REVISTA PALAVRA VIVA – A IGREJA DE JESUS CRISTO Apoio didático – Lição 8 Em virtude da aproximação da Igreja Luterana e da Igreja Católica, rev. Augustus Nicodemus descreve os três tipos de ecumenismo ECUMENISMO Por Rev. Augustus Nicodemus Lopes Recentemente, representantes da Igreja Luterana e da Igreja Católica assinaram um documento de aproximação entre as duas igreja, visando estabelecer uma base comum quanto à crença na salvação pela fé. Esse evento "esquenta" mais uma vez o tema polêmico do ecumenismo. Nesse pequeno artigo, procuro descrever os tipos de ecumenismo que existem. Trata-se de um artigo descritivo, portanto, e não de uma análise crítica. Entretanto, fica evidente que, sendo um pastor reformado, não concordo com o ecumenismo, a não ser quando o mesmo tenta promover a aproximação de denominações evangélicas bíblicas. Ecumenismo Religioso É a tentativa de aproximar as grandes e diferentes religiões do mundo. Essa aproximação vai desde cooperação em missões e ação social e política, até união e fusão de credos. A iniciativa tem sido principalmente de órgãos protestantes. O maior deles é o Concílio Mundial de Igrejas (CMI). A filosofia que permite o CMI fazer esta tentativa é o pluralismo. Como o nome já indica, essa filosofia defende a pluralidade da verdade, ou seja, que não existe uma verdade absoluta, mas sim verdades diferentes para cada pessoa. Esse conceito é ambíguo, mas definitivamente já faz parte integrante da nossa cultura presente. Ele acredita que seja possível o relacionamento de pessoas com crenças e ideologias diferentes, sem que um tenha de sujeitar suas convicções ao domínio do outro. A idéia de converter alguém às suas próprias convicções é politicamente incorreto. A chave está na valorização da negociação e da cooperação em lugar de se tentar provar que se está certo ou errado. O pluralismo religioso, por sua vez, prega o abandono da "arrogância" teológica do cristianismo, nega que exista verdade religiosa absoluta, e exalta a experiência religiosa individual como critério último para cada um. A idéia de cristãos tentarem converter pessoas de outra fé ao cristianismo é absurda. O tema da salvação em outras religiões foi discutido recentemente na Assembléia Geral do Concílio Mundial de Igrejas. O relatório apresentado trouxe debate considerável. As conversas se arrastam sem produzir qualquer progresso claro. Uma consulta teológica sobre a salvação na Suíça patrocinada pelo CMI, composta por 25 teólogos, trouxe as seguintes conclusões: 1) Através da história, pessoas tem encontrado a Deus no contexto de várias religiões e culturas diferentes. © A IGREJA DE JESUS CRISTO Vamos em frente, soldados de Cristo 2) Todas as tradições religiosas são ambíguas (inclusive o cristianismo), isto é, uma combinação do que é bom e do que é ruim. 3) É necessário progredir além de uma teologia que confina a salvação a um compromisso pessoal explícito com Jesus Cristo. Em algumas denominações o pluralismo tem sido proposto como filosofia oficial, como na Igreja Metodista Unida, dos Estados Unidos. No momento, o ecumenismo religioso não vai indo bem. No último encontro do CMI, o assunto progrediu quase nada. O que agora estão pensando é cooperação em áreas sociais apenas, enquanto que cada religião mantém sua individualidade. Parece que o sonho de uma religião mundial única está acabando. Ecumenismo Cristão Este tipo de ecumenismo tenta a aproximação entre os grandes ramos da cristandade, ou seja, a Igreja Católica, a Igreja protestante, e a Ortodoxa, e entre os diversos ramos protestantes entre si. Algum progresso existe. A liderança da Igreja Episcopal e da Igreja luterana Evangélica na América concordou, depois de duas décadas de negociar, darem comunhão entre si, reconhecer os cleros e ordenar bispos em conjunto. Cada grupo retém sua autonomia. A liderança de oito denominações protestantes alcançaram acordo preliminar sobre as suas igrejas, formando uma "comunhão de convenção" na qual cada denominação iria, embora ainda autônoma, aceitar os ministros e sacramentos dos outros. Os católicos romanos continuam dialogando bilateralmente com luterano, líderes da igreja Anglicana, e Ortodoxos em um esforço para achar solo teológico comum. Até mesmo algumas igrejas Pentecostal que tendem a ser anti-ecumênico parecem propensas para relações mais abertas. A Igreja Cristã (os Discípulos de Cristo, denominação americana com mais de 1 milhão) entrou para a história ecumênica de protestantes e católicos em sua Assembleia Geral em agosto elegendo Monsenhor Philip Morris, padre católico romano, como membro votante da sua Comissão Executiva. Ecumenismo Evangélico É a tentativa de aproximação entre igrejas evangélicas, a nível de cooperação em atividades evangelísticas e sócio-políticas, e mesmo de fusão organizacional. Por exemplo, a cooperação interdenominacional de igrejas e ministros--muitos dos quais não estariam interessados no ecumenismo cristão ou religioso – que se unem para patrocinar uma cruzada de Billy Graham. Vale lembrar que o número de denominações diferentes chegou a 22.000 em 1985 e continua crescendo a uma taxa de cinco novas todas as semanas. Muitas igrejas conservadoras permanecem opostas a esforços ecumênicos por causa da teologia liberal e da agenda de trabalho políticos dos conselhos nacionais e mundiais que geralmente estão por detrás destes esforços. E uma razão ainda maior, é porque a verdade não deve ser sacrificada no altar da unidade eclesiástica. Disponível em: http://migre.me/eI4M1 © A IGREJA DE JESUS CRISTO Vamos em frente, soldados de Cristo A AUTORIDADE DAS ESCRITURAS 2Timoteo 3.16 O princípio cristão da autoridade bíblica significa que Deus é o autor da Bíblia, e deu-a para dirigir a crença e o comportamento do seu povo. Nossas ideias a respeito de Deus e a nossa conduta devem ser medidas, testadas e, onde necessário, corrigidas e ampliadas de acordo com a Bíblia, como padrão de referência. Autoridade é também o direito de ordenar. A Palavra escrita por Deus, em sua verdade e sabedoria, é o meio que Deus escolheu para exercer o seu governo sobre nós, e as Escrituras são o instrumento do Senhorio de Cristo sobre a igreja. A obra das Escrituras na Igreja, é ilustrada pelas sete cartas do Apocalipse (Ap 2.3). O ponto de vista católico romano a respeito da Bíblia tem comprometido sua autoridade única, combinando com a tradição da Igreja. Os católicos romanos aceitam a Bíblia como verdade dada por Deus, mas insistem em dizer que a Bíblia é incompleta sem a interpretação oficial da Igreja, conforme esta é dirigida pelo Espírito. No passado, a autoridade que a Igreja se arrogava sobre a Bíblia, levou-a a desencorajar ou a proibir que os cristãos comuns lessem as Escrituras. Nos tempos presentes, a Igreja Católica Romana encoraja todos os cristãos a ler a Bíblia. Muitos protestantes consideram a Bíblia como tendo sua autoridade no conteúdo subjetivo ou na experiência ou intuições de seus autores humanos. A pressuposição central (neste caso) é a de que a Bíblia permanece fundamentalmente um livro humano e não uma revelação divina. A Bíblia é um guia para suas experiências religiosas, mas não é claramente distinta de outras fontes, tais como de movimentos políticos e forças sociais. Muito frequentemente, a Bíblia é substituída por vozes que se opõem a ela. O Protestantismo Histórico aceita as Escrituras como a única revelação escrita de Deus. Elas são inspiradas ou "sopradas" por Deus (2Tm 3.16), o que as distinguem de todas as outras palavras. Como resultado, as Escrituras são infalíveis e verdadeiras em tudo o que afirmam. São suficientes e contêm tudo o que é necessário saber para a salvação e a vida eterna. São claras, de modo que uma pessoa sem preparação especial pode entender aquilo que Deus exige, sem a intervenção de um intérprete oficial. As Escrituras canônicas são a voz de Deus no mundo. Têm a autoridade e o direito de ordenar, que corresponde ao seu autor divino. Por essa razão, submetemos às Escrituras nossos pensamentos e nossos padrões morais. Foi através do reconhecimento de que a Bíblia não pode estar sujeita a qualquer pessoa ou grupo, por mais nobres que sejam, que os Reformadores libertaram suas consciências das tradições e autoridades humanas. Bíblia de Estudo de Genebra © A IGREJA DE JESUS CRISTO Vamos em frente, soldados de Cristo JESUS CRISTO, DEUS E HOMEM João 1.14 A Trindade e a Encarnação estão mutuamente integradas. A doutrina da Trindade declara que Cristo é verdadeiramente divino. A doutrina da Encarnação declara que o mesmo Cristo é também plenamente humano. Juntas, essas doutrinas proclamam a plena realidade do Salvador revelada no Novo Testamento, o Filho que veio da parte do Pai e, pela vontade do Pai, tornou-se o substituto do pecador na cruz (Mt 20.28; 26.36-46; Jo 1.29; 3.13-17; Rm 5.8; 8.32; 2Co 5.19-21; 8.9; Fp 2.5-8). A doutrina da Trindade foi definida no Concílio de Nicéia (325 d.C.), quando a igreja se opôs à ideia ariana de que Jesus era a primeira e a mais nobre criatura de Deus; a igreja afirmou que Jesus era da mesma "substância" ou "essência" do Pai. A distinção entre Pai e Filho está dentro da unidade divina, de modo que o Filho é Deus da mesma maneira que o Pai o é. Ao dizer que o Filho e o Pai são de uma única e mesma "substância", e que o Filho "é gerado, não feito" (ecoando o "unigênito" em Jo 1.14,18; 3.16,18), o Credo Niceno reconhece, inequivocamente, a divindade de Jesus Cristo. A confissão que a igreja faz da doutrina da Encarnação foi expressa no Concílio de Calcedônia (em 451 d.C.), onde a igreja se opôs à ideia nestoriana de que Jesus era duas pessoas e não uma, e à ideia eutiquiana de que a divindade de Jesus havia absorvido sua humanidade. Rejeitando ambas as ideias, o Concílio afirmou que Jesus é uma só pessoa com duas naturezas (isto é, com dois conjuntos de capacidades para a experiência, expressão e ação). As duas naturezas estão unidas nele, sem mistura e sem confusão, sem separação ou divisão, e cada natureza retém seus próprios atributos. Em outras palavras, tudo o que está em nós, bem como tudo o que está em Deus, está e sempre estará verdadeira e distintivamente presente no único Cristo. Deste modo a fórmula de Calcedônia afirma enfaticamente a plena humanidade do Senhor. A Encarnação, o misterioso milagre no âmago do cristianismo histórico é fato central no testemunho do Novo Testamento. Jesus veio primeiro para os judeus, cuja afirmação central de fé é de que há um só Deus. Os apóstolos eram israelitas e, contudo, eles e os escritores do Novo Testamento ensinaram que Jesus, o Messias, devia ser cultuado e devia-se crer nele. Isto quer dizer que ele é Deus não menos do que ele é homem. É espantoso que este testemunho pudesse prevalecer entre eles. O Evangelho de João (1.14; 19.35; 21.24) abre suas narrativas de testemunha ocular com a declaração de que Jesus é o eterno Logos divino, agente da criação e fonte da vida e da luz (vs. 1-5, 9). Tornando-se carne, o Logos foi revelado como o Filho de Deus, e a fonte da "graça e da verdade", o "unigênito do Pai" (vs. 14, 18). O Evangelho está pontilhado com a expressão "Eu Sou" que tem relevância especial porque "Eu Sou" era a expressão usada como nome divino, segundo a tradução grega do Êx 3.14; quando João revela Jesus como "Eu Sou", a reivindicação de sua divindade está explícita. Exemplos disto temos em Jo 8.28, 58, e sete declarações de Jesus como: a) o pão da vida, alimento espiritual (6.35, 48, 51); b) a luz do mundo banindo as trevas (8.12; 9.5); c) a porta das ovelhas que dá acesso a Deus (10.7, 9); d) o bom pastor que protege dos perigos (10.11,14); c) a ressurreição e a vida sobrepujando a © A IGREJA DE JESUS CRISTO Vamos em frente, soldados de Cristo morte (11.25); f) o caminho, a verdade e a vida, que leva ao Pai (14.6); g) a videira verdadeira em quem podemos dar frutos (15.1-5). No clímax de sua fé, Tomé cultuou a Jesus, dizendo: "Meu Senhor e meu Deus" (20.28). Jesus pronuncia sua bênção sobre todos os que participam dessa fé de Tomé (20.29-31). Paulo diz a respeito de Jesus que "nele, habita, corporalmente toda a plenitude da Divindade (Cl 2.9, cf. 1.19). Paulo aclama Jesus, o Filho, como a imagem do Pai e como seu agente na criação e conservação de todas as coisas (Cl 1.15-17). Paulo declarou que ele é o Senhor a quem se deve orar pedindo salvação, do mesmo modo pelo qual se invoca Yahweh (Jl 2.32; Rm 10.9-13). Jesus é "sobre tudo, Deus bendito" (Rm 9.5), nosso "Deus é Salvador" (Tt 2.13). Paulo ora a Jesus pessoalmente (2Co 12.8,9), e o considera como a fonte da graça divina (2Co 13.14). O testemunho é explícito: a fé na divindade de Jesus é fundamental na teologia e religião de Paulo. O autor da carta aos Hebreus, revelando a perfeição do sumo sacerdócio de Cristo, declara a plena divindade e singular dignidade do Filho de Deus (Hb 1.3, 6, 812). Em seguida, celebra a plena humanidade de Cristo (cap. 2). O sumo sacerdócio que ele descreve como exercido por Cristo depende da conjunção de uma vida divina sem fim e infalível, com uma experiência plenamente humana de tentação e sofrimento (Hb 2.14-17; 4.14—5.2; 7.13-28; 12.2,3). O Novo Testamento proíbe o culto a anjos (Cl 2.18; Ap 22.8,9), porém, manda cultuar a Jesus. De modo bem franco, ele apresenta o Salvador divino-humano como objeto próprio da fé, da esperança e do amor. Uma religião sem esta ênfase não pode ser cristianismo. Bíblia de Estudo de Genebra © A IGREJA DE JESUS CRISTO Vamos em frente, soldados de Cristo JUSTIFICAÇÃO E MÉRITO Gálatas 3.11 A doutrina da justificação — o núcleo tormentoso da Reforma — era, para Paulo, o âmago do evangelho (Rm 1.17; 3.21—5.21), e dava forma à sua mensagem (At 13.38,39) e a sua devoção (2Co 5.13-21; Fp 3.4-14). Ainda que outros escritores do Novo Testamento afirmem a mesma doutrina em substância, os termos em que Protestantes a têm afirmado e defendido, por quase cinco séculos, são tirados primeiramente de Paulo. Justificação é o ato de Deus pelo qual ele perdoa pecadores e os aceita como justos por causa de Cristo. Por esse ato, Deus endireita o anterior relacionamento alienado que os pecadores tinham com ele. Esta sentença justificadora é a concessão por Deus do status de aceitação de pecadores por causa de Jesus Cristo (2Co 5.21). O Juízo justificador de Deus parece estranho, por pronunciar justificados os pecadores, pois pode parecer uma espécie de ação injusta praticada por um juiz, ação esta que a própria lei de Deus proíbe (Dt 25.1; Pv 17.15). Contudo é um julgamento justo porque sua base é a justiça de Jesus Cristo. Como o "último Adão" (1Co 15.45), agindo em nosso favor, como nosso Cabeça representativo, Cristo cumpriu a lei que nos prendia e suportou o castigo que merecíamos pela desobediência à lei e, assim, "mereceu" a nossa justificação; por isso, nossa justificação tem base justa (Rm 3.25,26; 1Jo 1.9), com a justiça de Cristo creditada em nosso favor (Rm 5.18,19). A decisão justificadora de Deus é, na prática, do Último Dia, no tocante a onde devemos estar na eternidade; esta decisão já é trazida para o presente, e é pronunciada aqui e agora. É juízo sobre o nosso destino eterno, pois Deus nunca volta atrás, por mais que Satanás possa apelar contra o veredito (Zc 3.1; Rm 8.33,44; Ap 12.10). Estar justificado é estar eternamente seguro (Rm 5.1-5; 8.30). O meio necessário para a justificação é a fé pessoal em Jesus Cristo, como Salvador crucificado e como Senhor ressurreto (Rm 4.23-25; 10.8-13). A fé é necessária porque o fundamento meritório de nossa justificação está totalmente em Cristo. À medida que nos entregamos a Jesus com fé, ele nos concede seu dom da justiça, de modo que no próprio ato de "fechar com Cristo" — como os mais antigos mestres Reformados diziam — recebemos o perdão e a aceitação divinos, que não podemos encontrar em nenhum outro lugar (Gl 2.15,16; 3.24). A teologia histórica católica-romana inclui a santificação dentro da definição da justificação, considerada mais como um processo do que como um único evento decisivo, e afirma que embora a fé contribui para a nossa aceitação diante de Deus, nossas obras de satisfação e mérito devem contribuir também. Os católicos veem o batismo como portador da graça santificante, que nos justifica primeiramente. Depois do sacramento da penitência, seguese o mérito suplementar a ser alcançado através das obras, se a graça da aceitação inicial por Deus (no batismo) se perder por causa do pecado mortal. Este mérito suplementar não obriga Deus a ser gracioso, embora seja o contexto normal para recebê-lo. Segundo o conceito católico-romano, os fiéis efetuam sua própria salvação, com a ajuda da graça que procede de Cristo, através do sistema sacramental da igreja. Os Reformadores ressaltaram que este conceito da salvação solapa o sentido de confiança que só a livre graça pode oferecer àqueles que não têm méritos. Paulo já tinha mostrado que todos os homens, seja qual for o grau de sua piedade, estão sem méritos e necessitam da livre justificação para serem salvos. Uma justificação que precisa ser completada pelo beneficiado, não oferece repouso sólido. Bíblia de Estudo de Genebra © A IGREJA DE JESUS CRISTO Vamos em frente, soldados de Cristo A SANTÍSSIMA TRINDADE Por André Silvério A Trindade é um dos mistérios do Cristianismo, que aceitamos pela fé; embora a Escritura, do Gênesis ao Apocalipse, apresente esta doutrina claramente em suas páginas. É bem verdade que não encontraremos na Bíblia a palavra “Trindade”, já que ela foi criada pelos teólogos para nomear uma doutrina existente na Palavra de Deus; assim como também não encontramos as palavras teologia, Cristologia, Pneumatologia (estudo da Pessoa a da obra do Espírito Santo), etc. A palavra trindade é de origem latina (trinitate), que significa “união de três partes em uma só”. A definição, aplicada à teologia, é o dogma da união de três pessoas distintas (o Pai, o Filho e o Espírito Santo) em um só Deus. Tertuliano foi o primeiro a empregar o termo “Trindade” e a formular a doutrina no II séc. d.C. Mas a Igreja só começou a formular a doutrina da Trindade no final do séc. IV. O Concílio de Nicéia (325 d.C.) afirmou que o Filho é co-essencial com o Pai (Berkhof, 2001, p. 79). Mais a frente, no séc. VIII, o Credo de Atanásio faz a seguinte declaração: Adoramos um Deus em Trindade, e a Trindade na Unidade; sem confundir as Pessoas nem dividir a Substância (Bruce Milne, 1998, p. 63). A semelhança de Agostinho (De Trinitate), Calvino diz que a essência divina é simples e indivisível, ainda que, pertence ao Pai, ao Filho e ao Espírito; e por outro lado, o Pai difere do Filho em certa propriedade, e o Filho do Espírito Santo (Juan Calvino, 1999, I, VIII, 26, p. 86). A Confissão de Fé de Westminster declara que na unidade da Divindade há três pessoas de uma mesma substância, poder e eternidade – Deus o Pai, Deus o Filho e Deus Espírito Santo, o Pai não é de ninguém – não é nem gerado, nem procedente; o Filho é eternamente gerado do Pai; o Espírito Santo é eternamente procedente do Pai e do Filho (CFW, Cap. 2, III). Em síntese, podemos fazer a seguinte afirmação: Na Divindade coexistem três Pessoas diferentes, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, e essas três pessoas são um só Deus; coiguais em poder, honra, glória, louvor e majestade; embora distintas pelas suas propriedade pessoais. Biblicamente, a doutrina da Trindade pode ser percebida através de inúmeros textos. No Velho Testamento: o uso do pronome da primeira pessoa do plural (nós): “Façamos o homem a nossa imagem” (Gn 1.26-27; outros usos: Gn 3.22; Sl 110.1; Is 6.8). No Novo Testamento: no batismo de Jesus (Mt 3.16-17); na encarnação do Filho (Jo 1.14, 14.9-11); na grande comissão (Mt 28.19), na fórmula do batismo cristão (Mt 28.19) e na Bênção Apostólica (2Co 13.13). Portanto, ainda que nos seja muito difícil e complexo compreender a profundidade dessa doutrina, devemos aceitá-la pela fé, pois assim nos revela e nos ensina a Palavra de Deus. O texto Teologia relacional, http://migre.me/eI5qQ © de Valdeci Santos está disponível A IGREJA DE JESUS CRISTO Vamos em frente, soldados de Cristo em: Capítulo XXVIII da Confissão de Fé de Westminster DO BATISMO I. O batismo é um sacramento do Novo Testamento, instituído por Jesus Cristo, não só para solenemente admitir na Igreja a pessoa batizada, mas também para servir-lhe de sinal e selo do pacto da graça, de sua união com Cristo, da regeneração, da remissão dos pecados e também da sua consagração a Deus por Jesus Cristo a fim de andar em novidade de vida. Este sacramento, segundo a ordenação de Cristo, há de continuar em sua Igreja até ao fim do mundo. Referências bíblicas: Mt 28.19; 1Co 12.13; Rm 4.11; Cl 2.11-12; Gl 3.27; Tt 3.5; Mc 1.4; At 2.38; Rm 6.3-4; Mt 28.19-20. II. O elemento exterior usado neste sacramento, é água com a qual um ministro do Evangelho, legalmente ordenado, deve batizar o candidato em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Referências bíblicas: At 10.47; At 8.36-38; Mt 28.19. III. Não é necessário imergir na água o candidato, mas o batismo é devidamente administrado por efusão ou aspersão. Referências bíblicas: At 2.41; At 10.46-47; At 16.33; 1Co 10.2. IV. Não só os que professam a sua fé em Cristo e obediência a Ele, mas os filhos de pais crentes (embora só um deles o seja) devem ser batizados. Referências bíblicas: At 9.18; Gn 17.7,9; Gl 3.9,14; Rm 4.11-12; At 2.38-39. V. Posto que seja grande pecado desprezar ou negligenciar esta ordenança, contudo, a graça e a salvação não se acham tão inseparavelmente ligadas com ela, que sem ela ninguém possa ser regenerado e salvo os que sejam indubitavelmente regenerados todos os que são batizados. Referências bíblicas: Lc 7.30; Êx 4.24-26; Dt 28.9; Rm 4.11; At 8.13,23. VI. A eficácia do batismo não se limita ao momento em que é administrado; contudo, pelo devido uso desta ordenança, a graça prometida é não somente oferecida, mas realmente manifestada e conferida pelo Espírito Santo àqueles a quem ele pertence, adultos ou crianças, segundo o conselho da vontade de Deus, em seu tempo apropriado. Referências bíblicas: Jo 3.5,8; Gl 3.27; Ef 5.25-26. VII. O sacramento do batismo deve ser administrado uma só vez a uma mesma pessoa. Referência bíblica: Tt 3.5. © A IGREJA DE JESUS CRISTO Vamos em frente, soldados de Cristo BATISMO Romanos 6.3 O batismo cristão, que tem a forma de uma lavagem cerimonial (como o batismo pré-cristão de João Batista) é um sinal de Deus para significar nossa purificação interior e remissão de pecados (At 22.16; 1Co 6.11; Ef 5.25-27), a regeneração operada pelo Espírito e uma nova vida (Tt 3.5), e a permanente presença do Espírito Santo, como selo de Deus, testificando e garantindo que aquele que o recebe está seguro em Cristo para sempre (1Co 12.13, cf. Ef 1.13,14). Fundamentalmente o batismo significa união com Cristo na sua morte, sepultamento e ressurreição (Rm 6.3-7; Cl 2.11,12), e esta união com Cristo é a fonte de cada elemento de nossa salvação (1Jo 5.11,12). Receber o sinal do batismo com fé assegura, aos batizados, que o dom de Deus da nova vida em Cristo lhes é livremente garantido. Ao mesmo tempo, os incumbe de viver de modo novo e diferente, como discípulos de Jesus. Cristo ordenou aos seus discípulos que batizassem em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt 28.19). Esta fórmula significa que o relacionamento da Aliança que o batismo confere formalmente está ligada às três Pessoas da Deidade. Quando Paulo diz que os israelitas foram batizados "com respeito a Moisés" (1Co 10.2), ele significa que os Israelitas foram colocados sob o controle e direção de Moisés. O batismo em nome do Deus trino significa ficar sob o controle e direção de Deus. O sinal exterior não significa automática ou magicamente, que ele confere as bênçãos interiores que ele representa. No Novo Testamento não há nenhuma prescrição de um modo específico de batizar. A determinação de batizar pode ser cumprida, por imersão, afusão ou aspersão. Todos estes três modos satisfazem o sentido do verbo grego baptizo e a exigência simbólica de passar sob a água purificadora e emergir dela. Bíblia de Estudo de Genebra © A IGREJA DE JESUS CRISTO Vamos em frente, soldados de Cristo O BATISMO CRISTÃO Por André Silvério Apalavra batismo vêm do grego “baptizo”, que pode significar literalmente “imergir”. O batismo é a aplicação de água, mediante imersão, derramamento ou aspersão, com certa variedade de propósitos predeterminados, como um rito de iniciação, como um ato cerimonial, como sinal de identificação com a comunidade.1 Para Calvino, pouca importância tem, se há de submergir totalmente em água o batizando, se há de fazer três vezes, uma somente ou derramando água sobre ele. Porque o sinal se representa de qualquer uma destas maneiras. Ainda que a própria palavra “batizar” signifique imergir.2 Podemos, pois, concluir que o batismo, é apenas um sinal visível de uma graça invisível. Existindo a graça interior e invisível, o sinal exterior é coisa muito secundária e de menor importância.3 Quando analisamos a Palavra de Deus, percebemos alguns propósitos do batismo: 1. Admitir o crente na Igreja (At 2.41; 10.47); 2. Servir de sinal e selo do Pacto da Graça (Cl 2.11-12); 3. Simbolizar a união do crente com Cristo (Rm 6.3,4; Gl 3.2629). Quanto à maneira do batismo? Aspersão ou Imersão? A palavra baptizo não prova que o batismo tenha que ser por imersão. Aliás, a palavra grega baptizo é empregada em outros momentos que não imersão (cf. Mc 7.4; 1Co 10.2). Vejamos alguns exemplos bíblicos sobre o batismo: 1. No caso de pentecostes (At 2.37-41); 2. No caso de Paulo (At 9.17-19; 22.16); 3. No caso do carcereiro (At 16.27-34). Quanto ao objeto do batismo: Cremos que o batismo deve ser administrado tanto aos adultos, quanto aos infantes (crianças). Baseamos essa afirmação na doutrina da Aliança (Gn 17.9-14). O batismo está ligado objetivamente à circuncisão (Cl 2.11-12). Se o batismo do Novo Testamento é a circuncisão do Antigo Testamento, logo, conclui-se que as crianças devem ser batizadas porque elas recebiam a circuncisão na Antiga Aliança. Consideremos, ainda, algumas evidências do batismo infantil no Novo Testamento: At 16.15; 16.33-34; 18.8; 1Co 1.16 e At 2.27-39. A questão, portanto, resume-se numa simples pergunta: O batismo salva alguém? Todos são firmes em responder que não. Há muitos no inferno que foram batizados em água (At 8.13, 20-23). Sendo o contrário também verdadeiro – há muitos no céu que não tiveram o privilégio de passar pelo batismo (o ladrão na cruz – Lc 23.43). Logo, se o batismo não salva ninguém, por que, então, não permitir que as crianças sejam batizadas? Há, porventura, algum texto bíblico que as proíba terminantemente? É claro que não há. Se nossos filhos fazem parte da família da aliança, não há porque negar-lhes o batismo cristão. Que Deus nos abençoe, dandonos discernimento espiritual. 1 Champlin, R. N, Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, vol. I, p. 457 Juan Calvino, Intitución de La Religión Cristiana, IV, X, 20. 3 Philippe Landes, Estudos sobre Batismo de Crianças, CEP, p. 14 2 © A IGREJA DE JESUS CRISTO Vamos em frente, soldados de Cristo