1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE – UFCG CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL CURSO DE ENGENHARIA FLORESTAL ADEMIR ARAÚJO DE LUCENA CONHECIMENTO POPULAR SOBRE PLANTAS MEDICINAIS DE UMA COMUNIDADE DE SANTA LUZIA-PB PATOS-PB 2014 2 ADEMIR ARAÚJO DE LUCENA CONHECIMENTO POPULAR SOBRE PLANTAS MEDICINAIS DE UMA COMUNIDADE DE SANTA LUZIA-PB Monografia apresentada à Unidade Acadêmica de Engenharia Florestal - UFCG, Campus de Patos/PB, como pré-requisito para obtenção do Grau de Engenheiro Florestal. Orientadora: Profª Msc. Alana Candeia de Melo PATOS-PB 2014 3 FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DO CSTR L935c Lucena, Ademir Araújo de Conhecimento popular sobre plantas medicinais de uma comunidade de Santa Luzia – PB / Ademir Araújo de Lucena. – Patos, 2014. 55f. Trabalho de Conclusão de Curso (Engenharia Florestal) – Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Saúde e Tecnologia Rural, 2014. “Orientação: Profa. MSc. Alana Candeia de Melo”. Referências. 1. Plantas Medicinais. 2. Cultura. I. Título. CDU 633.88 4 ADEMIR ARAÚJO DE LUCENA CONHECIMENTO POPULAR SOBRE PLANTAS MEDICINAIS DE UMA COMUNIDADE DE SANTA LUZIA-PB Aprovado em:____/____/2014. Comissão Examinadora _________________________________________________ Prof.ª Msc. Alana Candeia de Melo Orientadora Universidade Federal de Campina Grande – UFCG _________________________________________________ Profª Dra. MARIA DAS GRAÇAS VELOSO MARINHO 1ª Avaliadora Universidade Federal de Campina Grande – UFCG _________________________________________________ Prof. Dra. IVONETE ALVES BAKKE 1ª Avaliadora Universidade Federal de Campina Grande - UFCG PATOS–PB 2014 5 Dedico ao meu avô, José Pereira de Andrade, razão pela qual busquei a realização deste trabalho, uma vez que o mesmo desenvolvia a homeopatia por vocação. A minha formação como profissional não poderia ter sido concretizada sem ajuda dos meus amados pais Ademar Araújo de Lucena e Maria Araújo de Lucena, que no decorrer de minha vida proporcionaram-me, além de extenso carinho e amor, os conhecimentos da integridade, da perseverança e de procurar sempre em Deus a força maior para o meu desenvolvimento como ser humano. Por essa razão, gostaria de dedicar e reconhecer a vocês, minha imensa gratidão. 6 AGRADECIMENTOS Agradeço ao Deus da sabedoria por ter me concedido concluir mais uma etapa da minha vida. Agradeço de forma especial aos meus pais, Ademar e Maria, que sempre me incentivaram a estudar. A minha orientadora, professora Alana Candeia de Melo, pelo convívio, pelo apoio, pela compreensão e amizade. Aos meus irmãos, Maria José, Maria Daguia e José Carlos que muito amo e sempre me apoiaram. A minha companheira Luciana, que de forma especial e carinhosa, me deu apoio e força nos momentos de dificuldade. Aos meus amigos, em especial Teógenes, Josué, Denis, Pedro Segundo, Girlânio pelo incentivo e companheirismo. Aos meus tios, que sempre me apoiarem me incentivando a ter perseverança para concluir este curso. Ao motorista do GEO Seu Zeca, pelas caronas fazendo com que eu chegasse a tempo para assistir as aulas. A todos os professores do Curso de Engenharia Florestal, que foram tão importantes na jornada e no desenvolvimento deste trabalho. A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para realização deste estudo, meu muito obrigado. 7 Cada dia a Natureza produz o suficiente para carência. Se cada um tomasse o que lhe fosse necessário, Não havia pobreza no mundo e ninguém morreria de fome, MAHATMA GANDHI. 8 LISTA DE SIGLAS AIDS – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida. ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária AVC – Acidente Vascular Cerebral BPF – Boas Práticas de Fabricação FIOCRUZ – Fundação Oswaldo Cruz G – Grama GL – Grau ML – Mililitro OMS – Organização PB – Paraíba PNPIC – Política Nacional de Práticas Intepraticas e Complementares PNPMF – Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápico PSF – Programa Saúde na Família SUS – Sistema Único de Saúde TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas 9 LISTA DE QUADROS QUADRO 1 - Plantas com propriedades abortivas mais utilizadas por pacientes do Serviço Pré-natal do Sistema Único de Saúde 27 QUADRO 2 - Doenças tratadas com plantas medicinais 34 QUADRO 3 – Espécies medicinais utilizadas pelos moradores de uma comunidade de Santa Luzia-PB, nome conhecido, nome científico, indicações e quantidades de citações indicados 48 10 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Nível de escolaridade dos informantes 31 Gráfico 2 – Percentual de moradores que se utilizam de plantas da Caatinga 33 e de outros biomas Gráfico 3 – Os tipos de remédios mais utilizados. 35 Gráfico 4 – Origem de conhecimento sobre os benefícios da plantas 36 medicinais Gráfico 5 – Origens das plantas medicinais utilizadas pelos moradores da comunidade de Santa Luzia 37 Gráfico 6 – Faixa etária dos entrevistados. 41 Gráfico 7 – Numero de citações de pessoas da comunidade que utilizam 43 plantas medicinais de diferentes formas 11 LUCENA, Ademir Araújo de. Conhecimento popular sobre plantas medicinais de uma comunidade de Santa Luzia-PB. RESUMO As modernas condições de vida das comunidades urbanas comprometem o uso e a transmissão do conhecimento tradicional sobre plantas medicinais. O uso de recursos naturais por populações urbanas é orientado por um conjunto de conhecimentos resultantes da relação com o ambiente natural na qual estavam inseridas, bem como pelas relações sociais em que estão imersas no meio urbano. Muitos produtos vegetais e suas formas de usos que atualmente são indesejáveis à sociedade urbana tem sua origem nestas populações de origem rural que aprenderam a domesticar e manipular as propriedades curativas das plantas. As plantas medicinais e seus usos terapêuticos são alvos de pesquisa etnobotânica, que mostram também as circunstâncias sócio-culturais da população e preocupamse em resgatar e valorizar o conhecimento tradicional e a diversidade cultural; a sociedade estuda a relação entre as plantas e as pessoas de uma maneira multidisciplinar. Por esses motivos, pesquisas nesta área foram umas das que mais se desenvolveram nos últimos anos para a descoberta de produtos naturais nativos. O objetivo deste estudo foi verificar o conhecimento dos moradores de uma comunidade urbana do município de Santa Luzia - PB sobre plantas medicinais. Os dados foram coletados por meio de um questionário composto por 18 questões objetivas e subjetivas. Foram aplicados 130 questionários no período de julho a setembro de 2013. Os resultados revelaram que a maioria dos entrevistados é do sexo feminino (75,38%), que nasceram na zona urbana (76,15%), que se autodeclararam brancos (71,53%), casados (63,84%) e que possuem ensino médio completo (59,23%). 89,23% utilizam ou já utilizaram plantas medicinais e 71,54% não cultivavam as plantas. As plantas medicinais são utilizadas para tratar 21 doenças, sendo que gripe, diarreia, problemas no estômago e na garganta, foram os mais citados. Constatou-se que os conhecimentos sobre as plantas medicinais foram repassados pelos pais e que foram obtidos na mata seguida de ambulantes. As plantas medicinais mais citadas foram erva cidreira, hortelã, limão, eucalipto e romã. As pessoas com idade mais elevada utilizam mais as plantas medicinais, que já indicaram plantas medicinais para outras pessoas (85,38%) e que os médicos pouco indicaram remédios fitoterápicos (12,31%). As plantas são utilizadas basicamente nas formas de chás seguida de lambedor, inalação e sucos. São poucas as espécies que podem causar a morte se, indevidamente usados, destacando-se cabacinha, mamona, arruda, peão manso e comigo ninguém pode. Apenas 8,45% controlam doenças crônicas com plantas medicinais e não utilizam de forma significativa para curar doenças em animais de estimação (11,53%) e os que usaram foi para curar prioritariamente problemas com sarna. Os dados relacionados ao uso de remédios feitos por plantas medicinais e as fontes de informações sobre os benefícios das mesmas demonstram a herança cultural local sobre plantas medicinais. PALAVRAS-CHAVE: Comunidade. Cultura. Plantas medicinais. 12 ABSTRACT Modern conditions of life of urban communities undertake the use and transmission of traditional knowledge about medicinal plants. The use of natural resources for urban populations is driven by a set of knowledge resulting from the relationship with the natural environment in which they were inserted, as well as the social relations in which they are immersed in the urban environment. Many plant products and forms of uses that are currently undesirable urban society has its origin in these populations of rural origin who have learned to tame and manipulate the healing properties of plants. Medicinal plants and their therapeutic uses are targets of ethnobotanical research, which also show the socio - cultural circumstances of the population and were concerned to recover and value the traditional knowledge and cultural diversity; society studies the relationship between plants and people in a multidisciplinary way. For these reasons, research in this area were some of the most developed in recent years to the discovery of native natural products. The aim of this study was to evaluate the knowledge of the residents of an urban community in the municipality of Santa Luzia - PB on medicinal plants. Data were collected through a questionnaire consisting of 18 objective and subjective questions. 130 questionnaires were completed in the period July to September 2013. Results revealed that most of the respondents were female ( 75.38 % ) , who were born in urban areas ( 76.15 % ) who declared themselves as white ( 71 , 53 % ) , married ( 63.84 % ) and have completed high school ( 59.23 % ). 89.23 % use or have used medicinal plants and 71.54 % did not grow plants. Medicinal plants are used to treat 21 diseases, and influenza, diarrhea, upset stomach and throat, were the most frequent. It was found that knowledge of medicinal plants have been passed on by the parents and that were obtained in the woods followed by street. The most cited medicinal plants were lemon balm, mint, lemon, eucalyptus and pomegranate. People with higher age use more medicinal plants, medicinal plants that have already indicated to others (85.38 % ) and that some physicians indicated herbal remedies ( 12.31 % ) . The plants are used primarily in the forms of teas followed by licking, inhalation and juices. There are few species that can cause death if improperly used, especially gourd, castor oil, rue, meek pawn me and nobody can. Only 8.45% controlling chronic diseases with medicinal plants and not using significantly to cure diseases in pets (11.53 % ) and that was used primarily to cure problems with scabies . The data relating to the use of herbal remedies made for and sources of information about the benefits of the same show the local cultural heritage of medicinal plants. KEYWORDS : Community. Culture. Medicinal plants. 13 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 15 2.1 PLANTAS MEDICINAIS: RETROSPECTIVA HISTÓRICA.................................. 15 2.2 PLANTAS MEDICINAIS NO BRASIL .................................................................. 17 2.3 FORMAS DE UTILIZAÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS .................................... 19 2.4 AS PLANTAS MEDICINAIS PARA O USO HUMANO ........................................ 22 2.4.1 Importância das Plantas Medicinais ................................................................. 22 2.4.2 Formas de Preparo das Práticas Caseiras de Plantas Medicinais ................... 23 2.4.3 Uso de Plantas Medicinais Durante a Gestação .............................................. 26 3 METODOLOGIA .................................................................................................... 28 3.1 TIPO E LOCAL DE ESTUDO .............................................................................. 28 3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA ................................................................................ 28 3.3 INSTRUMENTO PARA A COLETA DE DADOS ................................................. 28 3.4 PROCEDIMENTO PARA COLETA DOS DADOS ............................................... 29 3.5 ANÁLISE DOS DADOS ....................................................................................... 29 3.6 PROCEDIMENTOS ÉTICOS .............................................................................. 29 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 30 4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS ENTREVISTADOS: .................................................. 30 4.2 CONHECIMENTOS SOBRE PLANTAS MEDICINAIS 31 5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 45 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 47 APÊNDICES ............................................................................................................. 50 APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ............ 51 APÊNDICE B – Termo de Compromisso do Pesquisador ........................................ 53 APÊNDICE C- Instrumento para coleta de dados ..................................................... 54 13 1 INTRODUÇÃO Potencialmente, a flora foi e continua sendo um dos recursos naturais de maior importância para a humanidade, principalmente no que diz respeito ao seu uso medicinal manifestado na cultura de diferentes populações. Devido a importância dos vegetais com propriedades medicinais, é que países como o Brasil não medem esforços no sentido de conhecer e divulgar a sua flora medicinal. O conhecimento acerca das plantas medicinais é considerado popular, pois este é passado de geração a geração. O saber local sobre o tratamento de diferentes males que perturbam/afetam o ser humano é, geralmente, evidenciado em conversas com pessoas mais idosas (incluindo ai os raizeiros, benzedeiras, donas-de-casa, etc.) que, por um motivo ou outro, carregam consigo essas preciosas informações recebidas dos ancestrais. A recuperação dessas informações é necessária, tendo em vista que elas servem de subsídios para o conhecimento do potencial medicinal da flora de uma nação e possibilita a discussão da questão do uso e manutenção da biodiversidade. No ano de 2006, o Brasil aprovou a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, por meio do Decreto Presidencial Nº 5.813 de 22 de junho de 2006, a qual se constitui em parte essencial das políticas públicas de saúde, meio ambiente, desenvolvimento econômico e social como um dos elementos fundamentais de transversalidade na implementação de ações capazes de promover melhorias na qualidade de vida da população brasileira (BRASIL, 2006). Os incentivos, através de políticas públicas, acerca das plantas medicinais são imprescindíveis para a melhoria do acesso da população aos medicamentos, à inclusão social e regional, o desenvolvimento industrial e tecnológico, à promoção da segurança alimentar e nutricional, além do uso sustentável da biodiversidade brasileira e da valorização e preservação do conhecimento tradicional associado das comunidades tradicionais e indígenas. Diante deste contexto delimita-se a problemática da pesquisa em torno de: Qual o nível de conhecimento que os moradores de uma comunidade urbana do munícipio de Santa Luzia – PB tem sobre plantas medicinais e seu uso? 14 Para responder a esta questão, foi validada a seguinte hipótese: as plantas medicinais mais usadas na comunidade urbana são as que o seu conhecimento foram passados de geração em geração, e que também se encontram mais acessíveis aos moradores da comunidade entrevistada. Justifica-se a elaboração da referida pesquisa como forma de incentivar a população em geral a utilizar as plantas medicinais para várias afecções, considerando os custos mais baixos para a sua aquisição, e com a orientação correta para sua utilização. O uso de plantas medicinais deve ser incentivado por meio de políticas públicas de saúde para a disseminação do conhecimento dos benefícios das plantas medicinais para a sociedade. O presente estudo tem como objetivo identificar o conhecimento popular dos moradores de uma comunidade da zona urbana do município de Santa Luzia – PB, sobre plantas medicinais e seu uso. O trabalho está estruturado em três partes: na primeira, foi feito um levantamento bibliográfico sobre plantas medicinais, evidenciando os aspectos históricos e culturais e as suas formas de utilização; na segunda parte, foram apresentados e discutidos os resultados de um levantamento feito com os moradores de uma comunidade urbana do município de Santa Luzia, PB; e, na terceira, foram sistematizadas as conclusões, tomando por parâmetro os dados dos questionários. 15 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 PLANTAS MEDICINAIS: RETROSPECTIVA HISTÓRICA Ao longo dos anos, o emprego de plantas medicinais na recuperação de saúde tem evoluído consideravelmente. Desde as formas mais simples de tratamento local, provavelmente utilizada pelo homem das cavernas até as formas tecnologicamente sofisticadas da fabricação industrial utilizada pelo homem moderno. Mas, apesar das diferenças entre as duas maneiras de uso, há um fato comum entre elas: em ambos os casos o homem percebeu, de alguma forma, a presença nas plantas a existência de algo que, administrado sobre a forma de mistura complexa como nos chás, garrafadas, tinturas, pós, etc., ou como substância pura isolada, transformado em comprimidos, gotas, pomadas ou cápsulas, tem a propriedade de provocar reações benéficas no organismo capazes de resultar na recuperação da saúde (AMOROZO, 1996 p.36). Segundo Lorenzi (2002), desde os tempos imemoriáveis, os homens buscam na natureza recursos para melhorar suas próprias condições de vida, aumentando suas chances de sobrevivência. O uso das plantas como alimento sempre existiu e a este se incorporou a busca de matéria prima para a confecção de roupas e ferramentas, além de combustível para o fogo. A simples observação das variações sazonais mostradas pelas plantas certamente deslumbrou os primeiros observadores da natureza, que provavelmente viam nos vegetais grande sabedoria em antecipar as estações do ano, assim como uma força admirável em ressurgir do lodo ou do solo após as vicissitudes climáticas. O autor supracitado mostra que tal admiração deve ter criado um respeito místico, que certamente contribuiu para o uso ritual das plantas nos primeiros períodos. Similaridades superficiais peculiares, como o aspecto fortemente antropomórfico das raízes da mandrágora, também acabaram por incluir tais plantas em mitos e subsequentemente em rituais. Plantas com propriedades alucinógenas foram rapidamente incluídas em rituais religiosos, e a elas foram atribuídas propriedades mágicas de colocar os homens em contato direto com os deuses. 16 Ainda de acordo com Lorenzi (2002, p.38), [...] Populações indígenas de Norte a Sul nas Américas incluíam o tabaco em seus rituais, por seus efeitos narcóticos, hábito este rapidamente transferido aos colonizadores europeus. Muitas vezes os efeitos estupefacientes de determinadas plantas foram extrapolados para aliviar a dor em doentes agonizantes. Em todas as épocas e em todas as culturas, o homem aprendeu a tirar proveito dos recursos naturais locais. A utilização de plantas para fins terapêuticos constitui uma prática que vem sendo desenvolvida desde as civilizações mais antigas, passando de geração a geração. Sobre a importância dos vegetais para o homem primitivo como fonte de fármacos Messegué (1976, p.8) afirma que: Além de terem outros usos as plantas são importantes fontes de fármacos e desde os primórdios o homem conhece essa propriedade. A humanidade utiliza os vegetais para a proteção da saúde e alívio de seus males desde o princípio de sua existência na terra. No inicio da civilização havia forte dependência do homem em relação à flora. Aos poucos as plantas foram selecionadas e classificadas, surgindo assim as técnicas de cultivo. As plantas com valor terapêutico foram usadas empírica e tradicionalmente, passando de geração em geração. Complementando as palavras de Messegué, Silva (1997, p.15), enfoca que: Entre as mais antigas civilizações, a medicina, através das plantas medicinais, já era praticada e transmitida desde os tempos mais remotos: nas antiguidades egípcia, grega e romana, quando se acumularam conhecimentos empíricos e foram transmitidos posteriormente, através dos Árabes à seus descendentes europeus. Sabe-se que, de acordo com a história da humanidade, as plantas medicinais sempre representaram importantes fontes de fármacos. É sobre o uso dos fitoterápicos que Silva Júnior et al., (1994, p. 28) declara: A eficiência da Fitoterapia é assegurada por milênios de tradição. Desde o alvorecer das primeiras civilizações, o homem tem feito uso das plantas para o alívio de seus males. Sumerianos, chineses, egípcios, hindus e gregos desenvolveram, em ordem cronológica, autênticos tratados sobre fitoterapia. 17 Observa-se que o cuidado em estabelecer uma vida saudável tem-se revelado fundamental, ao longo dos tempos. Raízes, folhas, flores, cascas de troncos de árvores compõem um laboratório que remota à própria história da humanidade. Segundo Lima et. al. (2006), o processo de globalização envolve, dentre tantos outros acontecimentos, o fenômeno irreversível, da expansão da comunidade em todas as áreas. Como um dos desdobramentos, o conhecimento vem, então, tornando-se um bem cada vez mais acessível a muitos. Não é diferente quando se trata do saber popular, como parte da tradição de um povo, de um grupo em particular. O avanço das tecnologias de comunicação possibilitou uma divulgação massiva das mais diversas terapias e elementos medicamentosos, sobretudo, dos remédios elaborados sinteticamente. Contudo, tem-se observado, um certo investimento em pesquisas que trazem à luz o conhecimento popular e secular das plantas medicinais, para uso humano e animal, evitando dessa maneira, caírem no esquecimento plantas cujos usos merecem divulgação e reconhecimento, inclusive porque são de fácil uso caseiro (LIMA, 2006). Percebe-se que, o uso de plantas como instrumento de prevenção e cura de enfermidades é um dos traços mais genuinamente característicos da espécie humana, encontrados praticamente em todas as civilizações estudadas, nas mais diversas e distantes regiões do planeta. Ainda de acordo com Lima et. at. (2006, p.01-02), Desde a antiguidade, o homem aprendeu a conhecer as plantas e tirar proveito de suas propriedades sobre o organismo. As plantas foram por quase toda a história da humanidade a maior e mais importante fonte de substâncias medicamentosas para aliviar e curar os males humanos. 2.2 PLANTAS MEDICINAIS NO BRASIL Segundo Lorenzi (2002), os primeiros europeus que chegaram no Brasil depararam-se com uma grande quantidade de plantas medicinais em uso pelas tribos que aqui viviam. Por intermédio dos pajés, o conhecimento das ervas locais e 18 seus usos eram transmitidos e aprimorados de geração em geração. Tais conhecimentos foram prontamente absorvidos pelos europeus que passaram a viver no país, principalmente aqueles que faziam excursões mais prolongadas no interior (nos “sertões”), geralmente com o intuito de encontrar índios ou buscar pedras e metais preciosos. Complementando o pensamento, Lorenzi (2002) mostra que os escravos deram sua contribuição com o uso de plantas trazidas da África, muitas delas, originalmente utilizadas em rituais religiosos mas, também, utilizadas por suas propriedades farmacológicas empiricamente descobertas. Com essa contribuição africana os principais alicerces de toda tradição no uso de plantas medicinais no Brasil foram fundados. Até metade do século XX, o Brasil era um país essencialmente rural, com amplo uso da flora medicinal, tanto a nativa quanto a introduzida. Com o inicio da industrialização e subsequente urbanização do país, o conhecimento tradicional passou a ser posto em segundo plano. O acesso a medicamentos sintéticos e o pouco cuidado com a comprovação das propriedades farmacológicas das plantas tornaram o conhecimento da flora medicinal sinônimo de atraso tecnológico e muitas vezes charlatanismo. Essa tendência seguiu o que já acontecera em outros países em processo de urbanização (LORENZI, 2002). De acordo com Lorenzi (2002, p. 10), um aspecto que certamente contribuiu para o afastamento do estudo das plantas medicinais e o restante da ciência foi a ampla resistência desta primeira às profundas alterações que tanto a sistemática vegetal quanto a medicina experimentaram no final do século XIX e todo o século XX. Fortemente baseado em trabalhos mais clássicos, o estudo das plantas medicinais mostrou uma resistência inicial a acompanhar as grandes revoluções científicas ocorridas neste período. Essa inadequação inicial manteve a fitoterapia em um período de obscurantismo, onde mais próxima do misticismo que da ciência. O conhecimento sobre plantas medicinais brasileiras foi sistematizado em vários trabalhos realizados por diversos cientistas, destacando-se: Manuel Freire Alemão de Cysneiros (Sobrinho de Francisco Cysneiros) com a publicação de uma série de artigos sob o título “Matéria médica brasileira” entre os anos de 1862 e 1864; Joaquim Monteiro Caminhoá que publicou em 1977 “Elementos de Botânica Geral e Médica”; José Ricardo Pires de Almeida reuniu a contribuição de vários 19 especialistas para a publicação em 1887 de uma coleção de 4 volumes intitulado “Formulário Official e Magistral. Lorenzi (2002, p.16) afirma que, No século XX a maioria das publicações surgidas constituiu-se em compilações de trabalhos antigos, a maioria de caráter regional. Cabe, contudo, ressaltar o trabalho gigantesco de compilação realizado por Pio Corrêa “Dicionário das Plantas Úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas” – uma coleção de 6 volumes, de caráter nacional, lançado de 1926 até 1975. Como trabalho especifico sobre o assunto, deve ser destacado a “Farmacopeia Brasileira” publicada inicialmente em 1929 por Rodolpho Albino Dias da Silva, apresentando informações sobre cem espécies de plantas. Segundo Corrêa et. al., (1998, p.41), “as novas tendências globais de uma preocupação com a biodiversidade e as ideias de desenvolvimento sustentável trouxeram novos ares ao estudo das plantas medicinais brasileiras, que acabaram despertando um interesse geral na fitoterapia”. Novas linhas de pesquisa foram estabelecidas em Universidades brasileiras, algumas delas buscando base mais sólida para a avaliação científica do uso de plantas medicinais. Percebe-se que a busca por novos fitoterápicos também acabou retroalimentando a pesquisa botânica no Brasil, que vislumbrou na prospecção de potenciais produtos naturais de uso farmacológico, uma ótima justificativa para intensificar seus trabalhos. Como já ocorrera nos primórdios das duas ciências, a fitoterapia e a botânica voltaram a ser vistas como aliadas e cooperar para melhoria da qualidade de vida do povo brasileiro (CORREA, et. al., 1998). 2.3 FORMAS DE UTILIZAÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS Corrêa et.al., (1998, p.42) afirmam que “uma planta é considerada medicinal quando responde, positivamente, à aplicação do conjunto de ensaios capazes de comprovar a existência da propriedade terapêutica que lhe é atribuída, bem como seu grau de toxidade nas doses compatíveis com emprego medicinal”. Ou seja, a validação de novas drogas vegetais através da pesquisa é o caminho para que se possa fazer o real aproveitamento das plantas medicinais e seus derivados aplicados à fitoterapia. Sabe-se que o uso de plantas medicinais se perde no tempo e na história do ser humano. Em busca de aliviar as suas dores e enfermidades o homem foi 20 impelido, através dos séculos, a analisar os fenômenos da natureza a fim de encontrar soluções que o ajudasse a minimizar seus sofrimentos. De modo significativo, a procura por novas formas de tratamento trouxe para a humanidade a possibilidade de um maior controle sobre a vida ao longo dos séculos. A medicina, por sua vez, utiliza dos dados colhidos pelos estudos etnobotânicos, farmacológicos e fitoquímicos para utilizar os vegetais como uma forma de terapia alternativa. Este foi o tema da 10ª Conferencia Nacional de Saúde, realizada em Brasília, no ano de 1996, onde, na ocasião, discutiu-se muito a respeito da incorporação da fitoterapia, da homeopatia e da acupuntura como práticas terapêuticas alternativas no Sistema Único de Saúde (SUS), em todo o território nacional (OMS, 1978) O uso de plantas medicinais e fitoterápicos, com finalidade profilática, curativa, paliativa, ou para fins de diagnóstico, passou a ser oficialmente reconhecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1978, quando realizou uma conferência em Alma- Ata (antiga URSS) onde foi estabelecida uma declaração na qual constava que o cuidado integral para todos e por todos é uma necessidade não só no âmbito da saúde, mas para o futuro dos países que aspiravam continuar sendo nações soberanas em um mundo cada dia mais injusto (OMS, 1978, p. 64). As práticas da medicina tradicional expandiram-se globalmente na última década e ganharam popularidade. São incentivadas não somente pelos profissionais que atuam na rede básica de saúde, mas também por diversas instituições sociais, que de modo correto, procuram divulgar o uso apropriado das práticas caseiras de plantas medicinais para o uso humano. Assim, conhecer o maior número de vegetais com propriedades medicinais poderá ser um fator determinante na cura de enfermidades que até hoje são tratadas, mas que não são sanadas por completo, tais como o câncer, a AIDS e outras enfermidades (BRASIL, 2004). É relevante ressaltar que os fitoterápicos são formas terapêuticas distintas das plantas medicinais in natura. Enquanto os fitoterápicos são medicamentos obtidos por processos tecnologicamente adequados, empregando-se exclusivamente matérias-primas vegetais, como finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico, as plantas medicinais são aquelas que podem ser usadas no tratamento ou na prevenção de doenças, que tem no mínimo um principio ativo que é a substância responsável pelo efeito curativo (BRASIL, 2004). 21 Em se tratando da implementação de políticas voltadas à utilização de plantas em medicina tradicional, a Resolução 40.33 da 40ª Assembleia Mundial de Saúde, retirou os principais pontos das recomendações feitas pela Conferencia Internacional de Cuidados Primários em Saúde (Alma-Ata, 1978) e recomendou enfaticamente aos Estados-Membros: Iniciar programas amplos, relativos à identificação, avaliação, preparo, curativo e conservação de plantas usadas em medicina tradicional; assegurar o controle da qualidade das drogas derivadas de medicamentos tradicionais, extraídas de plantas, pelo uso de técnicas modernas e aplicações de padrões apropriados de Boas Práticas de Fabricação (BPF). Os documentos oficiais mais recentes apresentados na área de fitoterápicos são: o Decreto nº. 5.813, de 22 de junho de 2006, que aprova a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF) e a portaria 917, de 03 de maio de 2006, que aprova a Política Nacional de práticas Integrativas e Complementares (PNPIC). Esta última tem como objetivo, no âmbito das plantas medicinais e fitoterapia, garantir à população brasileira o acesso ao uso racional das plantas medicinais, promovendo o uso da biodiversidade, o desenvolvimento da cadeia produtiva e a sustentabilidade da indústria nacional. De acordo com a Política, para tornar disponíveis plantas medicinais e/ou fitoterápicos nas unidades de saúde, de forma complementar (BRASIL, 2006). Faz-se necessário, portanto, que haja mais incentivo por parte dos representantes da saúde e das instituições de ensino para que assegure a sociedade uma prática segura do uso de medicamentos alternativos. A portaria acima citada também prevê o incentivo, por parte das universidades, a estimularem os acadêmicos a realizarem trabalhos monográficos que tratem da utilização de plantas medicinais. Atendendo uma demanda da sociedade brasileira, o Ministério da Saúde criou duas políticas para normalizar o uso de plantas medicinais e fitoterápicas no Sistema Único de Saúde (SUS). Desde o final de setembro de 2005, um grupo de trabalho composto por representantes de diversos Ministérios, Casa Civil, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), se reúne para elaborar o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicas. Após cinco anos de discussão entre o governo, comunidade científica e a Casa Civil, em 22 de 22 junho de 2006, foi assinado o decreto nº 5.813 que deliberou sobre a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicas (BRASIL, 2006). 2.4 AS PLANTAS MEDICINAIS PARA O USO HUMANO O uso de plantas medicinais se perde no tempo e na história do ser humano. De modo significativo, a procura por novas formas de tratamento trouxe para a humanidade a possibilidade de um maior controle sobre a vida ao longo dos séculos. Por muito tempo a medicina e a botânica integraram um mesmo ramo da ciência, “foi nos últimos 150 anos, aproximadamente, que passaram a existir profissionais botânicos distintos dos médicos” (RAVEN, et. al., 2007). Entretanto, nota-se que estas se complementam quando tratam de abordar as plantas medicinais para o uso humano, uma vez que algumas ramificações da botânica, tal como “a etnobotânica que é ciência que se ocupa do estudo do conhecimento e das conceituações desenvolvidas pelas sociedades a respeito do mundo vegetal, englobando o uso que se dá a eles” (AMOROZO, 1996). 2.4.1 Importância das Plantas Medicinais Os vegetais medicinais, catalogados nos estudos etnobotânicos, são classificados de acordo com as propriedades do vegetal e as formas que atuam no metabolismo humano com uma ação farmacológica específica. A identificação da ação dos medicamentos naturais é feita através de estudos etnofarmacológicos, fitoquímicos, entre outros (OLIVEIRA et al., 2007). A explicação dos componentes ativos presentes nas plantas, bem como seus mecanismos de ação, é um dos maiores desafios para a área farmacêutica. Como se sabe, as plantas contêm muitos constituintes e seus extratos são identificados através da seleção de bioensaios, os quais são usados para à descoberta do efeito específico de cada vegetal medicinal no organismo humano e/ou animal (OLIVEIRA et al., 2007). Oliveira et.al., (2007) enfocam ainda, que se faz também a identificação da toxicidade das plantas medicinais antes de serem administradas, pois assim, com a identificação das propriedades terapêuticas os profissionais de saúde poderão 23 utilizá-las com maior segurança, proporcionando os menores riscos à saúde humana. De acordo com Alves et al. (2006, p. 2), o conhecimento científico das propriedades dos vegetais e ação no organismo humano é um auxílio na prevenção e tratamento de diversas patologias. A utilização dos vegetais pelos humanos permite melhor qualidade de vida quando acompanhada de hábitos saudáveis, e tem aumentado significativamente a expectativa de vida em muitos lugares do mundo. A classificação das plantas medicinais é feita de acordo com a sua propriedade terapêutica, que é determinada pela ação dos princípios ativos. Assim, neste trabalho constam as principais classes de plantas medicinais, que segundo Lima et al. (2006) podem ser descritas como plantas sedantes; plantas redutoras do apetite; plantas diuréticas; plantas afrodisíacas: plantas anafrodisíacas: plantas antibióticas; plantas abortivas; plantas antidiarréicas; plantas adstringentes; plantas balsâmicas; plantas bronco-dilatadoras; plantas expectorantes; plantas colagogas (facilitam o esvaziamento); plantas depurativas; plantas eméticas (provocam vômito com a finalidade terapêutica); plantas galactagogas (facilitam a secreção de leite nas mulheres que amamentam); plantas hemostáticas (detém as hemorragias); plantas laxantes: plantas narcóticas; plantas purgantes; plantas vermífugas; plantas salicílicas (analgésicos ou anti-inflamatórios) e plantas sedativas. 2.4.2 Formas de Preparo das Práticas Caseiras de Plantas Medicinais Para tratamento com plantas medicinais é necessário se ter cuidado na coleta, dessecação, armazenamento e preparação das plantas ou partes das plantas para uma utilização correta enquanto fitoterápicos. A secagem de plantas medicinais visa atender a indústria farmacêutica de fitoterápicos, que não dispõe de meios para usar plantas frescas verdes em quantidade necessária à produção industrial (FREIRE et. al., 1933). As plantas medicinais podem ser preparadas de diversas maneiras. Há aquelas que são ingeridas, chamadas de uso interno, como chá, infuso, maceração, tintura e aluá. Há também aquelas de uso externo, a exemplo do emplastro. A preparação requer muitos cuidados, pois aquelas de uso externo, a exemplo do emplastro, carecem de muita higiene para evitar efeitos colaterais, a exemplo de 24 inflamações. Os materiais utilizados para preparar os remédios, como papeiros, colheres, xícaras e coadores devem estar sempre limpos, livres de contaminação. As formas de preparo das práticas de plantas medicinais abaixo descritas estão literalmente descritas de acordo com Freire et al. (1933, p. 252-254): Aluá: Bebida parcialmente fermentada com raízes amiláceas. É preparada a partir da tritura de 100g de raiz livre de impurezas, em meio litro de água num recipiente que possa ser vedado. Após o preparo, deixa-o repousar por um dia. O líquido fermentado deve ser coado com o auxílio de um pano fino. O aluá não deve ficar em repouso por mais de um dia, uma vez que, depois de iniciado o processo de fermentação a bebida pode se tornar azeda. Cataplasma: É preparado em geral, por aquecimento, adicionando-se farinha e água à planta triturada. Às vezes, usa-se o decocto da planta em lugar da água. Deve ser aplicada sobre a área afetada, entre dois panos finos, deve também ser usado quente na resolução de tumores e de furúnculos. O uso morno pode ser empregado nas inflamações dolorosas por entorses e contusões. Chá: Há três procedimentos mais comuns em sua preparação: 1. Chá por infusão: é preparado juntando-se água fervente aos pedaços de erva, na proporção de 150ml para 10g da planta fresca ou 5g da planta seca. 2. Chá por decocção ou cozimento: prepara-se colocando a planta na água fria e levando-se ao fogo durante 10 a 20min, ou até obter fervura, dependendo da consistência da parte da planta empregada. 3. Chá por maceração: deve ser preparado mergulhando a planta amassada ou picada em água fria por um período de 10 à 24hs, dependendo da parte utilizada. Inalação: Esta preparação se constitui na ação combinada de vapor de água quente com o aroma dos óleos essenciais, como o eucalipto, bamburral e alecrim do tabuleiro (usado como antigripal). O processo de preparo e uso de inalação requer cuidados especiais em decorrência do risco de queimaduras, principalmente em crianças. Para adultos, coloca-se meio litro de água fervente sobre porções da planta contida numa panela. Recomenda-se a aspiração dos vapores de forma rítmica (aguardar 3 segundos para aspirar e até 3 segundos para expelir o ar), por períodos de 15 minutos. Lambedor ou xarope: Trata-se de preparação espessa, usada no tratamento de dores de garganta, tosse e bronquite. Junta-se parte do chá ou cozimento, 25 conforme o caso, com uma parte do açúcar cristalizado. O xarope é obtido a frio, filtrando a mistura e agitando-a 3 a 4 vezes diariamente, durante três dias. O xarope, a quente, é obtido fervendo-se a mistura até desmanchar o açúcar. Deixa-se esfriar e filtra-se da mesma maneira. É necessário conservar o lambedor em frasco limpo, esterilizado e lavado depois de fechado, para evitar a fermentação e o ataque de fungos e formigas. Pós: O pó é fácil de ser preparado, pode ser usado tanto por via oral como por via tópica. Seca-se a planta até ficar quebradiça, depois do processo da secagem, a planta deve ser triturada e peneirada com uma peneira ou pano fino. No caso de cascas e raízes é indicado que se rale ou pise, passando numa peneira fina. Para uso oral, mistura-se o pó ao leite ou mel de abelha. Para uso tópico, usa-se sempre o pó puro, cobrindo o ferimento com uma fina camada. Quando bem seco, pode ser usado por um período de três meses. Sinapismo: É um tipo especial de cataplasma, no qual se adiciona mostarda, pimenta-malagueta, gengibre e outras plantas. É usado como derivativo nos casos de inflamações internas. Tintura: É um tipo de preparação por maceração ou percolação com álcool de cereais ao invés de água. A maceração é o processo mais prático. Neste caso, é preciso uma porção específica entre as quantidades de planta e álcool que serão utilizadas no preparo das tinturas. Em geral, as partes vegetais trituradas (frescas ou secas) são mergulhadas em álcool durante 8 a 10 dias. Em seguida, côa-se a mistura, filtra-se, e armazena-se com proteção contra a luz e o ar. No caso de plantas frescas usa-se 500g de planta para 100ml de álcool 92°GL. Quando a tintura é feita a partir do material fresco, essa preparação é denominada de alcoolatura. Em plantas secas, usa-se 25g de planta para uma mistura de 700ml de álcool farmacêutico 92°GL e de 300ml de água. Para o preparo da tintura de algumas plantas, como aroeira, alecrim, pimenta e macela, pode usar álcool mais diluído (a 20%) com água. Nunca se deve utilizar álcool comum. Utiliza-se sempre álcool farmacêutico. Tisana: São preparações líquidas de uso interno, mais conhecidas como chá, infuso, decocto simples ou composto, usadas desde a antiguidade. Acrescentam-se ervas e água fervente em uma panela tampada. É necessário que se deixe ferver por mais 5 minutos e em seguida deve ser colocado para resfriar em um vasilhame, devendo ser consumido logo em seguida. 26 Vinho medicinal: Trata-se de um estimulante, feito com vinho tinto. Deixa-se uma ou mais plantas trituradas em maceração no vinho durante oito dias, conforme o caso. É o mesmo processo aplicado de forma caseira com as sementes de sucupira branca (Pterodon polygaliflorus), que são deixadas em maceração em preparado farmacêutico comercial do tipo vinho. 2.4.3 Uso de Plantas Medicinais Durante a Gestação A utilização de plantas medicinais é amplamente difundida e a maior parte dos fitoterápicos comercializados é de venda sem prescrição médica. As pessoas que fazem uso de algum medicamento fitoterápico raramente informam o fato aos profissionais da saúde. “Um dos principais problemas da utilização destes produtos é a crença de que produtos de origem vegetal são isentos de reações adversas e efeitos tóxicos” (RATES, 2001; GALLO & KOREN, 2001). O uso deliberado de alguns medicamentos podem algumas vezes, causar sérios danos à saúde, devido a falta de informação sobre a real ação dos compostos de cada planta. “A regulamentação brasileira exige que medicamentos fitoterápicos tenham sua eficácia e segurança comprovadas, inclusive segurança para uso na gravidez e lactação” (BRASIL, 1996; BRASIL, 2004). Algumas das plantas utilizadas pelas mulheres grávidas possuem ação abortiva, o que coloca em risco a saúde da gestante e do bebê. “Gestantes e lactantes constituem um grupo populacional que culturalmente recorre ao uso de plantas medicinais, por acreditarem que não causam danos ao feto ou ao bebê” (WEIER & BEAL, 2004). No entanto, as informações sobre a segurança de utilização destes produtos durante a gravidez são escassas. Levando em conta todos estes aspectos, este trabalho procura de certa forma informar coerentemente o emprego de produtos de origem vegetal durante a gravidez, alertando sobre os riscos de sua utilização durante este período. De acordo com um estudo realizado por Moreira et al. (2001, p. 518) evidenciou-se que: Sócio-economicamente as mulheres que utilizavam recursos farmacológicos para tentar induzir aborto verificou que 74,8% delas provinham de classe sócio-econômica baixa, sem rendimentos próprios ou recebendo até um salário mínimo por mês. Quanto à instrução apresentada 61,1% tinham o 1° grau incompleto ou eram 27 analfabetas. A faixa etária modal foi de 19 a 30 anos, e o grupo étnico prevalente, mulato ou negro. Observa-se que a busca por remédios de origens vegetais com ação abortiva é frequente em mulheres com poder aquisitivo inferior; as mesmas não são bem instruídas e estas acabam utilizando estes medicamentos com intenção de interromper uma gravidez indesejada. A Tabela 2 mostra a relação das dez plantas mais utilizadas como abortivas por pacientes do Serviço Pré-natal do Sistema Único de Saúde do Brasil: Quadro 1 - Plantas com propriedades abortivas mais utilizadas por pacientes do Serviço Pré-natal do Sistema Único de Saúde N° 1 Nome popular Sene 2 3 4 5 Arruda Boldo Buchinha-do-norte, Cabacinha Marcela 6 Quina-quina 7 Canela 8 Cravo 9 Aroeira 10 Agoniada Nome Científico Senna alexandrina Mill. Ruta graveolens L. Peumus boldus Molina Luffa operculata (L.) Cogn. Família Fabaceae Rutaceae Monimiaceae Cucurbitaceae Egletes viscosa (L.) Less. Asteraceae Achyrocline satureioi dês (Lam.) DC. Coutarea hexandra (Jacq.) Rubiaceae K. Shum Cinnamomum verum Lauraceae J. Prest Syzygium aromaticum (L.) Mytaceae Meer. B. L. M. Perry Anacardiaceae Astronium graveolens Jacq. Mimatanthus lancifolicus (Mull. Woodson Apocynaceae Arg.) Fonte - Moreira et al., 2001. O uso indiscriminado dos medicamentos naturais no período da gestação pode colocar em risco a saúde da mulher e do bebê. Por conseguinte, se a gestante for utilizar algum tipo de planta medicinal, é imprescindível que essa recorra à orientação de um profissional devidamente qualificado. 28 3 METODOLOGIA 3.1 TIPO E LOCAL DE ESTUDO Este estudo adotou o método de procedimento indutivo com Pesquisa de Campo. Foi realizado com moradores de uma comunidade da zona urbana do município de Santa Luzia – PB. O município de Santa Luzia localiza-se na Mesorregião da Borborema e na Microrregião do Seridó Ocidental Paraibano. Possui uma área de 447 km 2 e posição geográfica determinada pelo paralelo de 06º52'20'', de latitude sul, em sua interseção com o meridiano de 36º55'07'', de longitude oeste. Está localizado na Região Semiárida do Nordeste brasileiro e, segundo o IBGE (2010); atualmente, conta com uma população de 14.729 habitantes, sendo que 13.489 representam a população urbana local. Apresenta clima semiárido quente com grandes irregularidades pluviométricas com precipitações anuais em torno de 550 mm e chuvas concentradas entre os meses de janeiro a abril. Os solos são rasos e pedregosos, tendo uma vegetação subxerófila, decídua, representada por pequenas árvores ou arbustos, geralmente espinhosos, árvores esparsas, ocorrência de plantas suculentas e estrato herbáceo efêmero, como também a presença de áreas de caatinga arbórea (IBGE, 2010).. 3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA A população pesquisada são moradores da Micro Área V do PSF II no Bairro São José, no município de Santa Luzia-PB, composta por 551 membros. Foram entrevistadas 130 pessoas, que representam as 130 famílias que compõem a comunidade em estudo. A escolha por essa comunidade deve-se basicamente a duas peculiaridades: ser totalmente urbana e o autor da pesquisa atuar nela como agente comunitário de saúde. Adotou-se como critério para responder ao questionário, o membro da família que estivesse na casa e que pudesse colaborar naquele momento, caso contrário, o questionário seria aplicado em outro dia. 29 3.3 INSTRUMENTO PARA A COLETA DE DADOS A coleta de dados para esta pesquisa ocorreu por meio de um questionário composto por 18 questões, com perguntas objetivas e subjetivas. O questionário foi elaborado contemplando duas partes: na primeira constou da identificação dos entrevistados e na segunda, o conhecimento dos mesmos sobre as plantas medicinais (APÊNDICE A). 3.4 PROCEDIMENTO PARA COLETA DOS DADOS Os questionários foram aplicados para um membro da família que estivesse na casa e que pudesse responder naquele momento, caso contrário, o questionário seria aplicado em outro dia. Vale ressaltar que esta etapa foi facilitada em virtude do autor, na condição de agente comunitário de saúde atuar naquela comunidade há, aproximadamente, seis anos. Neste questionário, procurou-se identificar o conhecimento de 130 membros que representaram suas famílias sobre plantas medicinais. As perguntas foram feitas de forma objetiva, com uma linguagem bem popular para isentar o mínimo de dúvidas nos entrevistados. 3.5 ANÁLISE DOS DADOS Os dados coletados foram analisados por meio da estatística descritiva; os resultados estão apresentados em forma de quadro e gráficos; em seguida foi feita a discussão dos dados apurados, tendo por base a fundamentação teórica. 3.6 PROCEDIMENTOS ÉTICOS Considerando que a pesquisa contemplou entrevistas com moradores da comunidade já identificada, ou seja, envolvendo seres humanos, procurou-se adequá-la a Resolução Nº 196/96, do Conselho Nacional de Saúde, fazendo com que os entrevistados assinassem antes de responder ao questionário, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXOS A e B). 30 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS ENTREVISTADOS: A sistematização dos dados relacionados ao perfil dos entrevistados, possibilitou a seguinte caracterização: a maioria do sexo feminino (75,38%) e 24,62% sexo masculino. Acredita-se que a maior proporção de pessoas do sexo feminino é devido a estrutura familiar dominante na região Nordeste, em que as mulheres são responsáveis pelas atividades domésticas. Resultados semelhantes foram encontrados em outros estudos, a exemplo de do que foi relatado por Cunha e Bortolotto (2011), que ao realizarem um trabalho no assentamento Monjolinho, no município de Anastácio no Mato Grosso do Sul, 77% dos entrevistados eram do sexo feminino. Quanto ao local de nascimento, 76,15% nasceram na zona urbana, e 23,85% nasceram na zona rural. Quanto à raça, 71,53% se autodeclararam brancos, 20% pardos, e 8,47% negros. Com relação ao estado civil, 63,84% são casados, 27,69% solteiros, 6,15% viúvos, e 2,32% separados. Está última informação retrata que a maioria (63,84%) apresenta uma estrutura familiar estável. Em relação ao nível de escolaridade 59,23% são pessoas com o ensino médio completo, 16,92% com o ensino fundamental incompleto, 6,92% ensino médio incompleto, 6,92% com o ensino superior, 6,15% fundamental completo e 3,86% analfabetos. É interessante destacar que o nível de escolarização é fator fundamental para analisar se o uso de plantas medicinais está associado ao nível de instrução das pessoas (Gráfico 1). 31 Gráfico 1 – Nível de escolaridade dos informantes 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% MC MI FC FI NS ANF Fonte - Dados da pesquisa 2013. 4.2 CONHECIMENTOS SOBRE PLANTAS MEDICINAIS No que tange ao uso de remédios feitos por plantas medicinais, 89,23% dos entrevistados falaram que usam ou já usaram remédios oriundos de plantas medicinais. Apenas 10,77% falaram que nunca usaram remédios de plantas medicinais. A análise desses dados configura a importância do uso de plantas medicinais como auxílio para o tratamento de algumas doenças, ajudando a combatê-las. De acordo com Amorozo e Gely (1998), as pesquisas com plantas medicinais podem, não só contribuir para o melhor uso destes recursos pela população, mas também trazer à luz o conhecimento de novas e efetivas drogas no combate a diversos males. Ao perguntarmos se já tiveram ou têm horta com plantas medicinais, 28,46% disseram que sim, enquanto 71,54% disseram que não. Ao realizar a seguinte análise, nota-se que uma pequena parcela possui uma horta com plantas medicinais. Acredita-se que esse resultado pode está relacionado à falta de conhecimento a respeito dos benefícios oriundos do uso dessas plantas ou a perda da prática tradicional de uso de plantas medicinais. Não se pode deixar de considerar que no Sistema de Saúde Brasileiro (SUS), as comunidades dispõem de 32 postos de saúde nas imediações de suas casas e a grande recomendação médica é para o uso de remédios alopáticos. Segundo Maciel et. al., (2002), o uso de plantas medicinais cultivadas em quintais ou em hortas é uma prática baseada no conhecimento popular, e na maioria das vezes, repassado de geração para geração. O conhecimento sobre as plantas medicinais representa, para algumas comunidades e grupos étnicos, o único recurso terapêutico e, dessa forma, usuários de plantas medicinais de todo o mundo, mantém a prática do consumo de remédios a partir de plantas medicinais, tornando válidas informações que foram sendo acumuladas durante séculos. Entretanto, as modernas condições de vida dessas populações comprometem a transmissão desse conhecimento para outras gerações. É importante a orientação quanto ao cultivo e manejo correto das plantas medicinais. A horta contribui com a conservação de várias espécies, não somente no meio rural, mas no meio urbano. A cultura do uso e cultivo de plantas medicinais em comunidades (rural ou urbana) constitui importante recurso local para a saúde e sustentabilidade do meio ambiente. Na sequencia foi questionado se os remédios que eles mais usam são de plantas da Caatinga, ou de outros biomas. Neste caso, para elucidar mais a pergunta utilizou-se os termos “outros Estados fora do Nordeste” no que se refere a outros biomas. Dos 130 entrevistados, 116 responderam as duas alternativas, porque 14 não souberam responder se respaldando na isenção de conhecimento sobre o assunto, alegando também nunca terem tido contato com plantas medicinais. Dos 116 que responderam 94,82% falaram que as plantas que mais usam são da Caatinga, e 5,18% falaram que são plantas de outros biomas. Essas respostas mostram a falta de conhecimento da grande maioria dos entrevistados sobre plantas nativas e exóticas, pois a grande maioria das plantas citadas pelos entrevistados são exóticas. Os resultados acima divergem do que relata a literatura, uma vez que, segundo Amorozo (1996), toda sociedade humana acumula um acervo de informações sobre o ambiente que o cerca, que vai lhe possibilitar interagir com ele para prover suas necessidades de sobrevivência. Neste acervo, inscreve-se o conhecimento relativo ao mundo das plantas com o qual estas sociedades estão em contato. 33 Percentual de moradores Gráfico 2 – Percentual de moradores da comunidade que utilizam plantas da caatinga e de outros biomas 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Caatinga Fonte - Dados da pesquisa 2013. Outros Biomas Origem das plantas medicinais As plantas foram indicadas principalmente para o tratamento de males associado ao: aparelho digestório, aparelho respiratório, nervoso, circulatório, urinário, reprodutor feminino, cicatrizante, anti-inflamatório e para dores no corpo. Para o tratamento de problemas relacionados ao aparelho respiratório, varias espécies foram citadas para combater tosse e dor de garganta. Foi solicitado que os entrevistados listassem para quais enfermidades eles mais usavam plantas medicinais. 116 entrevistados listaram doenças como gripe (63), problemas de diarreia (40), problemas de estômago (37), inflamações na garganta (15), dor de cabeça (13), diabetes (9), stress (9), problemas renais (8), hipertensão arterial (7), cólicas (6), pneumonia (5), problemas respiratórios (4), próstata (2), fraturas(2), AVC (2), dor de dente(1). Erisipele (1), reumatismos (1), ameba (1), coluna(1) e gastrite (1). Deduz-se que a comunidade estudada ainda utiliza as plantas medicinais como forma de curar muitas enfermidades (Quadro 2). 34 Quadro 2 – Doenças tratadas com plantas medicinais Nº Doenças Numero de citações 1 Gripe 63 2 Problemas de diarreia 40 3 Problemas de estômago 37 4 Inflamação na garganta 15 5 Dor de cabeça 13 6 Diabetes e Stress 9 cada uma 7 Problemas Renais 8 8 Hipertensão arterial 7 9 Cólicas 6 10 Pneumonia 5 11 Problemas respiratórios 4 12 Próstata, fraturas e AVC 2 cada uma 13 Dor de dente, Erisepele, reumatismo, ameba, coluna e gastrite. 1 cada uma Fonte - Dados da pesquisa 2013. Com relação aos tipos de remédios que mais usam, se são plantas medicinais ou alopáticos, dos 130 que responderam, as respostas foram as seguintes: 40% usam plantas medicinais, 44,62% alopáticos e 15,38% usam os dois (Gráfico 3). Esses dados mostram que o número de pessoas usando plantas na cura e prevenção de doenças é bastante significativo, principalmente levando em consideração que a cidade de Santa Luzia dispõe de Unidades Básicas de Saúde, inclusive na comunidade, uma policlínica e um hospital. Observa-se que o povo ainda guarda a cultura de utilização das plantas medicinais. 35 Gráfico 3 – Os tipos de remédios mais utilizados Fonte - Dados da pesquisa 2013. Procurou-se saber a origem da informação sobre os benefícios dos remédios fitoterápicos. Através dos pais tiveram (91) citações, amigos (6), e outros meios como, a literatura tiveram (11) (Gráfico 4). Estudos similares realizados em outras regiões mostram que os entrevistados dos referidos estudos também aprenderam com os pais, amigos e vizinhos, sendo a observação direta das atividades dos progenitores, a forma mais frequente de aprendizado (MING e AMARAL JÚNIOR,1996; RODRIGUES; GUEDES, 2006). Os dados levantados mostram que a origem de conhecimento dos usos de plantas medicinal na comunidade entrevistada é predominantemente através dos pais. 36 Gráfico 4 – Origem do conhecimento sobre os benefícios das plantas medicinais Fonte - Dados da pesquisa 2013. Onde as plantas medicinais são mais encontradas foi uma das perguntas feitas aos entrevistados. As respostas dos 116 entrevistados constam no Gráfico 5. Verfica-se ser comum a obtenção de plantas medicinais em feiras livre, supermercados, canteiros nas residências de vizinhos. Pode-se observar que o fato das plantas medicinais serem encontradas mais no mato, é devido a forte ligação com a zona rural. Essa ligação é explicada visto que a maioria dos pais dos entrevistados é oriunda da zona rural. 37 Gráfico 5 – Origens das plantas medicinais utilizadas pelos moradores da comunidade de Santa Luzia Fonte - Dados da pesquisa 2013. Quando indagados sobre o êxito das plantas medicinais, 97,42% responderam que obtiveram êxito com os remédios de origem de plantas medicinais. Se já passaram mal com o uso desses remédios, 2,58% disseram que tiveram afecções como diarreias e problemas estomacais. Esse resultado aponta para a preocupação que se deve ter quanto à forma de obtenção dos remédios preparados a base de plantas medicinais pois, como orientam especialistas, é necessário que se tomem alguns cuidados quanto a procedência destes vegetais para evitar complicações. Perguntou-se qual a planta ou remédio fitoterápico que mais conhecem. Várias plantas foram citadas são exóticas. As plantas mais citadas foram: erva cidreira, (48), hortelã da folha miúda (47), hortelã da folha grande (37), marcela (24), limão (20), sabugueiro (20), eucalipto (17), boldo (14), mastruz (13), romã (13), none (8), cajueiro, capim santo, camomila, quebra-pedra (7 cada um), cumaru, aroeira, coroa de frade, endro, maracujá, 6 cada uma, pepino 5, chá preto, chuchu, babosa (4 cada uma), chanãna, erva doce, pepaconha (3 cada uma), quixabeira, cebola, alecrim, arruda, fedregoso, sena (2 cada uma), outros como agrião, gengibre, casca de jurema preta, raiz de mussambê, catingueira, sucupira, nóz moscada, chá de 38 goiabeira, imbuzeiro, mororó, malva do reino, carqueja, abacaxi (uma citação cada) (Quadro 3). De acordo com a interpretação desse resultado, verifica-se que, a grande maioria dos entrevistados conhece uma infinidade de plantas medicinais, e isso pode ser decorrente do fato de terem utilizado algumas dessas plantas citadas para cura de enfermidades. Quadro 3 – Espécies medicinais utilizadas pelos moradores de uma comunidade de Santa Luzia-PB, nome vulgar, nome científico, indicações e quantidade de citações indicadas. Nome vulgar Nome Científico Família Indicações Numero de citações Problemas digestivos, acido úrico. 1 Diabetes, bronquites, torce e tuberculose pulmonar. 1 ABACAXI Ananas comosus Bromeliaceae AGRIÃO Acmella oleracea (L.) Asteraceae Rosmarinus officinalis L. Labiadas Má digestão, dor de cabeça. 2 ALECRIM AROEIRA Astronium graveolens Jacq. Anacardiáceae Cicatrizante e diarreias. 6 ARRUDA Ruta graveolens L. Rutaceae Atuam em problemas menstruais, doenças do fígado, dor de ouvido, inflamação, febre e câimbras. 2 BABOSA Aloe vera Burm. F. Liliáceas Trato dos cabelos e antiinflamatório. 4 BOLDO Peumus Molina Monimiaceae Distúrbios no estomago cólicas intestinais. CAJUEIRO Anacardium occidentale L. Anacardiaceae Tem ação anti-inflamatória, adstringente, antidiarreica, antiasmática, depurativa e tônica, pode agir no combate a diabetes. 7 CAMOMILA Chamomila recutita (L.) Rauschert Asteraceae Calmante, combater cólicas. 7 CAPIM SANTO Cymbopogon Poaceae Age como sedativo e aspasmolítico. O chá das folhas é empregado para o alívio de cólicas uterinas e intestinais, e no tratamento do nervosismo. 7 CAQUEJA Baccharis spp. Asteraceae Diarreias reumáticos. 1 (L.) boldus e e problemas 14 39 CASCA JUREMA PRETA DE Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. Fabaceae Erisipelas e úlceras. 1 CHÁ PRETO Camellia sinensis (L.) Kuntze Teáceas Dor de cabeça e diarreias. 4 CHANANA Turnera ulmifolia L. Turneraceae Colicas menstruais e dor de dente. 3 CEBOLA Hippeastrum puniceum Alliaceae Catártica, purgativa antiasmática. 2 CHUCHU Sechium (Jacq.) Sw. Cucurbitaceae Hipertensão arterial. 4 Leonotis nepetaefolia Labiadas Pneumonia. 6 CUMARU Amburana cearenses (Allemão) A.C. Sm. Leguminosaspapileonáceas Gripes e resfriados. 6 ENDRO Anethum graveolens Apiaceae Estomáquico, diurético. 6 ERVA CIDREIRA Melissa L. Lamiaceae Cólicas menstruais, problemas digestivos. 48 ERVA DOCE Pimpinella anisum L. Apiaceae Utilizada contra resfriado, tosse, bronquite, febre, cólicas, inflamações orofaríngeas e má digestão. 3 EUCALIPTO Eucalyptus globulus Labill. Heliotropium indicum L. Mirtáceas Gripe, tosse e sinusite. Zingiber officinale Roscoe COROA FRADE DE FEDEGOSO edule officinalis Boraginaceae e 17 Febre e problemas de fígado. 2 Zingiberaceae Gripes e garganta. 1 Plectranthus amboinicus (Lour.) Lamiaceae Tosse, dor de garganta e bronquite. 37 HORTELÃ DA FOLHA MIÚDA Mentha Huds Lamiaceae Problemas digestivos. 47 IMBUZEIRO Spondias tuberosa Anacardiaceae Diarreia garganta LIMÃO Citrus limon Burm F. Rutaceae Acidez na boca, no estomago, gripes, asmas, entre outros. Plectranthus amboinicus Lamiaceae Gripe. MACELA Achyrocline satureioides Asteraceae Dor de barriga MARACUJÁ Passiflora Sims Passifloraceae Calmante e suave indutor de sono GENGIBRE HORTELÃ FOLHA GRANDE MALVA REINO DA DO x villosa (L.) edulis inflamações e afecções da na 1 20 1 24 6 40 MASTRUZ Chenopodium ambrosioides Chenopodiacea e Fraturas e inflamações MORORÓ Bauhinia Link. Fabaceae Afcções renais e diarreias. 1 NONE Morinda citrifolia L. Rubiaceae Hipertensão e diabetes. 8 NÓZ MOSCADA Myristica Fragans Myristicaceae Diarreia e febre 1 PEPACONHA Cephaelis ipepacuanha Rubiaceae Bronquite, diarreia PEPINO Cucumis sativus L. Cucurbitaceae Hipertensão arterial 5 QUEBRAPEDRA Phyllanthus niruri L. Phyllanthaceae Problemas renais 7 QUIXABEIRA Boumelia sertarum Sapotaceae Problemas renais 2 Tarenaya spinosa (Jacq.) Raf. Cleomaceae Tosse, asma e bronquite. 1 ROMÃ Punica granatum Lythraceae Inflamação gripe. SABUGUEIRO Sambucus australis Chamisso et Schlechtendal Adoxaceae Febre SENA Senna alexandrina Mill. Fabaceae SUCUPIRA Pterodon emarginatus Vogel Fabaceae RAIZ DE MUSSAMBÊ forficata pneumonia de gargante 13 e e 3 13 20 2 Dor de garganta e na coluna. 1 Fonte – Pesquisa 2013, Site: http://www.hortomedicinaldohu.ufsc.br/, Foi questionado se alguém da família tem alergia a alguma planta medicinal. Das 130 pessoas que responderam, 95,38% disseram que não, 4,62% disseram que sim. As plantas indicadas que provocaram a alergia foram o limão e a marcela. Esses resultados divergem do que diz a literatura referente ao tema, uma vez que, o limão é a fruta mais rica em propriedades terapêuticas e pode evitar e tratar várias doenças, como gripe, resfriado, amigdalite, faringite, asma, conjuntivite, enxaqueca e tuberculose, entre outras. A acidez do limão que tem uma alta concentração de vitamina C e de sais minerais faz uma limpeza no organismo, eliminando as substâncias que são prejudiciais ao corpo humano e promovendo o equilíbrio de suas funções vitais. Com relação ao tempo de uso das plantas medicinais, primeiro obteve-se dados referentes a faixa etária dos entrevistados, no caso de 116, pois 14 se 41 isentaram da resposta por não se enquadrarem na pergunta, pois os mesmos não tinham conhecimento sobre plantas medicinais. Foram feitas seis faixas etárias, 20 a 30 anos, 31 a 41, 42 a 52, 53 a 63, 64 a 74, 75 a 85 anos. Com as informações dos tempos de uso de cada entrevistado, comparou-se a idade do mesmo, com o tempo de uso, em seguida extraiu-se a porcentagem do tempo de uso em relação a idade do entrevistado. Pode-se observar que a faixa etária que tem o maior tempo de uso das plantas medicinais em relação a idade é a faixa mais adulta. Os resultados ratificam, portanto, que os idosos sempre conservaram sua cultura em utilizar plantas medicinais para a cura de doenças, enquanto a maioria dos jovens, não absorveram os ensinamentos nesta área repassados pelos mais velhos. Das 14 pessoas que responderam não conhecer plantas medicinais, a maioria se encontra na faixa etária mais jovem (Gráfico 6). Gráfico 6 – Faixa etária dos entrevistados Fonte - Dados da pesquisa 2013. Perguntou-se aos entrevistados se já indicaram plantas medicinais a outras pessoas. 85,38% disseram que sim, e 14,62% disseram que não. Acredita-se que esses resultados estejam atrelados ao fato de que o uso das plantas medicinais faz parte da cultura regional e elas são empregadas em diferentes regiões do mundo. Na maioria das vezes as indicações de preparo e finalidade estão em concordância 42 com a literatura cientifica, consequentemente, a maioria dos entrevistados faz uso e estimulam o uso de plantas medicinais a outras pessoas da comunidade estudada. Quando perguntados se algum médico já havia indicado algum remédio feito de plantas medicinais, 87,69% disseram que não, e 12,31% disseram que sim. Os dados mostram que a medicina convencional limita-se prioritariamente a indicação de medicamentos de natureza alopática e, ainda não absorveu a cultura da medicina tradicional. Faz-se necessário, nesse sentido, refletir sobre a delicada relação entre o saber popular e a ciência, como forma de se evitar que a ciência domine e oprima os conhecimentos populares. Deve-se fazer um maior aprofundamento sobre o uso dessas plantas, para que as plantas medicinais sejam cuidadosamente indicadas e potencialize o seu valor cultural. Considerando a diversidade de formas como as plantas medicinais são utilizadas, foi indagado aos membros da comunidade quais as formas que eles mais utilizam para consumir os remédios à base de vegetais. 116 responderam esse item. As formas mais utilizadas na comunidade são: lambedor (66), chá (96) e outras formas, como inalação, sucos, decocção, banho (49) (GRÁFICO 7). As plantas são preparadas na sua maioria em forma de chás, seguidas de lambedor. Os chás consistem na forma de utilização mais apreciada pela população, pois além, do valor medicinal específico, contribui para outros fins, como hidratação, eliminação de toxinas e auxilia na digestão dos alimentos. Resultados semelhantes foram encontrados no trabalho de Vendruscolo; Mentz (2006), mostrando que a maioria dos entrevistados usa a forma de chá como mais usual para preparo dos remédios, podendo usar tanto a decocção como infusão sendo estas duas maneiras para preparação de chás. 43 Gráfico 7 – Número de citações de pessoas da comunidade que utilizam plantas medicinais de diferentes formas Fonte - Dados da pesquisa 2013. Quando interrogados sobre o conhecimento de que, alguma planta medicinal pode causar a morte devido ao seu mau uso. Percebeu-se que dos 130 entrevistados, 29,23% disseram que conhecem plantas medicinais que o seu mau uso pode causar a morte e 70,77% não conhecem. As plantas mais citadas que podem causar a morte foram: cabacinha (16), mamona (10), arruda (8), pinhão manso (4), sena, amburana, água de pereiro, maniçoba, cajueiro, limão, corãma, espirradeira (todas citadas uma vez) e comigo ninguém pode (planta ornamental) foi citada 6 vezes. Com esses dados percebe-se que a falta de informação sobre plantas medicinais persiste entre os entrevistados. Assim, o desconhecimento de qualquer pessoa com relação a uma planta medicinal pode representar risco para a própria vida. De modo geral, a pesquisa apresenta subsídios para afirmar que muito ainda deve ser feito para tornar a população esclarecida quanto ao uso correto das plantas medicinais. Quando questionados sobre o controle de alguma doença crônica como diabete, hipertensão arterial, com plantas medicinais, dos 130 entrevistados, 8,46% 44 responderam que sim e 91,54% responderam que não. Segundo os entrevistados que controlam doenças com plantas medicinais, as afecções citadas são: hipertensão arterial, diabetes, pneumonia. Percebe-se, assim, que a maioria não controla as doenças crônicas com remédios extraídos de plantas medicinais. Acredita-se que esses resultados ocorrem em virtude do fator cultural, em que os indivíduos geralmente recorrem à medicina tradicional. A pergunta ora analisada é se já usaram plantas medicinais para animais de estimação. E se usaram, para que tipos de doenças. Dos 130 entrevistados 11,53% disseram que já usaram plantas medicinais para animais de estimação, e 88,47% disseram que não. A doença mais citada foi sarna, citada 6 vezes. Outros males como, cansaço, feridas, problemas no útero, úlceras, diarreias, vômitos, e puerpério, foram citadas uma vez cada uma. Acredita-se que dois fatores podem ter influenciado esses resultados. Primeiramente, a maioria não tem animais segundo informações orais obtidas na hora da entrevista. E, em segundo lugar, que são poucos os entrevistados que fazem uso medicações a base de plantas medicinais em animais de estimação, pois o mais comum é procurar as Clínicas Veterinárias para tratá-los. 45 5 CONCLUSÃO Avaliando os resultados dos questionários e comparando com o objetivo proposto para a realização deste estudo, foi possível fazer as seguintes constatações: 1. Parte significativa dos entrevistados usa ou já usaram plantas medicinais; 2. Embora usem ou tenham usado plantas medicinais, poucos são os que as cultivam e as mesmas são adquiridas com ambulantes ou diretamente no mato; 3. As plantas mais utilizadas apesar de terem sido indicadas como nativas da caatinga, quando pesquisado na literatura observou-se que grande parte são exóticas e as utilizam para curar, especificamente, gripe, diarréia, problemas de estomago, inflamação,da garganta e dor de cabeça. 4. A maioria utiliza remédios alopáticos, embora reconheçam que as plantas medicinais são eficientes na cura de determinadas doenças. (97,42%) 5. Pela ordem de citação, as plantas mais conhecidas são: erva cidreira, hortelã da folha miúda, hortelã da folha grande, marcela, limão, sabugueiro, eucalipto, boldo, mastruz e romã. 6. As pessoas com maior faixa etária são as que mais usam plantas medicinais e ainda permanece a cultura de se fazer indicação para outras pessoas. 7. As formas mais usadas para preparar remédios a base de plantas medicinais são: chá e lambedor. 8. Poucos conhecem se determinadas plantas medicinais podem provocar a morte e não há a prática de curar doenças crônicas utilizando plantas medicinais. 9. O uso de plantas medicinais é restrito para animais e a doença que mais combatem é a sarna. Apesar de se ter observado que as plantas medicinais ainda continuam sendo usadas na comunidade, um fato a ser destacado é que está limitado às gerações mais velhas. Nesse sentido, há a necessidade de se fazer um trabalho contínuo e aprofundado junto à população com o objetivo de dar continuidade ao saber popular, 46 contudo, com a preocupação de pesquisar as plantas mais utilizadas e repassar as formas corretas de uso. De modo geral pode-se perceber que, o saber popular tem possibilidade de melhorar a qualidade de vida das populações tradicionais. Por fim, o poder público, por meio das secretarias da saúde, pode fazer um trabalho com as comunidades, para fornecer informações consistentes sobre o uso das plantas medicinais, disseminar a importância destas para a manutenção e preservação da diversidade cultural e incentivar a criação de pequenas hortas medicinais, demonstrando a importância do saber popular para a melhoria da qualidade de vida. 47 REFERÊNCIAS ALVES, R. da N.; SILVA, A de A.G.; SOUTO, W. de M.S.; BARBOSA, R.R.D. Utilização e comércio de plantas medicinais em Campina Grande, PB, Brasil. 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O objetivo dessa pesquisa é identificar o conhecimento popular dos moradores de uma comunidade da Zona Urbana do município de Santa Luzia – PB, sobre plantas medicinais e seu uso. ________________________________ Pesquisador responsável Eu,__________________________________________RG____________________, abaixo assinado, tendo recebido as informações acima, concordo em participar da pesquisa, pois estou ciente de que terei de acordo com a Resolução 196/96 Cap. IV inciso IV. 1 todos os meus direitos abaixo relacionados: - A garantia de receber todos os esclarecimentos sobre as perguntas do questionário antes e durante o transcurso da pesquisa, podendo afastar-me em qualquer momento se assim o desejar, bem como está assegurado o absoluto sigilo das informações obtidas. - A segurança plena de que não serei identificada mantendo o caráter oficial da informação, assim como, está assegurada que a pesquisa não acarretará nenhum prejuízo individual ou coletivo. - A segurança de que não terei nenhum tipo de despesa material ou financeira durante o desenvolvimento da pesquisa. Durante a coleta das amostras, o participante poderá estar sujeito a risco físico ou desconforto, no entanto, por se tratar de um procedimento simples, os riscos são presumíveis e o pesquisador estará prontamente preparado para atenua-los. - A garantia de que toda e qualquer responsabilidade nas diferentes fases da pesquisa é dos pesquisadores, bem como, fica assegurado que poderá haver divulgação dos resultados finais em órgãos de divulgação científica em que a mesma seja aceita. - A garantia de que todo o material resultante será utilizado exclusivamente para a construção da pesquisa e ficará sob a guarda dos pesquisadores, podendo ser requisitado pelo entrevistado em qualquer momento. O presente termo será emitido em duas vias, ficando uma com o participante e outro com o pesquisador. 52 Contato com o Pesquisador (a) Responsável: Alana Candeia de Melo Caso necessite de maiores informações sobre o presente estudo, favor entrar em contato como (a) pesquisador (a) Endereço: Telefone: Residencial : ______________Celular: (83) ______________ Tenho ciência do exposto acima e desejo participar da pesquisa. Patos, _____de _____________ de ______. __________________________________________________ Assinatura do entrevistado 53 ANEXO B – Termo de Compromisso do Pesquisador Título do projeto: CONHECIMENTO POPULAR SOBRE PLANTAS MEDICINAIS DE UMA COMUNIDADE DE SANTA LUZIA-PB Pesquisador responsável:. Alana Candeia de Melo Instituição: Universidade Federal de Campina Grande – PB. Telefone para contato: Local da coleta de dados: Micro Área V PSF II zona urbana do município de Santa Luzia – PB. Eu, ___________________________________ pesquisador (a) responsável pela pesquisa acima identificada, declaro que conheço e cumprirei as normas vigentes expressas na Resolução Nº 196/1996do Conselho Nacional de Saúde/Ministério da Saúde, e em suas complementares (Resoluções CNS/MS 240/1997, 251/1997, 292/1999, 303/2000, 304/2000, 340/2004, 346/05 e 347/05), e assumo, neste termo o compromisso de: 1. Somente iniciar a pesquisa após sua aprovação junto ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Campina Grande – PB e, nos casos assim previstos na Resolução CNS/MS 196/96; 2. Caso a pesquisa seja interrompida, informar tal fato ao CEP- UFCG /PB, de forma justificada. 3. Na ocorrência de evento adverso grave comunicar imediatamente ao CEP/UFCG/PB, bem como prestar todas as informações que me forem solicitadas. 4. Destinar os dados coletados somente para o projeto ao qual se vinculam. Todo e qualquer outro uso deverá ser objeto de um novo projeto de pesquisa que deverá ser submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa. 5. Apresentar relatório final, sobre o desenvolvimento da pesquisa ao CEP/UFCG/PB. Patos, ____de _____________ de _______. ____________________________________ Pesquisador Responsável 54 APÊNDICE A- Instrumento para coleta de dados QUESTIONÁRIO IDENTIFICAÇÃO DO ENTREVISTADO 1) 2) 3) 4) 5) 6) 7) Sexo: ( ) feminino ( ) masculino Naturalidade:_________________________________ Local de nascimento: ( ) zona rural ( ) zona urbana Cor: ( ) Branca ( ) negra ( ) parda ( ) índio Idade: ________ anos Estado civil: ( ) solteiro ( ) casado ( ) separado ( ) viúvo(a) Nível de escolaridade:_______________ CONHECIMENTOS SOBRE PLANTAS MEDICINAIS: 1) 2) 3) ( ( O Senhor (a) usa remédios feitos de plantas medicinais? ( ) sim ( Tem ou já teve horta com plantas medicinais? ( ) sim ( ) não Os remédios de plantas medicinais que vocês mais usam: ) são de plantas da região (CAATINGA) ) outros biomas (outra regiões) ) não 4) Quais são as enfermidades que eles são mais usados? 5) O (a) senhor (a) usa mais remédios: ( ) fitoterápico ( ) alopáticos 6) Como ficou sabendo dos benefícios dos remédios fitoterápicos? ( ) através dos seus pais ( ) através da TV ( ) amigos ( ) por acaso ( ) outro meio:___________________________ 7) Onde encontram mais os remédios fitoterápicos? ( ) através de ambulantes ( ) em farmácias ( ) no mato ( _______________________________________________ ) outros 8) Sempre obtiveram sucesso com o uso dos remédios fitoterápicos? ( ) sim ( ) não 9) Já passaram mal com o uso dos remédios fitoterápicos? ( ) sim ( ) não Se sim, que tipo de males?_______________________________________ 10)Qual a planta ou remédios fitoterápicos que o senhor (a) mais conhece? __________________________________________________________ 11) Alguém da família tem alergia a alguma planta medicinal? ( ) sim ( ) não Se sim, a qual planta? ________________________________________ 55 12) Há quanto tempo o(a) senhor(a) utiliza remédios das plantas medicinais? _______________________________________________________ 13) Já indicou plantas medicinais para outras pessoas? ( ) sim ( ) não 14) Algum médico já indicou plantas medicinais para outras pessoas? ( ) sim ( ) não 15) De que forma vocês usam os remédios medicinais? ( ) lambedor ( ) chás ( ) outros:________ 16)Conhecem alguma planta medicinal que o seu mau uso pode causar a morte? ( ) sim ( ) não , se sim qual ou quais plantas?______________________ 17) Controla algum doença crônica, como diabetes, hipertensão, com plantas medicinais? ( ) sim ( ) não 18) Já usou plantas medicinais para algum animal de estimação? ( ) sim ( ) não 19) Se sim, para qual doença? __________________________________