ALLAN E BARBARA PEASE ATRAÇÃO SEXUAL O que se passa na cabeça de homens e mulheres sobre amor e sexo olho e rosto atração sexual.indd 2 3/2/10 11:12:07 AM Atracao_quark_Desvendando linguagemcorpo FIM2 3/2/10 11:08 AM Page 5 Sumário Prefácio 7 Capítulo 1 | O SEXO NO CÉREBRO Capítulo 2 | PAPO FRANCO SOBRE AMOR E SEXO Capítulo 3 | O QUE AS MULHERES QUEREM DE VERDADE Capítulo 4 | O QUE OS HOMENS QUEREM DE VERDADE Capítulo 5 | PROCURA-SE: RELACIONAMENTO SIGNIFICATIVO POR UMA NOITE – SEXO CASUAL Capítulo 6 | NA SUA CASA OU NA MINHA? – CASOS E INFIDELIDADE Capítulo 7 | COMO ENCONTRAR “A PESSOA CERTA” – O TESTE DA COTAÇÃO PESSOAL COMO PARCEIRO DESEJÁVEL Capítulo 8 | 108 124 151 QUINZE MISTÉRIOS MASCULINOS QUE INTRIGAM AS MULHERES Capítulo 9 | 14 40 54 82 181 DOZE VERDADES SOBRE AS MULHERES QUE MUITOS HOMENS DESCONHECEM Capítulo 10 | TÁTICAS PARA MELHORAR A COTAÇÃO DE HOMENS E MULHERES COMO PARCEIROS DESEJÁVEIS Capítulo 11 | 202 UM FUTURO MAIS FELIZ JUNTOS? Agradecimentos Notas 221 236 254 255 Atracao_quark_Desvendando linguagemcorpo FIM2 3/2/10 11:08 AM Page 6 Atracao_quark_Desvendando linguagemcorpo FIM2 3/2/10 11:08 AM Page 7 Prefácio RMA DE ESPE BANCO Reclamações Joana estava furiosa. Ela de fato pediu um menino de pele negra, nariz marcante e aparência de astro de cinema, mas isso já é ridículo. S omos continuamente confrontados com circunstâncias e questões na área sexual com as quais nossos ancestrais nunca tiveram que lidar. Podemos alterar nossa fertilidade com hormônios, inseminação artificial e fertilização in vitro. Temos a possibilidade de conhecer pessoas por intermédio de agências de encontros e pela internet. Dispomos de cosméticos e cirurgias para melhorar a aparência. E somos capazes de criar vida em laboratório. Nenhuma outra espécie consegue realizar tais coisas. Como seres humanos, somos especialistas em estudar os comportamentos de acasalamento das outras espécies. Podemos prever suas ações e até modificá-las, e conseguimos alterá-las geneticamente para mudar sua aparência. No entanto, quando se trata de escolher um parceiro, poucos de nós são bem-sucedidos ou sequer possuem a real compreensão do processo que isso envolve. 7 Atracao_quark_Desvendando linguagemcorpo FIM2 3/2/10 11:08 AM Page 8 A nossa espécie é a única que se confunde no jogo do amor. Nossos relacionamentos – ou a ausência deles – são fonte constante de debates e um dos principais temas das conversas entre mulheres. Poucas coisas nos dão tanta alegria e orgulho e, ao mesmo tempo, são capazes de nos causar tanto sofrimento e desespero. O amor é o tema mais presente na música, nas novelas, na literatura, no cinema e na poesia. Pessoas de todas as culturas o vivenciam, e todas as culturas têm palavras para descrevê-lo. Então, o que é o amor? Trata-se de uma pergunta que está em pauta há milhares de anos. Pesquisadores de praticamente todas as áreas já tentaram descobrir sua natureza e convencer os demais de suas descobertas, mas nenhuma das respostas apresentadas é conclusiva. Como é difícil compreendê-lo, o amor está sempre sendo definido e interpretado. Por que fazemos sexo? O que leva os homens a estar sempre querendo sexo? O que motiva as mulheres a exigir compromisso deles? Neste livro, responderemos a muitas dessas perguntas. Vamos mostrar o porquê do sexo, do amor e do romance, revelaremos a ciência que informa onde o amor se localiza no cérebro e, o mais importante, diremos o que fazer com tudo isso. Recorremos a trabalhos científicos, pesquisas, estudos de casos e ao humor para facilitar a assimilação desses dados. Em busca da “pessoa certa” Quase todos nós crescemos acreditando que um dia iremos encontrar a “pessoa certa” – aquele ser especial com quem estamos destinados a ficar por toda a eternidade. Mas no caso da maioria das pessoas a vida real não atende essa expectativa. Muitos costumam se casar acreditando que permanecerão unidos até que a morte os separe. A verdade, porém, é que os índices de divórcio em muitos países já 8 Atracao_quark_Desvendando linguagemcorpo FIM2 3/2/10 11:08 AM Page 9 ultrapassam 50%, e a porcentagem de casos extraconjugais está estimada entre 20 e 60%, com as mulheres na menor média, e os homens, na maior. A taxa de divórcio entre aqueles que moraram juntos e depois se casaram é de 25% no Canadá e na Espanha. Na Suécia, na Noruega e na França é superior a 50%. A incapacidade de ter um relacionamento bem-sucedido é vista como um fracasso pessoal pela maioria das pessoas, e isso leva milhões de indivíduos a fazer terapia. O conflito nos relacionamentos, porém, é comum à maior parte das espécies, incluindo a humana. Nos anos 1980, acreditava-se que quase todo o nosso comportamento resultava do aprendizado, mas agora sabemos que a maior parte dele é inerente a nós. Desde o fim do século XX, pesquisadores do comportamento humano vêm divulgando uma quantidade enorme de conhecimentos científicos para mostrar que já nascemos com um circuito cerebral que influencia nossa maneira de agir. Também sabemos que fatores culturais e uma série de forças ambientais − entre professores, amigos, pais e empregadores − influenciam o modo como pensamos e agimos. O resultado é que a nossa natureza e a criação que recebemos estão interligadas de forma complexa. Imagine que em seu cérebro há um sistema operacional complicado como o de um computador. Você nasceu com ele, e esse sistema tem posições-padrão (ou default) às quais retrocede quando está sob estresse – é a nossa parte natural. O lado relacionado à criação se refere ao nosso ambiente, que corresponde ao software que roda em nosso hardware. Natureza = o hardware do nosso cérebro Criação = o ambiente ao nosso redor 9 Atracao_quark_Desvendando linguagemcorpo FIM2 3/2/10 11:08 AM Page 10 Isso quer dizer que não estamos inteiramente à mercê do DNA. O cérebro humano desenvolveu lobos frontais que nos permitem decidir como agir, mas é importante entender que possuímos uma bagagem do nosso passado ancestral. O desenvolvimento do córtex cerebral – a área do cérebro que compara e analisa as informações de todos os órgãos sensoriais e que organiza as memórias e os processos de reflexão – nos permitiu pensar, fazer escolhas e superar nossa natureza intrínseca na maioria das situações. Em relação a sexo, amor e romance, no entanto, aquele sistema que herdamos ainda nos incita a ter as mesmas preferências que os nossos ancestrais e a fazer o mesmo tipo de escolhas que eles faziam. E, como você verá, não há como escapar disso. O ambiente artificial da chamada “igualdade” que criamos, na qual fingimos uns para os outros que todos desejamos coisas idênticas, não é nada mais do que um software politicamente correto. Homens e mulheres querem coisas bem diversas em relação a sexo e amor – nem melhores nem piores, apenas diferentes –, e elas costumam ser ditadas pela nossa programação cerebral. Podemos fazer escolhas conscientes sobre o que pensamos desejar, porém o sistema que herdamos dos nossos ancestrais nos fará ir aonde ele quiser. Este livro mostra que as mulheres estão tão interessadas em sexo quanto os homens – ou em “fazer amor”, como elas dizem – e explica como as necessidades sexuais masculinas e femininas são desencadeadas por diferentes circunstâncias, condições e prioridades. Examinaremos o que homens e mulheres querem de verdade e lançaremos um olhar sobre casos e relações sexuais casuais, além de revelar informações sobre sexo e amor que a maioria das pessoas desconhece. Também forneceremos estratégias para aumentar sua cotação no mercado dos relacionamentos. O que é “fazer amor”? É o que a mulher faz enquanto o homem transa com ela. 10 Atracao_quark_Desvendando linguagemcorpo FIM2 3/2/10 11:08 AM Page 11 Por que o Ocidente acabou lidando tão mal com a questão do sexo? Muitos dos problemas ou bloqueios que o mundo ocidental tem em relação ao sexo podem ser creditados à rainha Vitória, da Inglaterra, e a seu marido, Albert. O reinado de Vitória, de 1837 a 1901, foi marcado por valores morais rigorosos, repressão sexual e pouca tolerância à criminalidade. A existência da homossexualidade feminina era negada, enquanto a homossexualidade masculina era considerada ilegal. Com as conquistas do Império Britânico, os valores vitorianos se disseminaram mundo afora. No ápice da era vitoriana, a regra mandava ocultar as “pernas” dos móveis, como as de mesas e até de pianos, para evitar a excitação sexual. As roupas de banho daquela época cobriam quase todo o corpo, tanto o dos homens quanto o das mulheres. Vitória chegou a decretar que, no meio social mais refinado, peito de frango passaria a ser chamado de “seio” e depois proibiu propagandas que mostrassem roupas íntimas femininas. Naquela época, como agora, para grande parte da sociedade, a nudez era sinônimo de excitação sexual. O puritanismo vitoriano considerava impróprio dizer “perna” em um círculo formado por homens e mulheres; a recomendação era substituir esse termo pela palavra “membro”. As mulheres vitorianas foram ensinadas a nunca se insinuar sexualmente nem ceder a fantasias. Além disso, deviam mostrar total dedicação ao marido, à família e ao país. O sucesso social de um homem era baseado em parte na passividade da esposa, e o conceito admitido por todos era de que as mulheres não tinham nenhuma necessidade sexual própria. Dizia-se então que elas não gostavam de sexo e que as investidas masculinas as obrigavam a “ceder”. Livros daquela época sugeriam que um marido decente esperaria fazer sexo com a esposa no máximo uma vez por semestre e também davam dicas de como os 11 Atracao_quark_Desvendando linguagemcorpo FIM2 3/2/10 11:08 AM Page 12 homens poderiam sufocar suas necessidades sexuais mais frequentes. Em linhas gerais, o conselho popular para aquelas mulheres era relaxar, fechar os olhos e “pensar na Inglaterra”. Como um inglês sabe que sua mulher está morta? O sexo ainda é o mesmo, mas os pratos estão se acumulando na pia. Talvez algumas dessas atitudes vitorianas tenham atingido você de algum modo. Se você fica sem graça toda vez que o assunto sexo é mencionado ou se sente constrangido com piadas sexuais e tenta mudar o tema da conversa, pode atribuir esse desconforto à influência dos valores vitorianos. É por isso que os habitantes de países de língua inglesa, sobretudo da Inglaterra, têm mais bloqueios sexuais do que os de nações europeias que não foram influenciadas pela moral vitoriana. Caso você não tenha nenhuma relação cultural com essa era, mas, ainda assim, se sinta constrangido ao discutir qualquer tópico relacionado a sexo ou a sexualidade, então provavelmente conseguirá identificar as raízes desse incômodo na religião ou nos líderes que exerciam seu poder insistindo que seus seguidores aderissem à sua própria moralidade distorcida. As estatísticas Atualmente, os casamentos têm 50% de probabilidade de fracassar, e há cerca de 85% de chance de que isso seja motivado pela esposa. Estima-se que a cada dia no Reino Unido ocorram três suicídios de homens que pagam altíssimas pensões alimentícias para os filhos. O sistema funciona baseado no princípio de que quanto mais se ganha, mais se paga. Esses homens julgam ser impossível seguir em frente e refazer a vida. Manter um relacionamento e ter filhos pode ser algo maravilhoso. No entanto, quando uma união termina mal, a pessoa pode ficar doente ou 12 Atracao_quark_Desvendando linguagemcorpo FIM2 3/2/10 11:08 AM Page 13 apresentar tendências suicidas. Por isso é tão importante entender como seu cérebro escolhe os parceiros para você. Atualmente, na Europa, para cada casamento há um divórcio. Isso significa que um número cada vez menor de pessoas está se casando e que os matrimônios mais antigos estão chegando ao fim. Cerca de 30% de todas as segundas uniões também acabam em separação. Este livro é baseado em pesquisas atuais − não levamos em conta crenças populares, mitos, a posição das estrelas, conceitos românticos nem ideais politicamente corretos. A maior parte dos tópicos que abordamos aqui se baseia em dados comprovados. Partimos de uma grande quantidade de pesquisas que englobam desde estudos empíricos e experiências científicas a pesquisas sobre relacionamentos realizadas por fontes diversas, inclusive por nós, além de uma compilação de dados sobre os motivos que nos levam a pensar e a nos comportar de determinadas maneiras. Quando o material que analisávamos não apresentava respaldo científico nem evidências plausíveis e confiáveis, nós o descartávamos. Durante os seis anos em que nos dedicamos à preparação deste livro e à pesquisa que apresentamos aqui, nós, que já estamos na meia-idade, tivemos duas crianças por meio de fertilização in vitro, lidamos com um câncer de próstata e todas as suas consequências e enfrentamos obstáculos que podem paralisar ou encerrar a vida amorosa de qualquer casal. Por isso o que expomos neste livro vai além da nossa pesquisa e abrange também nossas experiências pessoais, observações e estratégias, além das impressões de outras pessoas que encontramos nessa jornada. Aproveite! ALLAN 13 E BARBARA PEASE Atracao_quark_Desvendando linguagemcorpo FIM2 3/2/10 11:08 AM Page 14 Capítulo 1 O sexo no cérebro SErXa pa cip prin Aqui diz: “Em seguida, coloque o pino A no encaixe B.” P aixão, atração, romance, “calores”, amor obsessivo, drinques para desinibir... Essas são palavras e expressões que usamos para descrever sentimentos de êxtase, felicidade extrema e alegria que quase todos nós experimentamos de alguma forma em determinado momento na vida. Com eles, vêm sensações de angústia, aflição, dor, agonia, tormento e mágoa. Durante milhares de anos, especialistas tentaram, com pouco sucesso, definir o amor romântico, concluindo por vezes que ele deve ser controlado por forças alheias às pessoas, tais como poderes místicos, sobrenaturais ou espirituais. Não temos, no entanto, dificuldade de classificar outros sentimentos humanos, como depressão, ansiedade, obsessão e medo. Desde os anos 1970, as pessoas sentem uma profunda neces14 Atracao_quark_Desvendando linguagemcorpo FIM2 3/2/10 11:08 AM Page 15 sidade espiritual de amor. Esse anseio é causado pela falência das estruturas sociais que nos garantiam relações próximas com amigos, familiares e a pessoa amada − uma regra que vigorou por milhares de anos. Evoluímos como uma espécie que cuidava dos mais jovens, que compartilhava amor e proteção e cujos indivíduos dependiam uns dos outros e se mantinham próximos em unidades sociais e familiares. Os mais velhos se preocupavam com as crianças, enquanto as pessoas da geração intermediária trabalhavam e proviam a comida. À noite, os idosos contavam histórias para as crianças e lhes falavam sobre os antepassados e a vida. Hoje, esse tipo de estrutura familiar só existe em culturas primitivas, em partes do Oriente Médio, da Ásia, do Mediterrâneo e de países em desenvolvimento. E, como é crescente o número de pessoas que permanecem solteiras ou moram sozinhas, esse abismo continua a aumentar. Por 1 milhão de anos ou mais, as sociedades se estruturaram para aproximar os homens das mulheres. As sociedades contemporâneas, no entanto, os estão distanciando. A erosão da estrutura familiar básica promoveu a perda de valores, fazendo com que filhos cresçam sem os pais e dando origem a um caos emocional. Objetivos iguais, programações mentais diferentes Homens e mulheres têm programações mentais diferentes em relação a sexo e amor, e estas são profundamente influenciadas pelo nosso passado remoto. Em todo o mundo, vítimas de amores fracassados enchem as clínicas médicas por conta da depressão e de impulsos suicidas. De forma geral, os homens contemporâneos são atraídos por imagens e sinais de saúde, fertilidade e juventude da mulher. No caso das mulheres, o que desperta seu interesse em relação aos homens são os sinais de poder, de status, do nível de compro15 Atracao_quark_Desvendando linguagemcorpo FIM2 3/2/10 11:08 AM Page 16 misso e dos recursos materiais que eles podem lhes oferecer. E era assim também que se comportavam nossos ancestrais. Nada mudou muito nos últimos milhares de anos em termos de desejos e motivações sexuais. Essa ideia talvez não caia muito bem em um mundo politicamente correto em que é moda dizer que homens e mulheres buscam os mesmos objetivos e têm motivações, preferências e anseios iguais. No entanto, à medida que você for lendo este livro, verá que isso não é verdade − lá no fundo, até já sabe disso. Esse mito é perpetuado por pessoas que almejam o poder, como burocratas, líderes espirituais, feministas e outros indivíduos com interesses políticos. Pode até ser “elegante” dizer que homens e mulheres pensam de maneira idêntica e querem as mesmas coisas. Contudo, se você já teve a experiência de lidar, dividir um teto ou trabalhar com alguém do sexo oposto, sabe que isso não corresponde à realidade. O poder do amor David Buss, professor de psicologia da Universidade do Texas em Austin, é reconhecido internacionalmente por sua pesquisa evolucionista sobre as diferenças que existem entre homens e mulheres quando se trata de selecionar seus parceiros. Buss e sua equipe pesquisaram provas de amor romântico em 147 culturas. Eles descobriram provas empíricas do amor romântico em manuscritos, poemas, músicas, livros e desenhos feitos em cavernas. Quando pensam no amor, as pessoas, em sua maioria, só veem o lado positivo – imaginam olhar nos olhos do outro, segurar sua mão, cantar músicas românticas, fazer amor e vivenciar sentimentos calorosos e inebriantes, ou seja, têm em mente todos os elementos do “felizes para sempre”. Ocorre que o amor possui também um lado negro. Buss e outros pesquisadores descobriram provas de que toda a história humana é marcada por poções do amor, feitiços, suicídios e assassinatos que se devem tanto à conquista quanto à perda de um amor. Na verdade, um 16 Atracao_quark_Desvendando linguagemcorpo FIM2 3/2/10 11:08 AM Page 17 em cada quatro assassinatos é motivado por um amor malsucedido. Esposas, amantes, rivais, perseguidores e rejeitados morrem em decorrência disso. Quase toda cultura possui uma criação equivalente à história de Romeu e Julieta. O anseio dramático pelo amor nos enche de excitação, desespero, medo e até desejo de vingança, muitas vezes tudo isso ao mesmo tempo. O amor é resultado de reações químicas no cérebro. Como o amor romântico é universal e existe em todas as culturas humanas, deve haver uma explicação biológica para isso. Em outras palavras, não pode ser apenas uma tradição cultural, como uma religião ou a adoração de ídolos. O amor é muito poderoso e é parte da nossa essência. A biologia do amor Cientistas que vêm pesquisando o modo como o cérebro humano opera quando uma pessoa está apaixonada concluíram que há três sistemas cerebrais diferentes para o jogo do amor e a reprodução: desejo, amor romântico e compromisso duradouro. Cada um desses três sistemas está associado a uma atividade hormonal distinta que desencadeia sentimentos específicos e mudanças comportamentais nos envolvidos. Quando pensamos no amor no contexto desses três sistemas, fica mais fácil acompanhar em que estágio a pessoa está, para que possamos compreender melhor suas ações. O objetivo deste capítulo é ajudar você a entender melhor as funções básicas do cérebro que controlam o desejo, o amor romântico e o compromisso duradouro. Tentamos transmitir essas explicações da forma mais simples e breve possível. É importante ressaltar que, quase sempre, as regiões cerebrais mencionadas fazem parte de um sistema geral. Agradecemos ao professor Graeme Jackson, do Instituto de Pesquisas do Cérebro, 17 Atracao_quark_Desvendando linguagemcorpo FIM2 3/2/10 11:08 AM Page 18 em Melbourne, na Austrália, pelas sugestões nesse campo. Simplificamos as ideias e os conceitos para torná-los mais acessíveis ao leitor, mas com o cuidado de não exagerar. É fundamental que você tenha esse conhecimento sobre a pesquisa porque há referências a esse respeito ao longo do livro. Embora tenhamos optado por usar a terminologia médica para satisfazer os iniciados no assunto, você só precisará entender o que cada um desses itens significa em relação à sua vida amorosa. Discutiremos princípios que funcionam para a maioria das pessoas na maior parte do tempo, deixando de lado o modo como minorias e exceções se comportam. Observou-se que o amor é o resultado da ação de um grupo específico de circuitos químicos e cerebrais que trabalham em determinadas áreas do cérebro. Em termos científicos simples, ele é ativado por uma combinação de substâncias químicas cerebrais, incluindo a dopamina, a oxitocina, a testosterona, o estrogênio e a norepinefrina. Quase da mesma maneira, essas substâncias químicas levam outros mamíferos a encontrar seus parceiros amorosos. Uma vez que, baseado em determinados critérios que serão discutidos à frente, o cérebro detecta um parceiro adequado, ele entra em atividade intensa para produzir as substâncias necessárias para criar o ambiente propício a atrair aquela pessoa. Em toda a história da humanidade, casamentos eram um evento arranjado, que envolvia riqueza, status, rivalidades familiares, grupos tribais e políticos, etc. Hoje em dia, essa abordagem desapareceu do mundo ocidental e a maioria das pessoas se casa por amor. Quando se trata de selecionar o parceiro, os seres humanos concentram sua atenção em apenas uma pessoa. Esse é um comportamento que nos distingue da maioria dos outros animais. Durante o ritual do cortejo, um pombo macho, por exemplo, infla a plumagem e aborda o maior número possível de parceiras. Os seres humanos, no entanto, costumam ter uma lista pequena de candidatos e miram intensamente um único alvo. 18