dor na coluna - APM Piracicaba

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ortopedia
T
Quebrando o ciclo da
dor na coluna
Dr Paulo Humberto Remondi
• Formado pela Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
• Especialização em Ortopedia e Traumatologia pela FMRP-USP
• Especialização em Cirurgia da Coluna Vertebral pela FMRP-USP
• Membro Titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia
• Membro Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia da Coluna Vertebral
Dr. Jornal er uma boa coluna não é diferente de ter
bom coração, um bom pulmão ou um
bom fígado, alerta o dr. Paulo Humberto
Remondi, especialista em Ortopedia e
Traumatologia e em Cirurgia da Coluna
Vertebral. Para ele é necessário ter bom
peso, atividade física rotineira, ter uma boa
relação trabalho/descanso, deixar o cigarro
e sempre manter uma postura adequada
principalmente ao fazer esforço físico.
Em entrevista exclusiva ele fala sobre as
patologias que afetam a coluna vertebral,
nossa base de sustentação.
DRj Quais são as causas para dor na
coluna vertebral?
dr.Paulo Um grande numero de situações
pode produzir dor na coluna vertebral,
que pode ou não vir acompanhada de
acometimento neurológico. Temos
as causas mecânicas e posturais
tais como hérnia de disco, artrose
facetária, discopatia degenerativa,
espondilolistese (escorregamento de
uma vértebra), escoliose(desvio lateral
da coluna), síndroma miofascial; causas
inflamatórias ou auto-imunes, como
espondilite anquilosante, doença de
Forestier; doenças infecciosas como
discite bacteriana, tuberculose vertebral,
tumores primários ou metastaticos, e
também causas extravertebrais, sendo
as mais comuns as doenças renais.
DRj Qual a situação epidemiológica hoje
da dor na coluna vertebral ?
dr. Paulo A dor lombar atinge hoje
níveis epidêmicos em todo o mundo,
sendo que tem grande importância
levantamentos epidemiológicos para se
caracterizar grupos de risco e, com isso,
se estabelecer políticas públicas com
ações preventivas. Já é clássica a frase
que 70% a 85% de toda a população
mundial sentiu ou irá sentir dor nas
costas em algum momento de sua
vida e levantamentos em diversos
países mostram uma prevalência de
dor lombar crônica que varia de, por
exemplo, 20% a 28% em homens e
31% a 38% nas mulheres na Suíça a
59% no Reino Unido. Recentemente,
um levantamento brasileiro feito em
Salvador (BA) mostrou uma prevalência
de 14,7% de dor lombar crônica. Temos
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que levar em conta uma falta de
padronização nestes levantamentos e
também considerar que muitos tratam
apenas de dor lombar, por isso existem
tantas diferenças.
DRj Quais são os fatores de risco para
dor na coluna vertebral?
dr. Paulo Estes levantamentos mostram
que determinados grupos de pessoas
têm mais dor na coluna do que se
comparados a outros grupos. São então
fatores de risco: obesidade e quanto
maior o índice de massa corporal, maior
o risco de dor; tabagismo; sedentarismo.
Indivíduos mais velhos tendem a ter
mais dor do que jovens, indivíduos mais
altos e com má postura, indivíduos que
trabalham muito tempo na mesma
posição têm três vezes mais chance de
ter dor e quem carrega peso tem oito
vezes mais chance de dor na coluna.
Dirigir veículos pesados e máquinas
vibratórias também são fatores de
risco.
D Rj Como a dor na coluna se
manifesta?
dr. Paulo Dependendo da causa ela tem
uma manifestação própria, inclusive nos
dá o diagnóstico clinico, por exemplo,
dor lombar que piora com repouso e
melhora com atividade e um banho
quente provavelmente é muscular. Dor
lombar noturna pode ser lesão tumoral.
Dor na coluna em um pessoa de 40 anos,
aguda, após esforço físico com irradiação
para uma perna provavelmente é uma
hérnia de disco. Dor postural que piora
com atividade e melhora com repouso
pode ser artrose ou dor discogênica.
Uma história detalhada é capaz de fornecer com grande
exatidão a causa da dor e guiar o médico no tratamento ou no
pedido de exames complementares.
DRj Quais são os exames complementares para diagnosticar
as doenças que acometem a coluna vertebral?
dr. Paulo Não que exista um exame certo ou um exame
melhor. Cada exame de imagem é mais apropriado para
se fazer diagnóstico de determinadas patologias. Não se
deve de cara pedir exames complexos para uma lombalgia
aguda, sem alteração neurológica e sem fator de risco,
como por exemplo uma pregressa história de câncer, pois
provavelmente este exame não vai mudar a maneira como
você irá tratar o paciente. Mas os exames que auxiliam
no diagnóstico das patologias da coluna são: radiografia,
tomografia computadorizada, ressonância magnética,
cintilografia óssea, mielografia com ou sem tomografia,
discografia e eletroneuromiografia, lembrando que a suspeita
clinica colhida na história deve orientar o pedido de exame.
DRj Como são tratadas as doenças da coluna vertebral?
dr. Paulo A grande maioria das doenças é tratada clinicamente,
uma minoria cirurgicamente. Por exemplo, somente 10% das
espondilolisteses precisam de cirurgia, de 80% a 97% das
hérnias de disco lombar são tratadas com sucesso sem cirurgia.
Portanto, o tratamento principal é o clinico, que envolve
tratamento medicamentoso com antiinflamatórios hormonais
e não hormonais, miorrelaxantes, analgésicos opiódes e não
opióides, antidepressivos e anticonvulsivantes. Novamente
vale lembrar que o quadro clinico guia o tratamento, por
exemplo: jovem com dor lombar e sem ciática provavelmente
tem uma dor de origem muscular e o corticóide não teria
bom efeito. Já num indivíduo com ciática seria a droga de
escolha. A acupuntura tem resultado muito positivo nas
algias vertebrais. Outro tratamento de suma importância é o
tratamento fisiátrico/fisioterápico, que pode ser dividido em
agudo e depois reabilitação ou tratamento crônico.
DRj Como é a reabilitação do paciente com doença na coluna
vertebral?
dr. Paulo Podemos dividir em agudo: repouso relativo,
medicamentos , aplicação de compressas de gelo por oito
minutos, quatro a seis vezes ao dia, fisioterapia com estimulação
elétrica transcutânea e acupuntura. E crônico: que é mais
complexo e também com maior numero de alternativas, e
basicamente envolve: fisioterapia com calor profundo e terapias
contra-irritativas. Também cabe tratamento medicamentoso e
acupuntura, mas eu acredito que a atividade física seja o fator
mais importante na reabilitação destes pacientes.
DRj Quem tem dor nas costas pode realizar exercícios físicos?
dr. Paulo Sim, não só pode como deve. Se nos lembrarmos da
questão epidemiológica vamos ver que tem mais problemas
de coluna o grupo de pessoas sedentárias, acima do peso,
tabagistas, com má postura e que fazem esforço físico.
Portanto, para deixar de ter dor nas costas é necessário sair
deste grupo e a atividade física é crucial, pois reduz o peso,
melhora postura, aumenta a resistência física o que leva a
uma maior resistência e portanto o esforço do trabalho se
torna menos deletério para a coluna.
DRj Considerações finais
dr. Paulo Dá para ver que ter uma boa coluna não é diferente de ter
bom coração, um bom pulmão ou um bom fígado. É necessário
ter bom peso, atividade física rotineira, ter uma boa relação
trabalho/descanso, deixar o cigarro e sempre manter uma postura
adequada principalmente ao fazer esforço físico.
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7
outubro 2008
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