INTRODUÇÃO O Estado de Mato Grosso do Sul está localizado no sul da região Centro Oeste do Brasil e tem como limites Goiás ao nordeste, Minas Gerais ao leste, Mato Grosso ao norte, Paraná ao sul, São Paulo ao sudeste, Paraguai ao oeste e sul e a Bolívia ao noroeste. Ocupa uma superfície de 358.159 km², participando com 22,2% da superfície da região Centro-Oeste e 4,2% da área territorial brasileira (de 8.514.876,6 km²). Possui ainda 78 municípios, 165 distritos, quatro mesorregiões geográficas e onze microrregiões geográficas. O Estado é composto basicamente por tres biomas: Bioma Mata Atlântica As formações vegetais e ecossistemas associados à Mata Atlântica cobriam originalmente uma área superior a 1.360.000 km2, que correspondia a cerca de 16% do território brasileiro, distribuída integral ou parcialmente por 17 estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Alagoas, Sergipe, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí. O processo de ocupação do Brasil levou este Bioma a uma drástica redução de sua cobertura vegetal original, hoje, disposta esparsamente ao longo da costa brasileira e no interior das regiões Sul e Sudeste, além de importantes fragmentos no Sul dos estados de Goiás e Mato Grosso do Sul e no interior dos estados do Nordeste. Bioma Cerrado Localizado basicamente no Planalto Central do Brasil e uma pequena porção representada no Sul do Brasil, estado do Paraná, município de Jaguariaíva. O cerrado é o segundo maior bioma do País, superado apenas pela Floresta Amazônica. O bioma é caracterizado por tipos específicos de vegetação. É cortado por três das maiores bacias hidrográficas da América do Sul, com índices pluviométricos regulares que lhe propiciam biodiversidade. Ocupa uma área superior a 2 milhões de km², cerca de 23% do território brasileiro, abrangendo os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Piauí, o Distrito Federal, Tocantins e parte dos estados da Bahia, Ceará, Maranhão, São Paulo, Paraná e Rondônia. Ocorre também em outras áreas e, nos estados de Roraima, Pará, Amapá e Amazonas. Bioma Pantanal Ocupa grande parte do centro oeste brasileiro e se estende pela Argentina, Bolívia Paraguai, onde recebe outras denominações. Dificilmente pode ser estabelecido um cálculo exato de suas dimensões, sabendo-se, porém, que a porção brasileira, localizada em partes dos Estados do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul, está estimada em cerca de 150.000 Km². Situado no centro do Continente Sul-Americano, o Pantanal é circundado, do lado brasileiro (Norte, Leste e Sudeste), por terrenos de altitude entre 600-700 metros, entre os paralelos de 150 a 220º de latitude sul e os meridianos de 550 e 580º de longitude oeste. Estende-se a oeste até os contrafortes da Cordilheira dos Andes e se prolonga ao sul pelas planícies pampianas centrais. Todo bioma tem a sua característica própria, ou seja, é composto pelo seu ecossistema. E o conjunto de uma série de ecossistemas é chamado de teia alimentar, neste caso várias teias se entrelaçam fazendo com que as relações ecológicas sejam múltiplas e o alimento disponível possa ser utilizado por vários indivíduos. Sendo que cada ecossistema tem a sua biodiversidade própria. A biodiversidade é o termo utilizado para definir a variabilidade de organismos vivos, flora, fauna, fungos macroscópicos e microorganismos, abrangendo a diversidade de genes e de populações de uma espécie, a diversidade de espécies, a diversidade de interações entre espécies e a diversidade de ecossistemas. A Biodiversidade é uma das propriedades fundamentais da natureza, responsável pelo equilíbrio e estabilidade dos ecossistemas. As funções ecológicas desempenhadas pela biodiversidade são ainda pouco compreendidas, muito embora se considere que ela seja responsável pelos processos naturais e produtos fornecidos pelos ecossistemas e espécies que sustentam outras formas de vida e modificam a biosfera, tornando-a apropriada e segura para a vida. A diversidade biológica possui, além de seu valor intrínseco, valor ecológico, genético, social, econômico, científico, educacional, cultural, recreativo e estético. Com tamanha importância, é preciso evitar a perda da biodiversidade e cada vez mais preservá-la. Os fatores que ameaçam a biodiversidade são a caça predatória e ilegal, a derrubada de florestas, as queimadas, a destruição dos ecossistemas para loteamento e a poluição de rios, o desmatamento, desertificação e a extinção de espécies biológicas (fauna e flora). A fauna silvestre como vetor da biodiversidade é a relação entre animais e vegetais em florestas tropicais e subtropicais nativas e tem sido documentada por diversos autores. Para Jacobs (1987, p. 140-143), a complexidade das florestas tropicais deve-se à rica diversidade de plantas e animais e às redes que constituem a cadeia alimentar. Segundo Redford et al. (1995, p.15) muito embora diversos ecólogos tenham documentado percepções acerca do papel representado pelos grandes animais na dispersão de sementes, na herbivoria, na polinização e na predação, até recentemente poucos estudiosos se preocuparam com o que aconteceria à cobertura florestal se os animas fossem removidos do ecossistema: aqueles autores afirmam que, nessa hipótese, a conseqüência seria uma “floresta modificada”. 1/ Em seu estudo denominado “a floresta vazia” Redford (1992) descreveu o fato com a denominação “ecologia da exploração” (devido às conseqüências da caça excessiva) indicando a ocorrência de grandes alterações tanto na estrutura como na composição das florestas, no longo prazo. Isto certamente tem efeitos perniciosos sobre o equilíbrio ou estabilidade de um ecossistema assim como sobre as expectativas que se possa ter em relação à sua sustentabilidade. Para a finalidade do presente trabalho é fundamental reconhecer, também, que a presença da fauna silvestre, nos ambientes florestais, dentro de sua área de ocorrência natural e em densidades “normais”, constitui elemento indicador da saúde dos ecossistemas, de seu equilíbrio e de sua completude. Há que se entender igualmente que todas as espécies animais desempenham funções essenciais tanto para a existência como para a renovação dos ecossistemas. A Constituição Federal de 1988 (CF) alterou o tratamento a ser conferido à propriedade. Em seu Art. 5°, XXII, na CF prevê que “é garantido o direito de propriedade”, e no inciso XXIII, do mesmo artigo, determina-se que “a propriedade atenderá a sua função social.” O conteúdo da função social da propriedade imóvel rural ou agrária é determinado no Art. 186 que em seu inciso II impõe “a utilização adequada dos recursos naturais e preservação do meio ambiente”, o que por óbvio requer seja também observado o conteúdo normativo tanto do Código de Proteção à Fauna como do Código Florestal. Em seu Art. 225 a CF, determina também, o que segue: “Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo, e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para os presentes e futuras gerações.” §1° - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I – preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo das espécies e ecossistemas; VII – proteger a fauna e a flora, vedadas na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade; 2/ Implícito ao enunciado do caput do Art. 225 está o conceito de Desenvolvimento Sustentável posto que até mesmo as futuras gerações, sequer nascidas, já têm direito a “um meio ambiente ecologicamente equilibrado”. Os incisos informam sobre a tutela dos processos ecológicos essenciais, da fauna, da flora e de suas funções ambientais. O Código de Proteção da Fauna (Lei n° 5.197, de 03/01/67), também denominado freqüentemente (e de forma equivocada) Código de Caça, dispõe sobre a proteção jurídica da fauna silvestre brasileira. Em seu Art. 1°, aquela Lei determina a forma genérica da tutela da fauna silvestre segundo os seguintes termos: Art. 1° Os animais de quaisquer espécies, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que vivem naturalmente fora do cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bem como seus ninhos, abrigos e criadouros naturais, são propriedade do Estado, sendo proibida a sua utilização, destruição, caça ou apanha. Objetivos Objetivo Geral O presente trabalho tem como objetivo realizar uma campanha de educação ambiental, em áreas de ocorrência do Tapirus terrestris (Anta), visando diminuir, principalmente, a pressão da caça sobre a anta e melhorar a imagem da espécie. META 1 Criação de Grupos de Gestores no Trabalho de Educação para Conservação e Preservação da Anta Brasileira no Estado do Mato Grosso do Sul. Etapa 1 Curso de Capacitação de Educadores em Escolas Municipais Rurais Meta 2 Capacitação para Professores de Universidades e Centros de Educação de Ensino Superior nos municípios do Estado do Mato Grosso do Sul. Objetivos Específicos Identificar os atores e suas razões para colocar em prática as ações que estão prejudicando a conservação da Anta Brasileira (falta de informações, pobreza, conflitos e cultura). Promover palestras que influenciem esses atores Desenvolver um programa de avaliação antes, durante e depois para os resultados do programa de educação (questionários), com critérios bem definidos. Identificar a população de Anta Brasileira. Estabelecer um calendário de atividades, com prazos para cada ação. Identificar veículos de influência. Modelos de propostas para inclusão curricular. Inclusão do tema “Educação Ambiental e conservação da Fauna e Flora”. Trabalhar com diferentes faixas etárias. Promover palestras com convidados por região (p. ex. pesquisadores). Recomendações para o treinamento e uso de animais embaixadores em escolas, modelos de souvenires de antas para uso em escolas e visitas. Identificar quais são os comportamentos humanos que atualmente são incompatíveis com a conservação da Anta Brasileira. Identificar quais são as falhas de comunicação que têm impedido a efetiva conservação da Anta Brasileira. Modificar a imagem errada da espécie. Direto com comunidades locais desenvolver métodos de educação e política para múltiplos públicos estratégicos para causar uma mudança de ações que resultem em uma menor caça da Anta Brasileira. Melhorar a comunicação entre conservacionistas. Desenvolver métodos de educação e política para múltiplos públicos estratégicos para causar uma mudança de ações que resultem numa menor perda de habitat por programas governamentais e empresas extrativistas. Desenvolver métodos de educação e política para múltiplos públicos estratégicos para causar uma mudança de ações que resultem numa menor perda de habitat por comunidades locais. Justificativa A Anta Brasileira, Anta Sul-Americana ou Anta de Terras Baixas (Tapirus terrestris) é um mamífero da Família Tapiridae, Ordem Perissodactyla, o qual se encontra atualmente listado pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN International Union for the Conservation of Nature) como “Vulnerável à Extinção” nas categorias A1cd+2c+3c (IUCN/SSC Red List Assessment 2007). No Brasil, apesar de não constar da lista nacional de espécies ameaçadas de extinção (IN do MMA Ministério do Meio Ambiente 03, 2003), a Anta Brasileira é reportada em seis das sete listas Estaduais. Apenas no Estado do Pará não é considerada como ameaçada de extinção. Nos Estados Gerais e Rio Grande do Sul está registrada como “Criticamente Ameaçada” e nos Estados do Paraná, São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro na categoria de “Em Perigo”, sendo que no Município do Rio de Janeiro é considerada como “Extinta”. A distribuição geográfica da espécie estende-se por basicamente toda a América do Sul a leste dos Andes, desde a Venezuela até o nordeste da Argentina e Paraguai. Os países onde a espécie ocorre são Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Paraguai, Peru, Suriname e Venezuela. As outras três espécies do gênero Tapirus são a Anta (T. bairdii) que ocorre na América Central, México e da América do Sul (norte da Colômbia); a Anta da Montanha (T. pincha que) que ocorre na região andina da Colômbia, Equador e Peru; e a Anta Malaia ou Asiática T.indicus que ocorre na Indonésia, Malásia, Tailândia e Burma, no sudeste da Ásia (Brookset al. 1997; Médici et al. 2000; Médici 2001). Assim como outros ungulados, dentre eles os cervídeos e pecarídeos, a anta apresenta funções ecológicas extremamente importantes (Janzen 1981; Eisenberg 1990). A anta exerce um papel crítico na formação e manutenção da diversidade biológica, desempenhando também o papel de espécie indicadora da “saúde” dos ecossistemas tropicais onde habita (Eisenberg et al. 1990; Jones et al. 1994). A extinção local ou declínio populacional dessa espécie pode desencadear uma série de efeitos adversos no ecossistema, desestabilizando alguns processos ecológicos chave tais como a predação e a dispersão de sementes, comprometendo a integridade e biodiversidade do ecossistema em longo-prazo (Dirzo& Miranda 1991; Brooks et al. 1997; Médici & Foerster 2002). Adicionalmente, a anta é um mamífero de grande porte que apresenta um ciclo reprodutivo bastante lento (13 meses de gestação, intervalo entre concepções de cerca de). (24 meses, e nascimento de somente um filhote por gestação), o que faz com que populações reduzidas por quaisquer razões tenham poucas chances de se restabelecerem. Fatores políticos, econômicos e sociais geram necessidade de terra para ocupação humana, causando perda de habitat, degradação e aumento da atividade de caça. O antagonismo entre as políticas de desenvolvimento e o objetivo da conservação, provocado pelo determinismo de mercado, falta de governabilidade aliado a não valorização dos serviços e bens ambientais, ocasiona falta de controle e aplicação da legislação e falta de planejamentos conservacionistas. Isso repercute nos processos de ocupação humana, desenvolvimento agropecuário de larga escala, empreendimentos e extrativismo, o que em conseqüência, diminui a viabilidade populacional da Anta Brasileira. Área de aplicação do Projeto Este projeto será realizado em todo o Estado do Mato Grosso do Sul. A fase inicial será em 40 municípios. A escolha destes municípios, nesta fase inicial, ocorreu devido ao resultado de uma pesquisa junto a órgãos do meio ambiente, como por ex. Policia Militar Ambiental. Etapa 1 Publico alvo Alunos da rede municipal e estadual rural de ensino fundamental, médio, Jovens e Adultos. Métodos 1ª Fase Deslocamento até os municípios que irão participar do projeto, onde serão realizadas reuniões com prefeitos e secretários municipais de ensino, para apresentação do projeto e agendamento de reunião com educadores e formatação de um termo de cooperação, entre a Fundapam e os municípios. 2ª Fase Deslocamento até os municípios participantes do projeto para treinamento dos educadores, e entrega do material pedagógico – Cartilha sobre a Anta e questionário. 3ª Fase Deslocamento até os municípios participantes do projeto para recolhimento do material pedagógico – questionário respondido pelos alunos – e reunião com os educadores. Etapa 2 Publico Alvo Professores de Universidades e Centros de Ensino Superior, onde estará sendo desenvolvido o projeto. Fase 1 Deslocamento até os municípios, para reuniões e agendamento dos cursos com reitores de Universidades e Diretores de Centros de Ensino. Fase 2 Deslocamento até os municípios para aplicação da Capacitação para os professores de ensino superior. Fase 3 Deslocamento até os municípios para recolhimento de trabalhos realizados pelos professores que receberão a capacitação. Cronograma de Execução A execução do projeto será durante o período que compreende entre Janeiro de 2012 a Outubro de 2012.