Disseminação da ortézia em pomares e hortos comerciais

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Foto: Silvio Ávila - Editora Gazeta Santa Cruz
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Romulo da Silva Carvalho*
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açúcares e ácidos resultando nos
chamados “frutos aguados”. De uma
forma geral, em altas densidades
populacionais pode levar a morte
da planta.
Tem sido constatado o surgimento
de focos da ortézia em diversos
pólos de fruticultura e floricultura.
No entanto, apesar do avanço
tecnológico do agronegócio no
Estado da Bahia e em outros da região
Nordeste, é fato que pequenos e
médios produtores detêm a maioria
das áreas plantadas e que, grande
parte destes, desconhecem ou
não utilizam técnicas de controle
integrado de pragas. Um outro
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A
cochonilha Orthezia praelonga
(Douglas, 1891) (Hemiptera:
Sternorryncha: Ortheziidae)
vem se constituindo numa ameaça
para pomares e hortos comerciais.
O grande número de plantas hospedeiras associados e a sua alta
capacidade reprodutiva tem permitido rápidas infestações onde não
é feito um controle adequado.
A importância de O. praelonga vem
aumentando pois, sendo um insetopraga que suga a seiva de seus
hospedeiros e causa prejuízos à
produção provocando murcha,
queda de folhas e frutos. Em citros,
por exemplo, diminui o teor de
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Disseminação da
ortézia em pomares
e hortos comerciais
agravante que também contribui
para a disseminação da praga é
a ausência de registro de produtos
comerciais específicos para a
maioria das fruteiras e plantas
ornamentais.
Esta cochonilha tem como
hospedeiros plantas cultivadas,
ornamentais e silvestres. A flo ricultura é afetada diretamente pelos
danos da ortézia, pois muitas são
hospedeiras da praga. Nesse
segmento do agronegócio o controle
de pragas é fundamental, pois lotes
que apresentam danos causados
por insetos perdem o seu valor no
momento da comercialização.
*Eng. Agrônomo, D.Sc., Pesquisador Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, Cruz das Almas, BA; e-mail: [email protected]
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Bahia Agríc., v.7, n.2, abr. 2006
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Foto: : Nilton Sanches
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Figura 1 - Famílias de frutíferas hospedeiras de Orthezia praelonga. Adaptado de
Garcia (2004)
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Das 52 famílias hospedeiras de O.
praelonga, 80,8 % são espécies de
plantas ornamentais e silvestres que
servem de fonte de disseminação da
praga entre pomares e regiões por
meio do transporte e introdução de
mudas infestadas. As famílias que
possuem maior número de espécies
hospedeiras são: Euphorbiaceae,
Malvaceae, Asteraceae e Acanthaceae.
De uma forma geral, são plantas ornamentais hospedeiras de
O. praelonga acalifa, antúrio,
bougainvillaea, croton, gardênia,
hera, hibiscos, jasmim, onze-horas,
rosa, amendoeira, cravo-do-mato,
amor-perfeito, malmequer, vedélia,
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Comunicação
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com as exigências dos mercados,
causando menores impactos negativos ao homem e meio ambiente.
Portanto, este artigo tem como
objetivo alertar e informar aos
produtores e técnicos sobre a
importância da O. praelonga nas
áreas de fruticultura e floricultura,
assim como, difundir as estratégias e
táticas que possibilitam o controle
adequado da praga em pomares e
hortos comerciais.
Descrição
da praga
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Bahia Agríc., v.7, n.2, abr. 2006
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Por conta do desconhecimento do
produtor, da falta de controle
adequado da praga, do transporte de
mudas de espécies hospedeiras
infestadas e abandono de pomares,
como é o caso de alguns pomares de
citros da região do Recôncavo
Baiano, tem sido observado o
aumento no avanço da ortézia em
pomares de citros e acerola implantados nas regiões do Recôncavo
Baiano e Vale do São Francisco,
respectivamente. Para contornar essa
situação, torna-se necessário a transferência de tecnologia e a efetiva
implementação de ações de controle
integrado que possibilitem a redução
da população da O. praelonga por
meio de estratégias e táticas que
propiciem menores custos de controle
e que estejam em conformidade
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crisântemo e sanchezia. Entre as
plantas medicinais, pata-de-vaca,
camomila, erva-doce, quebra-pedra
(GARCIA, 2004) e erva-cidreira.
As espécies de fruteiras representam 19,2 % do total de hospedeiros. Em ordem decrescente, as famílias que possuem maior número de
espéc ies hospedeiras associadas
com a ortézia são: Rutaceae,
Myrtaceae, Malpighiaceae, Moraceae,
Cucurbitaceae, Anacardiaceae,
Passifloraceae, Rosaceae, Annonaceae,
Sapotaceae e Palmae (Figura 1). São
exemplos de fruteiras hospedeiras
da ortézia as plantas cítricas (laranja
azeda, lima ácida “Tahiti”, lima,
limão cravo e tangerina), acerola,
manga, goiaba, caju, mamão, graviola, sapoti, maracujá, nêspera,
pitanga e jaca.
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Figura 2 – Dimorfismo sexual observado entre machos (A) e fêmeas (B) de Orthezia praelonga
Machos e fêmeas de O. praelonga
apresentam dimorfismo sexual
(Figura 2). Os machos nos estádios
iniciais de seu desenvolvimento são
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Bahia Agríc., v.7, n.2, abr. 2006
Foto: Nilton Sanches
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Figura 4 – Cochonilha Orthezia praelonga infestando a face inferior (abaxial) das folhas de (A) acerola e (B) citros.
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Foto: Nilton Sanches
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Figura 3 – Dano indireto causado pelo ataque de Orthezia praelonga em citros. No detalhe, a
fumagina que recobre as folhas impedindo as trocas gasosas e a fotossíntese.
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Foto: : Rogério Ritzinger
A presença de O. praelonga nos
pomares pode causar prejuízos
econômicos significativos. Em acerola, por exemplo, já foi registrada
a sua ocorrência, causando danos
em pomar comercial no litoral
sul do Estado do Rio de Janeiro
(VASCONCELOS; VIEGAS, 1995).
Esses autores constataram que os
focos da praga atingiram inicialmente
10 % das plantas do pomar e, após
dois anos, o percentual de plantas
atacadas aumentou, atingindo cerca
de 90 % das plantas do pomar.
Atualmente, essa praga vem sendo
alvo de preocupações de produtores
de acerola na região do Vale do São
Francisco e de citros nas regiões do
Recôncavo Baiano e Litoral Norte do
Estado da Bahia (Figura 4).
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A ortézia prejudica as plantas de
forma direta, pois sendo um inseto
sugador, retira a seiva de seus hospedeiros enfraquecendo-os e ocasionando a queda prematura de folhas e
frutos. Quando em altas densidades
populacionais a ortézia pode causar
a morte da planta hospedeira.
Indiretamente, a ortézia causa
prejuízos por produzir uma secreção
açucarada (“honeydew”) sobre a qual
se desenvolve um fungo (Capnodium
sp.) conhecido como “fumagina”, que
é uma película escura que cobre as
folhas, impedindo processos de troca
gasosas e a fotossíntese da planta o
que reduz, consequentemente, a
produção de frutos (Figura 3).
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Danos
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semelhantes às fêmeas, porém, na
fase adulta, estes tornam-se morfologicamente diferentes destas.
Apresentam o corpo com uma
coloração azulada e possuem na
extremidade abdominal uma longa
cauda cerosa facilmente quebradiça
e um par de asas hialinas (transparentes). As pernas são delgadas e
finas (Figura 2A). A longevidade
do macho adulto não é superior a
cinco dias. Os machos apresentam
comportamento de dirigirem-se ao
tronco e permanecerem reunidos
até transformarem-se em adultos
(CARVALHO et al., 1998). As fêmeas
são de coloração branca, corpo
ceroso e movimentos lentos. O
comprimento máximo (corpo e
ovissaco) pode variar de 2,5 até 4,5
mm, possuem antenas longas e
pernas bem destacadas. Uma camada
de cera branca que envolve o corpo
das fêmeas é secretada formando, na
parte posterior, um ovissaco achatado
em forma de canoa ou cauda longa,
onde no seu interior os ovos são
ovipositados e ficam protegidos da
ação de inimigos naturais e da ação
de contato dos agrotóxicos, o que
dificulta o controle da praga (Figura
2B). Uma fêmea de O. praelonga
chega a viver cerca de 80 dias e pode
ovipositar acima de 100 ovos por
ciclo (CARVALHO et al., 1998),
podendo gerar outras 160 fêmeas por
ano segundo Lima (1981).
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monitoramento populacional e as
ações de controle integrado devem
ser dirigidas aos focos identificados
durante as inspeções do pomar e
horto.
Monitoramento
populacional
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O controle da ortézia no campo
deverá ser conduzido de forma a
integrar as diversas técnicas de
controle disponíveis dentro do
conceito de manejo integrado de
pragas (MIP). A base para a tomada
de decisão deverá estar pautada no
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No campo
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Os viveiristas devem dispensar
toda a atenção possível com relação
a presença de pragas nas mudas em
formação. O controle da ortézia nesta
fase torna-se indispensável. No
momento da aquisição de mudas, o
produtor deverá estar atento ao seu
aspecto fitossanitário, pois elas serão
a base de formação do pomar.
Portanto, mudas sadias e isentas de
pragas são fundamentais para o
sucesso do agronegócio.
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No viveiro
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A dificuldade para controlar a
ortézia deve-se a sua capacidade
reprodutiva, facilidade de disseminação e a presença do ovissaco nas
fêmeas, cuja estrutura serosa é capaz
de proteger os ovos e as ninfas da
ação dos agrotóxicos de contato
(Figura 2B).
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Estratégias e
táticas de
controle
integrado de
O. praelonga
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Apesar de ser encontrada praticamente em todos os meses do
ano, é no período mais seco (outubro
a fevereiro) que ocorrem as maiores
infestações de O. praelonga nas
condições do Nordeste do Brasil
(SANCHES et al., 1994).
O. praelonga localiza-se na planta
hospedeira nos ramos basais e/ou
brotações internas e, sempre, na
face inferior das folhas. Tem sido
observado que ninfas que darão
origem às fêmeas localizam-se na
parte inferior das folhas e, as que
tornar-se-ão machos, localizam-se,
preferencialmente, no tronco ou
próximo ao solo, permanecendo
reunidas nesses locais até a fase
adulta quando dispersam a procura
das fêmeas para acasalamento.
No pomar a infestação da praga é
observada em focos ou reboleiras.
O grande número de plantas
hospedeiras da ortézia facilita a sua
disseminação e infestação do pomar.
Na maioria das vezes a introdução de
O. praelonga em uma propriedade
rural ocorre de forma acidental por
meio do plantio de mudas frutíferas
e/ou ornamentais infestadas e de
veículos não inspecionados e
desinfestados. A disseminação da
praga no pomar ocorre, principalmente, durante a colheita (caixaria e
outros equipamentos), por meio de
roupas dos trabalhadores, pelo
trânsito indevido de pessoas no
pomar, pelo vento e até mesmo pelo
jato do pulverizador. Portanto, para
não disseminar a ortézia é importante que se evite uso comum de
equipamentos e máquinas entre
pomares.
A ortézia também é disseminada
por algumas espécies de formigas
com as quais mantêm uma relação
simbiótica que a protege da ação
de seus inimigos naturais, como
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parasitóides e predadores, e em troca
a ortézia fornece para as formigas um
líquido açucarado que é secretado
(“honeydew”). As formigas contribuem ainda para a sua disseminação transportando-a de uma
planta para outra (CARVALHO et al.,
1998). Uma vez controlada a ortézia,
as formigas naturalmente desaparecem da planta hospedeira.
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Período
de maior
ocorrência,
localização,
distribuição e
disseminação
no pomar
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Comunicação
Para o controle racional e
eficiente de O. praelonga é necessário
o conhecimento do momento mais
adequado para iniciar as medidas
integradas de controle. É por meio do
monitoramento populacional que o
produtor identifica os focos iniciais de
infestação possibilitando um controle
eficiente da ortézia e menor custo.
Com o objetivo de identificar os focos
iniciais, o monitoramento deverá ser
realizado mensalmente inspecionando-se todo o pomar/horto visando
obter-se informações sobre o local e
o momento de iniciar as ações de
controle integrado.
Embora seja fácil a identificação
e visualização da O. praelonga em
uma planta, torna-se difícil a detecção
dos focos de infestações iniciais da
praga, caso não seja realizada uma
inspeção de varredura total. A
cochonilha ortézia suga a seiva da
planta, injeta toxinas e ainda secreta
o “honeydew” sobre o qual se
desenvolve a fumagina (Figura 2B). A
identificação dos focos de O.
praelonga deverá ser feita naquelas
plantas que apresentam a sua face
superior das folhas cobertas pela
fumagina e face inferior infestada pela
praga (Figura 4A e B). Neste sentido,
um inspetor de pragas deverá ser
treinado para tornar-se apto à
localizar a presença da ortézia. A
antecipação na detecção de focos
iniciais da praga refletirá em menores
recursos financeiros e humanos
direcionados para o controle da
praga. Uma vez feita a localização
do foco, as plantas infestadas devem
ser marcadas com fitas plásticas
coloridas para facilitar a sua localização no pomar em ações posteriores
de controle integrado da praga.
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Bahia Agríc., v.7, n.2, abr. 2006
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Foto: Gilberto Melo
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seja, antes da constatação efetiva da
praga no pomar. O controle químico
deverá ser realizado sempre com base
no monitoramento populacional e
utilizando-se produtos específicos
registrados para cada cultura e de
preferência que sejam seletivos aos
inimigos naturais. Para tal, recomenda-se consultar um Agrônomo.
O tipo de equipamento e a forma
de aplicação também p odem
influenciar na eficiência do controle
da ortézia. A alta incidência na face
interna das folhas e nas brotações
dificulta atingi-la com os agrotóxicos
de ação de contato. Com o uso de
pistolas, o jato deverá ser dirigido para
parte inferior das folhas, ramos, tronco
e plantas daninhas localizadas sob e
ao redor da copa. Quando o produtor
optar pelo turbo atomizador,
recomenda-se garantir o molhamento
interno da planta infestada. A adição
de óleo mineral ou vegetal incrementa a eficiência dos agrotóxicos
ajudando a controlar as ninfas no
interior do ovissaco.
Na escolha do produto químico
deve-se dar preferência aos inseticidas sistêmicos em pulverização ou
granulado no solo visto que a ortézia
é um inseto sugador de seiva. Em
algumas situações, reaplicações de
agrotóxicos serão necessárias para
atingir as ninfas eclodidas do ovissaco
da fêmea após uma pulverização
inicial. A aplicação deverá ser
repetida, conforme o caso, entre 15 e
25 dias após a primeira aplicação,
alternando-se o ingrediente ativo para
o controle das ninfas que emergirão
do ovissaco. O controle químico será
mais eficiente quando a aplicação do
inseticida de contato for seguida da
aplicação de um inseticida granulado
sistêmico, via solo, ao redor de toda
a copa da planta.
Visando preservar os inimigos
naturais que mantêm as populações
da ortézia naturalmente em equilíbrio,
recomenda-se evitar a aplicação de
agrotóxicos em todo o pomar. Reiterase que o tratamento químico deverá
ser realizado exclusivamente nos
focos da praga no pomar.
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Embora n ão exista registro de
produtos comerciais para o controle
de O. praelonga para a maioria das
fruteiras comerciais e plantas
ornamentais hospedeiras, quando
existir, deve-se dar preferência
àqueles produtos que sejam menos
agressivos ao homem e ao meio
ambiente.
Nos períodos de estiagem, a partir
dos meses de julho até dezembro,
nas regiões do Recôncavo Baiano e
do Litoral Norte do Estado da Bahia,
ocorre aumento da densidade
populacional da ortézia, devendo-se
nesse período concentrar o controle
dos focos.
A aplicação do controle químico,
sob condições de chuva, horários
quentes e ensolarados não é
recomendada. É ecologicamente
incorreto e tecnicamente injustificável
a realização de tratamentos com
agrotóxicos de forma preventiva, ou
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Controle
químico
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Dentre as estratégias de controle
integrado, o controle cultural possibilita a redução e até mesmo a
eliminação da ortézia quando sua
presença no pomar é constatada no
início da infestação. Entre as práticas
culturais recomenda-se: (1) capina
em torno das plantas infestadas, retirando-se todo o mato capinado, (2)
poda de ramos mais infestados e
secos e posterior queima e/ou enterrio, (3) adubação orgânica e mineral nas plantas atacadas visando
aumento da resistência ao ataque da
praga, (4) eliminação das plantas
hospedeiras que estejam próximas ao
pomar comercial e (5) colheita de
frutos nas plantas infestadas somente
após as demais para não favorecer a
dispersão da praga. Nas plantas
localizadas ao redor do foco de
infestação, caso estejam também
infestadas, é recomendado proceder
de forma idêntica.
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Controle cultural
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Comunicação
Bahia Agríc., v.7, n.2, abr. 2006
Preservação
dos inimigos
naturais
Os insetos benéficos presentes
nos pomares, principalmente os
predadores e parasitóides devem
ser preservados em virtude da importância desses na manutenção do
equilíbrio dos agroecossistemas. A
aplicação de inseticidas em cobertura
total compromete profundamente a
sobrevivência de tais organismos.
Embora na matovegetação existam
espécies hospedeiras da ortézia, estas
plantas constituem-se em abrigo e
fonte de alimento para diversos
organismos benéficos. Portanto, o
manejo adequado da matovegetação
poderá propiciar o aumento e a
manutenção da população dos inimigos naturais da praga nos agroecossistemas comerciais.
Considerações
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exposição aos raios solares, - altas
temperaturas, - eficiência do isolado
e incompatibilidade com agro tóxicos, etc. Silva et al. (2003), por
exemplo, corroboram e evidenciam
o fato de que o uso de determinados
agrotóxicos interferem na germinação e eficiência do fungo C.
cladosporioides. Portanto, embora
exista a disponibilidade de tecnologia e potencial para a utilização
de fungos entomopatogênicos no
controle da ortézia, ainda não há
registros de produtos comerciais
específicos para o controle biológico
aplicado da praga.
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e, muitas vezes, dependendo do
manejo que é feito no pomar não há
necessidade de implementação de
medidas adicionais de controle.
O fungo C. cladosporioides ,
por exemplo, tem sido observado
controlando eficientemente a
ortézia em epizotias naturais na
região do Recôncavo Baiano e
demonstrado potencial de uso
em trabalhos de pesquisa em
campo (SANCHES et al., 2003). Este
estudo revelou que o fungo C.
cladosporioides, sob condições
adequadas ao seu desenvolvimento
e, na concentração de 5,2 x 105
esporos/ml, reduziu em 93 %
a população de O. praelonga
até o 39º dia após aplicação
do tratamento. Esses autores concluíram que o aumento artificial
da quantidade de inóculo de C.
cladosporioides no agroecossistema
cítrico, sob condições favoráveis ao
fungo, poderia ser uma alternativa
factível a ser implementada em
programas de produção integrada
de citros (PIC).
Por outro lado, Garcia (2004)
obteve resultados contraditórios aos
obtidos por Sanches et al. (2003) ao
realizar estudos, sob condição de
laboratório, sobre a eficiência com C.
cladosporioides em O. praelonga,
obtendo mortalidade corrigida de
apenas 1,25 % com um isolado desse
fungo. Este autor avaliou ainda a
patogenicidade de outros 49 isolados
de oito espécies de fungos entomopatogênicos e o produto comercial
Boverilr formulado com o isolado
ESALQ-447 para ninfas de 2º e 3º
ínstar de O. praelonga. Dos isolados
avaliados, 30 foram patogênicos
causando mortalidade corrigida que
variou de 1,0 % a 40,6 %, sendo que
os melhores resultados foram obtidos
com os isolados ESALQ-972 e
ESALQ-1300 de Verticillium lecanii.
Os motivos de tais divergências
nos resultados das pesquisas podem
estar relacionados à diversos fatores
inadequados ao desenvolvimento dos
fungos tais como: - condições
ambientais inadequadas na hora de
aplicação do entomopatógeno, horário de aplicação, - forma de
preparo do inóculo, - intensa
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Embo ra alguns resultados de
pesquisa sejam discrepantes em
relação a eficiência de algumas
espécies de fungos entomopatogênicos no controle biológico de O.
praelonga, tem sido demonstrado que
algumas espécies de fungo são
promissoras para uso comercial.
Na região do Recôncavo Baiano,
durante o período chuvoso, entre
maio até agosto, devido a elevação
da umidade relativa do ar, os fungos
reduzem naturalmente a densidade
populacional da ortézia (epizootias)
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Controle
biológico
aplicado
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As cochonilhas, de uma forma
geral, possuem inimigos naturais
nos agroecossistemas como os
predadores, parasitóides e fungos
entomopatogênicos, os quais são
responsáveis pela manutenção do
equilíbrio populacional da praga.
No entanto, a maneira como um
pomar ou horto é manejado influi
diretamente na ocorrência de pragas em virtude dos desequilíbrios
biológicos causados aos inimigos
naturais pelo uso indiscriminado de
agrotóxicos, pois esses produtos
químicos afetam a cadeia alimentar.
Entre os inimigos naturais da O.
praelonga que predam os seus ovos
no ovissaco são citados Gitoma
brasiliensis (Diptera: Drosophilidae)
e Symmus sp. (Coleoptera:
Coccinelidae), entre os que predam jovens e adultos Ambracius
dufouri (Hemiptera: Miridae), Azya
luteipes (Coleoptera: Coccinellidae)
e Chrysopa sp. (Neuroptera:
Crhysopidae) (PRATES, 1980). Entre
os fungos entomopatogênicos são
citados por Gravena (2002),
Beauveria bassiana, Colletotrichum
gloeosporioides, Fusarium sp.,
Verticilium lecanii e Cladosporium
cladosporioides (SANCHES et al.,
2003).
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Controle
biológico
natural
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Comunicação
A redução dos prejuízos diretos e
indiretos causados pela ortézia à
fruticultura e floricultura, exige
pessoal treinado e ações integradas
de controle para a eliminação dos
focos da praga, o que representa
naturalmente custo adicional e elevado para a propriedade agrícola.
No entanto, a atenção especial e
proativa do produtor no controle da
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ortézia, antecipando-se e dificultando
a sua disseminação no pomar e entre
pomares, certamente possibilitará a
redução do uso de agrotóxicos, assim
como, os custos para o seu controle
e os impactos negativos ao homem e
meio ambiente.
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Foto: Silvio Ávila - Editora Gazeta Santa Cruz
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Comunicação
Bahia Agríc., v.7, n.2, abr. 2006
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