SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM: FERRAMENTA PARA O CUIDADO 1 DOTTO, Jéssica2; WEBER, Shuelen2; QUADROS, Jacqueline3; DALL’ASTA, Adriana4 1 Relatório de estágio desenvolvido na disciplina de Estágio Curricular I, do Curso de Graduação em Enfermagem do Centro Universitário Franciscano- UNIFRA. 2 Acadêmicas do 8º semestre do Curso de Graduação em Enfermagem do Centro Universitário FranciscanoUNIFRA. Membro do Grupo de Estudos e Pesquisa em Empreendedorismo Social da Enfermagem e Saúde (GEPESES/UNIFRA) 3 Enfermeira Graduada pelo Centro Universitário Franciscano- UNIFRA. Membro do Grupo de Estudos e Pesquisa em Empreendedorismo Social da Enfermagem e Saúde (GEPESES/UNIFRA) 4 Docente do Curso de Graduação e Enfermagem do Centro Universitário Franciscano- UNIFRA. Membro do Grupo de Estudos e Pesquisa em Empreendedorismo Social da Enfermagem e Saúde (GEPESES/UNIFRA) e-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected] RESUMO Objetiva-se com esse estudo sensibilizar a equipe de enfermagem sobre a importância da Sistematização da Assistência de Enfermagem e analisar a possibilidade de implementação da SAE na Unidade de Terapia Intensiva. Trata-se de um relato de experiência realizado durante o período de Estágio Curricular Supervisionado I, em uma Unidade de Tratamento Intensivo de um Hospital de Médio Porte localizado em Santa Maria-RS. A partir das atividades propostas pode-se perceber que existe uma necessidade de implementar a SAE na UTI, pois a sistematização poderá propiciar uma assistência de maior qualidade, com redução de custos, tempo de internação sem reproduções de terapêuticas, com cuidados específicos ao individuo e não somente a sua doença. Palavras-chave: Enfermagem. UTI. SAE. 1. INTRODUÇÃO A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é conceituada como um método de prestação de cuidados para a obtenção de resultados satisfatórios na implementação da assistência, com o objetivo de reduzir as complicações durante o tratamento, de forma a facilitar a adaptação e recuperação do paciente (LEFEVRE, 2002). O uso do método requer o pensamento crítico do profissional, que deve estar focado nos objetivos e voltado para os resultados, de forma a atender as necessidades do paciente e de sua família; exigindo constante atualização, habilidades e experiência, sendo orientado pela ética e padrões de conduta (SILVA, et al 2011). Com o intuito de organizar o gerenciamento do cuidado a partir de tomadas de decisões críticas e não meramente advindas de uma série de tentativas e erros, que pudessem oferecer ao paciente segurança e participação nas ações estabelecidas, foram estabelecidas etapas que num sentido geral correspondem à identificação do problema (inclui-se aqui a coleta de dados e diagnósticos) e a solução do problema (através do planejamento da resposta que se pretende alcançar, intervenção e avaliação do método empregado). Em termos didáticos, correspondem a: Coleta de informações (Histórico) esta identifica os problemas reais ou potenciais do cliente de forma que atenda as necessidades encontradas prevenindo as complicações, Diagnóstico de enfermagem que permite diagnosticar as necessidades do cliente, Planejamento e Implementação que garantem a prescrição adequada dos cuidados e Avaliação que orienta a avaliação dos resultados e qualidade da assistência prestada, que devem ser registrados formalmente no prontuário do cliente (GARCIA, NÓBREGA, 2009; BITTAR et al, 2006; ANDRADE, VIEIRA, 2005 ). Embora o Conselho Federal de Enfermagem tenha tornado obrigatória a implementação da SAE, ainda existem algumas dificuldades para sua execução, que envolvem não apenas a deficiência de recursos, mas a forma como o profissional se apropria do conhecimento (FIGUEIREDO, et al 2006). Conforme a Resolução COFEN nº 358/2009, art. 2º, afirma que a implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem - SAE deve ocorrer em toda instituição de saúde, pública e privada, sendo assim acredita-se ser importante a implementação da SAE na Unidade de Terapia Intensiva- UTI de um hospital particular de médio porte, na cidade de Santa Maria- RS, na qual possui 10 leitos, e a equipe de enfermagem é composta por 22 técnicos de enfermagem e 5 enfermeiros. A necessidade de implementar a SAE, se deu a partir da observação de que ela otimiza a assistência de enfermagem de forma organizada, segura, dinâmica e competente como coloca Backes, et al 2005. Observou-se também nesse serviço que o plano de cuidados era prescrito pelo médico, de acordo com Truppel et al (2009) a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) configura-se como uma metodologia para organizar e sistematizar o cuidado. Esta metodologia é um instrumento privativo do processo de trabalho do enfermeiro, a qual possibilita o desenvolvimento de ações que modificam o estado do processo de vida e de saúde-doença dos indivíduos. Portanto, a SAE permite que se alcance resultados pelos quais o enfermeiro é responsável. A prescrição dos cuidados de enfermagem é competência do profissional enfermeiro baseado em seus conhecimentos técnico- científicos, a sistematização nada mais é do que a organização das ações de enfermagem, baseadas em um planejamento, no qual confere segurança no fazer. A implementação da SAE requer uma familiarização do enfermeiro com os diagnósticos de enfermagem, também acarreta uma maior aproximação do profissional com o paciente, e proporciona uma avaliação do processo saúde- doença diagnosticado anteriormente. 2. OBJETIVO Sensibilizar a equipe de enfermagem da importância da Sistematização da Assistência de Enfermagem; analisar a possibilidade de implementação da SAE na Unidade de Terapia Intensiva. 3. MÉTODOLOGIA Este trabalho trata-se de um relato de experiência realizado durante o período de Estágio Curricular Supervisionado I, em uma Unidade de Tratamento Intensivo de um Hospital de Médio Porte localizado em Santa Maria-RS. 4. REFERÊNCIAL TEÓRICO A preocupação em estabelecer uma normatização de cuidados individualizados ao cliente vem sendo percebida pela enfermagem há décadas. Desde 1929, nos Estados Unidos, e 1934 no Brasil,a utilização de estudos de caso foi introduzida nas discussões de ensino e práticas. Estes estudos eram compostos, basicamente, de historia da doença, evolução da moléstia, tratamento médico e cuidados de enfermagem (CIANCIRULLO et al, 2001). É importante considerar que a implementação da SAE pode ocorrer por meio de ferramentas tal como a consulta de enfermagem. Ainda assim se faz necessário o emprego de algum método para sistematizar a assistência, onde cada cenário de aplicação utilize-se da metodologia mais adequada a sua realidade; baseada na teoria de enfermagem que irá nortear a prática da enfermagem. A escolha de um método é essencial, e há que se considerar que não existe um método que represente um padrão para as unidades de saúde e nem tampouco para a garantia da qualidade da assistência. Sabe-se que existem diferentes métodos e realidades. Daí encontrar a equação ideal entre ambos, visando a qualidade da assistência, representa hoje um grande desafio ao gerenciamento de enfermagem (AMANTE et al, 2009). O processo de enfermagem é a maneira sistemática e dinâmica de prestar cuidado de enfermagem, promovendo cuidado humanizado, orientado a resultados de baixo custo. Além disso, impulsiona os enfermeiros a visualizarem constantemente o que estão fazendo e a estudarem como poderiam fazê-lo melhor (LEFEVRE, 2005). A SAE é essencial para que o enfermeiro possa gerenciar e desenvolver uma assistência de enfermagem organizada, segura, dinâmica e competente (BACKES et al, 2005). A utilização do processo de enfermagem traz muitos benefícios tais como: redução da incidência e tempo das internações hospitalares à medida que agiliza o diagnóstico e o tratamento de problemas de saúde; cria um plano de eficácia de custos; melhora a comunicação entre a equipe, prevenindo erros e repetições desnecessárias; elabora cuidados ao indivíduo e não apenas para a doença (LEFEVRE, 2005). Acredita-se que no cuidado em UTI o processo de enfermagem se torna imprescindível devido à gravidade da situação de saúde dos pacientes internados, dificultando a entrevista e exigindo uma observação e exame físico adequado, a necessidade de ação rápida, segura e efetiva da equipe de enfermagem e o longo tempo de permanência desses pacientes no ambiente hospitalar. Além disso, deve-se considerar a necessária participação ativa dos familiares na realização do processo de enfermagem na UTI, pois a maioria dos pacientes ali internados não apresentam condições de colaborar para o desenvolvimento do mesmo (AMANTE et al, 2009). A utilização do processo de enfermagem proporciona ao enfermeiro a possibilidade da prestação de cuidados individualizados, centrada nas necessidades humanas básicas, bem como norteia a tomada de decisão em diversas situações vivenciadas pelo enfermeiro enquanto gerenciador da equipe de enfermagem (ANDRADE, VIEIRA 2005). 5. PROCESSO Primeiramente procuramos referencial teórico em artigos científicos e também no livro NANDA NIC e NOC que nos possibilitasse a falar sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem, após elaboramos o relatório das ações, e fizemos o planejamento das mesmas. Posteriormente elaboramos um modelo de SAE que conteve os principais diagnósticos de enfermagem encontrados em UTI bem como suas prescrições de enfermagem. Marcamos um encontro com a chefia de enfermagem da UTI e fizemos uma breve orientação e sensibilização a cerca da importância da implementação da SAE em uma Unidade de Terapia Intensiva, apresentamos o modelo elaborado por nós, aprimoramos o mesmo com a ajuda da enfermeira, e nos foi solicitado que procurássemos a gerência de enfermagem do hospital para que o modelo fosse apresentado com o intuito de obter a autorização para a implementação do mesmo na UTI. Procuramos a gerente de enfermagem juntamente com nossa supervisora de estágio, apresentamos a ideia e justificamos a importância da implementação da SAE, obtivemos a autorização da gerência de enfermagem, mas nos deparamos com um obstáculo referente a operacionalização do sistema informatizado, pois o sistema para implantar a SAE não existe no hospital, dificultando assim a implementação da mesma no hospital bem como na UTI, também nos foi comunicado que devemos solicitar a autorização junto a direção clínica e a administração, justificando a real importância da SAE, seus benefícios para o paciente, hospital e convênios, com base em estudos já realizados. Percebendo a importância da Sistematização da Assistência de Enfermagem na UTI, bem como os seus benefícios, a implementação e a elaboração de um software próprio que possibilite realizar a SAE culminaram na elaboração de um Trabalho Final de Graduação I e II. 6. CONCLUSÃO A partir das atividades propostas pode-se perceber que existe uma necessidade de implementar a SAE na UTI, pois a sistematização poderá propiciar uma assistência de maior qualidade, com redução de custos, tempo de internação sem reproduções de terapêuticas, com cuidados específicos ao individuo e não somente a sua doença. Contudo, foi possível perceber que embora exista uma abertura por parte da gerência da UTI e do hospital, existe a dificuldade de implementar a sistematização da assistência de Enfermagem, pois não existe o programa no sistema da informática da instituição. REFERÊNCIAS ANDRADE, J. S. de; VIEIRA, M. J. Prática assistencial de enfermagem:problemas, perspectivas e necessidade de sistematização.Rev.Bras. Enferm. 2005 maio-jun; 58(3):261-5. AMANTE, L. N.; ROSSETTO, A. P. ; SCHNEIDER, D. G.Sistematização da Assistência de Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva sustentada pela teoria de Wanda Horta. Rev. esc. enferm. USP. vol.43 no.1 São Paulo Mar. 2009 BACKES, D. S; ESPERANÇA, M. P; AMARO, A. M; CAMPOS, I. E. F; CUNHA, A. D. da; SCHWARTZ, E. Sistematização da assistência de enfermagem: percepção dos enfermeiros de um hospital filantrópico. Acta Sci. Health Sci. Maringá, v. 27, n. 1, p. 25-29, 2005 BITTAR, D. B; PEREIRA, L. V; LEMOS,R. C. A. Sistematização da assistência de enfermagem ao paciente Crítico: proposta de instrumento de coleta de dados. Texto Contexto Enferm., Florianópolis, 2006 Out-Dez; 15(4): 617-28. CIANCIRULLO D. I.; GUALDA D. M. R.; MELLEIRO M. M.; ANABUKI, M. H. Sistema de Assistência de Enfermagem: evolução e tendências. São Paulo (SP): Ícone; 2001. COFEN Resolução Nº 358/2009. Disponível em: <http//site.portalcofen.gov.br/node/4384> Acesso em: 10 de maio de 2012. FIGUEIREDO R. M; ZEM-MASCARENHAS S. H; NAPOLEÃO A. A; CAMARGO A. B. Caracterização da produção do conhecimento sobre Sistematização da Assistência de Enfermagem no Brasil. Rev Esc Enferm USP. 2006;40(2):299-303. GARCIA T. R; NÓBREGA M. M. L. Processo de enfermagem: da teoria à prática assistencial e de pesquisa. Esc Anna Nery Rev Enferm. 2009 LEFEVRE, R. A. Aplicação do processo de enfermagem: promoção do cuidado colaborativo. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed; 2002. LEFEVRE, R. A. Aplicação do processo de enfermagem: promoção do cuidado colaborativo. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed; 2005. SILVA, E. G. C; OLIVEIRA, V. C de; NEVES, G. B. C; GUIMARÃES, T. M. R. O conhecimento do enfermeiro sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem: da teoria à prática .Rev. esc. enferm. USP vol.45 no.6 São Paulo Dec. 2011 TRUPPEL, T. C; MEIER, M. J; CALIXTO, R. do C.; PERUZZO, S. A; CROZETA, K. Sistematização da Assistência de Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva. Rev. bras. enferm. vol.62 no.2 Brasília Mar./Apr. 2009