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O REINO DE DEUS
NA IGREJA DO
SÉCULO 21
INTRODUÇÃO
Chegamos à cidade de Luz - MG, tão logo o sol nascera e,
apesar do cansaço depois de tantas horas de viagem,
fiquei observando as pessoas, as casas a movimentação
nas ruas de terra. Enquanto me envolvia naquela
atmosfera o Espírito Santo ministrava ao meu coração que
aqueles dias seriam de muito aprendizado e muita luta
espiritual, podia sentir que nunca mais iria me esquecer
daquele lugar e daquela gente. Estávamos ali com um
grupo de aproximadamente 18 jovens da minha igreja, e
tínhamos a missão de apoiar na plantação de uma pequena
igreja, que até aquele dia contava com pouco mais de 15
irmãos. Os líderes eram muito simpáticos e logo nos
sentimos em casa para compartilharmos planos para o
evangelismo e visitas aos membros da igreja e para os
não-crentes. A cidade de Luz é um lugar que apesar de
uma pequena população e sem nenhuma repercussão
nacional é espiritualmente muito importante, pois ali se
encontra o bispado mineiro. No ponto mais alto da cidade
ergue-se a Igreja Matriz e defronte a ela se destaca a Casa
do Bispo. Seus habitantes apesar de muito simpáticos e
receptivos não escondem as tradições católicas e quase
todos devem favores e obediência eterna ao bispo. Sob a
orientação do Espírito Santo começamos a buscar em
oração maneiras de atingirmos os corações das pessoas e
mostrar-lhes o amor de Deus.
Pedíamos milagres, curas, quebra das correntes do pecado,
autoridade sobre os demônios e uma verdadeira revolução
nas vidas daquele povo. Depois de alguns momentos de
muito clamor e adoração, decidimos sair às ruas e sentir de
perto o que nos esperava, queríamos mostrar a nossa cara
e desde aquele primeiro dia deixar que as pessoas nos
conhecessem. Resolvemos que a melhor estratégia para
isso era nos misturarmos com a multidão, aproveitarmos
para fazer algumas compras, visitar a “Igreja Matriz”, e
conhecermos as redondezas da casa onde estávamos
hospedados. O dia passou rápido e à noite alguns do grupo
resolveram sair e quem sabe ter a oportunidade de
evangelizar alguém. Passadas duas horas eles voltam
todos animados, pois haviam evangelizado um grupo de
garotos que “vagavam” próximos à Praça da Matriz. Assim
que amanheceu o próximo dia já tínhamos um programa
traçado e depois de uma manhã de meditação na palavra,
intercessão e louvor estávamos prontos para visitar
algumas pessoas e começar um contato mais próximo com
os irmãos. A semana passaria bem rápida e graças a Deus
veríamos muitas conversões. Tudo parecia muito bom,
mas, nós pensávamos em um evento maior, alguma coisa
que realmente chamasse a atenção de toda a cidade.
Começamos a estudar as possibilidades, e juntos com a
nossa liderança de São Paulo, imaginamos usar o salão de
um clube onde faríamos uma grande concentração com um
conhecido grupo de louvor e no final uma poderosa
ministração evangelística.
Perfeito, já tínhamos alguns nomes e eram grandes as
chances de alugarmos o salão. Quando tudo parecia
acertado o nosso pastor em São Paulo, sabiamente, não
nos deixou ir adiante, ele entendia como nós, que aquela
seria uma oportunidade única, só que ainda não era a hora
de Deus. Relutamos em mostrar os nossos argumentos,
porém a palavra daquele líder já tinha sido dada e ponto
final. No final do dia refeitos da momentânea frustração, já
que não iríamos promover o maior evangelismo que aquela
cidade já vira só nos restava usar as armas que tínhamos
nas mãos. Antes de sairmos na nossa cidade havíamos
preparado algumas peças teatrais e vários esquetes estávamos usando-as na igreja e em creches (aliás, estes
foram os momentos mais marcantes de toda aquela
viagem para mim) - porém chegava à hora de mostrarmos
nossa “cara pintada” nas ruas e praças da cidade de Luz.
Os líderes da igreja local já tinham conseguido a liberação
das praças e até um palco cedido pela prefeitura já estava
a nossa disposição. Todos os dias um carro corria toda a
cidade anunciando nossas apresentações, espalhamos
faixas pelas ruas e distribuíamos convites de casa em casa.
Como numa dessas inexplicáveis providências de Deus,
acabamos chegando à sala do Senhor Prefeito; pedimos a
ele que nos promovesse em anúncios nas rádios e nos
desse todo o apoio necessário para a realização dos
evangelismos ao ar livre. Depois de muita conversa foi-nos
dado o consentimento para uso de qualquer dos lugares
públicos, e todo o apoio logístico para as apresentações
das peças.
Encorajados por esta conquista começamos os Impactos
Evangelísticos, várias e várias pessoas passaram a aceitar
Jesus, os cultos na congregação ficavam cheios e um
sorriso restaurador brotava em todos os rostos que
conhecemos naqueles dias. Evidentemente o diabo por
várias vezes tentou nos atrapalhar, mas estávamos tão
envolvidos com o trabalho, tão cheios de Deus que os que
chegavam possuídos por demônios eram libertos e muitos
deles aceitavam a Cristo. Lembro-me de uma noite em que
estávamos numa praça, surgiu do meio do público um
homem e tentou atacar uma das garotas, alguns dos
irmãos da igreja logo o seguraram. Assim que terminamos
a apresentação aquele homem pôs-se a gritar tão alto que
todos na praça ficaram assustados e começaram a sair dali
apressadamente (estavam reunidas umas duzentas
pessoas), mesmo os que estavam mais afastados puderam
ouvir os gritos daquele homem. Levamos o aquele senhor
para longe da multidão e oramos por ele, o demônio o
deixou e várias pessoas naquela noite tiveram suas vidas
transformadas pelo poder da Palavra de Deus. Numa outra
noite, enquanto orava com os que haviam se decidido por
Cristo, uma senhora se aproximou e pediu que eu orasse
por ela, assim que coloquei minhas mãos sobre o seu
ombro ela começou a se debater com uma força
sobrenatural; o Espírito Santo deu-me forças maiores que a
dela e usei a autoridade do nome de Jesus para expulsar o
demônio e a mulher em prantos entregou seu coração a
Jesus. Tantas outras histórias poderiam ser contadas
daqueles vinte dias, os cultos sempre lotados, as visitas
nas casas dos irmãos, nossas caminhadas de
oração pela cidade, a receptividade das pessoas. Acho que
precisaria de vários dias para tentar me lembrar de tudo.
Porém, a grande lição que aprendi nessa viagem
missionária e durante os seis anos que fui missionário de
tempo integral na JOCUM (Jovens Com Uma Missão), é que
Deus quer se revelar à todas as pessoas em todos os
lugares e para isso Ele sempre irá usar todos os meios
necessários e disponíveis para que essa tarefa seja
cumprida. Logo no início da minha conversão lembro-me
que era comum ouvirmos falar de mutirões e congressos
missionários pelas igrejas. O grupo das mulheres sempre
estava em campanha para conseguir alguma coisa para um
grupo de missionários no interior da Amazônia ou em
alguma tribo africana. Nosso pastor sempre usava as
experiências de algum missionário para ilustrar os seus
sermões e todos nós tínhamos por muito corajosos aqueles
que decidiam “deixar tudo” em obediência ao chamado de
Deus. Desde que assumi o meu chamado missionário em
1991 já estive em diversos lugares e conheci muitas
comunidades que talvez a maioria dos crentes nunca
conheça em toda a sua vida. Nós vivemos em tempos de
crises no meio evangélico e me parece que cada vez
menos cristãos estão interessados em fazer diferença no
lugar em que vivem. Hoje em dia, e já se vão vinte e cinco
anos da minha conversão, parece que esse “papo” de
missões não agrada mais as pessoas, ouvir um missionário
pregando passou a ser “Programa de Índio” . Não ouvimos
mais falar dos congressos e conferências missionárias que
influenciaram tantos jovens, os mutirões e viagens
missionárias são cada vez mais raros e como consequência
as ofertas missionárias das igrejas caem a cada ano. Um
dia desses li uma pesquisa onde revelava que os cristãos
gastam muito mais com chicletes e balas do que ofertam
para missões. Ainda existem grupos e igrejas que insistem
em não abandonar a visão missionária, algum tempo atrás
na minha igreja criamos uma equipe móvel de jovens e
adolescentes que cooperavam com as igrejas de pequeno
porte no treinamento e apoio evangelístico; algumas
comunidades evangélicas estão presentes com equipes
missionárias em eventos como carnaval e eventos
esportivos, mas isso se torna cada vez mais uma
“exceção”. Nossos jovens pastores estão preocupados
muito mais com novas estratégias para o crescimento
numérico da igreja do que com maneiras de cumprir com a
Grande Comissão. Parece-me que a Igreja Evangélica hoje
se preocupa muito mais com os seus problemas
institucionais do que com as necessidades do mundo não
alcançado ou com os “sem igreja” da sua própria
comunidade. Visitei vários bairros onde os moradores
jamais tinham ouvido falar da igreja que estava ali há 50
anos; outro dia conhecemos uma igreja localizada num
bairro nobre que estava programando a compra de um
prédio no valor de um milhão de reais, o
problema é que essa igreja não tinha mais de 70 membros
e só sonhava atingir o número de 100 pessoas depois de
10 anos. EU NÃO POSSO CRER NISSO! Participei de uma
reunião de pastores onde o pregador cheio de carisma
deixava exposta toda a sua indignação com os que
defendem o crescimento da igreja, dizia ele: - Qual o
problema em se ter 50 membros por 20, 30 anos? – Ora, se
um pastor dirige uma igreja pra ela mesma é melhor
transformá-la num clube privativo, somos chamados pra
alcançar o maior número possível de pessoas para Jesus,
isso requer amor por aqueles que estão longe de Deus.
Estamos construindo templos tão luxuosos apenas para
atender a nossa necessidade de conforto, queremos arcondicionado, cadeiras acolchoadas, cantina, multimídia só
para que as reuniões sejam agradáveis para os próprios
crentes. Preocupam-se muito mais em um culto que atenda
as suas próprias expectativas, um evangelho que lhes
garanta sucesso instantâneo e um agradável “lugar ao
sol”. Ou mudamos a maneira de ver as coisas ou seremos
vencidos pelo nosso ego e traídos pela nossa
concupiscência . Nasce uma incomodação com toda essa
“teologia da pós-modernidade”, a mesma que Paulo teve a
respeito da igreja na Galácia: “Admiro-me que tão depressa
estejam abandonando aquele que os chamou pela graça de
Cristo, para seguirem outro evangelho que, na realidade,
não é o evangelho”.
CONHECENDO O REINO DE DEUS
A maioria das pessoas não tem influenciado a história, na
sua geração, por falta de conhecimento do que seja o
Reino de Deus. Muitos acham que este Reino é formado
somente pelos crentes – porque oram, lêem a Bíblia,
cantam louvores e participam dos cultos de uma igreja.
Outros acreditam que, além disso, precisam de muita
unção, curar os enfermos, expulsar demônios e estar em
constante guerra contra as potestades e principados das
trevas. Alguns já dizem que o cidadão do Reino de Deus
não pode se contaminar com o mundo e que essa
santidade só pode ser alcançada quando se cumprem
algumas regras e doutrinas definidas por seus “pastoresmentores”. Ainda existe um outro grupo que defende o
Reino de Deus é formado por pessoas que acreditam em
Deus e por isso estão livres para fazer o que bem
quiserem, pois são filhos do Rei, sendo assim príncipes e
princesas, e consequentemente com autoridade no Reino
para mandarem e desmandarem na hora em que bem
entenderem. Acredito que em todas essas convicções, ou
“declarações de fé” existam pontos positivos, porém não
posso concordar, sob nenhuma alegação, que elas definam
o que é o Reino de Deus. Na verdade, cada uma destas
“teologias-G12haggiana” já esta inserida no cotidiano da
igreja evangélica, mas não representa a essência do Reino.
Estes princípios de batalha espiritual, autoridade no nome
de Jesus e tantos outros só alcançarão êxito quando cada
indivíduo tiver uma visão clara do que é Reino de Deus,
alicerçados no firme fundamento da Palavra de Deus. O
que adianta ter tantos poderes sobrenaturais se não
conhecemos o Reino, não servimos o Reino e não
conhecemos o Rei do Reino, para poder agir de modo que
Ele se agrade de nós. Temos errado também quando
afirmamos que o Reino de Deus só é formado por pessoas
convertidas, só os evangélicos e suas igrejas é que fazem
parte deste Reino. Ora, o evangelho da Bíblia diz que Deus
é poderoso em toda a terra sendo o Rei de todo o Universo.
Para compreendermos melhor o que estou dizendo
vejamos um exemplo: Quando dizemos que alguém é rei
da Espanha esse alguém tem seu reino estabelecido em
toda a Espanha, e não só numa região delimitada, o seu
reino não está limitado aos seus parentes e amigos, mas a
todos aqueles que habitam na Espanha. Quer gostem do
rei ou não, quer ou conheçam ou não, cooperem com ele
ou planejem matá-lo. Deste mesmo modo é o Reino de
Deus, Ele domina sobre todo o Universo, é Rei sobre todas
as coisas. Nesta sociedade pós-moderna enfrentamos um
sério problema em pensar no Reino de Deus. Tornamo-nos
extremamente secularizados e assim a nossa lógica é
quase sempre materialista, visando lucros e alcançando o
sucesso. A teologia da prosperidade – ainda que os seus
líderes insistam em dizer que ela não existe – já está
estabelecida na Igreja Evangélica contemporânea. Toda
a nossa liturgia segue esse padrão de vitórias e
restituições, nossos cânticos exigem que os anjos nos
tragam as bênçãos – custe o que custar. A nossa homilética
tornou-se mística, alicerçada numa exegese recheada de
símbolos. É muito comum hoje - até nas igrejas históricas –
o pregador apresentar um discurso acalorado para falar de
finanças, afirmando que a nossa oferta abrirá as portas do
céu sobre a nossa cabeça. O nosso evangelismo promete
uma vida comparada ao estilo MATRIX, onde o bem e o mal
se enfrentam no mundo virtual, e que basta um telefonema
e todo se resolve. O Reino de Deus apresentado na Bíblia é
voltado para o serviço, a renúncia, sem promessas de
conquistas pessoais ou qualquer “liquidação de bênçãos
sem medida”. Jesus nos ensina que, se o nosso inimigo nos
perseguir devemos amá-lo, se tivermos duas túnicas
dividirmos uma delas com quem não tem nenhuma, que
neste mundo teríamos aflições, mas cultivássemos o bom
ânimo. Um reino que exalta muito mais o dar do que o
receber. Exalta os humilhados, mas abate os exaltados.
Abomina o pecado, mas ama incondicionalmente o
pecador. Isso é o Reino de Deus, o que ouvimos de alguns
pregadores hoje em dia não passa de retórica e técnica de
marketing para se alcançar cada vez mais adeptos. Peço
que a misericórdia de Deus nos alcance antes que
corramos a terra inteira atrás de prosélitos e então os
tornemos duas vezes filhos do inferno. (Mt 23.15)
O REINO DE DEUS NA HISTÓRIA DO HOMEM
Desde o início da história da humanidade, Deus deixou
bem claro o que Ele esperava daqueles que tinham
acabado de ser criados. Em Gênesis cap. 1 verso 28
encontramos a primeira tarefa de Deus para o homem:
“sede fecundos multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a;
dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, e
sobre todo o animal que rasteja sobre a terra”. No capítulo
2 versículo 15, encontramos a continuação desta tarefa:
“cultivar e guardar o jardim”. Perceba que Adão e Eva
foram criados por Deus para servi-Lo, a tarefa deles era de
cuidar do Seu reino, não deixar que outros invadissem e
dominassem as suas terras. Adão e Eva não poderiam ser
infiéis ao seu Rei, pois caso isso acontecesse eles sofreriam
dura consequência: a morte. Sabemos que esta não seria
uma morte física, mas muito mais terrível, pois marcou a
separação entre o homem e seu Deus. O homem fracassou
na sua missão de guardar o jardim, permitindo que Satanás
invadisse o Éden e dominasse os seus corações. Inaugurouse assim a era do pecado do homem onde toda a Terra
sofreria transformações e passaria a ser influenciada por
um outro poder que a Bíblia também chama de: "príncipe
das potestades do ar", ou simplesmente diabo. Esse ser
maligno tem como objetivo distorcer toda a ação do Reino
de Deus sobre a terra. Até mesmo as
armas dadas por Deus aos seus filhos são frequentemente
usadas de uma forma egoísta por aqueles que se deixam
enganar pela sua influência. O pecado passou a seduzir
toda a humanidade, isso fica-nos muito claro quando lemos
Gn 6.5: “Viu o Senhor que a maldade do homem se havia
multiplicado na terra, e que era continuamente mau todo o
desígnio do seu coração”. Ao que parece a iniquidade, isto
é, a raiz de todo o pecado, havia contaminado a
humanidade ao ponto da Bíblia dizer que Deus se
arrependera de ter feito o homem. É claro que quando
dizemos que Deus se arrependeu não estamos falando que
Deus cometeu um erro e tenha ficado desesperado, ou sem
saída. Nesta passagem o autor tenta explicar qual o
sentimento que alcançou o coração de Deus, que melhor
empregado na nossa língua seria como o sentimento de
traição do homem em relação à confiança depositada nele
por Deus. Não existe dor mais profunda que a dor da
traição e isso dói tanto no seu coração, como no coração
paterno de Deus. A boa notícia é que Deus nunca perde o
controle da história e escolheu Noé e toda a sua família
para continuar com os seus propósitos no Reino. A arca de
Noé marca o recomeço para a história da civilização e nos
desvenda mais uma faceta do caráter de Deus que é a Sua
infinita misericórdia, Ele nunca desiste de nós e por mais
que possamos pecar, Ele nunca será ameaçado pelo mal,
pois o seu trono está estabelecido sobre toda a terra.
Ao longo do Antigo Testamento encontramos Deus não
medindo esforços para trazer o homem para perto de Si. O
profeta Jeremias registra que Deus quer nos atrair com
laços de amor . Que oportunidade para refletirmos e nos
deixar ser conquistados por esse tão grande amor!
O REINO DE DEUS E A IGREJA
Os ensinos sobre Reino de Deus também estão inseridos
em todo o Novo Testamento, entretanto, existe uma
explicação dada por Paulo que vai nos ajudar muito. Esta
citação encontra-se em Romanos 14.17 que diz: “Porque o
reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e
paz, e alegria no Espírito Santo". Nós só poderemos
promover o Reino de Deus quando promovermos a justiça,
a paz e a alegria sobre a terra. Temos que conhecer a
nossa cidade, a nossa gente, não podemos nos calar ante
as injustiças, as guerras e as desgraças da nossa
sociedade. Jesus nos chamou para fazer diferença, chamar
a atenção das pessoas para nossa maneira de pensar, de
viver, de vencer os problemas. Temos que ensinar ao nosso
mundo que Deus é nosso, de todas as gentes. Não é só
meu, ou da igreja A ou da igreja B, o Reino de Deus alcança
todas as idades, todas as raças, culturas, línguas, tribos,
eras, sistemas e etc.
Não existe lugar onde Deus não possa exercer o seu Reino,
todas as coisas estão patentes aos Seus olhos, nada foge
ao Seu controle, todos podem ser supridos pela Sua
riqueza. Só Deus pode transformar este mundo num lugar
digno de sobrevivência, livre de todo perigo. O Reino de
Deus é estabelecido com o trabalho conjunto de todos os
cristãos para que a justiça seja exercida no seio da
sociedade. Mas o que é justiça? Defino justiça quando
oferecemos ou recebemos aquilo que nos é devido. Por
exemplo:
• Uma criança que conquistou boas notas na escola
merece os parabéns dos professores e dos pais, se isso não
acontece, ela está sendo injustiçada;
• Um homem condenado por um crime que não cometeu
merece receber desculpas das autoridades que o
condenaram;
• Uma pessoa ligada à política que usa de sua autoridade
para enriquecer ou facilitar maus negócios, deve ser
denunciada e pagar legalmente por sua infidelidade, se
isso não acontece, ela também está sendo injustiçada.
Se uma pessoa precisa ser disciplinada por alguma atitude
e nós lhe oferecermos aplausos e honras, na verdade não
estamos agindo com justiça. “A justiça de Deus não
inocenta os culpados, por mais escondidos que eles
estejam, nem culpabiliza os inocentes, por mais caluniados
que eles sejam. A justiça de Deus tem motivo certo,
duração certa e medida certa. A justiça de Deus não é
negociada, não é comprada, não é subornada. A justiça de
Deus é
punitiva sem ser vingativa. A justiça de Deus separa o falso
do verdadeiro, o joio do trigo, o fingido do autêntico, o
condenado do perdoado, o incrédulo do crente, o perdido
do salvo. A justiça de Deus traz à tona os pecados não
confessados nem abandonados e joga no lixo os pecados
confessados e abandonados”. É desta forma que Deus nos
trata, mesmo quando Ele nos perdoa os pecados, não nos
isenta de sofrer as consequências destes erros. Quando
pecamos e nos arrependemos, somos livres da culpa e da
morte, mas pagamos por aquela falta segundo a lei de
Deus. O mais importante disso é entendermos como é
exercida a justiça de Deus, ela não está baseada na ira ou
no ressentimento, Ele age de acordo com aquilo que será
melhor para o nosso crescimento, somos disciplinados de
maneira que venhamos a aprender uma boa e praticável
lição. A justiça humana é egoísta, partidária e condicional,
a justiça divina é amorosa, encorajadora e nos faz sentir
aceitos.
“Nenhuma disciplina parece ser motivo de alegria no
momento, mas sim de tristeza. Mais tarde, porém, produz
fruto de justiça e paz para aqueles que por ela foram
exercitados”. (Hb 12.11)
Outra maneira de promovermos o Reino de Deus nesta
terra é quando levamos a paz para as pessoas.
Estava Jesus além do Jordão, quando recebe a notícia de
que Lázaro estava doente. Passados mais dois dias e,
sabendo que Lázaro já havia morrido, Ele chama seus
discípulos para seguirem para Betânia onde o haviam
sepultado. Chegando ali tanto Marta quanto Maria, irmãs
de Lázaro, professam a mesma certeza de que se Jesus
estivesse ali com eles seu irmão não teria morrido. Jesus
simplesmente pede que elas creiam e segue para o
sepulcro, ao ver a multidão reunida e a tristeza de todos
Jesus também chora e então depois de uma oração muito
simples ordena que Lázaro saia do sepulcro, ocorrendo
assim o milagre da ressurreição. Quem nunca perdeu
alguém muito querido ou algo que custou muito sacrifício
ou um investimento além das possibilidades? Marta e Maria
haviam acabado de perder seu irmão e ao que tudo indica
sendo as duas solteiras, Lázaro era o referencial de
provisão e segurança para aquelas duas mulheres. Fico
imaginando quão difícil estava sendo para elas e como
estavam abaladas emocionalmente, talvez chegando ao
limite do desespero e falta de expectativas. Quando Jesus
aparece em cena, Ele não as condena pela provável perda
de esperança diante da presença Dele, que podia fazer um
milagre, mas compreende a humanidade das duas irmãs e
as consola, resgatando e tranquilidade, promovendo a paz.
A Igreja contemporânea precisa ser uma Agência de Paz.
Está confiado a nós o ministério de reconciliação , somos
os promotores da paz em meio às guerras, tranquilidade
em meio às incertezas e porto seguro aos perdidos. O
Reino de Deus também é proclamado quando promovemos
momentos de alegria para as pessoas. Depois de tantas
experiências amargas devido a más escolhas, rejeições e
decepções com as autoridades, amigos, namorados,
cônjuges, filhos, sistemas de governo, planos ou sonhos, a
humanidade tornou-se muito triste e desanimada em
nossos dias. Os cristãos precisam atentar para este fato e
começar a agir para que as pessoas se tornem mais
alegres. Fico muito preocupado quando vejo como alguns
de nós somos tão mal humorados quase nunca dispostos a
brincadeiras, não gostamos de rir nas situações
engraçadas, encontrando uma “maldição” em qualquer
tipo de piada ou brincadeira, sempre existe um “princípio
bíblico” para não nos divertirmos. É difícil para mim, olhar
para um Deus carrancudo, nunca se permitindo sorrir,
dançar, pular, rolar no chão. Pelo contrário, o caráter de
Deus se reflete nas cores, na criatividade, nas várias
formas, na diversidade, na novidade. Toda a criação de
Deus deixa isso bem claro, os seres humanos diferem-se
na aparência, na personalidade. Os animais, as flores, as
montanhas, todos são diferentes com suas peculiaridades e
alguns são até muito engraçados. Não podemos deixar que
a alegria seja encoberta pelos nossos padrões, nossos
gostos ou nossa maneira de ver as coisas. Não devemos
julgar e discriminar aqueles que sabem se divertir, pelo
contrário, devemos descobrir maneiras de alegrar os que
estão a nosso volta.
"Alegrai-vos sempre no Senhor, outra vez digo, alegraivos" Fp.4:4
Os Cidadãos do Reino
Já mencionei anteriormente que o Reino de Deus não é
formado só pelos cristãos, na verdade o domínio de Deus
está estendido sobre toda a terra. Quando aceitamos essa
verdade precisamos notar como Deus administra o Seu
governo, como Ele age para que o Seu reinado permaneça
sólido e todos os Seus planos sejam cumpridos. A maneira
que Deus se utiliza para comandar o mundo é através do
controle da história. Há algum tempo atrás eu pensava que
Deus nunca se importava com aqueles fatos da história que
nós ouvimos na escola ou lemos nos livros. Quando passei
a estudar sobre o Reino de Deus, passei a perceber que
toda a história da humanidade é controlada por Deus; não
existe um único fato na história que tenha fugido do Seu
controle, uma única situação que tenha sido uma surpresa
para Ele. Todos os líderes, as guerras, governos,
catástrofes,
descobertas, destruições, tudo isso estava sendo
observado e controlado pelo Criador. Perceba que no
Antigo Testamento os profetas de Deus avisavam o povo
das situações históricas que estavam por vir, eles sempre
advertiam o povo acerca dos inimigos de Israel, as pragas,
a fome, a seca, os reinados bons e maus. Deus sempre
protegeu o Seu povo, em nenhum momento Ele disse que
não sabia o que iria fazer diante das situações na história.
Quando a Igreja se distanciou da verdade bíblica, Deus
ungiu homens para preservar a Sua verdade e Sua Palavra
na história humana. Foi assim com os Pais da Igreja, ou
durante a Reforma com Martinho Lutero, John Wycliffe, John
Wesley e tantos outros que pagaram até com suas vidas
para que a verdade de Deus não se perdesse com o passar
dos anos. Durante a perseguição dos judeus imposta por
Hitller, podia-se pensar que não havia ninguém ao lado do
povo escolhido, mas hoje nós ouvimos falar dos
extraordinários milagres que Deus operou nos campos de
concentração em meio a tanto sofrimento. O que dizer
então da rivalidade entre os países de 1o Mundo, o
movimento da Unificação Mundial, a situação de miséria
dos países do 3o Mundo, os conflitos no Oriente Médio, a
fome nos países Africanos, as enchentes, os terremotos, as
epidemias, será que Deus perdeu o controle da história,
será que nesta geração o diabo pegou Deus de surpresa?
Quem sabe você não se preocupe com nada disso, mas o
fato é que Deus nunca perde o controle das situações,
mesmo quando elas são tão contraditórias e negativas
como as que acabo de mencionar. Diz a Bíblia em Daniel
4.35: "Todos os moradores da terra são por Ele reputados
em nada; e segundo a Sua vontade Ele opera com o
exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe
possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?”. Veja só
isto, o texto está dizendo que segundo a Sua vontade,
Deus faz o que quer, quando quer, para cumprir o que bem
quiser. Isto Ele faz usando os meios que achar necessário.
É Deus quem decide o que é bom ou mal para este mundo.
O que muitas vezes julgamos ser mal, para Deus pode
resultar em bem. O que rejeitamos como sendo imundo,
para Deus é o começo de um novo caminho de vitórias
para o Seu povo. No livro dos Atos dos Apóstolos, Pedro é
acometido por uma visão de animais impuros que desciam
a sua frente, é claro que como um bom judeu, ele sabia
que aqueles animais não poderiam ser comidos, porém as
suas convicções são inteiramente desfeitas quando ele
houve a ordem expressa de Deus: - Toma e come! Infelizmente ele não obedeceu diante da visão, e mais
tarde ele se vê na casa de Cornélio, um pagão, pregando
para uma multidão que recebe o Espírito Santo na mesma
hora (Atos 10.9-48). Foi daí que ele entende que o que
Deus purifica não pode ser mundanizado pelo homem.
Deus nos deixou a Lei como referência e não como juiz,
quando lemos toda a Lei Mosaica encontramos uma série
de decretos de morte. Quando o
sexto mandamento diz: Não matarás! - essa advertência
era para que os homens não agissem segundo a justiça
humana, mas buscassem a justiça de Deus. Muitas vezes
nós não queremos ser legalistas na nossa forma de culto
ou adoração, mas somos muito mais legalistas nas nossas
"interpretações" do que seja à vontade de Deus. Queremos
determinar o que Deus pode ou não pode fazer, criamos
princípios que nos permitam controlá-Lo, não deixamos que
Ele nos prove ser amoroso e bondoso, mesmo tendo que
agir com dureza em algumas situações. São essas as
razões que nos impedem de conhecer a verdade sobre o
Reino de Deus, nos desviamos quando queremos que este
Reino se pareça com as nossas ambições, definimos o
Reino de Deus de acordo com os padrões do nosso próprio
coração, queremos que este Reino nos dê vantagens ao
invés de responsabilidades.
Exercendo a Nossa Cidadania no Reino
"Ora disse o Senhor a Abrão: Sai da tua terra, da tua
parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te
mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei e
te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção..."
(Gen. 12:1-2)
Neste capítulo vamos ver como devemos agir
conscientemente para que o Reino de Deus seja plantado
nesta geração. É preciso saber que Deus não quer nos usar
sem que nós estejamos cientes do nosso papel, devemos
conhecer qual é a nossa tarefa no Reino. Quando falamos
do chamado de Abrão, estamos falando do nosso papel
como agentes de transformação para sociedade. Muitas
vezes já ouvimos ensinos sobre este chamado, mas na
maioria das vezes só nos é ressaltado o que Deus faria por
Abrão e sua família, raramente, neste texto, é abordado a
parte mais importante de todo este chamado. Existe uma
frase nesta passagem que revela qual deve ser o papel do
filho de Deus para que este mundo aceite o domínio de
Deus em suas vidas: "Sê tu uma bênção!" esta não é uma
opção que Deus oferece a Abrão por tudo aquilo que ele
iria receber, mas é uma ordenança para que a bênção de
Deus fosse manifesta em sua vida. Na maioria das igrejas
prega-se que a nação de Israel é especial para Deus, e isso
é verdade, mas o que faz Israel ser tão especial não são as
promessas de sucesso, prosperidade e vitória sobre os
inimigos que encontramos ao longo do Antigo Testamento.
O que realmente torna Israel especial é a sua
responsabilidade em ser uma bênção para todas as outras
nações. Só através da atitude de serviço que os israelitas
deveriam ter em relação aos outros povos é que seria
possível espalhar o conhecimento de Deus por todos os
lugares do mundo. Se Israel se espalhasse por toda a terra
e testemunhasse das obras de Deus em todos os lugares,
seria possível para todas
as nações e povos pagãos descobrirem o verdadeiro
caminho para a vida eterna e assim serem libertos das
mentiras e ilusões dos seus rituais e sacrifícios. Vamos
entender melhor o chamado de Deus para o Seu povo
quando lemos o livro de Josué capítulo 1 verso. 8: "Não
cesses de falar deste livro da lei; antes medita nele dia e
noite, para que tenhas cuidado de fazer segundo a tudo
quanto nele está escrito; então farás prosperar o teu
caminho e serás bem-sucedido". Deus ordenou que nunca
se deixasse de falar do seu livro, isto é, das suas verdades,
para que todos os outros povos que não conheciam a Deus
pudessem ouvir a respeito Dele. Infelizmente quando
lemos a respeito da história do povo de Deus só
encontramos desobediência e rebeldia. Por mais que Deus
se esforçasse para que este povo acertasse o alvo, eles
sempre se desviavam. Procuravam outros deuses, agiam
para o seu conforto próprio e não compartilhavam de Deus
com os outros. Quando iam para uma terra estranha, não
se esforçavam para que aquela nação se convertesse ao
verdadeiro Deus, mas logo queriam que Jeová os libertasse
e destruísse aquele povo. Não tinham misericórdia dos
povos pagãos, mas cobravam as misericórdias de Deus
para os seus pecados, nunca estiveram dispostos a abrir
mão da sua terra, mas se necessário fosse até morriam
para que outros não gozassem das suas propriedades. Não
confiavam que Deus estivesse com eles nas lutas, mas
constantemente o culpavam pelos cativeiros. Não ouviam
os conselhos de Deus, mas murmuravam quando estavam
em apuros. Um povo duro, soberbo e longe dos caminhos
de Deus.
Como que este povo poderia ser superior às outras nações?
Deus lhes deu uma missão, abençoarem outros e gozarem
das bênçãos e misericórdias do Todo-Poderoso até mil
gerações. Eles rejeitaram esta proposta e quiseram fazer
conforme lhes parecia certo. Quando Deus chamou Israel
para ser o Seu povo não significava que Ele estava
rejeitando os outros povos, na verdade, se Israel cumprisse
com o seu papel, todas as outras nações se juntariam a
eles para ser um povo único, servindo ao único Deus. A
história de Israel nunca foi muito feliz, passaram-se anos,
guerras, perseguições, reinos, destruições até que Deus
calou-se por quase 400 anos. Para um povo que mesmo
debaixo da direção de Deus se corrompia, imagine a que
aconteceu neste período de silêncio. Nós sabemos que a
história continuou, muitas coisas estão registradas acerca
deste período nos livros históricos. Levantaram-se reis,
construíram-se cidades, perderam-se guerras, e até
surgiram alguns “homens de Deus”. Mas o que foi feito
para o crescimento do Reino de Deus? É evidente que com
o silêncio de Deus, aumentou-se à corrupção e a ganância,
nada pôde ser feito em prol do que realmente tem valor.
Durante 400 anos da história humana não se fez nada para
o crescimento do Reino de Deus. Deus continuou no
controle, pois mesmo no silêncio Ele é Deus, porém a
humanidade não cumpriu com o seu chamado original, não
espalhou o conhecimento de Deus sobre toda a terra. Em
todas as vezes que o homem falhou no seu chamado, Deus
criou uma situação para que a tarefa fosse feita. Isto se
deu através dos juizes, dos
reis e dos profetas. Cada um desses homens e mulheres
foram ungidos pelo Espírito Santo para levar consciência ao
povo de Deus acerca da Sua vontade, foram usados
também para apresentar o Plano Divino para os povos
pagãos. Muitas vezes, esses "escolhidos" não pertenciam
às classes mais influentes da sociedade, mas devido à
unção de Deus, eles chegaram a serem reconhecidos como
pessoas se extrema importância inclusive pelos maiores
sábios do mundo secular. Graças à obediência de pessoas
como Moisés, Davi, Gideão, Jefté, Ester, Débora, Neemias e
tantos outros, o povo de Israel não foi destruído e
completamente esquecido sobre a face da terra. Na
história do Novo Testamento quase que vemos repetida a
história do Antigo, os judeus continuavam presos nas suas
tradições e insistiam na idéia de que Deus era só deles e
não podia se misturar com os “gentios”. O número das
seitas se multiplicou e cada grupo adorava um deus
diferente. A religião dos judeus era suportada, pelo simples
fato de muitos desses judeus sustentarem altas posições
na sociedade e alguns imperadores ganharem seus
favores. É nesse momento da história que Deus envia seu
Filho, Jesus, para realizar a tarefa que o homem nunca
poderia fazer. As atitudes de Jesus, durante todo o seu
ministério entre os homens, foram marcadas por uma
obediência incondicional e uma atitude de serviço
surpreendentes. Não existe um só registro de que Cristo
tenha procurado satisfazer desejos carnais por um só
instante, não encontramos Jesus tentando aprisionar DeusPai num amontoado de regras e tradições.
Jesus confiou a continuidade do seu ministério a doze
homens que haviam sido treinados por Ele mesmo, homens
que o conheceram face a face em situações de intensa
alegria e também extrema dificuldade. Os discípulos foram
aprovados por Deus para continuarem com a implantação
do Seu Reino em toda a terra.
“... e recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito
Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém,
como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da
terra”. (Atos 1: 8)
Como podemos ser instrumentos do Reino de Deus para a
transformação da nossa sociedade? Existem algumas áreas
de influência que regem toda uma sociedade. Durante
muitos anos a igreja se omitiu quanto à vida social e
política do seu povo. Era comum ouvirem-se comentários
dos mais respeitados líderes evangélicos de que nenhum
crente deveria se envolver nos assuntos políticos ou na
mídia, devido à ética cristã. Cria-se que todo aquele que se
envolvesse com essas áreas estaria dando brecha para o
diabo. Infelizmente, durante muitas décadas não houve
influência cristã na política, na mídia, nas artes, na ciência
e muito menos nos esportes ou entretenimento. A pouco
mais de vinte ou trinta anos, tinha-se uma imagem do
crente como aquele que não se envolvia com nada "deste
mundo", pois afinal este mundo jaz no maligno!
Durante todos estes anos as forças do mal conquistaram
posições muito influentes em nossas sociedades. Hoje a
maioria dos filmes, novelas, governos e os sistemas estão
debaixo da influência das trevas. Por que temos sido tão
perseguidos ultimamente? Por que as portas estão se
fechando? Qual a razão de tantos escândalos no meio
evangélico? A omissão da igreja tornou os crentes meros
espectadores nas fases mais importantes da história e
agora colhemos os frutos desse abandono da história. É
claro que o tempo não volta atrás, mas podemos trabalhar
para reverter este quadro. Creio que uma das coisas que
podemos fazer para conquistar o nosso povo é começar a
agir. Todos nós devemos tomar uma nova postura em
relação à realidade social, preocupar-nos com as decisões
políticas, com o desenvolvimento da educação e do lazer
nas cidades. O que precisamos na verdade é formar os
melhores profissionais em cada uma dessas áreas para que
através da atuação deles o mundo pare para nos observar,
o segredo para ganharmos esta geração para Jesus é
agirmos além do óbvio, temos que ser notados em meio às
circunstâncias. Jesus já nos falou sobre isso na Parábola da
Candeia: não dá pra esconder a luz de uma lâmpada, a
nossa luz tem que brilhar nos lugares mais escuros para
que a verdade de Jesus se espalhe por todos os cantos da
sociedade.
Influenciando a Nossa História
Quais são as áreas que têm dominado as sociedades?
Existem setores que com o desenvolvimento e o progresso
atingiram lugares altos e hoje controlam a vida, as
decisões mais importantes da nossa civilização. Aqui estão
essas áreas que precisam urgentemente da verdade do
evangelho.
O Lar e a Família
Loren Cunningham , diz que famílias bem estruturadas
geram sociedades bem estruturadas. Quando olhamos para
a situação familiar nos últimos anos entendemos porque
vivemos num mundo tão confuso e agressivo. Não existe
mais a preocupação com a submissão dos filhos aos pais, o
casamento saiu de moda, irmãos se odeiam, os casais não
se importam mais um com o outro. O número de abortos e
de crianças abandonadas cresce assustadoramente a cada
ano, quando dois jovens resolvem se casar, chegam ao
altar já imaginando quais serão as regras do divórcio. Com
todos esses desvios sociais multiplica-se a prostituição, o
sexo antes do casamento, os casos de estupro e tantas
outras atitudes negativas. Esta geração está morrendo por
causa da sua própria concupiscência.
Precisamos acordar para esta realidade e levarmos a
resposta de Deus para milhares de famílias destruídas.
Temos que agir com urgência, para restaurar os lares
destruídos e fortalecer aqueles que ainda resistem. Nosso
maior exemplo de relacionamento familiar vem do próprio
Deus. O Pai, o Filho e o Espírito Santo formam o melhor
modelo familiar que se pode conhecer. O relacionamento
na Trindade, em mutualidade, fidelidade e a força que é
expressa através de cada pessoa do Deus Trino, é algo que
precisamos aprender. Veja que eles estão tão de acordo
que formam um só Deus, isso só pode ser possível quando
há concordância de propósito, quando não existe a menor
desconfiança ou reservas. Este é o padrão de Deus para as
famílias. Um outro exemplo bíblico sobre este assunto está
na chamada de Abraão. Deus disse a Abraão que através
dele todas as famílias da terra seriam abençoadas, isto é,
pela obediência de Abraão e de seus descendentes todas
as famílias da terra gozariam da gloriosa bênção de Deus.
Já vimos que os filhos de Abraão não foram fiéis à vontade
de Deus e por isso toda a terra deixou de receber muitas
coisas da parte de Deus. O meu objetivo aqui é desafiar o
povo de Deus para serem fiéis a Deus, todos devemos
obedecer-Lhe à risca, contribuirmos para que os seus
sonhos se realizem nas famílias em toda a parte.
Precisamos ser o exemplo de compromisso, fidelidade e
amor familiar, o nosso testemunho irá convencer os outros
a fazer o que é certo.
Muitos cristãos hoje, enfrentam problemas com suas
famílias. São os maridos que não são cristãos e perseguem
as esposas que tentam ser fiéis a Deus, ou são as esposas
que não acompanham os maridos aos cultos. Pais que
choram pela falta de interesse dos filhos, ou filhos que
sofrem com a desaprovação dos pais em relação a sua fé.
Cada um enfrenta uma dessas realidades e para cada uma
delas ouvimos conselhos diferentes que na maioria das
vezes não resolvem os problemas, apenas amenizam o
sofrimento. Creio que uma resposta para esses problemas
familiares é: o tempo que você gasta com a sua família.
Quando ouço alguém que tem este tipo de problema
descubro também que o tempo que essa pessoa oferece
para os seus familiares é o menor possível, afinal estar em
casa é sinônimo de perseguição e lágrimas. Outros até se
desculpam pelos problemas citando as palavras de Jesus:
"... aquele que não aborrecer pai e mãe não é digno de
mim...", ora o termo empregado para "aborrecer" quer
dizer amar menos, isto é, amo mais a Deus do que a
qualquer outra pessoa, não significa que devo deixar de
amá-los para ser fiel a Deus. Caro leitor, quanto do seu
tempo você dedica aos seus familiares? Pais, quantas
vezes vocês demonstraram aos seus filhos que vocês
confiam neles, ou tentaram entender as suas dúvidas e
limitações. Filhos, qual foi à última vez que vocês
permitiram seus pais participarem das suas decisões mais
importantes, quando foi que você deixou que eles
soubessem que você é
capaz de assumir responsabilidades. O que os pais mais
desejam dos filhos, é poder ver em quem eles se tornaram
e o que eles podem fazer sozinhos. O diabo sabe muito
bem o que uma família unida significa no mundo espiritual,
e exatamente por isso, existe uma investida tão agressiva
para que mais e mais famílias sejam destruídas, que casais
se separem e que filhos abandonem seus pais. Todos nós
fomos feitos para vivermos em família e quando isso não
acontece nos tornamos pessoas amargas e
psicologicamente frustradas. Pesquisas indicam que todas
as pessoas que cresceram sem a estabilidade de um lar,
são muito mais propensas a cometerem suicídio, acabam
vivendo a margem da sociedade e dificilmente encontram
motivação para vencer na vida. Ou a Igreja resolve socorrer
esta área tão importante ou vamos ver mais e mais
pessoas se perdendo nas drogas, na criminalidade por falta
do aconchego de um lar. Nossas comunidades precisam ser
uma alternativa de casa para aos que nela procuram abrigo
e consolo, se vivermos com uma grande família em nossas
igrejas, estaremos salvando a vida de centenas de pessoas
que só precisam de um pai, uma mãe e irmãos que os
ajudem a encontrar a verdadeira felicidade.
A IGREJA
Outra área que necessita da ação da Palavra de Deus é a
Igreja do Reino de Deus, atualmente existe um número
incontável de denominações, todos os dias nasce pelo
menos uma nova Igreja neste mundo. Como eu aprecio o
Livro dos Atos dos Apóstolos ou as Cartas Paulinas, que
apresentam as igrejas da forma mais simples possível: "...
à Igreja de Jesus Cristo em...", isto sim é que é visão de
Reino. Hoje, cada uma dessas denominações luta em prol
dos seus próprios interesses. Eu nunca conheci uma igreja
que lutasse a favor do crescimento de outra ou que
investisse no ministério vizinho. Quantos exemplos de
líderes evangélicos que decretaram guerra contra as outras
igrejas para promover o seu próprio crescimento. O que
existe hoje é um dos maiores proselitismos já vistos na
História Cristã: - Caro irmão venha para a “minha igreja”, e
serás salvo, tu e a tua casa! O maior problema da falta de
união no corpo de Cristo é o "narcisismo denominacional".
Existe uma igreja que é dirigida por um pastor
tremendamente abençoado, um grupo de louvor dos mais
bem preparados, e possui o maior número de membros de
toda a região. A tendência deste grupo é começar a gostar
tanto da sua maneira de fazer as coisas e convencer-se
que o seu período de louvor é melhor do que os das outras
igrejas acabam acreditando que as mensagens do seu
pastor é a mais ungida. Não se preocupam em juntar
esforços com outros, pois a sua visão é sempre melhor que
a dos outros, os crentes dali são mais comprometidos que
os da igreja vizinha. Investe-se em dois ou três projetos
sociais ou missionários e perde-se a
chance de investir em muitos outros que estão a sua volta,
simplesmente pelo fato de não concordarem com a
doutrina daquela igreja, ou como é comum ouvirmos hoje: Não temos a mesma visão! Agora eu pergunto: - Onde
queremos de fato investir nossos recursos? Na obra de
Deus ou nos nossos próprios sonhos? Qual são as nossas
prioridades para promover o crescimento do Reino de Deus
nesta geração? Só vamos chegar a algum lugar quando
deixarmos de lado as diferenças e nos preocuparmos com
o que realmente tem importância: "Ide, portanto (unidos),
fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome
do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. Mt 28.19 (o grifo é
meu) A missão da Igreja nesta terra não é somente o de se
reunir nos cultos e louvor a Deus em espírito e em verdade.
A principal tarefa da Igreja é: "Ir e pregar o Evangelho a
toda criatura". Muitos estão negligenciando este chamado,
e por isso, toda a humanidade está morrendo pela falta de
conhecimento de Deus. Não consigo aceitar as desculpas
que alguns cristãos têm me dado para não evangelizar.
Outro dia alguém me disse que o seu ministério era o de
tocar e cantar num grupo de Louvor e Adoração e por isso
não evangelizava, pois afinal já estava fazendo algo muito
importante para Deus. Uma outra pessoa tentou me
convencer que não podia falar de Jesus para ninguém, pois
ainda era muito nova na igreja e com certeza as pessoas
não iriam lhe dar ouvidos, pois ela conhecia muito pouco
da Bíblia. Um senhor já me disse com muito orgulho: -
- Quando eu era jovem fiz muito em prol do evangelho,
agora já sou velho demais e Deus não precisa mais de
mim: - Já estou aposentado. Os evangélicos estão correndo
sério perigo nestes últimos dias: - Estamos nos afastando
da realidade e daquilo que realmente tem valor eterno. A
Igreja Cristã não pode parar no tempo, não podemos
continuar a atribuir todo tipo de tecnologia ao diabo e
deixar que a sociedade continue se distanciando dos
princípios de Deus. Sinto como se Deus estivesse nos
dando a última chance de cumprir a nossa tarefa, se
falharmos agora, creio que tudo estará perdido para nós a
para um grande número de pessoas que não conhecem a
Jesus. Não quero dizer com isso que Deus vai se esquecer
da Sua criação, por nossa causa, Ele não depende de nós
para salvar a humanidade. Estou dizendo que Deus
acreditou em nós, Ele nos deu uma tarefa confiando que
nós iríamos cumpri-la. Se falharmos de novo, estaremos
frustrando todas as expectativas que o Pai tem em relação
a nós. Para que a Igreja influencie a sociedade atual, faz-se
necessário que ela seja uma opção agradável para as
pessoas e não uma instituição cheia de regras e proibições.
Se perguntarmos aos jovens por que é que vão à igreja,
acredito que 50 ou até 70% deles dirão que é porque os
pais os obrigam a ir. Poucos são os filhos de cristãos que
desde a mocidade assumem um compromisso com Jesus.
Estive trabalhando em algumas favelas no Rio de Janeiro, e
a grande maioria das pessoas aceitava ir para a igreja por
medo do inferno, pouquíssimos
eram os que entendiam o amor de Deus e sentiam prazer
em ir ao templo para cultuar o único e verdadeiro Deus.
Defendo a idéia de que as nossas reuniões e cultos devem
ser sempre uma ocasião especial. Dia de culto é um dia de
festa, e nas festas sempre deve haver muita alegria,
novidades, surpresas, presentes; já estive em cultos que
mais pareciam velórios, os poucos crentes que estavam ali
faziam tudo como se fossem máquinas programadas para
cantar, orar e consentir com a cabeça enquanto o pastor
pregava um breve sermão. Após o culto iam para a porta
da frente para abraçar os irmãos e dizer um sem graça: Deus te abençoe! - e depois de todo esse ritual, voltar para
a casa, para a vida normal. Meu irmão, quem foi que disse
que o culto acaba quando o pastor diz amém, como
verdadeiros adoradores o nosso culto a Deus nunca
termina, no fim de cada mensagem o nosso culto
recomeça, é a hora de oferecer para Deus toda a nossa
gratidão pela Sua orientação e obedecermos a Sua Palavra.
As igrejas precisam promover reuniões mais informais,
desenvolver entre sua congregação um clima mais propício
para a KOINONIA e motivação para a adoração a Deus. A
Igreja de Atos quando se reunia era uma grande festa, não
eram reuniões cheias de formalidades e mesmo assim
havia lugar para a reverência, ordem e decência. A liturgia
nos cultos da Igreja Primitiva convidava o povo a participar
de cada momento, todos se sentiam importantes, as
pessoas eram ouvidas. Nossos cultos hoje se tornaram
verdadeiros
monólogos, onde só o pastor fala e o povo humildemente
diz amém, às vezes sem mesmo entender o que foi
ministrado.
A EDUCAÇÃO
Esta é uma das áreas que mais necessita da presença ativa
da Igreja. Inúmeras crianças estão aprendendo nas escolas
que Deus é só uma energia cósmica, e que pecado e
inferno não passam de uma invenção da igreja. As
universidades nesta geração estão formando bruxos, as
terapias alternativas - como a ioga - estão nas listas das
disciplinas mais procuradas pelos estudantes. Quando
Jesus anunciou a Grande Comissão, ele declarou o
seguinte: "Ide, portanto, fazei discípulos de todas as
nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do
Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as cousas que
vos tenho ordenado..." (Mt 28.19,20). A ordem “ensinandoos” destaca-se no chamado de evangelização, por isso a
Educação deve ser prioridade não só para as autoridades
políticas, mas para todos os cristãos. Infelizmente a
escolha que os pais estão fazendo para os seus filhos
baseia-se ou na tradição da escola (para os de classe
média-alta), ou na facilidade financeira (para os de classe
mais baixa). Os pais não se preocupam pelo o que está
sendo ensinado “extracurriculo”. Muitos professores
convencem os seus alunos que o sexo depois do
casamento já e coisa do passado, e ensinam como os
adolescentes devem se proteger da AIDS ou de uma
inoportuna gravidez usando preservativos. Dizem que os
pais não podem bater nos filhos, pois eles podem crescer
com traumas, defendem que a espiritualidade é baseada
nas capacidades pessoais e descartam o relacionamento
íntimo e pessoal com Deus. A igreja precisa urgentemente
estar presente na aprovação das leis de ensino da nossa
sociedade. Temos que aprender com aqueles que já tem
feito algo para mudar este quadro: - Alguns missionários da
JOCUM foram para Guiné-Bissau, África. Após a fase de
adaptação com a nova cultura e depois de buscar a Deus
sobre como deveriam desenvolver seus ministérios ali
resolveram que iriam iniciar um trabalho de evangelização
com as crianças. Começaram com escolas bíblicas e
algumas gincanas, depois de poucos meses o governo
convidou-os não só para ministrar nas escolas, mas para
que a JOCUM fornecesse profissionais de ensino para
traçarem junto com as autoridades o planejamento e
implantação de um novo currículo escolar em todo o país.
Infelizmente não temos mais exemplos como este. Em
1995, em São Paulo, participei de um treinamento para
professores de ensino religioso nas escolas públicas,
oferecido por uma das mais conhecidas instituições de
evangelização infantil do país, a APEC – Aliança PróEvangelização de Crianças. O motivo deste treinamento era
o de recrutar o maior número possível de cristãos para
lecionarem nas escolas públicas da capital, pelo fato da
disciplina
não oferecer remuneração o quadro estava cada vez mais
escasso. Essa instituição ofereceu o treinamento em vários
pontos da cidade para que muitos pudessem ser treinados.
Procurei saber dos resultados depois de algumas semanas
e como fiquei muito triste com a realidade, a idéia de um
recrutamento em massa de novos professores cristãos para
as aulas de ensino religioso foi um fracasso, os crentes
simplesmente não se interessaram por este tipo de coisa.
Estão muito mais preocupados com coisas “mais
importantes” como casamento, posição social,
acampamentos e programações da igreja, etc., etc.
Atualmente no Brasil estimam-se que 35% de toda a sua
população seja analfabeta, outros 30% não terminaram o
1o grau; o salário para o professorado é um dos mais
baixos no mundo e as condições de ensino e infra-estrutura
nas escolas praticamente não existe. O número de crianças
que não freqüentam a escola, por terem de trabalhar para
comer e morar, é recorde MUNDIAL. Será que a igreja
desconhece estes dados? A verdade é que não dá pra não
ver esta realidade, os meios de comunicação estão aí,
jornais, revistas e repórteres de TV denunciam dia-a-dia à
situação catastrófica da educação no Brasil. A única
conclusão que se pode chegar é que todos nós sabemos
quais são as necessidades e "simplesmente" não estamos
dando a mínima importância, quer dizer, este lado da
história não nos diz respeito. Só vai ser possível uma
perfeita transformação no ensino público e religioso na
nossa sociedade, quando cristãos obedecerem ao chamado
de
Jesus: “... ensinando-os a guardar tudo aquilo que eu vos
tenho ordenado..". Ensinar significa mostrar um novo
caminho, mostrar a direção certa. Tive esta compreensão
ao ler a primeira carta aos Coríntios cap.13, Paulo inicia
este capítulo dizendo o seguinte: - E passo a mostrar-vos
um caminho sobremodo excelente - depois disto ele
começa a ensinar á igreja de Corinto o que é o verdadeiro
amor. Quando alguém se propõe a ensinar uma pessoa ou
um grupo, assume-se a responsabilidade de garantir para o
aluno todas as condições necessárias para que ele acerte o
alvo. Seja qual for o ensino ele deve direcionar a pessoa
para um caminho, uma meta. Muito do que se tem
ensinado sobre a ciência, a política, a religião e a própria
história da humanidade está completamente distorcido
com a realidade. Enquanto nós, os cristãos, continuarmos
calados ou descompromissados em relação a isso, muito
pouco poderá ser feito para melhoria na área da Educação.
GOVERNO E NEGÓCIOS
Vivemos numa sociedade cheia de intrigas e ambiguidades,
mas apesar disto todos nós precisamos de leis e diretrizes.
Seria impossível para qualquer sociedade subsistir sem que
houvesse governantes, autoridades e organizadores. As
funções do governo são a de nos proteger através da
criação e cumprimento de leis justas e praticáveis, nos
garantirem liberdade de escolha, proteger os direitos do
cidadão, e a defesa da nação.
Os negócios estão diretamente ligados com esta área, pois
cabe aos nossos governantes fiscalizarem todo tipo de
negócio que se realiza no país, prevenindo assim as
transações ilícitas que colocam em risco a integridade da
nação e de seus habitantes. Para isso torna-se necessária e
indispensável à presença de cristãos na política para que
sejam aprovadas leis e decretos ajustados à Palavra de
Deus. Por muitos anos a igreja se ausentou da política, com
isso mais e mais homens, sem o temor de Deus, criaram
leis que impediam que a justiça de Deus se manifestasse
às nações. Governos ateus, muçulmanos, católicos e outros
fanáticos conquistaram o domínio dos principais países no
mundo, o cristianismo verdadeiro caiu em descrédito, à
perseguição física aos cristãos não é tão real como no
passado, porém um outro tipo de perseguição tem
acontecido. Estou falando da perseguição moral, esta se
revela com a proibição da pregação da palavra, o
crescimento do islamismo, budismo e humanismo, os
frequentes escândalos políticos, econômicos e morais
envolvendo evangélicos. Esta perseguição parece ser
muito pior que a vivida nos tempos de Roma ou de Hitler,
pois não há lugar para mártires ou heróis da fé, quase
ninguém mais acredita na inocência dos cristãos. Somos
condenados por nossas próprias atitudes (ou falta delas),
não temos nos preparado para dar ao mundo qual é a
razão da nossa fé. É hora de reavaliar nossas teologias,
reciclar nossa visão em relação à participação ativa nos
negócios do nosso país, na aprovação de leis
para a nossa sociedade. O cidadão do Reino de Deus é um
agente transformador, não um mero espectador.
A MÍDIA
Esta é uma área que exerce forte influência no
comportamento das pessoas. A mídia pode tanto derrubar
alguém como colocá-la na posição mais elevada em
questão de minutos, ela, além disso, dita o comportamento
e pensamento das pessoas através de seus programas. No
auge dos anos 90 a mídia procurou denegrir toda a ação da
igreja, já testemunhamos várias situações onde os
telejornais iniciaram verdadeiras guerras contra
determinada igreja e por conseqüência conseguiram
convencer alguns cristãos, imaturos e desatentos, a ir
contra irmãos sem mesmo saber da veracidade dos fatos.
Fiquei muito triste em ver pastores conhecidos deixarem se
envolver de tal forma que exponham outros pastores e
igrejas inteiras ao ridículo. Como é duro saber quão
inocentes ainda somos, nem sequer sabemos discernir a
estratégia do diabo de dividir o corpo de Cristo através de
sofismas e maus entendidos. É claro que os cristãos
precisam estar presentes nos meios de comunicação,
porém está presença tem quer marcada pela sabedoria,
não adianta nada mantermos programas que só crentes
assistem as estações de rádio dirigidas por cristãos têm
que contar com um alto nível de profissionalismo, chega de
retransmissões de cultos e testemunhos. Nossos
programas de TV e Rádio devem ser voltados para um
público que não conhece a Deus. Um dia desses estava
sonhando como seria interessante veicularmos programas
evangélicos como novelas, filmes bem produzidos, festivais
de música, clipes e entrevistas. Brigarmos de igual para
igual com as grandes na pesquisa de ibope. Hoje nós temos
tantos programas na televisão e no rádio, mas nem sequer
imaginamos qual o retorno real que eles produzem,
quantos não-crentes assistem e gostam dos nossos
programas: 20%, 50% ou será que só 10% ou 5% dos
espectadores é que procuram os programas evangélicos?
Quantas pessoas realmente aceitam a Palavra de Deus e
procuram uma igreja a fim de continuar crescendo na fé e
no amor a Jesus? Se os nossos programas são tão bons
como alguns pastores dizem que são, porque continuamos
tão desacreditados? Temo em dizer que estamos
investindo verdadeiras fortunas na mídia, mas de uma
forma errada, fazemos o que é certo, no lugar certo, mas
de uma forma completamente errada. Porque é que as
grandes redes de televisão conquistaram o mundo todo?
Estamos tão preocupados em ir contra cada uma delas e
não paramos para entender como é que elas chegaram a
fazer tanto sucesso. Primeiro, essas emissoras investiram
em tecnologia. Nada de programas produzidos na
garagem, é preciso aparelhagem adequada e profissional
competente e capacitados. Segundo, formaram parcerias.
Nesse meio não dá para viver sozinho ou juntamos forças
ou não se chega a lugar algum. Terceiro, colocaram
no ar o que o povo queria assistir. Não dá pra forçar
ninguém a ver o que não gosta, é preciso ter um propósito,
mas ser flexível em como atingir esse propósito. Quarto,
dão valor a todo tipo de criatividade. Não se conquista as
pessoas com métodos ultrapassados o mundo está em
crescente progresso e temos que acompanhar este
crescimento. Quinto, são astutos em suas mensagens. A
sutileza é uma arma muito poderosa, basta saber equilibrar
entre a clareza e sutileza, ás vezes não é preciso ficar
repetindo versículos e mais versículos para se falar de
Deus. O Livro de Ester não pronuncia a palavra Deus uma
só vez, porém é muito clara a atuação dEle em favor do
Seu povo Israel.
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Em pleno século XXI, ainda existem aqueles que dizem que
a Ciência é do diabo. Se você é um desses saiba que o
diabo agradece, mas ele não é dono de nada neste mundo!
Se lermos a Bíblia com bastante atenção, será fácil
perceber que ela constantemente se utiliza da ciência e da
tecnologia para contar do progresso do Reino de Deus. Já
no Gênesis existe um exemplo: “E disse Deus; Haja
luminares no firmamento do céu, para fazerem separação
entre o dia e a noite, e sejam eles para sinais e para
estações, e para dias e anos...” (Gn.1:14.). Ora, não são as
estrelas, o sol, a lua e as estações parte da Ciência
Moderna?
Veja agora: “Então disse Deus a Noé: O fim de todos os
seres humanos é chegado perante mim... faze para ti uma
arca de madeira de cipreste: farás compartimentos na
arca, e a revestirás de betume por dentro e por fora... farás
na arca uma janela e lhe darás um côvado de altura. A
porta da arca porás no seu lado; farás um primeiro, um
segundo e um terceiro andares”. (Gn 6.13,14 e 16). A
construção da arca não foi segundo a tecnologia da época?
Não sei por que continuamos a ir contra os meios que o
próprio Deus se utiliza para realizar os seus planos para a
humanidade. Se não fossem alguns homens se renderem
ao estudo da ciência, ainda hoje a teoria da evolução seria
aceita como a mais plena verdade sobre a origem da
humanidade. Cientistas cristãos estão cada vez mais
empenhados em provar a veracidade do Criacionismo e
provar que ciência e cristianismo podem andar de mãos
dadas.
ARTES, DIVERSÃO E ESPORTES
Deus se importa com esta área da mesma maneira com
que se importa com a celebração no culto dominical. O
nosso problema é que não conseguimos enxergar Deus
sorrindo, dançando ou se divertindo. Para muitos cristãos,
falar dessas coisas é o mesmo que estar blasfemando ou
brincando com o caráter Santo de Deus. Ora, a santidade
de Deus é que permite a nossa alegria, mesmo na dança.
Isso inclui os ritmos, e todos os tipos de artes. A pintura, as
coreografias, os instrumentos, as luzes, as cores e todo o
tipo de criatividade devam ser apresentados a Deus como
meio de louvor e adoração. A utilização de todos os meios
e formas no louvor ou na evangelização nada mais é do
que uma maneira que nós temos de agradecer a Deus pela
maneira que Ele nos fez. (Ex.15:20; Sl.150:4; Jr.31:1-4,13;
Sl.33:1-3; Sl.81:1-3; Sl.134:2-3; 2ª Cr.5:13,14; At.3:8;
Sl.141:2; 1ª Tm.2:8; Sl.47:1). Tentamos nos desculpar
dizendo que os ritmos, as danças e as grandes festas
promovidas pelo povo de Deus eram sempre realizados
fora do templo. Bom, conheço algumas exceções como
At.3:8 e 2Sm.6:15-18, mas, qual a diferença entre dançar
ou aplaudir ou dar brados de vitória a Deus fora ou dentro
do templo. Não é o lugar que determina quem Deus é.
Deus é Deus. Se podemos adorá-Lo com danças e com
todos os instrumentos fora do templo é claro que podemos
adorá-Lo da mesma forma do lado de dentro, a atitude é a
mesma desde que feita com toda a sinceridade e
reverência de nossos corações. Por muito tempo, após
minha conversão, esta era uma das questões que mais me
deixava intrigado. Depois de muitas observações e alguns
estudos minuciosos, resolvi que iria “experimentar” louvar
a Deus com o mesmo entusiasmo que fazia outras coisas
como vibrar com a conquista de um campeonato de futebol
ou comemorar a conquista de um bom emprego. Confesso
que esta foi a mais importante escolha que eu já fizera no
meu relacionamento com Deus, em questão de segundos
caíram por terra toda àquela formalidade que deixava Deus
tão distante. Naquele exato momento eu
não estava mais preocupado com meus próprios problemas
ou se as pessoas estavam me olhando, o que eu queria
naquele momento era estar louvando a Deus da maneira
mais sincera que eu podia encontrar. Tudo isso sem apelos
sentimentalistas e superficiais, não senhor, ali eu estava
sendo o mais sincero que eu podia ser não estava
preocupado com o que iriam dizer, mas, sim, se aquilo tudo
estava chegando à presença de Deus com aroma suave e
aceitável. Isso é para mim o verdadeiro sacrifício de louvor,
não algo insensível, nem extremamente hipnotizante, é
algo que sai do coração, do mais profundo da alma. Não
quero só direcionar o assunto para a área da música, as
artes, o lazer e os esportes envolvem inúmeras outras
coisas. O lazer, por exemplo: Há algum tempo atrás
críamos que o modelo de cristão era aquele que vivia com
a Bíblia debaixo do braço e sempre estava sério. Não era
permitido se distrair, relaxar, sair da rotina, afinal, o diabo
podia aproveitar este momento de descontração para nos
tentar. Quanta bobagem! Se observarmos o caráter de
Deus e os Seus ensinos, vamos encontrar vários momentos
de profunda diversão, várias vezes os profetas e os
discípulos são pegos em momentos de divertimento.
Procure você mesmo observar os momentos de
descontração de Jesus com os discípulos. Todos nós
precisamos de momentos alegres e divertidos para
recuperar as forças para enfrentar os problemas do dia-adia. Se decidirmos marcar presença em cada um destes
setores não só contribuiremos para o crescimento do Reino
de Deus, mas também aprenderemos lições inesquecíveis
sobre a soberania e os propósitos de Deus.
O MODELO PARA A IGREJA DO REINO
O que me proponho a discutir nessas poucas páginas é
nada mais do que o fruto de algumas experiências que
tenho vivido ao longo dos vinte anos andando com Jesus. O
meu desejo é que possamos unir forças para que muitos
outros irmãos aprendam sobre Deus e o Seu Reino e assim
a redenção desta terra seja realizada o mais breve possível
com atuação constante e consciente de cada indivíduo do
Reino de Deus em prol desta geração. Não poderia
encerrar esta obra sem dizer o que eu penso sobre uma
Igreja Para O Século 21. A lei mosaica estava tão cheia de
complementações que era impossível obedecê-la. Apenas
os fariseus se diziam capazes de interpretá-la fielmente
tornando-se assim os maiores corruptores dos
mandamentos de Deus, usavam e abusavam da autoridade
religiosa sem nenhum escrúpulo ou amor ao próximo. Não
é de se estranhar que Jesus inicie sua pregação anunciando
que só a partir Dele mesmo é que o evangelho do reino de
Deus era chegado àquela geração. Estudando a Igreja
Evangélica nos últimos cinqüenta anos, percebemos que
esse quadro se repete, os pastores e líderes religiosos
assumiram o lugar dos fariseus e sacerdotes judeus
tomando pra si toda a autoridade sobre a interpretação da
“vontade de Deus” para suas comunidades. Neste
momento da história da Igreja podemos registrar um sem
número de erros doutrinários e teológicos, o fato é que
estamos banalizando os princípios básicos da vida cristã.
Não nos surpreendemos mais com a
imoralidade nos relacionamentos, acostumamos a ver os
líderes das igrejas com todo o poder nas mãos e ninguém
pode fazer nada com medo de estarem se levantando
contra o “ungido de Deus”, as nossas táticas de
levantamento de dinheiro nas igrejas são no mínimo
extravagantes e parece não haver mais esperanças de que
isso possa mudar um dia. Existe uma tarefa para a Igreja
que não está submetida aos sistemas, métodos, teologias
ou qualquer vontade humana. A tarefa de evangelização
nesta terra é mais sublime entre todas as outras, porque
concretiza o que Jesus disse: “Digo-lhes a verdade: aquele
que crê em mim fará também as obras que tenho
realizado. Fará coisas ainda maiores do que estas, porque
eu estou indo para o Pai”. (Jo 14.12) Jesus veio para salvar
o que estava perdido, e a Igreja no início do século 21
ainda tem o desafio enorme de levar esta mensagem para
todos os cantos da terra. Há uma interpretação de Mateus
24 onde diz que este evangelho do Reino deve ser pregado
em toda a terra, e aí sim virá o fim. Perdoem-me os autores
que dizem algo diferente, mas eu espero ver a Igreja da
minha geração assumindo essa responsabilidade
alcançando todo o mundo para Jesus.
O apóstolo Paulo disse que ele não podia deixar de pregar
o evangelho , sendo o mesmo declarado pelos apóstolos no
relato de Atos . Acredito que a obra missionária tem sido
abandonada pelas novas lideranças das igrejas, isto é uma
realidade extremamente preocupante! Como faremos as
obras maiores que Jesus disse que faríamos se
abandonamos a nossa maior responsabilidade neste
mundo? Posso rapidamente alistar alguns motivos que
fizeram a Igreja deixar de lado a ação missionária nos
últimos 10 anos:
1) Missões deixaram de ser relevantes devido à
secularização da Igreja;
2) Missões não tornam a vida dos crentes mais fácil, e isso
agride profundamente a nossa teologia de prosperidade e
restituição;
3) Missões exigem um investimento muito alto, mas o
retorno é para o Reino e não exclusivamente para a igreja
local;
4) Missões não devem ser apenas mais um dos
departamentos de uma Igreja, mas, sim, a sua tarefa
específica. As nossas construções, passeios ou retiros virão
sempre depois.
Na minha pouca experiência como líder de missões na
igreja local, observei que estes motivos relacionados acima
têm tornado a obra missionária em segundo plano. Não
enfrentamos acirradamente os problemas da língua, da
cultura ou da distância, o nosso maior impedimento somos
nós mesmos, que insistimos em colocar missões em último
lugar na lista de prioridades das nossas congregações. O
sustento dos missionários é sempre feito por último, as
ofertas missionárias é sempre do que sobra, a oração pelos
povos é sempre no fim do culto, o testemunho missionário
precisa ser rápido para não cansar os irmãos. Estamos
invertendo as coisas na igreja, colocamos em primeiro
lugar as necessidades locais, depois as do Reino.
"Uma igreja não existe para si mesma,
mas, sim, para o mundo".
- George Carey Muitos livros estão sendo escritos que ensinam sobre
métodos, atitudes, estratégias para o crescimento da
Igreja. Confesso que precisei resistir bastante para não
rechear este trabalho com algumas dessas estratégias,
afinal de contas, nossos líderes estão cada vez mais
acostumados com os Manuais de Orientações, com as
receitas prontas. Entretanto, depois de gastar pelo menos
os últimos dez anos pesquisando com quais métodos eu
mais me identificava, e tentando definir aquelas atitudes
na Igreja que eu sonhava, me dei conta que essa não seria
a
melhor proposta depois de discutir os assuntos acima da
forma com que tentei colocá-los. Nos meus tempos de
seminário, tinha um professor de Sociologia que sempre
dizia que estava ali para provocar-nos a reagir enquanto
abordava os assuntos da matéria. Foi isso que propus no
meu coração quando sentei pela primeira vez em frente ao
computador para digitar as primeiras frases desse trabalho.
Imaginei que poderia provocar algumas pessoas a pensar
com uma motivação diferente acerca do Reino de Deus;
tenho lido algumas coisas acerca do assunto e poucos
autores tem conseguido mexer de fato com o meu coração.
Sonhei que se eu escrevesse as minhas impressões sobre a
Igreja e a realidade do novo século talvez pudesse
despertar alguns para debater melhor sobre o assunto e
quem sabe chegarmos a um ponto comum, mesmo que
interpretássemos um ou outro ponto de vistas diferentes. O
que eu acredito é que a nossa geração, principalmente a
brasileira, precisa ser sacudida da mesma maneira que a
Europa nos tempos da Reforma protestante. Aliás, esse é
um assunto muito importante, pois se formos observar com
muita sinceridade nós da América, sobretudo a parte
latina, não vivenciamos nenhum tempo de reforma, a
nossa história revela que nossa teologia foi herdada dos
missionários estrangeiros e hoje tem se mantido importada
das mais variadas práticas made in USA.
Talvez seja a nossa vez de erguermos uma bandeira
reformista, não revoltada com algum dogma ou preceito
das igrejas históricas, mas interessada em atender as
necessidades e responder às questões do nosso tempo
com responsabilidade e biblicamente fundamentadas.
Onde estão os teólogos brasileiros do século 21? Quem
serão os nossos referenciais nas próximas décadas?
Conheço pelo menos uma dezena de homens
extremamente capacitados e experimentados que tem
esse perfil, eles que me influenciam muito hoje, porém
estamos tão anestesiados pela teologia importada que não
consultamos os nossos Pais Brasileiros, preferimos agir
como filhos adotados e dependentes da visão que vem de
fora e na maioria das vezes ignoramos nossa cultura, não
formulando respostas aos problemas da nossa gente. Que
bom seria se pastores, líderes e leigos abrissem grupos de
discussão e convidando em seus Congressos alguns desses
homens que estão a tanto tempo nos mostrando o caminho
certo e não os damos ouvidos. Será que você já ouviu falar
de Ariovaldo Ramos, Ed René Kivitz, Ricardo Gondim,
Robson Cavalcanti, Russel Shedd.... Esses homens são os
profetas nacionais que anunciam uma teologia brasileira.
Quando vamos dar-lhes ouvidos? Esses são os homens que
eu tenho aprendido nos últimos anos, mas com certeza
existem tantos outros que buscam uma Teologia Brasileira,
contemporânea, contextualizada sem perder a essência
bíblica. Muitos “papas”
das igrejas mais influentes do Brasil defendem um
tradicionalismo a muito ultrapassado, insistem em “manter
paradigmas” que só provocam discussões e exclusões sem
sentido. Jesus Cristo dizia que os fariseus se afastavam de
Deus por querer manter as práticas da lei que não levariam
o homem a lugar nenhum. Não me entenda mal, não estou
fazendo apologia à “anarquia evangélica”, isto não é
bíblico, mas, é tempo de erguermos os nossos olhos e
enxergarmos este tempo da História. Se nos calarmos
diante das realidades atuais seremos como os fariseus ou
escribas dos tempos de Jesus, onde se orgulhavam da
tradição religiosa não experimentando da graça de Deus,
rejeitando os propósitos divinos. Segundo Gálatas 4.4,
Jesus veio na “plenitude dos tempos”, isto é, havia um
projeto, um tempo determinado para que Jesus chegasse a
este mundo. Ao estudarmos a história entendemos que
Deus levou em conta não só o tempo, mas preparou todas
as coisas para que o mundo conhecesse aquele que é “o
Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. O Reino de
Deus é dinâmico e atende as necessidades do homem para
cada época em que se vive à história. No Antigo
Testamento Deus tratou de escrever os 10 Mandamentos
como referencial a nação que estava se formando, já no
Novo Testamento, Jesus resume os Mandamentos em
apenas dois, amar a Deus e ao próximo. Sendo assim, é
possível concluir que Deus se importa com o contexto
cultural, histórico e social em que vive a humanidade.
Não somos mais a mesma sociedade de trinta anos atrás,
não atribuímos o mesmo senso de valor, as mesmas
características quanto à vestimenta, vocabulário, sonhos e
tantas outras coisas. A Igreja pós-Moderna não deve se
contaminar com as práticas do mundo, mas também não
pode se enclausurar em doutrinas tradicionalistas que
afastam as pessoas. O apóstolo Paulo na mesma carta aos
Gálatas vai nos dizer que não podemos nos submeter ao
jugo de escravidão, segundo a lei, mas viver livres,
servindo a Deus. Mesmo depois da virada do milênio somos
muito influenciados pelo que os nossos pais e líderes nos
deixaram como legado. Acredito que muitas coisas que
escrevi aqui podem causar certo mal estar e até uma
pontinha de escândalo em alguns líderes na igreja,
aproveito o espaço para pedir-lhes perdão, só que o mundo
hoje precisa de uma Igreja que seja mais humana, isto é,
que se preocupe de fato com as feridas da alma, com a
limitação da mente e que ofereça oportunidades que
atendam a busca incessante do homem pelo sobrenatural,
o místico. Infelizmente os mais carismáticos e até os
pentecostais assumiram uma posição de detentores do
poder de Deus enquanto os mais tradicionais cuidam
apenas das suas organizações, organogramas e
intermináveis assembléias. Nada disso atrai o homem
moderno, o evangelismo neste século precisa de crentes
muito mais preocupados com o bem estar do homem
integral, uma visão holística é fundamental para
alcançarmos não só a alma, mas ainda a mente, os sonhos
e as necessidades do ser humano. Chega de sair apenas
pra ganhar “almas para Jesus”, temos que ir para ganhar
homens, mulheres e crianças – gente de verdade – que vão
encher nossas igrejas adorando a Deus em espírito e em
verdade. Vamos parar de discutir qual a cor do “backlight”,
o ar-condicionado central ou o novo revestimento das
paredes do templo. É hora de darmos pão ao faminto e
água ao que tem sede, se fizermos isto aí sim estaremos
servindo a Deus. Precisamos procurar os anjos que vagam
pelas nossas comunidades conforme Hebreus descreve aos
que se praticam a hospitalidade . Espero que este trabalho
possa despertá-lo a influenciar esta sociedade de maneira
eficiente e ativa, agradeço ao Senhor pelo privilégio de
serví-Lo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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FILHO, Caio Fabio D´Araujo. Mais que Um Sonho. Ed. Vinde
– São Paulo, SP.
CUNNINGHAM, Loren. Aprenda a Vencer Usando as Táticas
de Deus. Ed. Betânia – Belo Horizonte, MG. RAMOS,
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Ultimato – Viçosa, MG.
OLIVEIRA, Pr Jairo de. Missões a Razão da Existência da
Igreja. Ed. Abba Press. São Paulo, SP. QUEIROZ, Edison.
Administrar Missões. Ed. Vida Nova. São Paulo, SP.
BOYER, Orlando. Heróis da Fé. Ed. Livros Evangélicos. 1ª
Ed. Rio de Janeiro, RJ.
KIVITZ, Ed René. Quebrando Paradigmas.
GONDIM, Ricardo. Pastores em Perigo.
SHEDD, Russel. Missões ________________________. Teologia
Bíblica de Missões. CPAD, RJ.
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