Física III – Roteiro do Experimento I – Eletrostática e Eletrodinâmica - Prof.: Dr. Cláudio S. Sartori INTRODUÇÃO: Forma Geral dos Relatórios É muito desejável que seja um caderno grande (formato A4) pautada com folhas enumeradas ou com folhas enumeradas e quadriculadas, do tipo contabilidade, de capa dura preta, brochura. Chamaremos de Caderno de Laboratório. No verso deste caderno você pode fazer o rascunho a lápis. Na parte enumerada fará o relatório com a seguinte estruturação: No mínimo, para cada experimento o Caderno de Laboratório deve sempre conter: 1. Título do experimento data de realização e colaboradores; 2. Objetivos do experimento; 3. Roteiro experimentais; dos procedimentos 4. Esquema do aparato utilizado; 5. Descrição instrumentos; dos principais 6. Teoria Utilizada. Dados medidos; 7. Análise estatística dos dados; 8. Cálculos e Gráficos; 9. Resultados e conclusões. O formato de apresentação destes 9 itens não é rígido. O mais indicado é usar um formato seqüencial, anotando-se à medida que o experimento evolui. Referências: 1. G.L. Squires, "Practical Physics" (Cambridge University Press, 1991), capítulo 10, pp. 139-146; e D.W. Preston, "Experiments in Physics" (John Wiley & Sons, 1985), pp. 2-3. 2. C. H. de Brito Cruz, H. L. Fragnito, Guia 1 para Física Experimental Caderno de Laboratório, Gráficos e Erros, Instituto de Física, Unicamp, IFGW1997. 3. D.W. Preston, "Experiments in Physics" (John Wiley & Sons, 1985), pp. 2132; G.L. 4. C.E. Hennies, W.O.N. Guimarães e J.A. Roversi, "Problemas Experimentais em Física" 3ª edição, (Editora da Unicamp, 1989), capítulo V, pp.168-187. Física III – Roteiro do Experimento I – Eletrostática e Eletrodinâmica - Prof.: Dr. Cláudio S. Sartori Eletrostática: Gerador de Van De Graaff Teoria 2 mais negativo neutro Figura 1 - Gerador de Van de Graaff. ar vidro fibra sintética lã chumbo alumínio papel algodão aço madeira borracha cobre acetato poliéster poliuretano polipropileno vinil (PVC) silicone teflon mais positivo O fato da carga elétrica se transferir integralmente de um corpo para o outro, quando há contato interno, constitui o princípio básico de funcionamento do gerador de Van de Graaff. Este aparelho é constituído por uma correia que passa por duas polias, uma delas acionada por um motor elétrico que faz a correia se movimentar A segunda polia encontra-se no interior de uma esfera metálica oca, que está apoiada em duas colunas isolantes. Enquanto a correia se movimenta, ela recebe carga elétrica por meio de uma ponta elétrica por meio de uma ponta ligada a uma fonte de alta tensão (cerca de 10.000 V). Esta carga é transportada pela correia para o interior da esfera metálica. Uma ponta ligada a esta esfera recolhe a carga transportada pela correia. Em virtude do contato interno, esta carga se transfere integralmente para a superfície externa da esfera do gerador. Como as cargas são transportadas continuamente pela correia, elas vão se acumulando na esfera, até que a rigidez dielétrica do ar seja atingida. Nos geradores de Van de Graaff usados em trabalhos científicos o diâmetro da esfera é de alguns metros e a altura do aparelho atinge, às vezes, 15 m. Nestas condições, é possível obter voltagens de até 10 milhões de volts. Materiais que estão mais próximos do extremo mais negativo, têm uma disposição por assumir uma carga elétrica negativa. Os materiais mais próximos ao extremo mais positivo tendem a assumir carga elétrica positiva. Idealmente, os materiais da correia e do cilindro inferior devem estar entre o mais afastados possível dessa lista, enquanto o material do cilindro superior deve estar na região dos neutros. Uma Nota em Relação à Polaridade de um Van de Graaff Para uma dada combinação rolete inferior-correia-rolete superior, a polaridade do domo do GVDG fica determinada. Por exemplo, se a correia é de borracha, o rolete inferior é de plástico e o rolete superior é de alumínio, o domo ficará negativo. Usando o mesmo desenho, porém colocando-se o rolete de plástico como superior e o de alumínio como inferior, o domo ficará positivo. Física III – Roteiro do Experimento I – Eletrostática e Eletrodinâmica - Prof.: Dr. Cláudio S. Sartori Campo, Potencial Capacitância elétrico e Material Utilizado Aparato de Gerador de Van Der Graaff. Procedimento Experimental 1. Montar o aparato. Encontrar o raio da esfera, medindo várias vezes o comprimento l = 2 R da circunferência com um barbante. 2. Verifique as ligações e acione o 3 motor, vagarosamente. 3. Verifique se ocorre a máxima eletrização da esfera. 4. Coloque papéis em formas de tira e verifique as linhas de Campo elétrico. 5. Medir com um voltímetro a máxima voltagem atingida na superfície da esfera. i R = l/(2 ) (m) Dados Experimentais obtidos C (pF) Q ( C/m2) ( C) E (V/m) V (V) 1 2 3 3.106 4 5 6 7 8 9 Capacitância: Q Q R C C V kQ k R Carga: k Q E E Q R2 2 R k Densidade de carga: Q 4 R2 Potencial na superfície: k Q V R Análise dos dados Experimentais obtidos Encontre, inserindo estatístico da calculadora: no A capacitância média C . O desvio padrão populacional O erro associado à média: C C N . modo C Física III – Roteiro do Experimento I – Eletrostática e Eletrodinâmica - Prof.: Dr. Cláudio S. Sartori N V Vi i 1 N C Ci 2 i 1 C N C C N Escreva o resultado com dois algarismos significativos para o erro associado à média C . C C C pF Valor da máxima carga adquirida: R V Qmax k Determine o valor da máxima densidade de carga: Qmax max 4 R2 Encontre o valor do campo elétrico máximo: Emax max 0 1 0 4 k 8.85 10 12 m2 C 2 N Conclusões Verificar os resultados obtidos e compare com os dados da literatura. Discutir a influência do material. Discutir a influência dos erros nos resultados obtidos. 4 Física III – Roteiro do Experimento I – Eletrostática e Eletrodinâmica - Prof.: Dr. Cláudio S. Sartori Eletrodinâmica: Corrente e resistência elétrica. do fio, exercendo força sobre os elétrons de condução, estabelecendo assim uma corrente elétrica. Corrente e Densidade de corrente elétrica. Começamos agora a estudar o movimento de cargas elétricas. Exemplo de corrente elétrica: as pequenas correntes nervosas que regulam nossas atividades musculares, correntes nas casas, como a que passa pelo bulbo de uma lâmpada, em um tubo evacuado de TV, fluem elétrons. Partículas carregadas de ambos os sinais fluem nos gases ionizados de lâmpadas fluorescentes, nas baterias de rádios transistores e nas baterias de automóveis. Correntes elétricas atravessam as baterias de calculadoras e em chips de aparelhos elétricos (Microcomputadores, forno de microondas, etc.). Em escalas globais, partículas carregadas são presas nos cinturões de radiação de Van Allen existentes na atmosfera entre os pólos norte e sul. Em termos do sistema planetário, enormes correntes de prótons, elétrons e íons voam na direção oposta do Sol, conhecido como vento solar. Em escala galáctica, raios cósmicos, que são prótons altamente energéticos, fluem através da Via-Láctea. Como a corrente consiste num movimento de cargas, nem todo movimento de carga constitui uma corrente elétrica. Referimos a uma corrente elétrica passando através de uma superfície, quando cargas fluem através dessa superfície. Exemplifiquemos dois exemplos: 1) Os elétrons de condução de um fio de cobre isolado estão em movimento randômico a uma velocidade da ordem de 106 m . Se passarmos um s hipotético plano através do fio, os elétrons de condução passam através dele em ambas as direções, a razão de alguns bilhões por segundo. Então não há um transporte de carga e conseqüentemente não há corrente. Porém se conectar as extremidades do fio em uma bateria, o movimento das cargas se dará em uma direção, havendo assim corrente elétrica. 2) O fluxo de água através de uma mangueira de jardim representam a direção do fluxo das cargas positivas, (os prótons na molécula de água) a razão de alguns milhões de Coulomb por segundo. Não há transporte de cargas, pois há um movimento paralelo de cargas elétricas negativas (elétrons na molécula de água) de exata quantidade na mesma direção. Figura 1 – Sentido convencional da corrente elétrica num circuito elétrico. O sentido real é o oposto, o do movimento dos elétrons. q dq ;i dt t Sobre condições de regime estacionário, a corrente elétrica é a mesma em um fio condutor, analisando diferentes seções transversais do fio. Isto garante que a carga é conservada. A unidade do SI para corrente elétrica é o Coulomb por segundo ou Ampére (A): 1 A 1C i 1s A direção da corrente elétrica: Na figura acima demos a direção da corrente elétrica como sendo o movimento de cargas positivas, repelidas pelo terminal positivo da bateria elétrica e atraídas pelo seu terminal negativo. Este é o sentido convencional histórico; o sentido real é o do movimento das partículas negativas (elétrons), que é contrário ao sentido convencional. Densidade de corrente elétrica – J Na teoria de campos, estamos interessados em eventos que ocorrem em um ponto e não em uma região extensa. Então, devemos conceituar a densidade de corrente J, medida em ampéres por metro quadrado (A/m2). O incremento de corrente ΔI que atravessa uma superfície incremental ΔS, normal à densidade de corrente é: I I I S A densidade de corrente pode ser comparada à velocidade de uma densidade de carga volumétrica: Definição de Corrente Elétrica: Imagine um fio condutor isolado, em forma de curva, como ilustrado abaixo. Não há campo elétrico aplicado ao fio, conseqüentemente não há força elétrica atuando nos elétrons de condução. Se inserimos uma bateria, conectada às extremidades do fio, estabelecemos um campo elétrico no interior JN S J S J dS I Q t v V t I v S x t Svx v Como vx representa a componente da velocidade v, teremos: Jx v vx 5 Física III – Roteiro do Experimento I – Eletrostática e Eletrodinâmica - Prof.: Dr. Cláudio S. Sartori Generalizando, teremos: J v v Observe que a carga em movimento constitui a corrente, que também chamamos de J como densidade de corrente de convecção. Figura 2 – Ilustração do movimento dos portadores de carga positivo (sentido convencional (a)) e sentido real (b). Observe que J e E possuem o mesmo sentido. Condutores Os físicos hoje descrevem o comportamento dos elétrons ao redor do núcleo atômico positivo em termos da energia total do elétron em relação ao nível zero de referência para um elétron a uma distância infinita do núcleo. A energia total é dada pela soma das energias cinética e potencial, e como energia deve ser dada ao elétron para que este se afaste do núcleo, a energia de cada elétron no átomo é uma quantidade negativa. Embora este modelo possua algumas limitações, é conveniente associarmos estes valores de energia com as órbitas ao redor do núcleo; as energias mais negativas correspondem às órbitas de menor raio. De acordo com a teoria quântica, somente certos níveis discretos de energia, ou estados de energia, são permitidos em um dado átomo, e um elétron deve, portanto, absorver ou emitir quantidades discretas de energia, ou quanta, ao passar de um nível a outro. Um átomo normal na temperatura de zero absoluto possui um elétron ocupando cada um dos níveis de energia mais baixos, começando a partir do núcleo e continuando até que o suprimento de elétrons se esgote. Em um sólido cristalino, como um metal ou um diamante, os átomos estão dispostos muito mais próximos, muito mais elétrons estão presentes e muito mais níveis de energia permissíveis estão disponíveis por causa das forças de interação entre os átomos. Verificamos que os níveis de energia que podem ser atribuídos aos elétrons são agrupados em largas faixas, ou bandas, cada banda composta de inúmeros níveis discretos extremamente próximos. Na temperatura de zero absoluto, o sólido normal também possui cada nível ocupado, começando com o menor e continuando até que todos os elétrons estejam situados. Os elétrons com os maiores (menos negativos) níveis de energia, os elétrons de valência, estão situados na banda de valência. Se forem permitidos maiores níveis de energia na banda de valência, ou se a banda de valência se une suavemente com a banda de condução, então uma energia cinética adicional pode ser dada aos elétrons de valência por um campo externo, resultando em um fluxo de elétrons. O sólido é chamado um condutor metálico. A banda de valência preenchida e a banda de condução não preenchida para um condutor a O K estão esboçadas na figura 3 (a). Se, contudo, o elétron com o maior nível de energia ocupar o nível do topo da banda de valência e existir uma banda proibida (gap) entre a banda de valência e a banda de condução, então o elétron não pode receber energia adicional em pequenas quantidades e o material é um isolante. Esta estrutura de bandas está indicada na figura 3 (b). Note que, se uma quantidade de energia relativamente grande puder ser transferida para o elétron, ele pode ser suficientemente excitado para saltar a banda proibida até a próxima banda onde a condução pode facilmente ocorrer. Aqui o isolante é rompido.Ocorre uma condição intermediária quando somente uma pequena região proibida separa as duas bandas, como ilustrado na figura 3 (c). Pequenas quantidades de energia na forma de calor, luz ou um campo elétrico podem aumentar a energia dos elétrons do topo da banda preenchida e fornecer a base para condução. Estes materiais são isolantes que dispõem de muitas propriedades dos condutores e são chamados semicondutores. Figura 3 – Ilustração das bandas de energia em três diferentes materiais a oK. (a) O condutor não possui banda proibida entre as bandas de valência e de condução. (b) O isolante possui uma grande banda proibida. (c) o semicondutor possui uma pequena banda proibida. Considerando um condutor, os elétrons livres se movem pela atuação de um campo elétrico E, Assim, um elétron de carga –e experimentará uma força dada por: F e E No espaço livre, o elétron aceleraria e continuamente aumentaria sua velocidade (e energia); no material cristalino, o progresso do elétron é impedido pelas colisões contínuas com a rede de estruturas cristalinas termicamente excitadas e uma velocidade média constante é logo atingida. Esta 6 Física III – Roteiro do Experimento I – Eletrostática e Eletrodinâmica - Prof.: Dr. Cláudio S. Sartori velocidade v, é denominada velocidade de deriva (do inglês, drift) e é linearmente relacionada com a intensidade de campo elétrico pela mobilidade do elétron em um dado material. Designamos mobilidade pelo símbolo , tal que: vd e E onde e é a mobilidade de um elétron e positiva por definição. Note que a velocidade do elétron está em uma direção oposta à direção de E. A equação anterior também mostra que a mobilidade é medida em unidades de metros quadrados por segundo por volt; os valores típicos são 0,0012 para o alumínio, 0,0032 para o cobre e 0,0056 para a prata. Para estes bons condutores, uma velocidade de deriva de poucas polegadas por segundo é suficiente para produzir um aumento de temperatura apreciável e pode causar o derretimento do fio se o calor não for rapidamente removido por condução térmica ou radiação. Podemos obter a relação J e e E onde e é a densidade de carga do elétron livre, um valor negativo. A densidade de carga total v, é zero, pois quantidades iguais de cargas positivas e negativas estão presentes no material neutro. O valor negativo de e, e o sinal de menos levam a uma densidade de corrente J que está na mesma direção da intensidade de campo elétrico E. Contudo, a relação entre J e E para um condutor metálico é também especificada pela condutividade (sigma), onde é medido em siemens por metro (S/m). J E Um siemens (l S) é a unidade básica de condutância no SI e é definido como um ampére por volt. Antigamente, a unidade de condutância era chamada mho e simbolizada por um invertido. Assim como o siemens reverencia os irmãos Siemens&, a unidade inversa de resistência, que chamamos de ohm (l Ohm é um volt por ampere), reverencia Georg Simon Ohm, o físico alemão que primeiro descreveu a relação tensão-corrente implícita. Chamamos esta equação deforma pontual da lei de Ohm; em breve veremos uma forma mais comum da lei de Ohm. Primeiramente, contudo, é interessante observar a condutividade de diversos condutores metálicos; os valores típicos (em siemens por metro) são 3,82.107 para o alumínio, 5,80.107 para o cobre e 6,17 107 para a prata. Dados de outros condutores podem ser encontrados no Apêndice C. Ao observarmos valores como estes, é apenas natural considerarmos que estamos sendo apresentados a valores constantes; isto é essencialmente verdade. & Este é o nome de família de dois irmãos alemães, KarI Wilhelm e Wemer von Siemens, famosos inventores do século XIX. Kari se tomou cidadão britânico e foi nomeado cavaleiro, tomando-se Sir William Siemens. Os condutores metálicos obedecem à lei de Ohm muito fielmente, e esta é uma relação linear; a condutividade é constante sobre largas faixas de densidade de corrente e intensidade de campo elétrico. A lei de Ohm e os condutores metálicos são também descritos como isotrópicos, ou tendo as mesmas propriedades em todas as direções. Um material não isotrópico é chamado anisotrópico. Mencionaremos tal material dentro de poucas páginas. Entretanto, a condutividade é uma função da temperatura. A resistividade, que é o inverso da condutividade: 7 1 Re sistividade varia quase linearmente com a temperatura na região da temperatura ambiente, e para o alumínio, o cobre e a prata ela aumenta cerca de 0,4 por cento para um aumento de l K na temperatura. Para diversos metais, a resistividade cai abruptamente a zero na temperatura de poucos Kelvin; esta propriedade é denominada supercondutividade. O cobre e a prata não são supercondutores, embora o alumínio o seja (para temperaturas abaixo de 1,14 K). Se agora combinarmos (7) e (8), a condutividade podem ser expressa em termos da densidade de carga e da mobilidade do elétron por: e e Pela definição de mobilidade, é agora interessante notar que uma temperatura mais elevada implica uma maior vibração da rede cristalina, maior impedimento de progresso dos elétrons para uma dada intensidade do campo elétrico, menor velocidade de deriva, menor mobilidade, menor condutividade, maior resistividade. Supondo uniformidade no campo, podemos escrever: Figura 4 – Uniformidade de E e J num condutor. Física III – Roteiro do Experimento I – Eletrostática e Eletrodinâmica - Prof.: Dr. Cláudio S. Sartori a Va b E dl E b a dl Tabela II – Condutividade para uma série de condutores metálicos. E lb a b E lab Vab Va b El J dS JS I S Como I I Vab E S S l l Vab . Chamamos de resistência R: S I l R S l R R S J – Permissividade relativa e constante dielétrica para alguns materiais. Material água (deionizada) água (destilada ) Água (do mar) Âmbar Álcool etílico Ar Baquelita Borracha NaCl CO2 TiO2 Esteatite Ferrita (NiZn) Gelo Ge Madeira (Seca) Mica Náylon Neopreno Neve Óxido de Alumínio Papel Piranol Plexiglas Poliestireno Polietileno Polipropileno Porcelana Quartzo SiO2 Si Styrofoam Teflon Terra TiBa Vidro Pyrex R 1 80 2,7 25 1,0005 4,74 2,5 – 3 5,9 1,001 100 5,8 12,4 4,2 16 1,5 – 4 5,4 3,5 6,6 3,3 8,8 3 4,4 3,45 2,56 2,26 2,25 6 3,8 3,8 11,8 1,03 2,1 2,8 1200 4-7 4 ’’/’ 0 0,04 4 0,002 0,1 0,022 0,002 0,0001 0,0015 0,003 0,00025 0,05 0,01 0,0006 0,02 0,011 0,5 0,0006 0,008 0,0005 0,03 0,00005 0,0002 0,0003 0,014 0,00075 0,00075 0,0001 0,0003 0,05 0,013 0,002 0,0006 Material Ag Cu Au Al W Zi Latão Ni Fe Bronze Solda Aço carbono Prata Germânica Mn Constantan Ge Aço sem estanho Nicromo (S/m) 6,17.107 5,80.107 4,10.107 3,82.107 1,82.107 1,67.107 1,5.107 1,45.107 1,03.107 1.107 0,7.107 0,6.107 0,3.107 0,227.107 0,226.107 0,22.107 0,11.107 0,1.107 Material Grafite Si Ferrita H2O (mar) Calcário Argila H2O H2O(dest.) Terra (areia) Granito Mármore Baquelita Porcelana Diamante Poliestireno Quartzo (S/m) 7.104 2300 100 5 10-2 5.10-3 10-3 10-4 10-5 10-6 10-8 10-9 10-10 2.10-13 10-16 10-17 Resistência Elétrica: Se aplicarmos a mesma diferença de potencial em extremidades de um pedaço de cobre e em vidro, verificamos diferentes correntes. Essa característica do condutor é denominada de resistência elétrica. Determinamos a resistência elétrica de um condutor entre dois pontos aplicando uma diferença de potencial V entre esses pontos e medimos a corrente i resultante. A resistência R é dada por: R V I A unidade SI de resistência elétrica é dada pelo Volt por Ampére, denominada Ohm ( ). 1V . 1 1A Um condutor cuja função em um circuito é fornecer certa resistência à passagem de corrente é denominado de resistor. Representamos um resistor em um diagrama pelo símbolo . Definimos a resistividade de um condutor como a razão entre o campo elétrico aplicado ao condutor e a densidade de corrente J: E J A unidade de resistividade no SI é o volt por metro (V/m) e também o Ohm vezes metro ( .m). Propriedades físicas de alguns materiais variam com a temperatura, e a resistividade também se comporta dessa maneira. Para o cobre e alguns metais em geral, a resistividade possui o seguinte comportamento com a temperatura: 0 0 ( T T0 ) Aqui, T0 é uma temperatura de referência, em geral é escolhida T0= 293K, é o chamado coeficiente de resistividade. A tabela abaixo ilustra alguns valores de resistividade a temperatura ambiente (20 C) para alguns materiais. Podemos escrever também a relação: E .J 8 Física III – Roteiro do Experimento I – Eletrostática e Eletrodinâmica - Prof.: Dr. Cláudio S. Sartori para um material dito isotrópico, ou seja, que não varia suas propriedades elétricas com as diversas direções. Se nós conhecemos a resistividade de uma substância, podemos encontrar sua resistência. Seja A área da seção reta de um condutor e L seu comprimento. Podemos encontrar as seguintes relações entre o campo elétrico e a densidade de corrente neste condutor: E V ;J L i A E J V L i A Lembrando que V/I é a resistência do material, teremos: R L A Vemos que a resistência em um condutor é inversamente proporcional à sua área de seção reta e diretamente proporcional à resistividade e ao seu comprimento. Tabela IV – Resistividade de alguns materiais. Material Resistividade R( .m). Metais Típicos ( K 1) Cobre 1, 69.10 8 4 , 3.10 3 Alumínio 2, 75.10 8 4, 4.10 3 Tungstênio 5, 25.10 8 9 , 68.10 8 4 , 5.10 3 Platina 10, 6.10 8 Semicondutores típicos 3, 9.10 3 Silício puro 2, 5.103 7010 . 3 Silício tipo p 8, 7.10 4 Silício tipo n 2 , 8.10 3 Isolantes Típicos 1010 1014 1016 Ferro Vidro Quartzo 6, 5.10 3 Comportamento da resistência elétrica em função da temperatura para alguns materiais supercondutores. Material Resistividade (Ω.m) Silver Cobre Ouro Alumínio Tungstênio Ferro Platina Lead Nichrome Carbono Germânio Silício Vidro Quartzo 1.59.10-8 1.7.10-8 2.44.10-8 2.82.10-8 5.6.10-8 10.10-8 11.10-8 22.10-8 1.5.10-6 3.5.10-5 0.46.10-5 640.10-5 1010 a 1014 75.1016 Coeficiente de temperatura α(°C-1) 3.8.10-3 3.9.10-3 3.4.10-3 3.9.10-3 4.5.10-3 5.0.10-3 3.92.10-3 3.9.10-3 0.4.10-3 -0.5.10-3 -48.10-3 -75.10-3 Observação: A resistividade de alguns materiais varia com a temperatura da forma: (T ) 0 1 (T T0 ) 9 Física III – Roteiro do Experimento I – Eletrostática e Eletrodinâmica - Prof.: Dr. Cláudio S. Sartori A Lei de Ohm: Dissemos que um resistor é um condutor com uma específica resistência. Isto significa que ele tem a mesma resistência se a magnitude e direção (polaridade) de uma diferença de potencial aplicada forem mudadas. Alguns resistores dependem dessa diferença de potencial aplicada. Quando um resistor não depende da ddp aplicada em seus terminais e o comportamento gráfico de V em função da corrente for uma reta, como mostra a figura abaixo, dizemos que ele obedece à Lei de Ohm. V R I Observe que quanto maior a inclinação da reta, tanto maior a resistência elétrica, pois R = tg . Figura 5 –Comportamento Ôhmico (a) e resistência em um condutor (b). direção oposta à do campo elétrico aplicado, com uma velocidade de correnteza vd . O movimento dos elétrons é uma combinação entre as colisões com os átomos no metal e à aceleração devido ao campo elétrico E. Quando consideramos os elétrons livres, a única contribuição para a velocidade de correnteza é devido ao campo elétrico aplicado no metal. Chamando de m a massa do elétron colocado em um campo elétrico E, de acordo com a segunda lei de Newton, ele terá aceleração dada por: a=F/m=eE/m . Chamando o tempo entre duas colisões sucessivas de o elétron possuirá uma velocidade de correnteza dada por: eE vd a 10 m Combinando com a densidade de corrente, teremos: vd J ne eE m E equação m e2 n para a J Comparando com E= . J, teremos: m e2n Observe que a resistividade em um metal não depende do campo elétrico aplicado, obedecendo à Lei de Ohm. Exemplo 1 - Determine o tempo t entre as colisões de um elétron e os átomos de cobre em um fio de cobre. Temos que: m e2 n Tomando o valor de da tabela teremos: 9,110 . 31kg 28 3 (8,47.10 m )(1,610 . 19 C)2 (1,69.10 8 .m) Um dispositivo condutor obedece à Lei de Ohm quando sua resistência é independente da magnitude e polaridade do potencial elétrico aplicado. Um material condutor obedece à Lei de Ohm quando sua resistividade é independente da magnitude e direção do campo elétrico aplicado. O modelo utilizado para analisar o processo de condução nos materiais condutores é o modelo do elétron livre, no qual elétrons de condução são livres para se mover no volume do material condutor. Assume-se que durante esse movimento, os elétrons não se colidem com os outros elétrons, mas só entre os átomos do metal condutor.Os elétrons, de acordo com a física clássica, possuem uma distribuição Maxwelliana de velocidades, como as moléculas em um gás. Nessa distribuição, a velocidade média do elétrons é proporcional à raiz quadrada da temperatura absoluta . O movimento dos elétrons é regido pelas leis da física clássica, e não pelas leis da física quântica, cujo modelo é o mais adequado atualmente. Quando aplicamos um campo elétrico em um metal, os elétrons modificam seu movimento randômico e iniciam um movimento ordenado na 2, 5.10 14 s Exemplo 2 - Determine o caminho livre médio l do elétron entre duas colisões. Sabemos vd que (1, 6.106 m s )( 2 , 5.10 14 s) : 40nm Energia e Potência em circuitos elétricos: Na figura abaixo ilustramos um dispositivo qualquer (resistor, capacitor, etc.) conectado a uma bateria que mantém uma ddp V em seus terminais, causando um maior potencial no terminal a e um menor no terminal b. Figura 6 –Circuito envolvendo resistor. Física III – Roteiro do Experimento I – Eletrostática e Eletrodinâmica - Prof.: Dr. Cláudio S. Sartori Mantida a ddp nos terminais da bateria, haverá um fluxo de corrente i no circuito e entre os terminais a e b. Uma quantidade de carga dq se moverá de a para b, sob uma ddp V. A energia potencial decresce de uma quantidade: (de a para b V diminui): dU dq.V iVdt Como definimos potência por: P dU i i1 i2 i3 (Lei dos nós). dt Então: P V .i O princípio da conservação da energia nos diz que o decréscimo de energia potencial é acompanhado pela transferência de energia em alguma outra forma. Essa é a potência associada a essa transferência. Podemos ainda encontrar as seguintes relações: P R.i 2 V2 R Em um resistor, a passagem dos elétrons se dá a velocidade de correnteza constante, mantendo sua energia cinética média constante, aparecendo uma perda de energia potencial elétrica como energia térmica. Em escala microscópica há uma transferência de energia devido a colisões entre os elétrons e os átomos que formam a estrutura do resistor, aumentando sua temperatura. A energia mecânica transferida na forma de energia térmica é dita dissipada. Associação de Resistores: Podemos associar resistores de duas maneiras: em série e em paralelo. Em cada associação, podemos encontrar a resistência equivalente da associação, como ilustramos na figura a seguir. (a) Associação em série: Nesta associação, a corrente que atravessa cada resistor é a mesma, e a ddp em cada resistor, quando somadas, dá a ddp total V sobre a resistencia equivalente Req. V V1 V2 V3 n Req R1 R2 R3 Req Rj j 1 Em ambos os casos temos: V i . Req (b) Associação em paralelo: Nesse tipo de associação, a ddp em cada resistor se mantém constante, pois todo está conectado no mesmo fio. As correntes somadas darão a corrente total i e a resistência equivalente Req encontramos através de: 1 Re q 1 R1 V 1 R2 R1i1 1 R3 R2i2 11 1 Re q n j 1 R3i3 1 Rj Instalação elétrica típica em uma residência: Física III – Roteiro do Experimento I – Eletrostática e Eletrodinâmica - Prof.: Dr. Cláudio S. Sartori Potenciômetros: As resistências variáveis são denominadas de potenciômetros ou reostatos. A seguir ilustramos alguns tipos encontrados: Figura 7 –Potenciômetros. 12 Código de cores em resistências: Preto Marron Vermelho Laranja Amarelo Verde Azul Violeta Cinza Branco Ouro Silver Multiplica dor Número Cor Tolerância Física III – Roteiro do Experimento I – Eletrostática e Eletrodinâmica - Prof.: Dr. Cláudio S. Sartori 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 101 102 103 104 105 106 107 108 109 10-1 10-2 13 5% 10% Leis de Kirchhoff a Vi Lei das Malhas: 0 i a n1 n2 i jchegam Lei dos Nós: j 1 Amperímetro e Voltímetro i jsaem j 1 Física III – Roteiro do Experimento I – Eletrostática e Eletrodinâmica - Prof.: Dr. Cláudio S. Sartori Tabela experimental Material Utilizado ( .m) ( ) L (m) ( .m) A (m2) R ( ) L (m) ( .m) D (mm) A (m2) R ( ) L (m) ( .m) D (mm) A (m2) R ( ) L (m) ( .m) D (mm) A (m2) D (mm) R ( ) Material: A (m2) R 14 Material: fio fio Material: 1. Montar o aparato. 2. Verifique as ligações e para cada par de conexões e cada fio, medir a resistência elétrica. 3. Complete a tabela. A área é dada por: D2 A r2 4 A resistividade é dada pela Lei de Ohm: l R A R A l L (m) D (mm) fio Material: Procedimento Experimental fio fio Material: Painel de fios. Física III – Roteiro do Experimento I – Eletrostática e Eletrodinâmica - Prof.: Dr. Cláudio S. Sartori Análise dos dados Experimentais obtidos N i i 1 N o Desvio padrão populacional da resistividade: fio 2 N fio x = L/A (m-1) i da m m m fio Apresentação Material N o Apresentação do resultado: m Identifique com resultados da tabela II e da literatura. Construa um gráfico de R versus l/A e faça a regressão linear para obter o valor da resistividade para cada material e compare com a apresentação do resultado obtida anteriormente. l R y B x A A l x y R A A: Coeficiente linear. B: Coeficiente angular. L/A (m-1) R =B ( .m) A A ( ) Material: média A L/A (m-1) R ( ) =B ( .m) L/A (m-1) R ( ) =B ( .m) A L/A (m-1) R ( ) =B ( .m) A Material: à =B ( .m) fio Material: o Erro associado resistividade: N fio Material: i 1 y=R ( ) Material: Complete a tabela, usando o modo estatístico da calculadora e obtendo: o Média da resistividade: 15 Física III – Roteiro do Experimento I – Eletrostática e Eletrodinâmica - Prof.: Dr. Cláudio S. Sartori Conclusões 16