Bipolarização e Multipolarização A bipolaridade ocorre entre 1945 e 1990, sendo caracterizada pelo período da Guerra Fria entre EUA e URSS e marcada pelo confronto ideológico entre o capi¬talismo (EUA) e o socialismo (URSS), ou seja, pelo con¬fronto Leste x Oeste. Com a queda do Muro de Berlim (1989), a reu¬nificação da Alemanha (1990) e o fim da URSS (1991), tem origem uma Nova Ordem Mundial, caracterizada pela formação de blocos económicos e de vários centros de poder económico a multipolaridade -, como os EUA, o Japão, a China e a União Europeia. Muitos estudiosos consideram que a Nova Ordem Mundial é monopolar ou unipolar, pois destacam que os EUA são o único país a exercer o domínio militar no mundo. O final da Guerra Fria permite uma nova classificação: O processo de globalização gera, contraditoriamente, fragmentações, fazendo surgir regiões excluídas, confli¬tos Norte-Sul, áreas periféricas aos principais acordos e vantagens decorrentes da nova organização económica e política mundial. 2. Globalização Joseph E. Stiglitz (Prémio Nobel de Economia, em 2001), em seu livro A globalização e seus malefícios, escreve sobre o efeito devastador que a globalização po¬de ter em especial sobre países em desenvolvimento. São os aspectos económicos da globalização que têm sido objeto de controvérsias, bem como as instituições internacionais (FMI, Banco Mundial e OMC), as quais formularam regras que obrigam ou pressionam as nações mais pobres do mundo a colocar em prática ideias como a liberalização de mercados de capitais. A liberalização da economia tem muitas dimensões: a remoção da interferência do governo nos mercados financeiros, nos mercados de capitais e nas barreiras comerciais. A liberalização de mercados de capitais e financeiros contribuiu para as crises financeiras globais da década de 1990 e pode levar um pequeno país emergente à devastação. A privatização, a liberalização e a macroestabilidade supostamente criam um clima que atrai investimentos, incluindo os provenientes do exterior. A globalização provocou grandes transformações económicas, sociais, culturais e políticas no mundo. A partir de 1980, observamos uma intensificação do processo de internacionalização das economias capita¬listas, que se convencionou chamar de globalização. Algumas das características distintas desse processo são a enorme integração dos mercados financeiros mundiais e o crescimento do comércio internacional, princi¬palmente dentro dos grandes blocos económicos. Um de seus traços marcantes é a crescente presença de empresas transnacionais. Estas diferem bastante das multinacionais, típicas das décadas de 1960 e 1970. constituindo um fenómeno novo. As transnacionais caracterizam-se pela fragmenta¬ção e dispersão do processo de produção por várias na¬ções, por intermédio das filiais e dos fornecedores ou subcontratados (terceirização). Assim, obtém-se um produto final global composto de várias partes, desen¬volvidas em inúmeros países, aproveitando ao máximo as vantagens comparativas de cada um. As multinacionais tendiam a reproduzir as relações de trabalho observadas nas matrizes, enquanto as trans¬nacionais o fazem sob contratos de trabalhos diferentes. A velocidade de transmissão de dados permitida pela revolução da tecnologia da informação e da computação faz com que a dimensão espacial-geográfica (distâncialocalização) perca parte de sua importância. Nas últimas décadas do século XX, novas formas de gestão política e económica surgiram, com destaque para o neoliberalismo, que tem como característica principal a retomada de princípios do liberalismo clássico, incluindo medidas económicas, como o processo de privatização. O Chile e a Inglaterra foram os pioneiros na implantação do neoliberalismo. A adoção de medidas neoliberais no mundo não desenvolvido ficou conhecida como Consenso de Washington, ou também Pensamento Único. As prin¬cipais características desse Consenso mostram a forte influência da política económica exigida pelo FMI e pelo Banco Mundial, citando-se: • rigidez da política monetária; • elevação das taxas de juros, para conter a inflação, com o objetivo de reduzir o consumo; • controle do déficit público, com redução dos investimentos sociais; • abertura da economia com o fim das políticas protecionistas; • processo de privatização, reduzindo o papel do Estado na atividade económica; • adoção dos ajustes ou reformas estruturais dos planos económicos, visando à estabilização da economia. No final da década de 1990, temos o fim do período áureo do modelo neoliberal, com eleições em vários países, mudando-se o governo, em razão do agravamento dos problemas sociais, como o desemprego. Os resultados das políticas impostas pelo Consenso de Washington têm provocado um desenvolvimento lento e, onde ocorreu crescimento, os benefícios não têm sido repartidos igualmente. As reformas do Consenso expuseram os países a riscos maiores. Mas J. E. Stiglitz mostra também benefícios da globalização: • as exportações conduziram ao enriquecimento de grande parte da Ásia e deram a milhões de indivíduos condições de vida muito mais confortáveis; • a expectativa de vida em todo o mundo aumentou bastante, e o padrão de vida melhorou muito; • foi reduzida a sensação de isolamento que muitas das nações em desenvolvimento sentiam um século atrás; • a ajuda externa, outro aspecto do mundo globalizado, apesar de todos os seus defeitos, ainda traz benefícios para milhões de pessoas. 3. Organizações económicas e políticas internacionais O pós-guerra foi marcado, em termos de comércio internacional, por alterações, tanto no que se refere aos produtos a serem comercializados como em relação à participação dos países. Poderíamos sintetizá-las da seguinte maneira: • Organizações de comércio entre os países socialistas (tendo a ex-URSS como a maior detentora do volume de transações), as quais foram desativadas a partir de 1990, como o COMECON. • Participação cada vez maior do Japão no comércio internacional. • Relativa hegemonia dos EUA no comércio entre os países capitalistas. • Organização de uniões alfandegárias (MCE, AELC, ALADI, CECA, entre outras). • Imposição de barreiras ao comércio externo por parte de alguns países, visando proteger suas produções internas. • Implantação de parques industriais por países do Terceiro Mundo, para substituir importações, como é o caso, principalmente, do Brasil. A globalização promoveu uma maior integração do mercado mundial diante dos avanços tecnológicos nos transportes e nas telecomunicações, como também acentuou a regionalização ou a fragmentação da economia mundial, fortalecendo a tendência de formação de tratados económicos regionais entre países, com a constituição de blocos económicos, como a APEC, o NAFTA, o MERCOSUL, a UE e outros. Há vários tipos de blocos económicos: • União Aduaneira ou Alfandegária - é um a do de eliminação das barreiras alfandegárias ei países ou Estados e estabelece uma Tarifa Externa Comum (TEC) aos países não membros que ne ciam com o bloco, como o MERCOSUL. • Zona de Livre Comércio - é um acordo de eli nação ou redução de taxas alfandegárias sobi importação e exportação de produtos entre os países-membros. No comércio com países não membros, cada país do bloco possui autonomia para fixar suas tarifas alfandegárias, como no NAFTA. • Mercado Comum - é uma associação entre pa baseada na eliminação de todas as tarifas alfandt rias, cotas de importação, além de livre circule de pessoas, capitais e serviços entre os membro • União Económica e Monetária - possui mesmas características do Mercado Comum, a da adoção de uma moeda comum nos países-membros como na União Europeia. Para proteger e controlar o comércio internado foram criados: o GATT - General Agreement on Ta: and Trade (Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e mércio) em 1948, que visa eliminar as tarifas restriti atualmente atribuições da OMC - Organização Mun do Comércio, criada em 1995; a UNCTAD - Un Nations Conference on Trade and Development (Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento), cujo objetivo é o de estabelecer norm acordos para as transações comerciais. Mesmo assin problemas de integração entre os países persistem.