TRATAMENTO DO HIPERTIREOIDISMO - Hipertireoidismo é provocado pelo aumento dos níveis de hormônio tireóideo com perda do mecanismo de retroalimentação normal que controla a secreção deste hormônio. - Formas comuns de hipertireoidismo incluem bócio difuso tóxico (doença de Graves) e adenoma tóxico ou bócio multinodular tóxico (doença de Plummer). Causas pouco comuns incluem tireotoxicose factícia, carcinoma metastático funcionante da tireóide, tireodite, dentre outras. - Distinção do hipertireodismo: causado pela doença de Graves (síndrome auto-imune sistêmica, de expressão variável, caracterizada por bócio com hipertireoidismo, exoftalmia, mixedema pré-tibial e acropatia) daquele produzido por adenomas solitários ou múltiplos da tireóide (adenoma pode ser considerado como neoplasia benigna associada à secreção excessiva de hormônio tireóideo, constituindo uma doença localizada). - TRATAMENTO * Medicamentoso * Radiodoterapia ( I131 ) * Cirurgia MEDICAMENTOSO: - A tireotoxicose (definida como o estado de excesso de hormônio da tireóide e não é sinônimo de hipertireoidismo, que resulta de função excessiva da tireóide; todavia, as principais etiologias da tireotoxicose incluem o hipertireoidismo causado pela doença de Graves, bócio multinodular tóxico e adenoma tóxico) pode ser controlada com fármacos antitireóideos para reduzir a secreção do hormônio tireóideo ou com fármacos que bloqueiam os receptores betaadrenérgicos. - Esses fármacos são de fácil uso e baixo custo, exercem ações terapêuticas previsíveis e produzem efeitos colaterais infrequentes e relativamente leves. Todavia, é essencial interromper os antitireóideos e não reintroduzi-los se o paciente apresentar efeitos colaterais significativos. - A maioria dos pacientes só atinge o estado de eutireoidismo 6-8 semanas após o início da terapia. Tais fármacos só conseguem produzir remissão permanente em poucos adultos e cerca de 20% das crianças. - Uso prolongado dos agentes antitireóideos é limitado pelo aparecimento de efeitos colaterais tóxicos como erupção cutânea, disfunção hepática, neurite, artralgia, mialgia, linfadenopatia, psicose e desenvolvimento ocasional de agranulocitose irreversível. - Os principais antitireóideos são as tionamidas, como o propiltiouracil (dose 100-200 mg a cada 6-8 h, e são habitualmente administradas doses fracionadas durante todo o tratamento); o carbimazol e seu metabólito ativo, o metimazol (ambos com dose inicial de 10-20 mg a cada 8-12 h). - Taxas de remissão máxima (até 30-50% em algumas populações) são alcançadas após 18-24 meses. - Todos os pacientes devem ser estreitamente acompanhados para a possibilidade de recidiva durante o primeiro ano após o tratamento e depois pelo menos uma vez por ano. - Bloqueio dos receptores beta-adrenérgicos, apesar de controlar eficientemente alguns dos principais efeitos da tireotoxicose, não tem sido eficaz como tratamento isolado. Eles melhoram as complicações cardiovasculares e do SNC, como freqüência do pulso, tremor e ansiedade, mas o hipermetabolismo e perda de peso persistem. - Principais funções dos bloqueadores beta-adrenérgicos no tratamento do hipertireoidismo incluem tratamento da taquicardia que não responde à terapia adequada com antitireóideos e tratamento combinado com iodeto na preparação pré-operatória de pacientes alérgicos ou resistentes aos antitireóideos. - Contra-indicações incluem doença miocárdica significativa, já que o bloqueio dos beta-receptores pode precipitar insuficiência cardíaca e asma. - Propanolol (20-40 mg a cada 6 h) ou o atenolol (ação mais longa) podem ser úteis no controle dos sintomas adrenérgicos. RADIODOTERAPIA: - Iodo radioativo provoca destruição progressiva das células tireóideas e pode ser utilizado como tratamento inicial ou para recidivas após prova terapêutica com antitireóideos. - Tratamento é altamente eficaz, embora seja comum o desenvolvimento de hipotireoidismo(é mais fácil tratar que o hipertireoidismo, sendo de certa forma até desejado) exigindo reposição com hormônio tireóideo; representa um menor custo total, necessita de compensação prévia; recorrência é baixa. - Estratégia prática é fornecer uma dose fixa, com base nas manifestações clínicas, como intensidade da tireotoxicose, tamanho do bócio (o que aumenta dose necessária) e o nível de captação de iodo radioativo (que diminui dose necessária). Geralmente, dose de I131 varia entre 185 MBq (5 mCi) e 555 MBq (15 mCi). - Sintomas melhoram em 6-8 semanas, com normalização da maioria dos parâmetros do hipertireoidismo em 10-12 semanas. Pela demora na resposta terapêutica, é quase sempre desejável instituir um tratamento auxiliar com bloqueador beta-adrenérgico ou antitireóideo. - Tratamento incompleto ou ocorrência de recidiva precoce são mais comuns nos homens e em pacientes < 40 anos. O hipertireoidismo persistente pode ser tratado com uma segunda dose de iodo radioativo, habitualmente 6 meses após a primeira dose. - Limitação quanto à idade e cautela na presença de oftalmopatia grave; gravidez e amamentação constituem contraindicações absolutas (todavia pacientes podem conceber com segurança 6 meses após tratamento). 1 CIRURGIA: - Tratamento cirúrgico do hipertireoidismo tem por objetivo remover uma quantidade suficiente de tecido tireóideo de modo a tornar o paciente eutireóideo. Controle do hipertireoidismo é imediato, evitando-se a necessidade de terapia medicamentosa bem como riscos genéticos associados à terapia com I 131. Riscos cirúrgicos são mínimos,, mas incluem lesão do nervo laríngeo recorrente, hipoparatireoidismo e hipotireoidismo recorrente. - Indicações absolutas: * pacientes com doença de Graves e nódulos suspeitos ou positivos para malignidade; * grávidas de difícil manejo terapêutico – cirurgia no segundo trimestre; * pacientes que querem engravidar em curto espaço de tempo; * pacientes com grandes glândulas e sintomas compressivos; * pacientes que rejeitam radiodoterapia; * bócios nodulares; * crianças (quanto mais jovem, maior a agressividade da doença) – melhor controle da doença com cirurgia. - Indicações relativas: * pacientes cujo seguimento será difícil; * pacientes com graves manifestações da oftalmopatia de Graves; * pacientes com grandes glândulas, porém com captação de I 131 baixa. - Avaliação pré-operatória de pacientes que irão ser submetidos a tratamento cirúrgico da tireotoxicose inclui cintilografia e biopsia de aspiração com agulha fina da tireóide se houver qualquer assimetria da glândula ou motivo de suspeita de neoplasia. - Tireoidectomias: * Total/Subtotal alargada * Subtotal #Indicada para casos de câncer #Maior risco de recidiva - > 8g de associado tecido residual #Oftalmopatia grave #Dificuldade de mensuração do #Controle ideal da recidiva resíduo #Tendência atual – hipotireoidismo #4-7 g – quantidade ideal #Crianças - < 3 g #< morbidade ??? - Diagnóstico Escolha da terapêutica cirúrgica Preparo pré-operatório Restabelecer eutireoidismo (compensado clinicamente) Cirurgia Drogas antitireoidianas Beta-bloqueadores Soluções iodadas Corticóides / Outros Diminuir morbidade e mortalidade - Complicações: * geralmente 2-5%; mortalidade 0%; * hematoma é a principal complicação imediata; * hipoparatireoidismo transitório; * hipoparatireoidismo definitivo; * paralisia transitória das cordas vocais (nervo laríngeo superior (responsável pela altura da voz) e laringeo recorrente ou inferior (rouquidão)); * paralisia definitiva das cordas vocais (hoje pode ter melhora com fonoaudiologia); * infecção (raríssimo). - Resultados da terapêutica cirúrgica: * em 1-2 anos, pode-se verificar desenvolvimento de hipotireoidismo em 5-50% dos pacientes, com ligeiro aumento adicional nos anos subseqüentes. Incidência de hipotireoidismo pode estar relacionada com peso estimado da tireóide remanescente (tecido residual < 4 g – alta incidência de hipotireoidismo); * pacientes com altos títulos de anticorpos e com infiltração linfocítica do tecido tireóideo – atividade auto-imune – têm mais probabilidade de desenvolver hipotireoidismo pós-operatório (tratado eficientemente com reposição de hormônio tireóideo). Obs: Nos pacientes com hipertireoidismo – recidiva / persistência – o tratamento de escolha é a radiodoterapia. Obs 2: Na aula, o prof. não falou separado o tratamento do adenoma tóxico. No Sabiston: a ablação cirúrgica da neoplasia ou neoplasias ou o I 131 constitui a única abordagem oferecida a tais pacientes. 2