, Tabela 3 Tabela 4 Tabela 5 Pelotas/RS.............................................................................. 38 Efeitos do manejo químico e hídrico sobre o vigor (%), na cultivar BRS Querência em arroz irrigado, safra 2008/2009, Pelotas/RS. ............................................................................ 38 Efeitos do manejo hídrico sobre o vigor (%), na cultivar BRS Atalanta em arroz irrigado, safra 2008/2009, Pelotas/RS. ................................................................................................ 39 Efeitos do manejo químico e hídrico sobre o peso de mil sementes (g) – PMS, no colmo principal e perfilhos, na cultivar BRS Querência em arroz irrigado, safra 2008/2009, Pelotas/RS............................................................................... Tabela 6 40 Efeitos do manejo químico e hídrico sobre o peso de mil sementes (g), na cultivar BRS Firmeza em arroz irrigado, safra 2008/2009, Pelotas/RS................................................. Tabela 7 41 Efeitos do manejo químico sobre o peso de mil sementes (g), nas cultivares BRS Atalanta e BRS Pelota em arroz irrigado, safra 2008/2009, Pelotas/RS................................... Tabela 8 42 Efeitos do manejo químico e hídrico sobre a percentagem de rendimento de grãos inteiros, do colmo principal e perfilhos, na cultivar BRS Atalanta em arroz irrigado, safra 2008/2009, Pelotas/RS.......................................................... 43 12 Tabela 9 Efeitos do manejo químico e hídrico sobre a percentagem do rendimento de grãos inteiros, na cultivar BRS Querência e BRS Firmeza, em arroz irrigado, safra 2008/2009, Pelotas/RS.............................................................................. Tabela 10 44 Efeitos do manejo químico sobre a percentagem do rendimento de grãos inteiros, na cultivar BRS Pelota, em arroz irrigado, safra 2008/2009, Pelotas/RS.......................... 45 13 SUMÁRIO INTRODUÇÃO GERAL............................................................................ 16 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...……………………………………………… 19 1. Importância do arroz............................................................................. 19 2. Evolução de cultivares de arroz irrigado.............................................. 18 3. Contribuição do colmo principal e perfilhos para o rendimento e qualidade da semente............................................................................... 21 4. Importância da qualidade da semente.................................................. 24 5. Efeito do tratamento químico sobre o rendimento e qualidade da semente................................................................................................... 27 6. Influência da presença de água no momento da colheita sobre a qualidade da semente............................................................................... 29 MATERIAL E MÉTODOS…....……………………………………………… 31 1. Local..................................................................................................... 31 2. Tratamentos.......................................................................................... 31 14 3. Descrição dos cultivares de arroz irrigado........................................... 32 4. Práticas agronômicas........................................................................... 33 5. Análises de qualidade fisiológica, peso de mil sementes e rendimento de grãos inteiros.................................................................... 34 5. 1. Teste de germinação........................................................................ 34 5.2. Teste de vigor.................................................................................... 34 5.3. Peso de mil sementes....................................................................... 35 5.4. Rendimento de grãos inteiros............................................................ 36 6. Análise Estatística................................................................................ 36 RESULTADOS E DISCUSSÃO………………………..…………………… 37 CONCLUSÕES…………………………………………..…………………… 46 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................…………………… 47 APÊNDICES……………………...................................…………………… 56 15 INTRODUÇÃO A cultura do arroz é considerada pela FAO (2000) como uma das maiores soluções para amenizar a fome no mundo e está presente na mesa de dois terços da humanidade (ANSELMI, 1987). O Brasil é um dos dez maiores produtores mundiais de arroz e o maior da América do Sul, representando, seguramente, um dos principais alimentos da dieta básica da população com uma demanda anual superior aos 12 milhões de toneladas. No Rio Grande do Sul, principal produtor do Brasil, o arroz irrigado é uma cultura de extrema relevância econômica e social. Um dos parâmetros mais importantes para garantir o sucesso das lavouras de arroz irrigado é a produtividade que está diretamente relacionada com o potencial genético das cultivares e a qualidade da semente. A cultura do arroz quando cultivada em condições ideais poderá expressar todo seu potencial produtivo refletindo, desta forma, em elevada produtividade, respeitando o potencial de cada cultivar. Outro parâmetro muito importante é a qualidade das sementes que devem ser de alto potencial genético, associada a técnicas e práticas agrícolas. Sabe-se que a resistência mostrada pelas sementes de alta qualidade é superior em condições adversas de campo com uma boa emergência das plântulas. Dessa forma existe um grande interesse científico em pesquisar a qualidade fisiológica das mesmas a fim de diferenciá-las quanto ao seu potencial genético. A semente de alta qualidade proporciona uma melhor população de plantas na lavoura, possibilitando o melhor aproveitamento de fertilizantes e corretivos. 16 A cultura do arroz, assim como outras culturas comerciais, exige um manejo adequado no seu controle fitossanitário e de pragas. O acompanhamento constante do desenvolvimento da cultura é necessário para que se possa fazer a aplicação química no momento certo para o controle e/ou prevenção adequada das diversas pragas e moléstias que atacam a cultura. Com relação às práticas agrícolas sabe-se que a lâmina d’água é de grande importância para a cultura do arroz, principalmente, na fase que antecede o florescimento e durante a floração até o momento que a cultura alcance o seu estágio de maturação fisiológica. Esta fase é o período com máxima produção de massa seca e qualidade da semente, que culmina com máxima capacidade germinativa e vigor das mesmas. A partir dessa fase a semente começa a perder água e, deve-se programar a colheita com umidade entre 18 a 23%. Acredita-se que a presença de lâmina d’água até o momento da colheita pode retardar o processo de perda de água da semente com conseqüente diminuição de perdas por danos físicos e mecânicos. A densidade de semeadura do arroz é uma prática importante que influencia diretamente a produtividade do arroz e define o número de perfilhos. Como a planta de arroz tem alta capacidade de perfilhar, pressupõe-se que nas maiores densidades a participação do colmo principal na produtividade será superior que nas menores densidades. Logo, em altas densidades populacionais ocorre uma diminuição da quantidade de perfilhos, interferindo diretamente em outros componentes do rendimento como, número de panículas por m2, número de sementes por panículas e peso de mil sementes. A hipótese do trabalho foi que as sementes obtidas a partir do colmo principal possuem qualidade fisiológica superior daquelas obtidas dos perfilhos variando entre as diferentes cultivares. A colheita da semente na parcela com lâmina d’água mantém as qualidades físicas das sementes, diminuindo as perdas por dano mecânico. As parcelas que receberem o tratamento químico produzirão sementes de melhor qualidade fitossanitária. O objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade fisiológica e física das sementes produzidas nos 17 colmos principais e nos perfilhos de arroz irrigado em quatro cultivares e submetidos a diferentes práticas agrícolas. 18 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1. Importância do arroz A cultura do arroz é considerada pela FAO (2000) como uma das maiores soluções para amenizar a fome no mundo. O arroz é a principal fonte de alimento para um terço da população mundial, cerca de dois bilhões de habitantes (TRENTO et al., 2003), especialmente na Ásia onde é a base alimentar (PESKE et al., 2004) e está presente na mesa de dois terços da humanidade (ANSELMI, 1985). O Brasil é um dos dez maiores produtores mundiais de arroz e o maior da América, com uma produção nacional de 13.6 mil toneladas, no total de 2.8 mil hectares cultivados na safra 2010/2011. Este cereal representa, seguramente, um dos principais alimentos da dieta básica da população Brasileira com uma demanda anual superior aos 12 milhões de toneladas. No Rio Grande do Sul (RS), principal produtor do Brasil, o arroz irrigado é uma cultura de extrema relevância econômica e social, sendo cultivado, na safra 2010/11, em 1.1 mil de hectares, obtendo uma produtividade de 7.600 kg ha-1, perfazendo uma produção aproximada de 8.9 mil toneladas, ou seja, algo em torno de 65% da produção nacional (CONAB, 2012). 2. Evolução de cultivares de arroz irrigado Os programas de pesquisa em melhoramento genético de arroz irrigado, conduzidos no Brasil, visam o desenvolvimento de genótipos comerciais de alta produtividade e estabilidade, com qualidade de grãos que 19 atenda as preferências do mercado interno e, em um segundo momento, do comércio externo. Uma alternativa que tem sido incorporada recentemente ao cultivo da lavoura de arroz no Rio Grande do Sul e Santa Catarina (SC) é o uso de cultivares híbridas. Segundo Yuan et al. (1994), a utilização de cultivares híbridas pode aumentar a produtividade em até 30%, quando comparada com variedades convencionais. Esta tecnologia proporciona plantas com alto vigor híbrido, que se manifesta por uma alta plasticidade fenotípica, tornando as plantas capazes de se estabelecerem de maneira eficiente mesmo quando semeadas em baixas densidades de semeadura, e em condições adversas. Assim, a utilização das sementes de arroz híbrido é considerada uma boa alternativa para incrementar a produtividade do arroz irrigado. As cultivares convencionais de arroz irrigado desenvolvidas pela Embrapa Clima Temperado e pelo Irga têm contribuído acentuadamente, para a produção deste cereal no Estado. Quando conduzidas sob manejo adequado e boas condições climáticas, podem atingir o mesmo patamar produtivo das melhores do mundo, com rendimento de grãos acima de 12.000 Kg ha-1. No entanto a interação genótipo ambiente afeta acentuadamente a produtividade das cultivares. Fagundes et al. (2009), trabalhando com nove cultivares em cinco municípios diferentes no Rio Grande do Sul na safra 2008/2009, verificaram que houve efeito do ambiente no rendimento de grãos. A cultivar BRS-7 Taim apresentou maior estabilidade de rendimento de grãos (10.269 kg ha-1) e com alto potencial produtivo, seguida das cultivares BRS Pelota e BRS Querência com produção média de 9.700 e 9.600 kg ha-1, respectivamente. Ao contrário, a BRS Atalanta e BRS Firmeza apresentaram os piores rendimentos com 6.600 e 5.700 Kg ha-1. Assim, um dos desafios atuais da pesquisa de arroz irrigado no RS é estabelecer a regionalização na recomendação de cultivares para o Estado, identificando possíveis mudanças de comportamento de cultivares em função das condições ambientais dos locais/regiões onde são cultivadas (TURATTI et al., 2008). 20 Na região subtropical do Brasil, na qual se localizam os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, tem sido obtidas produtividades médias superiores a 7.600 kg ha-1. Tais produtividades são devidas ao uso de técnicas modernas de cultivo, às condições edafoclimáticas favoráveis da região Sul e ao emprego da técnica de irrigação por inundação contínua com lâmina d'água (ALONÇO et al, 2012). No entanto, o manejo da irrigação pode afetar o desempenho da cultura tanto em produtividade de grão como na qualidade das sementes produzidas. Em experimento onde foi suprimida a irrigação 10 dias após o início da floração ocorreu diferença de comportamento entre cultivares para a qualidade das sementes produzidas. A cultivar BRS Querência apresentou maior redução na percentagem de germinação do que a cultivar BRS Atalanta (RODRIGUES et al., 2011). Também para vigor de sementes, a cultivar BRS Atalanta manteve um melhor desempenho, apresentando um índice de vigor superior a 70%. 3. Contribuição do colmo principal e perfilhos para o rendimento e qualidade da semente A capacidade de perfilhamento é uma característica muito importante nas cultivares de arroz. O perfilhamento começa no estádio de quatro a cinco folhas. Perfilhos e raízes emergem do mesmo nó ao mesmo tempo, havendo um sincronismo de emergências de folhas, perfilhos e raízes. Alta população de plantas não garante altos rendimentos, pois nesta condição, embora o número de panículas possa ser maior, estas são constituídas por um menor número de grãos (PEDROSO, 1993; SOUSA et al., 1995), devido a maior competição entre elas (PEDROSO e REGINATTO, 1981), principalmente, com a semeadura realizada em linhas (PEDROSO, 1987), interferindo na participação do colmo principal e dos perfilhos. A população de plantas é, provavelmente, o fator que mais afeta a emissão dos perfilhos, não só aumentando a produção dos mesmos como interferindo na competição por luz e nutrientes. Em altas densidades há uma diminuição na proporção de perfilhos secundários e terciário (COUNCE et al., 1992), 21 proporcionando assim maior participação dos colmos principais. No entanto isso nem sempre resulta em incremento de produtividade, devido à plasticidade das plantas de arroz (CRUSCIOL et al., 2003; LIMA et al, 2010). Nem todos os perfilhos produzidos em uma planta de arroz emitem panículas, sendo que os perfilhos emitidos mais cedo tendem a ser mais férteis. Assim, segundo observações de Gomosta e Haque (1979) a contribuição dos perfilhos emitidos até a quarta semana após a semeadura foi de aproximadamente 90% do peso total de grãos, apesar das cultivares terem continuado a perfilhar até a sétima semana. De 93 a 100% dos perfilhos produzidos na terceira semana após a semeadura tornaram-se produtivos, enquanto que para aqueles formados na quarta semana esse percentual situou-se entre 70 e 73%. Lima et al. (2009) não observaram diferenças significativas no número de panículas por m 2 originadas dos perfilhos e a tendência do aumento do número total de panículas por m2 em função do acréscimo na população de plantas foi devida à elevação do número de panículas por m2 originadas dos colmos principais. O número de panículas é influenciado por fatores genéticos e por condições externas vigentes no estádio de perfilhamento ativo (MATSUSHINA, 1970). Magalhães Jr. et al. (1999), estudando a contribuição do colmo principal e dos perfilhos, na produção de grãos de genótipos de arroz irrigado, semeados em duas densidades, verificaram que não houve diferença para o número de panículas por área para nenhum dos genótipos testados, indicando existência de efeito compensatório por parte das plantas capaz de, em densidades menores, produzir maior perfilhamento e, em densidades maiores, diminuir o perfilhamento, de modo que o número de panículas e, consequentemente de grãos produzidos por área seja semelhante. Quanto à contribuição do colmo principal os autores constataram acréscimo no número de grãos formados pelo colmo principal em relação à média dos perfilhos, com o acréscimo na população de plantas, indicando que estes tendem a ser menos produtivos. Observações semelhantes foram realizadas por Lauretti et al., (1999). O efeito da variação na densidade de semeadura de 100 a 600 sementes m2 sobre o rendimento de grãos foi anulada pela plasticidade 22 existente entre os componentes da produção do arroz, onde há um efeito de compensação ou de ajuste, de modo que quando um aumenta o outro é reduzido (LIMA et al., 2009), variando a contribuição dos colmos principais e dos perfilhos. Lima et al. (2009) verificaram que o número de espiguetas granadas por m2 dos colmos principais aumentou conforme foi elevada a densidade de semeadura, o mesmo não ocorrendo para o número de espiguetas granadas por m2 dos perfilhos e total. O número de espiguetas por m2 foi determinado durante período de cerca de 10 dias após ter atingido o número máximo de perfilhos. Para Yoshida (1981), o número de espiguetas por planta é influenciado por fatores genéticos e por condições externas vigentes durante a fase reprodutiva. A fertilidade das espiguetas é determinada desde a diferenciação do primórdio da panícula até a maturação fisiológica (LAURETTI, 1999). Lima et al. (2009) observaram maiores porcentagens de fertilidade das espiguetas por m2 nos colmos principais do que nos perfilhos, independente da densidade de semeadura, sendo estes resultados semelhantes aos obtidos por Crusciol et al. (2003) e quanto à massa de espiguetas por m2 dos perfilhos, os autores, verificaram que foi a variável que mais variou, apresentando coeficiente de variação de 39,66% a 49,89%. A massa de mil grãos dos grãos produzidos nos colmos principais e nos perfilhos foi semelhante (LIMA et al,2009). Isso ocorreu, provavelmente, em função dessa variável ser influenciada com maior intensidade, por fatores genéticos, sofrendo menores efeitos de fatores externos. Segundo Yoshida (1981) a massa de grãos é um caráter varietal estável, determinado em menor grau, pelo desenvolvimento da cariopse, após o florescimento (FORNASIERI FILHO e FORNASIERI, 1993). O espaçamento entre linhas e a densidade de semeadura podem afetar a produtividade de grãos e a contribuição dos colmos principais e dos perfilhos na produtividade do cultivo do arroz. Neste sentido, Franco et al (2011) observaram aumento no rendimento de grãos de 4% para a BRS Atalanta e de 5% para a cultivar BRS Pelota, a medida que o espaçamento 23 entre linhas diminui. Os mesmos autores constataram que o aumento gradativo na densidade de semeadura de 90, 120 e 150 kg ha -1 produziu incremento no número de colmos e no número de panículas por m2. Para a cultivar BRS Atalanta, a contribuição dos grãos produzidos no colmo principal e nos perfilhos, no rendimento final de grãos, foram equivalentes. Para a cultivar BRS Pelota, no entanto, a participação dos grãos produzidos nos perfilhos em relação ao rendimento final de grãos, foi 6% superior, quando comparado com a participação dos grãos produzidos no colmo principal. Silva et al. (2011) verificaram que número de grãos produzidos no colmo principal e nos perfilhos foram equivalentes nas cultivares BRS Atalanta e BRS Pelota. No entanto, a participação do número de grãos dos perfilhos da cultivar BRS Pelota apresentou rendimento significativamente superior no espaçamento entre linhas de 0,125 m e na densidade de 90 kg ha-1. O rendimento de grãos inteiros também pode ser afetado pela estrutura onde são produzidas as sementes. Franco (2009) constatou que o rendimento de grãos inteiros apresentou diferenças significativas em função de terem sido produzidos nos colmos principais ou nos perfilhos, nas cultivares BRS Firmeza, BRS Pelota e BR IRGA 409, enquanto que para a cultivar BRS Atalanta não observaram diferenças de comportamento. 4. Importância da qualidade da semente A semente é o veículo que leva ao agricultor todo o potencial genético de uma nova e superior cultivar. Tanto é que a semente, do ponto de vista agronômico, é o insumo que dá origem a um novo cultivo e da qual, em função de suas características e da maneira como é utilizada, dependem os resultados da nova safra (MENON et al, 1993). A qualidade da semente é imprescindível para o estabelecimento adequado da população de plantas no campo, seu pleno desenvolvimento e produção (SOUZA et al., 2007), sendo um insumo básico em qualquer sistema de produção agrícola. Propicia a maximização da ação dos demais insumos (fertilizantes, corretivos) e fatores de produção empregados na lavoura a fim de 24 alcançar altas produtividades de grãos (CARRARO, 2001). A alta qualidade da semente reduz os prejuízos causados pela competição com plantas daninhas, por garantir adequada população de plantas de arroz e por evitar a dispersão de sementes de plantas daninhas e de doenças (NUNES, 2011). Segundo Delouche (2005), a qualidade fisiológica das sementes se refere a sua capacidade de realizar sua função primária de propagação, a qual pode ir de zero a um total e perfeita capacidade, comumente descrita ou caracterizada em termos de percentual de germinação e, mais recentemente, de vigor. Considera-se uma semente de alta qualidade aquela de espécies e cultivares livres de sementes de plantas daninhas e outras espécies, com elevada capacidade germinativa e vigor, adequadamente tratadas, com grau de umidade adequado e de boa aparência geral, para com isso se possa obter homogeneidade de população, ausência de moléstias transmissível por sementes, elevado vigor das plantas e, conseqüentemente, maior quantidade e qualidade de produção (AOSA, 1983). Melo et al. (2006), avaliaram o comportamento de populações de plantas de arroz irrigado e verificaram que aumentando a proporção de plantas originadas de sementes de alto vigor, proporcionam redução na produção de matéria seca e rendimento de grãos superiores a 20%, em relação ao uso de sementes com baixo vigor, entre outros fatores relacionados a qualidade fisiológica. O potencial máximo de produtividade de uma dada cultura é definido pela carga genética contida nas sementes, fazendo com que todos os processos e práticas da lavoura sejam planejados e conduzidos em função das mesmas. Em outras palavras, produção com alta qualidade e quantidade, somente é obtida com sementes de elevada qualidade genética, associada a técnicas e práticas agrícolas que propiciem as melhores condições para um adequado desenvolvimento do material genético (PATERNIANI, 1999). No entanto, todas as culturas após a maturação fisiológica das plantas as sementes vão perdendo o conteúdo de água e com isso vai ocorrendo 25 deterioração que é inexorável, irreversível e progressiva (DELOUCHE, 2002). Tanto Moore (1971), como França Neto (1984), consideram que as maiores perdas ocorrem quando as sementes secas ficam expostas à água da chuva ou do orvalho. Nunes (2011) complementa dizendo que temperaturas altas e chuvas frequentes no período de colheita e alta umidade durante o armazenamento podem resultar em uma rápida e extensiva deterioração, causando baixas na germinação, no vigor e na sanidade das sementes. Outros fatores interagem para acelerar os processos deteriorativos das sementes, tais como imaturidade da semente, danos mecânicos e insetos. Delouche (2002) reforça dizendo que a duração do processo de deterioração é determinada principalmente pela interação entre herança genética, o grau de hidratação da semente e temperatura, e que a velocidade da deterioração varia entre sementes individuais dentro de um lote, como resultado das diferentes condições e traumas aos quais elas foram expostas. Para se avaliar a qualidade fisiológica e acompanhar todo o processamento das sementes são necessários métodos rápidos e que possam ser padronizados e reproduzíveis. Estes resultados são de grande valor para o beneficiamento, conservação, comercialização e semeadura de sementes (ALBUQUERQUE et al., 1995). É de suma importância os testes de germinação, de vigor, assim como de pureza e da sanidade para avaliação da qualidade das sementes no mercado. O teste padrão de germinação é um parâmetro utilizado para medir a viabilidade e predizer a emergência a campo quando a semeadura é realizada em condições ideais de solo (FRANCO e PETRINI, 2002). Juntamente com a germinação, o fator que determina um rápido e uniforme estabelecimento da população de plântulas no campo é o vigor, sendo considerado o atributo de qualidade que melhor expressa o desempenho da semente. O teste de vigor tem por objetivo distinguir os níveis de qualidade fisiológica das sementes, que não são possíveis de detectar pelos testes de germinação (KRYZANOWSKY e FRANÇA NETO, 1999). 26 A boa semente tem origem no bom manejo produtivo envolvendo a fase de campo, pós-colheita e armazenamento. Sementes certificadas são a garantia de que estes processos foram realizados, o que dá ao produtor maior certeza de um lote de sementes de qualidade. O interessante é conhecer o campo de produção de sementes, próximo a fase de colheita, e a forma de armazenamento (NUNES, 2011). 5. Efeito do tratamento químico sobre o rendimento e qualidade da semente No ambiente natural, tem sido cada vez mais freqüente o aparecimento de novas pragas, tipos de doenças e de alterações no clima, fatores que prejudicam o desempenho das cultivares nas várias regiões orizícolas (ALONÇO et al, 2012). As lavouras de arroz irrigado por inundação no Brasil sofrem ação de diversos insetos. O Oryzophagus oryzae (COSTA LIMA, 1936) (Coleoptera: Curculionidae) é um dos mais prejudiciais e é conhecido como gorgulho-aquático, sendo que suas larvas danificam o sistema radicular das plantas após a irrigação do arrozal (CUNHA, 2001; GRÜTZMACHER et al, 2008), podendo reduzir em até 25% a produtividade da cultura (MARTINS et al., 2004). Entre os métodos de controle de Oryzophagus oryzae, destaca-se o uso de inseticidas químicos aplicados via tratamento de sementes, pulverização foliar cerca de três dias pós-inundação dos arrozais ou aplicação direta de produtos granulados em cobertura na lâmina da água de irrigação, 15 dias pós-inundação (GRÜTZMACHER et al, 2008). O fungo Pyricularia oryzae é o principal patógeno que ataca as lavouras de arroz causando a doença chamada de Brusone (SCHEUERMANN e EBERHARDT, 2011), cujos danos podem comprometer até 100% da produção de algumas lavouras. Nos colmos, as lesões são localizadas na região dos nós, com coloração semelhante à observada nas folhas. A infecção no primeiro nó, abaixo da panícula, é conhecida pelo nome de Brusone de "pescoço" (ALONÇO et al., 2012). O grau de resistência da cultivar e o controle químico são os principais componentes do manejo integrado da Brusone 27 (PRABHU et al., 2003). Sena et al. (2011) complementa afirmando que, atualmente, as práticas culturais devem ser integradas para o melhor controle da doença. As perdas causadas por Brusone nas folhas são indiretas e afetam a fotossíntese e a respiração (BASTIAANS et al., 1994 apud PRABHU et al., 2003). Nas panículas, os danos são diretos, em virtude de seu efeito em diferentes componentes de produção (PRABHU et al., 2003). Esses autores verificaram uma perda média na produtividade das cultivares de arroz de terras altas de 59,6%, considerando as médias de 33,6% e 49,9% de Brusone nas folhas e panículas, respectivamente. A Brusone nas folhas durante a fase vegetativa causa redução na altura da planta, no número de perfilhos, no número de grãos por panícula e no peso de grãos (PRABHU et al., 1986). A Brusone nas panículas contribui significativamente para a variação na produtividade em diferentes cultivares de arroz (PRABHU e FILIPPI, 2001). Prabhu e Filippi (2001) verificaram que determinadas cultivares melhoradas de arroz diferem em níveis de infecção de Brusone nas folhas e nas panículas. Diversas cultivares, com diferentes graus de resistência à Brusone, continuam sendo desenvolvidas ao longo dos anos, pela EMBRAPA, IRGA, juntamente com outras entidades de pesquisa no País. De acordo com Scheuermann e Eberhardt (2011), quando não se dispõe de cultivares resistentes, os fungicidas quando empregados corretamente, nas condições necessárias, são uma alternativa a ser considerada para complementar o manejo de doenças. Segundo Adame e Koller (2003) os fungicidas, se utilizados de forma continuada para o controle de um patógeno com elevada variabilidade genética, como é o caso da Pyricularia oryzae, pode resultar na seleção de isolados resistentes. Entre os produtos que proporcionam eficiência de controle da Brusone acima de 90% estão os fungicidas pertencentes a três grupos químicos, triazóis, estrobilurinas e benzotiazóis (SCHEUERMANN e EBERHARDT, 2011), com sítios específicos de ação (ADAME e KOLLER, 2003). 28 6. Influência da presença de água no momento da colheita sobre a qualidade da semente A operação de colheita normalmente não coincide com os valores máximos de germinação e de vigor das sementes, os quais ocorrem no momento da maturidade fisiológica. Salienta-se que procedimentos adequados de colheita devem ser determinados para cada variedade cultivada em uma dada região (AZEVEDO, 1975). Os grãos longos e muito finos de certas variedades se quebram com maior facilidade, enquanto que variedades de maturação desuniforme tendem a produzir um excessivo número de grãos imaturos (WEBB, 1980). Quando mal conduzida, a colheita acarreta perdas, comprometendo os esforços e os investimentos dedicados à cultura durante todo o processo de produção. Na cultura do arroz a colheita precoce pode corresponder à excessiva quantidade de sementes imaturas, mal formadas e chochas, resultando em diminuição do rendimento, baixo vigor e qualidade das sementes, que se apresentam com alto conteúdo de umidade e freqüentemente gessadas, ou seja, com formação incompleta dos grãos. Com a colheita tardia ocorre o trincamento de sementes, o aumento da debulha natural e o acamamento das plantas (FRANCO, 2009). A colheita tardia também expõe a lavoura a riscos climáticos e ao ataque de insetos, doenças e pássaros, reduzindo a produtividade, bem como acelera o processo de deterioração das sementes (GOMES e MAGALHÃES JÚNIOR, 2004), prejudicando a qualidade da semente, pois as sementes maduras são fisiologicamente independentes da planta mãe e encontram-se efetivamente armazenadas em campo (AZEVEDO, 1975). Segundo Smiderle e Pereira (2008), a qualidade física e fisiológica da semente de arroz depende além da cultivar e do estádio de maturação, também do conteúdo de umidade e dos danos mecânicos (impactos, abrasões e tensões) que podem ocorrer durante a colheita. O cultivo do arroz irrigado, por submersão do solo, necessita em torno de 2000 L (2 m3) de água para produzir 1 kg de grãos com casca, estando 29 entre as culturas mais exigentes em termos de recursos hídricos. Embora esta alta exigência, a manutenção de uma lâmina de água sobre a superfície do solo traz uma série de vantagens para as plantas de arroz (Gomes et al., 2005). Os autores dizem, ainda, que o procedimento de supressão do fornecimento de água pode ser realizado a partir de uma semana até 10 dias após a floração (50% de florescimento) podendo reduzir problemas relacionados à retirada da produção da lavoura e à desestruturação do solo. No entanto, é possível que a presença de lâmina d’água na lavoura até o momento da colheita, possa retardar o processo de perda de água da semente com a conseqüente diminuição da presença de grãos muito secos, contribuindo para diminuir as perdas por danos físicos e fisiológicos. Segundo Faroni et al. (1987), a maioria das cultivares apresenta redução no rendimento de grãos inteiros após atingirem determinado grau de maturação. Sementes muito secas ficam sujeitas a trincamentos no campo, que favorecem sua quebra nas operações de colheita e posterior beneficiamento. Altas percentagens de grãos quebrados diminuem sensivelmente o tipo e o valor comercial de um lote de arroz. 30 MATERIAL E MÉTODOS 1. Local O experimento foi realizado na safra 2008/2009, na Estação Experimental de Terras Baixas, da Embrapa Clima Temperado, localizada no município de Capão do Leão – RS, cujas coordenadas geográficas são 31º52’00’’S, 52º21’24’’W; e altitude 13,24 m. A área é caracterizada por um Planossolo Háplico Eutrófico Solódico com textura médio-argilosa (STRECK, 2008), de pouca profundidade (20 a 40 cm), sistematizada, horizonte B impermeável, classificado, segundo Soil Survey Staff (1999), como um Albaqualf. Pela classificação de Köppen-Geiger (2012), o clima da região é considerado Subtropical ou temperado (Cfa), com médias térmicas entre 17ºC e 19ºC e com pluviosidade média de 1500 mm/ano, com chuvas bem distribuídas. 2. Tratamentos Foram testados os efeitos: manejo da irrigação, tratamentos com produtos químicos e estrutura da planta onde foram colhidas as sementes em quatro cultivares de arroz irrigado. Os cultivares utilizados foram BRS Querência, BRS Firmeza, BRS Pelota e BRS Atalanta. O manejo da irrigação consistiu de dois níveis, supressão da água uma semana após 50% da floração e manutenção da lâmina d’água de 0,8 m até a colheita das sementes. Para o fator tratamento com produtos químicos foram utilizado dois níveis, aplicação de fungicidas e inseticidas ao longo do período de crescimento da cultura e ausência do uso de produtos químicos. Para a 31 estrutura da planta onde foram colhidas as sementes, considerou-se os colmos principais de cada planta individual e seus respectivos perfilhos. Os produtos químicos utilizados foram Vitavax Thiran 200 SC® (Carboxina+Tiran) na dosagem de 250 ml 100kg-1 de sementes, aplicado 24 horas antes da semeadura, combinado com Furadan 50 GR® (carbofurano) na dosagem de 8 kg ha-1 aplicado 70 dias após emergência (DAE), mais stratego 250 EC® (trifloxistrobin+propiconazol) na dosagem de 0,75 litros ha-1 + BIM* 750 BR® na dosagem de 0,3 Kg ha-1 aplicado no início da floração. Para o fator estrutura da planta onde foram colhidas as sementes, foram identificados e marcados, 100 colmos principais, ao acaso, dentro de cada parcela e 100 perfilhos, os quais foram utilizados para realização da colheita das sementes. A identificação dos colmos principais e dos perfilhos foi realizada no mês de fevereiro quando as cultivares estavam no período de emborrachamento. Este é o subperíodo que antecede imediatamente à floração, o qual inicia entre 7 e 10 dias antes da floração, momento em que ocorre a divisão das células-mãe dos grãos de pólen (SOSBAI, 2010). 3. Descrição dos cultivares de arroz irrigado A cultivar BRS Atalanta é uma cultivar de ciclo super-precoce, apresentando plantas com folhas lisas e ciclo biológico ao redor de 100 dias. Possui grão longo e fino (agulhinha), de casca lisa-clara. É uma cultivar comparável à BRS Ligeirinho, porém apresenta potencial produtivo cerca de 20% superior e grão de melhor qualidade, bem como maior resistência à brusone e à bicheira-da-raíz. A cultivar BRS Querência é de ciclo precoce, ao redor de 110 dias, com variação de 106 a 115 dias, da emergência das plântulas à maturação completa dos grãos, é constituída por plantas do tipo “moderno-americano”, de folhas e grãos lisos com boa tolerância a doenças, apresenta alta capacidade de perfilhamento, colmos fortes e destaca-se pela panícula longa, variando entre 24 e 27 cm, com grande número de espiguetas férteis. Seus grãos são longo-fino, com elevado rendimento industrial, altamente translúcido e de ótima qualidade culinária. A cultivar BRS Pelota é 32 uma cultivar de ciclo médio e destaca-se pelo seu alto potencial produtivo. O grão é do tipo agulhinha de casca pilosa-clara. Essa cultivar tem rendimento industrial que pode superar a 65 % de grãos inteiros e polidos. Em algumas situações de cultivo, pode mostrar-se moderadamente sensível à toxicidade por ferro, na fase vegetativa, e a quedas de temperatura, na fase reprodutiva. A cultivar BRS Firmeza se adapta bem a todos os sistemas de cultivo, especialmente ao sistema Pré-germinado. Apresenta colmos vigorosos e baixo perfilhamento, necessitando uma maior densidade de semeadura que as demais cultivares. Seu ciclo biológico é precoce, em torno de 120 dias. O rendimento industrial de grãos pode superar a 65% de grãos inteiros e polidos. O baixo grau de esterilidade indica que a cultivar tem certo nível de tolerância genética ao frio, na fase reprodutiva. Pertencente ao tipo de planta moderno americano com amilose intermediário-baixo (SOSBAI, 2010). 4. Práticas agronômicas O experimento foi semeado, em área sistematizada, sob sistema de semeadura direta, sendo a área dessecada com o herbicida glifosato, na dosagem de 4 lt ha-1, 12 dias antes da semeadura. As parcelas foram constituídas de 9 linhas de 5 m de comprimento, espaçadas de 0,175 m, com densidade de semeadura de 90 kg ha-1 de sementes. A área útil colhida foi de 3,6m2. A fertilização de base foi realizada utilizando-se 300 kg ha-1 da fórmula 5-20-20, aplicada nas linhas de semeadura. A adubação nitrogenada em cobertura foi realizada com duas aplicações, utilizando um total de 120 kg ha-1 de uréia. A primeira aplicação foi realizada no início do perfilhamento, aos vinte e três dias após-emergência das plântulas, e a segunda aplicação na diferenciação da panícula, nas dosagens de 70 e 50 kg ha-1, respectivamente. Imediatamente após a primeira aplicação da adubação nitrogenada, foi dado início na irrigação por inundação do experimento. 33 Para o controle de plantas daninhas, além da dessecação inicial com glifosato, foi aplicado clomazone em pré-emergência na dose de 0,48 g ha-1 de i.a. Em pós-emergência aplicou-se Cyhalofop-butyl na dosagem de 2,5 l ha-1 de p.c.. As demais práticas de manejo da cultura seguiram as Recomendações Técnicas da Cultura do Arroz Irrigado (SOSBAI, 2010). 5. Análises de qualidade fisiológica, peso de mil sementes (PMS) e rendimento de grãos inteiros A qualidade fisiológica das sementes foi avaliada através dos testes de germinação e vigor, realizados no Laboratório Didático de Análise de Sementes (LDAS) na Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel da Universidade Federal de Pelotas assim como o peso de mil sementes, enquanto que o rendimento de grãos inteiros foi determinado no Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Controle da Qualidade de Grãos, do Centro de Pesquisa da Embrapa Clima Temperado. 5.1. Teste de germinação O teste de germinação foi realizando utilizando-se 200 sementes de arroz (4 repetições de 50 sementes), semeadas sobre duas folhas de papel germitest dobrada e umedecida, previamente, com água destilada na proporção de 2,5 vezes o peso do papel. Em seguida, foi colocada outra folha de papel germitest dobrada sobre as sementes. Os rolos foram colocados no germinador a uma temperatura de 25 ± 2°C. As contagens foram realizadas aos 7 e 14 dias, sendo os resultados expressos em percentagem de plântulas normais (BRASIL, 2009). 5.2. Teste de Vigor Para a análise do vigor das sementes, foi utilizado o teste de frio conforme KRZYZANOWSKI (1999). Foram distribuídas uniformemente, quatro 34 repetições de 50 sementes em papel germitest, previamente umedecido com água destilada na proporção de 2,5 vezes o peso do papel seco, sendo em seguida cobertas por outras duas folhas do mesmo papel sobre as sementes, montando-se os tradicionais rolos. Estes foram colocados em sacos plásticos fechados e levados a uma geladeira regulada a 10°C, onde permaneceram por sete dias. Após este período os rolos foram transferidos para um germinador à temperatura de 25± 2°C. As contagens foram realizadas aos 7 e 14 dias, sendo os resultados expressos em percentagem de plântulas normais (BRASIL, 2009). Os lotes foram classificados de acordo com a seguinte escala proposta por Marchezan et al. (2001): vigor muito alto (>90%); vigor alto (8190%); vigor médio (71- 80%); vigor baixo (61-70%) e vigor muito baixo (<60%). 5.3. Peso de mil sementes O peso e mil sementes foi determinado através da pesagem de oito repetições de 100 sementes com casca, provenientes do colmo principal e perfilhos. Pesou-se essas repetições em separado e calculou-se a variância, o desvio padrão e o coeficiente de variação dos valores obtidos nas pesagens, como segue: onde: x = peso de cada repetição n = número de repetições Σ = somatório X = peso médio de 100 sementes 35 Se o C.V. não exceder de 6% para sementes consideradas como palhentas ou 4% para as não-palhentas, o resultado dessa determinação será obtido multiplicando-se o peso médio das 100 sementes por 10. Se, ao contrário, exceder aos limites mencionados, pesam-se mais 8 repetições e calculam-se novamente a variância e o desvio padrão, agora sobre 16 repetições. Não é necessário calcular novamente o coeficiente de variação. Após o cálculo da variância e do desvio padrão, desprezam-se todas as repetições cujos pesos divergiram da média mais do que o dobro do desvio padrão obtido. Feito isso, calcula-se a nova média das repetições restantes e multiplica-se a mesma por 10 (BRASIL, 2009). 5.4. Rendimento de grãos inteiros Utilizou-se uma amostra de 100 gramas de arroz, com 13% de umidade. A separação das sementes inteiras e quebradas foi realizada com o “trieur”, que acompanha a própria máquina. A percentagem de sementes inteiras e quebradas foi obtida de forma direta, pela pesagem das sementes inteiras e quebradas, determinando a percentagem de sementes inteiras (MARTINEZ e CUEVAS, 1989). 6. Análise Estatística O delineamento experimental foi blocos casualizados com parcelas subdivididas. O manejo da irrigação constituiu as parcelas, enquanto que as combinações das cultivares e tratamento com produtos químicos constituíram as subparcelas. Os dados foram submetidos à análise de variância, sendo a comparação de médias realizada utilizando o teste de DMS de Fischer a 5% de probabilidade. As análises foram realizadas através dos procedimentos GLM e lsmeans do SAS (2001). 36 RESULTADOS E DISCUSSÃO O teste de germinação é um parâmetro utilizado para medir a viabilidade e predizer a emergência a campo quando a semeadura é realizada em condições ideais de solo (FRANCO e PETRINI, 2002). Tabela 1. Efeitos do manejo hídrico sobre a germinação (%), na cultivar BRS Atalanta e BRS Firmeza em arroz irrigado, safra 2008/2009, Pelotas/RS. Germinação Fator Manejo hídrico com lâmina BRS Atalanta BRS Firmeza 94 a 88 a sem lâmina 91 b 84 b Médias seguidas de letras distintas diferem significativamente pelo teste de DMS de Fischer em nível de 5% de probabilidade. Na cultivar BRS Querência (Apêndice 1) esta variável não foi afetada pelos fatores em estudo, tendo apresentado um valor médio de 91%. Nas cultivares BRS Atalanta (Apêndice 2) e BRS Firmeza (Apêndice 3) a variável foi influenciada pelo manejo hídrico. Na Tabela 1 verifica-se que o tratamento com lâmina d’água até o momento da colheita do arroz proporcionou as melhores médias comparado ao tratamento de supressão de lâmina d’água, discordando de Rodrigues et al. (2011). Os autores dizem que a supressão antecipada da irrigação não é um fator limitante para a qualidade fisiológica das sementes da cultivar BRS Querência e Atalanta. 37 Tabela 2. Efeitos da estrutura da planta sobre a germinação (%), na cultivar BRS Pelota em arroz irrigado, safra 2008/2009, Pelotas/RS. Fatores Estrutura de planta colmo principal Germinação (%) 87 b Perfilhos 90 a Médias seguidas de letras distintas diferem significativamente pelo teste de DMS de Fischer em nível de 5% de probabilidade. Na cultivar BRS Pelota (Apêndice 4) verifica-se que não houve interação significativa entre os fatores para a variável germinação. Na avaliação dos efeitos principais, através da Tabela 2, verifica-se que houve diferença na germinação das sementes com relação à estrutura da planta, constatando-se que as sementes dos perfilhos obtiveram maior percentagem de germinação, consequentemente apresentando maior qualidade fisiológica. Tabela 3. Efeitos do manejo químico e hídrico sobre o vigor (%), na cultivar BRS Querência em arroz irrigado, safra 2008/2009, Pelotas/RS. Fatores Manejo químico Manejo hídrico Sem Com Com Vigor (%) BRS Querência 95 b 98 a Sem 95 b Com 95 b Médias seguidas de letras distintas diferem significativamente pelo teste de DMS de Fischer em nível de 5% de probabilidade. Sem Com relação à variável vigor verifica-se que a cultivar BRS Querência apresentou interação entre manejo hídrico e químico (Apêndice 1), com melhor desempenho naquelas sementes provenientes do tratamento com lâmina d’água e com químico (Tabela 3). Netto et al. (1997) e Faria et al. (2003) verificaram aumento do vigor da semente de sorgo e algodão, respectivamente, quando as mesmas foram tratadas com carboxim e Thiran. Grützmacher et al. (2008) quando utilizou inseticida para o tratamento de Oryzophagus oryzae não verificaram alterações no vigor nas sementes de arroz, permanecendo com 38 uma média de 93%. Inclusive, os autores verificaram que quanto mais próximo do dia da semeadura foi a aplicação do produto maior foi a percentagem do vigor das sementes, chegando a 96% no dia da aplicação do produto. No presente trabalho a aplicação do inseticida ocorreu 70 dias após a semeadura, atingindo valores próximos aos encontrados por Grützmacher et al. (2008). Segundo Marcos Filho (1999), com a evolução do ciclo da cultura ocorre redução da influência do vigor de sementes, pois o desempenho das plantas depende menos das reservas das sementes e mais das relações genótipo x ambiente. Tabela 4. Efeitos do manejo hídrico sobre o vigor (%), na cultivar BRS Atalanta em arroz irrigado, safra 2008/2009, Pelotas/RS. Fator Manejo hídrico com lâmina BRS Atalanta 98 a sem lâmina 96 b Médias seguidas de letras distintas diferem significativamente pelo teste de DMS de Fischer em nível de 5% de probabilidade. A BRS Atalanta sofreu efeito do manejo hídrico (Apêndice 2), verificando-se que a presença de lâmina d’água até o momento da colheita proporcionou melhor vigor das sementes (Tabela 4). A presença de lâmina d’água até o momento da colheita aumentou significativamente a qualidade fisiológica da semente para esta variável em estudo. Rodrigues et al. (2011) verificaram que a cultivar BRS Atalanta manteve-se com melhor desempenho em relação à BRS Querência, apresentando vigor superior a 70% quando as cultivares foram submetidas a supressão da lâmina d’água. No presente trabalho os níveis de vigor se equipararam entre as cultivares citadas, apresentando-se acima de 95% para BRS Querência e acima de 96% para a BRS Atalanta. De acordo com Grabe (1976) uma boa qualidade fisiológica deve ter entre 70 e 85% de plântulas normais no teste de frio. Este está dentre os testes de vigor considerados mais importantes pela Association of Official Seed 39 Analysis (AOSA, 1983), indicando médio a alto vigor. O presente trabalho apresenta níveis de vigor acima de 90% que segundo a escala proposta por Marchezan et al. (2001) é classificado como um vigor muito alto. Para a cultivar BRS Firmeza (Apêndice 3) e BRS Pelota (Apêndice 5) a variável vigor não foi afetada por nenhum dos fatores em estudo e apresentaram uma média de 92% e 94%, respectivamente. Nas últimas duas décadas se reconheceu o vigor como um fator definível de qualidade e se compreendeu seus efeitos sobre o comportamento e emergência da semente a campo (FRANCO e PETRINI, 2002), buscando cada vez mais a produção de sementes com alto padrão de qualidade e produtividade. O potencial máximo de produtividade de uma dada cultura é definido pela carga genética contida nas sementes, fazendo com que todos os processos e práticas da lavoura sejam planejados e conduzidos em função das mesmas (PATERNIANI, 1999). O uso de sementes de alto vigor é fundamental no estágio inicial da cultura influenciando diretamente na competição com plantas daninhas. Além disso, irá ocorrer um estabelecimento mais rápido da planta podendo proporcionar acréscimos superiores a 20% no rendimento de grãos. Esses autores, complementam, dizendo que o vigor é o atributo de qualidade que melhor expressa o desempenho da semente, no que concerne ao seu ciclo vital de reprodução e propagação da espécie. Tabela 5. Efeitos do manejo químico e hídrico sobre o peso de mil sementes (g) – PMS, no colmo principal e perfilhos, na cultivar BRS Querência em arroz irrigado, safra 2008/2009, Pelotas/RS. Fatores Manejo químico Manejo hídrico com sem Colmo principal Perfilhos sem 28,25 a A 28,38 a A com 28,20 a A 28,65 a A sem 27,23 b B 28,40 a A com 27,85 a A 28,18 a A Médias seguidas de letras distintas diferem significativamente pelo teste de DMS de Fischer em nível de 5% de probabilidade. Letras minúsculas comparam na coluna e maiúsculas comparam na linha. 40 Na cultivar BRS Querência (Apêndice 1) verifica-se que houve interação significativa dos três fatores em estudo para a variável PMS. Na Tabela 5 verifica-se diferença entre colmo principal e perfilhos e que o tratamento sem lâmina d’água (supressão de água uma semana após 50% de floração) e sem aplicação de produtos químicos influenciou de forma negativa no PMS do colmo principal, discordando de Franco (2009) que não encontraram diferenças significativas entre o peso de 1000 sementes do colmo principal e dos perfilhos nas cultivares de arroz BRS Atalanta, BRS Pelota, BRS Firmeza e BR Irga 409. Segundo Yoshida (1981), esta variável é muito pouco influenciada por fatores externos, e sim por fatores genéticos. A supressão da água e a ausência do tratamento químico proporcionou redução no peso de mil sementes dos colmos principais na cultivar Querência (Tabela 5), sendo este resultado semelhante aos relatados por Sangoi et al. (2008). O arroz necessita de água durante todo o seu ciclo, sendo que a falta de água no perfilhamento pode reduzir o número de perfilhos efetivos, diminuindo o número de panículas por área e comprometendo a produtividade da cultura (RAMIREZ, 2005). O autor complementa dizendo que a retirada da água da lavoura pode causar problemas de déficit hídrico à cultura, se o período de drenagem for prolongado e não ocorrer precipitação pluvial durante esta etapa. Tabela 6. Efeitos do manejo químico e hídrico sobre o peso de mil sementes (g), na cultivar BRS Firmeza, em arroz irrigado, safra 2008/2009, Pelotas/RS. Fatores Manejo químico Manejo hídrico com sem PMS (g) BRS Firmeza sem 27,78 a com 27,16 b sem 27,23 b com 27,23 b Médias seguidas de letras distintas diferem significativamente pelo Teste DMS de Fischer em nível de 5% de probabilidade. 41 Na cultivar BRS Firmeza (Apêndice 3) verifica-se que houve interação significativa dos fatores manejo hídrico e químico para a variável PMS. Na Tabela 6 verifica-se que o tratamento sem lâmina d’água e com manejo químico apresentou significativamente maior resultado de PMS comparado aos demais. A interrupção da irrigação no perfilhamento durante o ciclo do arroz irrigado (estresse) predispõe a planta à incidência de brusone, principal doença da cultura (Miura, 2005). A Brusone nas folhas durante a fase vegetativa causa redução no número de perfilhos, no número de grãos por panícula e no peso de grãos (Prabhu et al., 1986). Tabela 7. Efeitos do manejo químico sobre o peso de mil sementes (g), nas cultivares BRS Atalanta e BRS Pelota em arroz irrigado, safra 2008/2009, Pelotas/RS. Fator Manejo químico BRS Atalanta BRS Pelota com 27,64 a 27,99 a sem 27,08 b 26,95 b Médias seguidas de letras distintas diferem significativamente pelo Teste DMS de Fischer em nível de 5% de probabilidade. Na cultivar BRS Atalanta (Apêndice 2) e BRS Pelota (Apêndice 4) verifica-se que ocorreu efeito somente do tratamento químico para a variável peso de mil sementes. Na cultivar BRS Atalanta e BRS Pelota foi significativamente maior com presença de tratamento químico (Tabela 7). Scheuermann e Eberhardt (2011) utilizaram três grupos químicos fungicidas, triazóis, estrobilurinas e benzotiazóis, em duas aplicações, realizadas nos estádios de emborrachamento e pleno florescimento do arroz irrigado verificando um peso de 1.000 sementes de 30,14g. Os autores complementam dizendo que os fungicidas quando empregados corretamente, nas condições necessárias, são uma alternativa a ser considerada para complementar o manejo de doenças, principalmente quando não se dispõe de cultivares resistentes. 42 Tabela 8. Efeitos do manejo químico e hídrico sobre a percentagem de rendimento de grãos inteiros, do colmo principal e perfilhos, na cultivar BRS Atalanta em arroz irrigado, safra 2008/2009, Pelotas/RS. Fatores Manejo químico com sem Manejo hídrico Colmo principal Perfilhos sem 61,75 a A 61,00 ab A com 59,75 a A 60,50 b A sem 59,65 a B 64,25 a A com 60,75 a A 59,25 b A Médias seguidas de letras distintas diferem significativamente pelo Teste DMS de Fischer em nível de 5% de probabilidade. Letras minúsculas comparam na coluna e maiúsculas comparam na linha. Na cultivar BRS Atalanta (Apêndice 2) verifica-se que houve interação significativa dos três fatores em estudo para a variável rendimento de grãos inteiro. Na Tabela 8 verifica-se que houve diferença entre colmo principal e perfilhos, discordando de Franco et al. (2011). Entretanto, esses mesmos autores encontraram diferenças entre essas variáveis para as cultivares BRS Firmeza, BRS Pelota e BR Irga 409. Essa diferença entre as estruturas foi observada no tratamento com supressão de lâmina d’água e sem tratamento químico. Dentro de cada estrutura de planta da cultivar BRS Atalanta apenas houve efeito dos fatores no rendimento de grãos inteiros dos perfilhos no tratamento sem lâmina e sem tratamento químico (Tabela 6). Franco et al (2011) não encontraram diferença no rendimento de grãos inteiros entre colmos principais e perfilhos para as cultivares BRS Atalanta, BRS Firmeza e BR Irga 409, enquanto que para BRS Pelota os colmos principais produziram maior rendimento de grãos inteiros. 43 Tabela 9. Efeitos do manejo químico e hídrico sobre a percentagem do rendimento de grãos inteiros, na cultivar BRS Querência e BRS Firmeza, em arroz irrigado, safra 2008/2009, Pelotas/RS. Fatores Manejo químico com Manejo hídrico sem com Rendimento (%) BRS Querência BRS Firmeza 61,00 a 58,75 ab 59,25 a 56,38 b sem 56,13 b 57,00 b com 59,38 a 61,00 a Médias seguidas de letras distintas diferem significativamente pelo Teste DMS de Fischer em nível de 5% de probabilidade. sem Na cultivar BRS Querência (Apêndice 1) e na BRS Firmeza (Apêndice 3) verifica-se que houve interação significativa dos fatores manejo hídrico e manejo químico para a variável rendimento de grão inteiro. Franco et al. (2011) verificaram diferença significativa para esta variável nas sementes provenientes da BRS Firmeza, BRS Pelota e BR Irga 409. Na Tabela 9 verifica-se que o pior rendimento de grãos inteiros na BRS Querência ocorreu na ausência de tratamento químico e supressão de água uma semana após 50% da floração, enquanto que na BRS Firmeza aconteceu exatamente o contrário. Gomes et al (2005) comentam que embora manutenção de uma lâmina de água sobre a superfície do solo propicie uma série de vantagens para as plantas de arroz, é possível realizar a supressão do fornecimento de água a partir de uma semana até 10 dias após 50% floração com o objetivo de redução nos problemas relacionados à retirada da produção da lavoura e à desestruturação do solo. Em contrapartida, a presença de lâmina d’água no momento da colheita pode retardar o processo de perda de água da semente com consequente diminuição da presença de grãos muito secos, diminuindo assim as perdas por danos físicos. Bianchet (2006) não observou influência do manejo hídrico no rendimento de grãos inteiros, encontrando, no entanto, diferença entre cultivares de arroz irrigado. Ramírez et al. (2005) estudando épocas de drenagem da água após o florescimento do arroz, concluíram que os efeitos desta prática varia em função do genótipo. Esses autores constataram que o 44 rendimento de grãos inteiros é afetado principalmente pelas características climáticas e de manejo no período de florescimento e enchimento de grãos. Para YOSHIDA (1981) o número de espiguetas, que influenciará no rendimento de grãos inteiros, é influenciado por fatores genéticos e por condições externas vigentes durante a fase reprodutiva. Tabela 10. Efeitos do manejo químico sobre a percentagem do rendimento de grãos inteiros, na cultivar BRS Pelota, em arroz irrigado, safra 2008/2009, Pelotas/RS. Fator Manejo químico com Rendimento (%) BRS Pelota 59,44 a sem 54,62 b Médias seguidas de letras distintas diferem significativamente pelo Teste DMS de Fischer em nível de 5% de probabilidade. Na cultivar BRS Pelota (Apêndice 4) verifica-se que não houve interação significativa dos três fatores em estudo para a variável rendimento de grão inteiro. No entanto, na Tabela 10 verifica-se que o pior rendimento de grãos inteiros ocorreu quando não houve tratamento químico desta cultivar. 45 CONCLUSÕES A supressão da irrigação 10 dias após o início do florescimento prejudica a germinação das sementes nos cultivares BRS Atalanta e BRS Firmeza assim como o vigor das sementes nos cultivares BRS Querência e BRS Atalanta. Não há diferença no vigor das sementes colhidas nos colmos principais e perfilhos. O manejo fitossanitário utilizado elevou o peso de mil sementes e o rendimento de grãos inteiros. 46 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANSELMI, R.V. Arroz - O Prato do Dia na Mesa e na Lavoura Brasileira – Ìcone Editora Ltda, 1985, 129p. ADAME, C.A. & KOLLER, W. Characterization of spontaneous mutants of Magnaporthe grisea expressing stable resistance to the Qo-inhibiting fungicide azoxystrobin. Current Genetics, New York, v.42, n.6, 2003, p.332-338. ALBUQUERQUE, M.C.F.; CAMPOS, V.C.; MENDONÇA, E.A.F.; CALDEIRA, S.A.F.; BRUNCA, R. H.C.G. 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Germ Vigor PMS (1) Rend Manejo hídrico (H) Manejo químico(Q) Estrutura da planta (EP) H*Q H*EP Q*EP H*Q*EP CV 0,4966 0,3836 0,7699 0,8453 1,0000 1,0000 0,6264 3,93 0,1946 0,0164* 0,9298 0,0358* 0,4311 0,5393 0,6604 2,08 0,4728 0,0298* 0,2359 0,0229* 0,1937 0,2359 0,1937 1,42 R2 0,06 0,38 0,2797 0,0036* 0,0012** 0,7595 0,3621 0,1147 0,0485* 4,93 0,43 VARIÁVEL 0,58 * Significativo em nível de 5% de probabilidade ** Significativo em nível de 1% de probabilidade 56 APENDICE 2Valores de probabilidade (P=F) de germinação (%), vigor (%), rendimento de grãos inteiros (%) e peso de 1.000 sementes (PMS) (g), na cultivar BRS Atalanta, em arroz irrigado, safra 2008/2009, Pelotas/RS. Germ Vigor PMS (1) Rend Manejo hídrico (H) Manejo químico(Q) Estrutura da planta (EP) H*Q H*EP Q*EP H*Q*EP CV 0,0315* 0,7216 0,7216 0,6003 0,2567 0,8429 0,4085 4,77 0,0039** 0,3520 0,2079 0,3520 0,6700 0,3520 0,6700 2,12 0,0594* 0,7634 0,3702 0,6521 0,1834 0,3702 0,0316* 1,60 R2 0,25 0,38 0,2694 0,0013** 0,8730 0,3422 0,3832 0,2694 0,0756 3,82 0,35 Variável 0,47 *- Significativo em nível de 5% de probabilidade **- Significativo em nível de 1% de probabilidade 57 APENDICE 3Valores de probabilidade (P=F) de germinação (%), vigor (%), rendimento de grãos inteiros (%) e peso de 1.000 sementes (PMS) (g), na cultivar BRS Firmeza, em arroz irrigado, safra 2008/2009, Pelotas/RS. Germ Vigor PMS (1) Rend Manejo hídrico (H) Manejo químico(Q) Estrutura da planta (EP) H*Q H*EP Q*EP H*Q*EP CV 0,0201* 0,513 0,1482 0,9345 0,8055 0,2913 1,0000 4,96 0,2386 0,2828 0,6642 0,1124 0,7445 0,5160 0,3326 3,49 0,0214* 0,4769 0,2133 0,5467 0,0092** 0,9561 0,5467 0,4126 1,29 R2 0,3 0,23 Variável 0,0618 0,1104 0,0214* 0,4016 0,4016 0,4016 5,46 0,33 0,47 *- Significativo em nível de 5% de probabilidade **- Significativo em nível de 1% de probabilidade 58 APENDICE 4Valores de probabilidade (P=F) de germinação (%), vigor (%), rendimento de grãos inteiros (%) e peso de 1.000 sementes (PMS) (g), na cultivar BRS Pelota, em arroz irrigado, safra 2008/2009, Pelotas/RS Variável Germ Vigor Manejo hídrico (H) Manejo químico(Q) Estrutura da planta (EP) H*Q H*EP Q*EP H*Q*EP CV 0,0769 0,5649 0,0348* 0,2952 0,8474 0,0522 0,444 4,09 0,6915 0,0704 0,6916 0,4629 0,9547 0,9547 0,9547 3,27 R2 0,38 0,16 PMS (1) 0,5224 <0,0001** 0,7004 0,3725 0,8978 0,3725 0,5224 4,54 0,58 Rend 0,2577 <0,0001** 0,2070 0,6374 0,3841 0,8396 0,3165 0,99 0,83 *- Significativo em nível de 5% de probabilidade **- Significativo em nível de 1% de probabilidade 59