Foto: Silvio Ávila - Editora Gazeta Santa Cruz ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Comunicação ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Romulo da Silva Carvalho* ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ açúcares e ácidos resultando nos chamados “frutos aguados”. De uma forma geral, em altas densidades populacionais pode levar a morte da planta. Tem sido constatado o surgimento de focos da ortézia em diversos pólos de fruticultura e floricultura. No entanto, apesar do avanço tecnológico do agronegócio no Estado da Bahia e em outros da região Nordeste, é fato que pequenos e médios produtores detêm a maioria das áreas plantadas e que, grande parte destes, desconhecem ou não utilizam técnicas de controle integrado de pragas. Um outro ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ A cochonilha Orthezia praelonga (Douglas, 1891) (Hemiptera: Sternorryncha: Ortheziidae) vem se constituindo numa ameaça para pomares e hortos comerciais. O grande número de plantas hospedeiras associados e a sua alta capacidade reprodutiva tem permitido rápidas infestações onde não é feito um controle adequado. A importância de O. praelonga vem aumentando pois, sendo um insetopraga que suga a seiva de seus hospedeiros e causa prejuízos à produção provocando murcha, queda de folhas e frutos. Em citros, por exemplo, diminui o teor de ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Disseminação da ortézia em pomares e hortos comerciais agravante que também contribui para a disseminação da praga é a ausência de registro de produtos comerciais específicos para a maioria das fruteiras e plantas ornamentais. Esta cochonilha tem como hospedeiros plantas cultivadas, ornamentais e silvestres. A flo ricultura é afetada diretamente pelos danos da ortézia, pois muitas são hospedeiras da praga. Nesse segmento do agronegócio o controle de pragas é fundamental, pois lotes que apresentam danos causados por insetos perdem o seu valor no momento da comercialização. *Eng. Agrônomo, D.Sc., Pesquisador Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, Cruz das Almas, BA; e-mail: [email protected] 22 Bahia Agríc., v.7, n.2, abr. 2006 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Foto: : Nilton Sanches ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Figura 1 - Famílias de frutíferas hospedeiras de Orthezia praelonga. Adaptado de Garcia (2004) ○ ○ Das 52 famílias hospedeiras de O. praelonga, 80,8 % são espécies de plantas ornamentais e silvestres que servem de fonte de disseminação da praga entre pomares e regiões por meio do transporte e introdução de mudas infestadas. As famílias que possuem maior número de espécies hospedeiras são: Euphorbiaceae, Malvaceae, Asteraceae e Acanthaceae. De uma forma geral, são plantas ornamentais hospedeiras de O. praelonga acalifa, antúrio, bougainvillaea, croton, gardênia, hera, hibiscos, jasmim, onze-horas, rosa, amendoeira, cravo-do-mato, amor-perfeito, malmequer, vedélia, ○ Comunicação ○ ○ com as exigências dos mercados, causando menores impactos negativos ao homem e meio ambiente. Portanto, este artigo tem como objetivo alertar e informar aos produtores e técnicos sobre a importância da O. praelonga nas áreas de fruticultura e floricultura, assim como, difundir as estratégias e táticas que possibilitam o controle adequado da praga em pomares e hortos comerciais. Descrição da praga ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Bahia Agríc., v.7, n.2, abr. 2006 ○ Por conta do desconhecimento do produtor, da falta de controle adequado da praga, do transporte de mudas de espécies hospedeiras infestadas e abandono de pomares, como é o caso de alguns pomares de citros da região do Recôncavo Baiano, tem sido observado o aumento no avanço da ortézia em pomares de citros e acerola implantados nas regiões do Recôncavo Baiano e Vale do São Francisco, respectivamente. Para contornar essa situação, torna-se necessário a transferência de tecnologia e a efetiva implementação de ações de controle integrado que possibilitem a redução da população da O. praelonga por meio de estratégias e táticas que propiciem menores custos de controle e que estejam em conformidade ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ crisântemo e sanchezia. Entre as plantas medicinais, pata-de-vaca, camomila, erva-doce, quebra-pedra (GARCIA, 2004) e erva-cidreira. As espécies de fruteiras representam 19,2 % do total de hospedeiros. Em ordem decrescente, as famílias que possuem maior número de espéc ies hospedeiras associadas com a ortézia são: Rutaceae, Myrtaceae, Malpighiaceae, Moraceae, Cucurbitaceae, Anacardiaceae, Passifloraceae, Rosaceae, Annonaceae, Sapotaceae e Palmae (Figura 1). São exemplos de fruteiras hospedeiras da ortézia as plantas cítricas (laranja azeda, lima ácida “Tahiti”, lima, limão cravo e tangerina), acerola, manga, goiaba, caju, mamão, graviola, sapoti, maracujá, nêspera, pitanga e jaca. ○ ○ ○ ○ Figura 2 – Dimorfismo sexual observado entre machos (A) e fêmeas (B) de Orthezia praelonga Machos e fêmeas de O. praelonga apresentam dimorfismo sexual (Figura 2). Os machos nos estádios iniciais de seu desenvolvimento são 23 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Bahia Agríc., v.7, n.2, abr. 2006 Foto: Nilton Sanches ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Figura 4 – Cochonilha Orthezia praelonga infestando a face inferior (abaxial) das folhas de (A) acerola e (B) citros. 24 Foto: Nilton Sanches ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Figura 3 – Dano indireto causado pelo ataque de Orthezia praelonga em citros. No detalhe, a fumagina que recobre as folhas impedindo as trocas gasosas e a fotossíntese. ○ Foto: : Rogério Ritzinger A presença de O. praelonga nos pomares pode causar prejuízos econômicos significativos. Em acerola, por exemplo, já foi registrada a sua ocorrência, causando danos em pomar comercial no litoral sul do Estado do Rio de Janeiro (VASCONCELOS; VIEGAS, 1995). Esses autores constataram que os focos da praga atingiram inicialmente 10 % das plantas do pomar e, após dois anos, o percentual de plantas atacadas aumentou, atingindo cerca de 90 % das plantas do pomar. Atualmente, essa praga vem sendo alvo de preocupações de produtores de acerola na região do Vale do São Francisco e de citros nas regiões do Recôncavo Baiano e Litoral Norte do Estado da Bahia (Figura 4). ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ A ortézia prejudica as plantas de forma direta, pois sendo um inseto sugador, retira a seiva de seus hospedeiros enfraquecendo-os e ocasionando a queda prematura de folhas e frutos. Quando em altas densidades populacionais a ortézia pode causar a morte da planta hospedeira. Indiretamente, a ortézia causa prejuízos por produzir uma secreção açucarada (“honeydew”) sobre a qual se desenvolve um fungo (Capnodium sp.) conhecido como “fumagina”, que é uma película escura que cobre as folhas, impedindo processos de troca gasosas e a fotossíntese da planta o que reduz, consequentemente, a produção de frutos (Figura 3). ○ ○ Danos ○ ○ semelhantes às fêmeas, porém, na fase adulta, estes tornam-se morfologicamente diferentes destas. Apresentam o corpo com uma coloração azulada e possuem na extremidade abdominal uma longa cauda cerosa facilmente quebradiça e um par de asas hialinas (transparentes). As pernas são delgadas e finas (Figura 2A). A longevidade do macho adulto não é superior a cinco dias. Os machos apresentam comportamento de dirigirem-se ao tronco e permanecerem reunidos até transformarem-se em adultos (CARVALHO et al., 1998). As fêmeas são de coloração branca, corpo ceroso e movimentos lentos. O comprimento máximo (corpo e ovissaco) pode variar de 2,5 até 4,5 mm, possuem antenas longas e pernas bem destacadas. Uma camada de cera branca que envolve o corpo das fêmeas é secretada formando, na parte posterior, um ovissaco achatado em forma de canoa ou cauda longa, onde no seu interior os ovos são ovipositados e ficam protegidos da ação de inimigos naturais e da ação de contato dos agrotóxicos, o que dificulta o controle da praga (Figura 2B). Uma fêmea de O. praelonga chega a viver cerca de 80 dias e pode ovipositar acima de 100 ovos por ciclo (CARVALHO et al., 1998), podendo gerar outras 160 fêmeas por ano segundo Lima (1981). ○ Comunicação ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ monitoramento populacional e as ações de controle integrado devem ser dirigidas aos focos identificados durante as inspeções do pomar e horto. Monitoramento populacional ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Bahia Agríc., v.7, n.2, abr. 2006 ○ ○ ○ ○ ○ ○ O controle da ortézia no campo deverá ser conduzido de forma a integrar as diversas técnicas de controle disponíveis dentro do conceito de manejo integrado de pragas (MIP). A base para a tomada de decisão deverá estar pautada no ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ No campo ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Os viveiristas devem dispensar toda a atenção possível com relação a presença de pragas nas mudas em formação. O controle da ortézia nesta fase torna-se indispensável. No momento da aquisição de mudas, o produtor deverá estar atento ao seu aspecto fitossanitário, pois elas serão a base de formação do pomar. Portanto, mudas sadias e isentas de pragas são fundamentais para o sucesso do agronegócio. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ No viveiro ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ A dificuldade para controlar a ortézia deve-se a sua capacidade reprodutiva, facilidade de disseminação e a presença do ovissaco nas fêmeas, cuja estrutura serosa é capaz de proteger os ovos e as ninfas da ação dos agrotóxicos de contato (Figura 2B). ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Estratégias e táticas de controle integrado de O. praelonga ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Apesar de ser encontrada praticamente em todos os meses do ano, é no período mais seco (outubro a fevereiro) que ocorrem as maiores infestações de O. praelonga nas condições do Nordeste do Brasil (SANCHES et al., 1994). O. praelonga localiza-se na planta hospedeira nos ramos basais e/ou brotações internas e, sempre, na face inferior das folhas. Tem sido observado que ninfas que darão origem às fêmeas localizam-se na parte inferior das folhas e, as que tornar-se-ão machos, localizam-se, preferencialmente, no tronco ou próximo ao solo, permanecendo reunidas nesses locais até a fase adulta quando dispersam a procura das fêmeas para acasalamento. No pomar a infestação da praga é observada em focos ou reboleiras. O grande número de plantas hospedeiras da ortézia facilita a sua disseminação e infestação do pomar. Na maioria das vezes a introdução de O. praelonga em uma propriedade rural ocorre de forma acidental por meio do plantio de mudas frutíferas e/ou ornamentais infestadas e de veículos não inspecionados e desinfestados. A disseminação da praga no pomar ocorre, principalmente, durante a colheita (caixaria e outros equipamentos), por meio de roupas dos trabalhadores, pelo trânsito indevido de pessoas no pomar, pelo vento e até mesmo pelo jato do pulverizador. Portanto, para não disseminar a ortézia é importante que se evite uso comum de equipamentos e máquinas entre pomares. A ortézia também é disseminada por algumas espécies de formigas com as quais mantêm uma relação simbiótica que a protege da ação de seus inimigos naturais, como ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ parasitóides e predadores, e em troca a ortézia fornece para as formigas um líquido açucarado que é secretado (“honeydew”). As formigas contribuem ainda para a sua disseminação transportando-a de uma planta para outra (CARVALHO et al., 1998). Uma vez controlada a ortézia, as formigas naturalmente desaparecem da planta hospedeira. ○ Período de maior ocorrência, localização, distribuição e disseminação no pomar ○ Comunicação Para o controle racional e eficiente de O. praelonga é necessário o conhecimento do momento mais adequado para iniciar as medidas integradas de controle. É por meio do monitoramento populacional que o produtor identifica os focos iniciais de infestação possibilitando um controle eficiente da ortézia e menor custo. Com o objetivo de identificar os focos iniciais, o monitoramento deverá ser realizado mensalmente inspecionando-se todo o pomar/horto visando obter-se informações sobre o local e o momento de iniciar as ações de controle integrado. Embora seja fácil a identificação e visualização da O. praelonga em uma planta, torna-se difícil a detecção dos focos de infestações iniciais da praga, caso não seja realizada uma inspeção de varredura total. A cochonilha ortézia suga a seiva da planta, injeta toxinas e ainda secreta o “honeydew” sobre o qual se desenvolve a fumagina (Figura 2B). A identificação dos focos de O. praelonga deverá ser feita naquelas plantas que apresentam a sua face superior das folhas cobertas pela fumagina e face inferior infestada pela praga (Figura 4A e B). Neste sentido, um inspetor de pragas deverá ser treinado para tornar-se apto à localizar a presença da ortézia. A antecipação na detecção de focos iniciais da praga refletirá em menores recursos financeiros e humanos direcionados para o controle da praga. Uma vez feita a localização do foco, as plantas infestadas devem ser marcadas com fitas plásticas coloridas para facilitar a sua localização no pomar em ações posteriores de controle integrado da praga. 25 26 Bahia Agríc., v.7, n.2, abr. 2006 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Foto: Gilberto Melo ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ seja, antes da constatação efetiva da praga no pomar. O controle químico deverá ser realizado sempre com base no monitoramento populacional e utilizando-se produtos específicos registrados para cada cultura e de preferência que sejam seletivos aos inimigos naturais. Para tal, recomenda-se consultar um Agrônomo. O tipo de equipamento e a forma de aplicação também p odem influenciar na eficiência do controle da ortézia. A alta incidência na face interna das folhas e nas brotações dificulta atingi-la com os agrotóxicos de ação de contato. Com o uso de pistolas, o jato deverá ser dirigido para parte inferior das folhas, ramos, tronco e plantas daninhas localizadas sob e ao redor da copa. Quando o produtor optar pelo turbo atomizador, recomenda-se garantir o molhamento interno da planta infestada. A adição de óleo mineral ou vegetal incrementa a eficiência dos agrotóxicos ajudando a controlar as ninfas no interior do ovissaco. Na escolha do produto químico deve-se dar preferência aos inseticidas sistêmicos em pulverização ou granulado no solo visto que a ortézia é um inseto sugador de seiva. Em algumas situações, reaplicações de agrotóxicos serão necessárias para atingir as ninfas eclodidas do ovissaco da fêmea após uma pulverização inicial. A aplicação deverá ser repetida, conforme o caso, entre 15 e 25 dias após a primeira aplicação, alternando-se o ingrediente ativo para o controle das ninfas que emergirão do ovissaco. O controle químico será mais eficiente quando a aplicação do inseticida de contato for seguida da aplicação de um inseticida granulado sistêmico, via solo, ao redor de toda a copa da planta. Visando preservar os inimigos naturais que mantêm as populações da ortézia naturalmente em equilíbrio, recomenda-se evitar a aplicação de agrotóxicos em todo o pomar. Reiterase que o tratamento químico deverá ser realizado exclusivamente nos focos da praga no pomar. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Embora n ão exista registro de produtos comerciais para o controle de O. praelonga para a maioria das fruteiras comerciais e plantas ornamentais hospedeiras, quando existir, deve-se dar preferência àqueles produtos que sejam menos agressivos ao homem e ao meio ambiente. Nos períodos de estiagem, a partir dos meses de julho até dezembro, nas regiões do Recôncavo Baiano e do Litoral Norte do Estado da Bahia, ocorre aumento da densidade populacional da ortézia, devendo-se nesse período concentrar o controle dos focos. A aplicação do controle químico, sob condições de chuva, horários quentes e ensolarados não é recomendada. É ecologicamente incorreto e tecnicamente injustificável a realização de tratamentos com agrotóxicos de forma preventiva, ou ○ ○ Controle químico ○ ○ ○ Dentre as estratégias de controle integrado, o controle cultural possibilita a redução e até mesmo a eliminação da ortézia quando sua presença no pomar é constatada no início da infestação. Entre as práticas culturais recomenda-se: (1) capina em torno das plantas infestadas, retirando-se todo o mato capinado, (2) poda de ramos mais infestados e secos e posterior queima e/ou enterrio, (3) adubação orgânica e mineral nas plantas atacadas visando aumento da resistência ao ataque da praga, (4) eliminação das plantas hospedeiras que estejam próximas ao pomar comercial e (5) colheita de frutos nas plantas infestadas somente após as demais para não favorecer a dispersão da praga. Nas plantas localizadas ao redor do foco de infestação, caso estejam também infestadas, é recomendado proceder de forma idêntica. ○ ○ ○ Controle cultural ○ Comunicação Bahia Agríc., v.7, n.2, abr. 2006 Preservação dos inimigos naturais Os insetos benéficos presentes nos pomares, principalmente os predadores e parasitóides devem ser preservados em virtude da importância desses na manutenção do equilíbrio dos agroecossistemas. A aplicação de inseticidas em cobertura total compromete profundamente a sobrevivência de tais organismos. Embora na matovegetação existam espécies hospedeiras da ortézia, estas plantas constituem-se em abrigo e fonte de alimento para diversos organismos benéficos. Portanto, o manejo adequado da matovegetação poderá propiciar o aumento e a manutenção da população dos inimigos naturais da praga nos agroecossistemas comerciais. Considerações finais ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ exposição aos raios solares, - altas temperaturas, - eficiência do isolado e incompatibilidade com agro tóxicos, etc. Silva et al. (2003), por exemplo, corroboram e evidenciam o fato de que o uso de determinados agrotóxicos interferem na germinação e eficiência do fungo C. cladosporioides. Portanto, embora exista a disponibilidade de tecnologia e potencial para a utilização de fungos entomopatogênicos no controle da ortézia, ainda não há registros de produtos comerciais específicos para o controle biológico aplicado da praga. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ e, muitas vezes, dependendo do manejo que é feito no pomar não há necessidade de implementação de medidas adicionais de controle. O fungo C. cladosporioides , por exemplo, tem sido observado controlando eficientemente a ortézia em epizotias naturais na região do Recôncavo Baiano e demonstrado potencial de uso em trabalhos de pesquisa em campo (SANCHES et al., 2003). Este estudo revelou que o fungo C. cladosporioides, sob condições adequadas ao seu desenvolvimento e, na concentração de 5,2 x 105 esporos/ml, reduziu em 93 % a população de O. praelonga até o 39º dia após aplicação do tratamento. Esses autores concluíram que o aumento artificial da quantidade de inóculo de C. cladosporioides no agroecossistema cítrico, sob condições favoráveis ao fungo, poderia ser uma alternativa factível a ser implementada em programas de produção integrada de citros (PIC). Por outro lado, Garcia (2004) obteve resultados contraditórios aos obtidos por Sanches et al. (2003) ao realizar estudos, sob condição de laboratório, sobre a eficiência com C. cladosporioides em O. praelonga, obtendo mortalidade corrigida de apenas 1,25 % com um isolado desse fungo. Este autor avaliou ainda a patogenicidade de outros 49 isolados de oito espécies de fungos entomopatogênicos e o produto comercial Boverilr formulado com o isolado ESALQ-447 para ninfas de 2º e 3º ínstar de O. praelonga. Dos isolados avaliados, 30 foram patogênicos causando mortalidade corrigida que variou de 1,0 % a 40,6 %, sendo que os melhores resultados foram obtidos com os isolados ESALQ-972 e ESALQ-1300 de Verticillium lecanii. Os motivos de tais divergências nos resultados das pesquisas podem estar relacionados à diversos fatores inadequados ao desenvolvimento dos fungos tais como: - condições ambientais inadequadas na hora de aplicação do entomopatógeno, horário de aplicação, - forma de preparo do inóculo, - intensa ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Embo ra alguns resultados de pesquisa sejam discrepantes em relação a eficiência de algumas espécies de fungos entomopatogênicos no controle biológico de O. praelonga, tem sido demonstrado que algumas espécies de fungo são promissoras para uso comercial. Na região do Recôncavo Baiano, durante o período chuvoso, entre maio até agosto, devido a elevação da umidade relativa do ar, os fungos reduzem naturalmente a densidade populacional da ortézia (epizootias) ○ ○ ○ Controle biológico aplicado ○ ○ ○ ○ As cochonilhas, de uma forma geral, possuem inimigos naturais nos agroecossistemas como os predadores, parasitóides e fungos entomopatogênicos, os quais são responsáveis pela manutenção do equilíbrio populacional da praga. No entanto, a maneira como um pomar ou horto é manejado influi diretamente na ocorrência de pragas em virtude dos desequilíbrios biológicos causados aos inimigos naturais pelo uso indiscriminado de agrotóxicos, pois esses produtos químicos afetam a cadeia alimentar. Entre os inimigos naturais da O. praelonga que predam os seus ovos no ovissaco são citados Gitoma brasiliensis (Diptera: Drosophilidae) e Symmus sp. (Coleoptera: Coccinelidae), entre os que predam jovens e adultos Ambracius dufouri (Hemiptera: Miridae), Azya luteipes (Coleoptera: Coccinellidae) e Chrysopa sp. (Neuroptera: Crhysopidae) (PRATES, 1980). Entre os fungos entomopatogênicos são citados por Gravena (2002), Beauveria bassiana, Colletotrichum gloeosporioides, Fusarium sp., Verticilium lecanii e Cladosporium cladosporioides (SANCHES et al., 2003). ○ ○ ○ Controle biológico natural ○ Comunicação A redução dos prejuízos diretos e indiretos causados pela ortézia à fruticultura e floricultura, exige pessoal treinado e ações integradas de controle para a eliminação dos focos da praga, o que representa naturalmente custo adicional e elevado para a propriedade agrícola. No entanto, a atenção especial e proativa do produtor no controle da 27 28 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ortézia, antecipando-se e dificultando a sua disseminação no pomar e entre pomares, certamente possibilitará a redução do uso de agrotóxicos, assim como, os custos para o seu controle e os impactos negativos ao homem e meio ambiente. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Foto: Silvio Ávila - Editora Gazeta Santa Cruz ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Comunicação Bahia Agríc., v.7, n.2, abr. 2006 REFERÊNCIAS CARVALHO, R. S.; NASCIMENTO, A. S.; SANCHES, N. F. Controle da ortézia dos citros. Cruz das Almas-BA: EMBRAPA-CNPMF, 1998. 15p. (EMBRAPA-CNPMF.Circular Técnica, 31). GARCIA, M. O. 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