COMO MODELAR PROCESSOS DE NEGÓCIOS UTILIZANDO DIAGRAMA DE ATIVIDADES DA UNIFIED MODELING LANGUAGE (UML) Ursulino Pereira Dias1, Celso Luis. Z. Faria2 RESUMO: Todo trabalho realizado nas empresas faz parte de algum processo, não existe um produto ou um serviço oferecido por uma empresa sem um processo empresarial. À medida que a complexidade organizacional aumenta o número de variáveis a serem gerenciadas cresce significativamente. Para responder de forma rápida às solicitações dos clientes internos e externos, é necessário que a empresa tenha uma estrutura organizacional coerente com essas necessidades. O conceito de modelar a empresa criando processos de negócios está muito mais próximo de atender aos objetivos de qualquer organização, produzindo bens ou serviços que realmente atendam às expectativas de seus clientes. Na modelagem de processos de negócios, utilizando o diagrama de atividades da Unified Modeling Language (UML), pode-se verificar facilidades de representação do mundo real em decorrência a simplicidade de utilização deste diagrama. PALAVRAS-CHAVE: estrutura organizacional, modelagem, processos de negócios. INTRODUÇÃO Segundo Gonçalves (2000), muitas empresas querem organizar-se por processos, mas não têm uma noção clara dos passos a seguir e das providências que devem ser tomadas. Outras não estão certas da decisão a tomar a respeito da sua estruturação por processos e podem beneficiar-se de um raciocínio que as ajudem a decidir. Existem também as empresas que não sabem ao certo o que significa serem organizadas por processos e as que não têm certeza se a sua forma organizacional atual é adequada para a gestão dos processos. Finalmente, temos 1 Graduando em Administração de Empresas – Sistemas de Informação, Instituição Toledo de Ensino Botucatu 2 Professor mestre da FCEB - Instituição Toledo de Ensino e FEB – Engenharia da Produção – UNESP BAURU ainda, as empresas que precisam de mais esclarecimentos sobre o assunto para que possam analisar as vantagens da gestão por processos. Na concepção mais freqüente, processo é qualquer atividade ou conjunto de atividades que toma um input, adiciona valor a ela e fornece um output a um cliente específico. Os processos utilizam os recursos da organização para oferecer resultados objetivos aos seus clientes. Essa idéia de processo como um fluxo de trabalho – com inputs e outputs claramente definidos e tarefas discretas que seguem uma seqüência e que dependem uma das outras numa sucessão clara – vem da tradição da engenharia (que também deu origem à idéia de reengenharia). Os inputs podem ser materiais – equipamentos e outros bens tangíveis –, mas também podem ser informações e conhecimento. Nesta visão, os processos também têm início e fim bem determinados. Esta abordagem, característica dos adeptos do aperfeiçoamento de processos, acompanhou o raciocínio da engenharia industrial. O objetivo da modelagem do processo de negócio é garantir o entendimento da estrutura e a dinâmica da organização, objetivando a compreensão entre todos os envolvidos, bem como: clientes, usuários finais e desenvolvedores, para que todos tenham uma visão comum. A proposta deste trabalho é demonstrar como é possível modelar uma estrutura organizacional com base em processos de negócios. Os profissionais que são responsáveis pela modelagem de processos de negócios podem contar com várias técnicas, ferramentas, processos e métodos utilizados para a modelagem dos processos de negócios. Neste trabalho utilizaremos os diagramas de atividades da Unified Modeling Language (UML) como um diagrama de modelagem de processos de negócios, pela sua simplicidade de utilização e representação do mundo real. A partir deste estudo a organização contará com um modelo não focado em divisões por funções e sim por atividades. 1. PROCESSOS DE NEGÓCIOS Processos normalmente não são denominados e se desenvolvem mais naturalmente que hierarquias na busca por oferecer um resultado ao cliente. Processos podem atravessar toda uma organização tradicional, processos são formas por meio das quais organizações agregam valores, ou mais detalhadamente, um processo corresponde a uma específica ordenação de atividades de trabalho ao longo do tempo e do espaço, com começo e fim, onde entradas e saídas são claramente identificadas: uma estrutura de ação. Reconhece-se por saídas, tanto os produtos como os serviços. De acordo com Laurindo e Rotondaro (2006), um processo empresarial é, simplesmente, o modo como uma organização realiza seu trabalho – a série de atividades que executa para atingir dado objetivo para certo cliente, seja interno, seja externo. Um processo pode ser grande e transfuncional, como a gestão de pedidos, ou relativamente circunscrito, como cadastro de pedidos (que poderia ser considerado um processo em si ou um sub-processo da gestão de pedidos). Cada processo utiliza recursos entre seu início e fim, que podem ser novamente utilizados, após seu término, para algum outro propósito. Assim podem ter várias instâncias de um mesmo processo acontecendo concorrentemente. Cada processo tem um proprietário e um responsável, podendo ter vários operadores do processo. O proprietário de um processo é um executivo que define o processo, estabelece e monitora suas metas. O responsável pelo processo “executa” uma instância do processo e se reporta ao proprietário do processo. Para Hammer e Champy (1994), processo é um grupo de atividades realizadas numa seqüência lógica, com o objetivo de produzir um bem ou um serviço que tem valor, para um grupo específico de clientes. As organizações orientadas para processos vêem como processos, não apenas projetos tradicionais, mas outros trabalhos também, por mais rotineiros e repetitivos, estas organizações eliminam gerentes intermediários (supervisores) e os responsáveis pelos processos se reportam diretamente ao proprietário do processo. As organizações orientadas para processos agrupam seus funcionários em áreas de competência, cada qual com seu responsável, chamado proprietário de recursos. Os processos de negócios são ligados à essência do funcionamento da organização (DREYFUSS, 1996). Eles são típicos da empresa em que operam e são muito diferentes de uma organização para outra. Eles têm suporte dos sistemas que têm sido desenvolvidos ao longo de décadas de desafios e aperfeiçoamento. A busca por organizações orientadas para processo desenvolve-se em: business enginnering, business reengineering e business Improvement. Business engineering (Engenharia de negócios) é um conjunto de técnicas usadas pela empresa para projetar seu negócio de acordo com metas específicas. Business reengineering (Reengenharia de negócios) é o questionamento de todo o negócio e se buscam maneiras completamente novas de reconstruí-lo (por que você faz o que faz; como é feito; etc.) Business improvement (Melhoria de negócios) – após a reengenharia busca se manter e incrementar os avanços por meio da busca de novos objetivos e novos esforços para alcançá-los. Já um Business Model (Modelo de negócios) mostra o que é o ambiente onde a empresa se situa e como esta se relaciona com esse ambiente. O ambiente da empresa consiste de tudo e de todos com quem a empresa interage para realizar seus processos (ex. clientes, fornecedores, empreiteiros, etc.). Esse modelo pode ser composto por vários modelos integrados consistentemente. Um elemento chave do modelo de negócio é a descrição da arquitetura da empresa, ou seja, sua estrutura. Estruturas são compostas por elementos. Cada elemento é ligado a outros elementos. Elementos são tangíveis, têm substância, podem ser atribuídos a si valores (algumas vezes vários valores) e têm limites. Elementos têm um proprietário, que é alguém na empresa. Um processo de negócios compreende um número de elementos: uma atividade é o elemento central de um processo de negócios. Todos os processos de negócios consistem de uma ou mais atividades. De fato, um processo de negócio é próprio de um alto nível de atividade. Cada atividade é um processo de negócio que pode se seguir de outra atividade. Uma transição chamada acaba quando uma atividade termina e inicia uma após a outra. O desenvolvimento de processos de negócios é um recurso atribuído pelo principal gerente para desenvolver e manter os processos de negócios da empresa. É esse recurso que desenvolve os negócios da empresa. Suas entradas incluem novos objetivos e suas saídas correspondem a uma empresa alterada. Poderia ser considerada como um “processo interno”, contudo, para não confundir o conceito de processo, considera-se apenas como um agregado de objetos. 2. MODELAGEM DE PROCESSO DE NEGÓCIO Para Baldwin et al (2005), na maioria dos processos, o estágio de planejamento é vital, tanto para sistemas novos quanto para os que passaram por reengenharia. A maioria dos planejamentos de processos envolve mais do que um nível de detalhe. Há, basicamente, dois níveis: o superior, que envolve os fundamentos de um dado processo e o inferior, que representa as operações cotidianas. O nível inferior também inclui detalhes extras, como a localização física dos componentes que constituem o processo. Segundo Rosemann (2006), a modelagem de processo sugere uma abordagem mais disciplinada, padronizada, consistente e sobretudo, mais científica. Ela facilita a visualização do processo e tem de satisfazer um grupo de pessoas cada vez mais heterogêneo e os propósitos da modelagem. Ela deve ser mensurável, configurável e, geralmente, unir possibilidades de TI às exigências do negócio. De acordo com Vieira (2003), a modelagem de processos empresariais é o processo de conduzir a melhoria dos processos de negócios da organização, otimizando a utilização de seus recursos e permitindo criar para acompanhar a sua performance e o cumprimento de suas metas. 3. COMO MODELAR PROCESSOS DE NEGÓCIOS UTILIZANDO O DIAGRAMA DE ATIVIDADES DA UML Segundo Jones (2001), a UML trata-se de uma linguagem com uma especificação semântica semiformal, que inclui sintaxe abstrata, regras bemdefinidas e semântica dinâmica. A UML consegue capturar a estrutura de sistemas orientados a objeto em um nível acima das linhas individuais de código, e por ser expressa em diagramas que englobam a gama de construções que aparecem em sistemas típicos orientados a objeto. A UML é uma ferramenta para especificação, visualização, construção e documentação de artefatos de software, modelagem de negócios e outros sistemas não computacionais. A UML possui um conjunto de diagramas que podem ser utilizados para representar aspectos específicos do desenvolvimento de projetos de sistemas. Os diagramas de casos de uso são utilizados para modelar requisitos do usuário, os diagramas de atividades são utilizados na modelagem de processos de negócios. Na figura 1 são apresentados os elementos típicos de um diagrama de atividades. Os diagramas de atividades são utilizados na modelagem de processos de negócios para modelagem da lógica, capturada por um caso de uso ou para modelagem da lógica de regras de negócio. Os diagramas de atividades são representados por um grafo orientado cíclico, podendo conter nós de diferentes tipos. As arestas do grafo definem a ordem de execução entre as atividades e objetos representados no grafo. Existem diferentes tipos de nós, cada um possuindo uma semântica específica. Abaixo segue a descrição de alguns deles, e na figura 1 a representação gráfica: Nó inicial: O círculo negro que marca o início do diagrama. Todo diagrama possui apenas um estado inicial que é onde o fluxo se inicia. Nó final: É representado por um círculo negro com outro círculo por fora. O diagrama pode possuir múltiplos nós finais, que são onde determinado fluxo de execução se encerra. Atividade: Os retângulos com cantos arredondados representam as atividades. Uma atividade é a unidade onde alguma tarefa é executada. Divisão: Uma barra negra (horizontal ou vertical) com uma seta entrando e múltiplas saindo. A divisão é um ponto do diagrama onde dois ou mais fluxos concorrentes são criados. Junção: Uma barra negra (horizontal ou vertical) com múltiplas setas entrando e apenas uma saindo. A Junção é um ponto onde dois ou mais fluxos se juntam novamente em um único fluxo. Decisão: Um losango com uma seta chegando e diversas saindo. As setas de saída normalmente incluem condições. Por isso, após uma decisão apenas um destes fluxos é selecionado. Junção da Decisão: Um losango com múltiplas setas entrando e apenas uma saída. Marca o ponto onde os diversos fluxos que saem de uma decisão são unidos novamente. Emissão de Evento / Recebimento de Evento: Um evento ocorre quando o fluxo de execução passa de uma parte do diagrama para outra. Quando o fluxo chega em um objeto de emissão de evento (representado por um pentágono) ele automaticamente passa para o ponto onde se encontra o objeto de recebimento de evento (representado por um pentágono obtuso) associado a ele. Produto / Recurso: Representa um produto produzido pela execução de uma atividade, ou um recurso necessário para executá-la. É representado por um quadrado, e pode estar associado a uma atividade por setas pontilhadas (Fluxo de Objetos). Raias: As raias definem partições do diagrama. São muito utilizadas para identificação de responsabilidades. Atividades localizadas na mesma raia utilizariam o mesmo tipo de recurso. Figura 1 – Elementos do Diagrama de Atividades. Um exemplo de diagrama de atividades pode ser visualizado na figura 2. O exemplo retrata um diagrama de atividades que utiliza os objetos definidos acima, para representar um processo simplificado de desenvolvimento de software. Figura 2 – Exemplo de Diagrama de Atividades da UML. CONCLUSÕES A nova realidade organizacional não se baseia mais apenas em: foco no produto, burocracia, comunicação vertical, controles, estrutura piramidal, chefias, entre outros. Existem muitas empresas que insistem em não se adequar a essa nova realidade, mas logo terão que mudar o seu quadro, e para isso é preciso estabelecer compromissos com profundas mudanças culturais, desde a utilização dos recursos tecnológicos e o preparo de funcionários para substituir o controle por compromissos, até mudar os focos tradicionais, transformando a visão de burocracia em adhocracia, de comunicação vertical em comunicação horizontal, de produtos em serviços, de chefias em cliente, de ajuda institucional em auto-ajuda, e assim por promover a renovação dos paradigmas ultrapassados. Há várias razões suficientes justificáveis para a modelagem de processos de negócios. Em termos gerais, a principal é que permite que se obtenha uma visão macro de uma organização, a partir da qual se possam entender seus objetivos, avaliar possíveis soluções para seus problemas e tomar providências corretivas para desvios de uma situação ideal. O diagrama de atividades da UML para fins de modelagem de processos apresenta uma linguagem simples e ao mesmo tempo dinâmica para representar tais mudanças que as organizações deverão efetuar para sobreviverem num mercado altamente competitivo em que estão vivendo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BALDWIN et al, Business Process Design: Flexible Modelling With Multiple Levels of Detail. Business Process Management Journal, Vol.11, nº 1, 2005, pp. 2236. Disponível em www.emeraldinsight.com/1463-7154.htm. DREYFUSS, Cássio. As Redes e a Gestão das Organizações. Rio de Janeiro: Guide, 1996. GONÇALVES, José Ernesto Lima. As Empresas são Grandes Coleções de Processos. RAE – Revista de Administração de Empresas, v. 40, n. 1, p. 6-19, jan.mar. 2000. HAMMER, Michael; CHAMPY, James. Reengenharia - Revolucionando a Empresa: Em Função dos Clientes, da Concorrência e das Grandes Mudanças da Gerência. Rio de Janeiro: Campus, 1994. Jones, Meilir Page. Fundamentos do Desenho Orientado a Objetos com UML. São Paulo: MAKRON Books Ltda., 2001. LAURINDO, Fernando José Barbin; ROTONDARO, Roberto Gilioli. Gestão Integrada de Processos e da Tecnologia da Informação. São Paulo: Atlas, 2006. ROSEMANN, M.; Potential Pitfalls of Process Modeling: Part A. Business Process Management Journal, Vol.12, www.emeraldinsight.com/1463-7154.htm. nº 2, 2006, pp. 249-254. Disponível em VIEIRA, Marconi. Gerenciamento de Projetos de Tecnologia da Informação. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. – 6ª impressão.