0 que a Bíblia Diz Sobre a Música de Adoração Contemporânea Colossenses 3.16 Objetivos: O aluno entender que o louvor pessoal simples e direto que caracteriza os melhores cânticos de louvor de nossos dias é correto, bem como o motivo evangelístico e testemunhal das canções gospel do passado, contudo sem esquecer imenso tesouro de hinos clássicos. Primeira parte do capítulo 7: Rocha Firme? 0 que a Bíblia Diz Sobre a Música de Adoração Contemporânea John MacArthur Uma mudança profunda aconteceu na música da igreja por volta do final do século XIX. A composição de novos hinos praticamente cessou. Eles foram substituídos por "canções gospel“. “Canções gospel" — cânticos geralmente mais leves em conteúdo doutrinário, estrofes curtas, seguidas de um refrão, um coro ou uma frase conclusiva, repetida após cada estrofe. Canções gospel eram mais evangelísticas do que os hinos. A diferença fundamental é que a maioria das canções gospel eram expressões de testemunho pessoal que tinham como alvo um auditório, enquanto a maioria dos hinos clássicos são canções de louvor direcionadas diretamente a Deus. Uma Nova Canção O estilo e formato das canções gospel foram emprestados diretamente da música popular do fim do século XIX. O homem considerado geralmente o pai da música gospel é Ira Sankey, um cantor e compositor talentoso que alcançou a fama à sombra de D. L. Moody. Sankey era o solista e o líder de louvor das campanhas evangelísticas de Moody, na Inglaterra e Estados Unidos. Sankey queria um estilo de música mais simples, mais popular, mais apropriado ao evangelismo do que os hinos clássicos das igrejas. Por isso, ele começou a escrever canções gospel — curtas em sua maioria, simples e com refrões, segundo o estilo da música popular de seus dias. Sankey cantava cada verso como um solo, e a congregação o acompanhava no refrão. Pouquíssimos hinos verdadeiros, de qualidade duradoura, estão sendo escritos. Minhas observações não são, de maneira alguma, um criticismo vazio às canções gospel. Muitas das canções gospel mais conhecidas são expressões de fé admiravelmente ricas. Falando com sinceridade, muitos das canções gospel clássicas são terrivelmente fracas em conteúdo, se comparadas com os hinos cantados nas gerações anteriores. De modo geral, o surgimento da música gospel no louvor congregacional sinalizou uma ênfase decrescente na verdade doutrinária objetiva e um aumento das experiências pessoais subjetivas. A minha preocupação neste assunto está relacionada ao conteúdo, e não apenas ao estilo. Penso que o estilo tem de ser apropriado ao conteúdo. Um julgamento baseado apenas nas letras mostra que algumas das músicas antigas mais populares são ainda mais ofensivas do que as contemporâneas. A tendência iniciada por Sankey destruiu a rica tradição de hinos cristãos que florescia desde os tempos de Martinho Lutero e tempos anteriores a ele. Antes de Sankey, os hinos eram compostos com um propósito deliberado, consciente e didático. Eram escritos para ensinar e reforçar os conceitos bíblicos e doutrinários no contexto da adoração dirigida a Deus. Isaac Watts, John Rippon, Augustus Toplady e Charles Wesley são alguns dos mais conhecidos escritores de hinos que eram, antes de tudo, pastores e teólogos. A Era dos Cânticos de Louvor No final do século XX, outra grande mudança ocorreu. As canções gospel deram lugar a uma nova forma de música — os cânticos de louvor. Cânticos de louvor consistem de versos expressivos colocados em músicas envolventes, geralmente mais curtos que canções gospel e com menos estrofes. Em geral, os cânticos de louvor, assim como os hinos, são músicas de louvor dirigidas diretamente a Deus. Esta mudança mais recente ocasionou um retorno à adoração pura (em vez de testemunhos e evangelismo) como o foco e a principal razão para a igreja cantar. Contudo, diferentemente dos hinos, os cânticos de louvor não têm propósito didático. Cânticos de louvor devem ser cantados como uma simples expressão pessoal de louvor, enquanto os hinos são uma expressão congregacional de adoração, com ênfase em alguma verdade doutrinária. Frequentemente, um hino tem várias estrofes. O famoso hino Santo, Santo, Santo, por exemplo, é uma recitação doutrinária dos atributos divinos, com ênfase particular na doutrina da Trindade. Santo! Santo! Santo! Deus onipotente! Louvam nossas vozes, Teu Nome com fervor! Santo! Santo! Santo! Justo e compassivo! És Deus triúno, Excelso Criador! Santo! Santo! Santo! Nós os pecadores! Não podemos ver, Tua Glória sem temor! Tu somente és Santo! Só Tu és perfeito! Deus soberano, Imenso em Teu amor! Santo! Santo! Santo! Todos os remidos! Juntos com os anjos, Proclam am Teu louvor! Antes de form ar-se o firm amento e a terra Eras e sempre és E hás de ser Senhor. No hino mais conhecido de Lutero, Castelo Forte (hino 155), cada estrofe se desenvolve sobre a anterior, e as estrofes estão de tal modo interligadas, que pular um verso destrói a continuidade e a mensagem do próprio hino. Não é o tipo de hino que se pode cantar somente a primeira e a última estrofe. Cântico - Vem Adoremos Um cântico de louvor, em contraste, é mais curto, com uma ou duas estrofes, e a maior parte destes cânticos fazem uso liberal da repetição, a fim de prolongar o foco em uma única ideia ou expressão de louvor. Vem e adoremos, Vem e adoremos Declaram os Céus Pois Jesus é Senhor A Glória de Deus Vem, contemplemos E todo o universo vem Louvar E nos prostremos Seus feitos contar. Pois Jesus é Senhor A céus e mar Levantam a voz Aleluia, Aleluia E toda a criação exalta Ele é digno de Louvor Ao Rei dos Reis. (4x) Vem e adoremos, Vem e adoremos Pois Jesus é Senhor. Eterno Senhor Que em breve virá A sua palavra ficará Quando tudo passar. Vem e adoremos, Vem e adoremos Pois Jesus é Senhor Vem, Contemplemos E nos prostremos Pois Jesus é Senhor (2x) Pois Jesus é Senhor (2x)... Obviamente, essas diferenças não são absolutas. Alguns cânticos de louvor contém verdades doutrinárias, e alguns hinos são maravilhosas expressões de louvor pessoal. Quão Grande És Tu ( Hino 26) seria um excelente exemplo. Mas, como regra geral, os hinos clássicos servem a um propósito deliberadamente mais didático que os cânticos de louvor. Com certeza, o louvor pessoal simples e direto que caracteriza os melhores cânticos de louvor de nossos dias é correto, bem como o motivo evangelístico e testemunhal das canções gospel do passado. Mas é uma terrível tragédia que em alguns círculos somente os cânticos são usados. Outras congregações limitam seu repertório a canções gospel de cem anos atrás. Enquanto isso, um imenso tesouro de hinos clássicos corre o risco de desaparecer completamente devido a terrível negligência. Instruí-vos e Aconselhai-vos Mutuamente Com muita frequência, os compositores de cânticos de louvor e de outros tipos de música cristã contemporânea têm esquecido o mandamento bíblico sobre a função didática da música na igreja. Recebemos a ordem: "Instruívos e aconselhai-vos mutuamente com salmos, e hinos, e cânticos espirituais". Poucos cânticos de louvor modernos ensinam ou admoestam. Em vez disso, a maior parte deles são escritos apenas para mexer com os sentimentos. Geralmente eles são cantados como um mantra místico — com o propósito deliberado de colocar o intelecto num estado de passividade, enquanto o adorador reúne o máximo de emoções possível. A repetição é colocada intencionalmente, e com este propósito, em muitos cânticos de louvor. A música e a pregação devem ter o mesmo alvo. Portanto, o compositor precisa ser tão experimentado nas Escrituras e tão preocupado com a exatidão teológica quanto o pregador. E até mais, porque suas canções provavelmente serão cantadas muitas e muitas vezes (enquanto o sermão é pregado apenas uma vez). Gostemos ou não, os compositores de hoje também são professores. Muitas das letras que eles estão escrevendo logo estarão arraigadas na mente dos crentes, de maneira mais profunda e permanente do que qualquer coisa que eles tenham ouvido os pastores ensinarem do púlpito. Novamente, a minha maior preocupação é o conteúdo, e não o estilo da música cantada na igreja. No entanto, o estilo e a capacidade artística também são importantes. Oferecer músicas espalhafatosas a Deus é pior que expor uma pintura mal feita em uma galeria. Não pode haver mediocridade em nossa adoração ao Deus Altíssimo.