Fisioterapia e Terapia Ocupacional CUSTO DE

CUSTO DE ATENDIMENTO EM UMA CLÍNICA DE FISIOTERAPIA
Pinto GLS, Carvalho ICR, Cardoso PGC, Napoleone FMGG
Universidade do Vale do Paraíba/Departamento de Fisioterapia, Av. Shishima Hifumi, 2911,
Urbanova, São José dos Campos – SP, [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected]
Resumo- Definida como a ciência que trata os distúrbios cinéticos e funcionais do corpo humano, a
fisioterapia chega à comunidade por meios de prestadores públicos e privados. De acordo com os
procedimentos prestados e o grau da complexidade, os valores das sessões diferem entre si. O
Conselho Federal de Fisioterapia e de Terapia Ocupacional (COFFITO) define como referência de
valor o Coeficiente de Honorário Fisioterapêutico (CHF), que atualmente vale R$ 0,47. O objetivo do
presente estudo foi mensurar os custos dos atendimentos fisioterapêuticos disponibilizados no CPS a
partir dos valores em CHF estabelecidos pelo COFFITO no primeiro semestre do ano de 2015 e
2016, comparando-os entre si. Para respaldar o estudo foram utilizados como referência bibliográfica
estudos similares e os dados utilizados foram fornecidos como base na estatística de uma clínica
escola do interior paulista. Foram relacionados procedimentos realizados com os respectivos valores
em CHF do ano de 2015 pelo número de atendimento realizado no ano de 2016 com a atualização da
taxa do CHF.
Palavras-chave: Fisioterapia, custos, atendimento.
Área do Conhecimento: Ciências da Saúde/Fisioterapia.
Introdução
O Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO) define a Fisioterapia como
uma Ciência da Saúde que estuda, previne e trata os distúrbios cinéticos funcionais de órgãos e
sistemas do corpo humano, gerados por alterações genéticas, traumas ou doenças adquiridas, e o
Ministério da Saúde a classifica como um procedimento de média complexidade (SANTOS et al.,
2011).
Como média complexidade entende-se ações e serviços que demandem a disponibilidade de
profissionais especializados e a utilização de recursos tecnológicos para diagnóstico e tratamento
(CONSELHO NACIONAL DE SECRETÁRIOS DE SAÚDE – CONASS, 2007).
A Resolução nº 428 de 08 de julho de 2013 dispõe do Referencial Nacional de Procedimentos
Fisioterapêuticos (RNPF), que variam de acordo com a especialidade atendida e seu grau de
complexidade, e são definidos em Coeficiente de Honorários Fisioterapêuticos (CHF). Atualmente, o
COFFITO estabelece o valor de cada CHF como R$ 0,47.
Sediada em uma universidade do interior paulista, encontra-se uma clínica-escola denominada
Centro de Práticas Supervisionadas (CPS), que oferece atendimento fisioterapêutico gratuito à
comunidade. O objetivo desse estudo foi comparar os custos de atendimento fisioterapeuticos em
uma clínica escola no primeiro semestre de 2015 em relação ao primeiro semestre de 2016 a partir
dos valores em Coeficiente de Honorário Fisioterapêutico (CHF) estabelecidos pelo Coeficiente de
Honorário Fisioterapêutico (COFFITO).
Metodologia
Este estudo foi realizado unidade multidisciplinar de uma universidade do interior paulista, que
oferece o curso de Fisioterapia entre os outros cursos da saúde. O projeto dispensa aprovação do
Comitê de Ética e Pesquisa envolvendo Seres Humanos, seguindo a Resolução Nº196/96 – CNS –
CONEP.
XX Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XVI Encontro Latino Americano de Pós-Graduação e VI
Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba.
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O atendimento fisioterapêutico à comunidade é conduzido de acordo com a especialidade
fisioterapêutica e acompanhado por um professor especializado na área, onde o graduando tem a
oportunidade de vivenciar o cuidado e a assistência às patologias comuns a cada uma. Iniciou-se
com um levantamento estatístico de dados referentes ao número de pacientes e totais de
atendimentos em cada mês do semestre, por setor especializado, do Centro de Práticas
Supervisionadas (CPS), valor este que foi oferecido pela gerência da instituição. Em seguida, foi
pesquisado o Coeficiente de Honorários Fisioterapêuticos (CHF) correspondente a cada
procedimento realizado pelos setores da atenção primária, cardiologia, neurologia, ortopedia,
pneumologia e urologia e foram calculados os valores em reais. Com isto foram obtidos resultados
parciais para cada setor e cada mês do semestre. Para o resultado semestral, somaram-se os
valores individuais de cada mês.
Para direcionamento e fundamentação deste estudo foi realizado um levantamento de artigos
científicos, na base de dados Scielo, e para tabulação dos dados foi utilizado um registro estatístico
mensal do Centro de Práticas Supervisionadas (CPS) referente ao primeiro semestre do ano de 2015
comparando com o primeiro semestre de 2016, de fevereiro a junho/julho. No ano de 2016 foi
instituído a cobrança de uma taxa de material, essa a ser paga pelo paciente. Foi considerada
também a rotina do Centro de Práticas Supervisionadas (CPS), que se divide em três fases: consulta
inicial (avaliação), testes específicos e atendimento fisioterapêutico.
Foram pesquisados os valores de Coeficiente de Honorários Fisioterapêuticos (CHF)
disponibilizados pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO) dos
atendimentos realizados nas referidas fases, de acordo com a especialidade e o grau de
complexidade. Para tabulação dos dados foi utilizado o programa Microsoft Excel 2010, Microsoft
Office Professional Plus® 2010.
Resultados
As tabelas de 2015 e 2016 estão apresentadas por especialidade fisioterapêutica, atendimento
semestral, a Coeficiente de Honorários Fisioterapêuticos (CHF) e atendimento realizado com a taxa
de 2016 da clínica referente a cada fase:
TABELA 1 - 2015
Atendimento Semestre
Atendimento em CHF
Atendimento com Taxa
Atenção primaria
42
R$ 1.310,40
R$ 0,00
Cardiologia
201
R$ 6.271,20
R$ 0,00
Neurologia
447
R$ 31.379,10
R$ 0,00
Ortopedia
214
R$ 8.346,00
R$ 0,00
Pneumologia
198
R$ 11.583,00
R$ 0,00
Urologia
82
R$ 12.792,00
R$ 0,00
TOTAL
1.184
R$ 61.281,70
R$ 0,00
FONTE: CPS - UNIVAP
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Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba.
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TABELA 2 - 2016
Atendimento Semestre
Atendimento em CHF
Atendimento Com Taxa
Atenção primaria
113
R$ 4.248,80
R$ 1.130,00
Cardiologia
167
R$ 8.141,60
R$ 1.670,00
Neurologia
544
R$ 46.021,60
R$ 5.440,00
Ortopedia
605
R$ 28.670,00
R$ 6.050,00
Pneumologia
176
R$ 12.408,00
R$ 1.760,00
Urologia
221
R$ 41.548,00
R$ 2.210,00
TOTAL
1.826
R$ 141.038,00
R$ 18.260,00
FONTE: CPS - UNIVAP
Discussão
Para a criação das tabelas, foi adquirido o valor do CHF referente ao ano de 2016, que foi
multiplicado pelo valor dos honorários e complexidade dos atendimentos e assim se obteve o valor do
CHF total. O valor total foi multiplicado pelo número de atendimentos do mês do CPS, que foi somado
e obtido o valor do semestre total. O Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional
(COFFITO) estabelece que os valores dos procedimentos fisioterapêuticos, entre consultas, testes e
atendimento, sejam definidos segundo seu grau de complexidade, para isso foi elaborado este
cálculo.
Atualmente, o valor em reais do CHF estabelecido pelo (COFFITO) é R$0,47, porem outras
instituições, como o Sistema Único de Saúde (SUS) e alguns convênios privados, utilizam valores
diferentes para remuneração do fisioterapeuta. Em um estudo OLIVEIRA et al., (2010) demostrou que
o valor médio cobrado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), era de R$ 4,67, e também mostrou o
valor em Coeficiente de Honorários Fisioterapêuticos (CHF) cobrado por um plano de saúde privado,
na época sendo R$0,18. O Sistema Único de Saúde (SUS) segue uma tabela unificada em que os
valores variam entre R$4,67 e R$6,36, dependendo do procedimento fisioterapêutico a ser realizado.
Observou-se dificuldade em encontrar dados mais recentes referentes aos valores estabelecidos pelo
SUS e convênios particulares para procedimentos fisioterapêuticos (CASTRO at al., 2011).
A Fisioterapia é classificada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) como um procedimento de
média complexidade em saúde, ou seja, que demanda profissionais especializados e faz uso de
recursos tecnológicos para diagnóstico e tratamento. Porém, o Conselho Federal de Fisioterapia e
Terapia Ocupacional (COFFITO) prevê em sua resolução o atendimento à Atenção Primária, um
procedimento classificado como de baixa complexidade. A ação da Fisioterapia neste serviço junto à
comunidade consiste em prevenir complicações, orientar aos cuidados básicos de saúde e, se
necessário, encaminhar o paciente a um tratamento enquadrado no nível de complexidade seguinte.
Observou-se que a tabela do COFFITO apresenta o valor mais alto de CHF em comparação às
outras referências encontradas na literatura. O valor total dos custos de atendimento obtido com o
presente estudo alcança um valor de R$278.388,90, ou seja, é este o valor que a unidade de ensino
onde foi conduzido o estudo deveria arrecadar diferentemente do ano de 2015 que foi arrecadado R$
145.415,40, sabendo-se que o número de alunos no ano de 2016 é maior que o anterior,
consequentemente aumentando o número de pacientes/atendimentos.
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Porém no ano de 2016 o valor total de CHF foi de R$278.388,90, sendo que o valor arrecadado de
acordo com a taxa da instituição em reais é de R$ 18.260,00, ou seja, foi deixado de arrecadar R$
260.125,90, de acordo com o atendimento em CHF.
Uma mensuração como a que foi conduzida pelo presente estudo é de grande importância ao
graduando, pois o leva a uma maior percepção da relação custo-valores que faz parte de uma clínica
de atendimento, percepção está que deve estar presente em sua vida profissional. O Centro de
Práticas Supervisionadas (CPS) permanece como referência na região, equiparando-se às clínicas
renomadas e de qualidade reconhecida.
Conclusão
A partir dos dados obtidos na mensuração realizada pelo presente estudo, pode-se concluir que,
de fevereiro a junho/julho, de 2016 deveria ter sido arrecadado o valor de R$ 278.388,90, porém
como a instituição cobra uma taxa de R$ 10,00 o atendimento no ano de 2016, o valor real
arrecadado do CPS foi de R$ 18.260,00, portanto de acordo com as taxas de referência de CHF a
instituição deixou de receber R$ 260.128,90 no ano de 2016, diferentemente do ano de 2015 em que
nenhuma taxa era cobrada por atendimento na instituição.
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Referências
CASTRO, A. P.; NEVES, V. R.; ACIOLE, G. G. Diferenças Regionais e Custos dos Procedimentos de
Fisioterapia no Sistema Único de Saúde do Brasil, 1995 a 2008. Rev. Panam Salud Publica, 30(5),
2011. Disponível em <http://www.scielosp.org/pdf/rpsp/v30n5/v30n5a10>
CONSELHO NACIONAL DE SECRETÁRIOS DA SAÚDE – CONASS. Assistência de Média e Alta
Complexidade no SUS. Brasília: Coleção Projetores, 2007. 248 p. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/colec_progestores_livro9.pdf>
CONSELHO REGIONAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL (CREFITO-3).
Geoprocessamento em Fisioterapia. Disponível em: <http://www.crefito3.org.br/dsn/fisioterapia.asp>,
OLIVEIRA, E.C.; MESQUITA, V.C. Estudo Comparativo Entre Os Valores Pagos Por Diferentes
Planos de Saúde Para Atendimentos Ambulatoriais em Fisioterapia. In: XIV Encontro Latino
Americano de Iniciação Científica da Univap, 2010, São José dos Campos, disponível em:
<http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2010/anais/arquivos/RE_0868_1096_01.pdf>
SANTOS, F.B. et al. Participação do Fisioterapeuta na Equipe Multiprofissional de Auditoria em
Saúde.
RAS
–
Vol.
13
nº
51,
Abril
Junho,
2011.
Disponível
em:
<http://www.crefito8.org.br/site/artigos_textos/auditoria_em_fisioterapia_a.pdf>
XX Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XVI Encontro Latino Americano de Pós-Graduação e VI
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