Evolução

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1. O que é a evolução?
Evolução é o processo através no qual ocorrem as mudanças ou transformações nos seres
vivos ao longo do tempo, dando origem a espécies novas.
2. Evidências da evolução
A evolução tem suas bases fortemente corroboradas pelo estudo comparativo dos
organismos, sejam fósseis ou atuais. Os tópicos mais importantes desse estudo serão
apresentados de forma resumida.
2.1 Homologia e analogia
Por homologia entende-se semelhança entre estruturas de diferentes organismos, devida
unicamente a uma mesma origem embriológica. As estruturas homólogas podem exercer ou
não a mesma função.
O braço do homem, a pata do cavalo, a asa do morcego e a nadadeira da baleia são estruturas
homólogas entre si, pois todas têm a mesma origem embriológica. Nesses casos, não há
similaridade funcional.
Ao analisar, entretanto, a asa do morcego e a asa da ave, verifica-se que ambas têm a
mesma origem embriológica e estão, ainda associadas á mesma função.
A homologia entre estruturas de 2 organismos diferentes sugere que eles se originaram de
um grupo ancestral comum, embora não indique um grau de proximidade comum, partem
várias linhas evolutivas que originaram várias espécies diferentes, fala-se em irradiação
adaptativa.
Homologia: mesma origem embriológica de estruturas de diferentes organismos, sendo que
essas estruturas podem ter ou não a mesma função. As estruturas homólogas sugerem
ancestralidade comum.
A analogia refere-se à semelhança morfológica entre estruturas, em função de adaptação à
execução da mesma função.
As asas dos insetos e das aves são estruturas diferentes quanto à origem embriológica, mas
ambas estão adaptadas à execução de uma mesma função: o vôo. São , portanto, estruturas
análogas.
As estruturas análogas não refletem por si sós
qualquer grau de parentesco. Elas fornecem
indícios da adaptação de estruturas de diferentes
organismos a uma mesma variável ecológica.
Quando organismos não intimamente aparentados
apresentam estruturas semelhantes exercendo a
mesma função, dizemos que eles sofreram
evolução convergente.
Ao contrário da irradiação adaptativa ( caracterizada pela diferenciação de organismos a
partir de um ancestral comum. dando origem a vários grupos diferentes adaptados a explorar
ambientes diferentes) a evolução convergente ou convergência evolutiva é caracterizada
pela adaptação de diferentes organismos a uma condição ecológica igual. assim, as formas do
corpo do golfinho, dos peixes, especialmente tubarões, e de um réptil fóssil chamado
ictiossauro são bastante semelhantes, adaptadas à natação. Neste caso, a semelhança não é
sinal de parentesco, mas resultado da adaptação desses organismos ao ambiente aquático.
Analogia : semelhança entre
estruturas de diferentes
organismos, devida unicamente à
adaptação a uma mesma função.
São consideradas resultado da
evolução convergente.
2.2 Órgãos vestigiais
Órgãos vestigiais são aqueles que, em alguns organismos, encontram-se com tamanho
reduzido e geralmente sem função, mas em outros organismos são maiores e exercem função
definitiva. A importância evolutiva desses órgãos vestigiais é a indicação de uma
ancestralidade comum.
Um exemplo bem conhecido de órgão vestigial no homem é o apêndice vermiforme ,
estrutura pequena e sem função que parte do ceco ( estrutura localizada no ponto onde o
intestino delgado liga-se ao grosso).
Nos mamíferos roedores, o ceco é uma estrutura bem desenvolvida, na qual o alimento
parcialmente digerido á armazenado e a celulose, abundante nos vegetais ingeridos, é
degradada pela ação de bactérias especializadas. Em alguns desses animais o ceco é uma
bolsa contínua e em outros, como o coelho, apresenta extremidade final mais estreita,
denominada apêndice. que corresponde ao apêndice vermiforme humano.
Órgãos vestigiais : órgãos
reduzidos em tamanho e
geralmente sem função, que
correspondem a órgãos maiores
e funcionais em outros
organismos. Indicam
ancestralidade comum.
2.3 Embriologia comparada.
O estudo comparado da embriologia de diversos vertebrados mostra a grande semelhança
de padrão de desenvolvimento inicial. À medida que o embrião se desenvolve, surgem
características individualizantes e as semelhanças diminuem. Essa semelhança também foi
verificada no desenvolvimento embrionário de todos animais metazoários. Nesse caso,
entretanto, quando mais diferentes são os organismos, menor é o período embrionário comum
entre eles.
2.4 Estudo dos fósseis
É considerado fóssil qualquer indício da presença de organismos que viveram em tempos
remotos da Terra. As partes duras do corpo dos organismos são aquelas mais freqüentemente
conservadas nos processos de fossilização, mas existem casos em que a parte mole do corpo
também é preservada. Dentre estes podemos citar os fosseis congelados, como, por exemplo,
o mamute encontrado na Sibéria do norte e os fosseis de insetos encontrados em âmbar.
Neste último caso, os insetos que penetravam na resina pegajosa, eliminada pelos pinheiros,
morriam, A resina endurecia, transformando-se em âmbar. , e o inseto aí contido era
preservado nos detalhes de sua estrutura.
Também são consideradas fósseis impressões deixadas por organismos que viveram em eras
passadas , como , por exemplo, pegadas de animais extintos e impressões de folhas, de penas
de aves extintas e da superfície da pele dos dinossauros.
A importância do estudo dos fósseis para a evolução está na possibilidade de conhecermos
organismos que viveram na Terra em tempos remotos, sob condições ambientais distintas das
encontradas atualmente, e que podem fornecer indícios de parentesco com as espécies
atuais. Por isso, os fósseis são considerados importantes testemunhos da evolução.
3. As Teorias evolutivas
Várias teorias evolutivas surgiram, destacando-se , entre elas, as teorias de Lamarck e de
Darwin. Atualmente, foi formulada a Teoria sintética da evolução, também denominada
Neodarwinismo, que incorpora os conceitos modernos da genética ás idéias essenciais de
Darwin sobre seleção natural.
3.1 A teoria de Lamarck
Jean-Baptiste Lamarck ( 1744-1829 ), naturalista francês, foi o primeiro cientista a propor
uma teoria sistemática da evolução. Sua teoria foi publicada em 1809, em um livro
denominado Filosofia zoológica.
Segundo Lamarck, o principio evolutivo estaria baseado em duas Leis fundamentais:
Lei do uso ou desuso: o uso de determinadas partes do corpo do organismo faz com que
estas se desenvolvam, e o desuso faz com que se atrofiem.
Lei da transmissão dos caracteres adquiridos : alterações provocadas em determinadas
características do organismo, pelo uso e desuso, são transmitidas aos descendentes.
Lamarck utilizou vários exemplos para explicar sua teoria. Segundo ele, as aves aquáticas
tornaram-se pernaltas devido ao esforço que faziam no sentido de esticar as pernas para
evitarem molhar as penas durante a locomoção na água. A cada geração, esse esforço
produzia aves com pernas mais altas, que transmitiam essa característica à geração seguinte.
Após várias gerações, teriam sido originadas as atuais aves pernaltas.
A teoria de Lamarck não é aceita atualmente, pois suas idéias apresentam um erro básico:
as características adquiridas não são hereditárias.
Verificou-se que as alterações em células somáticas dos indivíduos não alteram as
informações genéticas contida nas células germinativas, não sendo, dessa forma,
hereditárias.
3.2 A teoria de Darwin
Charles Darwin ( 1809-1882 ), naturalista inglês, desenvolveu uma teoria evolutiva que é a
base da moderna teoria sintética: a teoria da seleção natural. Segundo Darwin, os organismos
mais bem adaptados ao meio têm maiores chances de sobrevivência do que os menos
adaptados, deixando um número maior de descendentes. Os organismos mais bem adaptados
são, portanto, selecionados para aquele ambiente.
Os princípios básicos das idéias de Darwin podem ser resumidos no seguinte modo:
Os indivíduos de uma mesma espécie apresentam variações em todos os caracteres, não
sendo, portanto, idênticos entre si.
Todo organismo tem grande capacidade de reprodução, produzindo muitos descendentes.
Entretanto, apenas alguns dos descendentes chegam à idade adulta.
O número de indivíduos de uma espécie é mantido mais ou menos constante ao longo das
gerações.
Assim, há grande "luta" pela vida entre os descendentes, pois apesar de nascerem muitos
indivíduos poucos atingem a maturidade, o que mantém constante o número de indivíduos
na espécie.
Na "luta" pela vida, organismos com variações favoráveis ás condições do ambiente onde
vivem têm maiores chances de sobreviver, quando comparados aos organismos com
variações menos favoráveis.
Os organismos com essas variações vantajosas têm maiores chances de deixar
descendentes. Como há transmissão de caracteres de pais para filhos, estes apresentam
essas variações vantajosas.
Assim , ao longo das gerações, a atuação da seleção natural sobre os indivíduos mantém
ou melhora o grau de adaptação destes ao meio.
A abordagem de Darwin sobre a evolução era bastante distinta daquela de Lamarck, como
pode ser visto no esquema a seguir:
3.3 A teoria sintética da evolução
A Teoria sintética da evolução ou Neodarwinismo foi formulada por vários pesquisadores
durante anos de estudos, tomando como essência as noções de Darwin sobre a seleção natural
e incorporando noções atuais de genética. A mais importante contribuição individual da
Genética, extraída dos trabalhos de Mendel, substituiu o conceito antigo de herança através
da mistura de sangue pelo conceito de herança através de partículas: os genes.
A teoria sintética considera, conforme Darwin já havia feito, a população como unidade
evolutiva. A população pode ser definida como grupamento de indivíduos de uma mesma
espécie que ocorrem em uma mesma área geográfica, em um mesmo intervalo de tempo.
Para melhor compreender esta definição , é importante conhecer o conceito biológico de
espécie: agrupamento de populações naturais, real ou potencialmente intercruzantes e
reprodutivamente isolados de outros grupos de organismos.
Quando, nesta definição, se diz potencialmente intercruzantes, significa que uma espécie
pode ter populações que não cruzem naturalmente por estarem geograficamente separadas.
Entretanto, colocadas artificialmente em contato, haverá cruzamento entre os indivíduos,
com descendentes férteis. Por isso, são potencialmente intercruzantes.
A definição biológica de espécie só é valida para organismos com reprodução sexuada, já
que, no caso dos organismos com reprodução sexuada, já que, no caso dos organismos com
reprodução assexuada, as semelhanças entre características morfológicas é que definem os
agrupamentos em espécies.
Observando as diferentes populações de indivíduos com reprodução sexuada, pode-se notar
que não existe um indivíduo igual ao outro. Exceções a essa regra poderiam ser os gêmeos
univitelinos, mas mesmo eles não são absolutamente idênticos, apesar de o patrimônio
genético inicial ser o mesmo. Isso porque podem ocorrer alterações somáticas devidas á ação
do meio.
A enorme diversidade de fenótipos em uma população é indicadora da variabilidade
genética dessa população, podendo-se notar que esta é geralmente muito ampla.
A compreensão da variabilidade genética e fenotípica dos indivíduos de uma população é
fundamental para o estudo dos fenômenos evolutivos, uma vez que a evolução é, na
realidade, a transformação estatística de populações ao longo do tempo, ou ainda, alterações
na freqüência dos genes dessa população. Os fatores que determinam alterações na
freqüência dos genes são denominados fatores evolutivos. Cada população apresenta um
conjunto gênico, que sujeito a fatores evolutivos , pode ser alterado. O conjunto gênico de
uma população é o conjunto de todos os genes presentes nessa população. Assim , quanto
maior é a variabilidade genética.
Os fatores evolutivos que atuam sobre o conjunto gênico da população podem ser reunidos
duas categorias:
Fatores que tendem a aumentar a variabilidade genética da população: mutação gênica,
mutação cromossômica , recombinação;
Fatores que atuam sobre a variabilidade genética já estabelecida : seleção natural,
migração e oscilação genética.
A integração desses fatores associada ao isolamento geográfico pode levar, ao longo do
tempo, ao desenvolvimento de mecanismos de isolamento reprodutivo, quando, então,
surgem novas espécies.
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