CIODONTO CLÍNICA INTEGRADA DE ODONTOLOGIA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM IMPLANTODONTIA JOSÉ BRUNO KESSNER JUNIOR PLANEJAMENTO VIRTUAL NAVEGADO E TRANSFERÊNCIA GUIADA UMA SOLUÇÃO PARA REABILITAÇÃO ORAL COM IMPLANTES E CARGA IMEDIATA GUARULHOS 2009 CIODONTO CLÍNICA INTEGRADA DE ODONTOLOGIA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM IMPLANTODONTIA JOSÉ BRUNO KESSNER JUNIOR PLANEJAMENTO VIRTUAL NAVEGADO E TRANSFERÊNCIA GUIADA UMA SOLUÇÃO PARA REABILITAÇÃO ORAL COM IMPLANTES E CARGA IMEDIATA Monografia de exigência conclusiva apresentada à CIODONTO - CLÍNICA INTEGRADA DE ODONTOLOGIA, como requisito para a obtenção de título de Especialista em Implantodontia na área de Odontologia. Orientador: Professor Mestre Roberto Buschetti Ferrari Guarulhos 2009 JOSÉ BRUNO KESSNER JUNIOR PLANEJAMENTO VIRTUAL NAVEGADO E TRANSFERÊNCIA GUIADA UMA SOLUÇÃO PARA REABILITAÇÃO ORAL COM IMPLANTES E CARGA IMEDIATA Orientador: ____________________________________________ Prof. Ms. Roberto Buschetti Ferrari Examinador: __________________________________________ Prof. Ms. Paulo Yataro Kawakami Examinador: _______________________________________________ Prof. Ms. Ulisses Tavares da Silva Neto Conceito: Guarulhos, 9 de julho de 2009 Dedico este trabalho, como um momento singular de minha vida, a quem tenho dedicado os 20 anos mais recentes do meu viver. Você me trouxe a oportunidade de me reescrever, me compreender: sua existência propôs-me como objetivo de vida tornar-me alguém melhor, objetivamente melhor, conscientemente melhor, devotadamente melhor, quando assim eu conseguir. Mas, melhor comparado a quem? Melhor comparado a mim mesmo no dia de ontem, no ano passado, o melhor que eu possa ser. E para que ser, ou pretender ser melhor? Porque em você eu vi a oportunidade, e a amorosa responsabilidade de ensinar pelo exemplo da conduta, no melhor que posso ser. Dedico este trabalho, assim como tanta coisa nesses 20 anos, a você Anna Luiza, minha amada filha. “Tudo é símbolo, e sábio é aquele que lê em tudo.” Plotino Agradeço aqueles que amam sem reivindicar a posse; aos que amam com dedicada entrega; aos que com amor, me acolhem; aos que com sensível e sutil compreensão, souberam estender a mão para dar de si e receber de mim. Agradeço a mais justa expressão da solidariedade humana, que a Amizade gesta. E quando percebermos a quem gestou? Diremos: o HUMANO em nós. Correndo os riscos ao qual se expõe quem ousa falar ou praticar a justiça, mas legitimado pelo coração que clama, quero declarar minha gratidão ao Triunvirato, aos três pilares desta minha preparação que agora concluo, ao Roberto, Paulo e Ulisses. Ao Roberto B. Ferrari, querido orientador, a quem admiro desde o primeiro contato há 5 anos, por sua disposição em considerar as pessoas e questões envolvidas, e só fez crescer o meu respeito por ele. Ao Paulo Y. Kawakami, com sua paciência, indulgente exigência, flexível determinação pela excelência, meu mais recente amigo nipo-tropical, o meu respeito e admiração. Ao Ulisses T. Silva Neto, arguto e objetivo em suas análises e decisões, leal e carinhoso ao manifestar opiniões, semeador de minha admiração e respeito. À Fátima „Fatinha‟ Faraco, amiga há mais de duas décadas. Combatente de primeira hora, quando fomos à USP há quase um ano. Por seu interesse, por seu grande coração, meu muito obrigado, amiga. À Valdite „Val‟ P. Fuga, pela revisão gramatical, pelas horas doadas, horas compartilhadas, inteligência aguçada. Pela aplicação do seu conhecimento e experiência, neste tempo, quando um conhecimento de quase três décadas, germinado se fortalece na amizade. À Alice de Paula, a mais recente amiga nesta filarmônica de boa vontade em que tantos se aplicaram. Você “botou ordem na casa”, diagramou a bagunça que eu fazia a cada introdução de imagem. Pela acolhida, pelo carinho, pelas viagens filosóficas, pela dedicação que só amigos têm, obrigado. Como foi bom sentir-me em casa, a cada quinta-feira, quando ao chegar à Adoci ser recebido com alegria pela Silvia, pelo Zé Reinaldo, e todos os colaboradores desta “Grande Família Adoci”. Que gostoso lembrar da camaradagem do Emmanuel, da Gildete, e Luciene. Por todo esse afeto recebido abraço a vocês com o mesmo carinho. À Anna Luiza, que com a habilidade dos jovens encontrou soluções onde eu vi problemas, apresentou engajamento em algumas pelejas na preparação da aula de apresentação da monografia, no computador e seus recursos. Sou grato a todos aqueles que assim como o sal, em pequenas doses tempera e fazem a grande diferença exaltando o sabor da vida! Dentre eles meu carinhoso agradecimento a vocês novos Implantodontistas cria do Triunvirato, vocês que comigo formamos o nós, que desataram os nós, dessa deliciosa ventura dos nossos estudos. À Candice Cesário, minha leal auxiliar, que cuidou com carinho por 5 anos do consultório ambulante necessário às viagens semanais, toda quinta-feira. Obrigado àquele que me honrou com sua confiança, prestigiou com sua atenção, me envolveu e se permitiu envolver por uma deliciosa convivência responsável e amistosa. Grato a você meu estimado Paciente. Àqueles que cuidaram de si liberando-me para os estudos, aqueles que cuidaram daqueles a quem eu deveria cuidar, liberando-me também. Àqueles que torceram por mim, em silêncio, anônimos, e que ao lerem esta frase saberão reconhecerem-se aqui. E assim, “Gracias a la vida, que me hai dado tanto...” SUMÁRIO 1 - Introdução 09 2 - Proposição 10 3 - Revisão da Literatura 11 4 - Discussão 17 4.1 – Diagnóstico por Imagem 17 4.1.1 - Radiografia Periapical 4.1.2 - Radiografia Oclusal 4.1.3 - Radiografia Panorâmica 4.1.4 - Telerradiografia ou Cefalometria Lateral 4.1.5 - Tomografia 18 18 18 19 19 4.1.5.1 - Tomografia Convencional 4.1.5.2 - Tomografia Volumétrica 4.1.5.3 - Tomografia Computadorizada 19 20 20 4.2 - Prototipagem Biomédica e Biomodelos 4.3 - Custo Biológico e Financeiro nas Técnicas Tomográficas Computadorizadas - CT 4.4 - Planejamento Virtual 4.5 - Descrição da Técnica - um edentado total de maxila 4.5.1 - Planejamento 4.5.2 - Procedimento Cirúrgico 4.5.3 - Procedimento Clínico/Laboratorial, Fase Protética 24 25 25 26 26 28 30 5 – Conclusões 35 6 – Referências Bibliográficas 36 RESUMO Fundamentado em duas premissas, a saber: a) a posição do implante deve ser rigorosamente compatível com a reabilitação protética, b) o planejamento prévio e a exata transferência transoperatória são as chaves do sucesso em implantodontia; este estudo apresentado buscou encontrar uma solução que se mostrasse segura, reprodutível, previsível, cujos resultados pudessem ser avaliados como bem sucedidos. A resposta surge com o emprego de imagens obtidas por tomografia computadorizada, a possibilidade de navegar dentro do campo virtual 3D, operar o paciente “reabilitado previamente” num enceramento diagnóstico e, por fim, conseguir transferir essa resolução para o campo real, ou seja, para o paciente e sua vida. O Planejamento Virtual Navegado associado à Cirurgia Guiada podem trazer essa resposta. Palavras-chave: tomografia computadorizada 3D, planejamento reverso, planejamento virtual navegado, cirurgia guiada, cirurgia transmucosa. ABSTRACT Based on two assumptions: a) the implant´s position must be strictly compatible with the prosthetic rehabilitation; b) the prior planning and the precise transoperatory transference are the keys of success for implantology; this study had the intention to find a solution that appeared to be safe, reproducible, predictable, and whose outcomes could be evaluated as successful.The answer turns up with the application of images obtained from computirezed tomography, the possibility of navigating within a 3D virtual field, operating on the patient “previously rehabilitated” in a diagnostic wax-up, and finally transferring this resolution to the real field, that is, for the patient and his life. The Navigated Virtual Planning associated to Guided Surgery can bring out this answer. 9 1 – INTRODUÇÃO O desenvolvimento de tecnologias para criação de imagens tridimensionais, por meio de tomografias computadorizadas, computerized tomography and tridimentional images, CT/3D trouxeram a implantodontia a possibilidade de antevermos sítios e situações que, certamente, nos protegerão, ao Cirurgião-Dentista e ao paciente, das “surpresas” e frustrações próprias que nos acometem quando a realidade se contrapõe às nossas expectativas. Uma vez obtidos os dados colhidos por CT/3D podemos navegar por cortes tomográficas e imagens 3D e, assim procedendo, instalar implantes e conectores nas posições e ângulos mais favoráveis, considerando a disponibilidade óssea, as estruturas anatômicas significativas, e não menos importante, a biomecânica e a estética da futura prótese conclusiva do caso. Ainda recorrendo à tecnologia por computação, é viável construir e aplicar em nossos pacientes, guias cirúrgicos para instalação de fixações para implantes dentais. É possível mesmo, a partir desses guias a elaboração de próteses para instalação no pósoperatório imediato. Tais próteses, dependendo das circunstâncias do caso, poderão ser consideradas provisórias, transitórias ou, até mesmo, definitivas. 10 2 – PROPOSIÇÃO A proposta desta monografia centra-se na revisão dos textos e estudos publicados em anos recentes, com intuito de reconhecer e considerar a viabilidade prática do emprego do recurso da tomografia computadorizada, CT/3D, aliada aos aplicativos de software, para a reabilitação virtual e sua transferência para o campo real no cotidiano da clínica reabilitadora por implantes dentais. 11 3 - REVISÃO DA LITERATURA Nos dias atuais é consenso entre os implantodontistas a realidade da instalação com larga margem de sucesso de fixações com restaurações imediatas e, em casos de múltiplos implantes, a aplicação de carga funcional imediata. Tal recurso cita Wittner, em 2007 (16), é descrito pela primeira vez por Ledermann (1979), em pacientes edentados mandibulares. Ainda segundo Wittner, uma mudança conceitual surge quando Wolfinger (2003) propõe a escolha e posicionamento de alguns poucos, cinco exatamente, porém, suficientes implantes capazes de suportar a restauração imediata em mandíbulas edêntulas, com bem sucedidas fixações em longo prazo entre 96,6% a 99,4%. O mesmo Wittner lembra Branemark et al. (1999), De Bruyn et al. (2003), Malo et al. (2003) e Wolfinger et al. (2003), que demonstram ser possível com apenas três a quatro implantes, instalarem-se próteses com cargas funcionais imediatas. Hoje, e cada vez mais, o uso de imagens sugestivas da realidade anatômica dos sítios cirúrgicos, deixa de ser um recurso possível, para tornar-se um instrumento imprescindível no planejamento e execução de reabilitações protéticas associadas a implantes osteointegrados, em pacientes edêntulos. Com o propósito de avaliar a confiabilidade da transferência entre o campo real (origem dos dados geradores de imagem) para um campo virtual (onde esses dados criam sítios impalpáveis) e o retôrno ao campo real acrescidos de implantes, Fortin e colaboradores apresentam um estudo em 2002 (3), Nele descrevem o grau de precisão da transferência do planejamento pré-operatório para implantes orais, baseados em imagens geradas por tomógrafo cone-bean, a partir de implantes instalados em modelos mestres (MM), trabalhadas em sofware específico para implantodontia oral, transferidas por perfurações a contramodelos (CM) por meio de mecanismos robóticos. No estudo in vitro em 3 tipos de modelos edêntulos (modelos mestres) a saber: 1 maxila e 1 mandíbula de cadáver e 1 bloco em acrílico, instalouse 16 implantes de 2.0mm x 10,0mm, com perfurações de 1.8mm x 10,0mm. O trabalho contou com baixo índice de improvisação na manipulação, uma vez que as perfurações foram feitas roboticamente por máquina semi-automática. Para orientar os sítios do estudo, onde virtual e real receberam os implantes e, ainda, simular a verdadeira situação clínica, um guia tomográfico foi confeccionado a partir de próteses restauradoras. Após compararem as 12 imagens CT dos MM e CM, obteve-se como resultado um desvio padrão menor que 0,2mm em translação e menor que 1,1 graus em rotação. Em um outro artigo, em 2004 (4), Fortin et al propõe o planejamento tridimensional pré-operatório, utilizando um sistema de imagens geradas a partir de recursos CT/3D, na confecção de um guia-cirúrgico para a perfuração e colocação de implantes intraósseos. O objetivo daquele estudo foi ilustrar um sistema modificador, tanto do protocolo cirúrgico, quanto do protético, tornando possível a cirurgia sem retalho, além da preparação pré-operatória de uma prótese provisória ou de transição. Após um ano de acompanhamento, todos os 10 pacientes sujeitos do estudo apresentavam implantes estáveis (o autor não cita quantos implantes) e todas as próteses (não especifica quais os tipos) estavam funcionais. Assim propõe Wittner (16) em 2007, estudos realizados em 2003, nos quais se diz pioneiro na combinação de cirurgia transmucosa, sem retalho, com instalação de quatro implantes, assistida por computador e carregados no pós-operatório imediato, para reabilitação de mandíbulas edentadas. Observamos ser a tomografia computadorizada, CT/3D cone-bean, um ótimo recurso diagnóstico dos sítios cirúrgicos. Ademais, os programas aplicados a esses dados, revelam-se um precioso instrumento no planejamento reverso dos casos e os gabaritos cirúrgicos, assim como a própria navegação transoperatória, um valoroso auxiliar para o sucesso da boa localização dos implantes. Senão vejamos: Van de Velde et al. (14), em 2007 comentam evidências da possibilidade de cargas imediatas (com até 3 dias pós-operatórios) e cargas precoces (a partir de 3 semanas pós-operatórias), respeitada a janela entre 4 e 21 dias pós-operatórios, como viáveis e bem sucedidas, tanto em sobre-dentaduras, quanto em próteses fixas em mandíbulas. Os autores descrevem estudos nos quais concluem que implantes de hexágono externo carregados imediatamente em protocolos inferiores de 4 a 6 fixações, com acompanhamento de 3 anos, respondem com margem de sucesso em 96,7% dos casos e perda óssea entre 0,1mm inicial, até 1,8mm 1 ano após, sem perda significativa observável 3 anos após a instalação dos implantes e da carga imediata. Cannizzaro et al., (1) em 2007, relatam casos clínicos, objetos de estudo em que 33 pacientes recebem 202 implantes em maxila, 149 em rebordos cicatrizados, outros 53 em alvéolos frescos e em todos eles instalaram-se próteses imediatas (21 fixas, 12 sobredentaduras). Em 5 pacientes (10%) foram necessários retalhos para controle de perfuração. 13 No trabalho relatado, 3 implantes foram perdidos (1,5%) e 100% das próteses obtiveram sucesso em controle até 12 meses pós-instalação. Rao e Benzi, (10) em 2007, descrevem a instalação e preservação mínima de 1 ano, de 51 implantes instalados com carga funcional imediata, entre junho/2002 e dezembro/2004, na região de primeiros molares inferiores. O protocolo clínico-cirúrgico do estudo ditou procedimentos de análise de sítios cirúrgicos, a saber: limas endodonticas, para verificação de espessura gengival; radiografias periapicais, a sugerirem altura óssea disponível; e, por meio de modelos de gesso, determinou-se o diâmetro dos implantes. Em modelos de trabalho instalaram-se implantes e conectores protéticos, sendo possível, a partir daí, a confecção de coroas protéticas personalizadas em acrílico, tidas como restaurações temporárias transitórias que, após 3 meses, foram substituídas por coroas cerâmicas puras. No resultado reportam índice de sucesso de 94% para função imediata e 100% para função tardia. É interessante destacar que os autores recorreram sempre a implantes com superfície tratada. Os procedimentos de antissepsia foram respeitados, porém dispensou-se o uso de campos cirúrgicos estéreis, assim como se utilizou luvas de procedimento. O acesso cirúrgico ao osso foi transmucoso, isto é, sem retalho, sem punch, usando-se as próprias brocas lança. O emprego de guias cirúrgicos precisos, confiáveis e estáveis possibilita a real transferência de inclinação, nível de emergência e altura cervico-oclusal, tanto dos implantes propriamente ditos, como dos conectores, ambos previamente selecionados e a instalação das restaurações personalizadas para cada caso. Sherry et al.(12), ainda em 2007, relatam um caso clínico em que, a exemplo de Rao e Benzi (2007), um primeiro molar foi instalado após 3 meses de avulsão dental. Esse artigo merece citação por usar tomografia computadorizada 3D, CT/3D no levantamento de dados, na escolha de implantes e conectores, cirurgia virtual, confecção de pilar em zircônio customizado, restauração personalizada temporária. O inusitado e extremamente interessante é a criação de um gabarito cirúrgico por estereolitografia no compartilhamento dos dados CT/3D e o software apropriado ao caso e, não mais a partir do modelo de trabalho; isto é, será a partir do gabarito cirúrgico que teremos o modelo de trabalho e não o inverso como tínhamos até então. Nickenig et al. (7) publicam em 2007, trabalho desenvolvido por eles, entre julho e novembro/2005, quando instalam implantes dentais em pacientes da Clínica da Força Aérea Alemã, em Colônia. Após o atendimento de 102 pacientes, com um total de 250 implantes fixados, relatam terem obtidos dados pré-operatórios necessários ao diagnóstico e planejamento do caso por meio de CT/3D. A tomografia é tomada com emprego de guias 14 tomográficos obtidos a partir de enceramento diagnóstico, começando-se, dessa maneira, a visualizar aquilo que passamos a chamar planejamento reverso. Assim, foi possível saber quais os casos exigiam enxertos ósseos de altura ou espessura, quais aqueles que solicitavam respeito às estruturas anatômicas circunvizinhas, quais as cristas de rebordo poderiam ser operadas por técnica sem retalho (transmucosa), ou quais aquelas que necessitariam serem regularizadas por meio de cirurgia aberta. Para 147 implantes, ou seja, 58,1% foi possível cirurgia sem retalho conforme planejamento e com sucesso. Ainda se faz necessário ressaltar, que em 4 casos em mandíbula posterior, devido à reduzida distância interoclusal, o gabarito cirúrgico só foi aplicável procedendo-se uma redução de 50% no comprimento das anilhas guias que, assim, ficaram com 4mm. Nickenig conclui em seu trabalho sobre as vantagens de recorrer à CT/3D e seus desdobramentos. É notório observar que, nesse estudo, não se fala sobre próteses provisórias imediatas, precoces ou tardias. Num estudo preliminar em 2007, Ozan et al (9) propõem a instalação de implantes em pacientes total ou parcialmente edentados, sob carga precoce, ou seja, 2 meses para mandíbulas, 3 meses para maxila. Com o auxílio de imagens CT/3D planejou-se as áreas, dimensões e localização espacial de 59 implantes para 12 pacientes. Por meio desses dados, confeccionaram-se gabaritos cirúrgicos, tanto para as cirurgias abertas (com retalho), quanto para as cirurgias fechadas (transmucosas). Randomicamente, determinaram-se pacientes para os dois grupos de estudo: a) 5 pacientes, 14 implantes sem retalho; e b) 7 pacientes, 45 implantes sob técnica convencional, a retalho. Após 2 a 3 meses, os sítios foram acessados para instalação de pilares e suas respectivas próteses: próteses unitárias, parciais fixas e sobre dentaduras. Dos 59 implantes, 1 foi perdido no grupo de cirurgia com retalho no primeiro mês. A taxa de sobrevida foi de 98,3% em 9 meses. Nesse estudo, os autores observaram por meio de imagens CT/3D e software apropriado, a média de densidade óssea em escala de Unidades Hounsfield (HU) em homens maiores, quando comparada às mulheres. Os resultados sugerem que a cirurgia guiada sem retalho é viável a partir dos resultados obtidos por tomografia computadorizada e trabalhados em software compatível. Um caso de instalação de dois implantes contíguos na região de molares inferiores direito é relatado por Marchack em 2007 (6). Em seu trabalho, descreve um protocolo que segue desde o levantamento de dados, diagnóstico, fase laboratorial pré-cirúrgica, cirurgia propriamente dita e a instalação de prótese provisória imediata sem carga funcional, a saber: · Fase pré-cirúrgica: modelos de estudo, enceramento diagnóstico, confecção de guia tomográfico sobre a reprodução do modelo encerado, marcação com guta-percha do guia, registro interoclusal, tomada tomográfica do guia instalado no paciente e na mesa, 15 transferência dos dados obtidos na CT para o computador, conversão desses dados para um programa específico 3D (gerando imagens tridimensionais), cirurgia virtual com seleção e instalação dos implantes. O encaminhamento desses dados é necessário para confecção por meio de estereolitografia do guia cirúrgico e suas anilhas, avaliação e ajustes do guia no paciente e no modelo, obtenção com silicone de relação interoclusal entre o arco com guia e seu antagonista, com auxílio do guia cirúrgico instalar análogos de pilares previamente selecionados no modelo de trabalho, confecção do provisório em resina acrílica. · Fase cirúrgica: anestesia infiltrativa mínima, colocação do gabarito no arco dental, instalação de um pino estabilizador transverso ao sentido dos implantes. Daí inicia-se a fresagem de perfuração dos alvéolos implantares: punch gengival e counter-sink, broca piloto, osteotomia com broca 2mm e seqüência de perfurações até o diâmetro indicado para o tipo de implante e densidade óssea, colocação de conectores protéticos pré-selecionados, cimentação das restaurações provisórias, ajustes para infra-oclusão e cuidados com toques parafuncionais. Após a osteointegração, procede-se a confecção e instalação de restaurações protéticas definitivas. Casap et al em 2005 (2) descrevem, também, uma técnica para instalação de implantes por cirurgia, guiada com recursos obtidos por CT/3D e instalação de prótese com cargas funcionais imediatas. Nesse caso, os autores relatam a reabilitação de um paciente edentado total mandibular e propõe o seguinte protocolo: a) após anamnese, exame clínico e radiográfico inicial (panorâmica); b) o paciente indicado para a técnica recebe a colocação de 3 mini-parafusos (1,8mm diâmetro, com 6mm de altura). Esses parafusos serão os apoios do guia tomográfico e, posteriormente, do guia cirúrgico, conferindo-lhes a estabilidade necessária, uma vez não contar o arco com os dentes suporte. Assim, como a técnica descrita por Marchack, Casap obtém previamente a prótese imediata para o caso. No entanto, por tratar-se de prótese fixa total, nessa técnica além da restauração imediata, aplica-se carga imediata aos implantes, uma vez que sendo em número de 6 a 8 fixações, esses implantes estariam esplintados entre si e ofereceriam a imprescindível estabilidade inicial ao tratamento. Malo e colaboradores (5), em 2007, propõem próteses fixas para pacientes com maxilas e mandíbulas edentadas totais. O protocolo de seleção dos casos cuidados, pré e pósoperatórios, técnica cirúrgica e conclusão protética são bastante semelhantes aos até aqui descritos em cirurgias transmucosas guiadas por CT/3D. A peculiaridade reside na realização de cirurgia protocolo com 4 implantes a suportarem a reabilitação do arco em questão. Nesse estudo, o autor descreve o tratamento de 23 pacientes (18 maxilas e 5 mandíbulas) com 92 implantes instalados e acompanhamento médio de 13 meses (6 a 21 meses). Por ser um estudo 16 de evidências clínicas, avaliou-se a cada retorno e controle o grau de mobilidade dos implantes, relato de conforto do paciente, supuração e infecção. A perda óssea foi acompanhada por radiografia aos 6 e 12 meses. Do cumulativo dos implantes remanescentes, foi calculada a média estatística e analisada; implantes remanescentes igual a 97,8%, sendo 97,2% em maxila e 100% em mandíbula. A perda de osso marginal (saucerização) foi de 1,9mm no primeiro ano de acompanhamento. Wittner e colaboradores (15), em 2007, propõem técnica cirúrgica com cirurgias assistida por navegação computadorizada, instalando terminais eletrônicos conectados à mandíbula do paciente com o propósito de orientar a instalação de implantes entre os forames mentoais por acesso transmucoso, mas sem guia cirúrgico para posicionamento. Dados como quantidade, qualidade, relevo ósseo, vizinhanças com estruturas anatômicas nobres foram reconhecidos previamente por meio de CT/3D. Nesse estudo, em que 20 pacientes (14 homens / 6 mulheres) receberam 4 implantes cada, totalizando 80 implantes instalados entre os forames mentoais, houve sucesso na instalação de 78 deles. Dois implantes (2,5%) não atingiram estabilidade primária, devido à fenestração do osso vestibular, ocorrido por descontrole na direção de perfuração. Na avaliação pós-operatória por imagens CT, observouse desvio médio de 0,7mm em toda e qualquer direção. Em outro trabalho Wittner et al. (16), em 2007, relatam estudo de fixação de 100 implantes em 25 pacientes, 4 implantes em cada área interforamidal no mento. Agora, os autores instalam próteses imediatas sob carga funcional, sendo fixada por fricção aos pilares de conexão protética. Os resultados publicados relatam média acumulada de sobrevivência e sucesso após 2 anos para os implantes imediatamente carregados de 97,7%. Com relação às próteses, os autores relatam sucesso clínico de 100% após 2 anos. Thomé e colaboradores (13), em 2008, publicam uma proposta para a otimização da técnica de reabilitação oral com implantes dentários. Partem da premissa da contemporaneidade do sucesso no conceito de carga imediata, seguindo preceitos de esplintagem imediata, excelência no polígono de distribuição dos implantes, passividade no assentamento protético, desenho e superfície do implante, anatomia local, qualidade e quantidade óssea e a técnica cirúrgica propriamente dita. 17 4 – DISCUSSÃO Esta seção tem com objetivo reconhecer o estágio atual dos recursos da imagemologia para levantamento de dados, como instrumento auxiliar diagnóstico e sua aplicação conjugada a softwares em navegação de cirurgia computadorizada. Como resultado, o implantodontista pode contar com recurso de um gabarito de orientação na fixação cirúrgica de implantes e sua conclusiva resolução protética. DIAGNÓSTICO POR IMAGEM: Em todas as situações clínicas são recomendáveis ao clínico, assim como ao cirurgião, o maior número possível de dados que enriqueçam de informações a anamnese. Esses dados trarão ao profissional, recursos para um diagnóstico preciso do caso e, na seqüência, um rico e abrangente planejamento condutor da reabilitação oral em questão. Imagens sugestivas da situação real do sítio ósseo, protocolarmente, são obtidas com exames radiográficos convencionais, tais como radiografia panorâmica, periapical aplicada com a técnica do paralelismo, oclusal e radiografia cefalométrica em norma lateral que nos fornecerão informações imprescindíveis para o planejamento dos casos de reabilitação oral. Esses recursos foram usados como definitivos até os idos de 1972. A partir de então, técnicas tomográficas desenvolvidas por Godfrey Hounsfield e Alan Comark trouxeram soluções para entendimento tridimensional, para projeções bidimensionais dos corpos e objetos. Quando em 1985, Schwartz e Hothman desenvolveram programas de reconstrução multiplanar específicos para uso em Odontologia, as técnicas tomográficas ganharam aplicabilidade na Implantodontia e, dessa maneira, passouse a ter informações preciosas para a previsibilidade cirúrgica como: morfologia dos rebordos alveolares, altura e espessura do local dos implantes, bem como a situação espacial, isto é, inclinação e nível do implante em relação aos dentes e rebordo alveolar. A seguir, discorrerei, de maneira sucinta, sobre as várias técnicas de geração de imagens disponíveis ao Implantodontista que foram, algumas ainda são e outras, certamente, estarão cada vez mais presentes como instrumentos no diagnóstico, no planejamento, ação cirúrgica e, por fim, na proservação e acompanhamento dos tratamentos reabilitadores com implantes. As fontes de consulta foram: capítulo 3 desenvolvido por Ribeiro e Faria (11) no livro sobre Carga Imediata e Implantes Osteointegrados da Editora Santos; e, capítulo 2 18 „desenvolvido por Chilvarquer, Chilvarquer e Hayek (8) para o livro Planejamento Virtual em Implantodontia da mesma Editora Santos. Radiografia Periapical: A aplicação da técnica do paralelismo, com posicionadores, nos fornece imagens com pouca distorção e ampliação, rica em detalhes da estrutura óssea alveolar, alterações no espaço periodontal, da lâmina dura, além de patologias relacionadas ou não com os dentes das áreas adjacentes. Por ela, pode-se estimar o remanescente ósseo no sentido vertical. Infelizmente, não nos fornece informações sobre a dimensão vestíbulo-lingual do processo alveolar e em 25% dos casos não se identifica o canal mandibular. Essa técnica é recomendada na observação de controle da interface implante/processo alveolar. Radiografia Oclusal: Trata-se de um recurso aplicável nos casos mandibulares pela técnica ortogonal. Essa técnica pode nos confundir causando a falsa impressão de disponibilidade óssea, pois não identifica com exatidão variações anatômicas no sentido horizontal, tais como fóveas mandibulares e espaços abaixo da linha oblíqua interna. A técnica ortogonal é contra-indicada em avaliações maxilares, devido à superposição de imagens de estruturas como osso frontal, ossos nasais, forame incisivo, espinha nasal anterior e rebordo alveolar. Na técnica oblíqua a distorção de imagem torna questionável. Radiografia Panorâmica: Na década de 1970, Paatero propõe o seu uso e, desde então, o uso dessas imagens é largamente difundido em Odontologia, proporcionando em uma única exposição uma visão geral das arcadas. Em Implantodontia, a radiografia panorâmica com ampliação vertical constante é usada corriqueiramente nos planejamentos pré-operatórios e controle radiográfico. Numa relação comparativa com as radiografias periapicais, as panorâmicas apresentam menor detalhe e maior ampliação das estruturas anatômicas, mas por outro lado tem-se maior área de exame. Oferecem ampla visibilidade da maxila e mandíbula, bem como das áreas circunvizinhas. Dessa forma, é possível observar variações anatômicas dos seios maxilares, do canal mandibular e forame mentoal, presença de patologias, tais como cistos dentígeros, ceratocistos e ameloblastomas. Quando comparada aos exames tomográficos, essa técnica apresenta margem de segurança quanto a desvios de magnificação de 10% no sentido vertical. Por se tratar de imagem sugestiva bidimensional, não demonstra inclinação do processo alveolar e suas proporções no sentido vestíbulo-lingual. Ainda assim, como as imagens são confiáveis no sentido vertical, muitas vezes percebe-se limitação de altura do rebordo, o que contra-indicaria a solicitação de técnicas imagemológica mais apurados como as CT e, empiricamente, já determinando a direção do plano de tratamento para um enxerto autógeno antes do implante propriamente dito. As panorâmicas são 19 obrigatórias no controle pós-operatório imediato, quando da instalação de implantes nas técnicas de carga imediata, para que o cirurgião avalie os limites entre os implantes e as estruturas nobres no sentido vertical, assim como sua inclinação no sentido mesio-distal. Telerradiografia ou Cefalometria Lateral: Usadas imperativamente em ortodontia para estudos craniométricos do desenvolvimento e acompanhamento craniofacial, essa imagem projetada também pode ser, utilizada em implantodontia, pois demonstra a inclinação do processo alveolar, sua dimensão vertical e vestíbulo lingual, no plano mediossagital, nas regiões anteriores de maxila e mandíbula. Informa, ainda, em pacientes edêntulos, a relação da prótese e/ou guia cirúrgico com o rebordo alveolar residual, a relação maxilo-mandibular e o perfil dos tecidos moles. Porém, vale ressaltar que essa projeção é bidimensional e apresenta sobreposição de imagens do lado direito e esquerdo do paciente. É notório em cada uma das técnicas radiográficas supracitadas vantagens e desvantagens, fazendo-nos imaginar uma situação ideal onde pudéssemos compor o melhor de cada uma delas, de maneira a termos a possibilidade da interpretação tridimensional do espaço em análise; em outras palavras, um entendimento espacial do sítio em estudo para recepção do futuro implante e sua prótese conclusiva. Tomografia: A partir do Congresso Internacional de Sistemas e Médias Radiológicas, em 1962, estabeleceu-se que toda a técnica radiográfica que trouxesse imagens de cortes seccionais de uma região anatômica, receberia a denominação de tomografia: tomo, volume, fatia e suas espessuras de corte. Antes, essas técnicas recebiam nomes como serigrafia, laminografia, escanometria ou técnica radiográfica multisseccional. Essas técnicas geram imagens que não apresentam sobreposição das estruturas anatômicas, pois são baseadas em cortes seccionais transaxiais do corpo humano. A visualização da ponte de conexão entre a prótese, fruto do enceramento diagnóstico e a real oferta óssea, são estabelecidos pela combinação de técnicas radiográficas convencionais e tomográficas, sendo imprescindíveis para os casos de reabilitação com implantes que recebam carga imediata. Fica clara a necessidade do entendimento por parte do radiologista sobre as informações relevantes ao implantodontista, para que esse possa selecionar e planejar o tratamento com previsibilidade e segurança. Tomografia Convencional: Também conhecida por Pluridirecional ou Planigrafia, indicada em larga escala para o planejamento de implantes osteointegrados. Obtida com aparelho do tipo tomografia linear (bidimensional), que gerava imagens capazes de disponibilizar ao implantodontista informações sobre altura e espessura óssea disponível. Por princípio, a formação de imagens se dá pela movimentação em direções opostas do tubo 20 de raios-X e o filme e num momento específico, essas velocidades se anulam formando a imagem. Infelizmente, essas imagens trazem borrões óticos criados nas regiões vizinhas a este momento de velocidade nula, onde uma velocidade reduzida forma uma imagem sem nitidez ao lado da imagem desejada, dificultando a localização e visualização das estruturas nobres, além de magnificação de até 40% acarretando um alto risco no planejamento cirúrgico. Para corrigir essas limitações, foram desenvolvidos equipamentos que associaram o princípio dos movimentos multidirecionais ao conceito tomográfico. Assim, tomografias pluridirecionais possuíam uma melhor definição das imagens em comparação com as lineares. Porém, ainda apresentavam magnificação em torno de 10 a 25% e ausência de detalhes de estruturas anatômicas em determinadas regiões, por realizarem cortes com espessura de até 2 mm e intervalo entre cortes de até 2,5mm. Por isso, em meados de 2002, as entidades de Radiologia Odontológica e Imagemologia indicavam as tomografias convencionais pluridirecionais para pacientes candidatos a até três implantes seqüenciais, devido à redução de custo e da dose de radiação. Equipamentos específicos realizam a dinâmica de movimentação, podendo ser lineares, na horizontal ou na vertical, denominando-se tomografia linear; ou podem executar movimentos circulares mais complexos, a chamada tomografia multidiredional. Tomografia Volumétrica: Essa tecnologia é possível a partir de equipamentos de menor custo quando comparados à CT, tornando-a muito interessante para a Odontologia. Sua relação custo benefício entre dados e imagens alcançados a partir de custos inicial e operacional reduzidos, é bastante atraente ao Cirurgião-Dentista e ao paciente. Como desvantagem técnica, temos a impossibilidade de aquisição de imagens de tecidos moles. Em contrapartida, trata-se de um exame digital tridimensional que possibilita reconstruções em 3D e a geração de imagens no formato DICOM (Digital Imaging and Communications in Medicine), permitindo exportações desses dados para recursos de diagnósticos mais sofisticados; leia-se programas para computadores. Tomografia Computadorizada Cone Bean: a tomografia convencional e a tomografia computadorizada têm sido técnicas de escolha para observar o tecido ósseo e dentes dos maxilares para avaliação de patologias, traumas e no planejamento cirúrgico/protético de tratamento com implantes dentários. Nos idos de 1980, a Cia.Siemens lançou a tecnologia cone bean (CBCT) para utilização em arteriografia digital, mas foi abolida por não apresentar resultados satisfatórios. No entanto, em Odontologia, mais particularmente em Implantodontia, a CBCT apresenta aplicabilidade, ao usar um feixe cônico de raios-X, com forma redonda ou retangular, centralizado em um sensor bidimensional para realizar uma varredura numa rotação de 360° 21 ao redor da cabeça do paciente. Durante a varredura, uma série de 360 exposições ou projeções é adquirida, uma a cada grau da rotação, fornecendo dados digitais para a reconstrução do volume por algoritmo computacional. Dependendo do equipamento, o tempo de varredura varia de 17 segundos a pouco mais de 1 minuto. A reconstrução multiplanar da aquisição primária permite gerar imagens bidimensionais e tridimensionais em qualquer plano selecionado. O poder de resolução de imagens desse sistema varia de mais de 2 lp/mm (pares de linha/milímetro). A imagem final pode ser impressa na escala 1:1. Multi-Slice (Fan Bean): em 1972, Godfrey Hounsfield anunciou a invenção de uma técnica revolucionária, nomeada como tomografia computadorizada transaxial. Com essa técnica, ele pode produzir uma imagem seccional axial do corpo humano, utilizando um feixe de raios X colimado e divergente. Materiais possuindo cristais de cintilação detectavam o feixe remanescente de radiação. O sinal analógico resultante era registrado por um computador, digitalizado e analisado por algoritmos matemáticos, cujos dados eram reconstruídos como uma imagem tomográfica axial. Godfrey Hounsfield conquistou o prêmio Nobel de Medicina. As imagens por meio de CT são mais sensíveis que os sistemas de raios X convencionais, por possuírem capacidade de diferenciar tecidos humanos de densidade física similares. Desde seu advento, a tomografia computadorizada recebeu muitos nomes, cada qual se referindo a um aspecto da técnica: “tomografia computadorizada axial”, “tomografia computadorizada por reconstrução”, “tomografia computadorizada por varredura”, “tomografia axial”, “tomografia computadorizada transaxial” e “tomografia computadorizada standard”. Nos dias atuais, a terminologia mais utilizada é tomografia computadorizada, abreviada por CT. Para se ter uma idéia da qualidade dessas imagens e sua interpretação, em CT Multi-slice com 64 canais é possível, por exemplo, em caso de tumores de glândulas salivares, analisar e diferenciar o seu aspecto patológico do parênquima glandular. Esse refinamento de dados, traduzidos em imagens, nos permite ter detalhadas avaliações da densidade óssea, traduzindo-se em rico conhecimento para a previsibilidade no tratamento com implantes, pois em regiões com baixa densidade óssea, há baixa estabilidade primária do implante comprometendo o prognóstico. Por outro lado, em regiões com alta densidade óssea, há risco de superaquecimento durante o preparo ósseo para a colocação dos implantes, o que nos recomenda perfurações gradativas e copiosamente irrigadas. A densidade óssea é relevante na escolha do diâmetro dos implantes, na seqüência de perfuração durante o preparo ósseo, no período de osteointegração, na capacidade de receber cargas oclusais, no polígono e número de implantes. As radiografias periapicais ou panorâmicas não são muito precisas na 22 determinação da densidade óssea, porque as lâminas corticais geralmente obscurecem a densidade do osso trabecular, sendo vantajoso o recurso do emprego da CT. Em sua forma mais simples, a CT consiste em um tubo radiográfico que emite um feixe colimado em forma de leque, direcionado a detectores de cintilação ou câmara de ionização. Dependendo do princípio geométrico ou mecânico da varredora, tanto o tudo radiográfico, como os detectores podem formar um anel contínuo ao redor do paciente e o tudo de raios-X se move em círculo no anel detector. A varredura CT emprega esse movimento para a aquisição de imagem denominada varredura por incremento, pois a imagem consiste em uma série de imagens axiais contínuas ou interpostas. Mais recentemente, a CT foi desenvolvida para adquirir imagens de forma espiral, helicoidal e multi-slice; todas com tecnologia volumétrica, tecnologia cone beam para a realização de esconograma ou scout view. A diferença entre a CT médica e a odontológica ocorre no momento da reconstrução multiplanar. Nas tecnologias odontológicas são posteriores a aquisição volumétrica; e, nas tecnologias multi-slice (médicas) são posteriores às aquisições transaxiais. 23 A imagem da CT é uma imagem digital, reconstruída pelo computador que, matematicamente, manipula a transmissão de dados obtidos de múltiplas aquisições. Assim, se uma aquisição é feita a cada 1/3 de grau, 1080 projeções resultam durante o curso de uma simples rotação de 360°. Dados derivados dessas 1080 projeções que constituem 1 corte, contêm informações necessárias para construir uma única imagem. Apesar de a tomografia convencional proporcionar informações similares sobre a anatomia da maxila e da mandíbula, a CT permite a reconstrução de imagens seccionais de toda a maxila ou mandíbula, ou de ambas, utilizando uma única aquisição de imagem (figura 1). O uso de CT médicas, multislice, permite ainda a confecção de protótipos biomédicos e guias cirúrgicos. Em que pese esses recursos e informações auxiliarem na confecção desses aparatos e, fundamentalmente, na contribuição para o diagnóstico, elas ainda são imagens bidimensionais que requerem conhecimento e experiência do observador para a interpretação das imagens. Essa limitação levou ao desenvolvimento de programas computadorizados que reconstroem os dados da aquisição axial de CT e geram imagens tridimensionais (3D/CT) (figura 2). 24 Uma das primeiras aplicações da 3D foi no estudo de pacientes com suspeita de hérnia de disco e estenose intervertebral. Desde então, a 3D tem sido aplicada em cirurgia de reconstrução crânio-facial, no tratamento de deformidades congênitas e adquiridas, avaliação de tumores intracranianos, lesões benignas e malignas no complexo maxilofacial, lesões da coluna cervical, fraturas pélvicas e deformidades de pés e mãos. Essa avaliação, de forma tridimensional, permite a confecção de protótipos no tamanho real que podem ser utilizados como modelos cirúrgicos e na produção de gabaritos cirúrgicos, a fim de orientar espacialmente a posição dos implantes, bem como a criação prévia das próteses complementares ao caso. A tecnologia multi-slice, quando empregada no estudo e planejamento de carga imediata, permite avaliação dos tecidos moles adjacentes ao rebordo alveolar, que nos vale a importância de prever condições para uma boa compatibilidade dos tecidos periimplantares. Prototipagem Biomédica e Biomodelos – Por definição é a materialização das informações geradoras de imagens axiais tomográficas, por meio de tecnologia de impressão utilizada há muito tempo em diversas áreas da engenharia, conhecidas como sistemas CAD (Computer Assisted Design). Sua aplicabilidade no tratamento de desordens craniofaciais, vem desde 1992, na Bélgica. Nos dias de hoje, essa tecnologia reproduz os ossos da face em resina acrílica, com margem de distorção de 0,02mm em relação às medidas reais do paciente. Esse material é de fácil manipulação e pode ser submetido à autoclavagem, isto é, esterilização em autoclave como material plástico embalado. Maior fidedignidade e por conseqüência confiabilidade são os biomodelos obtidos com o auxílio da tomografia computadorizada multi-slice fan beam, pois essas realizam cortes seccionais isoladamente de cada parte constituinte das estruturas. Dispomos de três principais tecnologias para criação de biomodelos e protótipos: a) Impressão Tridimensional (3D Printer), entendida como um processo que utiliza camadas de material em pó, onde um rolo distribui e comprime esse pó na mesa da câmara de produção. Uma cabeça injetora deposita um adesivo líquido em um traçado bidimensional na camada do pó para dar forma ao objeto. Esse sistema ocorre numa velocidade de confecção muito adequada; porém, a perda de detalhamento superficial do modelo em relação à fonte real é claramente notória. Em que pese essa desvantagem na qualidade, é uma tecnologia largamente utilizada por seu baixo custo operacional. b) Sinterização Seletiva a Laser (SLS), quando acontece a aplicação de um pó termoplástico espalhado por um rolo sobre a superfície de execução do protótipo. Um feixe de laser é aplicado na superfície com o pó firmemente comprimido, para fundir e ligar seletivamente, formando uma camada do objeto. Essa 25 tecnologia fornece modelos de alta resistência e precisão. c) Estereolitografia (SLA) é o método pioneiro na obtenção de biomodelos tridimensionais. Esses modelos são confeccionados de polímeros líquidos que se solidificam quando expostos à radiação de um feixe de luz ultravioleta. É a tecnologia com maior exatidão e de melhor acabamento superficial. Porém, seu custo operacional é o fator limitante ao seu emprego em larga escala. Custo Biológico e Financeiro nas Técnicas Tomográficas CT – Segundo as Normas de Radioproteção e Dosimetria e a Resolução 453 do Conselho Nacional de Energia Nuclear (CNEN), não existe dose máxima permissível ao paciente; mas, sim, a dose necessária para se obter informações que conduzam a uma boa interpretação radiográfica e um precioso planejamento cirúrgico/protético. Quanto ao custo financeiro, é uma questão de bom senso, como tudo na vida. Se o caso requer mais informações, for de maior complexidade e inspirar maiores cuidados na coleta de informações, justifica-se o investimento na solicitação de exames complementares CT. Alguns casos podem ser bem resolvidos com recursos de imagem de menor custo financeiro, sem prejuízos biológicos futuros ao paciente, ou profissionais ao Implantodontista. Planejamento Virtual – É assombroso o desenvolvimento tecnológico observado nas duas últimas décadas, maior do que em qualquer outra área do conhecimento humano. Mais interessante, ainda, graças a esse estupendo desenvolvimento, novos conhecimentos vêem à tona, propondo novas aplicações em tecnologias já consagradas além, é claro, de retro alimentar as já existentes. Recentemente, os profissionais vivenciam uma nova era no planejamento cirúrgico-protético das reabilitações por implantes: a Cirurgia Virtual Guiada. Por conta da alta qualidade e confiabilidade nos dados e imagens geradas e transmitidas a partir de CT/3D, torna-se possível materializar na escala 1:1, de modo volumétrico, estruturas anatômicas e sítios de intervenção, considerando o emprego de softwares específicos para manipulação odontológica, tais como o Nobel Guide (Nobel Biocare), o Simplant (Materialize) ou o Dental Slice (Bioparts). Uma vez de posse desses dados e imagens geradas na tomografia, esses serão exportados ao software eleito para manipulação e, assim, poderão juntos, o Protesista, o Tecnólogo em prótese dental e o Cirurgião-Implatodontista planejarem o caso completo e executarem virtualmente a cirurgia no computador, a referida Cirurgia Virtual. Esse planejamento no campo virtual gera novas informações já, então, adicionadas ao programa e são remetidas ao laboratório para a confecção do gabarito ou guia cirúrgico. Esse será o instrumento, a ponte, que possibilitará transferir do mundo virtual para o dito mundo real, aquilo que foi idealizado para o paciente. Esse guia confeccionado pela técnica da estereolitografia. é realizado prevendo-se a 26 necessidade de apoio em estruturas rígidas, por exemplo, os dentes remanescentes no arco ou o rebordo em questão. DESCRIÇÃO DA TÉCNICA – um edentado total de maxila Descrevo, a seguir, a técnica proposta por Thomé e colaboradores (2008) para uma reabilitação total de maxila, com o recurso da cirurgia guiada por gabarito obtido a partir de dados levantados em tomografia computadorizada, trabalhadas em software Dental Slice (Bioparts, Brasília, Br). Tal gabarito orienta a seleção dos implantes, sua posição espacial no rebordo considerando-se oferta a óssea, bem como suas necessidades estéticas e biomecânicas da conclusão protética. Planejamento - Após o exame clínico, anamnese, exames laboratoriais e radiográficos preliminares, estando o paciente em condições apropriadas para o tratamento por prótese implanto retida e suportada, iniciamos o planejamento do caso. Tendo em mente o conceito de planejamento reverso, isto é, partirmos por hipótese da conclusão da reabilitação para a condição inicial e real do paciente, é primordial termos uma prótese com o melhor padrão de excelência em prótese total muco-suportada. A partir da moldagem anatômica moldeira funcional com respectiva moldagem para obtenção de modelo de trabalho, é importante reafirmar os cuidados com selamento periférico e boa delimitação da área basal, com recortes de freios e bridas. Assim, os planos de cera são confeccionados sobre uma base de prova sem flange vestibular na região anterior e o plano superior é ajustado. Considerando-se que estamos planejando e executando uma prótese definitiva, o plano oclusal antagonista, inferior no caso, deverá estar restabelecido. Após a obtenção dos modelos, os mesmos deverão ser montados em articulador semi-ajustável para a montagem de dentes. Temos, a seguir, a prova funcional no paciente, observando-se suporte de lábio, corredor bucal, linha do sorriso, linha média, fonação, dentre outros requisitos estéticofuncionais. Por isso, essa montagem funcional é chamada, também, de montagem de diagnóstico, porque permite a visualização da futura reabilitação, tornando possível avaliar as condições oferecidas pelos tecidos de suporte, contribuindo na decisão do tipo de prótese que iremos propor ao paciente: se fixa sem flange para suporte labial; se, protocolo, com flange, para as devidas compensações horizontais e verticais necessárias ao caso. Mesmo que, por 27 escolha diagnóstica, se opte por prótese fixa, agora a montagem funcional receberá a flange anterior para a duplicação que vem a seguir. Sobre o modelo em duplicata da montagem diagnóstica, será confeccionado o guia tomográfico (GT) em resina transparente que permite a visualização da área basal. Esse GT será marcado na região da flange vestibular com um desbaste com brocas esféricas de 1 a 2 mm, em um mínimo de cinco a sete pontos distribuídos na área de incisivos laterais, primeiros pré-molares e segundos molares. Esses foramens cegos são preenchidos com guta percha para futuramente gerarem imagens radiopacas sem outros artefatos. Assim sendo, a GT é instalada na boca do paciente para a obtenção do registro interoclusal com silicone pesada. Mais do que propriamente relacionar os arcos dentais antagonistas, o registro justifica-se por evitar a superposição de imagens entre os dentes superiores e inferiores. Logo, é importante que o paciente seja conduzido ao encontro da relação central, porém evitando-se o contato interoclusal. Quando da tomada tomográfica, o paciente estará usando, ambos, o GT e o registro. A seguir, uma tomada tomográfica é feita somente com o guia tomográfico, GT sobre a bancada. As imagens são armazenadas em “compact disc” (CD) e encaminhadas ao Cirurgião-Dentista que, com o emprego de um software (no caso descrito por Thomé, o Dental Slice da Bioparts, Brasília/BR), realize a seleção, a instalação dos implantes e dos intermediários protéticos que melhor possam se adequar a reabilitação proposta no modelo diagnóstico. Concluída a “cirurgia virtual”, o Cirurgião recolhe dados coletados e informações criadas no planejamento e as remete via internet para a Bioparts para ser confeccionado o guia cirúrgico-prototipado (GC), com anilhas de orientação para a futura perfuração. De posse do 28 GC, faz-se a prova de pertinência junto ao paciente, nova relação inter-maxilar em oclusão, desta vez com o GC posicionado contra o arco antagonista (figuras 3 e 4). O próximo passo será a confecção da prótese transitória ou definitiva a partir do vazamento de modelo de gesso (tecido duro) e silicone (tecido gengival) no verso do GC (figura 5). Para isso, instalam-se análogos de pilar nas anilhas, com auxílio de posicionadores e espaçadores seguindo a altura de pilar e cinta trans-musoca previamente planejados. O mesmo registro interoclusal é aplicado na montagem dos modelos no articulador. Thomé propõe a técnica de cimentação passiva Neodent, de modo que apenas a cimentação dos cilindros fique programada para o pós-cirúrgico imediato. Assim, os transferentes são esplintados com resina acrílica Pattern Resin LS (GC América Inc Alsip, Illinois, EUA) e seccionados no modelo de trabalho, para facilitar o procedimento do índex de cimentação pós-cirúrgico. Procedimento Cirúrgico – Seguindo-se o protocolo profissional, quanto à medicação pré-operatória, assim como os cuidados com assepsia intra e extrabucal, temos a 29 considerar a necessidade da esterilização química do guia cirúrgico. Considerando esses primeiros cuidados, iremos anestesiar o paciente com zelo para não alterar dimensionalmente a área chapeável com edema, visto a inconveniência do comprometimento do perfeito assentamento do GC, provocada pelo excesso volumétrico da solução anestésica, ou algum eventual e acidental rompimento vascular. O guia deve ser estabilizado na área chapeável antes mesmo da perfuração para instalação dos pinos estabilizadores. Por isso, o paciente deverá estar mordendo firmemente um registro interoclusal em silicone previamente obtido (ver figuras 4 e 6). Pelo menos três perfurações transversais de 1,8mm, uma anterior e duas laterais, são feitas para colocação dos pinos estabilizadores. Vencida essa etapa, faz-se a remoção da gengiva imediatamente sublocalizada às anilhas. Essa incisão é feita com bisturi circular, punch, e quando necessário, remove-se o guia para, com absoluta margem de segurança, remover a gengiva com auxílio de lâmina de bisturi n° 15C e pinça dente-de-rato. A seguir, confirmamos a eficiência anestésica e reinstalamos o guia, fixando-o novamente. 30 A seqüência de perfurações deverá ter abundante irrigação, velocidade de 700 rpm e a cada 2 mm avançados, deve-se remover a broca para limpeza e refrigeração. A troca de fresas perfurantes deve ser progressiva diâmetro a diâmetro, observando-se a luva correspondente ao calibre de cada broca, o diâmetro e o comprimento da última fresa compatível ao implante a ser instalado. Os implantes previamente planejados e selecionados devem ter desenho e perfil de rosca que promovam biomecanicamente compactação ou remoção óssea, quando de sua instalação (figura 9 e 10). Temos como exemplo, os implantes da série Titamax CM, na forma Medular (de compactação óssea) e na forma cortical (de remoção óssea), produzidos pela Neodent, Curitiba, Paraná-Brasil. Ambos são de corpo cilíndrico e área cervical com o mesmo diâmetro do implante e montador, para que ele seja guiado desde o início da inserção, sem que ocorra desvio durante a manobra. O montador que acompanha o implante é trocado por outro que faz parte do kit Neoguide. Nesse momento, uma luva extra é inserida na anilha em questão para perfeito ajuste no eixo de colocação. Vale ainda lembrar, da necessidade lógica e mecânica de instalar os implantes em distribuição e seqüência diametralmente simétrica. Com os implantes instalados, faz-se a remoção dos montadores, dos pinos estabilizadores, liberando-se o guia cirúrgico-prototipado. Estamos agora em condições de instalarmos os minipilares previamente selecionados (figura 11 e 12). Procedimento clínico/laboratorial, fase protética – Descrevo, a seguir, a técnica aplicada em clínica de curso de Especialização em Implantodontia (Faisa-Adoci, GuarulhosSP/Br, 2009). Uma vez instalados os minipilares previamente selecionados, ou trocando-os por outros com melhor situação clínica, no que diz respeito à emergência gengival (altura de cinta transgengival), dá-se torque de 30 N aos retos e 18 N aos angulados. Assenta-se a barra de ferulização e suporte, confeccionada e seccionada com antecedência (sobre o modelo de trabalho obtido a partir do guia cirúrgico - ver figura 7), promovendo-se a solda dos segmentos na boca (figura 12 e 13), utilizando o recurso de pincel e Pattern Resin LS (GC América Inc Alsip,Illinois, USA). Uma vez removido, esse conjunto será o recurso usado na confecção do index (figura 14). Agora, montamos os transferentes para moldeira fechada sobre os pilares (figura 15) e com o uso do guia multifuncional (guia tomográfica), moldamos os pilares com silicone pesada (com alívio) e leve (moldagem em dois tempos), para obter um modelo de trabalho fidedigno quanto à anatomia do rebordo, textura gengival e relação espacial barra-rebordo. 31 Nesse momento, estabelecemos, também, um registro interoclusal para montagem em articulador desse novo modelo de trabalho. Confirma-se por radiografia periapical a íntima relação osso-implante-conectorprótese, em que pese a vantagem do implante cone-morsa determinar a submersão óssea do implante e ausência de gaps entre a mesa do implante e seu conector. Verifica-se clinicamente a solda da barra e partimos, então, para a montagem dos dentes. Confirma-se linha do sorriso, linha média, linha dos caninos, relação das incisais com a linha seca do lábio, corredor bucal e tudo a mais de importância funcional e estética. Uma vez aprovada a montagem, acriliza-se a prótese para sua instalação final com apertos de 10 N nos parafusos de prótese (figuras 16, 17, 18 e 19). Como preconizado por Thomé (2008), é de fundamental importância o ajuste oclusal, seguindo-se o protocolo de contatos em balanceio. Como nas próteses totais mucosuportadas, assim também ocorre com as próteses totais implanto-suportadas e retidas. 32 As técnicas de reabilitação por implantes dentais sob carga funcional imediata evoluíram, desde o desenvolvimento de protocolos envolvendo cirurgias guiadas por barras pré-fabricadas e esplintagem, passando pelo uso de recursos da técnica da prototipagem, com a possibilidade de confecção de protótipos e guias cirúrgicos por meio de modelagem computacional, permitindo a simulação gráfica tridimensional na instalação dos implantes. Assim, dados obtidos em 3D permitem visualizar, de forma detalhada, a anatomia do local de instalação, além de permitir a seleção e simulação de instalação dos implantes. Essa técnica cirúrgica tem como principal objetivo minimizar o risco de lesões iatrogênicas, além de aperfeiçoar resultados clínicos (figuras 20, 21 e 22). Em Implantodontia, a técnica utiliza o recurso de imagens de tomografia computadorizada transferidas para um software específico, realizando um planejamento estratégico dos implantes dentários e confecção dos guias cirúrgicos. Nessa técnica é possível 33 acesso transmucoso, isto é, sem retalho gengivo-periostal e, assim sendo, temos pósoperatórios com menores sintomas dolorosos e menos sinais de edema e inflamação. A técnica da cirurgia guiada sem retalho traz um significativo avanço, tanto para reabilitações totais de maxila e mandíbula, como em implantes unitários. Quando apoiados, os guias sobre estruturas dentais estarão mais estáveis, trazendo uma excelente precisão nos resultados da técnica. A filosofia de instalação de implantes guiados pela prótese é uma tendência atual que combina conceitos estéticos e funcionais. 34 A respeito da técnica de Cirurgia Guiada sem Retalho com Carga Imediata é observável: a) Aprimorou-se o planejamento; este é absolutamente reverso, onde se busca a instalação de implantes nos sítios mais favoráveis à resolução mecânica, funcional e estética ao caso, harmonizando oferta óssea com reivindicações protéticas. b) Melhora-se, assim, a previsibilidade; contornando melhor as discrepâncias entre o ideal e o possível, reduzindo-se a distância entre a expectativa e o prognóstico. c) Redução do tempo cirúrgico e dos procedimentos trans-operatórios; considerando que muitas questões dessas fases, previamente, foram estudadas e trabalhadas em sua resolução. d) Aumento do tempo pré-operatório; com enceramento diagnóstico apurado e inadiável, confecção de guias tomográficos e cirúrgicos, além de suas respectivas provas junto ao paciente e tempo de cirurgia virtual. e) Menor morbidade; pois sendo menos invasiva (sem retalho) teremos menor edema, menos dor trans e pós-operatórias, menor sangramento, menor stress físico, além de condições teciduais mais favoráveis para o desenvolvimento dos trabalhos da fase protéticoimediata. f) Melhor conforto ao paciente, pelas questões que já fiz menção. g) Melhor conforto e desempenho da equipe de atendimento; por todas as qualidades inerentes à técnica como está proposta. h) Ganho psicológico; tanto do paciente, quanto da equipe. Reduz-se o nível de stress emocional, por conta da segurança que o longo tempo de relação paciente-profissional trouxe na fase pré-operatória. i) A previsibilidade, fruto do rico planejamento, nos poupará de “surpresas”, filhas da má qualidade de informações ou interpretações. j) Trata-se de uma técnica cirúrgica “amarrada”, isto é, admite todas as correções a qualquer tempo na fase de planejamento. Porém, são estreitos os recursos de “correção de rota” durante o ato cirúrgico propriamente dito. Resta-nos um pouco de campo de manobra e compensações na fase protética, por não ser ainda totalmente virtual é mais “frouxa” no campo real. k) Estamos ao lado de um “farol”, iluminando o momento atual da Implantodontia, apontando o sentido futuro de nossos passos. 35 5 – CONCLUSÕES Podemos dizer que no estágio atual de desenvolvimento da ciência e arte em Implantodontia, os implantes osteointegrados são passíveis de receber reabilitações protéticas com carga e função imediatas e que no topo da lista de desenvolvimento tecnológico, encontramos a tomografia computadorizada 3D e os programas para computadores (softwares). A aplicabilidade dos recursos supramencionados nos leva a conclusão da viabilidade da técnica. 36 6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1) CANNIZZARO, G.; LEONE, M.; ESPOSITO, M.; - Immediate functional loading of implants placed with flapless surgery in the edentulous maxilla: 1-year follow-up of a single cohort study. 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