AVALIAÇÃO DO PAPEL DOS MÚSCULOS GLÚTEO MÁXIMO E RETO ABDOMINAL NA FUNÇÃO ESTABILIZADORA DE TRONCO E QUADRIL EM DIFERENTES EXERCÍCIOS EM QUADRUPEDIA DO MÉTODO PILATES Mariana F Cagliari1, Bergson W C Queiroz ,Ana Paula Ribeiro, Isabel C N Sacco Dept. Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional – FMUSP 1Bolsista FAPESP 2008/03578-5 Objetivos A estabilização da coluna depende do trabalho coordenado de diversos músculos do tronco [1]. A fraqueza do glúteo máximo também tem sido associada com disfunções lombares [2]. O Método Pilates contém diversos exercícios de estabilização, entre eles os “knee stretch” realizados em quadrupedia no “reformer” que promove resistência por meio de molas. Eles são clinicamente recomendados [3], pois ao desafiar o controle do tronco e da pelve permitem o treinamento dos músculos do tronco e também do glúteo máximo [2]. O objetivo deste trabalho foi avaliar e comparar os padrões eletromiográficos de glúteo máximo (GM) e reto abdominal (RA) em 4 variações dos “knee stretch”. Material e Métodos 19 sujeitos saudáveis [31±5anos; 60±11kg; 166±9cm], praticantes de Pilates participaram do estudo. O sinal EMG do GM e RA foi retificado, normalizado pela contração voluntária máxima, e o RMS foi calculado para as fases de extensão e flexão de quadril, durante 4 variações do “knee strech”: pelve em retroversão e tronco em flexão (PRF); pelve em anteversão e tronco em extensão (PAE); pelve neutra e tronco inclinado em relação ao solo (PNI) e pelve neutra e tronco paralelo ao solo (PNP). Os exercícios foram comparados por meio de ANOVAs 2-fatores para medidas repetidas (2 X 4), seguidas de post-hoc de Tukey (α=0,05). Resultados Tabela 1 – Média (desvio padrão) do valor RMS em %CVM RMS Fase F p PRF PAE PNI PNP (% CVM) Extensão 40,89 17,8 17,59 13,62 (26,5) (10,98) (14,25) (11,49) GM 21,8 0,001 Flexão 28,33 11,05 10,74 7,93 (18,83) (9,74) (8,76) (7,66) Extensão 10,4 7,89 8,94 6,95 (9,21) (4,46) (7,91) (4,33) 3,9 0,013 RA Flexão 11,25 7,39 6,82 5,82 (10,0) (7,13) (6,15) (4,27) No exercício PRF, em comparação com os demais, houve atividade significativamente maior de GM nas fases de extensão e flexão de quadril e de RA na fase de flexão de quadril (p<0,05). No PRF, houve atividade significantemente maior de RA na fase de extensão de quadril apenas em relação ao PAE e PNP (p<0,05). Discussão e Conclusões Os exercícios na posição de pelve neutra e antevertida não provocaram alteração da ativação de GM e RA. Somente a posição em retroversão (PRF) promoveu aumento da atividade tanto de GM como de RA. Contudo, nesta variação do “knee strech” ocorre um movimento de flexão cíclica da região lombar. Pesquisas vêm indicando que movimentos repetitivos de flexão lombar podem levar a processos de herniação [4] que portanto, pode contra-indicar o PRF para processos de reabilitação. Para se atingir o efeito de treinamento, a literatura vem fornecendo a referência de intensidades de EMG acima de 60% da CVM [5], o que não foi atingido por nenhum músculo estudado em nenhuma das variações do exercício. No entanto, os “knee strech” são compostos por movimentos que desafiam os músculos estabilizadores a manter a postura de tronco e da pelve durante movimentos cíclicos do quadril em extensão e flexão [3]. Desta forma, pode-se propor os exercícios PNI e PNP, por serem em pelve neutra e provocarem menor tensão sobre ligamentos, processos articulares e discos intervertebrais, para estabilização e dissociação de cinturas pélvica e lombar, e também mobilização do quadril no início do processo de reabilitação. Já o exercício PAE, pode ser indicado em fases mais avançadas, como desafio maior ao controle motor. Para obter efeito de treinamento, sugerimos mais pesquisas que verifiquem se com o aumento da resistência pelo acréscimo de molas é possível condicionar estes músculos especificamente ou mesmo pela utilização de outros exercícios do Método Pilates. Referências Bibliográficas [1] Kavcic N, Grenier S, McGill SM. Spine. 2004 15; 29(20):2319-29. [2] Rydeard R, Leger A, Smith D. J Orthop Sports Phys Ther. 2006;36:472-84. [3]Anderson B, editor. Polestar Pilates advanced spine. Salvador : Polestar Education; 2004 [4]Callaghan JP, McGill SM. Clin Biomech. 2001;16;28-37 [5] Vezina MJ, Hubley-Kozey CL. Arch Phys Med Rehabil. 2000;81(10):1370-9