OAC – Objeto de Aprendizagem Colaborativo Identificação: Autora: Maria Aparecida Tavares Mouco Estabelecimento: Colégio Estadual Carlos Silva – Ensino Médio e Profissional NRE: Ivaiporã Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Conteúdo Estruturante: Discurso enquanto prática social Conteúdo Específico: Leitura e Interpretação de Charges Problematização do Conteúdo: Charges: Forma Lúdica de Ensinar e Aprender A importância do estudo da charge (textos não-verbais) e da sua utilização nos veículos de comunicação, principalmente os de caráter pedagógico, fazendo a interação entre texto e imagem, instaura, no âmbito escolar, a necessidade de se defrontar com a presença avassaladora da imagem visual no cotidiano dos sujeitos. Para se compreender o uso de textos não-verbais, faz-se necessário refletir acerca do universo imagístico em que estamos inseridos. Fala-se que vivemos na civilização da imagem. Por estarmos envolvidos com tantas imagens, nem percebemos que elas são indicadoras de um processo de modernização; que são linguagens renovadas que circulam em nosso cotidiano; que requer um professor mais ágil e disposto à pesquisa para enfrentar novos desafios, e, portanto, continuarmos pesquisadores. Somos considerados “letrados”, mas analfabetos visuais. Diante do exposto, fica fácil responder à pergunta: Por que utilizar charges como recurso didático – pedagógico? Devido ao seu caráter interdisciplinar, elas são abrangentes, integradoras e constituem uma forma lúdica de aprender. Partindo do pressuposto que a linguagem humana surge da interação dialética entre o homem e o seu meio sócio-cultural, surgiu a necessidade de buscar na Teoria Semiótica, de Algirdas Julien Greimas, subsídios para analisar as especificidades deste tipo de manifestação lingüística. Segundo Barros (2005:7), a semiótica “procura descrever e explicar o que o texto diz e como ele faz para dizer o que diz”. Para a teoria semiótica, texto é tudo aquilo que possui significação. Qualquer realidade social que tenha significação. Para que haja significação em um texto, são necessárias duas condições: analisar a situação comunicativa (quem fala, para quem e onde estão) e a situação sócio-histórica (heterogeneidade discursiva – um texto é produzido através de outras idéias que já existem na sociedade). O contexto sócio-histórico diz respeito „as idéias vigentes; os valores do momento histórico em que o texto foi escrito. Ideologia da época. Para exemplificar essas afirmações, propomos analisar dois tipos de texto: um verbal e outro não verbal (as charges podem unir os dois tipos de textos, tornando-se um texto sincrético). O texto verbal – O homem e a galinha, de Ruth Rocha, já circula há muito tempo nos livros didáticos, e uma charge satirizando um acontecimento político atual: o caso Roriz e Renan Calheiros. Texto: O homem e a galinha Ela bota ovos ouro! O marido nãode quis conversa: - Acaba com isso, mulher. Galinha come é farelo. Aí a mulher disse: - E se ela não botar mais ovos de ouro? - Bota sim! – o marido respondeu. A mulher todos os dias dava farelo à galinha. E a galinha botava um ovo de ouro. Vai que o marido disse: - Farelo está muito caro, mulher, um dinheirão! A galinha pode comer muito bem milho. - E se ela não botar mais ovos de ouro? - Bota sim! – o marido respondeu. Aí a mulher começou a dar milho pra galinha. E todos os dias a galinha botava um ovo de ouro. Vai que o marido disse: - Pra que este luxo de dar milho pra galinha? Ela que cate o de comer no quintal! - E se ela não botar mais ovos de ouro? – a mulher perguntou. Análise do texto: Este texto é figurativo e descreve metaforicamente a sociedade capitalista. TEMA: A sociedade capitalista é opressora. Tinha (linha 1) sentido de posse, propriedade (verbo ter indica posse) -... o patrão vê o empregado como dono. -... como as outras (linha 2) perda de identidade do funcionário. Um dia... botou um ovo de ouro (linha 3) especialização. A mulher começou a tratar bem a galinha (linha 8) mulher tem visão a longo prazo. Preocupação em manter o lucro. ... pão-de-ló (linha 10) investimento. ... galinha come farelo (linha 18) homem tem visão a curto prazo. Bota sim... (linha 21) dominação. O marido tem certeza do domínio que exerce sobre a galinha. O texto sugere discriminação; estratificação social; classes sociais e hierarquia. Oposição semântica: riqueza X pobreza. A galinha não é alienada... Um dia... (linha 37) o que havia era falta de oportunidade. O portão aberto foi a oportunidade. Foi embora... (linha 38) busca por uma melhor qualidade de vida. Consciência de seu valor. Desafios. Espírito de liderança. Lei da oferta e demanda. Dizem... (linha 39) funcionário comprometido, mão-de-obra qualificada, reconhecimento, respeito e dignidade, manutenção do bem e valorização do funcionário. ANÁLISE DA CHARGE: A bezerrinha dos ovos de ouro. http://www.bello.pjf.mg.gov.br/charges2007/0706.htm. A charge é um texto cujo plano da expressão junta o verbal com o visual para veicular um conteúdo. É, portanto um gênero sincrético. Sua finalidade é levar o leitor a “perceber” a sátira e ironizar o caso de Roriz e Renan Calheiros e a venda de seu rebanho bovino. Essa charge apresenta as figuras de Roriz (caricaturado) baixo, gordo e cabeça grande – sinal de inteligência (senso comum) sorrindo, carregando baldes cheios de ovos de ouro, e uma vaca branca malhada de preto com as pernas dianteiras amarradas e um sino pendurado no pescoço, com uma frase escrita em letras garrafais “A bezerrinha dos ovos de Ouro”. Inicialmente observaremos os temas do ponto de vista do enunciado/eufóricos. As figuras visuais estão sustentadas pela exacerbação eufórica provocada pelo prazer da riqueza. São elas: O alto astral – conceito dos que se dão bem na vida, citam-se o sorriso largo e a expressão facial representando entusiasmo e felicidade. A felicidade proporcionada pelo dinheiro. O olhar sorrateiro. A esperteza de enriquecer fácil e rapidamente. Status social a qualquer preço. Apresentação pessoal – vestido de terno e gravata, conceito de beleza e elegância. A cor rosada no rosto denotando saúde. A estatura ligeiramente obesa sinal de bem nutrido. Temas valorizados negativamente/disfóricos: Enriquecimento ilícito. O interesse, que corrompe relações interpessoais. A sujeição aos prazeres oferecidos pelo dinheiro. A importância do poder econômico como base de prestígio social e pessoal (valorização do ter). O fetichismo de corromper e enganar. Papéis sociais estereotipados (a bezerra com os pés amarrados representado eleitores alienados). A vaca magra (alusão ao povo pobre de cultura e alimento). O sino no pescoço (fala-se muito, e faz-se muito alarme e ninguém é punido). Os ovos caindo do balde (desperdício provocado pelo “ganho fácil”). Ausência das tetas da vaca e olhar de submissão (vaca dá leite e não ovos). A palavra “bezerrinha” colocada no diminutivo para ironizar o povo brasileiro. Redefinição semântica dos temas e figuras presentes na charge As figuras e os temas podem sofrer redefinições semânticas segundo diferentes pontos de vista; a alegria (euforizada pela aparência como esperteza e virtude) é redefinida como roubo pela enunciação da charge. O enunciador, ao ironizar o fato, repudia e faz repudiar atitudes corruptas. Nesta charge, devido à ironia, o que enunciado afirma, a enunciação nega. O sujeito da enunciação usa argumentativemtne o enunciado para fazer crer na crítica social. A oposição semântica contida nesta charge é de manipulação X opressão, pois os políticos, através de ações corruptas, oprimem o povo utilizando da retórica persuasiva e mentirosa. Depreende-se desta análise, que a utilização de textos sincréticos e virtuais estão cada vez mais presente em nosso cotidiano, e precisam ser investigados, tendo por base teorias que auxiliem as leituras deste tipo de texto, visto à inserção progressiva dos meios de comunicação. REFERÊNCIAS BARROS, Diana Luz Pessoa de. Teoria Semiótica do Texto. São Paulo. Editora Parma, 2005. DISCINI, Norma. Comunicação nos textos. São Paulo: Contexto, 2005. GONÇALVES, Lídia Maria. Do Ledor ao Leitor. (tese de doutorado: UFRGS – 2004), Curso sobre a utilização de Jornal. GREIMAS, Algirdas Julien. Semântica Estrutural. São Paulo: Cultrix/ Ediesp,1973. Investigação Disciplinar Título: A utilização de charges como recurso didático As práticas de leitura e escrita são construtoras de competências para serem utilizadas além dos limites da Escola. A preocupação em formar leitores e escritores competentes é a preocupação de todos os envolvidos em educação. Há que se repensar as metodologias utilizadas, trabalhar o interesse, isto é, dotar a sala de aula de uma capacidade para atrair e motivar o aluno, conscientizando-o da importância da leitura como prática social. Leitor competente é aquele capaz de perceber o significado do que está lendo; é ser capaz de contextualizar, questionar e interpretar um texto. Formar leitores exige formação continuada e uma fundamentação teórica que possa subsidiar a postura metodológica do professor, desenvolvendo estratégias de leituras. Nesse sentido, justifica-se o desenvolvimento deste OAC, como requisito do PDE. A charge, por ser um texto não-verbal, há necessidade de um conhecimento prévio da realidade, o que exige um leitor/professor altamente qualificado, que seja capaz de perceber a relação entre texto e imagem e a ideologia implícita neste tipo de texto. Cabe a nós, educadores, utilizarmos os recursos da imagem, em nosso caso a charge, de forma irreverente e interessante, mas também eficaz para a informação, formação e comunicação. O humor é um excelente instrumento de atração. A charge cumpre também este papel – ensinar de maneira lúdica e engraçada, provocando o leitor através da imagem, e descobrir, de maneira sutil, os detalhes que ficaram implícitos nos textos escritos. A isso chamamos de intertextualidade. (Intertextualidade – marca que aponta para outro texto. Está relacionado com o conhecimento do mundo. Interdiscursividade – texto que está debatendo com outra postura ideológica.). Quanto maior for o conhecimento do universo que nos rodeia, maior será nossa capacidade de interpretação. Cabe à escola proporcionar aos educandos instrumentos que lhes permitam ter maior conhecimento da sociedade em que estão inseridos, permitindo que se tornem sujeitos conscientes de sua própria história. Para isso, faz-se necessário organizar a cultura do eu interior, desenvolver uma consciência superior, conhecendo e compreendendo o seu próprio valor histórico, a função própria da vida, seus direitos e deveres. A Escola deve proporcionar aos alunos a aquisição de raciocínio lógico, desenvolver a técnica do pensamento. Assim, a Semiótica, que também é uma metodologia, fornece técnicas e práticas eficazes para a descoberta das significações, desde as mais simples e abstratas (nível fundamental ou estrutura fundamental) ao mais complexo e concreto (nível discursivo ou estrutura discursiva) A teoria Semiótica permite, através de suas características próprias, a reconstrução dos caminhos percorridos pelos sentidos no interior do texto, fornecendo as pistas necessárias para se perceber as verdadeiras intenções do enunciador, e como elas foram projetadas por ele no texto. O emissor procura fazer o enunciatário acreditar em sua “verdade”, por meio da interação mediada pela linguagem, agindo ou seduzindo sobre este. Para a Semiótica, um texto define-se como produto de uma situação comunicativa entre dois sujeitos; é uma unidade de sentido produzida por uma ou mais linguagens. Um texto deve ser analisado em seus aspectos internos e externos. A Semiótica procura explicar os sentidos do texto através do plano de conteúdo e do plano de expressão. PLANO DE CONTEÚDO Nível discursivo: tempo, espaço, atores, enunciador / enunciatário, argumentação / persuasão, cena enunciativa, voz , tom de voz, caráter, ethos. Nível narrativo: Sujeito e objeto de valor, destinador / destinatário, manipulação, competência, performance, sanção. Nível fundamental: Quadrado semiótico (termos em relação de contrariedade, contradição e complementaridade dêixis eufórica vs. dêixis disfórica. PLANO DE EXPRESSÃO Paragrafação, tipo de letra, recursos de coesão textual, sinais de pontuação, escolha lexical, fatos da sintaxe da frase, integração de elementos visuais com verbais. A junção do plano de conteúdo e do plano de expressão nos permite ler o texto com mais eficácia, considerando a práxis enunciativa, que permeia todos os níveis de produção e leitura do texto. Semântica Fundamental A semântica fundamental abriga as categorias semânticas que estão na base da construção de um texto. Elas fundamentam-se numa diferença, numa oposição. Uma charge, por exemplo, que mostra as „‟vantagens‟‟ de ser corrupto, pode ser construída a partir da oposição riqueza vs. Pobreza (riqueza proporcionada pelo dinheiro conseguido a qualquer custo), ou seja, termos de euforia vs. disforia. O nível fundamental apresenta temas e figuras. (Figura – é o termo que remete a algo existente no mundo natural: árvore, casa, sol, brincar,etc. Tema – é um investimento semântico, de natureza puramente conceptual. São categorias que organizam, categorizam, ordenam os elementos do mundo natural: elegância, vergonha, raciocinar, orgulhoso, etc.). Um discurso se faz com temas e figuras. Os temas são conceituais; É a idéia que sustenta as figuras; subentendem categorizações de mundo que geram conceitos por meio de oposições,por meio de termos abstratos .Reconstroem o mundo, sob a interpretação de um sujeito que está submetido aos ditames de formações sociais. As figuras remetem ao mundo natural, simulam suas verdades por meio de imagens concretas, ou seja, as figuras concretizam os temas. A charge é um texto predominantemente figurativo, já que os temas se concretizam nas falas do interlocutor, em sincretismo com figuras visuais. Os temas e figuras presentes na trama dos textos exigem diferentes estratégias de leitura. Os temáticos remetem à necessidade de exemplificações e os figurativos pressupõem um levantamento dos temas investidos nas figuras. Os percursos figurativos e temáticos formam-se de temas parciais que levam ao tema central do texto. A constância na recorrência de temas ou de figuras é chamada de isotopia. Isotopia é a reiteração, num discurso, dos mesmos traços semânticos, o que sustenta a coerência temática e figurativa. A isotopia favorece a homogeneidade da leitura. (Isotopia: Iso – igual, topia – lugar. Isotopia temática é a ligação que os textos têm entre eles.). As teorias da enunciação trabalham para explicar e entender as idéias que ficam implícitas no discurso. Bakhtin foi o precursor das teorias da enunciação. Cada uma com uma abordagem e um enfoque diferente. A semiótica procura explicar os sentidos imanentes do texto (imanência - aquilo que está no texto como verdade). Os sentidos estão à espera do leitor. A parte implícita é a mais importante do texto. Quem entende apenas a parte explícita não entende o que lê, são os chamados de analfabetos funcionais. Num texto, apenas 30% de seu conteúdo está sobre, isto é, explícito no texto. 70% do seu conteúdo está sob, isto é, implícito no interior do texto. É importante perceber que sempre há três situações dentro do texto: Fazer-saber = O momento em que o texto está comunicando de maneira explícita. Fazer-crer= O momento em que o texto está tentando fazer-crer em uma verdade. Fazer- fazer= Fazer o outro tomar uma atitude, fazer agir (transformação). Há dois tipos de transformação: a) transformação pragmática- coisa que se transforma em ato concreto. b) transformação cognitiva- através da aprendizagem, valores, educação, comportamento.A função cognitiva tem por objetivo humanizar o homem. É importante lembrar que o enunciado vem explícito no texto, e a enunciação está implícita. Esta pesquisa, cujo enfoque foi buscar na teoria semiótica instrumentos para melhorar a competência docente para operarem com outros códigos além do verbal. Sendo assim, o professor deve lançar-se à investigação e construção de um perfil cultural aberto e abrangente, preparado para acompanhar o desenvolvimento da competência lingüística dos alunos e acompanhar o desenvolvimento social. REFERÊNCIAS BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e Filosofia da Linguagem. São Paulo. Hucitec, 1979. BARROS, Diana Luz Pessoa de.Teoria Semiótica do Texto. São Paulo. Editora Parma Ltda. 2005. FIORIN, José Luiz. Elementos de Análise do Discurso. São Paulo: Contexto, 2006. GONÇALVES, Lídia Maria. Do Ledor ao Leitor. (Tese de doutorado: UFRGS – 2004), Curso sobre a utilização de jornal. Perspectiva Interdisciplinar: Artes – Sociologia – Filosofia – História Título: Ensinando com humor Utilizando a palavra, ou antes, dela, a imagem sempre acompanha os homens em suas necessidades; para se comunicar, ensinar, criticar, elevar ou destruir. A sociedade sempre valorizou (e ainda valoriza) a escrita em detrimento de outros meios de comunicação, e por isso não somos considerados leitores profícuos de imagens. A proposta das Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa, é que a Escola propicie aos alunos o contato com os mais variados tipos de textos, incluindo aqui, a leitura de textos não-verbais. Evidenciam-se neste OAC, as perspectivas interdisciplinares, envolvendo as disciplinas de Artes, Filosofia, Sociologia e História. Artes – o desenho é uma dentre as várias formas de manifestação da arte. A essência da arte é a possibilidade de o artista recriar a realidade – em nosso caso a charge. O artista tem o “poder” mágico de moldar a realidade segundo suas convicções, seus ideais, sua vivência. Ao utilizar charges na disciplina de artes, o professor detectará os aspectos da criação desse gênero textual e suas características: Crítica de um fato político recente (situacionalidade). Caricatura – exagero nas características físicas das pessoas ou dos fatos apresentados. Presença de humor. Atualização política dos acontecimentos nacionais e internacionais. Leitura rápida do cotidiano. Representação dos fatos com criatividade e sensibilidade. Os signos lingüísticos presentes nas charges (ruídos, balões, tipos de balões, a fala dentro dos balões, os ideogramas, linhas, raios, etc.). Como atividades, o professor poderá solicitar a criação de charges e expô-las no mural da escola. Com este trabalho, o professor provocará seus alunos, de modo que eles percebam as possibilidades de utilização de outras vozes (textos) para se expressarem e explorá-los pelo viés da sátira. Este trabalho permitirá ao professor detectar entre seus alunos habilidades de pretensos caricaturáveis. Filosofia – Todo texto, seja ele verbal ou não, carrega a intenção do autor. É importante analisar que a charge implicitamente possui forte carga opinativa, que se manifesta carregada de juízos de valor. Faz-se necessário abordar o caráter ideológico da charge. O que é ideologia? Qual sua função? Como procede? Como nos tornamos alienados? Promover o debate e reflexão proporcionará aos alunos um novo olhar sobre determinadas questões, permitindo que se tornem sujeitos conscientes de sua própria história. Numa sociedade cada vez mais midiatizada, faz-se necessário perguntar e ver como os meios de comunicação modelam nossa cultura e que efeitos produzem em nossas mentes. Sociologia – A sociologia estuda o comportamento da sociedade. A sociedade contemporânea, devido ao avanço tecnológico se torna cada vez mais complexa. A tendência diante de tanta complexidade é a atomização de cada indivíduo. A escola precisa com urgência, encurtar as distâncias que existem entre a realidade do educando, do seu ambiente escolar e no seu convívio social. O desafio que se coloca, é postular o conhecimento como algo global e permanente, não o transmitindo de forma definitiva, mas preparando o educando para elaborar um saber que está em constante transformação e ampliando sua capacidade crítico-reflexiva e desmistificando ideologias. Para tanto, compete ao professor despertar no aluno a sede de aprender e ao mesmo tempo fazer com que ele compreenda que é parte da estrutura social, que sofre influências e influencia ao mesmo tempo. Solicitar aos alunos uma pesquisa que faça um levantamento do comportamento social no decorrer da história. Identificar a divisão de classes sociais pelo poder econômico e social. Esta poderá ser uma atividade interessante para que os alunos percebam de que são produtores da igualdade e da desigualdade social, ou seja, de sua realidade. História – as charges são encontradas diariamente em jornais, revistas e Internet. É um dispositivo visual gráfico que veicula e discute aspectos da realidade social, apresentando-os de forma crítica e humorada. Existem charges que são apenas apresentadoras de uma situação engraçada ou que procuram apenas fazer rir. Outras, entretanto, além de nos fazer rir, nos fazem pensar sobre o tema ou realidade que apresentam. É este tipo de humor gráfico que interessa aos professores para introduzir uma questão, seja conceitual ou temática. Ao utilizar uma charge em sala de aula, é bem possível que os alunos se sintam instigados a saber o porquê do professor fazer aquilo. A partir dessa situação, já se criou um ambiente para colocar em pauta o que se pretendia refletir naquela aula. Aqui começa a motivação, e a imagem projetada serve de estímulo. Num segundo momento, analisar a imagem e seus elementos; por que provoca riso; de que modo este discurso se aproxima e se distancia do discurso sociológico; a deformação sugerida pela imagem (caricatura) representa uma realidade em si mesma deformada? A que fatos históricos remetem? Faz-se necessário observar que os efeitos de sentido de um texto são decorrentes de sua historicidade. Os fatos abordados numa charge contemporânea podem ter relação com acontecimentos históricos do passado, o que envolve um trabalho de pesquisa, para identificar o sentido da charge. REFERÊNCIAS CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 13 ed. São Paulo: Ática, 2004. PAVANI, Cecília. JUNQUER, Ângela. CORTEZ, Elizena. Jornal – Uma abertura para a Educação. São Paulo: Papirus, 2007. ROMUALDO, Carlos Edson. Charge Jornalística e – Intertextualidade e Polifonia. Maringá: EDUEM, 2000. Contextualização Título: Charge, Política e Ideologia Quando um enunciador reproduz em seu discurso elementos da formação discursiva dominante, de certa forma, contribui para reforçar as estruturas de dominação. Se se vale de outras formações discursivas, ajuda a colocar em xeque as estruturas sociais. No entanto, pode-se estar em oposição às estruturas econômico-sociais de uma maneira reacionária, em que se sonha fazer voltar um mundo que não mais existe, ou de uma maneira progressista, em que se deseja criar um mundo novo. Sem pretender que o discurso possa transformar o mundo, pode-se dizer que a linguagem pode ser instrumento de libertação ou de opressão, de mudança ou de conservação. (FIORIN, 1988:74). A utilização da imagem como recurso para transmitir mensagens acompanha o homem desde a pré-história. A necessidade de comunicação o fez criar, desenvolver e aperfeiçoar os veículos para a transmissão de mensagens. Vivemos numa época da civilização da imagem. A evolução tecnológica, a globalização e o conseqüente desenvolvimento dos meios de comunicação unindo povos e nações trouxeram consigo um desafio – se fazer entender diante de um público tão vasto e heterogêneo. A necessidade de se utilizar imagem como recurso textual, imposta pela mídia, torna imprescindível a compreensão da relação texto-imagem. Apesar de possuir características próprias, imagens e palavras devem andar juntas para facilitar a compreensão da mensagem. A charge é um texto sincrético, que junta o verbal e o visual no mesmo enunciado. Diante do exposto, a charge tornou-se um dos mais expressivos recursos da comunicação e um poderoso instrumento de crítica, diante daqueles que respeitam e defendem os diferentes tipos de discurso. A charge assim entendida torna-se um instrumento democrático, pois através do humor denuncia as mazelas políticas e sociais, visto que o cenário político é o alvo principal das charges. O trabalho com charges em sala de aula permite fazer reflexões pertinentes a esse respeito e formar leitores capazes de desvendar os posicionamentos ideológicos no meio político, social e cultural a qual ele está inserido. A imagem representa a realidade e o seu significado depende de quem a vê e o sentido que ela induz. O espectador utiliza informações que já possui para compreender a nova informação que se lhe apresenta. REFERÊNCIAS FIORIN, José Luis. Linguagem e Ideologia. São Paulo: Ática, 1988. Proposta de Atividades Título: Reflexão e cidadania Compreende-se dialogismo como princípio interativo e constitutivo para se fazer “leituras” de textos verbais e não-verbais. Instaura-se um diálogo entre texto/imagem e leitor, cada um trazendo consigo todo um contexto social e cultural. Ao analisar um texto, seja ele verbal ou não, trava-se uma verdadeira luta de classes nas quais diferentes vozes sociais se digladiam (polifonia, para Bakthin). O desenvolvimento do mundo digital e a veiculação de diferentes linguagens e mídias exigem capacidades que precisam ser trabalhadas, e a escola desempenha um papel fundamental nesse processo. Verifica-se então, a necessidade de metodologias que possibilitem esse aprendizado para “ler” essas outras linguagens e estabelecer com elas relações de intertextualidade. Utilizar a Charge como recurso didático-pedagógico possibilita estabelecer relações intertextuais com os diferentes textos que circulam na sociedade. Devido ao seu caráter humorístico, aparenta ser um texto inocente e despretensioso, mas na verdade é um texto crítico, contundente e revelador, o que exige qualificação do leitor. Utilizar dessa modalidade de texto em sala de aula será com certeza uma atividade muito prazerosa e atrativa dando “sabor ao saber” (DCE, 2006:41). Para atividades com esse tipo de texto, o professor deverá coletar exemplares de jornais e distribuí-los aos alunos e sugerir que identifiquem as charges e os textos contidos no jornal que com ela se relacionam. Eleger as charges mais interessantes e criativas e identificar as características desse tipo de texto: - Qual o tema/assunto da charge? - Que aspecto da realidade/acontecimento está contido na charge; o que ela critica; que fato a motiva? - Identificar que tipo de ideologia está contida na charge; - Identificar as personagens e suas características físicas exageradas na charge; - Analisar o texto verbal e os elementos presentes (desenhos, balões, etc.). - Sugerir título para a charge, como uma manchete e evidenciar sua importância. - Identificar o espírito satírico do brasileiro, o humor na mídia (analisar a influência na sociedade). - Promover uma coleção e exposição de charges. - Criar charges com situações/acontecimentos da comunidade. A avaliação acontecerá durante o desenvolvimento das atividades, observando a participação e o interesse dos alunos. Serão avaliados também as exposições orais, a produção escrita e os argumentos utilizados para manifestar seus pontos de vista. Compete ao professor ficar atento para diagnosticar os avanços e limites de cada aluno, pois os mesmos possuem ritmos e processos de aprendizagem diferentes. REFERÊNCIAS Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa para Educação Básica. Curitiba 2006. SEED – Secretária de Estado da Educação. GONÇALVES, Lídia Maria. Do Ledor ao Leitor. (Tese de doutorado: UFRGS – 2004), Curso sobre a utilização de Jornal. Destaques Título: Charges, Cartoons e Caricaturas: semelhanças e diferenças A diferença entre charge, cartoon e caricatura é desconhecida para a maioria das pessoas. Ao definir como texto “qualquer tipo de comunicação realizada através de um sistema de signos”, fica inclusa nesta definição os textos não-verbais (imagens). A palavra imagem vem do latim Imago, que quer dizer semelhança, representação, retrato. Com essa etimologia, pode-se referir ao que se vê, ouve-se ou se imagina. Diante do exposto, torna-se fácil a percepção entre charge, cartoon e caricatura. Caricatura: retrato humano ou de objetos, exagerando ou simplificando traços. Consiste no exagero proposital através do uso hiperbólico das linhas, cuja finalidade é provocar riso e ridicularizar o caricaturado. A caricatura enquanto texto, sempre aparece carregada de subjetivismo. A caricatura expõe a público os traços marcantes da personalidade do caricaturado, valorizando os aspectos positivos e ridicularizando os negativos. As informações subjacentes contidas na caricatura “sugerem” antes de nos fazer rir, também nos faz pensar. A caricatura é um elemento constituinte das charges. Conhecer a personalidade caricaturada, ou o fato político a que se refere, ou seja, o contexto em que ela foi produzida, constitui elementos indispensáveis para sua compreensão. Cartoon: é conhecido como uma anedota gráfica. Normalmente não insere personagens reais ou fatos verídicos, mas representa uma expressão criativa do cartunista que penetra no domínio da ficção. O objetivo do cartoon é provocar riso no espectador. Chega-se ao riso pela crítica mordaz, irônica, satírica e principalmente humorística do comportamento humano de suas fraquezas, hábitos e costumes. Outra característica do cartoon é sua temporalidade. Ele desconhece os limites do tempo, focando temas genéricos e universais. Charge: crítica humorística de um fato ou acontecimento específico. É a reprodução gráfica de uma notícia já conhecida do público, segundo a percepção do desenhista. Apresenta-se tanto através de imagens quanto combinando imagem e texto. A charge absorve a caricatura em seu ambiente ilustrativo. A palavra Charge vem do francês charger – carregar, exagerar, cujo objetivo é focalizar uma determinada realidade, geralmente política, sintetizando esse fato. A charge é um texto visual desenhado. Para decodificar a mensagem embutida neste tipo de texto, deve-se levar em conta o contexto sócio-político em que ela foi produzida. A charge faz menção aos fatos e acontecimentos no momento em que estão acontecendo, daí sua efemeridade. É importante destacar que a charge, além do seu caráter humorístico e embora pareça ser um texto ingênuo e despretensioso, constitui uma ferramenta de conscientização, pois ao mesmo tempo em que diverte, informa, denuncia e critica, constituindo-se num recurso discursivo e ideológico. Por ser um tipo de texto eclético, a charge propicia a interdisciplinaridade e pode tornar-se um excelente recurso de conscientização no exercício da cidadania. Neste aspecto, a “leitura” das charges de maneira competente contribuirá para desenvolver a competência leitora de nossos educandos e estabelecer relações com os problemas no contexto social em que estão inseridos. REFERÊNCIAS JUNQUER, Ângela; Pavani, Cecília; Cortez, Elizena. Educação. Jornal – Uma abertura para a Educação. Papirus Editora, 2007 . ROMUALDO, Carlos Edson. Charge Jornalística e – Intertextualidade e Polifonia. Maringá: EDUEM, 2000. PARANÁ Título: Paraná na Tribuna Lúcio Fabiano de Oliveira trabalha atualmente com ilustrações de matérias e suplementos e uma tira diária no Jornal Tribuna do Norte de Apucarana, com o personagem “Edibar”. Trabalhando como desenhista desde 1987, já passou por várias etapas: começou como cartunista, ilustrador e chargista. Ministrou aulas de desenho técnico de 1992 a 1997, no Sesc e Sesi de Apucarana. Mergulhou no mundo da política para poder entender e elaborar as “amadas e odiadas” charges (grifo do autor). Participou de um concurso para chargista, no ano de 1997 do Jornal Estado de São Paulo, ficando classificado em 4º lugar, posição que rendeu reconhecimento em todo território nacional. Com experiência no exterior, trabalha atualmente com infográficos e cursa arquitetura. Lúcio é sem dúvida um artista carismático e atende com muito carinho as pessoas que o visitam na redação do jornal e também profere palestras nas escolas sobre charges, sempre que solicitado. Para conhecer seus trabalhos acesse: [email protected] ou www.tribunadonorte.com Sugestão de Leitura Categoria – livro Autora – Sobrenome – Discini Nome – Norma Título – Comunicação nos textos Local da publicação – São Paulo Ano de publicação – 2005 Editora – Contexto. Dentre os autores que utilizam a Teoria Semiótica para analisar e interpretar textos, este livro de Norma Discini constitui um dos mais complexos e atuais. A autora procurou abordar diversos gêneros textuais, utilizados nos meios de comunicação de massa, como jornais, revistas, quadrinho, manuais, anúncios publicitários, entre outros, para fazer uma obra de grande relevância, e instrui mentalizar alunos e professores de letras, lingüística e comunicação, levando-os a desvelar mecanismos de construção do sentido dos textos, examinados para além da aparência, ou como diz a própria autora: “...esta obra pertence àquele que deseja ler o direito e o avesso de jornais, de anúncios publicitários, de catecismo religioso, de história em quadrinhos, de manuais de etiqueta, de pronunciamentos políticos, entre outros textos ditos de grande circulação ou tidos como de „comunicação de massa” (DISCINI, 2005). Sugestão de Leitura Categoria – livro Autor – Sobrenome – Britto Nome – Luiz Percival Leme Título – Contra o consenso: cultura escrita, educação e participação. Local de Publicação – São Paulo Ano de Publicação – 2003 Editora – Mercado de Letras Edições e Livraria Ltda. (coleção idéias sobre linguagem). Este livro propicia uma reflexão para professores e educadores em torno da leitura, seus sentidos e possibilidades. O autor desmistifica os métodos utilizados para o ensino da leitura e as práticas pedagógicas adotadas. Segundo o autor: “a leitura deve ser valorizada como um bem público, como possibilidade de cidadania e abandonar visões ingênuas de leitura, fortemente ideológicas, e investir no conhecimento objetivo das práticas de leitura e num movimento de poder ler”. (BRITTO, 2003: p 114). O autor aborda a questão da leitura na sociedade contemporânea como questão política social. A obra constitui-se em um excelente referencial a respeito da formação de leitores competentes. Sugestão de Leitura Categoria – livro Autor – Sobrenome – Barros Nome – Diana Luz Pessoa de Título – Teoria Semiótica do Texto Local de Publicação – São Paulo Ano de Publicação – 2005 Editora – Ática – 4ª edição. A autora procura, neste livro, apresentar de forma sucinta e objetiva os fundamentos da teoria semiótica. A leitura semiótica e a análise dos mais variados tipos de textos (verbais e nãoverbais), têm por objetivo verificar a explicar a significação textual pelo exame minucioso dos procedimentos utilizados. A autora utiliza-sede farta exemplificação cuja finalidade é recuperar, na trama da intertextualidade, as intenções sociais que se estabelecem entre os sujeitos e constroem o enredo da sociedade e da história. Segundo Greimas, (1990) o texto deve ser analisado em três níveis: discursivo, narrativo e fundamental. Em sua obra, Diana expõe detalhadamente através dos textos analisados, optando pela Semiótica greimasiana, e como se efetua a análise nos três níveis propostos. Sugestão de Leitura Categoria – livro Autor – Sobrenome – Romualdo Nome – Edson Carlos Título – Charge Jornalística - Intertextualidade Local de Publicação – Maringá Ano de Publicação - 2000 Editora - Eduem Edson Carlos Romualdo é diretor de Ensino de Graduação da Universidade Estadual de Maringá e lotado no Departamento de Letras. Este livro é resultado da publicação de sua tese de mestrado. O autor aborde de maneira clara e inteligente a utilização da imagem veiculada através da história e dos veículos de comunicação, ale, de abordar as especificidades entre charge, caricatura e Cartum. A partir da interação texto/imagem e dos conceitos de dialogismo, polifonia e contextualidade, proposto por Bakhtin (1990) e seus seguidores, o autor destaca o sincretismo do texto chargístico, evidenciando as múltiplas vozes que se relacionam com os outros textos. Sob a ótica das teorias da Enunciação, o autor analisa várias charges publicadas no jornal “Folha de São Paulo”, utilizando como argumento amostragem de várias formulações discursivas e ideológicas veiculadas nesse tipo de texto. O livro é sem dúvida, um referencial para quem deseja ampliar seus conhecimentos através do texto chárgico. Sugestão de Leitura Categoria – livro Autor – Sobrenome – Pietrofortre Nome – Antonio Vicente Título – Análise do texto visual a construção da imagem Local de Publicação – São Paulo Ano de Publicação – 2007 Editora – Contexto. Este livro trata da compreensão e análise do texto visual e utiliza a chamada modalidade semiótica tensiva, isto é, a dimensão contínua do sentido. O autor detalha a construção da imagem desde a etimologia da palavra imagem, sua importância na sociedade atual, revelando significados e mostrando a pertinência da Teoria Semiótica para compreensão dos sentidos do texto. A obra contempla a análise de fotografia, poemas, música e história em quadrinhos. A leitura atenta dessa obra, facilita a compreensão das múltiplas imagens que nos rodeiam, visto que vivemos numa época que profetiza que “imagem é tudo”. Sugestão de Leitura Categoria – livro Autor – Sobrenome – Fiorin Nome – José Luiz Título – Elementos de Análise do Discurso Local de Publicação – São Paulo Ano de Publicação – 2006 Editor – Contexto O livro é resultado da análise semiótica do discurso, em que o autor procura explicitar os mecanismos da estruturação e de interpretação de textos, examinando os procedimentos sintáticos e as figuras semânticas do discurso. Segundo o autor, as aulas de interpretação de textos consistem em responder questionários que não representam nenhum desafio intelectual ao aluno. O autor questiona “o porquê” de uma semântica do discurso. Analisa o percurso gerativo de sentido, a sintaxe discursiva, (projeções da enunciação e do enunciado, relações entre enunciado e enunciatário), a semântica discursiva (temas e figuras; percursos gerativos e temáticos; isotopia; metáfora e metonímia e os modos de combinação dos temas e figuras), procurando capacitar o leitor para ler buscando os sentidos do texto e as relações entre o texto e o contexto. Sugestão de Leitura Categoria – livro Autor – Sobrenome – Fiorin Nome – José Luiz Autor – Sobrenome – Savioli Nome – Francisco Platão Título – Para entender o texto Local de Publicação – São Paulo Ano de Publicação – 1996 Editora – Ática, 12ª edição. Este livro tem por objetivo fornecer ferramentas e auxiliar o leitor interpretar e produzir textos com competência. À maneira de como está estruturado – em lições – procurando enfocar mecanismo da construção do texto; Um texto comentado e propostas de atividades. O autor leva em conta os conhecimentos necessários para se ler e produzir textos; conhecimento do sistema lingüístico; contexto sócio-histórico em que o texto foi construído e o conhecimento dos mecanismos de estruturação do significado. O livro compõe-se diferentes tipos de textos, valendo-se dos recursos da teoria semiótica para verificar e explicar sua significação. Finalmente, nos últimos capítulos, o autor fornece subsídios de como analisar textos não-verbais, destacando sua importância pois através desse tipo de texto, o homem também representa o mundo, exprime seu pensamento, comunica-se e influencia os outros. Além das abordagens descritas, o livro constitui-se num excelente material de apoio para o professor, que busca através da pesquisa, melhorar sua prática pedagógica. Sugestão de Leitura Categoria – jornal Nome do Jornal – Tribuna do Norte Título da Notícia – Palestra sobre charges no “Glorinha” Notícia veiculada em novembro/2007. O cartunista do jornal Tribuna do Norte, Lúcio de Oliveira, proferiu palestra sobre charges num colégio Estadual de Apucarana, para alunos de 6ª série. Os estudantes tiveram a oportunidade de saber a diferença entre charge, Cartum, tiras e história em quadrinhos e obter uma noção básica de como é feito este trabalho artístico. Por meio da palestra, os estudantes perceberam que não só os textos escritos refletem a realidade. Os textos não-verbais (as imagens visuais) constituem também, um importante recurso de expressão, e constitui um excelente recurso para a formação de leitores mais críticos e competentes, e utiliza desse conhecimento para exercer seu papel de cidadãos no contexto em que vivem. Sugestão de Leitura Categoria – Revista on-line Autor – Sobrenome – Seco Nome – Keity Cassiane Título do Artigo – A reconstituição dos sentidos do jingle político por meio da semiótica. Disponível em (endereço web) – http://www. Acessado em novembro/2007 A autora analisa detalhadamente, através da teoria semiótica greimasiana, o percurso gerativo de sentido do Jingle “Lula-lá”, utilizado durante as campanhas eleitorais do presidente lula. Apesar desse estilo musical fazer parte do gênero canção, a indicação para leitura, baseia-se no fato de terem surgido inúmeras charges com esse tema em vários jornais do país. Assim como o jingle publicitário, as charges são ”vistas” apenas como recurso humorístico, embora sua função principal seja a crítica político-social. A crítica irônica e mordaz aos representantes do poder político, econômico e social, não consiste exclusivamente das charges. Outras modalidades de textos que circulam diariamente cumprem, ao seu modo, por meio dos processos semióticos que lhe são peculiares, esse mesmo papel. A análise criteriosa desenvolvida pela autora da letra desse jingle permite, através da desconstrução de algumas posições ditas e tidas como “verdades” no discurso do senso comum, desvelar a verdadeira intenção do enunciador – alienar eleitores, e assim chegar ao poder. Sítio Título – A charge on-line Disponível em (endereço da web) – http://www.chargeonline.com.br Acessado em novembro/2007 Este sítio possui as charges publicadas em jornais de grande veiculação. São atualizados diariamente, e enfocam personalidades de destaque não só na política, mas também de outras áreas. É um referencial para os apaixonados por charges, pois são criativas e inteligentes. Sítio Título – Charges.com.br Disponível em (endereço web) – http://www.charges.com.br Acessado em novembro/2007 O objeto deste OAC constitui-se em pesquisar ferramentas de leitura e interpretação de charges. Este sítio virtual fornece a possibilidade, através do Salão Internacional de Humor de Piracicaba, tomar conhecimento da história e dos chargistas que mais se destacaram. Nesta modalidade, neste ambiente, os professores que pretendem utilizar charges em suas aulas, se fartarão com a riqueza de possibilidades. Sítio Título – Imprensa Charges Disponível em (endereço web) – http://www.andes.org.br Acessado em novembro 2007 As charges apresentadas neste sítio são do jornalista Ricardo Borges. Como acontecem na maioria das charges, a crítica político-social, o autor retrata os fatos da atualidade com a criatividade que lhe é particular. O autor autoriza a reprodução e a apresentação, desde que seu nome seja citado (autorização no próprio sítio) Sons e vídeos Categoria – Áudio CD Título da música – Pega Ladrão! Interprete – Gabriel O Pensador Título do CD – Número da faixa – Número do CD – Nome da Gravadora – Ano – Disponível em (endereço web) – http://www.vagalume.com.br (no endereço web citado, é possível encontrar a letra dessa música na íntegra). O estilo irreverente e contestador de Gabriel o Pensador fica evidente quando ouvimos suas músicas. É considerado um dos rappers mais criativos do cenário nacional. Assim como as charges, as músicas de Gabriel produzem sentimentos que vão da indignação e denúncia passando pela admiração e criatividade, levando o leitor/ouvinte à reflexão. Ao trabalhar com os textos do gênero musical, o professor mostrará aos alunos que um mesmo tema, pode ser trabalhado com diversos gêneros textuais, cada um usando suas especificidades e fazer um paralelo entre a letra e as características das charges Gabriel O Pensador - Pega Ladrão! Gabriel O Pensador/tiago Mocotó/aninha Lima/liminha Pega ladrão! No governo! Pega ladrão! No congresso! Pega ladrão! No senado! Pega lá na câmara dos deputados! Pega ladrão! No palanque! Pega ladrão! No tribunal! É por causa desses caras que tem gente com fome, que tem gente matando, etc e tal. Pega, pega! Pega, pega ladrão!! Pega, pega! Pega, pega ladrão!! Pega, pega! Pega, pega ladrão!! A miséria só existe porque tem corrupção. Pega, pega! Pega, ladrão!! Pega, pega! Pega, pega, ladrão!! Pega, pega! Pega, pega ladrão!! Tira do poder! Bota na prisão!! E você, que é um simples mortal, levando uma vidinha legal, alguém já te pediu um real? Alguém já te assaltou no sinal? Você acha que as coisas vão mal? Ou você tá satisfeito? Você acha que isso é tudo normal? Você acha que o país não tem jeito? Aqui não tem terremoto, aqui não tem vulcão. Aqui tem tempo bom, aqui tem muito chão. Aqui tem gente boa, aqui tem gente honesta, mas no poder é que tem gente que não presta. "Eu fui eleito e represento o povo Brasileiro. Confie em mim que eu tomo conta do dinheiro". Refrão Tira esses malandro do poder executivo! Tira esses malandro do poder judiciário! Tira esses malandro do legislativo! Tira do poder que eu já cansei de ser otário! Tira esses malandro do poder municipal! Tira esses malandro do governo estadual! Tira esses malandro do governo federal! Tira a grana deles e aumenta o meu salário! - Tá vendo esta mansão sensacional? Comprei com o dinheiro desviado do hospital. - E o meu cofre, cheio de dólar? É o dinheiro que seria pra fazer mais uma escola. - Precisa ver minha fazenda! Comprei só com o dinheiro da merenda! - E o meu filhão? Um milhão só de mesada! E tudo com o dinheiro das criança abandonada. - E a minha esposa? Só não me leva à falência porque eu tapo esse buraco com o rombo da previdência. - Vossa excelência... Ce não viu meu avião! Comprei com uma verba que era pra construir prisão! - E a superlotação? - Problema do povão! Não temo imunidade? Pra nós não pega não. Refrão A miséria só existe porque tem corrupção. Desemprego só aumenta porque tem corrupção. Violência só explode porque tem tanta miséria e desemprego. Porque tem tanta corrupção! "Todos que me conhecem sabem muito bem que eu não admito o enriquecimento do pobre e o empobrecimento do rico!" E você, que nasceu nesse país. E que sonha e que sua pra ser feliz. Você presta atenção no que o candidato diz? Ou cê vota em qualquer um, seu babaca? E depois da eleição, você cobra resultado? Ou fica aí parado, de braço cruzado? Cê lembra em quem votou pra Deputado? E quem você botou lá no Senado?